COMO PRATICAR A CARIDADE COM O PRÓXIMO

As palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amo!” (Jo 15,12), formam o verdadeiro espírito da caridade cristã. Tudo quanto fizemos ou iremos fazer pelos outros deve partir dessa máxima deixada por Jesus. Amar os outros com amor divino, esse é o jeito diferente de enxergar as necessidades humanas que só o Cristianismo pode ensinar ao mundo. Dizia São Vicente de Paulo que “a caridade faz crescer a esperança no paraíso”, ou seja, para nós, tudo deve contribuir para a glória de Deus e o adiantamento do seu Reino sobre a terra.

Segundo a doutrina da Igreja, “a caridade assegura e purifica nossa capacidade humana de amar, elevando-a à perfeição sobrenatural do amor divino” (CaIC, 1827). É por meio da caridade que podemos agradar a Deus com as nossas atitudes, pois, se dependêssemos somente das nossas forças jamais poderíamos deixar uma marca eterna nas nossas relações. Portanto, a caridade cristã vai além de um bom gesto feito a quem precisa, ela deve ser a causa que movimenta toda a nossa vida, pois, sem ela não há verdadeira alegria, paciência, jejum, esmola, abstinência, etc. A caridade que nos impulsiona: “O amor de Cristo nos constrange (…), a fim de que os que vivem já não vivam para si, mas para aquele que por eles morreu e ressurgiu” (2Cor 5,15).

Tradicionalmente, a Quaresma é designada como tempo oportuno, isto é, o momento de reajustar a bússola da nossa caminhada, lembrando mais uma vez de que nossa vida só tem sentido se vivida para Cristo, Nosso Senhor e Mestre!

“É o tempo não tanto para rasgar as vestes frente ao mal que nos rodeia, como sobretudo para dar espaço na nossa vida a todo o bem que possamos realizar, despojando-nos daquilo que nos isola, fecha e paralisa” (Papa Francisco).

Jamais um coração que ama será fechado e seco, pelo contrário, será como uma sopa quente, no qual dificilmente uma mosca poderá sentar-se. Há muito o que se fazer, por Deus e pelos irmãos na fé.

Dessa forma, a Igreja nos propõe ações muito concretas que, se bem vividas, serão para nós motivo de alegria no Espírito Santo e de verdadeiro auxílio aos necessitados. Dois são os tipos de ajuda que podemos prestar aos outros neste período que ainda não acabou: as obras de misericórdia corporais e as espirituais, que nunca devem ser separadas. “Se, por meio das obras corporais, tocamos a carne de Cristo nos irmãos e irmãs necessitados de ser nutridos, vestidos, alojados, visitados, as obras espirituais tocam mais diretamente o nosso ser de pecadores: aconselhar, ensinar, perdoar, admoestar, rezar” (Papa Francisco).

As obras de misericórdia corporais são:

1) Dar de comer a que tem fome
2) Dar de beber a quem tem sede
3) Dar pousada aos peregrinos
4) Vestir os nus
5) Visitar os enfermos
6) Visitar os presos
7) Enterrar os mortos

A primeira e a segunda obra de misericórdia corporal se completam, pois, se referem à ajuda que podemos dar aos necessitados, àqueles que não tem o que comer e vestir: “Quem tem duas túnicas dê uma ao que não tem; e quem tem o que comer, faça o mesmo” (Lc 3,11). A terceira obra nos parece um pouco estranha porque não encontramos, como antigamente, peregrinos que precisam de pouso em nossa casa, mas, podemos também amparar com bens materiais aqueles que precisam de um descanso digno. Como quarta obra corporal temos a de vestir os que estão nus, está é uma excelente ocasião para doar roupas e sapatos que não usamos mais e que continuam no guarda-roupas (cf. Tg 2, 15-16). 

Como quinta obra corporal, podemos dar uma atenção particular aos doentes e idosos que precisam tanto de auxílio, afeto e compaixão – um verdadeiro exemplo bíblico é o do Bom Samaritano (ver Lc 10,10-37). Uma outra ação que podemos fazer é a de visitar aqueles que por algum crime encontram-se presos, dando-lhes auxílio material (ajuda como papel higiênico e itens de higiene pessoal) e espiritual (participando de missões da pastoral carcerária). E por fim, a obra de enterrar os falecidos, assim como José de Arimatéia que se preocupou e cedeu o próprio túmulo a Jesus, nós, também, podemos ir a velórios e auxiliar no que for preciso.

 

Obras de misericórdia espirituais:

1)Ensinar os ignorantes
2) Dar bom conselho
3) Corrigir os que erram
4) Perdoar as injúrias
5) Consolar os tristes
6) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo
7) Rezar a Deus por vivos e defuntos

A primeira obra espiritual podemos fazer sempre que oportuno, dando a conhecer a Pessoa de Nosso Senhor aos de perto e aos que acabamos de conhecer. Já a segunda, nos lembra o dever cristão de aconselhar com prudência aqueles que de nós se aproximam. A terceira obra é fundamental, inclusive Jesus ensinou como devemos corrigir os irmãos que erram sem lhes faltar com a caridade (ver Mt 19,15-17). Como quarta obra que podemos fazer o contrário daquilo que nos fizeram: perdoando aos que nos ofenderam (ver Mt 6,14-16). A quinta obra é a de consolar aqueles que estejam passando por um tempo difícil em sua vida. A sexta refere-se ao modo paciente de como podemos ter caridade com aqueles que nos “irritam”, tendo consciência de que eles também nos suportam. E a sétima obra, que é o auxílio que podemos prestar aos mortos, rezando por suas almas e pelos vivos, rezando por conversões e ensinando o caminho da fé.