1º DOMINGO DA QUARESMA: JESUS NOS ENSINA A COMBATER O DIABO

 

Depois de recebermos as Cinzas em nossa cabeça na última quarta-feira, recordando-nos de que somos pó, a Mãe Igreja nos apresenta no primeiro Domingo da Quaresma as tentações que Nosso Senhor Jesus Cristo passou por amor a nós. Antes de iniciar sua vida pública, Jesus é conduzido pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo (cf. Mt 4,1). Por que no deserto? Podemos nos questionar. O deserto é o lugar da “provação”, da secura, da falta de água e de alimento, mas, também é no deserto que acontece um verdadeiro encontro conosco mesmos e com o próprio Deus. Jesus Cristo é Deus, não tinha pecados, e ainda assim deixou-se conduzir ao deserto, pensando em todos e cada um de nós.

Santo Tomás de Aquino nos ensina que Cristo quis ser tentado por quatro motivos: 

1) Para que Ele pudesse nos auxiliar em nossas próprias tentações; 

2) Para nos alertar de que nenhum ser humano está a salvo e livre de tentações; 

3) Para nos dar um exemplo de como devemos vencer as tentações do diabo; 

4) Para encher nosso espírito de uma profunda confiança em sua misericórdia. 

Cristo não precisa de conversão, mas, sendo homem, deve passar através desta provação, quer por Si mesmo, a fim de obedecer à vontade do Pai, quer por nós, para nos doar a graça de vencer as tentações. Esta preparação consiste na luta contra o espírito do mal, ou seja, contra o diabo” (Papa Francisco).

Ao contemplarmos a imagem do Filho de Deus, Verdadeiro Homem, caminhando pelo deserto, tomamos consciência de que nossa vida é uma passagem pelo deserto deste mundo, ou seja, nossa vida é uma permanente quaresma. Nenhum de nós estamos livres das tentações, e Cristo quis nos dizer isso de modo claro passando Ele mesmo por momentos difíceis. “Jesus vai ao deserto, e ali padece a tentação de deixar o caminho indicado pelo Pai para seguir outras veredas, mais fáceis e mundanas (cf. Lc 4, 1-13). Assim, Ele assume as nossas tentações, traz consigo a nossa miséria, para vencer o maligno e para nos abrir o caminho rumo a Deus, a senda da conversão” (Bento XVI).

Depois do pecado original, o ser humano passou a querer tomar o lugar de Deus, seu Senhor e Criador. Sentimos dentro de nós esta lei que nos arrasta para o chão, para o pior de nós mesmos, e se dermos asas a ela, muito facilmente corremos, como correu Adão, da face de Deus (cf. Gn 3,8-10). Fomos criados para ver a Deus, no entanto, com o pecado, nos tornamos inimigos de Deus. Na segunda leitura da Missa deste Domingo ouviremos que “o pecado entrou no mundo por um só homem. Através do pecado, entrou a morte. E a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5,12-14).

Se o pecado entrou no mundo e trouxe morte para todos, Nosso Senhor Jesus Cristo ao entrar sozinho no deserto quer nos trazer apenas uma coisa: Vida! Ele entrou no deserto para vencer aquele que no passado havia nos vencido. Ele entrou em combate com o diabo para sair vencedor, mostrando-nos que daquela hora em diante, nós todos, também éramos vencedores Nele (cf. Rm 8,37-39). Diferentemente de Adão que foi desobediente, Jesus teve como alimento fazer a vontade do Pai (cf. Jo 4,34), revelando-nos que o único caminho para vencer satanás e o reino do mal é: obedecer a Deus, deixando de lado nossa autossuficiência, vaidade e orgulho. 

Por meio do batismo, entramos de fato em Cristo e sua vida divina passou a viver em nós. Assim não somos nós que combatemos, mas, é Ele que mais uma vez combate em nós, dando-nos todas as graças necessárias para lutar e vencer. Se caímos ou nos desesperamos é porque não permitimos Ele seja tudo em nós.

A Encarnação do Verbo de Deus foi um terror para o diabo e ainda o é por meio do Corpo Místico de Cristo, a Igreja Católica. Jesus “perturbando os esforços do diabo, se manifesta como Deus e Homem” (Santo Hilário)

Somente na Igreja encontramos as graças para combater o mal, pois, é através dela que Nosso Senhor continua a estabelecer o seu Reinado neste mundo e a nos preparar para a Felicidade Eterna. E assim responderemos com Jesus que não temos fome só de pão, mas, de toda palavra que sai da boca de Deus (cf. Mt 4,3-4), que somos salvos unicamente pelo poder da cruz e não por qualquer força humana (cf. Mt 4,5-8), e por fim, que não existe coisas sensacionais ou maiores do que o próprio Deus que é o Senhor de tudo (cf. Mt 4,9-12). As tentações pelas quais passou Nosso Senhor nos questionam neste primeiro domingo da Quaresma: Deus ocupa o centro da minha vida? O Senhor é Ele ou eu? Tenho recorrido a Ele nas tentações?

Iniciemos com fé e confiança em Deus esta Quaresma, certos de que para contemplarmos a glória da ressurreição devemos também passar pelas tentações, buscando sempre os auxílios Daquele que primeiro combateu por nós!