LEIA A BÍBLIA NESTA QUARESMA

O tempo da Quaresma é um importante momento do ano litúrgico. Tempo em que devemos cultivar a ausência de palavras para darmos lugar à Palavra, que vem como uma brisa suave, que nos afaga o rosto e acalenta o coração.

Como um deserto, a Quaresma é o lugar da palavra. Na Bíblia, de fato, o Senhor ama falar-nos no deserto. Foi no deserto que Ele entregou a Moisés os dez mandamentos. Quando o povo se afasta Dele, Ele diz pela boca do profeta Oséias: “Eis que vos conduzirei ao deserto, e vos falarei ao coração” (2,16).

No tempo sagrado da Quaresma, redescobrimos uma qualidade fundamental da Sagrada Escritura: ela é um canto de amor, de uma fé apaixonada. Por trás destes textos, está a ação de Deus na história pessoal e comunitária de Israel, e a fé do escritor sagrado. Esse escritor é movido pela fé, e na fé ele quer nos levar à experiência de Deus na própria existência.

Como tempo especial de conversão, a Quaresma nos leva a assimilar de maneira única o texto da Escritura, para que ele se torne vivo em nossa vida.

De modo simples e extremamente pedagógico, o Papa Francisco nos diz que “a quaresma é o tempo de desligar a TV e abrir a Bíblia, deixar de lado o celular e conectar-se com o Evangelho. Tempo de renunciar às palavras inúteis, fofocas, boatos, rumores e falar tu a Tu com o Senhor”. Nossos ouvidos estão habituados a ouvir tudo sobre todos. E quanto menos pensamos, estamos sendo arrastados por um mundanismo que atrofia o nosso coração, que só poderá ser curado se nos envolvermos em um grande silêncio, sem rumores, sem balbúrdias, à exceção do vento e do palpitar de nossos corações, como se estivéssemos em um deserto, para que ali, possamos cultivar um terreno fértil neste tempo santo da Quaresma.

Como tempo de “viver mais da Palavra que sai da boca do Senhor”, o tempo quaresmal restaura em nós a amizade e o forte vínculo que deve haver entre o católico (o crente) e a Palavra de Deus. Um vínculo manifestado na escuta assídua e atenta da palavra, seja na liturgia, ou no maná diário que o Senhor nos oferece na Santa Missa, ou ainda na leitura contínua da Sagrada Escritura, de Gênesis ao Apocalipse.

A leitura realizada na Quaresma deve possuir sabor penitencial: feita com ordem e zelo, disciplina diária e forte espírito de perseverança. Uma leitura atenta, ao estilo de Maria, aquela que nada deixava escapar da boca do seu Mestre. Afinal, é sempre melhor escutar e estar aos pés de Jesus, isso tem uma forte realização na meditação e leitura da Palavra. 

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Saibamos transcender deste tempo de superficialidades para percorrermos este deserto que a nós se apresenta nesta Quaresma. Que neste caminhar, possamos nos fortalecer dia a dia, construindo uma vida amparada na fé, uma fé pujante, que reflita em nossas ações diárias, em nosso trabalho, em nosso lar, libertando-nos daquilo que nos impeça de sentir o verdadeiro desta Páscoa que está por vir.

Pe. Bruno Áthila Nascimento SAC