TODA ALMA PRECISA DE SILÊNCIO

No mundo de hoje, talvez não haja maior desafio do que ficar em silêncio. Todos os dias sofremos com ataques de barulhos por todos os lados. Não que o barulho seja sempre ruim, mas é verdade que o coração, a mente e a alma humana anseiam por momentos de silêncio. À medida que entramos mais profundamente na Quaresma, mais propriamente na Semana Santa, sabemos que é o período favorável para aprender a cultivar o silêncio. 

O Papa Bento XVI afirmou por diversas vezes que  “vivemos em uma sociedade na qual parece que cada espaço, cada momento deve ser ‘preenchido’ com projetos, atividades e barulho; muitas vezes não há tempo nem mesmo para ouvir ou conversar. Queridos irmãos e irmãs, não tenhamos medo de fazer silêncio, dentro e fora de nós, se quisermos poder não só perceber a voz de Deus, mas também distinguir a voz de quem está ao nosso lado, a voz dos outros

No meio do barulho e da confusão, Deus não pode ser encontrado, mas apenas no centro de um coração penetrado de silêncio. Por isso, nós precisamos urgentemente do silêncio, para que no interior da nossa alma seja possível encontrar o Nosso Amado. Santa Faustina falava que seus momentos prediletos eram o da solidão porque ali ela sabia que estava com Cristo, na sua mais elevada companhia, pois para ela era possível afundar no oceano da divindade do Senhor. 

Uma das características mais admiráveis ​​encontradas na vida de Nosso Senhor Jesus Cristo é o silêncio. Todos os mistérios de sua vida têm esta marca: o selo divino do silêncio. O silêncio é algo tão característico da Paixão de Cristo que o profeta comentou sobre isso, dizendo: 

“Não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador, Ele não abriu a boca” (Is 53, 7).

Jesus é o modelo perfeitíssimo a qual nós devemos seguir. Se durante a sua Paixão Ele permaneceu em silêncio para ouvir a voz do Pai e contemplar-Lhe a Face, obtendo o auxílio Divino para suportar todos os sofrimentos que passaria até a sua morte na cruz, nós também devemos fazer o mesmo. Precisamos silenciar o barulho do mundo que insiste em nos dispersar, para ouvir a voz do Senhor, para que essa Semana Santa seja realmente vivida com ar de contemplação e amor por Jesus.

Aquele que pratica o silêncio é aquele que consegue criar o verdadeiro equilíbrio em sua vida. No silêncio de nossos corações, Deus fala conosco e derrama Sua graça na forma de sabedoria, temperança, fortaleza e esperança. Por isso, só podemos reagir na efusão deste amor através da caridade. Ele é o oleiro, nós somos o barro, e enquanto Ele nos molda em recipientes que podem suportar o peso do Seu amor, Ele nos enche de silêncio contemplativo até que transborde em nossas obras vivas de misericórdia.

O Cardeal Sarah, em seu livro sobre a luta pelo silêncio nos ensina que: “A caridade nasce do silêncio. Procede de um coração silencioso que sabe ouvir, escutar e acolher. (…) O silêncio é amizade e amor, harmonia interior e paz. Silêncio e paz têm o mesmo batimento cardíaco”. Se você deseja manifestar ainda mais o seu amor por Nosso Senhor, busque com mais frequência nessa Semana Santa visitar Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento. Nosso Senhor é o único que pode nos ensinar a ouvir com um coração autenticamente amoroso. Um cristão que escuta deve ser como São João descansando a cabeça no peito de Jesus na Última Ceia.