A devoção ao Preciosíssimo Sangue de Jesus

“Pois sabeis que não foi com coisas perecíveis, isto é, com prata ou ouro que fostes resgatados…, mas pelo sangue precioso de Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mácula” (1 Pd 1,17-19). A Santa Igreja dedica o mês de julho ao Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo “derramado por muitos em remissão dos pecados” (Mt 26,28), para que reavive em nosso coração o amor pelo santo sacrifício feito por Cristo para nos salvar e nos libertar da escravidão do pecado.

São Gaspar Del Búfalo, sacerdote romano, foi um dos principais propagadores da devoção do Sangue Precioso de Cristo, tendo o pleno consentimento da Santa Sé, fundando posteriormente a Congregação dos Missionários do Preciosíssimo Sangue. Esse Sangue Redentor, o qual nos livrou das amarras de satanás e nos devolveu a vida eterna, deve ser cada dia mais honrado e adorado, pois é o sinal claro da nossa redenção, como nos diz São Paulo: “Portanto, muito mais agora, que estamos justificados pelo seu sangue, seremos por Ele salvos da ira” (Rm 5,9).

Nosso Senhor remiu-nos “não com sangue dos bodes ou bezerros, mas com o seu próprio Sangue” (Hb 9,12), pagando o preço do nosso resgate se fazendo Cordeiro Imolado sem qualquer mácula, a fim de nos resgatar da escravidão do pecado e da sujeição à morte eterna. Por seu Sangue Precioso, o Filho nos reconciliou com o Pai: “por seu intermédio reconciliou consigo todas as criaturas, por intermédio daquele que, ao preço do próprio sangue na cruz, restabeleceu a paz a tudo quanto existe na terra e nos céus” (Cl 1,20).

Exaltando a importância dessa terna devoção, o Papa São João XXIII no início de seu pontificado nos escreveu a Carta Apostólica Inde a Primis, a fim de nos impulsionar a viver devotamente o amor pelo Preciosíssimo Sangue de Cristo nos disse que

“Esta devoção foi-nos instilada no próprio ambiente doméstico em que floresceu a nossa infância, e sempre recordamos com viva emoção a recitação das ladainhas do Preciosíssimo Sangue que os nossos velhos pais faziam no mês de julho”[1].

O valor do Sangue de Cristo é superabundante, “do qual uma só gota pode salvar o mundo de toda a culpa” como nos disse São João XXIII, o que nos convém, com puro amor, contemplar essa sublime devoção do Precioso Sangue, valor do nosso resgate, penhor vida eterna, para que façamos meditações mais devotas sobre a Paixão de Nosso Senhor e comunhões do Corpo de Cristo com mais frequência e piedade.

O Sangue de Nosso Senhor é “o cálice da nova Aliança” (1Cor 11,25), sinal da herança eterna preparada para cada um de nós. Deus Pai, apenas por amor nos deu seu Filho único para morrer por nós, como um dom gratuito sem que tivesse qualquer mérito nosso. E o que nós fazemos para retribuir tão elevado amor? Qual a nossa conduta diante de tamanha bondade? Precisamos meditar diariamente e tomar a determinada decisão de amar o Senhor com sinceridade de coração, pois por nossa causa Ele decidiu morrer.

Portanto, queridos irmãos, aproveitemos esse mês de julho para intensificar nossas orações e honras ao Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor, pois muito se acrescenta à nossa alma contemplar a Paixão de Jesus, tanto que São Boaventura nos ensina que quem quiser crescer sempre nas virtudes e quiser ter uma perfeita união com Cristo conseguirá tais graças meditando frequentemente a Paixão do Senhor fazendo conta do seu Sangue derramado.

Reze agora a ladainha em honra ao Sangue Precioso de Nosso Redentor:

Ladainha do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo

Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.

Deus Pai dos céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, redentor do mundo tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.

Sangue de Cristo, Sangue do Filho Unigênito do Eterno Pai, salvai-nos.
Sangue de Cristo, Sangue do Verbo de Deus encarnado, salvai-nos.
Sangue de Cristo, Sangue do Novo e Eterno Testamento, salvai-nos.
Sangue de Cristo, correndo pela terra na agonia, salvai-nos.
Sangue de Cristo, manando abundante na flagelação, salvai-nos.
Sangue de Cristo, gotejando na coroação de espinhos, salvai-nos.
Sangue de Cristo, derramado na cruz, salvai-nos.
Sangue de Cristo, preço da nossa salvação, salvai-nos.
Sangue de Cristo, sem o qual não pode haver redenção, salvai-nos.
Sangue de Cristo, que apagais a sede das almas e as purificais na Eucaristia, salvai-nos.
Sangue de Cristo, torrente de misericórdia, salvai-nos.
Sangue de Cristo, vencedor dos demônios, salvai-nos.
Sangue de Cristo, fortaleza dos mártires, salvai-nos.
Sangue de Cristo, virtude dos confessores, salvai-nos.
Sangue de Cristo, que suscitais almas virgens, salvai-nos.
Sangue de Cristo, força dos tentados, salvai-nos.
Sangue de Cristo, alívio dos que trabalham, salvai-nos.
Sangue de Cristo, consolação dos que choram, salvai-nos.
Sangue de Cristo, esperança dos penitentes, salvai-nos.
Sangue de Cristo, conforto dos moribundos, salvai-nos.
Sangue de Cristo, paz e doçura dos corações, salvai-nos.
Sangue de Cristo, penhor de eterna vida, salvai-nos.
Sangue de Cristo, que libertais as almas do Purgatório, salvai-nos.
Sangue de Cristo, digno de toda a honra e glória, salvai-nos.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós, Senhor.

V. Remistes-nos, Senhor com o Vosso Sangue.
R. E fizestes de nós um reino para o nosso Deus.

Oremos: Todo-Poderoso e Eterno Deus, que constituístes o Vosso Unigênito Filho, Redentor do mundo, e quisestes ser aplacado com o seu Sangue, concedei-nos a graça de venerar o preço da nossa salvação e de encontrar, na virtude que Ele contém, defesa contra os males da vida presente, de tal modo que eternamente gozemos dos seus frutos no Céu. Pelo mesmo Cristo, Senhor nosso. Assim seja.

Aos fiéis que a recitarem devotamente concede-se indulgência parcial.

 

 

[1] Papa São João XXIII – Carta Apostólica Inde a Primis, 1960. Disponível em: < https://www.vatican.va/content/john-xxiii/pt/apost_letters/1960/documents/hf_j-xxiii_apl_19600630_indeaprimis.html >.