São Sérgio 

24 de Fevereiro

São Sérgio 

São Sérgio foi um mártir de Cesarea da Capadócia. Ele passaria totalmente desconhecido do cristianismo moderno se não fosse uma redação romana, da época do imperador Diocleciano. Nessa página em Latim foi descrito pouquíssimo sobre sua origem, seu martírio e o local onde os cristãos o sepultaram.

Sabe-se que São Sérgio fora um magistrado, ou seja, juiz romano, antes de se converter ao cristianismo. Para conseguir o posto de Magistrado no império romano, era preciso muita influência política e dinheiro. A profissão era bastante lucrativa. Sabe-se também que o Magistrado Sérgio estudou e conheceu o cristianismo em profundidade. Por isso, se converteu, foi batizado e abandonou todo o luxo em que vivia para se dedicar à vida monástica no deserto. Ali, passou grande parte de sua vida na oração, nos sacrifícios e no louvor a Deus.

Segundo o texto e confirmado pela história, em 304 uma violenta perseguição contra os cristãos tinha sido deflagrada pelo imperador Diocleciano. Os governadores romanos, em todas as províncias, eram obrigados a seguir as ordens do imperador, senão perdiam o cargo e os bens. Sapricio, governador da Capadócia e Armênia, atual Turquia, era fiel ao imperador e famoso por ser bajulador. Não perdia oportunidades de agradar o imperador.

E aconteceu que durante uma festa anual dedicada a Júpiter, um famoso senador visitava a província. Para mostrar serviço e lealdade a Roma, Sapricio ordenou que os cristãos fossem levados para a frente do templo de Júpiter e obrigados a prestarem culto ao deus romano, sob pena de serem condenados à prisão e à morte. Forçados por uma legião romana, os cristãos foram chegando ao local.

Estando no deserto em oração, São Sérgio sentiu em seu coração o impulso para se dirigir a Cesarea da Capadócia. Ele não precisava fazer isso, pois não tinha sido denunciado. Aliás, ninguém mais se lembrava dele nem imaginavam que ele ainda pudesse estar vivo e atuante. Quando chegou, porém, foi logo reconhecido pelos cristãos e pelos romanos, de forma que todas as atenções se voltaram para ele. Os cristãos o viam como uma força espiritual. Tanto que as tochas acesas para os sacrifícios a Júpiter se apagaram espontaneamente. Os romanos, o viram, então, como uma ameaça perigosa. Os sacerdotes de júpiter ficaram furiosos. O senador, curioso e o governador, embaraçado.

São Sérgio colocou-se à frente de todos e fez um ardente discurso mostrando que o único Deus Verdadeiro era justamente quem os romanos perseguiam: Jesus Cristo. São Sérgio esclareceu ainda que os deuses pagãos, que ele mesmo servira antes, não passavam de ilusão e farsa que alimentava os cofres dos sacerdotes e de vários outros aproveitadores.

Sapricio, o governador, mandou prenderem São Sérgio imediatamente, pensando que prendendo um “peixe grande” atingiria todos os cristãos e agradaria mais ao senador e ao imperador. O governador ordenou que São Sérgio prestasse culto a Júpiter ali, diante de todos os cristãos, sob pena de ser decapitado. São Sérgio não obedeceu e disse diante de todos que só prestava culto a Jesus Cristo. Por esta razão, foi decapitado diante de todo o povo. São Sérgio entregou sua vida pela fé em Jesus Cristo, Deus Único e Verdadeiro. Era 24 de fevereiro.

Sapricio, o governador romano da província pensou, erroneamente, que matando um grande líder cristãos, os demais se dispersariam. O senador concordou. Os restos mortais de São Sérgio foram retirados pelos cristãos e sepultados na casa de uma cristã fiel. Porém, ao contrário do que o governador pensou, São Sérgio se tornou uma força de união e testemunho de fé para os cristãos. A partir de então, eles se tornaram mais fortes e mais missionários. São Sérgio entregou sua vida salvando a de muitos cristãos. Seu sangue tornou-se semente de novos cristãos na Capadócia e nos arredores. Mais tarde, os restos mortais de São Sérgio foram levados para a cidade de Ubeba, Espanha.

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br


São Policarpo 

23 de Fevereiro

São Policarpo 

São Policarpo nasceu por volta do ano 70, provavelmente em uma família cristã. Seu nome significa “o que produz muitos frutos” e sua festa é celebrada neste dia 23 de fevereiro.

Este santo foi discípulo do Apóstolo São João e, mais tarde, se tornou Bispo de Esmirna (Turquia). É considerado um dos bispos mais famosos da Igreja primitiva. Além disso, entre seus discípulos e seguidores se encontram vários santos, como Santo Irineu de Lyon e Papias.

Em sua sede em Esmirna, incentivou os fiéis a seguir o Evangelho e não se deixar levar pelas heresias dos pagãos. É o que confirma o seu melhor discípulo, Santo Irineu de Lyon.

“Ele ensinou sempre a doutrina que tinha aprendido dos apóstolos. Chegado a Roma sob Aniceto, afastou da heresia de Valentim e Marcião um grande número de pessoas e os devolveu à Igreja d e Deus, proclamando que tinha recebido dos apóstolos apenas uma verdade, a mesma que era transmitida pela Igreja”.

Tudo o que se sabe de São Policarpo antes de seu martírio é contado por Eusébio de Cesareia, “pai da história da Igreja”.

Este conta que em uma ocasião, São Policarpo se dirigiu a Roma para dialogar com o Papa Aniceto para ser se poderia concordar em unificar a data da festa da Páscoa entre os cristãos da Ásia e os da Europa. Como ninguém concordou, ambos decidiram conservar seus próprios costumes e permanecer unidos pela caridade.

Também se sabe que São Policarpo saiu para receber e beijar as correntes de Santo Inácio de Antioquia quando este se dirigia ao martírio, e recebeu uma carta sua muito admirada pelos primeiros cristãos.

O dia do martírio de São Policarpo foi 23 de fevereiro de 155. Naquele dia, foi levado diante do procônsul Décio Quadrado, que lhe deu a oportunidade de deixar o cristianismo. No entanto, são Policarpo se negou e preferiu ser queimado vivo.

“Ameaça-me com fogo que dura alguns momentos e depois se apaga. O que eu quero é não ter que ir ao fogo eterno que nunca se apaga”, foram as palavras do santo contidas no documento de seu martírio.

Posteriormente, os carrascos receberam a ordem de atravessar o coração dele com uma lança. 

Fonte: https://www.acidigital.com


23 de Fevereiro 2020

A SANTA MISSA

7º Domingo do Tempo Comum – Ano A
Cor: Verde

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1ª Leitura: Lv 19, 1-2.17-18

 “Amarás a teu próximo como a ti mesmo!”

Leitura do Livro do Levítico

1 O Senhor falou a Moisés, dizendo: 2 ‘Fala a toda a comunidade dos filhos de Israel, e dize-lhes: Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo. 17 Não tenhas no coração ódio contra teu irmão. Repreende o teu próximo, para não te tornares culpado de pecado por causa dele. 18 Não procures vingança, nem guardes rancor dos teus compatriotas. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 102 (103), 1-2.3-4.8.10.12-13 (R. 8a)

R. Bendize ó minh’alma, ao Senhor,
pois ele é bondoso e compassivo!

1Bendize, ó minha alma, ao Senhor,*
e todo o meu ser, seu santo nome!
2 Bendize, ó minha alma, ao Senhor,*
não te esqueças de nenhum de seus favores!      R.

3 Pois ele te perdoa toda culpa,*
e cura toda a tua enfermidade;
4 da sepultura ele salva a tua vida*
e te cerca de carinho e compaixão.       R.

8 O Senhor é indulgente, é favorável,*
é paciente, é bondoso e compassivo.
10 Não nos trata como exigem nossas faltas,*
nem nos pune em proporção às nossas culpas.       R.

12 quanto dista o nascente do poente,*
tanto afasta para longe nossos crimes.
13 Como um pai se compadece de seus filhos,*
o Senhor tem compaixão dos que o temem.      R. 

2ª Leitura: 1Cor 3, 16-23

“Tudo é vosso. Mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus.”

Leitura da Primeira Carta de São Paulo apóstolo aos Coríntios

Irmãos: 16 Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós? 17 Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá, pois o santuário de Deus é santo, e vós sois esse santuário. 18 Ninguém se iluda: Se algum de vós pensa que é sábio nas coisas deste mundo, reconheça sua insensatez, para se tornar sábio de verdade; 19 pois a sabedoria deste mundo é insensatez diante de Deus. Com efeito, está escrito: ‘Aquele que apanha os sábios em sua própria astúcia’, 20 e ainda: ‘O Senhor conhece os pensamentos dos sábios; sabe que são vãos’. 21 Portanto, que ninguém ponha a sua glória em homem algum. Com efeito, tudo vos pertence: 22 Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro; tudo é vosso, 23 mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus.

– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.

Evangelho: Mt 5, 38-48 

 “Amai os vossos inimigos.” 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 38 Vós ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ 39 Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! 40 Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! 41 Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele! 42 Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado. 43 Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ 44 Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! 45 Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos. 46 Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? 47 E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48 Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito.’

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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Tratar bem a todos

TEMPO COMUM. SÉTIMO DOMINGO. ANO A

– Devemos viver a caridade em qualquer ocasião. Compreensão com os que estão no erro, mas firmeza na verdade e no bem.
– Caridade com os que não nos apreciam. Oração por eles.
– A caridade leva-nos a viver a amizade com um profundo sentido cristão.

I. OUVISTES QUE FOI DITO: Olho por olho e dente por dente. Mas eu vos digo...: àquele que te levar a juízo para tirar-te a túnica, deixa-lhe também o manto; e se alguém te forçar a andar uma milha, vai com ele duas... São palavras de Jesus no Evangelho da Missa 1, que nos convidam a viver a caridade para além dos critérios dos homens.

No nosso relacionamento, não podemos ser ingênuos, sem dúvida, e devemos exigir os nossos direitos dentro do que for justo, mas não nos deve parecer excessiva qualquer renúncia ou sacrifício em prol dos outros. Assim nos assemelhamos a Cristo que, com a sua morte na Cruz, nos deu um exemplo de amor acima de toda a medida humana.

O homem não tem nada de tão divino – tão de Cristo – como a mansidão e a paciência na prática do bem 2. “Fomentemos aquelas virtudes – aconselha-nos São João Crisóstomo – que, juntamente com a nossa salvação, aproveitam principalmente ao próximo... Nas coisas terrenas, ninguém vive para si próprio: o artesão, o soldado, o lavrador, o comerciante, todos sem exceção contribuem para o bem comum e para o serviço do próximo. Com muito mais razão há de ser assim no terreno espiritual, porque esta é a verdadeira vida. Quem vive só para si e despreza os outros é um ser inútil, não pertence à nossa linhagem” 3.

As múltiplas chamadas que o Senhor nos dirige para que vivamos a todo o momento a caridade 4, devem estimular-nos a segui-lo de perto com atos concretos, procurando oportunidades de ser úteis, de proporcionar alegrias aos que estão ao nosso lado, sabendo que nunca progrediremos suficientemente nessa virtude. Ao mesmo tempo, consideremos hoje na nossa oração todos esses aspectos em que seria fácil faltarmos à caridade se não estivéssemos vigilantes: juízos precipitados, críticas negativas, faltas de atenção para com os outros por estarmos excessivamente preocupados com os nossos assuntos, esquecimentos que são fruto do desinteresse ou do menosprezo... Não é norma do cristão retribuir olho por olho e dente por dente, mas fazer continuamente o bem, ainda que, por vezes, não obtenha em troca, aqui na terra, nenhum proveito humano. O coração certamente se terá enriquecido.

A caridade leva-nos a compreender, a desculpar, a conviver com todos, de maneira que aqueles que “pensam ou atuam de um modo diferente do nosso em matéria social, política ou mesmo religiosa, devem ser objeto também do nosso respeito e do nosso apreço [...]. Esta caridade e esta benignidade não se devem converter de forma alguma em indiferença no tocante à verdade e ao bem; mais ainda, a própria caridade exige que se anuncie a todos os homens a verdade que salva. Mas é necessário distinguir entre o erro, que sempre deve ser evitado, e o homem que erra, pois este conserva a dignidade da pessoa mesmo quando está dominado por idéias falsas ou insuficientes em matéria religiosa” 5.

“Um discípulo de Cristo jamais tratará mal pessoa alguma; ao erro chama erro, mas, a quem está errado, deve corrigi-lo com afeto; senão, não poderá ajudá-lo, não poderá santificá-lo” 6, e essa é a maior prova de caridade.

II. O PRECEITO DA CARIDADE não se estende somente àqueles que nos querem e nos tratam bem, mas a todos sem exceção. Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos aborrecem e orai pelos que vos perseguem e caluniam.

Devemos também viver a caridade com aqueles que nos tratam mal, que nos difamam e roubam a honra, que procuram positivamente prejudicar-nos. O Senhor deu-nos exemplo disso na Cruz 7, e os discípulos seguiram o mesmo caminho do Mestre 8. Ele nos ensinou a não ter inimigos pessoais – como o testemunharam heroicamente os santos de todas as épocas – e a considerar o pecado como o único mal verdadeiro.

A caridade terá diversas manifestações que não se opõem à prudência e à defesa justa, à proclamação da verdade em face da difamação, e à defesa enérgica do bem e dos legítimos interesses pessoais ou do próximo, e dos direitos da Igreja. Mas o cristão deve ter sempre um coração grande para respeitar a todos, mesmo aqueles que se manifestam como inimigos; e deve fazê-lo “não por serem irmãos – diz Santo Agostinho –, mas para que o sejam; para tratar sempre com amor fraterno aquele que já é irmão e aquele que se manifesta como inimigo, a fim de que venha a ser irmão” 9.

Este modo de atuar, que exige uma profunda vida de oração, distingue-nos claramente dos pagãos e daqueles que realmente não querem viver como discípulos de Cristo. Pois, se amardes os que vos amam, que recompensa tereis? Também não fazem isso os publicanos? E se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis a mais? Também não fazem isso os gentios? A fé cristã pede não apenas um comportamento humano correto, mas virtudes heróicas.

Com a ajuda da graça, estenderemos, pois, a nossa caridade aos que não se comportam como filhos de Deus, aos que o ofendem, porque “nenhum pecador, enquanto tal, é digno de amor; mas todo o homem, enquanto tal, é digno de ser amado por Deus” 10. Todos continuam a ser filhos de Deus e capazes de converter-se e de alcançar a glória eterna.

A caridade incitar-nos-á à oração, à exemplaridade, ao apostolado, à correção fraterna, confiando em que todo o homem é capaz de retificar os seus erros. Se vez por outra as ofensas, as injúrias, as calúnias forem particularmente dolorosas, pediremos ajuda a Nossa Senhora, que contemplamos freqüentemente ao pé da Cruz, sentindo muito de perto todas as infâmias contra o seu Filho: grande parte daquelas injúrias, não o esqueçamos, saíram dos nossos lábios e das nossas ações. Os agravos que nos fazem hão de doer-nos sobretudo pela ofensa a Deus que representam e pelo mal que podem ocasionar a outras pessoas, e hão de mover-nos a desagravar a Deus e a oferecer-lhe toda a reparação que pudermos.

III. O CORAÇÃO DO CRISTÃO tem de ser grande. A sua caridade, evidentemente, deve ser ordenada e, portanto, deve começar pelos mais próximos, pelas pessoas que, por vontade divina, estão à sua volta. No entanto, o seu afeto nunca pode ser excludente ou limitar-se a âmbitos reduzidos. O Senhor não quer um apostolado de horizontes tão estreitos. A atitude do cristão, a sua convivência com todos, deve ser como uma generosa torrente de carinho sobrenatural e de cordialidade humana, que banha tudo à sua passagem.

Pedimos a Deus na nossa oração pessoal que nos dilate o coração; que nos ajude a oferecer sinceramente a nossa amizade a um círculo cada vez mais vasto de pessoas; que nos anime a ampliar constantemente o campo do nosso apostolado, ainda que num caso ou noutro não sejamos correspondidos, ainda que seja necessário enterrarmos freqüentemente o nosso próprio eu, ceder nalgum ponto de vista ou nalgum gosto pessoal. A amizade leal exige um esforço positivo – que será alimentado pelo trato assíduo com Jesus Cristo – “por compreender as convicções dos nossos amigos, mesmo que não cheguemos a partilhar delas nem a aceitá-las” 11 por não poderem conciliar-se com as nossas convicções de cristãos.

O Senhor não deixa de perdoar as nossas ofensas sempre que voltamos para Ele movidos pela sua graça; tem uma paciência infinita com as nossas mesquinhezes e com os nossos erros; por isso nos pede – e assim nos ensinou expressamente no Pai Nosso – que tenhamos paciência em face de certas situações e circunstâncias que dificultam que os nossos amigos ou conhecidos se aproximem de Deus. A falta de formação e a ignorância da doutrina que as pessoas revelam, os seus defeitos patentes, mesmo a sua aparente indiferença, não nos devem afastar delas, antes hão de ser para nós chamadas positivas, prementes, luzes que indicam uma maior necessidade de ajuda espiritual; hão de ser um estímulo para intensificarmos o nosso interesse por cada uma dessas pessoas e nunca um motivo para nos afastarmos delas.

Formulemos um propósito concreto que nos faça aproximar-nos dos nossos parentes, amigos e conhecidos que estejam espiritualmente mais necessitados, e peçamos graças à Santíssima Virgem para levá-lo a cabo.

(1) Mt 5, 38-48; (2) cfr. São Gregório Nazianzeno, Oração, 17, 9; (3) São João Crisóstomo,Homilias sobre São Mateus, 77, 6; (4) cfr. Jo 13, 34-35; 15, 12; (5) Conc. Vat. II, Const. Gaudium et spes, 28; (6) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 9; (7) cfr. Lc 23, 34; (8) cfr. At 7, 60; (9) Santo Agostinho, Comentário à primeira Epístola de São João, 4, 10, 7; (10) idem, Sobre a doutrina cristã, 1, 27; (11) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 746.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


22 de Fevereiro 2020

A SANTA MISSA

Festa: Cátedra de São Pedro, Apóstolo
Cor: Branca

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1ª Leitura: 1Pd 5,1-4

Eu, presbítero como eles,
testemunha dos sofrimentos de Cristo. 

Leitura da Primeira Carta de São Pedro

Caríssimos: 1 Exorto aos presbíteros que estão entre vós, eu, presbítero como eles, testemunha dos sofrimentos de Cristo e participante da glória que será revelada: 2 Sede pastores do rebanho de Deus, confiado a vós; cuidai dele, não por coação, mas de coração generoso; não por torpe ganância, mas livremente; 3 não como dominadores daqueles que vos foram confiados, mas antes, como modelos do rebanho. 4 Assim, quando aparecer o pastor supremo, recebereis a coroa permanente da glória.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 22 (23),1-3a. 3b-4. 5. 6 (R. 1)

R. O Senhor é o pastor que me conduz,
não me falta coisa alguma.

1 O Senhor é o pastor que me conduz;*
não me falta coisa alguma.
2 Pelos prados e campinas verdejantes*
ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha,*
3a e restaura as minhas forças.      R.

3b Ele me guia no caminho mais seguro,*
pela honra do seu nome.
4 Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,*
nenhum mal eu temerei.
Estais comigo com bastão e com cajado,*
eles me dão a segurança!       R.

5 Preparais à minha frente uma mesa,*
bem à vista do inimigo;
com óleo vós ungis minha cabeça,*
e o meu cálice transborda.      R.

6 Felicidade e todo bem hão de seguir-me,*
por toda a minha vida;
e, na casa do Senhor, habitarei*
pelos tempos infinitos.        R. 

Evangelho: Mt 16,13-19 

 Tu és Pedro e eu te darei as chaves do Reino dos Céus. 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo: 13 Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” 14 Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; Outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. 15 Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 16 Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. 17 Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz es tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18 Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19 Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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Cátedra de São Pedro

22 de Fevereiro

Cátedra de São Pedro

Neste dia 22 de fevereiro, a Igreja celebra a Festa da Cátedra de São Pedro, uma ocasião importante que remonta ao século IV e que rende comemoração ao primado e autoridade do Apóstolo Pedro, o primeiro Papa da Igreja.

Além disso, esta celebração recorda a autoridade conferida por Cristo ao Apóstolo quando lhe diz, conforme relatam os Evangelhos: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja. E as portas do inferno não prevalecerão sobre ela”.

A palavra “cátedra” significa assento ou trono e é a raiz da palavra catedral, a Igreja onde um bispo tem o trono do qual prega. Sinônimo de cátedra é também “sede” (assento). A “sede” é o lugar de onde um bispo governa sua diocese. Por exemplo, a Santa Sé é a sede do Bispo de Roma, o Papa.

A cátedra ou sede que atualmente se conserva na Basílica de São Pedro em Roma foi doada por Carlos, o Calvo, ao Papa João VIII no século IX, por ocasião de sua viagem a Roma para sua coroação como imperador romano do ocidente. Este trono se conserva como uma relíquia, em uma magnífica composição barroca, obra do Gian Lorenzo Bernini construída entre 1656 e 1665.

A obra do Bernini está emoldurada por pilastras. No centro situa-se o trono de bronze dourado, em cujo interior se encontra a cadeira de madeira e que é decorada com um relevo representando a “traditio clavum” ou “entrega de chaves”.

O trono se apoia sobre quatro grandes estátuas, também em bronze, que representam quatro doutores da Igreja, em primeiro plano Santo Agostinho e Santo Ambrósio, para a Igreja latina, e Santo Atanásio e São João Crisóstomo, para a Igreja oriental.

Por cima do trono aparece um sol de alabastro decorado com estuque dourado rodeado de anjos que emolduram uma vidraça em que está representada uma pomba de 162 cm de envergadura, símbolo do Espírito Santo. É a única vidraça colorida de toda a Basílica de São Pedro.

Todos os anos nesta data, o altar monumental que acolhe a Cátedra de São Pedro permanece iluminado o dia todo com dúzias de velas e celebram-se numerosas missas da manhã até o entardecer, concluindo com a Missa do Capítulo de São Pedro.

Fonte: https://www.acidigital.com


Cátedra de São Pedro

– Sentido da festa.
– São Pedro em Roma.
– Amor e veneração pelo Romano Pontífice.

Esta festa era celebrada já antes do século IV, para recordar que Pedro estabeleceu a sua sede em Roma. Encontra-se nos calendários mais antigos sob o título de Natale Petri de Cathedra, e com a indicação de que se celebrasse no dia 22 de fevereiro. Com a festa de hoje, quis-se expressar desde os começos a unidade de toda a Igreja, que tem o seu fundamento em Pedro e nos seus sucessores na sede romana.

I. O SENHOR DISSE a Simão Pedro: Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça, e tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos 1.

O termo cátedra significa materialmente a cadeira em que se sentam os mestres, neste caso os bispos. Mas já os Santos Padres utilizavam a expressão como símbolo da autoridade dos bispos, especialmente da Sede de Pedro, isto é, de Roma. São Cipriano, no século III, dizia: “Confere-se o primado a Pedro para mostrar que a Igreja de Cristo é una e una a Cátedra”, quer dizer, o magistério e o governo. E para sublinhar ainda mais a unidade, acrescentava: “Deus é uno, uno o Senhor, una a Igreja e una a Cátedra fundada por Cristo” 2.

Como símbolo de que Pedro tinha estabelecido a sua sede em Roma, o povo romano tinha grande apreço por uma verdadeira cadeira de madeira onde, conforme uma tradição imemorial, o Príncipe dos Apóstolos se tinha sentado. São Dâmaso, no século IV, mandou colocá-la no batistério do Vaticano, construído por ele. Durante muitos séculos esteve bem visível e foi venerada pelos peregrinos de toda a cristandade que iam a Roma. Quando se construiu a atual Basílica de São Pedro, achou-se conveniente guardá-la como relíquia. Hoje, pode-se ver no fundo da ábside, como imagem principal, a chamada “glória de Bernini”, um grande relicário onde se conserva a cadeira do Apóstolo coberta de bronze e ouro; sobre ela, o Espírito Santo irradia a sua assistência.

Entre as festas que se encontram nos calendários anteriores ao século IV, as primeiras da Igreja, conta-se a de hoje, com o título de Natale Petri de Cathedra, ou seja, o dia da instituição do Pontificado de Pedro. Com esta festa, quis-se realçar o episcopado do Príncipe dos Apóstolos, o seu poder hierárquico e o seu magistério na urbe de Roma e em todo o orbe. Se bem que fosse um costume antigo comemorar a sagração dos bispos e o dia da tomada de posse das respectivas dioceses, essas comemorações realizavam-se somente na própria diocese. Somente à de Pedro foi dado o nome de Cátedra, e foi a única que se celebrou, desde os primeiros séculos, em toda a cristandade.

Santo Agostinho, num sermão para a festa deste dia, comenta: “A festividade que hoje celebramos recebeu dos nossos antepassados o nome de Cátedra, com o que se recorda que foi entregue ao primeiro dos Apóstolos a Cátedra do episcopado” 3. Para nós, a festa é mais uma ocasião de recordarmos a obediência e o amor que devemos àquele que faz as vezes de Cristo na terra.

II. SABEMOS PELA TRADIÇÃO da Igreja 4 que Pedro residiu durante algum tempo em Antioquia, a cidade onde os discípulos começaram a chamar-se cristãos 5. Nela pregou o Evangelho, e a seguir retornou a Jerusalém, onde algum tempo depois se desencadeou uma sangrenta perseguição: o rei Herodes mandou degolar Tiago e vendo que isso agradava aos judeus, mandou também prender Pedro 6.

Libertado por intervenção de um anjo, Pedro abandonou a Palestina, indo para outro lugar 7. Os Atos dos Apóstolos não nos dizem para onde foi, mas sabemos pela tradição que se dirigiu para a Cidade Eterna. São Jerônimo afirma que Pedro chegou a Roma no ano segundo do reinado de Cláudio – que corresponde ao ano 43 depois de Cristo – e que ali permaneceu durante vinte e cinco anos, até a morte 8. Alguns falam de duas viagens a Roma: uma, depois de partir de Jerusalém; a outra, por volta do ano 49, data em que participou do Concílio de Jerusalém para logo depois retornar a Roma e empreender algumas viagens missionárias.

São Pedro chegou a Roma, centro do mundo naquele tempo, “para que a luz da verdade, revelada para a salvação de todas as nações, se derramasse mais eficazmente da cabeça para todo o corpo do mundo”, afirma São Leão Magno. “Pois, de que raça não havia então homens naquela cidade? Ou que povos podiam ignorar o que Roma ensinasse? Era o lugar apropriado para refutar as teorias da falsa filosofia, para desfazer as loucuras da sabedoria terrena, para destruir a impiedade dos sacrifícios; ali, com suma diligência, tinha-se ido reunindo tudo o que os diferentes erros tinham inventado” 9.

O pescador da Galiléia converteu-se assim em alicerce e rocha da Igreja, e estabeleceu a sua sede na Cidade Eterna. Dali anunciou o seu Mestre, como tinha feito na Judéia e na Samaria, na Galiléia e em Antioquia. Da cátedra de Roma governou toda a Igreja, instruiu todos os cristãos e, confirmando a sua pregação, derramou o seu sangue a exemplo do seu Mestre.

O túmulo do Príncipe dos Apóstolos situa-se debaixo do altar da Confissão na Basílica vaticana – conforme afirma unanimemente a tradição, ratificada pelas descobertas arqueológicas –, dando assim a entender, também de um modo material e visível, que Simão Pedro é, por expressa vontade divina, a rocha firme, segura e inamovível, que sustém o edifício da Igreja através dos séculos. No seu magistério e no dos seus sucessores, ressoa de modo infalível a voz de Cristo e, por isso, a nossa fé está firmemente alicerçada.

III. O EVANGELHO DA MISSA traz-nos as palavras com que Jesus, em Cesaréia de Filipe, promete a Pedro e aos seus sucessores o Primado da Igreja: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo quanto ligares na terra será ligado nos céus, e tudo quanto desligares na terra será desligado nos céus 10. E Santo Agostinho exclama: “Bendito seja Deus, que mandou exaltar o Apóstolo Pedro sobre a Igreja. É digno honrar este fundamento, por meio do qual é possível escalar o Céu” 11.

De Roma, umas vezes pelos seus escritos, outras pessoalmente ou por enviados pessoais, Simão Pedro consola, repreende ou fortalece na fé os cristãos que se espalham já por todas as regiões do Império Romano. Na primeira Leitura da Missa, Pedro dirige-se com certa solenidade aos pastores de diversas igrejas locais da Ásia Menor, exortando-os a cuidar amorosamente daqueles que têm sob os seus cuidados: Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, não constrangidos, mas de bom grado, segundo Deus; nem por sórdido lucro, mas com prontidão de ânimo 12. São exortações que nos trazem à mente as palavras com que Jesus falava do Bom Pastor 13 e as que dirigiu ao Apóstolo depois da Ressurreição: Apascenta os meus cordeiros... Apascenta as minhas ovelhas 14.

Esta é a missão confiada pelo Senhor a Pedro e aos seus sucessores: dirigir e cuidar dos outros pastores que regem o rebanho do Senhor, confirmar na fé o Povo de Deus, velar pela pureza da doutrina e dos costumes, interpretar – com a assistência do Espírito Santo – as verdades contidas no depósito da Revelação. Por isso – escreve o Apóstolo na sua segunda Epístola – não cessarei de vos trazer à memória estas coisas, embora estejais instruídos e confirmados na presente verdade. Pois tenho por dever, enquanto habito nesta tenda, manter-vos despertos com as minhas exortações, considerando que em breve verei desarmada a minha tenda, segundo me manifestou Nosso Senhor Jesus Cristo. E procurarei que, mesmo depois da minha partida, possais recordar-vos muitas vezes de todas estas coisas 15.

A festa de hoje oferece-nos uma nova oportunidade de manifestarmos a nossa filial adesão aos ensinamentos do Santo Padre, ao seu magistério, e de examinarmos o interesse que pomos em conhecê-los e levá-los à prática.

O amor ao Papa é sinal do nosso amor a Cristo. E este amor e veneração devem manifestar-se na petição diária pela sua pessoa e intenções: Dominus conservet eum et vivificet eum et beatum faciat eum in terra... “O Senhor o conserve e o vivifique e o faça feliz na terra, e não permita que caia nas mãos dos seus inimigos”.

É um amor que deve exprimir-se com maior intensidade em determinados momentos: quando os ataques dos inimigos da Igreja se tornam mais duros, quando as normas morais que o Papa recorda ou precisa suscitam críticas e rebeldias no seio dos próprios católicos, quando por qualquer circunstância nos encontramos mais perto da sua pessoa: “Católico, Apostólico, Romano! – Gosto de que sejas muito romano. E que tenhas desejos de fazer a tua «romaria», «videre Petrum», para ver Pedro” 16.

(1) Lc 22, 32; Antífona de entrada da Missa do dia 22 de fevereiro; (2) São Cipriano, Epístola, 43, 5; (3) Santo Agostinho, Sermão 15 sobre os santos; (4) cfr. São Leão Magno, Homilia na festa dos Apóstolos Pedro e Paulo, 82, 5; (5) At 11, 26; (6) At 12, 3; (7) At 12, 17; (8) São Jerônimo,De viris illustribus, 1; (9) São Leão Magno, op. cit., 3-4; (10) Mt 16, 13-19; (11) Santo Agostinho, op. cit.; (12) 1 Pe 5, 2; (13) Jo 10, 1 e segs.; (14) Jo 21, 15-17; (15) 2 Pe 1, 12-15; (16) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 520.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


São Pedro Damião

21 de Fevereiro

São Pedro Damião

“Espera confiantemente a alegria que vem depois da tristeza”, dizia o beneditino São Pedro Damião, Doutor da Igreja. Em uma época difícil, ajudou com seus escritos e legações a reforma eclesiástica e clerical. Damião significa “o que doma seu corpo” e sua festa é celebrada neste dia 21 de fevereiro.

“Que a esperança dessa alegria te reanime, e a caridade acenda em ti o fervor, de tal modo que o teu espírito, santamente inebriado, esqueça os sofrimentos exteriores e anseie com entusiasmo pelo que contempla interiormente”, dizia São Pedro Damião.

O santo nasceu em 1007, em Ravena (Itália). Perdeu seus pais quando era criança e ficou sob os cuidados de um irmão que o tratou como escravo. Outro irmão, arcipreste de Ravena, se compadeceu e se encarregou de sua educação. Sentindo-se como um filho, Pedro adotou de seu irmão o nome Damião.

Desde jovem, São Pedro se acostumou à oração, vigília, jejum, convidava os pobres à sua mesa e lhes servia pessoalmente. Ingressou na vida monástica com os beneditinos da reforma de São Romualdo.

Para dominar suas paixões, colocava cintos com espinhos (cilício) debaixo de sua camisa, açoitava-se e jejuava com pão e água. Mas, seu corpo, por não estar acostumado, ficou debilitado e começou a sofrer de insônia.

Foi assim que compreendeu que esses castigos não deviam ser tão severos e que a melhor penitência é a paciência com as penas que Deus permite que nos cheguem. Esta experiência lhe serviu, mais tarde, para acompanhar espiritualmente os outros.

Quando morreu o Abade, Pedro assumiu, por obediência, a direção da comunidade. Fundou outras cinco comunidades de eremitas e, em todos os monges, buscava que fomentassem o espírito de retiro, caridade e humildade. Dentre eles, surgiram São Domingos Loricato e São João de Lodi.

Vários Papas recorreram a São Pedro por seus conselhos. Em 1057, foi criado Cardeal e Bispo de Ostia, embora o santo sempre tenha preferido sua vida de eremita. Posteriormente, lhe seria concedido o desejo de voltar para o convento como simples monge, mas com a condição de que poderia ser empregado no serviço da Igreja.

Dedicou-se a enviar cartas a muitos Pontífices e pessoas de alto escalão para que se erradicasse a simonia, que era a compra ou venda do que é espiritual por bens materiais, incluindo cargos eclesiásticos, sacramentos, sacramentais, relíquias e promessas de oração.

Escreveu o “Livro Gomorriano” (fazendo alusão à cidade de Gomorra, do Antigo Testamento) e falou contra os costumes impuros daquele tempo. Do mesmo modo, escrevia sobre os deveres dos clérigos, monges e recomendava a disciplina mais do que o jejum.

Costumava dizer: “É impossível restaurar a disciplina uma vez que esta decai; se nós, por negligência, deixamos cair em desuso as regras, as gerações futuras não poderão voltar à observância primitiva. Guardemo-nos de incorrer em semelhante culpa e transmitamos fielmente a nossos sucessores o legado de nossos predecessores”.

Era uma pessoa severa, mas sabia tratar os pecadores com indulgência e bondade quando a prudência e a caridade o requeriam. Em seu tempo livre, costumava fazer colheres de madeira e outros utensílios para não permanecer ocioso.

O Papa Alexandre II enviou São Pedro Damião para resolver um problema com o Arcebispo de Ravena, que estava excomungado por certas atrocidades cometidas. Lamentavelmente, o santo chegou quando o Prelado tinha falecido, mas converteu os cúmplices, aos quais impôs uma penitência justa.

De volta a Roma, ficou doente com uma febre aguda, em um mosteiro fora de Faenza. Partiu para a Casa do Pai em 22 de fevereiro de 1072. Dante Alighieri, no canto XXI do Paraíso, coloca São Pedro Damião no céu de Saturno, destinado aos espíritos contemplativos. Foi declarado Doutor da Igreja em 1828.

Fonte: https://www.acidigital.com


21 de Fevereiro 2020

A SANTA MISSA

6ª Semana do Tempo Comum – Sexta-feira 
Cor: Verde

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1ª Leitura: Tg 2, 14-24.26

 “Assim como o corpo sem alma está morto,
também a fé sem obras está morta” 

Leitura da Carta de São Tiago

Meus irmãos: 14 de que adianta alguém dizer que tem fé, quando não a põe em prática? A fé seria então capaz de salvá-lo? 15 Imaginai que um irmão ou uma irmã não tem o que vestir e que lhe falta a comida de cada dia; 16 se então alguém de vós lhe disser: “Ide em paz, aquecei-vos”, e: “Comei à vontade”, sem lhe dar o necessário para o corpo, que adiantará isso? 17 Assim também a fé: se não se traduz em obras, por si só está morta. 18 Em compensação, alguém poderá dizer: “Tu tens a fé e eu tenho a prática! Tu, mostra-me a tua fé sem as obras, que eu te mostrarei a minha fé pelas obras! 19 Crês que há um só Deus? Fazes bem! Mas também os demônios crêem isso, e estremecem. 20 Queres então saber, homem insensato, como a fé sem a prática é vã? 21 O nosso pai Abraão foi declarado justo: não será por causa de sua prática, até o ponto de oferecer seu filho Isaac sobre o altar? 22 Como estás vendo, a fé concorreu para as obras, e, graças às obras, a fé tornou-se completa. 23 Foi assim que se cumpriu a Escritura que diz: ‘Abraão teve fé em Deus, e isto lhe foi levado em conta de justiça, e ele foi chamado amigo de Deus”’. 24 Estais vendo, pois, que o homem é justificado pelas obras e não simplesmente pela fé. 26 Assim como o corpo sem o espírito é morto, assim também a fé, sem as obras, é morta.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 111(112), 1-2.3-4.5-6

R. Feliz é todo aquele que ama com carinho a lei do Senhor Deus.

1 Feliz o homem que respeita o Senhor
e que ama com carinho a sua lei!
2 Sua descendência será forte sobre a terra,
abençoada a geração dos homens retos!       R.

3 Haverá glória e riqueza em sua casa,
e permanece para sempre o bem que fez.
4 Ele é correto, generoso e compassivo,
como luz brilha nas trevas para os justos.        R.

5 Feliz o homem caridoso e prestativo,
que resolve seus negócios com justiça.
6 Porque jamais vacilará o homem reto,
sua lembrança permanece eternamente!       R. 

Evangelho: Mc 8, 34 – 9, 1 

 “Quem perder a vida, por causa de Mim e do Evangelho, salvá-la-á” 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, 8,34 chamou Jesus a multidão com seus discípulos e disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. 35 Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho vai salvá-la. 36 Com efeito, de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perde a própria vida? 37 E o que poderia o homem dar em troca da própria vida? 38 Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras diante dessa geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele quando vier na glória do seu Pai com seus santos anjos”. 9,1 Disse-lhes Jesus: “Em verdade vos digo, alguns dos que aqui estão não morrerão sem antes terem visto o Reino de Deus chegar com poder”.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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A Soberba

TEMPO COMUM. SEXTA SEMANA. SEXTA-FEIRA

– Contar com Deus.
– O egoísmo e a soberba.
– Para crescer na humildade.

I. LEMOS NO GÊNESIS 1 que um dia os homens se empenharam num projeto colossal – que deveria ser ao mesmo tempo um símbolo e o centro da unidade do gênero humano – mediante a construção de uma grande cidade chamada Babel e de uma torre gigantesca. Mas aquela obra não chegou a ser concluída, e os homens viram-se mergulhados numa dispersão muito maior que antes, divididos entre si, confundidos na linguagem, incapazes de se porem de acordo...

“Por que falhou aquele projeto ambicioso? Por que os construtores se cansaram em vão? Porque os homens puseram como sinal e garantia da unidade desejada somente uma obra das suas mãos, esquecendo a ação do Senhor” 2. Ao comentar assim esse texto da Sagrada Escritura, São João Paulo II relaciona o pecado daqueles homens, “que quiseram ser fortes e poderosos sem Deus, ou mesmo contra Deus”, com o dos nossos primeiros pais, que tiveram a pretensão enganosa de ser como Ele 3. No fundo, tanto numa situação como na outra, tratou-se de uma atitude de soberba, que é o que se encontra na raiz de todo o pecado e que tem manifestações tão diversas. Na narração da torre de Babel, a exclusão de Deus não aparece como uma atitude de rebeldia contra o Senhor, “mas como esquecimento e indiferença para com Ele; como se Deus não merecesse ser tomado em consideração no âmbito do projeto operativo e associativo. Nos dois casos, porém, a relação com Deus foi rompida com violência” 4.

Devemos recordar freqüentemente que Deus deve ser o ponto de referência constante dos nossos desejos e projetos, e que a tendência para deixar-se levar pela soberba persiste no coração de todo o homem até o exato momento em que morre. Essa soberba induz-nos a “ser como Deus”, nem que seja no pequeno âmbito dos nossos interesses, ou a prescindir dEle como se não fosse o nosso Criador e Salvador, de quem dependemos no ser e no existir.

O soberbo tende a apoiar-se exclusivamente – como os construtores de Babel – nas suas próprias forças, e é incapaz de levantar o olhar acima das suas qualidades e êxitos; por isso fica sempre ao nível do chão. O soberbo exclui Deus da sua vida, “como se não merecesse ser tomado em consideração”: não lhe pede ajuda, não lhe agradece; e por isso também não sente a necessidade de pedir apoio e conselho na direção espiritual, através da qual nos chegam em tantas ocasiões a força e a luz de Deus. Encontra-se só e fraco, ainda que se julgue forte e capaz de grandes obras; também por isso é imprudente e não evita as ocasiões em que põe em perigo o bem da sua alma.

Não queiramos prescindir de Deus nos nossos projetos. “Ele é o alicerce e nós o edifício; Ele é o talo da videira e nós os ramos [...]. Ele é a vida e nós vivemos por Ele [...]; Ele é a luz e dissipa a nossa escuridão” 5. A nossa vida não tem sentido sem Cristo; não deve ter outro alicerce. Tudo nela ficaria desconjuntado e disperso se não recorrêssemos ao Senhor nas nossas obras.

II. A SOBERBA TRAZ como seqüela inevitável o egoísmo. A pessoa egoísta faz de si própria a medida de todas as coisas, até chegar à atitude que Santo Agostinho aponta como a origem de todos os desvios morais: “o amor-próprio até o desprezo de Deus” 6.

O egoísta não sabe amar: procura sempre receber, porque no fundo só se quer a si mesmo. Quantas vezes não teremos experimentado na nossa vida pessoal a realidade daquele ensinamento de Santa Catarina de Sena: a alma não pode viver sem amar, e, quando não ama a Deus, ama-se desordenadamente a si mesma, e esse amor infeliz “obscurece e encolhe o olhar da inteligência, que deixa de ver com clareza e só se move numa falsa luminosidade. A luz com que a partir daí a inteligência vê as coisas é um brilho enganoso do bem, do falso prazer para o qual o amor agora se inclina... A alma não tira dele outro fruto senão a soberba e a impaciência” 7.

A soberba é realmente a raiz do egoísmo. O egoísmo – que é encarar tudo na medida em que me traz ou não alguma vantagem – e a soberba – que é avaliar falsamente as minhas qualidades e desejar desmedidamente a minha própria glória – são vícios que se confundem freqüentemente, e neles se encontra de alguma forma a desordem radical de que partem todos os pecados.

Com a graça de Deus, temos que viver vigilantes e combater a soberba e o egoísmo nas suas diversas manifestações: a vaidade e a vanglória (às vezes muito patentes nos pensamentos inúteis, em que freqüentemente somos o centro, o herói, aquele que triunfa em todas as situações); o desprezo dos outros (que se exterioriza em piadas, ironias, juízos negativos, intervenções inoportunas ou destemperadas na conversa...); a mesquinhez de quem não sabe dar sem esperar nada em troca, porque tudo lhe é devido e ele nada deve... No fundo, o soberbo, tal como o egoísta, só sabe ignorar e desprezar os outros ou então pisá-los para subir...

“Temos que pedir ao Senhor que não nos deixe cair nesta tentação. A soberba é o pior e o mais ridículo dos pecados. Se consegue atenazar alguém com as suas múltiplas alucinações, a pessoa atacada veste-se de aparência, enche-se de vazio, empertiga-se como o sapo da fábula, que inchava o bucho, presunçosamente, até que explodiu. A soberba é desagradável, mesmo humanamente: quem se considera superior a todos e a tudo, está continuamente contemplando-se a si próprio e desprezando os outros, e estes correspondem-lhe escarnecendo da sua vã fatuidade” 8.

Não permitais, Senhor, que eu caia nesse triste estado, em que não contemplo o vosso rosto amável nem vejo tantas virtudes e boas qualidades que possuem aqueles que me rodeiam.

III. PARA CONSTRUIRMOS o alto edifício da vida cristã, devemos ter um grande desejo de assentá-lo muito fundo na virtude da humildade, começando por pedi-la deveras ao Senhor, meditando com freqüência e com gosto no seu exemplo e na sua doutrina: Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração... 9

Depois, devemos estar dispostos a aceitar a humilhação que supõem todos os defeitos que não conseguimos vencer, as fraquezas diárias... Muitas vezes, pode ajudar-nos à hora do exame uma destas perguntas: “– Soube oferecer ao Senhor, como expiação, a própria dor que sinto de tê-lo ofendido, tantas vezes!? Ofereci-lhe a vergonha dos meus rubores e humilhações interiores, ao considerar como avanço pouco no caminho das virtudes?” 10 Deveremos também ter fome de aproveitar bem – porque não serão muitas – as humilhações que nos vêm de fora: “Não és humilde quando te humilhas, mas quando te humilham e o aceitas por Cristo” 11.

Enfim, se tivermos ânsias de apoiar-nos na rocha firme que é a humildade de Nosso Senhor, encontraremos cada dia mil ocasiões de ir ao encontro desta virtude: falaremos só o necessário – ou talvez menos que o necessário – de nós mesmos; manifestaremos agradecimento pelos pequenos favores que nos prestam os que estão ao nosso lado, considerando que não merecemos nada; quereremos tornar mais amável pela nossa cara sorridente a vida daqueles que encontramos ao longo do dia, sem nos fecharmos nos nossos interesses ou nos nossos estados de ânimo; não perderemos nenhuma oportunidade de nos mostrarmos disponíveis e de prestar pequenos serviços na vida familiar, no trabalho, em qualquer parte, persuadidos de que a humildade leva à caridade...

A humildade está intimamente relacionada com todas as virtudes. O humilde é um homem alegre, simples, sincero, afável, magnânimo. E por tudo isso tem também uma facilidade especial para a amizade e, portanto, para o apostolado: as pessoas que vai conhecendo não demoram a abrir-lhe a alma em confidência. Esse é o seu retrato, porque, apesar dos pesares, confia unicamente em Deus, nunca em si próprio.

Aprendamos esta virtude contemplando a vida de Santa Maria. Deus fez nela grandes coisas “«quia respexit humilitatem ancillae suae» – porque viu a baixeza da sua escrava...

“– Cada dia me persuado mais de que a humildade autêntica é a base sobrenatural de todas as virtudes!

“Fala com Nossa Senhora, para que Ela nos vá adestrando em caminhar por essa senda” 12.

(1) Gên 11, 1-9; Primeira leitura da Missa da sexta-feira da sexta semana do TC, ano ímpar; (2) João Paulo II, Exort. Apost. Reconciliatio et paenitentia, 2-XII-1984; (3) cfr. Gên 3, 5; (4) João Paulo II, op. cit., 14; (5) São João Crisóstomo, Homilia sobre a primeira Epístola aos Coríntios, 8; (6) Santo Agostinho, Sobre a Cidade de Deus, 14, 28; (7) Santa Catarina de Sena, O diálogo, 51; (8) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 100; (9) Mt 11, 29; (10) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 153; (11) cfr. Josemaría Escrivá, Caminho, n. 594; (12) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 289.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal