SOMOS O CORPO DO MENINO QUE NASCEU E QUE HOJE FOI MANIFESTADO

Ao celebrar a Epifania do Senhor, isto é, sua manifestação salvadora perante as nações, a Igreja assume ser o mistério escondido desde os séculos, que agora nos é manifestado. Verdadeiramente, como nas palavras do saudoso Papa Bento XVI em sua homilia de 2008[1], celebrar o Natal de Cristo, que é a cabeça, é também celebrar o Natal da Igreja, seu corpo.

Há uma ligação profunda entre as solenidades da Epifania e de Pentecostes. Se na primeira Cristo, Luz do mundo, “que das alturas nos visita como sol nascente” (Lc 1,78), é adorado pelo Magos do Oriente, em Pentecostes teremos a confirmação de que todas as nações recebem o seu Espírito.

Eis que o menino envolvido em panos e colocado numa manjedoura (cf. Lc 2,12) é Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem e, portanto, a cabeça do seu Corpo Místico, a Igreja. No Menino nascido em Belém, terra de Davi, Deus se revelou na humildade da forma humana, na condição de servo, aliás de crucificado (cf. Fl 2,6-8). Este é o contraste da fé cristã: no escondimento de Deus, contemplamos a manifestação do seu Mistério.

Os magos foram milagrosamente guiados por uma estrela e por ela chegaram e adoraram um Menino simples nos braços de sua Mãe, reconhecendo Nele a fonte da luz que os havia guiado e, assim ofereceram seus presentes (cf. Mt 2,11). Nesses três personagens vemos todos os povos antigos e homens que andavam a procura da Verdade que havia de se manifestar na plenitude dos tempos.

Com a Encarnação do Filho de Deus dá-se a plenitude da história humana. Este acontecimento não é uma invenção ou fábula, mas realmente a revelação de como Deus salvará o seu povo, isto é, por meio da Igreja, do Corpo do Senhor Jesus Cristo. Uma vez que “Ele é a Cabeça do corpo, da Igreja” (Cl 1,18), no nascimento de Jesus vemos, de certa forma, o nascimento da Igreja.

A Igreja, antes de ser um povo que caminha como os magos caminharam, é o Sacramento de Salvação que desceu do céu na pessoa do seu Divino Fundador Jesus Cristo. Por meio da Igreja é que hoje todos os seguidores de Cristo podem oferecer seus presentes, suas virtudes, suas boas obras, bem como podem confessar seus pecados e receber o perdão do Homem Eterno que habitou entre nós.

Portanto, a Igreja é a extensão da Humanidade Redentora de Cristo, ela é Cidade de Deus, onde temos acesso a Eucaristia, a carne do Filho de Deus; a cura das nossas enfermidades físicas e espirituais; a remissão das nossas culpas pessoais e um dia, por fim conduzidos por ela, contemplaremos a face do Menino que nasceu, viveu, morreu e ressuscitou por nós, Jesus Cristo.

Que esta solenidade nos ajude a crermos ainda mais na Santa Igreja e unidos aos santos e anjos celebrarmos os mistérios da vida de Nosso Senhor, Luz do mundo. Sim, pois hoje, é a verdadeira Festa da Luz.

 

[1] https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/homilies/2008/documents/hf_ben-xvi_hom_ 20080106_ epifania.html