DOMINGO DE RAMOS: JESUS QUER REINAR NOS CORAÇÕES

O Domingo de Ramos marca o início da Semana Santa da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. Desde a antiguidade a Igreja comemora a entrada de Cristo em Jerusalém com a procissão solene, como fizeram os judeus cantando: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que nos vem em nome do Senhor!”. Os ramos em nossas mãos recordam da vitória de Cristo, que vem depois da morte e da destruição. Sinal este já prefigurado no livro do Gênesis, onde uma pomba trouxe “no bico uma folha verde de oliveira” (Gn 8,11), marcando assim o término do dilúvio. Da mesma forma, Nosso Senhor Jesus Cristo sairá vencedor do pecado e da morte.

As pessoas simples que estenderam seus mantos para a passagem de Jesus e ergueram os ramos sabiam que, conforme a profecia, o Messias deveria entrar em Jerusalém montado num jumentinho: 

“Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma jumenta. Ele suprimirá os carros de guerra na terra de Efraim, e os cavalos de Jerusalém. O arco de guerra será quebrado. Ele proclamará a paz entre as nações, seu império se estenderá de um mar ao outro, desde o rio até as extremidades da terra” (Zc 9,9)

A partir dessa profecia, Bento XVI destaca que três coisas são afirmadas sobre o rei que haveria de vir.

A primeira verdade é que deveria ser um rei pobre entre os pobres e para os pobres. Não se trata de uma pobreza simplesmente material, mas, de um coração pobre que é livre dos apegos deste mundo. A pobreza, no sentido de Jesus, no sentido dos profetas pressupõe, sobretudo, a liberdade interior do desejo da posse e da avidez do poder (…). Trata-se, em primeiro lugar, da purificação do coração, graças à qual se reconhece a posse como responsabilidade, como dever em relação aos outros, colocando-se sob o olhar de Deus e deixando-se orientar por Cristo que, sendo rico, se fez pobre por nós (cf. 2 Cor 8, 9)” (Bento XVI).

Em segundo lugar, a profecia diz que o reino do Messias será de paz, que quebrará o arco da guerra. Neste sentido, em Cristo isto se concretiza perfeitamente, uma vez que a sua Cruz “é o arco quebrado, de certa maneira o novo e autêntico arco-íris de Deus, que une o céu e a terra e lança uma ponte sobre os abismos e entre os continentes. A nova arma, que Jesus coloca nas nossas mãos, é a Cruz sinal de reconciliação e de perdão, sinal do amor que é mais forte do que a morte” (Bento XVI). Por meio da Cruz, Nosso Senhor Jesus Cristo estabeleceu uma Eterna e sempre Nova Aliança, não havendo mais volta ao império do poder do mal. Cristo venceu, portanto, somos Nele vencedores!

E, por fim, a terceira verdade afirmada pelo profeta Zacarias é o da prefiguração da universalidade, ou seja, de que a salvação seria para todos os povos. O país de Jesus é o mundo inteiro, sua mensagem, sua obra redentora é para todos aqueles que o aceitarem. Podemos dizer que, pela fé, os olhos de Zacarias já via o Exército de São Miguel e cada comunidade paroquial reunida em oração. “Em todos os lugares Ele é o mesmo, o Único, e assim todos os orantes congregados, na oração com Ele, encontram-se também unidos entre si num único corpo. Cristo domina, tornando-se Ele mesmo o nosso pão e entregando-se a nós. É desta maneira que Ele edifica o seu Reino” (Bento XVI).

Portanto, a Igreja ao comemorar a Entrada Solene de Jesus na cidade santa de Jerusalém, está nos convidando a sermos pobres de espírito, a pagarmos o mal com o bem e a crermos verdadeiramente no Verdadeiro Homem que desceu do céu para nós e para a nossa salvação. É o momento oportuno de lembrarmos que Nosso Senhor Jesus Cristo não entrou com pompas reais ou montando numa carruagem, mas, ao contrário, Ele entrou pobre, montado em um jumentinho, para nos dizer: Se queres me seguir, seja pequeno, seja humilde, não busque os bens desta terra, mas sim as coisas que não passam. O nosso Rei é diferente! O nosso Rei quer apenas um trono: o coração de cada homem!

Que a Santíssima Virgem Maria, Mãe das dores e do silêncio, nos ajude a viver intensamente esta Semana Santa, participando de nossas comunidades e vivenciando com fé e devoção cada convite da Igreja!