CRISTO DERRAMOU TODO SEU SANGUE NA CRUZ

“Lava a mim, um imundo, com o Teu sangue, do qual uma só gota já pode salvar o mundo inteiro de todos os pecados”, esse pequeno trecho da belíssima oração Adoro Te Devote composta por Santo Tomás de Aquino, nos mostra que, Cristo, para nos salvar e redimir todo o gênero humano, poderia ter derramado apenas uma única gota do Seu Preciosíssimo Sangue. Mas, o Divino Mestre foi além, derramou todo o seu Sangue e morreu por expiação dos nossos pecados, porque assim era a vontade do Pai, como nos diz São Padre Pio: “Contemplemos com devoção o Sangue de Jesus derramado até a última gota por nós na Cruz pela redenção da humanidade”.

Santo Tomás[1] nos diz que três eram os motivos pelo quais Nosso Senhor escolheu o maior dos sacrifícios: Primeiro, “para que o preço da redenção do gênero humano não fosse apenas de valor infinito, mas também do mesmo gênero; isto é, para que fôssemos redimidos da morte, pela morte”. Segundo, “para que a morte de Cristo não fosse apenas preço da redenção, mas também exemplo de virtude, para que os homens não temessem morrer pela verdade”. E terceiro, para que a morte de Cristo fosse também sacramento de salvação; pois, em virtude da morte de Cristo, morremos para o pecado, para as concupiscências da carne e para o amor próprio”.

Nosso Senhor Jesus Cristo não somente nos deu a sua vida como um cordeiro imolado, mas aceitou sofrer todas as penas, injúrias, ultrajes e humilhações, desde o beijo de Judas, o traidor, até a sua última palavra no alto da cruz “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito” (Lc 23,46), por amor, porque sabia da importância da sua Paixão para nós e de quão frutuosa ela seria para a nossa alma. Por isso, “Jesus Cristo, morrendo, apagou nossa condenação com seu sangue para que assim recuperássemos a esperança do perdão e da salvação eterna”, como nos diz Santo Afonso de Ligório[2].

Assim, diante da infinita dignidade de Cristo, como Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, qualquer sofrimento por Ele experimentado, seria suficiente para reparar todo o gênero humano, ainda por menor que fosse o sofrimento destinado à nossa salvação, o preço já estaria pago. Mas, para nos resgatar e nos fazer povo seu, Nosso Senhor escolheu nos redimir com o seu Preciosíssimo Sangue, sendo este o preço do nosso resgate.

Através de Seu Sangue, Cristo trouxe para nós a reconciliação com Deus, pois o seu amor e a sua obediência foram infinitamente maiores que a desobediência de Adão e Eva, que ao escutarem a serpente (demônio) perderam o acesso ao Paraíso. Por causa do pecado estávamos impedidos de entrar no Reino dos Céus, “um caminho que será chamado caminho sagrado. O impuro não passará por ele” (Is 35,8). Mas, Nosso Senhor, aos nos redimir nos trouxe novamente as chaves dos Céus, “temos toda a liberdade de entrar no Santuário, pelo Sangue de Jesus” (Hb 10,19).

Portanto, para que todas as coisas fossem feitas novas, justificadas no Sangue Precioso de Cristo, o Cordeiro Imolado, voluntariamente, se entregou, sofreu tudo o que desejava e aceitou sofrer, não por necessidade mas, pela perfeita caridade, de quem dá a vida pelo irmão, derramando até a última gota do seu Sangue Precioso.

Em virtude da preciosidade deste Sangue divino e humano, do seu poder infinito que nenhum remédio no mundo pode se comparar, pois ele é capaz de curar não somente o corpo, mas, sobretudo a alma e nos introduzir no céu, que devemos honrá-lo, desejá-lo, e adorá-lo como fonte de nossa redenção. Foi isso que nos ensinou São João XIII com sua Carta Apostólica Inde a Primis[3], sobre a devoção ao preciosíssimo sangue:

“Se infinito é o valor do Sangue do Homem-Deus, e se infinita foi a caridade que o impeliu a derramá-lo desde o oitavo dia do seu nascimento, e depois, com superabundância, na agonia do horto (cf. Lc 22,43), na flagelação e na coroação de espinhos, na subida ao Calvário e na crucifixão, e, enfim, da ampla ferida do seu lado, como símbolo desse mesmo Sangue divino que corre em todos os sacramentos da Igreja, não só é conveniente, mas é também sumamente justo que a ele sejam tributadas homenagens de adoração e de amorosa gratidão por parte de todos os que foram regenerados nas suas ondas salutares.”   

Busquemos, portanto, no Preciosíssimo Sangue do Redentor a cura, a libertação, o alimento para nossa vida espiritual, o banho da regeneração que nos purifica e nos torna semelhantes ao próprio Cristo. Para isso, rezemos com piedade e devoção a consagração do Preciosíssimo Sangue de Cristo.

 

Consagração ao Preciosíssimo Sangue de Cristo

Senhor Jesus Cristo, em vosso nome, e com o poder de vosso Sangue Precioso, selamos cada pessoa, fato ou acontecimento através dos quais o inimigo nos queira prejudicar.
Com o poder do Sangue de Jesus, selamos toda potência destruidora no ar, na terra, na água, no fogo, abaixo da terra, nos abismos do inferno e no mundo no qual hoje nos moveremos.
Com o poder do Sangue de Jesus, rompemos toda interferência e ação do Maligno. Pedimos-vos, Senhor, que envieis aos nossos lares e locais de trabalho a Santíssima Virgem Maria acompanhada de São Miguel, São Gabriel, São Rafael e toda sua corte de Santos Anjos.

Com o poder do Sangue de Jesus, lacramos nossa casa, todos os que a habitam (nomear a cada um), as pessoas que o Senhor a ela enviará, assim como todos os alimentos e os bens que generosamente nos concede para nosso sustento.

Com o poder do Sangue de Jesus, lacramos terra, portas, janelas, objetos, paredes e pisos, o ar que respiramos e na fé colocamos um círculo de seu Sangue ao redor de toda nossa família.

Com o poder do Sangue de Jesus, lacramos os lugares onde vamos estar neste dia e as pessoas, empresas e instituições com quem vamos tratar.

Com o poder do Sangue de Jesus, lacramos nosso trabalho material e espiritual, os negócios de nossa família, os veículos, as estradas, os ares, as ruas e qualquer meio de transporte que haveremos de utilizar.

Com vosso Preciosíssimo Sangue, lacramos os atos, as mentes e os corações de nossa Pátria afim de que vossa paz e vosso Coração ao fim nela reinem.

Nós vos agradecemos, Senhor, por vosso Preciosíssimo Sangue, pelo qual nós fomos salvos e preservados de todo mal. Amém.              

 

 

[1] Santo Tomás de Aquino – Meditações para a Quaresma. 1Ed. CEDET. 2017.

[2] Santo Afonso de Ligório – A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. 1Ed. CEDET. 2018.

[3] Papa São João XXIII – Carta Apostólica Inde a Primis, 1960. Disponível em: < https://www.vatican.va/content/john-xxiii/pt/apost_letters/1960/documents/hf_j-xxiii_apl_19600630_indeaprimis.html >.