A Vontade de Deus
TEMPO COMUM. VIGÉSIMA SÉTIMA SEMANA. SEXTA-FEIRA
– O cumprimento da vontade divina.
– Purificar a nossa vontade, inclinada excessivamente para nós mesmos.
– Amar em tudo o querer de Deus.
I. SEJA FEITA a vossa vontade assim na terra como no Céu, rezamos a Deus na terceira petição do Pai-Nosso. Queremos conseguir do Senhor as graças necessárias para que possamos cumprir aqui na terra tudo o que Deus quer, como o cumprem os bem-aventurados no Céu. A melhor oração é aquela que transforma os nossos desejos até conformá-los, gozosamente, com a vontade divina, até podermos dizer com Jesus: Não se faça a minha vontade, mas a tua: não quero nada que Tu não queiras. Nada. Este é o fim principal de toda a petição: identificar-nos plenamente com o querer divino.
Se a nossa oração é assim, sempre seremos beneficiados, pois não há ninguém que queira tanto o nosso bem e a nossa felicidade como o Senhor. No entanto, quase sem o percebermos, desejamos em muitas ocasiões que se cumpra antes de mais nada a nossa vontade; julgamo-la muito acertada e conveniente, ainda que desejemos, talvez fervorosamente, que o querer divino coincida com o nosso... Pedis e não recebeis porque pedis mal 1, escreve o Apóstolo São Tiago.
Quando dizemos em face de um acontecimento ou situação: Senhor, seja feita a vossa vontade, não nos estamos sujeitando à pior das possibilidades ou mesmo a uma catástrofe, mas à “melhor” das soluções possíveis. Porque, mesmo que aquilo que Deus permite nos pareça à primeira vista uma desgraça ou um desastre, devemos transcender essa visão puramente humana e aprender que existe um plano mais alto, no qual Deus integra esse acontecimento num bem superior, que talvez não vejamos momentaneamente. Essa situação que nos parece tenebrosa é somente uma sombra de um quadro luminoso e cheio de beleza; pois a sabedoria divina não é mais sábia que a nossa?; e o seu amor por nós e pelos nossos não é infinitamente maior do que o nosso? Se pedimos pão, acaso nos dará uma pedra? Ele não é nosso Pai? Quando orardes, dizei: Abba, Pai...
Só neste clima de amor e de confiança é que se torna possível a verdadeira oração: Senhor, se for conveniente, concede-me... Deus sabe mais e é infinitamente bom, muito melhor do que podemos imaginar. Ele quer o melhor para nós; e o melhor, às vezes, não é o que pedimos.
Maria de Betânia enviou ao Senhor uma mensagem urgente para que curasse o seu irmão Lázaro, que estava a ponto de morrer. Mas Jesus não o curou, ressuscitou-o. Ele é sábio, com uma sabedoria divina, e nós, ignorantes. Ele abarca a vida inteira, a nossa e a daqueles que amamos; nós apenas vislumbramos um pouco das coisas imediatas. Aflitos e impacientes, vemos apenas esses instantes, e Ele vê toda a vida e a eternidade... Não sabemos pedir o que convém, mas o Espírito Santo advoga por nós com gemidos inenarráveis2. Não rogamos que Deus queira, mas que nos ensine e nos dê forças para cumprir o que Ele quer3.
Querer fazer a vontade de Deus em tudo, aceitá-la com paz e alegria, amá-la, ainda que humanamente pareça difícil e dura, não “é a capitulação do mais débil perante o mais forte, mas a confiança do filho no Pai, cuja bondade nos ensina a ser plenamente homens: e isto implica a alegre descoberta da condição da nossa grandeza”4, a filiação divina.
II. SEJA FEITA a vossa vontade...
Em muitas ocasiões, o nosso querer natural coincide com o de Deus. Tudo parece então sereno e suave, e podemos caminhar sem grandes dificuldades. Mas não devemos esquecer que, no progresso para a santidade, é necessário purificar o nosso eu, a vontade própria, excessivamente inclinada para si mesma – ainda que se trate de assuntos muito nobres –, e encaminhá-la para a plena identificação com o querer divino. Esta é a verdadeira bússola que orienta os nossos passos diretamente para Deus, e que nos levará em tantas ocasiões a enveredar por caminhos diferentes daqueles que nós, com um critério exclusivamente humano, teríamos escolhido. E o Espírito Santo talvez nos diga na intimidade do nosso coração: Os meus caminhos não são os vossos caminhos...5
Devemos aprender de Cristo o caminho seguro do cumprimento da vontade divina em tudo. É um ensinamento contínuo que colhemos do Evangelho.
Quando os Apóstolos insistem com Cristo, cansado de uma longa jornada, para que se alimente com os víveres que tinham comprado numa cidade da Samaria, o Senhor responde-lhes: O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a sua obra6. O nosso alimento, o único que nos dá forças e firmeza para vivermos como filhos de Deus, o único que dá sentido à nossa vida, é saber que estamos fazendo a vontade de Deus até nos menores detalhes da vida diária. Em muitas outras ocasiões Jesus repetirá este mesmo ensinamento: Não vim fazer a minha vontade, mas a daquele que me enviou7.
Se pudéssemos dizer o mesmo! Eu não quero, Senhor – dizemos-lhe no nosso interior –, fazer o que os meus sentidos ou a minha inteligência desejam, ainda que seja lícito, mas o que Tu queres que eu faça, ainda que pareça difícil. Se alguma vez nos custa cumprir a vontade de Deus, devemos ir ao Sacrário para conversar com Jesus, e depois de um tempo de oração compreenderemos que o nosso querer mais íntimo é precisamente aceitar e amar a vontade de Deus. Será esse o momento – especialmente se se trata de um assunto difícil ou que exige sacrifício – de fazermos nossa a oração de Jesus no começo da Paixão: Pai, se é do teu agrado, afasta de mim este cálice; não se faça, porém, a minha vontade, mas a tua8. E repetiremos devagar: Não se faça a minha vontade...
Os Apóstolos pregaram até o fim dos seus dias o que aprenderam do Mestre: Aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse entrará no reino dos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe9. É aí – no cumprimento da vontade divina – que a criatura humana encontra a sua verdadeira felicidade: “A quem possui a Deus, nada lhe falta..., se ele mesmo não falta a Deus”10.
A nossa vontade tem assim uma meta: fazer sempre, também nas coisas pequenas, nas tarefas ordinárias, o que Deus quer que façamos. Assim, decidimo-nos em cada circunstância não por aquilo que nos parece mais útil ou agradável, mas por aquilo que o Senhor deseja naquela situação concreta. E como Deus quer o melhor, ainda que de modo imediato não o experimentemos, estamos exercitando a liberdade no bem, que é onde verdadeiramente ela se realiza11. Por isso, quando exercemos a nossa liberdade tornando próprio o querer divino, convertemos a nossa vida num contínuo ato de amor.
III. PAI, SEJA FEITA a vossa vontade assim na terra como no Céu... E preparamos a alma não só para realizar o querer divino, mas também para amar o que Deus faz ou permite. Quando os acontecimentos ou as circunstâncias não permitem que escolhamos, é Deus quem escolhe por nós. É nessas situações, às vezes humanamente difíceis, que devemos dizer com paz: “Tu o queres, Senhor?... Eu também o quero!”12Podem ser ocasiões extraordinárias para confiarmos mais e mais em Deus.
Essa vontade divina que aceitamos pode chamar-se sofrimento, doença ou perda de um ser querido. Ou talvez sejam situações trazidas pelo dia-a-dia ou pelo decorrer dos dias: as limitações da idade que começa a deixar as suas marcas, o salário insuficiente, uma profissão diferente da que teríamos desejado, mas a que devemos dedicar-nos com amor porque as circunstâncias nos levaram a ela e já não é possível abandoná-la, as aspirações nobres não realizadas, o fracasso por um esquecimento ou erro ridículo, os mal-entendidos..., a aceitação de si mesmo, sem que isso afogue o desejo de superação e, sobretudo, de crescimento nas virtudes. Então também nós poderemos dizer:
Dai-me riqueza ou pobreza,
dai consolo ou desconsolo,
dai-me alegria ou tristeza [...].
Que quereis fazer de mim? 13
O que queres de mim, Senhor, nesta circunstância concreta, e nessa outra? A aceitação alegre da vontade divina sempre dará paz à nossa alma e, no plano humano, evitará desgastes inúteis, mas muitas vezes não suprimirá a dor.
O próprio Jesus chorou como nós. Na Epístola aos Hebreus lemos que nos dias da sua carne, ofereceu preces e súplicas com grandes brados e lágrimas 14. As nossas lágrimas, quando se trata de um acontecimento doloroso, não ofendem a Deus; pelo contrário, movem-no à compaixão.
“Disseste-me: – Padre, estou passando muito mal.
“E eu te respondi ao ouvido: – Põe aos ombros uma partezinha dessa cruz, só uma parte pequena. E se nem mesmo assim podes com ela..., deixa-a toda inteira sobre os ombros fortes de Cristo. E repete desde já comigo: “Senhor, meu Deus! Em tuas mãos abandono o passado e o presente e o futuro, o pequeno e o grande, o pouco e o muito, o temporal e o eterno”.
“E fica tranqüilo” 15.
Além disso, o Senhor quer que, com a amorosa aceitação do querer divino, lancemos mão também de todos os meios humanos ao nosso alcance para sairmos dessa má situação, se for possível. E se não o for, ou se demorar a resolver-se, abraçaremos com força o nosso Pai-Deus e poderemos dizer com São Paulo: Estou inundado de alegria no meio de todas as nossas tribulações16. Nada poderá tirar-nos a alegria.
A nossa Mãe Santa Maria é o modelo que devemos imitar, dizendo com Ela: Faça-se em mim segundo a tua palavra. Que se faça, Senhor, o que Tu queres e como o queres.
(1) Ti 4, 3; (2) cfr. Rom 8, 20; (3) cfr. Santo Agostinho, Sermão da Montanha, 2, 6, 21; (4) Georges Chevrot, Em segredo; (5) Is 55, 8; (6) Jo 6, 32; (7) Jo 5, 30; (8) Lc 22, 42; (9) Mt 6, 10; (10) São Cipriano, Tratado sobre a oração, 21; (11) cfr. Carlos Cardona, Metafisica del bien y del mal, pág. 185; (12) cfr. São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 762; (13) Santa Teresa, Poesias, 5; (14) Hebr 5, 7; (15) São Josemaría Escrivá, Via Sacra, VIIª est., n. 3; (16) 2 Cor 7, 4.
Fonte: livro "Falar com Deus" de Francisco Fernández Carvajal
São João XXIII
11 de Outubro
São João XXIII
“Ah, os santos, os santos do Senhor, que em todos os lugares nos alegram, nos animam e nos abençoam!”, dizia São João XXIII, chamado “Papa bom”.
Angelo Giuseppe Roncalli, mais conhecido como São João XXIII, nasceu na Itália em 1881. Ingressou muito jovem no seminário e foi ordenado sacerdote em 1904. Na Segunda Guerra Mundial, quando era Bispo, salvou muitos judeus com a ajuda do “visto de trânsito” da Delegação Apostólica. Em 1953, foi criado Cardeal e, com a morte de Pio XII, foi eleito Sumo Pontífice em 1958. Pouco a pouco, ganhou o apelido de “Papa bom”, por suas qualidades humanas e cristãs.
O mundo inteiro pôde ver nele um pastor humilde, atento, decidido, corajoso, simples e ativo. Enveredou-se pelos caminhos do ecumenismo e do diálogo com todos. Escreveu as famosas encíclicas “Pacem in terris” e “Mater et magistra” e convocou o Concílio Vaticano II. Foi chamado à Casa do Pai em 3 de julho de 1963. No ano 2000, foi beatificado por São João Paulo II e canonizado pelo Papa Francisco em abril de 2014.
O milagre para sua beatificação foi baseado na cura de Irmã Caterina Capitani, uma religiosa que tinha uma grave doença estomacal. As irmãs da paciente, que sabiam da grande admiração da Irmã Caterina por João XXIII, rezaram pedindo a intercessão do “Papa bom” e colocaram uma imagem dele no estômago da religiosa. Minutos depois, a religiosa começou a se sentir bem e pediu para comer. Mais tarde, Irmã Caterina relataria que viu João XXIII sentado ao pé de sua cama e que lhe disse que sua oração havia sido escutada. A ciência não pôde dar explicações para esta cura.
Fonte: https: www.acidigital.com
O Nome de Deus e o Seu Reino
TEMPO COMUM. VIGÉSIMA SÉTIMA SEMANA. QUINTA-FEIRA
– Modo de santificar o nome de Deus. O primeiro pedido do Pai-Nosso.
– O Reino de Deus.
– A propagação do Reino dos Céus.
I. “QUANDO CHEGARMOS à dignidade de filhos de Deus, seremos abrasados pela ternura que habita no coração de todos os filhos verdadeiros; e, sem pensar mais nos nossos interesses pessoais, só teremos zelo pela glória do nosso Pai. Dir-lhe-emos: Santificado seja o vosso nome, testemunhando assim que a sua glória constitui todo o nosso desejo e a nossa alegria” 1.
Nesta primeira petição das sete de que se compõe o Pai-Nosso, “pedimos que Deus seja conhecido, amado, honrado e servido por todos e por nós em particular”2. Jesus ensina-nos a ordem que devemos seguir habitualmente nas nossas súplicas. A primeira coisa que devemos pedir é a glória de Deus.
É realmente o mais urgente, também para nós, que andamos preocupados com as necessidades imediatas. “Ocupa-te de Mim – dizia Jesus a Santa Catarina de Sena –, e Eu me ocuparei de ti”. O Senhor não nos deixará sozinhos.
Santificado seja o vosso nome. Na Sagrada Escritura, o nome de uma pessoa equivale à própria pessoa; é a sua identidade mais profunda. Por isso Jesus dirá no final da sua vida, como que resumindo os seus ensinamentos: Manifestei o teu nome aos homens3. Revelou-nos o mistério de Deus.
No Pai-Nosso, formulamos o desejo amoroso de que o nome de Deus, do nosso Pai-Deus, seja conhecido e reverenciado em toda a terra; e também devemos expressar a nossa dor pelas ocasiões em que é profanado, silenciado ou proferido com leviandade: “Ao dizermos santificado seja o vosso nome, admoestamo-nos a nós mesmos para que desejemos que o nome do Senhor, que sempre é santo em si mesmo, seja também tido como santo por todos os homens, quer dizer, que nunca seja desprezado por eles”4.
Em determinados ambientes, parece que os homens não querem mencionar o nome de Deus. Em vez do Criador, falam da “sábia natureza” ou chamam “destino” à Providência divina, etc. Por vezes, são somente modos de dizer, mas há ocasiões em que se silencia o nome de Deus intencionalmente. Nesses casos, devemos vencer possíveis respeitos humanos e, também intencionalmente, honrar o nosso Pai. Sem afetação, manter-nos-emos fiéis aos modos cristãos de falar, que manifestam externamente a fé da nossa alma. As expressões tradicionais em muitos países, tais como “graças a Deus” ou “se Deus quiser”5, etc., podem servir de ajuda em algumas ocasiões para termos presente o Senhor nas nossas conversas.
Isto não significa que devamos ser como essas pessoas que fazem intervir o nome de Deus em qualquer coisa, de modo inconsiderado e inoportuno (“Deus o castigou...”). O segundo preceito do Decálogo proíbe-nos que tomemos o nome de Deus em vão. Se amamos a Deus, amaremos o seu santo nome e nunca o mencionaremos com falta de respeito ou de reverência, como expressão de impaciência ou de surpresa. Este amor ao nome de Deus estender-se-á também ao de Santa Maria, sua Mãe, ao dos seus amigos, os Santos, e ao de todas as pessoas e coisas que lhe estão consagradas.
Honramos a Deus no nosso coração quando fazemos um ato de reparação sempre que, na nossa presença, se falta ao respeito devido ao nome de Deus ou de Jesus Cristo; ao sabermos que se cometeu um sacrilégio ou ao termos notícia de algum episódio que ofende o bom nome do Pai comum. Não devemos também esquecer-nos de atualizar pessoalmente os atos de reparação e desagravo públicos sempre que nos unimos aos louvores que se rezam na Bênção com o Santíssimo. Nessa ocasião, o sacerdote, em nome de todos, reza: Bendito seja Deus, bendito seja o seu santo nome... São jaculatórias que podemos repetir ao longo do dia, especialmente em face de situações em que temos o dever de reparar.
“Considerai – diz Santa Teresa – que ganhais um grande tesouro e que fazeis muito mais dizendo uma só palavra do Pai-Nosso de quando em quando, do que repetindo-o muitas vezes apressadamente. Permanecei bem junto dAquele a quem pedis, e não deixará de ouvir-vos; e crede, o verdadeiro modo de louvar e santificar o seu nome é este”6.
Talvez algumas dessas jaculatórias nos possam ajudar a manter a presença de Deus no dia de hoje: Pai, santificado seja o vosso nome...
II. VENHA A NÓS o vosso Reino, pedimos a seguir no Pai-Nosso. São João Crisóstomo comenta que o Senhor “nos mandou que desejássemos os bens que estão por chegar e que apressássemos o passo na nossa viagem para o Céu; mas, enquanto a viagem não termina, vivendo ainda na terra, quer que nos esforcemos por levar vida do Céu”7.
A expressão Reino de Deus tem um triplo significado: o Reino de Deus em nós, que é a graça; o Reino de Deus na terra, que é a Igreja; e o Reino de Deus no Céu, que é a eterna bem-aventurança.
Em primeiro lugar, pedimos a Deus que reine em nós mediante a graça santificante, pela qual se compraz em cada um de nós como um rei na sua corte; e que nos conserve unidos a Si por meio das virtudes da fé, da esperança e da caridade, que lhe permitem reinar respectivamente no nosso entendimento, no nosso coração e na nossa vontade8.
Ao rezarmos diariamente pela chegada do Reino de Deus, pedimos também que o Senhor nos ajude a ser fiéis à graça. É um reinado, o de Jesus na nossa alma, que avança ou retrocede conforme correspondemos ou rejeitamos as contínuas graças e ajudas que Ele nos concede.
Cumprem-se também nos nossos corações as parábolas do Reino. Antes de adquirir a plenitude definitiva na alma de cada um dos fiéis, o Reino de Deus é como um grão de trigo que, enterrado, prepara a espiga da colheita; como o fermento, que vai transformando o coração até que seja inteiramente de Deus; como o grão de mostarda, que começa como uma pequena semente na alma e, se não levantamos obstáculos, irá crescendo sem mais limites que o das nossas resistências e negações. O Reino de Deus estabelece-se agora, pela graça, no coração dos homens; está dentro de vós, disse Jesus9. E percebemos a sua presença na alma através dos afetos e moções do Espírito Santo. Se soubermos corresponder-lhes dócil e prontamente, o Senhor tomará posse das nossas almas e o seu Reino será uma realidade em nós. “Antes éramos servos no mundo, agora reinemos sob o domínio de Cristo”10.
III. QUANDO REZAMOS venha a nós o vosso reino, também pedimos que a Igreja se dilate e propague por todo o mundo para a salvação dos homens.
Pedimos pelo apostolado que se realiza em toda a terra, e sentimo-nos comprometidos a empregar todos os meios ao nosso alcance para a expansão do Reino de Deus. Porque “não é suficiente pedirmos com insistência o Reino de Deus se não acrescentamos à nossa petição todas aquelas coisas com que se procura e se encontra”11, isto é, as nossas iniciativas apostólicas, por pequenas que nos pareçam.
Num mundo que em não poucos aspectos parece ter retornado ao paganismo, impõe-se a todos os cristãos “o dever luminoso de colaborar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e acolhida por todos os homens em toda a parte”12.
A nossa primeira obrigação é, ordinariamente, orientar o apostolado para todos aqueles que Deus colocou ao nosso lado: a esposa ou o marido, cada um dos filhos, os amigos, os colegas. Neste apostolado com essas pessoas, do qual não podemos esquivar-nos sob nenhum pretexto, o que nos deve importar acima de tudo é que tomem a sério a vida cristã, que entrem por caminhos de vida interior, de oração, de freqüência dos Sacramentos, que adquiram uma sólida formação doutrinal-religiosa. Isto é o mais importante.
Depois, temos de nos preocupar por orientar todo o universo para Cristo, cada um na medida das suas possibilidades. A dignidade da pessoa humana, os direitos da consciência, o respeito devido ao trabalho, a preocupação por uma distribuição mais eqüitativa dos bens, o sincero desejo de paz entre os povos, etc., são tarefa que incumbe a todos os cristãos e a que todos podem prestar a sua colaboração, seja grande ou pequena. Deus conta com esse muito ou pouco de cada um.
Venha a nós o vosso Reino. E “Jesus Cristo recorda a todos: Et ego, si exaltatus fuero a terra, omnia traham ad meipsum (Jo 12, 32), se vós me colocardes no cume de todas as atividades da terra, cumprindo o dever de cada instante, dando testemunho de mim no que parece grande e no que parece pequeno, omnia traham ad meipsum, tudo atrairei a mim. O meu reino entre vós será uma realidade [...].
“Foi para isso que nós, os cristãos, fomos chamados, essa é a nossa tarefa apostólica e a preocupação que deve consumir a nossa alma: conseguir que o reino de Cristo se torne realidade, que não haja mais ódios nem crueldades, que estendamos pela terra o bálsamo forte e pacífico do amor. Peçamos hoje ao nosso Rei que nos faça colaborar humilde e fervorosamente com o propósito divino de unir o que se quebrou, de salvar o que está perdido, de ordenar o que o homem desordenou, de levar a seu termo o que se extraviou, de reconstruir a concórdia entre todas as coisas criadas”13. Comecemos, como sempre, pelo que está ao nosso alcance na convivência normal de todos os dias.
(1) Cassiano, Colações, 9, 18; (2) Catecismo maior, n. 290; (3) Jo 17, 6; (4) Santo Agostinho, Carta 130, a Proba; (5) Ti 4, 15; (6) Santa Teresa, Caminho de perfeição, 31, 13; (7) São João Crisóstomo, Homilias sobre São Mateus, 19, 5; (8) cfr. Catecismo maior, ns. 294-295; (9) Lc 17, 21; (10) São Cipriano, Tratado sobre a oração do Senhor, 13; (11) Catecismo Romano, IV, 10, n. 2; (12) Concílio Vaticano II, Decreto Apostolicam actuositatem, 3; (13) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 183.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
10 de Outubro 2019
A SANTA MISSA

27ª Semana do Tempo Comum – Quinta-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: Ml 3,13-20ª
“Eis que virá o dia, abrasador como fornalha”
Leitura da Profecia de Malaquias
13 “Vossas palavras são duras contra mim, diz o Senhor, e ainda perguntais: 14 ‘Que dissemos contra ti?’ Vós estais dizendo: ‘É coisa inútil servir a Deus; que vantagem tivemos em observar seus preceitos e em levar uma vida severa na presença do Senhor dos exércitos? 15 Portanto, hoje os felizardos são os soberbos, pois consolidaram-se, praticando o mal, e, mesmo provocando a Deus, estão impunes’. 16 Vieram, entretanto, a falar uns com os outros, os tementes a Deus. O Senhor prestou atenção e ouviu-os; em sua presença foi escrito um livro de feitos notáveis, aberto aos que temem o Senhor e têm seu nome no pensamento. 17 Serão para mim o tesouro, diz o Senhor dos exércitos, para o dia que eu me reservar; hei de favorecê-los, como o pai ao filho que o serve. 18 De novo vereis a distância que há entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus e o que não o serve. 19 Eis que virá o dia, abrasador como fornalha, em que todos os soberbos e ímpios serão como palha; e esse dia vindouro haverá de queimá-los, diz o Senhor dos exércitos, tal que não lhes deixará raiz nem ramo. 20a Para vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça,
trazendo salvação em suas asas”.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 1, 1-2.3.4 e 6 (R. Sl 39, 5a)
R. É feliz quem a Deus se confia!
1 Feliz é todo aquele que não anda *
conforme os conselhos dos perversos;
que não entra no caminho dos malvados, *
nem junto aos zombadores vai sentar-se;
2 mas encontra seu prazer na lei de Deus *
e a medita, dia e noite, sem cessar. R.
3 Eis que ele é semelhante a uma árvore *
que à beira da torrente está plantada;
ela sempre dá seus frutos a seu tempo, +
e jamais as suas folhas vão murchar. *
Eis que tudo o que ele faz vai prosperar, R.
4 mas bem outra é a sorte dos perversos. +
Ao contrário, são iguais à palha seca *
espalhada e dispersada pelo vento.
6 Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, *
mas a estrada dos malvados leva à morte. R.
Evangelho: Lc 11, 5-13
“Pedi e recebereis”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 5 E Jesus acrescentou: ‘Se um de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: ‘Amigo, empresta-me três pães, 6 porque um amigo meu chegou de viagem e nada tenho para lhe oferecer’, 7 e se o outro responder lá de dentro: ‘Não me incomoda! Já tranquei a porta, e meus filhos e eu já estamos deitados; não me posso levantar para te dar os pães’; 8 eu vos declaro: mesmo que o outro não se levante para dá-los porque é seu amigo, vai levantar-se ao menos por causa da impertinência dele e lhe dará quanto for necessário. 9 Portanto, eu vos digo: pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. 10 Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá. 11 Será que algum de vós que é pai, se o filho pedir um peixe, lhe dará uma cobra? 12 Ou ainda, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? 13 Ora, se vós que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem! ‘
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
São Francisco de Borja
10 de Outubro
São Francisco de Borja




Fonte: http://santossanctorum.blogspot.com
O Pai-Nosso
TEMPO COMUM. VIGÉSIMA SÉTIMA SEMANA. QUARTA-FEIRA
– A oração do Senhor.
– Filiação divina e oração.
– Oração e fraternidade.
I. OS DISCÍPULOS viam muitas vezes como Jesus se retirava a sós e permanecia longo tempo em oração; por vezes, noites inteiras. Por isso, um dia – lemos no Evangelho da Missa 1–, após terminar a sua oração, dirigiram-se a Ele e disseram-lhe com toda a simplicidade: Senhor, ensina-nos a orar.
Dos lábios de Jesus aprenderam então aquela oração – o Pai-Nosso – que milhões de bocas, de todas as línguas, repetiriam tantas vezes ao longo dos séculos. São um feixe de petições que o Senhor deve ter ensinado também em outras ocasiões, e que talvez por isso tenham sido compiladas de maneira levemente diferente por São Lucas e São Mateus 2. São também um modo completamente novo de dirigir-se a Deus. Há nessas petições “uma tal simplicidade, que até uma criança as aprende, e ao mesmo tempo uma profundidade tão grande, que se pode consumir uma vida inteira em meditar o sentido de cada uma delas” 3.
A primeira palavra que pronunciamos por expressa indicação do Senhor é: Abba, Pai. Os primeiros cristãos quiseram conservar, sem traduzi-la, a mesma palavra aramaica que Jesus utilizou: Abba; e é muito provável que assim passasse à liturgia mais primitiva e antiga da Igreja 4.
Este primeiro vocábulo situa-nos no clima de confiança e de filiação em que sempre devemos dirigir-nos a Deus. O Senhor omitiu outras palavras – ensina o Catecismo Romano – “que poderiam ao mesmo tempo causar-nos temor, e só empregou aquela que inspira amor e confiança aos que oram e pedem alguma coisa; porque, que coisa é mais agradável que o nome de pai, que indica ternura e amor?” 5 É a mesma palavra que as crianças hebréias utilizavam para dirigir-se familiar e carinhosamente aos seus pais da terra. E foi o termo escolhido por Jesus como o mais adequado para invocarmos o Criador do Universo: Abba!, Pai!
O próprio Deus, que transcende absolutamente todas as coisas criadas, está muito perto de nós, é um Pai estreitamente ligado à existência dos seus filhos, fracos e freqüentemente ingratos, mas que Ele quer ter em sua companhia por toda a eternidade. Nós nascemos para o Céu.
“Às outras criaturas – ensina São Tomás de Aquino –, o Senhor deu-lhes como que dons minúsculos; a nós, a herança. Isto, por sermos filhos; e, por sermos filhos, também herdeiros. Não recebestes o espírito de escravidão, para recairdes novamente no temor, mas o espírito de filhos, que nos faz clamar Abba, Pai! (Ef 3, 15)” 6.
Quando rezamos o Pai-Nosso, e muitas vezes ao longo do dia, podemos saborear esta palavra cheia de mistério e de doçura: Abba, Pai, meu Pai... E esta oração influirá decisivamente ao longo do dia, pois “quando chamamos a Deus Pai nosso, temos de lembrar-nos de que devemos comportar-nos como filhos de Deus” 7.
II. ENQUANTO MUITOS PROCURAM a Deus como que no meio de névoas, às apalpadelas, nós, os cristãos, sabemos de um modo muito especial que Ele é nosso Pai e que vela por nós. “A expressão «Deus-Pai» nunca tinha sido revelada a ninguém. O próprio Moisés, quando perguntou a Deus quem Ele era, escutou como resposta outro nome. Mas a nós, este nome foi-nos revelado pelo Filho” 8.
Sempre que recorremos a Deus, Ele nos diz: Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu9. Nenhuma das nossas necessidades, das nossas tristezas, o deixa indiferente. Se tropeçamos, Ele está atento para nos segurar ou levantar.
“Tudo o que nos vem de Deus e que de modo imediato nos parece favorável ou adverso, foi-nos enviado por um Pai cheio de ternura e pelo mais sábio dos médicos, visando o nosso próprio bem” 10.
A vida, sob o influxo da filiação divina, adquire um sentido novo; já não é um enigma obscuro a ser decifrado, mas uma tarefa a realizar na casa do Pai, que é a Criação inteira: Meu filho, diz Deus a cada um, vai trabalhar na minha vinha 11. Então a vida não produz temores, e a morte é vista com paz, pois é o encontro definitivo com Ele. Se nos sentimos assim em todo o momento – filhos –, seremos pessoas piedosas, com essa piedade que nos leva a “ter uma vontade pronta para se entregar ao que diz respeito ao serviço de Deus” 12. E a nossa vida servirá para tributar glória e louvor a Deus, porque o trato de um filho com seu Pai está cheio de respeito, de veneração e, ao mesmo tempo, de reconhecimento e amor. “A piedade que nasce da filiação divina é uma atitude profunda da alma, que acaba por informar a existência inteira: está presente em todos os pensamentos, em todos os desejos, em todos os afetos” 13. Impregna tudo.
O Senhor, ao longo da sua vida terrena, ensinou-nos a manter um relacionamento íntimo com o nosso Pai-Deus. Em Jesus deu-se esse relacionamento e afeto filial para com seu Pai em grau supremo. O Evangelho mostra-nos como, em diversas ocasiões, Jesus se retirava para longe da multidão a fim de unir-se em oração com seu Pai14, e dEle aprendemos a necessidade de dedicar algum tempo exclusivamente a Deus, no meio das tarefas do dia. Em momentos especiais, Jesus ora por Si próprio; é uma oração de filial abandono na vontade de seu Pai-Deus, como no Horto de Getsêmani 15 e na Cruz 16. Em outras ocasiões, ora confiadamente pelos outros, especialmente pelos Apóstolos e pelos futuros discípulos17, por nós. Diz-nos de muitas maneiras que esse trato filial e confiado com Deus é necessário para resistirmos às tentações 18, para obtermos os bens necessários 19 e para alcançarmos a perseverança final 20.
Esta conversa filial deve ser pessoal, em segredo 21; discreta 22; humilde, como a do publicano 23; constante e sem desânimos, como a do amigo inoportuno ou a da viúva rejeitada pelo juiz 24; deve estar penetrada de confiança na bondade divina 25, pois Deus é um Pai conhecedor das necessidades dos seus filhos, e lhes dá não só os bens da alma, mas também o necessário para a vida corporal 26.
“Meu Pai – trato-o assim, com confiança! –, que estás nos Céus, olha-me com Amor compassivo, e faz que eu te corresponda. – Derrete e inflama o meu coração de bronze, queima e purifica a minha carne não mortificada, enche o meu entendimento de luzes sobrenaturais, faz que a minha língua seja pregoeira do Amor e da Glória de Cristo” 27. Meu Pai..., ensina-nos e ensina-me a tratar-te com confiança filial.
III. A ORAÇÃO É PESSOAL, mas dela participam os nossos irmãos. O recolhimento e a solidão interior não impedem que, de algum modo, os outros homens estejam presentes enquanto oramos. O Senhor ensinou-nos a dizer Pai nosso, porque compartilhamos a dignidade de filhos com todos os nossos irmãos.
Pai nosso. E o Senhor já nos tinha dito 28 que se, no momento em que nos puséssemos a orar, nos lembrássemos de que um dos nossos irmãos tinha alguma queixa contra nós, deveríamos primeiro ir reconciliar-nos com ele. Só depois é que aceitaria a nossa oferenda.
Temos o direito de chamar Pai a Deus se tratamos os outros como irmãos. Porque se alguém disser: Eu amo a Deus e odiar o seu irmão, é um mentiroso. Porque aquele que não ama o seu irmão a quem vê, como pode amar a Deus, a quem não vê? 29
“Não podeis chamar Pai nosso ao Deus de toda a bondade – diz São João Crisóstomo –, se conservais um coração duro e pouco humano, pois em tal caso já não tendes a marca de bondade do Pai celestial” 30.
Quando dizemos a Deus Pai nosso, não lhe apresentamos somente a nossa pobre oração, mas também a adoração de toda a terra. Pela Comunhão dos Santos, sobe até Deus uma oração permanente em nome de toda a humanidade. Oramos por todos os homens, pelos que nunca souberam orar, ou já não o sabem, ou não querem fazê-lo. Emprestamos a nossa voz aos que ignoram ou esquecem que têm um Pai todo-poderoso nos céus. Damos graças por aqueles que se esquecem de dá-las. Pedimos pelos necessitados que não sabem que a fonte da graça está tão perto. Na nossa oração, vamos carregados com as imensas necessidades do mundo inteiro. No nosso recolhimento interior, enquanto nos dirigimos ao nosso Pai-Deus, sentimo-nos delegados de todos aqueles que passam por alguma dificuldade, especialmente daqueles que Deus colocou ao nosso lado ou sob os nossos cuidados.
Também será de grande consolo considerarmos que cada um de nós participa por sua vez da oração de todos os irmãos. No Céu, teremos a alegria de conhecer todos aqueles que intercederam por nós, e também o incontável número de cristãos que ocupavam o nosso lugar diante de Deus quando nos esquecíamos de fazê-lo, e que assim nos obtiveram as graças que nós não pedimos. Quantas dívidas por saldar!
A oração do cristão, ainda que seja pessoal, nunca é isolada; funde-se com a de todos os justos: com a daquela mãe de família que pede pelo seu filhinho doente, com a daquele estudante que espera um pouco de ajuda para as suas provas, com a daquela moça que deseja ajudar a sua amiga para que faça uma boa Confissão, com a daquele que oferece o seu trabalho, com a daquele que oferece precisamente a sua falta de trabalho.
Na Santa Missa, o sacerdote recita com os fiéis as palavras do Pai-Nosso. E consideramos que, com as diferenças horárias nos diversos países, a Santa Missa é celebrada continuamente no mundo inteiro e a Igreja recita sem cessar essa oração pelos seus filhos e por todos os homens. A terra apresenta-se assim como um grande altar de louvor contínuo ao nosso Pai-Deus, pelo seu Filho Jesus Cristo, no Espírito Santo.
(1) Lc 11, 1-4; (2) cfr. Mt 6, 9 e segs.; (3) João Paulo II, Audiência geral, 14.03.79; (4) cfr. W. Marchel, Abba, Père. La prière du Christ et des chrétiens, Roma, 1963, págs. 188-189; (5) Catecismo Romano, IV, 9, n. 1; (6) São Tomás de Aquino, Sobre o Pai-Nosso; (7) São Cipriano, Tratado sobre a oração do Senhor, 11; (8) Tertuliano, Tratado sobre a oração, 3; (9) Lc 15, 31; (10) Cassiano, Colações, 7, 28; (11) Mt 20, 1; (12) São Tomás de Aquino, Suma teológica, II-II, q. 8, a. 1, c.; (13) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 146; (14) Mt 14, 23; (15) cfr. Mc 14, 35-36; (16) cfr. Mc 15, 34; Lc 23, 34-36; (17) cfr. Lc 22, 32; (18) cfr. Mt 26, 41; (19) cfr. Jo 4, 10; 6, 27; (20) cfr. Lc 21, 36; (21) Mt 6, 5-6; (22) cfr. Mt 6, 7-8; (23) cfr. Lc 18, 9-14; (24) cfr. Lc 11, 5-8; 18, 1-8; (25) cfr. Mc 11, 23; (26) cfr. Mt 7, 7-11; (27) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 3; (28) cfr. Mt 5, 23; (29) 1 Jo 4, 20; (30) São João Crisóstomo, Homilia sobre a porta estreita.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
São João Leonardo
09 de Outubro
São João Leonardo
Leonardo nasceu na Toscana, em 1541. Levou uma vida normal de leigo, trabalhando no ramo farmacêutico com o pai até os vinte e seis anos de idade, quando este morreu. Tendo participado do trabalho junto aos pobres com os padres colombinos, decidiu entregar sua vida ao seguimento de Cristo.
Mesmo sabendo das dificuldades por ser adulto, Leonardo não se intimidou. Enfrentou os estudos desde o começo, do princípio mais elementar. Juntou-se aos meninos para aprender o latim e, em seguida, aplicou-se no estudo de filosofia e de teologia. Quatro anos depois, foi ordenado sacerdote.
Dedicando-se à catequese das crianças, implantou, junto com alguns religiosos, uma educação totalmente voltada para os princípios cristãos, nascendo, em 1574, a Congregação da Doutrina Cristã, hoje Clérigos Regulares da Mãe de Deus, também conhecidos como padres leonardinos.
Em 1584, resolveu fazer uma peregrinação à França, ao Santuário de Nossa Senhora de Loreto. Leonardo, que tinha conquistado a confiança do papa Clemente VIII, foi enviado por este para realizar diversas missões em seu nome, restaurando a disciplina religiosa em várias ordens, conventos e congregações. Era um tempo de decadência de costumes e seu trabalho entusiasmado e atraente trouxe de volta os velhos princípios do verdadeiro cristianismo que se haviam perdido no dia-a-dia de muitos integrantes da Igreja.
Preocupado em assegurar um futuro de fé às crianças pagãs, fundou, em parceria com João Batista Vives, um colégio para jovens sacerdotes que se espalhariam pelo mundo como missionários, pregando o catolicismo entre os infiéis e cuidando das vítimas das epidemias. Portanto João Leonardo foi o precursor do Colégio Urbano dos Missionários da Propaganda Fidei, ou Obra da Propaganda da Fé, fundado em 1627, em Roma, atuante até nossos dias, principalmente na esfera da Santa Sé. E também dos Missionários Exteriores de Paris, fundado em 1663.
Influenciado pelo Concilio de Trento, ao lado de grandes religiosos da época, como os depois santos Filipe Neri, José Calazanz e Camilo de Lellis, João Leonardo travou uma grande luta pela reforma eclesiástica da Itália, o que o fez tornar-se, também, um dos grandes do seu tempo.
Radicado em Roma, ele morreu no dia 8 de outubro de 1609. Seu corpo se encontra na cripta da igreja Santa Maria, em Campiteli. Beatificado em 1861, o papa Pio XI declarou santo João Leonardo em 1938, cuja festa litúrgica ocorre no dia de sua morte.
Fonte: https://franciscanos.org.br
09 de Outubro 2019
A SANTA MISSA

27ª Semana do Tempo Comum – Quarta-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: Jn 4, 1-11
“Tu sofres por causa desta planta
E eu não haveria de salvar esta grande cidade de Nínive?”
Leitura da Profecia de Jonas
1 Este desfecho causou em Jonas profunda mágoa e irritação; 2 orou então ao Senhor, dizendo: ‘Peço-te me ouças, Senhor: não era isto que eu receava, quando ainda estava em minha terra? Por isso, antecipei-me, fugindo para Társis. Sabia que és um Deus benigno e misericordioso, paciente e cheio de bondade, e que facilmente perdoas a punição. 3 E agora, Senhor, peço que me tires a minha vida, para mim é melhor morrer do que viver’. 4 Disse o Senhor: ‘Achas que tens boas razões para irar-te?’ 5 Jonas saiu da cidade e estabeleceu-se na parte oriental e ali fez para si uma cabana, onde repousava à sombra, a ver o que ia acontecer à cidade. 6 O Senhor Deus fez nascer uma hera, que cresceu sobre a cabana, para dar sombra à cabeça de Jonas e abrandar seu aborrecimento. E Jonas alegrou-se grandemente por causa da hera. 7 Mas, ao raiar do dia seguinte, Deus determinou que um verme atacasse a hera, e ela secou. 8 Quando o sol se levantou, mandou Deus do oriente um vento quente; e o sol bateu forte sobre a cabeça de Jonas, que se sentiu desfalecer; teve vontade de morrer, e disse: ‘Para mim é melhor morrer do que viver.’ 9 Disse Deus a Jonas: ‘Achas que tens boas razões para irar-te por esta hera?’ ‘Sim, respondeu ele, tenho razão até para morrer de raiva.’ 10 O Senhor replicou-lhe: ‘Tu sofres por causa desta planta, que não te custou trabalho e não fizeste crescer, que nasceu numa noite e na outra morreu. 11 E eu não haveria de salvar esta grande cidade de Nínive, em que vivem cento e vinte mil seres humanos, que não sabem distinguir a mão direita da esquerda, e um grande número de animais?’
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 85(86), 3-4.5-6.9-10(R. 15b)
R. Ó Senhor, sois amor, paciência e perdão.
3Piedade de mim, ó Senhor, *
porque clamo por vós todo o dia!
4 Animai e alegrai vosso servo, *
pois a vós eu elevo a minh’alma. R.
5 Ó Senhor, vós sois bom e clemente, *
sois perdão para quem vos invoca.
6 Escutai, ó Senhor, minha prece, *
o lamento da minha oração! R.
9 As nações que criastes virão *
adorar e louvar vosso nome.
10 Sois tão grande e fazeis maravilhas: *
vós somente sois Deus e Senhor! R.
Evangelho: Lc 11,1-4
Senhor, ensina-nos a rezar.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
1 Um dia, Jesus estava rezando num certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: ‘Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos.’ 2 Jesus respondeu: ‘Quando rezardes, dizei: ‘Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. 3 Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos, 4 e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação’.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
08 de Outubro 2019
A SANTA MISSA

27ª Semana do Tempo Comum – Terça-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: Jn 3,1-10
“Os ninivitas se afastavam do mau caminho”
Leitura da Profecia de Jonas
1 A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas, pela segunda vez: 2 “Levanta-te e põe-te a caminho da grande cidade de Nínive e anuncia-lhe a mensagem que eu te vou confiar”. 3 Jonas pôs-se a caminho de Nínive, conforme a ordem do Senhor. Ora, Nínive era uma cidade muito grande; eram necessários três dias para ser atravessada. 4 Jonas entrou na cidade, percorrendo o caminho de um dia; pregava ao povo, dizendo: “Ainda quarenta dias, e Nínive será destruída”. 5 Os ninivitas acreditaram em Deus; aceitaram fazer jejum, e vestiram sacos, desde o superior ao inferior. 6 A pregação chegara aos ouvidos do rei de Nínive; ele levantou-se do trono e pôs de lado o manto real, vestiu-se de saco e sentou-se em cima de cinza. 7 Em seguida, fez proclamar, em Nínive, como decreto do rei e dos príncipes: “Homens e animais bovinos e ovinos não provarão nada! Não comerão e não beberão água. 8 Homens e animais se cobrirão de sacos, e os homens rezarão a Deus com força; cada um deve afastar-se do mau caminho e de suas práticas perversas. 9 Deus talvez volte atrás, para perdoar-nos e aplacar sua ira, e assim não venhamos a perecer”. 10 Vendo Deus as suas obras de conversão e que os ninivitas se afastavam do mau caminho, compadeceu-se e suspendeu o mal, que tinha ameaçado fazer-lhes, e não o fez.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl129(130), 1-2.3-4ab.7-8(R. 3)
R. Se levardes em conta nossas faltas,
quem haverá de subsistir?
1 Das profundezas eu clamo a vós, Senhor,*
2 escutai a minha voz!
Vossos ouvidos estejam bem atentos*
ao clamor da minha prece! R.
3 Se levardes em conta nossas faltas,*
quem haverá de subsistir?
4 Mas em vós se encontra o perdão,*
eu vos temo e em vós espero. R.
5 No Senhor ponho a minha esperança,*
espero em sua palavra.
6 A minh’alma espera no Senhor*
mais que o vigia pela aurora. R.
7 Espere Israel pelo Senhor,*
pois no Senhor se encontra toda graça e copiosa redenção.
8 Ele vem libertar a Israel*
de toda a sua culpa. R.
Evangelho: Lc 10,38-42
Marta recebeu-o em sua casa. Maria escolheu a melhor parte.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo: 38 Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. 39 Sua irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e escutava a sua palavra. 40 Marta, porém, estava ocupada com muitos afazeres. Ela aproximou-se e disse: ‘Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha, com todo o serviço? Manda que ela me venha ajudar!’ 41 O Senhor, porém, lhe respondeu: ‘Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. 42 Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Em Betânia
TEMPO COMUM. VIGÉSIMA SÉTIMA SEMANA. TERÇA-FEIRA
– Os afazeres da vida corrente, meio e ocasião para encontrar a Deus.
– Unidade de vida.
– Uma só coisa é necessária, a santidade pessoal.
I. SÃO LUCAS CONTA no seu Evangelho que Jesus ia a caminho de Jerusalém e, poucos quilômetros antes de chegar à cidade, parou para descansar em casa de uns amigos na pequena localidade de Betânia1. Eram três irmãos – Lázaro, Marta e Maria – por quem Jesus nutria particular estima, como podemos ler em outros lugares do Evangelho2. O Mestre sentia-se bem naquele lar, rodeado de amigos. Marta quis preparar um refrigério para Jesus e seus acompanhantes, cansados depois de uma longa jornada por aqueles caminhos duros e polvorentos. Por isso, afadigava-se na contínua lida da casa. Sua irmã Maria, sentada aos pés do Senhor, ouvia a sua palavra.
Durante muito tempo, Marta foi considerada como figura e imagem da vida ativa, enquanto Maria encarnava o símbolo da vida contemplativa. No entanto, para a maioria dos cristãos que devem santificar-se no meio das suas tarefas seculares, esses dois tipos não podem ser considerados dois modos contrapostos de viver o cristianismo. Em primeiro lugar, porque careceria de sentido uma vida de trabalho, imersa nos negócios, no estudo, ou preocupada pelos problemas do lar, que se esquecesse de Deus; por outro, porque haveria sérios motivos para duvidar da sinceridade de uma vida de oração que não se manifestasse num trabalho realizado com maior perfeição, com uma caridade mais fina.
O trabalho, o estudo, os problemas que se apresentam numa vida normal, longe de serem obstáculo, devem ser meio e ocasião de um trato afetuoso com o Senhor3. “Nesta terra, a contemplação das realidades sobrenaturais, a ação da graça em nossas almas, o amor ao próximo como fruto saboroso do amor a Deus, representam já uma antecipação do céu, uma incoação destinada a crescer de dia para dia. Nós, os cristãos, não suportamos uma vida dupla: mantemos uma unidade de vida, simples e forte, em que se fundamentam e se compenetram todas as nossas ações [...].
“Sejamos almas contemplativas, absorvidas num diálogo constante com Deus, procurando a intimidade com o Senhor a toda a hora: desde o primeiro pensamento do dia até o último da noite; pondo continuamente o nosso coração em Jesus Cristo, Nosso Senhor; achegando-nos a Ele por nossa Mãe, Santa Maria, e por Ele, ao Pai e ao Espírito Santo” 4.
Os afazeres profissionais, as aspirações nobres, as preocupações... devem alimentar o nosso diálogo diário com Jesus. Se não fosse assim, de que falaríamos com Ele? Aqueles amigos de Betânia – como também os Apóstolos – contavam ao Mestre os pequenos episódios do seu viver diário, perguntavam-lhe o que não entendiam. Alguns desses diálogos de Jesus com os seus íntimos ficaram plasmados no Evangelho: Mestre – dizem-lhe os Apóstolos certa vez –, vimos um que expulsava os demônios em teu nome e lho proibimos porque não era do nosso grupo... Outras vezes, confessam de maneira simples as suas inquietações: Eis que deixamos tudo e te seguimos; o que será de nós? As suas próprias vidas eram o tema da conversa com Jesus. O mesmo devemos nós fazer.
II. É BASTANTE POSSÍVEL que Marta, perante a urgência e o aumento de trabalho que resultou da chegada de Jesus, estivesse mais preocupada com os seus afazeres do que com o próprio Senhor. Além disso, foi como se Maria, sentada aos pés de Jesus, lhe tirasse a paz. Por isso, apresentou-se diante de Jesus e disse-lhe: Senhor, não se te dá que minha irmã me tenha deixado só com o serviço da casa? Diz-lhe, pois, que me ajude. Podemos imaginar facilmente o Mestre dirigindo-lhe esta afetuosa reconvenção: Marta, Marta, afadigas-te e andas inquieta com muitas coisas. Na verdade, uma só coisa é necessária.
Só uma coisa é necessária: o amor a Deus, a santidade pessoal. Quando Cristo é o objetivo da nossa vida durante as vinte e quatro horas do dia, trabalhamos mais e melhor.
Este é o fio forte que – como num colar de pérolas finas – une todas as obras do dia; assim evitamos a vida dupla: uma para Deus e outra dedicada às tarefas no meio do mundo: às ocupações profissionais, à família, ao relacionamento com os amigos, ao descanso...
Na existência do cristão, ensina o Papa João Paulo II, “não pode haver duas vidas paralelas: por um lado, a vida chamada espiritual, com os seus valores e exigências; e, por outro, a chamada vida secular, ou seja, a vida da família, do trabalho, das relações sociais, do empenho político e da cultura. A vide, incorporada na videira que é Cristo, dá os seus frutos em todos os ramos da atividade e da existência. Pois os vários campos da vida laical entram todos nos desígnios de Deus, que os quer como lugar histórico em que se revela e se realiza a caridade de Jesus Cristo para glória do Pai e a serviço dos irmãos. Toda a atividade, toda a situação, todo o empenho concreto – como, por exemplo, a competência e a solidariedade no trabalho, o amor e a dedicação à família e à educação dos filhos, o serviço social e político, a proposta da verdade na esfera da cultura – são ocasiões providenciais de «um contínuo exercício da fé, da esperança e da caridade» (Apostolicam actuositatem, 4)” 5.
Os acontecimentos diários, a intensidade no trabalho, o cansaço, as relações com os outros, são circunstâncias que se oferecem para praticarmos não só as virtudes humanas, mas também as sobrenaturais. Temos Jesus muito perto de nós, como Marta. Acompanha-nos no lar, no escritório, no laboratório, quando vamos pela rua. Não deixemos de referir à sua Pessoa tudo o que nos acontece ao longo da jornada. E então, mergulhados nos diferentes afazeres que nos ocupam durante todo o dia, saberemos dizer, com as palavras de um Salmo que hoje se reza na Liturgia das Horas: Quanto amo a tua lei, Senhor! Ela é objeto da minha meditação todo o dia. Os teus preceitos tornaram-me mais sábio que os meus inimigos, porque estão sempre comigo. Sou mais prudente que todos os meus mestres, porque medito os teus mandamentos6.
III. UMA SÓ COISA é necessária: a amizade crescente com o Senhor. “Este deve ser o objetivo e o desígnio constante do nosso coração... Tudo o que o afaste disso, por grande que possa parecer, deve ocupar um lugar secundário, ou, para dizê-lo melhor, o último de todos. Devemos até considerá-lo como um dano positivo” 7, um grande mal.
O maior bem que podemos prestar à família, ao trabalho, aos nossos amigos..., à sociedade, é o cuidado desses meios que nos unem ao Senhor: a presença de Deus durante o dia – alimentada por atos de amor, de desagravo, de ações de graças... –, o empenho na meditação diária, a Confissão freqüente cheia de contrição, etc. E o maior mal..., o descuido desses meios que nos aproximam de Jesus, coisa que pode acontecer por desordem, por tibieza ou mesmo pela busca de uma maior eficácia – aparente – em outras atividades que podem apresentar-se como mais urgentes ou importantes. Santo Inácio de Antioquia escrevia a São Policarpo que devemos desejar este trato amistoso com Deus “da mesma forma que o piloto deseja ventos favoráveis e o marinheiro surpreendido pela tempestade suspira pelo porto” 8.
O trato sincero com o Senhor enriquece todas as outras atividades. Sempre que vejamos que a multiplicidade de afazeres e a urgência dos problemas tendem a afogar os tempos que dedicamos especialmente a Deus, devemos ouvir na intimidade da nossa alma – como Marta – as palavras de Cristo: Uma só coisa é necessária.
A busca da santidade é a primeira coisa que se deve procurar nesta vida, a que sempre deve estar em primeiro lugar. Buscai, pois, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o resto vos será dado por acréscimo 9, anunciou o Mestre em outra ocasião.
“Agradece ao Senhor o enorme bem que te outorgou ao fazer-te compreender que «uma só coisa é necessária». – E, juntamente com a gratidão, que não falte todos os dias a tua súplica pelos que ainda não O conhecem ou não O entenderam” 10. Que enorme alegria podermos ter sempre presente que o grande objetivo da nossa vida é crescer em amor a Jesus Cristo! Que felicidade podermos comunicá-lo a outros!
Peçamos à Virgem Maria que nunca percamos de vista o Senhor enquanto procuramos realizar com perfeição, acabadamente, as nossas tarefas profissionais.
(1) Lc 10, 38-42; (2) cfr. Jo 11, 1-45; 12, 1-9; (3) cfr. Sagrada Bíblia, Santos Evangelhos; (4) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 126; (5) João Paulo II, Exortação Apostólica Christifideles laici, 30.12.88, 59; (6) Sl 119, 97-99; (7) Cassiano, Colações, 1; (8) Santo Inácio de Antioquia, Epístola a São Policarpo; (9) Mt 6, 33; (10) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 454.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal