CADA DIA DA SEMANA SANTA COM OS OLHOS FIXOS EM JESUS

A Semana Santa é verdadeiramente um caminho, assim como é a vida cristã propriamente. Se pararmos para meditar, veremos que a nossa história é permeada pela constante ação de Deus: entramos no Corpo de Cristo, isto é, a Igreja, por meio do nosso Batismo, somos confirmados no Crisma, recebemos o perdão dos nossos pecados por meio da Confissão, comungamos o Corpo e Sangue do Senhor por meio da Eucaristia, se as forças nos faltarem, podemos receber a Unção dos Enfermos e, nos consagramos a Deus por meio da Ordem ou através do MatrimônioSete são os Sacramentos, sete serão os dias que teremos pela frente, e uma só é a Verdade que sustenta todo este edifício: Jesus Cristo, Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem.

“O Verbo era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam” (Jo 1,9-10).

O Domingo de Ramos marca o início desta Semana Maior e, na primeira oração da Missa pedimos ao Pai que nos conceda aprender o ensinamento da Paixão de seu Filho e ressuscitar com Ele em sua glória. “A liturgia do Domingo de Ramos põe na boca dos cristãos este cântico: Levantai, portas, os vossos dintéis: levantai-vos, portas antigas, para que entre o Rei da glória. Quem permanece recluído na cidadela do seu egoísmo não descerá ao campo de batalha” (São Josemaria Escrivá). Para chegarmos no próximo Domingo, o Dia da Ressurreição, é necessário morrer e, para morrer devemos lutar, descendo do alto de nossas vaidades e falsas seguranças para caminhar com o Cristo. 

Na Segunda-Feira Santa vemos o mesmo Jesus que entrou triunfante em Jerusalém sendo negado por um dos seus: Pedro. Quando o Sinédrio analisava a situação de Jesus, Pedro negou Jesus: “Não conheço este homem de quem falais” (Mc 14,71). Logo em seguida, caiu em si e se arrependeu de ter negado o Senhor, nos mostrando que os nossos pecados não devem nos desanimar nunca, pois, um arrependimento sincero é sempre oportunidade para um novo encontro com Jesus. “Pedro levou uma hora para cair, mas levanta-se num minuto e sobe mais alto do que estava antes da sua queda” (Georges Chevrot).

Na Terça-Feira Santa encontramos Nosso Senhor com suas mãos atadas diante de Pilatos, pois, chegou o momento de sua condenação. Com o coração endurecido, Judas entrega o Filho de Deus nas mãos dos que o odiavam, nos mostrando do que somos capazes de fazer se não pedimos a Deus que nos socorra. Esta cegueira foi notada por Santo Agostinho, que dizia: “Oh cegueira ímpia! Parece-lhes que ficarão contaminados com uma casa estranha, e não temem ficar impuros com um crime”. Aprendemos, portanto, que com o pecado não se brinca, porque se contra ele não lutarmos, seremos por ele destruídos.

Na Quarta-Feira Santa andamos um pouco mais com Jesus, que depois de uma noite de escarnecimentos, continua o caminho do Calvário. Nosso Senhor já estava coroado com os espinhos, sua dor aumentou ainda mais quando colocaram a Cruz às suas costas. Simão de Cirene o ajuda por um momento, este auxílio ajudou Jesus a recuperar suas forças e continuar subindo o Calvário. Neste caminho doloroso também se encontrou com sua Mãe e, por ela foi olhado com grande amor (cf. Jo 19,20). Os santos “descobriram que, quando já não se vê a cruz em si, mas aos  ombros de Jesus que passa e vem ao nosso encontro, a dor, os sofrimentos e a contrariedade deixam de ser algo de sinal negativo” (Francisco Carvajal).

Na Quinta-Feira Santa, Nosso Senhor celebrou sua Última Ceia com os seus Apóstolos e Instituiu a Divina Eucaristia e o Sacerdócio católico. Dessa forma Jesus antecipa sacramentalmente o sacrifício que consumará no dia seguinte. Ele se dá na Eucaristia para nos fortalecer, para não nos deixar abandonados. Assim, entendemos o mandamento novo deixado, ou seja, que “a caridade é o caminho para seguir a Deus mais de perto” (Santo Tomás de Aquino).

Na Sexta-Feira Santa, Jesus morre na Cruz e no alto do Calvário pede perdão pelos maldosos que judiaram Dele. Cristo Crucificado é escândalo para muitos do seu tempo, mas, para nós é motivo de salvação. “Tudo o que Ele padeceu é o preço do nosso resgate” dizia Santo Agostinho. A Redenção de Cristo é um dom que não merecemos, mas, que nos atingiu a todos. O silêncio da Igreja é habitado por uma certeza: a de que o Homem morto na Cruz irá ressurgir! O cristão não vive de incertezas, ele vive de uma confiança inabalável.

O Sábado Santo, é o momento em que a Fé da Igreja se reduz na pessoa de Maria Santíssima. Ela permaneceu firme, não duvidou momento algum de que Seu Filho ressuscitaria, pois, afinal de contas, Ele havia prometido isso. O olhar da Igreja se volta para a sepultura do Corpo de Cristo, que foi preparado e depositado no túmulo novo por Nicodemos e José de Arimatéia. De acordo com São João Damasceno, “Nossa Senhora é descanso para os que trabalham, consolo para os que choram, remédio para os doentes, porto para aqueles que a tempestade maltrata, perdão para os pecadores, doce alívio para os que estão tristes, socorro para os que lhe imploram”. É ao lado desta tão boa Mãe que nos preparamos para a Grande Notícia.

Por fim, no primeiro Dia da semana, Nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitou dos mortos. “O Senhor ressuscitou verdadeiramente, aleluia. A Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos” canta a antífona de entrada da Missa do dia. A Ressurreição de Cristo é a chave que precisamos para entender todo o caminho percorrido. “Mas Deus, que é rico em misericórdia, impulsionado pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em consequência de nossos pecados, deu-nos a vida juntamente com Cristo – é por graça que fostes salvos! Juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos céus, com Cristo Jesus” (Ef 2,4-6). A alegria toma conta dos nossos corações! Verdadeiramente o Filho de Maria, venceu a morte e nos deu vida nova!

Chegou o momento de fazermos companhia a Jesus que somente por amor, se entregou. Peçamos à Maria, Virgem Dolorosíssima, que por suas lágrimas, Cristo vença em nós! Peçamos a São José, Pai Fidelíssimo de Jesus, que nos auxilie neste caminho e ao nosso anjo da guarda que nos ajude a viver frutuosamente esta Semana Santa! Assim Seja.