CRISTO QUER NOS RESSUSCITAR
A liturgia deste Domingo da Quaresma tem como centro o último milagre realizado por Jesus antes de sua Paixão: a ressurreição de Lázaro (cf. Jo 11,1-45). Entramos na conhecida Semana da Paixão, tempo que a Igreja se prepara para solenemente subir o Calvário com o seu Divino Redentor. O fato que o Evangelho narra ocorreu em Betânia, aldeia próxima de Jerusalém. Jesus era amigo da família dos irmãos Lázaro, Marta e Maria (cf. Jo 11,5). É maravilhoso saber disso: Jesus também tinha amigos, se preocupava com eles e, inclusive, com eles chorava.
Conforme o evangelho, a mensagem que chegou até Jesus foi esta: “Senhor, aquele que amas está doente” (v. 3). De acordo com Santo Tomás de Aquino, doutor da Igreja, isto foi dito por três razões:
- Para que as pessoas entendam que os amigos de Deus, sofrem corporalmente.
- Porque quando se é amigo, não é preciso pedir, mas, apenas apontar a necessidade.
- Para nos ensinar que precisamos da intercessão dos outros.
Em primeiro lugar, para que as pessoas entendam que os amigos de Deus, sofrem corporalmente. Jesus não é indiferente com aqueles que sofrem, Ele se faz um com os que passam por dificuldades. Em segundo, porque quando se é amigo, não é preciso pedir, mas, apenas apontar a necessidade. Marta e Maria nada pedem a Jesus, simplesmente mandam avisá-lo da enfermidade de Lázaro. A verdadeira confiança em Deus não pede, pois, Ele sabe das nossas necessidades. E por fim, para nos ensinar que precisamos da intercessão dos outros. Marta e Maria não foram pessoalmente procurar Jesus, mas, mandaram alguém no lugar delas. Isso é um sinal da confiança que elas tinham em Jesus. Precisamos dos outros, dos santos, dos nossos anjos da guarda, de Nossa Senhora.
Para o Papa Francisco, no evangelho deste domingo “constatamos diretamente que Deus é vida e dá vida, mas Ele assume o drama da morte. Jesus poderia ter evitado a morte do seu amigo Lázaro, mas ele quis fazer sua a nossa dor pela morte de entes queridos, e acima de tudo ele quis mostrar o domínio de Deus sobre a morte”. Jesus Cristo é o Senhor da Vida, da verdadeira Vida e, tudo o que Ele toca torna-se vivo novamente. Não há destruição ou morte alguma que tenha a palavra final sobre nós.
Como todo o povo judeu, as irmãs de Lázaro aguardavam a Ressurreição no dia final. Sabendo disso, Jesus diz: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá” (Jo 11, 25). Essa atitude não foi algo qualquer para elas. Com isto, Nosso Senhor revelou que a Ressurreição não é uma coisa, ou, um fato distante de acontecer, mas, é uma Pessoa que tem coração, voz e um amor sem fim, que inclusive lembra dos seus amigos ainda que depois de mortos, como foi no caso de Lázaro.
“A ressurreição de Lázaro é o milagre mais divulgado entre todos os que o Senhor fez. Mas se olharmos quem fez isso, devemos nos alegrar mais do que admirar” (Santo Agostinho).
Um sentimento de alegria brota no nosso coração quando ouvimos essas palavras de Jesus: “Lázaro, vem para fora!” (v. 43). É como se mais uma vez ouvíssemos da Igreja: Vem para fora! Olhe o mundo além de você! Saia para fora dos seus esquemas e abandone-se à vontade de Deus! É preciso concordar com Santo Agostinho, porque mais do que nos admirar com a ressurreição de um morto, devemos nos alegrar com o convite diário do Senhor: Vem para fora!
Ao longo desta Quaresma recebemos de Deus muitas graças, mas, certamente a maior delas foi a de nos arrepender dos nossos pecados. Por meio da Confissão, saímos do nosso túmulo, enxergamos o sentido de caminhar e confiar em Deus, como fizeram as irmãs de Lázaro. Renovemo-nos! Convertamo-nos! Deixemos com que o Senhor da Vida, nos faça homens e mulheres novos pela graça, livres de pecados de estimação, a fim de que um dia no céu, juntamente com todos os anjos e santos louvaremos a Deus por não ter nos deixado entregue às mãos da morte. Assim seja!
Quem como Deus? Ninguém!