DOMINGO DE RAMOS: JESUS QUER REINAR NOS CORAÇÕES

DOMINGO DE RAMOS: JESUS QUER REINAR NOS CORAÇÕES

O Domingo de Ramos marca o início da Semana Santa da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. Desde a antiguidade a Igreja comemora a entrada de Cristo em Jerusalém com a procissão solene, como fizeram os judeus cantando: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que nos vem em nome do Senhor!”. Os ramos em nossas mãos recordam da vitória de Cristo, que vem depois da morte e da destruição. Sinal este já prefigurado no livro do Gênesis, onde uma pomba trouxe “no bico uma folha verde de oliveira” (Gn 8,11), marcando assim o término do dilúvio. Da mesma forma, Nosso Senhor Jesus Cristo sairá vencedor do pecado e da morte.

As pessoas simples que estenderam seus mantos para a passagem de Jesus e ergueram os ramos sabiam que, conforme a profecia, o Messias deveria entrar em Jerusalém montado num jumentinho: 

“Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma jumenta. Ele suprimirá os carros de guerra na terra de Efraim, e os cavalos de Jerusalém. O arco de guerra será quebrado. Ele proclamará a paz entre as nações, seu império se estenderá de um mar ao outro, desde o rio até as extremidades da terra” (Zc 9,9)

A partir dessa profecia, Bento XVI destaca que três coisas são afirmadas sobre o rei que haveria de vir.

A primeira verdade é que deveria ser um rei pobre entre os pobres e para os pobres. Não se trata de uma pobreza simplesmente material, mas, de um coração pobre que é livre dos apegos deste mundo. A pobreza, no sentido de Jesus, no sentido dos profetas pressupõe, sobretudo, a liberdade interior do desejo da posse e da avidez do poder (...). Trata-se, em primeiro lugar, da purificação do coração, graças à qual se reconhece a posse como responsabilidade, como dever em relação aos outros, colocando-se sob o olhar de Deus e deixando-se orientar por Cristo que, sendo rico, se fez pobre por nós (cf. 2 Cor 8, 9)” (Bento XVI).

Em segundo lugar, a profecia diz que o reino do Messias será de paz, que quebrará o arco da guerra. Neste sentido, em Cristo isto se concretiza perfeitamente, uma vez que a sua Cruz “é o arco quebrado, de certa maneira o novo e autêntico arco-íris de Deus, que une o céu e a terra e lança uma ponte sobre os abismos e entre os continentes. A nova arma, que Jesus coloca nas nossas mãos, é a Cruz sinal de reconciliação e de perdão, sinal do amor que é mais forte do que a morte” (Bento XVI). Por meio da Cruz, Nosso Senhor Jesus Cristo estabeleceu uma Eterna e sempre Nova Aliança, não havendo mais volta ao império do poder do mal. Cristo venceu, portanto, somos Nele vencedores!

E, por fim, a terceira verdade afirmada pelo profeta Zacarias é o da prefiguração da universalidade, ou seja, de que a salvação seria para todos os povos. O país de Jesus é o mundo inteiro, sua mensagem, sua obra redentora é para todos aqueles que o aceitarem. Podemos dizer que, pela fé, os olhos de Zacarias já via o Exército de São Miguel e cada comunidade paroquial reunida em oração. “Em todos os lugares Ele é o mesmo, o Único, e assim todos os orantes congregados, na oração com Ele, encontram-se também unidos entre si num único corpo. Cristo domina, tornando-se Ele mesmo o nosso pão e entregando-se a nós. É desta maneira que Ele edifica o seu Reino” (Bento XVI).

Portanto, a Igreja ao comemorar a Entrada Solene de Jesus na cidade santa de Jerusalém, está nos convidando a sermos pobres de espírito, a pagarmos o mal com o bem e a crermos verdadeiramente no Verdadeiro Homem que desceu do céu para nós e para a nossa salvação. É o momento oportuno de lembrarmos que Nosso Senhor Jesus Cristo não entrou com pompas reais ou montando numa carruagem, mas, ao contrário, Ele entrou pobre, montado em um jumentinho, para nos dizer: Se queres me seguir, seja pequeno, seja humilde, não busque os bens desta terra, mas sim as coisas que não passam. O nosso Rei é diferente! O nosso Rei quer apenas um trono: o coração de cada homem!

Que a Santíssima Virgem Maria, Mãe das dores e do silêncio, nos ajude a viver intensamente esta Semana Santa, participando de nossas comunidades e vivenciando com fé e devoção cada convite da Igreja!


É PECADO QUEBRAR A PENITÊNCIA DA QUARESMA?

É PECADO QUEBRAR A PENITÊNCIA DA QUARESMA? 

Como de costume, todos os anos escolhemos algumas penitências para fazer durante a Quaresma, ações que formalmente recebem o nome de votos. Isto significa que as obras que nos comprometemos a fazer, deveremos nos responsabilizar delas diante de Deus. Geralmente prometemos realizar obras espirituais como rezar o Santo Terço diariamente, aumentar o tempo de oração, rezar a Via Sacra, dentre outras coisas. E, nos comprometemos a fazer obras corporais como intensificar as mortificações, os jejuns e a esmola para os que mais precisam. Sejam compromissos de ordem espiritual, sejam os de ordem corporal, assumidos como penitências quaresmais, deveriam ser eles vivenciados durante toda a Quaresma da Igreja.

Conforme a Doutrina da Igreja, essas promessas são votos livres, deliberadamente feitos a Deus (conf. CDC, cân. 1191), tendo por finalidade a maior glória de Deus. Neste sentido, quem se obriga a cumprir um voto deve entender que isso tem um peso, caso seja descumprido incorrerá em consequências. Todo e qualquer voto deve ser feito com o consentimento do diretor espiritual ou pároco. Mas, enfim é pecado descumprir um voto de penitência? A resposta é que nesse âmbito, a Igreja nos permite auto legislar, ou seja, somos nós que nos impomos as penas. Por exemplo: Me comprometi de não comer carne em todas as quartas durante a Quaresma, isso é uma abstinência. Caso eu a descumpra, pratiquei um pecado leve e devo pedir perdão a Deus.

Podemos também prometer que deixaremos de comer chocolate durante o período quaresmal. Se porventura ceder à minha vontade e comer, posso incorrer em pecado venial. Não seria um pecado grave, mas, necessariamente eu deveria me confessar, porque descumpri um voto. Outra coisa seria: Prometi jejuar todas as sextas da Quaresma, sob pena de pecado mortal, logo, se não cumpri o jejum prometido, estou em pecado e devo me confessar. Mas, temos esse poder? Sim, temos o poder racional de discernir o que é bom ou não para a nossa salvação. É tradição que os fieis aproveitem o tempo quaresmal para intensificar a busca por Deus, por isso, podemos nos dedicar na intensidade de nossas penitências, com o apoio e discernimento do nosso diretor espiritual.

Não é aconselhável que nos obriguemos a uma penitência sob pena de pecado mortal, pois, isso é muito sério. Por isso, é importante procurar o pároco de nossa Paróquia ou nosso diretor espiritual e pedir conselho nessa área, para não assumirmos algo que não conseguiremos praticar. Caso tenhamos feito tais votos e nos arrependemos, devemos procurar o pároco para que ele retire esses votos. Existem muitos modos de fazer penitência e, por isso, podemos nos dedicar a fazer o pouco, do que prometer coisas grandes e não conseguir praticá-las. O discernimento é importante na vida espiritual e o direcionamento de um sacerdote é fundamental.

É importante ressaltar que essas promessas podem ser feitas em qualquer momento do ano e não só na Quaresma. Mas, este tempo, que iniciou com a imposição das Cinzas nos chamando à conversão, quer nos recordar de modo salutar da necessidade que temos de Deus: 

“Quando proclama a sua autonomia total de Deus, o homem contemporâneo torna-se escravo de si mesmo e encontra-se muitas vezes numa solidão desconsolada. Então, o convite à conversão é um impulso a voltarmos aos braços de Deus, Pai terno e misericordioso, a termos confiança nele e a confiarmo-nos a Ele como filhos adoptivos, regenerados pelo seu amor” (Papa Bento XVI).

Clique aqui e assista uma preciosa explicação do Irmão Emanuel Maria sobre esse assunto.

Que nossas penitências tenham sempre o propósito de nos unir mais a Deus e dar-lhe glória e jamais nos afastar de sua presença misericordiosa. 


OS REMÉDIOS CONTRA A “FALSA VERGONHA” DE SE CONFESSAR

OS REMÉDIOS CONTRA A “FALSA VERGONHA” DE SE CONFESSAR

O Sacramento da Reconciliação ou da Confissão foi instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo para perdoar os pecados cometidos após o Batismo. Reconciliação, porque é por meio dele que nos reconciliamos com Deus, e voltamos ao caminho da graça divina. Chama-se também de Confissão porque, para alcançar o perdão dos pecados, não basta detestá-los, é preciso também acusar-se deles diante do Sacerdote, ou seja, é necessário confessá-los ao Padre. Nosso Senhor instituiu esse Sacramento no dia da Ressurreição, quando, depois de entrar no cenáculo, deu solenemente aos seus Apóstolos o poder de perdoar os pecados, dizendo: “Àqueles a quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, lhes serão retidos” (Jo 20, 23).

Conforme a Tradição da Igreja, o fiel depois de um atento exame de consciência, descobrindo-se amado por Deus, procura o Ministro da Igreja para confessar seus pecados. “Se reconhecemos os nossos pecados (Deus aí está) fiel e justo para perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniquidade” (1Jo 1,9). Assim como na Santa Missa, na Confissão, o Sacerdote age in persona Christi, isto é, na pessoa de Cristo. As mãos do homem (o padre) que se levantam para perdoar os nossos pecados, são na verdade as mãos do próprio Cristo Ressuscitado que continuam prontas para absolver aqueles que Dele se aproximam arrependidos das suas faltas.

O grande Santo Afonso de Ligório nos alerta para um grande mal, que muito está presente nos nossos dias: a “falsa vergonha” de confessar os próprios pecados. Segundo este doutor da Igreja, aquele que diz sentir vergonha de procurar o Sacerdote para confessar os seus pecados tem na realidade uma vergonha falsa, ou seja, por fora parece ser vergonha, mas, por dentro, o coração é orgulhoso e tem vergonha de assumir-se miserável diante do Ministro da Igreja. Isso é uma miséria, pois acaba limitando a ação da graça. Todo aquele se que se aproxima do Confessionário, ainda que atribulado, alcançará a cura: “O coração atribulado é curado, o coração repleto de orgulho é derrubado” (Santo Agostinho).

Esta vergonha de confessar os pecados aponta para um problema mais profundo que podemos estar vivendo, ou seja, de não levar a sério a nossa conversão pessoal. Há uma ligação profunda entre a reconciliação e a conversão pessoal. Mais do que termos pecado, é necessário reconhecer a nossa condição pecadora: “És pó, e pó te hás de tornar” (Gn 3,19). Todos os dias precisamos pedir ao Senhor que tenha piedade de nós, porque somos pecadores. Se envergonhar do pecado cometido é uma graça, agora, deixar de confessá-lo por vergonha do padre ou de qualquer outro motivo é algo sério e que precisa ser retirado da nossa caminhada cristã.

O Papa Francisco disse que: “confessar-se com um sacerdote é um modo de pôr a minha vida nas mãos e no coração de outro, que nesse momento atua em nome e por conta de Jesus. É uma maneira de sermos concretos e autênticos; estar frente à realidade olhando para outra pessoa e não para si mesmo refletido num espelho”. Sabemos que não temos uma visão clara de nós mesmos, por isso precisamos dos outros. Muito mais, precisamos de Deus e, nesse Sacramento temos a graça de nos humilhar diante do homem sacerdote que atua em nome do Sumo Sacerdote, Jesus Cristo. 

“Quando o sacerdote nos dá a absolvição, devemos pensar numa só coisa: que o sangue de Deus corre sobre a nossa alma para lavá-la, purificá-la e torná-la tão bela como era após o Batismo” (São João Maria Vianney).

Dois remédios espirituais podem ajudar a vencer qualquer vergonha ou timidez de confessar os pecados: a humildade e a meditação. Primeiramente a humildade, porque ela é a base da vida espiritual, se não formos humildes diante de Deus, jamais faremos a experiência sempre nova do Amor. Santa Teresinha do Menino Jesus ensina que: O que agrada a Jesus em minha pequenina alma é ver que amo a minha pequenez e minha pobreza, é a cega esperança que tenho em sua misericórdia”. Sempre a humildade será o caminho para Deus. Em segundo lugar a meditação dos mistérios, particularmente os mistérios dolorosos, onde de modo real vemos o Senhor Jesus se oferecendo por nós, não para nos acusar, mas, para nos salvar. São Boaventura ensina que quem quiser crescer sempre de virtude em virtude, de graça em graça, deve meditar sempre Jesus na sua Paixão.

Que a Virgem Maria, Mãe das Dores, nos auxilie nesse duro combate contra o orgulho, nos mostrando o caminho da verdadeira humildade!


CRISTO QUER NOS RESSUSCITAR

CRISTO QUER NOS RESSUSCITAR

A liturgia deste Domingo da Quaresma tem como centro o último milagre realizado por Jesus antes de sua Paixão: a ressurreição de Lázaro (cf. Jo 11,1-45). Entramos na conhecida Semana da Paixão, tempo que a Igreja se prepara para solenemente subir o Calvário com o seu Divino Redentor. O fato que o Evangelho narra ocorreu em Betânia, aldeia próxima de Jerusalém. Jesus era amigo da família dos irmãos Lázaro, Marta e Maria (cf. Jo 11,5). É maravilhoso saber disso: Jesus também tinha amigos, se preocupava com eles e, inclusive, com eles chorava. 

Conforme o evangelho, a mensagem que chegou até Jesus foi esta: “Senhor, aquele que amas está doente” (v. 3). De acordo com Santo Tomás de Aquino, doutor da Igreja, isto foi dito por três razões: 

  • Para que as pessoas entendam que os amigos de Deus, sofrem corporalmente.
  • Porque quando se é amigo, não é preciso pedir, mas, apenas apontar a necessidade.
  • Para nos ensinar que precisamos da intercessão dos outros.

Em primeiro lugar, para que as pessoas entendam que os amigos de Deus, sofrem corporalmente. Jesus não é indiferente com aqueles que sofrem, Ele se faz um com os que passam por dificuldades. Em segundo, porque quando se é amigo, não é preciso pedir, mas, apenas apontar a necessidade. Marta e Maria nada pedem a Jesus, simplesmente mandam avisá-lo da enfermidade de Lázaro. A verdadeira confiança em Deus não pede, pois, Ele sabe das nossas necessidades. E por fim, para nos ensinar que precisamos da intercessão dos outros. Marta e Maria não foram pessoalmente procurar Jesus, mas, mandaram alguém no lugar delas. Isso é um sinal da confiança que elas tinham em Jesus. Precisamos dos outros, dos santos, dos nossos anjos da guarda, de Nossa Senhora.

Para o Papa Francisco, no evangelho deste domingo “constatamos diretamente que Deus é vida e dá vida, mas Ele assume o drama da morte. Jesus poderia ter evitado a morte do seu amigo Lázaro, mas ele quis fazer sua a nossa dor pela morte de entes queridos, e acima de tudo ele quis mostrar o domínio de Deus sobre a morte”. Jesus Cristo é o Senhor da Vida, da verdadeira Vida e, tudo o que Ele toca torna-se vivo novamente. Não há destruição ou morte alguma que tenha a palavra final sobre nós.

Como todo o povo judeu, as irmãs de Lázaro aguardavam a Ressurreição no dia final. Sabendo disso, Jesus diz: "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá” (Jo 11, 25). Essa atitude não foi algo qualquer para elas. Com isto, Nosso Senhor revelou que a Ressurreição não é uma coisa, ou, um fato distante de acontecer, mas, é uma Pessoa que tem coração, voz e um amor sem fim, que inclusive lembra dos seus amigos ainda que depois de mortos, como foi no caso de Lázaro.

A ressurreição de Lázaro é o milagre mais divulgado entre todos os que o Senhor fez. Mas se olharmos quem fez isso, devemos nos alegrar mais do que admirar” (Santo Agostinho)

Um sentimento de alegria brota no nosso coração quando ouvimos essas palavras de Jesus: "Lázaro, vem para fora!" (v. 43). É como se mais uma vez ouvíssemos da Igreja: Vem para fora! Olhe o mundo além de você! Saia para fora dos seus esquemas e abandone-se à vontade de Deus! É preciso concordar com Santo Agostinho, porque mais do que nos admirar com a ressurreição de um morto, devemos nos alegrar com o convite diário do Senhor: Vem para fora!

Ao longo desta Quaresma recebemos de Deus muitas graças, mas, certamente a maior delas foi a de nos arrepender dos nossos pecados. Por meio da Confissão, saímos do nosso túmulo, enxergamos o sentido de caminhar e confiar em Deus, como fizeram as irmãs de Lázaro. Renovemo-nos! Convertamo-nos! Deixemos com que o Senhor da Vida, nos faça homens e mulheres novos pela graça, livres de pecados de estimação, a fim de que um dia no céu, juntamente com todos os anjos e santos louvaremos a Deus por não ter nos deixado entregue às mãos da morte. Assim seja!

Quem como Deus? Ninguém! 


COMO PRATICAR A CARIDADE COM O PRÓXIMO

COMO PRATICAR A CARIDADE COM O PRÓXIMO

As palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amo!” (Jo 15,12), formam o verdadeiro espírito da caridade cristã. Tudo quanto fizemos ou iremos fazer pelos outros deve partir dessa máxima deixada por Jesus. Amar os outros com amor divino, esse é o jeito diferente de enxergar as necessidades humanas que só o Cristianismo pode ensinar ao mundo. Dizia São Vicente de Paulo que “a caridade faz crescer a esperança no paraíso”, ou seja, para nós, tudo deve contribuir para a glória de Deus e o adiantamento do seu Reino sobre a terra.

Segundo a doutrina da Igreja, “a caridade assegura e purifica nossa capacidade humana de amar, elevando-a à perfeição sobrenatural do amor divino” (CaIC, 1827). É por meio da caridade que podemos agradar a Deus com as nossas atitudes, pois, se dependêssemos somente das nossas forças jamais poderíamos deixar uma marca eterna nas nossas relações. Portanto, a caridade cristã vai além de um bom gesto feito a quem precisa, ela deve ser a causa que movimenta toda a nossa vida, pois, sem ela não há verdadeira alegria, paciência, jejum, esmola, abstinência, etc. A caridade que nos impulsiona: “O amor de Cristo nos constrange (...), a fim de que os que vivem já não vivam para si, mas para aquele que por eles morreu e ressurgiu” (2Cor 5,15).

Tradicionalmente, a Quaresma é designada como tempo oportuno, isto é, o momento de reajustar a bússola da nossa caminhada, lembrando mais uma vez de que nossa vida só tem sentido se vivida para Cristo, Nosso Senhor e Mestre!

“É o tempo não tanto para rasgar as vestes frente ao mal que nos rodeia, como sobretudo para dar espaço na nossa vida a todo o bem que possamos realizar, despojando-nos daquilo que nos isola, fecha e paralisa” (Papa Francisco).

Jamais um coração que ama será fechado e seco, pelo contrário, será como uma sopa quente, no qual dificilmente uma mosca poderá sentar-se. Há muito o que se fazer, por Deus e pelos irmãos na fé.

Dessa forma, a Igreja nos propõe ações muito concretas que, se bem vividas, serão para nós motivo de alegria no Espírito Santo e de verdadeiro auxílio aos necessitados. Dois são os tipos de ajuda que podemos prestar aos outros neste período que ainda não acabou: as obras de misericórdia corporais e as espirituais, que nunca devem ser separadas. “Se, por meio das obras corporais, tocamos a carne de Cristo nos irmãos e irmãs necessitados de ser nutridos, vestidos, alojados, visitados, as obras espirituais tocam mais diretamente o nosso ser de pecadores: aconselhar, ensinar, perdoar, admoestar, rezar” (Papa Francisco).

As obras de misericórdia corporais são:

1) Dar de comer a que tem fome
2) Dar de beber a quem tem sede
3) Dar pousada aos peregrinos
4) Vestir os nus
5) Visitar os enfermos
6) Visitar os presos
7) Enterrar os mortos

A primeira e a segunda obra de misericórdia corporal se completam, pois, se referem à ajuda que podemos dar aos necessitados, àqueles que não tem o que comer e vestir: “Quem tem duas túnicas dê uma ao que não tem; e quem tem o que comer, faça o mesmo” (Lc 3,11). A terceira obra nos parece um pouco estranha porque não encontramos, como antigamente, peregrinos que precisam de pouso em nossa casa, mas, podemos também amparar com bens materiais aqueles que precisam de um descanso digno. Como quarta obra corporal temos a de vestir os que estão nus, está é uma excelente ocasião para doar roupas e sapatos que não usamos mais e que continuam no guarda-roupas (cf. Tg 2, 15-16). 

Como quinta obra corporal, podemos dar uma atenção particular aos doentes e idosos que precisam tanto de auxílio, afeto e compaixão – um verdadeiro exemplo bíblico é o do Bom Samaritano (ver Lc 10,10-37). Uma outra ação que podemos fazer é a de visitar aqueles que por algum crime encontram-se presos, dando-lhes auxílio material (ajuda como papel higiênico e itens de higiene pessoal) e espiritual (participando de missões da pastoral carcerária). E por fim, a obra de enterrar os falecidos, assim como José de Arimatéia que se preocupou e cedeu o próprio túmulo a Jesus, nós, também, podemos ir a velórios e auxiliar no que for preciso.

 

Obras de misericórdia espirituais:

1)Ensinar os ignorantes
2) Dar bom conselho
3) Corrigir os que erram
4) Perdoar as injúrias
5) Consolar os tristes
6) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo
7) Rezar a Deus por vivos e defuntos

A primeira obra espiritual podemos fazer sempre que oportuno, dando a conhecer a Pessoa de Nosso Senhor aos de perto e aos que acabamos de conhecer. Já a segunda, nos lembra o dever cristão de aconselhar com prudência aqueles que de nós se aproximam. A terceira obra é fundamental, inclusive Jesus ensinou como devemos corrigir os irmãos que erram sem lhes faltar com a caridade (ver Mt 19,15-17). Como quarta obra que podemos fazer o contrário daquilo que nos fizeram: perdoando aos que nos ofenderam (ver Mt 6,14-16). A quinta obra é a de consolar aqueles que estejam passando por um tempo difícil em sua vida. A sexta refere-se ao modo paciente de como podemos ter caridade com aqueles que nos “irritam”, tendo consciência de que eles também nos suportam. E a sétima obra, que é o auxílio que podemos prestar aos mortos, rezando por suas almas e pelos vivos, rezando por conversões e ensinando o caminho da fé. 


AS PROMESSAS DA DIVINA MISERICÓRDIA

AS PROMESSAS DA DIVINA MISERICÓRDIA

Às vezes nos esquecemos dessa verdade fundamental, mas a misericórdia divina é para os pecadores. Ao longo de seu diário, Santa Faustina observa como a insondável misericórdia de Jesus é derramada por todos, mas especialmente pelos pecadores. Frequentemente ela menciona o quão pouco nós, almas pecadoras, reconhecemos isso. Santa Faustina teve a graça de se ver como realmente era. Ao fazer isso, ela reconheceu a imensa bondade e misericórdia de Deus.  Este conhecimento é uma possibilidade real para todos nós. Quando nos vemos como somos, estamos em uma posição muito melhor para ver Deus por quem Ele é, e quando reconhecemos quem Deus é, nos vemos na luz clara de Sua verdade.

E para que nós creiamos nessa misericórdia que transborda do coração de Jesus, Santa Faustina registrou em seu diário as promessas que Nosso Senhor fez não somente para ela, mas para todos aqueles que depositarem a sua confiança na Divina Misericórdia.

  • Às almas que confiam na Divina Misericórdia

“Toda alma que crê e confia na Minha misericórdia irá alcançá-la”. (Diário, 420)

“Quem confia na Minha misericórdia não perecerá, porque todas as suas causas são Minhas, e os seus inimigos são destroçados aos pés do Meu escabelo”. (Diário, 723)

“Causam-Me grande alegria as almas que recorrem à Minha misericórdia. A essas almas concedo graças que excedem os seus pedidos”. (Diário, 1146)

  • Às almas que honram e divulgam o culto da Divina Misericórdia

“As almas que divulgam o culto à Minha misericórdia, Eu as defendo por toda a vida como uma terna mãe defende o seu filhinho e, na hora da morte, não serei para elas Juiz, mas sim, Salvador misericordioso. (...) Feliz a alma que, durante a vida, mergulhou na fonte da misericórdia, porque não será atingida pela justiça”. (Diário, 1075)

“As almas que veneram a Minha insondável misericórdia - Eu mesmo as defenderei durante a sua vida, e especialmente na hora da morte, como Minha glória”. (Diário, 1225) 

“Todas as almas que louvarem a Minha misericórdia e divulgarem a sua veneração, estimulando outras almas à confiança na MInha misericórdia, essas almas na hora da morte não sentirão pavor. A Minha misericórdia as defenderá nesse combate final”. (Diário, 1540)

  • Às almas que veneram a imagem da Divina Misericórdia

“Prometo que a alma que venerar essa Imagem não perecerá. Prometo também, já aqui na terra, a vitória sobre os inimigos, e especialmente na hora da morte. Eu mesmo a defenderei com Minha própria glória”. (Diário, 48)

  • Às almas que honram a Hora da Misericórdia

“Às três horas da tarde, implora a Minha misericórdia especialmente pelos pecadores e, ao menos por um breve momento, reflete sobre a Minha Paixão, especialmente sobre o abandono em que Me encontrei no momento da agonia. Essa é a Hora da grande misericórdia para o mundo inteiro. Permitirei que penetres na Minha tristeza mortal. Nessa hora nada negarei à alma que Me pedir pela Minha Paixão”. (Diário, 1320)

  • Às almas que rezam o Terço da Divina Misericórdia

“Recita, sem cessar, esse Terço que te ensinei. Todo aquele que o recitar alcançará grande misericórdia na hora da sua morte”. (Diário, 687)

“As almas que rezarem este Terço serão envolvidas pela Minha misericórdia durante a sua vida e, de modo particular, na hora da morte”. (Diário, 754)

“Pela recitação desse Terço agrada-Me dar tudo o que Me peçam. Quando os pecadores empedernidos o recitarem, encherei de paz as almas, e a hora da morte deles será feliz”. (Diário, 1541)

Leia Mais:

Santa Faustina: a serva da Misericórdia


A ALEGRIA DE VIVER LONGE DAS TREVAS

4º DOMINGO DA QUARESMA: A ALEGRIA DE VIVER LONGE DAS TREVAS

Neste IV Domingo da Quaresma, a liturgia nos convida à alegria, pois, quanto mais próximos estamos da Páscoa do Senhor, mais próximos estamos da nossa Redenção. Neste sentido, o evangelho da cura do cego de nascença (Jo 9,1-41) nos é oportuno para meditarmos sobre a verdadeira alegria que nasce do encontro com o Senhor e sua Vida. “Com este milagre Jesus manifesta-se a nós como luz do mundo; e o cego de nascença representa cada um de nós, que fomos criados para conhecer Deus, mas por causa do pecado somos como cegos, temos necessidade de uma luz nova” (Papa Francisco).

Todos nós, depois do pecado original, nos tornamos cegos diante dos mistérios de Deus. Nosso Senhor disse: "Eu vim a este mundo para exercer um julgamento, a fim de que os que não veem, vejam, e os que veem se tornem cegos" (Jo 9,39). Portanto, nós que não víamos, fomos surpreendidos pela visita de Deus, afinal de contas, não fomos nós que vimos a Deus, mas, foi Ele quem se revelou a nós. Se, quem vê Jesus, vê o Pai (cf. Jo 14,9), após a Encarnação do Verbo, nossos olhos foram como que surpreendidos pela visita de uma luz maravilhosa. Inicialmente, os magos do oriente foram conduzidos por uma luz (cf. Mt 2,1), para adorar Aquele que é origem de toda luz. Anos depois, os discípulos viram a manifestação luminosa da sua Ressurreição.

O núcleo da alegria cristã é este: “Amou-me e entregou-se por mim” (Gl 2,20). A fé em Jesus Cristo nos faz contemplar de modo sempre novo a presença de um Deus que habitou em nosso meio, que não passou simplesmente por nós, mas, estabeleceu sua morada em cada alma. Jesus é a luz sempre nova que ilumina nossas trevas, diante da qual nada permanece oculto. Ou seja, seguimos um Senhor que continuamente vence em nós, preenche todos os nossos vazios, perdoa todos os nossos pecados e nos faz ir com entusiasmo num caminho seguro e alegre. Somente Aquele que nos amou até o fim, poderia ser a razão da nossa vida.

A experiência que fez o cego, nós também fizemos no dia do nosso batismo, como continuamos a fazê-la sempre em cada vez que confessamos nossos pecados. Jesus quer incessantemente vencer em nós aquilo que um dia quis derrotá-lo: o pecado e a morte. Mas, como não existe ressurreição sem morte, o difícil passo do abandono em Deus é algo que acompanha a vida de todo cristão.

“A dor, quando lhe damos o seu verdadeiro sentido, quando serve para amar mais, produz uma paz íntima e uma profunda alegria. Por isso, em muitas ocasiões, o Senhor abençoa-nos com a Cruz” (Francisco Carvajal).

Sabiamente, a Santa Igreja quer, neste Domingo da alegria, nos recordar que a mortificação que vivemos nesses dias quaresmais não deve escurecer a nossa alegria interior, mas, antes, deve aumentá-la, fazê-la crescer, porque está prestes a realizar-se essa superabundância de amor pelos homens que é a Paixão, e é iminente o júbilo da Páscoa. Assim como o cego do evangelho acolheu o dom de Deus e foi curado de toda escuridão, ainda temos tempo para escolher a luz (cf. Ef 5,8-14), para sermos testemunhas da luz. Hoje, somos convidados a abrir-nos à luz de Cristo para dar fruto na nossa vida. Somos chamados para caminhar decididamente pela vereda da santidade” (Dom Henrique Soares da Costa).

“Ao cego curado Jesus revela que veio ao mundo para fazer um juízo, para separar os cegos curáveis dos que não se deixam curar, porque presumem ser sadios. De fato, é forte no homem a tentação de construir para si um sistema de segurança ideológica: também a própria religião pode tornar-se elemento deste sistema, assim como o ateísmo, ou o laicismo, mas fazendo assim permanece-se cego pelo próprio egoísmo. (...) Confessemos as nossas cegueiras, as nossas miopias, e sobretudo as que a Bíblia chama a "grande falta" (cf. Sl 18, 14): o orgulho. Ajude-nos nisto Maria Santíssima, que gerando Cristo na carne deu ao mundo a verdadeira luz” (Bento XVI).

Alegra-te, Jerusalém! Alegra-te, Exército de São Miguel, porque a vossa libertação se aproxima!


LEIA A BÍBLIA NESTA QUARESMA

LEIA A BÍBLIA NESTA QUARESMA

O tempo da Quaresma é um importante momento do ano litúrgico. Tempo em que devemos cultivar a ausência de palavras para darmos lugar à Palavra, que vem como uma brisa suave, que nos afaga o rosto e acalenta o coração.

Como um deserto, a Quaresma é o lugar da palavra. Na Bíblia, de fato, o Senhor ama falar-nos no deserto. Foi no deserto que Ele entregou a Moisés os dez mandamentos. Quando o povo se afasta Dele, Ele diz pela boca do profeta Oséias: “Eis que vos conduzirei ao deserto, e vos falarei ao coração” (2,16).

No tempo sagrado da Quaresma, redescobrimos uma qualidade fundamental da Sagrada Escritura: ela é um canto de amor, de uma fé apaixonada. Por trás destes textos, está a ação de Deus na história pessoal e comunitária de Israel, e a fé do escritor sagrado. Esse escritor é movido pela fé, e na fé ele quer nos levar à experiência de Deus na própria existência.

Como tempo especial de conversão, a Quaresma nos leva a assimilar de maneira única o texto da Escritura, para que ele se torne vivo em nossa vida.

De modo simples e extremamente pedagógico, o Papa Francisco nos diz que “a quaresma é o tempo de desligar a TV e abrir a Bíblia, deixar de lado o celular e conectar-se com o Evangelho. Tempo de renunciar às palavras inúteis, fofocas, boatos, rumores e falar tu a Tu com o Senhor”. Nossos ouvidos estão habituados a ouvir tudo sobre todos. E quanto menos pensamos, estamos sendo arrastados por um mundanismo que atrofia o nosso coração, que só poderá ser curado se nos envolvermos em um grande silêncio, sem rumores, sem balbúrdias, à exceção do vento e do palpitar de nossos corações, como se estivéssemos em um deserto, para que ali, possamos cultivar um terreno fértil neste tempo santo da Quaresma.

Como tempo de “viver mais da Palavra que sai da boca do Senhor”, o tempo quaresmal restaura em nós a amizade e o forte vínculo que deve haver entre o católico (o crente) e a Palavra de Deus. Um vínculo manifestado na escuta assídua e atenta da palavra, seja na liturgia, ou no maná diário que o Senhor nos oferece na Santa Missa, ou ainda na leitura contínua da Sagrada Escritura, de Gênesis ao Apocalipse.

A leitura realizada na Quaresma deve possuir sabor penitencial: feita com ordem e zelo, disciplina diária e forte espírito de perseverança. Uma leitura atenta, ao estilo de Maria, aquela que nada deixava escapar da boca do seu Mestre. Afinal, é sempre melhor escutar e estar aos pés de Jesus, isso tem uma forte realização na meditação e leitura da Palavra. 

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Saibamos transcender deste tempo de superficialidades para percorrermos este deserto que a nós se apresenta nesta Quaresma. Que neste caminhar, possamos nos fortalecer dia a dia, construindo uma vida amparada na fé, uma fé pujante, que reflita em nossas ações diárias, em nosso trabalho, em nosso lar, libertando-nos daquilo que nos impeça de sentir o verdadeiro desta Páscoa que está por vir.

Pe. Bruno Áthila Nascimento SAC


A IMPORTÂNCIA DO SANTO ROSÁRIO NA QUARESMA

A IMPORTÂNCIA DO SANTO  ROSÁRIO NA QUARESMA

A Quaresma já começou, e mais que os outros tempos litúrgicos, ela nos convida a uma vida de oração mais fecunda, pois é tempo de conversão, de olhar para dentro de nós mesmos e enxergar o que tem nos impedido de nos unir perfeitamente a Jesus. Esse é o período em que o cristão deve buscar com maior perseverança as práticas da oração, do jejum e da esmola, para que assim, seja dissipado o homem velho dentro de nós e na Ressurreição de Nosso Senhor também nasça em nosso interior um  homem novo. 

 Dentre as orações, o Santo Rosário se destaca pela sua importância e pelo poder que há nele. Mas, talvez você esteja se perguntando o porquê do Rosário ser uma oração tão poderosa? A resposta é simples! Porque o Santo Rosário chega à raiz do propósito da nossa vida: conhecer, amar e servir a Deus. O Catecismo da Igreja Católica nos diz que “de todas as criaturas visíveis, só o homem é ‘capaz de conhecer e amar o seu Criador’; ele é ‘a única criatura na terra que Deus quis por si mesma’; só ele é chamado a compartilhar, pelo conhecimento e pelo amor, a vida de Deus” (CaIC 356).

Através do Santo Rosário conhecemos Nosso Senhor Jesus Cristo, pois meditamos todos os mistérios de sua vida desde a Encarnação até a sua Gloriosa Ascensão. E quanto mais conhecemos a Ele, mais O amamos e desejamos servi-lo. Santo Agostinho nos dizia que só somos capazes de amar aquilo que conhecemos. E que bela oportunidade temos nós de conhecer Jesus acompanhados da Santíssima Virgem Maria, aquela que melhor conheceu Nosso Senhor, pois 

“foi no seu ventre que se formou, recebendo também dela uma semelhança humana que evoca uma intimidade espiritual, certamente, maior ainda” (São João Paulo II).

O Rosário é olhar com simplicidade para a Face de Jesus, abraçando com Cristo seus sofrimentos e o seu triunfo sobre a morte em companhia de Nossa Senhora. Santa Teresinha do Menino Jesus chamava a oração do Santo Rosário de “um simples olhar voltado para o céu... que abrange tanto a provação quanto a alegria”. Rezar o Rosário nada mais é do que contemplar com Maria o rosto de Cristo. Ninguém jamais se dedicou à contemplação do rosto de Jesus com tanta fidelidade quanto a Virgem Maria. Não há tempo melhor do que a Quaresma para abraçar esses mistérios e, com a ajuda de Maria, deixá-los transformar nossas vidas. O Rosário é tão poderoso que Nossa Senhora fez 15 promessas para quem o rezasse. Clique aqui e leia mais sobre as promessas do Rosário. 

Ao contrário do que muitos pensam, o Santo Rosário não é uma repetição de Ave-Marias e Pai-Nossos, mas, sim, a meditação das palavras do Arcanjo Gabriel e do Cântico do Magnificat feito por Nossa Senhora. Aqui chegamos no cerne da nossa vida cristã, a Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Verbo feito carne. Ao rezar o Rosário nos recordamos do amor pleno de Deus por nós, de tudo o que Ele fez para nos salvar, é o seu amor que se manifesta a nós e nos chama à conversão. 

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São Luís Maria Grignion de Montfort  nos exortou dizendo “se você rezar o Santo Rosário devotamente a cada dia até a morte, com o propósito do conhecimento da verdade, você obterá a graça do arrependimento e o perdão de seus pecados”.

Não deixe essa graça passar pela sua vida sem agarrá-la, Deus quer que você o conheça, para que O ame verdadeiramente. Junte-se a nós no Santo Rosário às 4h de segunda a sábado, a transmissão é feita pelo nosso canal no YouTube (ir_kelly_Patricia_oficial) e no nosso Perfil no Instagram (irkelly_institutohesed_oficial).  

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JESUS NOS ENSINA A COMBATER O DIABO

1º DOMINGO DA QUARESMA: JESUS NOS ENSINA A COMBATER O DIABO

 

Depois de recebermos as Cinzas em nossa cabeça na última quarta-feira, recordando-nos de que somos pó, a Mãe Igreja nos apresenta no primeiro Domingo da Quaresma as tentações que Nosso Senhor Jesus Cristo passou por amor a nós. Antes de iniciar sua vida pública, Jesus é conduzido pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo (cf. Mt 4,1). Por que no deserto? Podemos nos questionar. O deserto é o lugar da “provação”, da secura, da falta de água e de alimento, mas, também é no deserto que acontece um verdadeiro encontro conosco mesmos e com o próprio Deus. Jesus Cristo é Deus, não tinha pecados, e ainda assim deixou-se conduzir ao deserto, pensando em todos e cada um de nós.

Santo Tomás de Aquino nos ensina que Cristo quis ser tentado por quatro motivos: 

1) Para que Ele pudesse nos auxiliar em nossas próprias tentações; 

2) Para nos alertar de que nenhum ser humano está a salvo e livre de tentações; 

3) Para nos dar um exemplo de como devemos vencer as tentações do diabo; 

4) Para encher nosso espírito de uma profunda confiança em sua misericórdia. 

Cristo não precisa de conversão, mas, sendo homem, deve passar através desta provação, quer por Si mesmo, a fim de obedecer à vontade do Pai, quer por nós, para nos doar a graça de vencer as tentações. Esta preparação consiste na luta contra o espírito do mal, ou seja, contra o diabo” (Papa Francisco).

Ao contemplarmos a imagem do Filho de Deus, Verdadeiro Homem, caminhando pelo deserto, tomamos consciência de que nossa vida é uma passagem pelo deserto deste mundo, ou seja, nossa vida é uma permanente quaresma. Nenhum de nós estamos livres das tentações, e Cristo quis nos dizer isso de modo claro passando Ele mesmo por momentos difíceis. “Jesus vai ao deserto, e ali padece a tentação de deixar o caminho indicado pelo Pai para seguir outras veredas, mais fáceis e mundanas (cf. Lc 4, 1-13). Assim, Ele assume as nossas tentações, traz consigo a nossa miséria, para vencer o maligno e para nos abrir o caminho rumo a Deus, a senda da conversão” (Bento XVI).

Depois do pecado original, o ser humano passou a querer tomar o lugar de Deus, seu Senhor e Criador. Sentimos dentro de nós esta lei que nos arrasta para o chão, para o pior de nós mesmos, e se dermos asas a ela, muito facilmente corremos, como correu Adão, da face de Deus (cf. Gn 3,8-10). Fomos criados para ver a Deus, no entanto, com o pecado, nos tornamos inimigos de Deus. Na segunda leitura da Missa deste Domingo ouviremos que “o pecado entrou no mundo por um só homem. Através do pecado, entrou a morte. E a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5,12-14).

Se o pecado entrou no mundo e trouxe morte para todos, Nosso Senhor Jesus Cristo ao entrar sozinho no deserto quer nos trazer apenas uma coisa: Vida! Ele entrou no deserto para vencer aquele que no passado havia nos vencido. Ele entrou em combate com o diabo para sair vencedor, mostrando-nos que daquela hora em diante, nós todos, também éramos vencedores Nele (cf. Rm 8,37-39). Diferentemente de Adão que foi desobediente, Jesus teve como alimento fazer a vontade do Pai (cf. Jo 4,34), revelando-nos que o único caminho para vencer satanás e o reino do mal é: obedecer a Deus, deixando de lado nossa autossuficiência, vaidade e orgulho. 

Por meio do batismo, entramos de fato em Cristo e sua vida divina passou a viver em nós. Assim não somos nós que combatemos, mas, é Ele que mais uma vez combate em nós, dando-nos todas as graças necessárias para lutar e vencer. Se caímos ou nos desesperamos é porque não permitimos Ele seja tudo em nós.

A Encarnação do Verbo de Deus foi um terror para o diabo e ainda o é por meio do Corpo Místico de Cristo, a Igreja Católica. Jesus “perturbando os esforços do diabo, se manifesta como Deus e Homem” (Santo Hilário)

Somente na Igreja encontramos as graças para combater o mal, pois, é através dela que Nosso Senhor continua a estabelecer o seu Reinado neste mundo e a nos preparar para a Felicidade Eterna. E assim responderemos com Jesus que não temos fome só de pão, mas, de toda palavra que sai da boca de Deus (cf. Mt 4,3-4), que somos salvos unicamente pelo poder da cruz e não por qualquer força humana (cf. Mt 4,5-8), e por fim, que não existe coisas sensacionais ou maiores do que o próprio Deus que é o Senhor de tudo (cf. Mt 4,9-12). As tentações pelas quais passou Nosso Senhor nos questionam neste primeiro domingo da Quaresma: Deus ocupa o centro da minha vida? O Senhor é Ele ou eu? Tenho recorrido a Ele nas tentações?

Iniciemos com fé e confiança em Deus esta Quaresma, certos de que para contemplarmos a glória da ressurreição devemos também passar pelas tentações, buscando sempre os auxílios Daquele que primeiro combateu por nós!