São João Batista de Rossi
23 de Maio
São João Batista de Rossi
João Batista de Rossi nasceu em Voltagio, que fica na província de Gênova, Itália, em 22 de fevereiro de 1698. Com apenas dez anos, foi trabalhar em Gênova, como pajem, na casa de uma família muito rica. Ali, conseguia se manter e estudar. Depois de três anos, mudou-se em definitivo para a capital Roma.
Em Roma, foi morar na casa de um primo padre e estudar no Colégio Romano dos Jesuítas. Lá, conseguiu o doutorado em filosofia. Conviveu ali com os mais preparados religiosos de sua geração. Depois disso, concluiu o curso de teologia com os frades dominicanos de Minerva. Juntamente a este esforço acadêmico, João Batista exercia uma extenuante missão evangelizadora. Ajudava, especialmente, os jovens, os pobres e os abandonados.
Acredita-se que, por causa dessa atividade intensa, João Batista atingiu um esgotamento físico e mental tão grande, que começou a ter crises epiléticas e, depois, uma doença grave nos olhos. Desses males, ele não mais se recuperou, tendo que conviver com isso por toda a sua vida. Mesmo assim, não abandonou a prática da penitência. Alimentava-se pouco. Isso ajudou a enfraquecer ainda mais o seu já frágil corpo. Seu espírito, porém, estava sempre forte e pronto para o amor cristão.
Em 1721 São João Batista de Rossi recebeu a ordenação sacerdotal. Uma vez padre, fundou a Pia União de Sacerdotes Seculares. Ele mesmo dirigiu esta obra por alguns anos, empregando ali a experiência que ele adquiriu anteriormente dirigindo grupos de estudantes. No seminário fundado por ele, até 1935, estudaram grandes personalidades do clero de Roma. Alguns desses foram canonizados. Outros, foram eleitos bispos e Papas.
São João Batista de Rossi, no entanto, ainda não estava satisfeito. Queria obras mais abrangentes. Por isso fundou a Casa de Santa Gala, para moços necessitados e, depois, a Casa de São Luiz Gonzaga, destinada a atender moças carentes. São Luiz Gonzaga era o santo de sua devoção e exemplo de vida que buscava seguir na sua missão apostólica.
São João Batista de Rossi dedicava grande parte de seu ministério sacerdotal aos mais pobres, aos doentes, aos presidiários e aos pecadores. Em favor desses, manifestava o dom do conselho. Era sempre atencioso e cheio de paciência para com todos. Por isso, os formavam grandes filas para se aconselharem e se confessarem com ele. Tinha também os dons da consolação, da exortação e da orientação. Por isso, o povo da região o procurava mais e mais. São João Batista de Rossi era sempre incansável. Agia e dirigia suas obras sempre com delicadeza e firmeza, fervor e espiritualidade forte.
São João Batista de Rossi faleceu em 23 de maio de 1764. Tinha, então, sessenta e seis anos quando a doença o abateu. Pobre, não tinha dinheiro para pagar seus funerais. Esses foram pagos pelos devotos que o amavam e eram eternamente gratos a ele. Sua canonização foi celebrada pelo Papa Leão XIII no ano 1881.
Texto: https://cruzterrasanta.com.br
O Dom da Ciência
TEMPO PASCAL. SEXTA SEMANA. SÁBADO
– Faz-nos compreender o que são as coisas criadas, segundo o desígnio de Deus sobre a criação e a elevação à ordem sobrenatural.
— O dom da ciência e a santificação das realidades temporais.
— O verdadeiro valor e sentido deste mundo. Desprendimento e humildade necessários para podermos receber este dom.
I. “AS CRIATURAS SÃO como que vestígios da passagem de Deus. Por esses vestígios rastreia-se a sua grandeza, poder e sabedoria, bem como todos os seus atributos” 1. São como um espelho em que se reflete o esplendor da sua beleza, da sua bondade, do seu poder: Os céus narram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos 2.
Não obstante, muitas vezes, por causa do pecado original e dos pecados pessoais, os homens não sabem interpretar esse rasto de Deus no mundo e não conseguem reconhecer Aquele que é a fonte de todos os bens: Não souberam reconhecer o Artífice pela consideração das suas obras. Seduzidos pela beleza das coisas criadas, tomaram essas coisas por deuses. Aprendam então a saber quanto o seu Senhor prevalece sobre elas – diz a Escritura – porque Ele é o criador da beleza que as fez 3.
O dom da ciência permite que o homem veja mais facilmente as coisas criadas como sinais que levam a Deus, e que compreenda o que significa a elevação à ordem sobrenatural. Através do mundo da natureza e da graça, o Espírito Santo faz-nos perceber e contemplar a infinita sabedoria de Deus, a sua onipotência e bondade, a sua natureza íntima. “É um dom contemplativo cujo olhar penetra, como o do dom do entendimento e o da sabedoria, no próprio mistério de Deus” 4.
Mediante este dom, o cristão percebe e entende com toda a clareza “que a criação inteira, o movimento da terra e dos astros, as ações retas das criaturas e tudo quanto há de positivo no curso da história, tudo, numa palavra, veio de Deus e para Deus se ordena” 5. É uma disposição sobrenatural pela qual participa da ciência de Deus, descobre as relações que existem entre todas as coisas criadas e o seu Criador e em que medida e sentido estão a serviço do fim último do homem.
Uma manifestação do dom da ciência é o Cântico dos três jovens, como o lemos no Livro de Daniel, que muitos cristãos recitam na ação de graças depois da Santa Missa. Pede-se a todas as coisas criadas que louvem e dêem glória ao Criador: Benedicite, omnia opera Domini, Domino…: Obras todas do Senhor, bendizei o Senhor; louvai-o e exaltai-o pelos séculos dos séculos. Anjos do Senhor, bendizei o Senhor. Céus… Águas que estais sobre os céus… Sol e lua… Estrelas do céu… Chuva e orvalho… Todos os ventos… Frio e calor… Orvalhos e geadas… Noites e dias… Luz e trevas… Montanhas e colinas… Todas as plantas… Fontes… Mares e rios… Cetáceos e peixes… Aves… Animais selvagens e rebanhos… Sacerdotes do Senhor… Espíritos e almas dos justos… Santos e humildes de coração… Cantai-lhe e dai-lhe graças porque é eterna a sua misericórdia 6.
Este cântico admirável de toda a criação, de todos os seres vivos e de todas as coisas inanimadas, é um hino de glória ao Criador. “É uma das mais puras e ardentes expressões do dom da ciência: que os céus e toda a Criação cantem a glória de Deus” 7. Em muitas ocasiões, poderá também ajudar-nos a dar graças ao Senhor depois de participarmos na obra que mais glória lhe dá: a Santa Missa.
II. MEDIANTE O DOM DA CIÊNCIA, o cristão dócil ao Espírito Santo sabe discernir com perfeita clareza o que o conduz a Deus e o que o separa dEle. E isto no ambiente, nas modas, na arte, nas ideologias… Verdadeiramente, esse cristão pode dizer: O Senhor guia o justo por caminhos retos e comunica-lhe a ciência das coisas santas 8. O Paráclito previne–nos também quando as coisas boas e retas em si mesmas se podem converter em nocivas porque nos afastam do nosso fim sobrenatural: por um desejo desordenado de posse, por um apego do coração que não o deixa livre para Deus, etc.
O cristão, que deve santificar-se no meio do mundo, tem uma especial necessidade deste dom para encaminhar para Deus as suas atividades temporais, convertendo-as em meio de santidade e apostolado. Mediante esse dom, a mãe de família compreende mais profundamente que a sua tarefa doméstica é caminho que leva a Deus, se a realiza com retidão de intenção e desejos de agradar ao Senhor; assim como o estudante passa a entender que o seu estudo é o meio habitual de que dispõe para amar a Deus, desenvolver a sua ação apostólica e servir a sociedade; e o arquiteto encara da mesma maneira os seus projetos; e a enfermeira, o cuidado dos seus doentes, etc. Compreende-se então por que devemos amar o mundo e as realidades temporais, e como “há algo de santo, divino, escondido nas situações mais comuns, que cabe a cada um de vós descobrir” 9.
Deste modo — continuam a ser palavras de Mons. Escrivá —, “quando um cristão desempenha com amor a mais intranscendente das ações diárias, está desempenhando algo donde transborda a transcendência de Deus. Por isso tenho repetido, com insistente martelar, que a vocação cristã consiste em transformar em poesia heróica a prosa de cada dia” 10. Esse verso heróico para Deus, nós o compomos com os episódios corriqueiros da tarefa diária, dos problemas e alegrias que encontramos à nossa passagem.
Amamos as coisas da terra, mas passamos a avaliá-las no seu justo valor, no valor que têm para Deus. E assim passamos a dar uma importância capital a esse sermos templos do Espírito Santo, porque “se Deus mora na nossa alma, tudo o resto, por mais importante que pareça, é acidental, transitório. Em contrapartida, nós, em Deus, somos o permanente” 11.
III. À LUZ DO DOM DA CIÊNCIA, o cristão reconhece a brevidade da vida humana sobre a terra, a relativa felicidade que este mundo pode dar, comparada com a que Deus prometeu aos que o amam, a inutilidade de tanto esforço se não se realiza de olhos postos em Deus… Ao recordar-se da vida passada, em que talvez Deus não tenha estado em primeiro lugar, a alma sente uma profunda contrição por tanto mal e por tantas ocasiões perdidas, e nasce nela o desejo de recuperar o tempo malbaratado, sendo mais fiel ao Senhor.
Todas as coisas do mundo — deste mundo que amamos e em que nos devemos santificar — aparecem-nos à luz deste dom sob a marca da caducidade, ao mesmo tempo que compreendemos com toda a nitidez o fim sobrenatural do homem e a necessidade de subordinar-lhe todas as realidades terrenas.
Esta visão do mundo, dos acontecimentos e das pessoas a partir da fé pode obscurecer-se e mesmo apagar-se em conseqüência daquilo que São João chama a concupiscência dos olhos 12. É como se a mente rejeitasse a luz verdadeira, e já não soubesse orientar para Deus as realidades terrenas, que passam a ser encaradas como fim. O desejo desordenado de bens materiais e a ânsia de uma felicidade procurada nas coisas da terra dificultam ou anulam a ação desse dom. A alma cai então numa espécie de cegueira que a impede de reconhecer e saborear os verdadeiros bens, os que não perecem, e a esperança sobrenatural transforma-se num desejo cada vez maior de bem-estar material, levando a fugir de tudo aquilo que exige mortificação e sacrifício.
A visão puramente humana da realidade acaba por desembocar na ignorância das verdades de Deus ou por fazê–las parecer teóricas, sem sentido prático para a vida corrente, sem capacidade para impregnar a existência de todos os dias. Os pecados contra este dom deixam-nos sem luz, e assim se explica essa grande ignorância de Deus de que sofre o mundo. Por vezes, chega-se a uma verdadeira incapacidade de entender ou assimilar aquilo que é sobrenatural, porque os olhos da alma estão completamente obcecados pelos bens parciais e enganosos, e fecham-se aos verdadeiros. Para nos prepararmos para receber este dom, necessitamos de pedir ao Espírito Santo que nos ajude a viver a liberdade e o desprendimento dos bens materiais, bem como a ser mais humildes, para podermos ser ensinados acerca do verdadeiro valor das coisas.
Juntamente com estas disposições, devemos fomentar os atos que nos levam à presença de Deus, de modo a vermos o Senhor no meio dos nossos trabalhos; e fazer o propósito decidido de considerar na oração os acontecimentos que vão determinando a nossa vida e as realidades do dia-a-dia: a família, os colegas de trabalho, aquilo que mais nos preocupa… A oração sempre é um farol poderoso que ilumina a verdadeira realidade das coisas e dos acontecimentos.
Para obtermos este dom, para nos tornarmos capazes de possuí-lo em maior plenitude, recorremos à Virgem, Nossa Senhora. Ela é a Mãe do Amor Formoso, e do temor, e da ciência, e da santa esperança 13. “Maria é Mãe da ciência, porque com Ela se aprende a lição que mais interessa: que nada vale a pena se não estivermos junto do Senhor; que de nada servem todas as maravilhas da terra, todas as ambições satisfeitas, se não nos arder no peito a chama de amor vivo, a luz da santa esperança que é uma antecipação do amor interminável na nossa Pátria definitiva” 14.
(1) São João da Cruz, Cântico espiritual, 5, 3; (2) SI 19, 1-2; (3) Sab 13, 1-5; (4) M. M. Philipon, Los dones dei Espírito Santo, pág. 200; (5) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 130; (6) cfr. Dan 3, 52-90; (7) M. M. Philipon, op. cit, pág. 203; (8) Sab 10, 10; (9) São Josemaría Escrivá, Amar o mundo apaixonadamente, in Questões atuais do cristianismo, n. 114; (10) ib.\ (11) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 92; (12) 1 Jo 2, 16; (13) Eclo 24, 24; (14) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 278.
Fonte: livro “Falar com Deus”, de Francisco Fernández Carvajal
O dom do entendimento
TEMPO PASCAL. SEXTA SEMANA. SEXTA-FEIRA
– Mediante este dom, chegamos a um conhecimento mais profundo dos mistérios da fé.
– Concede-se a todos os cristãos, mas o seu desenvolvimento exige que nos purifiquemos.
– O dom do entendimento e a vida contemplativa.
I. CADA PÁGINA da Sagrada Escritura é uma manifestação da solicitude com que Deus se inclina para nós a fim de nos guiar para a santidade. O Senhor mostra-se no Antigo Testamento como a verdadeira luz de Israel, sem a qual o povo se extravia e tropeça na escuridão. Os grandes personagens do Antigo Testamento dirigem-se constantemente a Javé pedindo-lhe que os conduza nas horas difíceis. Dá-me a conhecer os teus caminhos 1, pede Moisés para guiar o povo até a Terra da Promissão. Sem o ensinamento divino, sente-se perdido. E o rei Davi suplica: Ensina-me a observar a tua lei e a guardá-la de todo o coração2.
Jesus promete o Espírito de verdade, que terá a missão de iluminar toda a Igreja 3. Com o envio do Paráclito, “completa a revelação e a culmina e confirma com testemunho divino” 4. Os próprios Apóstolos compreenderão mais tarde o sentido das palavras do Senhor que antes do Pentecostes se lhes apresentavam obscuras. “Ele é a alma desta Igreja – ensina Paulo VI –. É Ele quem explica aos fiéis o sentido profundo dos ensinamentos de Jesus e o seu mistério” 5.
O Paráclito conduz-nos das primeiras luzes da fé à “inteligência mais profunda da Revelação” 6. Mediante o dom do entendimento, concede ao fiel cristão um conhecimento mais profundo dos mistérios revelados, iluminando-lhe a inteligência com uma luz poderosíssima. “Conhecemos esses mistérios há muito tempo; ouvimo-los e até meditamos neles muitas vezes, mas, num dado momento, sacodem o nosso espírito de uma maneira nova, como se até então nunca tivéssemos compreendido a verdade” 7. Sob este influxo, a alma adquire uma certeza muito maior das verdades sobrenaturais, que se lhe tornam mais claras, e experimenta uma alegria indescritível, que é antecipação da visão beatífica.
O dom do entendimento permite que a alma participe com facilidade desse olhar de Jesus que tudo penetra e que incita a reverenciar a grandeza de Deus, a dedicar-lhe um afeto filial, a ponderar adequadamente o valor das coisas criadas... “Pouco a pouco, à medida que o amor vai crescendo na alma, a inteligência do homem resplandece mais e mais sob a própria luz de Deus” 8 e dá-nos uma grande familiaridade com os mistérios divinos.
Para chegarmos a este conhecimento, não nos bastam as luzes habituais da fé; precisamos de uma especial efusão do Espírito Santo, que recebemos na medida em que correspondemos à graça, começando por purificar o coração. Neste dia do Decenário do Espírito Santo, podemos examinar como são os nossos desejos de purificação, se nos levam especialmente a aproveitar muito bem as graças de cada confissão, a recorrer a ela com periodicidade, a pedir ajuda ao Paráclito para fomentar a contrição e um grande desejo de nos afastarmos de todo o pecado e das faltas deliberadas.
II. MEDIANTE O DOM DO ENTENDIMENTO, o Espírito Santo faz a alma penetrar de muitas maneiras nos mistérios revelados. De uma forma sobrenatural e portanto gratuita, ensina no íntimo do coração o alcance das verdades mais profundas da fé. “É como se alguém, sem ter aprendido nem trabalhado nada para saber ler, nem mesmo estudado coisa alguma – explica Santa Teresa –, se visse na posse de toda a ciência, sem saber como e donde lhe veio, pois jamais se esforçou sequer por aprender o abecedário. Esta última comparação parece-me explicar em parte este dom celestial, porque, de um momento para outro, a alma se vê tão instruída no mistério da Santíssima Trindade e em outras coisas muito subidas, que não há teólogo com quem não se atreva a discutir sobre a verdade dessas grandezas” 9.
O dom do entendimento leva a captar o sentido mais profundo da Sagrada Escritura, a vida da graça, a presença de Cristo em cada sacramento e, de uma maneira real e substancial, na Sagrada Eucaristia. É um dom que confere como que um instinto divino para o que há de sobrenatural no mundo. Ante o olhar daquele que crê, iluminado pelo Espírito, surge um universo totalmente novo. Os mistérios da Santíssima Trindade, da Encarnação, da Redenção, da Igreja, convertem-se em realidades extraordinariamente vivas e atuais, que orientam toda a vida do cristão e influem decisivamente no seu trabalho, na família, nos amigos... Chega-se a ver Deus no meio das tarefas habituais, nos acontecimentos agradáveis ou dolorosos da vida diária.
O caminho para chegarmos à plenitude deste dom é a oração pessoal, em que contemplamos as verdades da fé, bem como a luta, alegre e amorosa, por manter-nos na presença de Deus ao longo do dia. Não se trata de uma ajuda sobrenatural extraordinária, reservada a pessoas muito excepcionais, mas de um dom que o Senhor concede a todos aqueles que queiram ser-lhe fiéis no lugar em que se encontram, santificando as suas alegrias e dores, o seu trabalho e o seu descanso.
III. PARA PROGREDIR neste caminho de santidade, é necessário fomentar o recolhimento interior, a mortificação dos sentidos internos e externos, a procura diligente da presença de Deus nos acontecimentos e percalços de cada dia.
É preciso sobretudo purificar o coração, pois somente os limpos de coração têm capacidade para ver a Deus 10. A impureza, o apego aos bens terrenos, a facilidade em conceder ao corpo todos os seus caprichos embotam a alma para as coisas de Deus. O homem não espiritual não percebe as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucura. Nem as pode compreender, porque é segundo o Espírito que se devem ponderar11. Homem espiritual é o cristão que traz o Espírito Santo na sua alma em graça, e tem o pensamento posto em Cristo. A sua vida limpa, sóbria e mortificada é a melhor preparação para ser digna morada do Espírito, que nele habitará com todos os seus dons.
Quando o Espírito Santo encontra uma alma assim, vai-se apossando dela e conduzindo-a por caminhos de uma oração sempre mais profunda, até que “as palavras se tornam pobres..., e se dá passagem à intimidade divina, num olhar para Deus sem descanso e sem cansaço. Vivemos então como cativos, como prisioneiros. Enquanto realizamos com a maior perfeição possível, dentro dos nossos erros e limitações, as tarefas próprias da nossa condição e do nosso ofício, a alma anseia por escapar. Vai-se rumo a Deus, como o ferro atraído pela força do ímã. Começa-se a amar Jesus de forma mais eficaz, com um doce sobressalto” 12.
Mons. Escrivá descreve aqui o caminho que as almas percorrem – no meio das ocupações mais normais da sua vida e seja qual for a sua cultura, profissão, estado, etc. – até chegarem à oração contemplativa. Para muitos, esse caminho parte da consideração freqüente da Santíssima Humanidade do Senhor, a que se chega através da Virgem – passando necessariamente pela Cruz –, e que acaba na Santíssima Trindade. “O coração necessita então de distinguir e adorar cada uma das Pessoas divinas. De certa maneira, o que a alma realiza na vida sobrenatural é uma descoberta semelhante às de uma criaturinha que vai abrindo os olhos à existência. E entretém-se amorosamente com o Pai e com o Filho e com o Espírito Santo; e submete-se facilmente à atividade do Paráclito vivificador, que se nos entrega sem o merecermos: os dons e as virtudes sobrenaturais!” 13
Ao terminarmos a nossa oração, recorremos à Virgem Nossa Senhora, Àquela que teve a plenitude da fé e dos dons do Espírito Santo, e lhe pedimos que nos ensine a tratar e a amar sempre o Paráclito na nossa alma, especialmente neste Decenário, e que não fiquemos a meio do caminho que conduz à santidade a que fomos chamados.
(1) Ex 33, 13; (2) Sl 119, 34; (3) cfr. Jo 16, 13; (4) Conc. Vat. II, Const. Dei Verbum, 4; (5) Paulo VI, Exort. Apost. Evangelii nuntiandi, 8-XII-1975; (6) Conc. Vat. II, Const. Dei Verbum, 5; (7) A. Riaud, La acción del Espíritu Santo en las almas, Palabra, Madrid, 1985, pág. 72; (8) M. M. Philipon, Los dones del Espíritu Santo, Palabra, Madrid, 1983, pág. 194; (9) Santa Teresa, Vida, 27, 8-9; (10) cfr. Mt 5, 8; (11) 1 Cor 2, 14; (12) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 296; (13) ib., n. 306.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
Santa Rita de Cássia
22 de Maio
Santa Rita de Cássia
Santa Rita de Cássia era filha única. Nasceu em maio do ano de 1381, nas montanhas em Roccaporena, perto de Cássia, região da Umbria, Itália. Era filha de Antônio Mancini e Amata Ferri, casal de muita oração e do qual todos gostavam. Não sabiam ler nem escrever, mas ensinaram à filha tudo sobre a fé em Jesus e Nossa Senhora. Eles contavam a ela também histórias de vida de muitos santos e santas, o que muito contribuiu para sua formação.
Santa Rita de Cássia queria ser religiosa, mas seus pais escolheram para ela um marido, como era costume na época. O marido escolhido foi Paolo Ferdinando. Não foi uma boa escolha, pois Paolo era um infiel no matrimônio e tinha o hábito de beber demais. Por causa dele, Santa Rita sofreu por 18 anos, período em que foi casada. O casal teve dois filhos. Durante o tempo de casada, Rita demonstrou muita paciência e resignação por tudo que sofreu.
Mesmo sofrendo, ela nunca deixou de rezar pela conversão dele. Por fim, a mansidão e o amor de Rita transformaram aquele homem rude e bruto. Paolo se converteu e mudou sua vida conjugal de tal forma que as amigas de Rita e as mulheres da cidade vinham aconselhar-se com ela.
Paolo, embora verdadeiramente convertido, tinha deixado um rastro de violência e rixas entre alguns grupos da cidade. Assim, um dia ele saiu para trabalhar e não voltou para casa. Santa Rita de Cássia teve a certeza de que algo horrível tinha acontecido.
No dia seguinte ele foi encontrado morto. Tinha sido assassinado. Seus dois filhos, que já eram jovens, juraram vingar a morte do pai. Santa Rita, então, pediu a Deus que não deixasse eles cometerem esse pecado mortal. Logo os dois ficaram muito doentes, de forma incurável. Antes que eles morressem, porém, Santa Rita ajudou os dois a se converterem, ao amor de Deus e ao perdão. A graça foi tão grande que os dois conseguiram perdoar o assassino do pai, e morreram.
Parece estranho, mas a morte dos dois filhos de Santa Rita quebrou uma corrente de ódio e vingança que poderia durar anos, causando muito mais sofrimentos e mortes. Depois disso, Santa Rita de Cássia teve a certeza em seu coração de que os três estavam juntos no céu. Assim, tudo tinha valido a pena.
Santa Rita, estando sozinha na vida, quis entrar para o convento das irmãs Agostinianas, obedecendo ao chamado que sentia desde menina. As irmãs, porém, estavam em duvida sobre sua vocação, visto que tinha sido casada, o marido fora assassinado e os dois filhos morreram de peste. Por tudo isso, elas não queriam aceitar Rita no convento.
Então, numa noite, Santa Rita dormia, quando ouviu uma voz chamando: Rita. Rita. Rita. Ela abriu a porta e estavam ali, São Francisco, São Nicolau e São João Batista. Eles pediram que ela os seguisse e depois de andarem pelas ruas, os santos desapareceram e Rita sentiu um suave empurrão. Ela caiu em êxtase e, quando voltou a si, estava dentro do mosteiro, estando este com as portas trancadas. Então as freiras não lhe puderam negar a entrada. Rita viveu ali por quarenta anos.
Em dúvida se vocação de Rita era verdadeira, a superiora mandou-a regar um pedaço de madeira seca que estava no jardim do convento. Ela deveria fazer aquilo por um ano. Rita obedeceu com paciência e amor. Depois de um ano, para a surpresa de todos, mais um milagre aconteceu: o galho se transformou numa videira que dá uvas até hoje.
Orando aos pés da cruz Santa Rita de Cássia pediu a Jesus que pudesse sentir um pouco das dores que ele sentiu na sua crucificação. Então, um dos espinhos da coroa de Jesus cravou-se em sua cabeça e Santa Rita sentiu um pouco daquela dor terrível que Jesus passou.
O espinho fez em Santa Rita uma grande ferida, de tal forma que ela tinha que ficar isolada de suas irmãs. Assim, ela fazia mais orações e jejuns para Deus. Santa Rita de Cássia ficou com a ferida por 15 anos. A chaga só foi curada quando Irmã Rita foi a Roma, no ano santo. Quando voltou ao mosteiro, porém, a ferida se abriu novamente.
No dia 22 de maio de 1457, o sino do convento começou a tocar sozinho. Santa Rita estava com 76 anos. Sua ferida cicatrizou-se e seu corpo começou a exalar um perfume de rosas. Uma freira chamada Catarina Mancini, que tinha um braço paralítico, ao abraçar Santa Rita de Cássia em seu leito de morte, ficou curada.
No lugar da ferida apareceu uma mancha vermelha que exalava um perfume celestial que encantou a todos. Logo apareceu uma multidão para vê-la. Então, tiveram que levar seu corpo para a igreja e lá está até hoje, exalando suave perfume, que a todos impressiona.
Santa Rita de Cássia foi beatifica no ano 1627, em Roma, pelo Papa Urbano Vlll. Sua canonização foi no ano de 1900, no dia 24 de maio, pelo Papa Leão Xlll e sua festa foi é comemorada no dia 22 de maio de todo ano.
Fonte: https://cruzterrasanta.com.br
Os frutos no Apostolado
TEMPO PASCAL. SEXTA SEMANA. QUARTA-FEIRA
- Anunciar na sua integridade a doutrina de Jesus Cristo. O exemplo de São Paulo e dos primeiros cristãos.
- Semear sempre; é Deus que dá os frutos. Constância no apostolado.
- O lugar privilegiado da mulher na evangelização da família.
I. A LEITURA DA MISSA revela-nos o espírito apostólico de São Paulo no meio de um mundo pagão. Em Atenas, no Areópago, o Apóstolo prega a essência da fé cristã tendo em conta a mentalidade e a ignorância dos ouvintes, mas sem omitir as verdades fundamentais. Sabia muito bem que a doutrina que expunha chocaria frontalmente com as convicções dos atenienses, mas não a adapta, deformando-a, para torná-la mais "compreensível".
Com efeito, ao ouvirem falar da ressurreição dos mortos, uns não o levaram a sério e outros disseram, enquanto abandonavam o recinto: A respeito disso, ouvir-te-emos em outra ocasião l. São Paulo deixou a cidade e foi para Corinto, mas, muito tempo depois, ainda recordará o episódio do Areópago, "diante de uns atenienses que eram amigos de novos sermões, mas não faziam caso das palavras que ouviam nem se preocupavam com o seu conteúdo: só lhes interessava ter alguma coisa nova que comentar" 2.
Os Apóstolos pregaram o Evangelho na sua integridade, e assim o tem feito também a Igreja ao longo dos séculos.
São Paulo ensinou todas as verdades e todos os preceitos de Cristo, mesmo os mais severos, sem calar nem mitigar nada. Falou da humildade, da abnegação, da castidade, do desprezo das coisas humanas, da obediência, do perdão aos inimigos e de outros assuntos semelhantes. E não teve receio algum em declarar que entre Deus e Belial é forçoso escolher aquele a quem se quer obedecer, e que não é possível ter os dois por mestres; que um julgamento temível nos aguarda depois da morte; que não é lícito mercadejar com Deus; que só se pode esperar a vida eterna se se cumpre toda a lei, e que o fogo eterno espera os que desobedecem a essa lei fazendo concessões às suas cobiças. Jamais o Pregador da verdade teve a idéia de se abster de tratar destes temas sob o pretexto de que, dada a corrupção da época, podiam parecer demasiado duros àqueles a quem se dirigia" 3. E nós devemos agir da mesma maneira.
Quem anuncia a doutrina de Cristo deve acostumar-se a ser impopular em muitas ocasiões, a ir contra a corrente, sem ocultar os aspectos dessa doutrina que se revelem mais exigentes: sentido da mortificação, honradez e honestidade nos negócios e na atividade profissional, generosidade no número de filhos, castidade e pureza na vida conjugai e fora dela, valor da virgindade e do celibato por amor a Cristo... Porque não temos outras receitas para curar este mundo doente: "Porventura um médico receita remédios inúteis ao seu paciente porque este tem horror àquilo que o poderia curar?" 4
Isto não quer dizer que não devamos esforçar-nos por ser sempre oportunos, tornando amável e atraente a doutrina do Senhor, porque não atrairemos ninguém à fé sendo intemperantes ou intempestivos, mas usando de afeto, bondade e paciência.
II. DEUS FAZ FRUTIFICAR a nossa oração e o nosso esforço de forma muitas vezes inesperada: Os meus eleitos não trabalharão em vão 5, prometeu-nos Ele. E na antífona da Comunhão lemos hoje as consoladoras palavras do Senhor: Fui eu que vos escolhi e vos constituí para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça 6.
A missão apostólica é umas vezes semeadura, sem frutos visíveis, e outras colheitas, talvez daquilo que os outros semearam com a sua palavra, com a sua dor oculta no leito de um hospital ou num trabalho escondido e sem brilho. Em ambos os casos, o Senhor quer que se alegrem juntos o semeador e aquele que ceifa 7.
Se os frutos tardam em chegar ou nos assalta a tentação de medir o valor dos nossos esforços pelos resultados imediatos, devemos lembrar-nos de que haverá ocasiões em que não veremos as espigas maduras; outros as colherão. O Senhor pede-nos que semeemos sem descanso e que experimentemos a alegria do lavrador, confiantes em que a semente lançada ao sulco um dia brotará. Assim evitaremos o desânimo, que é muitas vezes sinal de falta de retidão de intenção, de não estarmos trabalhando para o Senhor, mas para afirmar o nosso eu. Aquilo que não pudermos acabar será terminado por outros.
Não pretendamos também arrancar o fruto antes de estar maduro. "Não estraguemos a flor abrindo-a com os nossos dedos. A flor abrir-se-á e o fruto amadurecerá na estação e na hora que só Deus conhece. A nós cabe-nos plantar, regar... e esperar" 8.
A constância e a paciência são virtudes essenciais em toda a tarefa apostólica; ambas são manifestações da virtude da fortaleza.
O homem paciente parece-se com o semeador, que conta com o ritmo próprio da natureza e sabe executar cada operação no tempo oportuno: arar, semear, regar, adubar, colher: uma série de tarefas prévias, antes de ver a farinha pronta para o pão que alimentará toda a família. O impaciente quereria comer sem semear.
Se abandonássemos a luta pela nossa santidade e pela dos outros por não vermos resultado nenhum, estaríamos manifestando uma visão muito humana da nossa tarefa apostólica, que contrastaria abertamente com a figura paciente de Jesus. Ele sabe esperar dias, semanas, meses e anos antes da conversão do pecador.
As almas necessitam de um tempo que nós não sabemos calcular. Façamos bem a semeadura e depois sejamos pacientes; pecamos a Deus a fortaleza de ser constantes.
III. DA PREGAÇÃO DE SÃO PAULO durante o tempo que passou em Atenas surgiu a primeira comunidade cristã daquela cidade: Alguns homens aderiram a ele e creram: entre eles, Dionísio o Areopagita, uma mulher chamada Dâmaris e com eles, ainda outros 9. Foram a primeira semente plantada pelo Espírito Santo, da qual surgiriam depois muitos homens e mulheres fiéis a Cristo.
A mulher convertida é mencionada pelo nome: Dâmaris. É uma das numerosas mulheres que aparecem no livro do Atos dos Apóstolos, como manifestação clara de que a pregação do Evangelho era universal. Os Apóstolos seguiram em tudo o exemplo do Senhor, que, apesar dos preconceitos da época, anunciou a boa nova do Reino tanto aos homens como às mulheres 10. São Lucas também nos refere que a evangelização do continente se iniciou por uma mãe de família, Lídia, que logo a seguir iniciou a tarefa apostólica pela sua própria família, conseguindo que todos os da sua casa recebessem o batismo u. Entre os samaritanos, quem primeiro recebeu a mensagem de Cristo foi uma mulher, e foi ela a primeira que a difundiu na sua cidade 12.
O Evangelho mostra-nos como as mulheres seguiam e serviam o Senhor, como estiveram ao pé da Cruz e foram as primeiras a perceber que o sepulcro estava vazio. Não encontramos nelas o menor sinal de hipocrisia no trato com o Senhor, nem injúrias ou deserções.
São Paulo teve uma profunda visão do papel que a mulher cristã viria a desempenhar como mãe, esposa e irmã na propagação do cristianismo. Podemos observá-lo pelo tratamento que lhes concede na sua pregação e nas suas cartas. Algumas delas são especialmente mencionadas com agradecimento, pela ajuda sacrificada que lhe prestaram na sua tarefa evangelizadora.
Na nossa época, como em todas, a mulher desempenha um papel extraordinário no apostolado e na preservação da fé. "A mulher está destinada a levar à família, à sociedade civil, à Igreja, algo de característico, que lhe é próprio e que só ela pode dar: a sua delicada ternura, a sua generosidade incansável, o seu amor pelo concreto, a sua agudeza de engenho, a sua capacidade de intuição, a sua piedade profunda e simples, a sua tenacidade..." 13
Se essas qualidades de que Deus dotou a personalidade da mulher forem desenvolvidas e atualizadas, "a sua vida e o seu trabalho serão realmente construtivos e fecundos, cheios de sentido, quer passe o dia dedicada ao marido e aos filhos, quer, tendo renunciado ao casamento por alguma razão nobre, se entregue plenamente a outras tarefas. Cada uma no seu próprio caminho, sendo fiel à sua vocação humana e divina, pode realizar e realiza de fato a plenitude da personalidade feminina. Não esqueçamos que Santa Maria, Mãe de Deus e Mãe dos homens, é não apenas modelo, mas também prova do valor transcendente que pode ser alcançado por uma vida aparentemente sem relevo" 14. Pedimos à Virgem pelos frutos deste trabalho da mulher na família, na sociedade, na Igreja, e que haja sempre entre elas abundantes vocações de entrega a Deus.
(1) At 17, 32; (2) São João Crisóstomo, Homílias sobre os Atos dos Apóstolos, 39; (3) Bento XV, Ene. Humanum genus; (4) ib. (5) Is 65, 23; (6) Jo 15, 16-19; (7) cfr. Jo 4, 36; (8) G. Chevrot, Jesus e a Samaritana; (9) At 17, 34; (10) cfr. Sagrada Bíblia, Atos dos Apóstolos; (11) cfr. At 16, 14; (12) cfr. Jo 4, 1 e segs.; (13) São Josemaría Escrivá, Questões atuais do cristianismo, n. 87; (14) ib.
Maio, o mês de Maria
TEMPO PASCAL. SEXTA SEMANA. TERÇA-FEIRA
– A devoção à Virgem atrai a misericórdia divina. Amor de todo o povo cristão.
– O mês de Maio.
– As romarias. Sentido penitencial e apostólico.
I. “MÊS DE SOL E DE FLORES [...], mês de Maria, coroando o tempo pascal. O nosso pensamento vinha seguindo Jesus desde o Advento; agora que a paz, que é conseqüência da Ressurreição, reina no nosso coração, como não nos dirigirmos Àquela que no-lo trouxe?
“Apareceu sobre a terra para preparar a sua vinda; viveu à sua sombra, ao ponto de não a vermos no Evangelho senão como Mãe de Jesus, seguindo-o, velando por Ele; e quando Jesus nos deixa, Ela desaparece suavemente. Desaparece, mas fica na memória dos povos, porque lhe devemos Jesus...” 1
Como em outras ocasiões, Jesus dirige-se à multidão e fala-lhe dos mistérios do Reino de Deus. As pessoas que o rodeiam têm os olhos fixos nEle e guardam um profundo silêncio. De repente, uma mulher grita com toda a força: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos que te amamentaram 2.
Começa a cumprir-se a profecia contida no Magnificat: Eis que todas as gerações me proclamarão bem-aventurada 3. Com o desembaraço da gente do povo, uma mulher dá início àquilo que não terminará até o fim do mundo. Essas palavras de Santa Maria, proferidas nos começos da sua vocação sob o impulso do Espírito Santo, teriam o seu total cumprimento através dos séculos: poetas, intelectuais, reis e guerreiros, artesãos, mães de família, homens e mulheres, gente de idade madura e meninos que acabaram de aprender a falar; no campo, na cidade, no cume dos montes, nas fábricas e nos caminhos; no meio da dor ou da alegria, em momentos transcendentais (quantos milhões de cristãos não entregaram a sua alma a Deus olhando para uma imagem da Virgem ou recitando com os lábios ou apenas em pensamento o doce nome de Maria!), ou simplesmente no dobrar de uma esquina da qual se vislumbrava uma imagem de Nossa Senhora; em tantas e tão diversas situações, milhares de vozes, em línguas diversíssimas, cantaram os seus louvores à Mãe de Deus.
É um clamor ininterrupto por toda a terra, que atrai todos os dias a misericórdia de Deus sobre o mundo, e que não se explica senão por um expresso querer divino. “Desde remotíssimos tempos – recorda o Concílio Vaticano II – a Bem-aventurada Virgem Maria é venerada sob o título de Mãe de Deus, sob cuja proteção os fiéis se refugiam súplices em todos os seus perigos e necessidades” 4.
Todo o povo cristão soube sempre chegar a Deus através da sua Mãe. Com uma experiência constante das suas graças e favores, chamou-a Onipotência suplicante e encontrou nEla o atalho que o levava mais depressa para Deus. O amor inventou numerosas formas de tratá-la e honrá-la e a Igreja fomentou e abençoou constantemente essas devoções como caminho seguro para chegar até o Senhor, “porque Maria é sempre caminho que conduz a Cristo. Todo o encontro com Ela não pode deixar de terminar num encontro com o próprio Cristo. E o que significa o contínuo recurso a Maria senão procurar entre os seus braços, nEla, por Ela e com Ela, a Cristo, Nosso Salvador?” 5
II. NESTE MÊS DE MAIO, muitos bons cristãos cultivam especiais manifestações de piedade para com a Virgem Santa Maria, e essas práticas são para eles fonte de alegria em todos os dias do mês. Seguem de perto a recomendação do Concílio Vaticano II: “Todos os fiéis cristãos ofereçam insistentes súplicas à Mãe de Deus e Mãe dos homens para que Ela, que com as suas preces assistiu às primícias da Igreja, também agora, exaltada no Céu sobre todos os bem-aventurados e anjos, na Comunhão de todos os Santos, interceda junto do seu Filho” 6. E em outro lugar: “Dêem grande valor às práticas e aos exercícios de piedade para com a Virgem Maria recomendados pelo Magistério no decurso dos séculos” 7.
A devoção à Virgem no mês de Maio nasceu do amor, que sempre procurou novas formas de exprimir-se, e da reação contra os costumes pagãos que existiam em muitos lugares no “mês das flores”. Ao longo dos dias deste mês, os cristãos oferecem a Nossa Senhora especiais obséquios que os levam a estar mais perto dEla: romarias, visitas a alguma igreja a Ela dedicada, pequenos sacrifícios em sua honra, horas de estudo ou de trabalho bem acabado, mais atenção na recitação do terço... “Surge assim em nós, de forma espontânea e natural, o desejo de procurar a intimidade com a Mãe de Deus, que é também Mãe nossa; de conviver com Ela como se convive com uma pessoa viva, já que sobre Ela não triunfou a morte, antes está em corpo e alma junto de Deus Pai, junto de seu Filho, junto do Espírito Santo [...].
“Como se comporta um filho ou uma filha normal com a sua mãe? De mil maneiras, mas sempre com carinho e confiança. Com um carinho que em cada caso fluirá por condutos nascidos da própria vida, e que nunca são uma coisa fria, mas costumes íntimos de lar, pequenos detalhes diários que o filho precisa ter com sua mãe e de que a mãe sente falta se alguma vez o filho os esquece: um beijo ou uma carícia ao sair de casa ou ao voltar, uma pequena delicadeza, umas palavras expressivas...
“Em nossas relações com a nossa Mãe do Céu, existem também essas normas de piedade filial que são os moldes do nosso comportamento habitual com Ela. Muitos cristãos adotam o antigo costume do escapulário; ou adquirem o hábito de saudar – não são precisas palavras, basta o pensamento – as imagens de Maria que se encontram em todo o lar cristão ou adornam as ruas de tantas cidades; ou vivem essa maravilhosa oração que é o terço, em que a alma não se cansa de dizer sempre as mesmas coisas, como não se cansam os namorados, e em que se aprende a reviver os momentos centrais da vida do Senhor; ou então acostumam-se a dedicar à Senhora um dia da semana – precisamente este em que agora estamos reunidos: o sábado –, oferecendo-lhe alguma pequena delicadeza e meditando mais especialmente na sua maternidade” 8.
III. UMA MANIFESTAÇÃO TRADICIONAL de amor à nossa Mãe é a romaria a um santuário ou ermida de Nossa Senhora. É uma visita revestida de caráter penitencial – traduzido talvez num pequeno sacrifício: fazer o trajeto a pé a partir de um lugar conveniente, ter algum pormenor de sobriedade que custe sacrifício... – e de sentido apostólico, com o propósito de aproximar mais de Deus as pessoas que nos acompanham e rezando juntos com especial piedade os três terços do Santo Rosário.
A romaria pode ser uma ocasião muito propícia e fecunda de apostolado com os nossos amigos. Nesses santuários e ermidas, milhares de pessoas alcançaram graças ordinárias e extraordinárias da Mãe de Deus: uns começaram uma vida nova, depois de fazerem uma boa confissão dos seus pecados, talvez após muitos anos; outros compreenderam que o Senhor os chamava a uma entrega mais plena ao serviço dEle e das almas; outros obtiveram ajuda para vencer graves dificuldades da alma ou do corpo... Ninguém voltou desses lugares com as mãos vazias. Paulo VI dizia que a Providência, “por caminhos freqüentemente admiráveis, marcou os santuários marianos com um cunho particular” 9.
As pessoas acorrem a estes lugares, pequenos ou grandes, em que há uma presença especial da Virgem, para dar-lhe graças, para louvá-la, para pedir-lhe, e também para começar uma vida nova depois de terem vivido talvez longe de Deus. Porque, como diz João Paulo II, a herança de fé mariana de tantas gerações não é nesses lugares marianos mera recordação de um passado, mas ponto de partida para Deus. “As orações e sacrifícios oferecidos, o palpitar vital de um povo, que manifesta diante de Maria os seus seculares gozos, tristezas e esperanças, são pedras novas que elevam a dimensão sagrada de uma fé mariana. Porque, nessa continuidade religiosa, a virtude gera nova virtude, a graça atrai graça” 10.
Estes locais de peregrinação, que remontam aos primeiros séculos, são atualmente incontáveis e estão espalhados por toda a terra. Foram fruto da piedade e do amor dos cristãos à sua Mãe através dos séculos. Preparemos nós a romaria na nossa oração, com sentido apostólico, com sentido penitencial (que facilita a oração e a eleva com maior prontidão a Deus) e com uma grande devoção mariana, que se há de manifestar nesse dia pela recitação cheia de piedade do Santo Rosário. Não esqueçamos que assim estaremos cumprindo a profecia feita um dia por Nossa Senhora: Eis que todas as gerações me proclamarão bem-aventurada. Não nos esqueçamos também de ter, durante todos os dias deste mês, especiais demonstrações de amor para com a nossa Mãe.
(1) J. Leclercq, Siguiendo el año litúrgico, Rialp, Madrid, 1957, págs. 215-216; (2) Lc 11, 27; (3) Lc 1, 48; (4) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 66; (5) Paulo VI, Enc. Mense Maio, 29-IV-1965; (6) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 69; (7) ib., 67; (8) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 142; (9) Paulo VI, Carta aos reitores dos santuários marianos, 1-V-1971; (10) João Paulo II, Homilia em Saragoça, 6-XI-1982.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
São Félix de Cantalício
18 de Maio
São Félix de Cantalício
Félix Porro nasceu na pequena província agrícola de Cantalício, Rieti, Itália, em 1515. Filho de uma família muito modesta de camponeses, teve de trabalhar desde a tenra idade, não podendo estudar. Na adolescência, transferiu-se para Cittaducale, para trabalhar como pastor e lavrador numa rica propriedade. Alimentava sua vocação à austeridade de vida, solidariedade ao próximo, lendo a vida dos Padres, o Evangelho e praticando a oração contemplativa, associada à penitência constante e à caridade cristã.
Aos trinta anos de idade entrou para os capuchinhos. E, em 1545, depois de completar um ano de noviciado, emitiu a profissão dos votos religiosos no pequeno convento de Monte São João. Ele pertenceu à primeira geração dos capuchinhos. Os primeiros anos de vida religiosa passou entre os conventos de Monte São João, Tívoli e Palanzana de Viterbo, para depois, no final de 1547, se transferir, definitivamente, para o convento de São Boaventura, em Roma, sede principal da Ordem, onde viveu mais quarenta anos, sendo chamado de frei Félix de Cantalício.
Nesse período, trajando um hábito velho e roto, trazendo sempre nas mãos um rosário e nas costas um grande saco, que fazia pender seu corpo cansado, ele saía, para esmolar ajuda para o convento, pelas rua da cidade eterna. Todas as pessoas, adultos, velhos ou crianças, pobres ou ricos, o veneravam, tamanha era sua bondade e santidade. A todos e a tudo agradecia sempre com a mesma frase: 'Deo Gracias', ou seja, Graças a Deus. Mendigou antes o pão e depois, até à morte, vinho e óleo para os seus frades.
Quando já bem velhinho foi abordado por um cardeal que lhe perguntou por que não pedia aos seus superiores um merecido descanso, frei Felix foi categórico na resposta: 'O soldado morre com as armas na mão e o burro com o peso do fardo. Não permita Deus que eu dê repouso ao meu corpo, que outro fim não tem senão sofrer e trabalhar'.
Em vida, foram muitos os prodígios, curas e profecias atribuídos a frei Félix, testemunhados quase só pela população: os frades não julgavam oportuno difundi-los. Mas quando ele morreu, ficaram atônitos com a imensa procissão de fiéis que desejavam se despedir do amado frei, ao qual, juntamente com o papa Xisto V, proclamavam os seus milagres e a sua santidade.
Ele vivenciou o seguimento de Jesus descrito nas constituições da Ordem, na simplicidade do seu carisma. Conviveu com muitos frades e religiosos ilustres, sendo amigo pessoal de Felipe Néri, Carlo Borromeo, hoje também santos, e do papa Xisto V, ao qual predisse o seu papado.
No dia 18 de maio de 1587, aos setenta e dois anos, depois de oito anos de sofrimentos causados por uma doença nos intestinos, e tendo uma visão da Santíssima Virgem, frei Félix deu seu último suspiro e partiu para os braços do Pai Eterno. O papa Clemente XI o canonizou em 1712. O corpo de são Félix de Cantalício repousa na igreja da Imaculada Conceição, em Roma.
Texto: Paulinas Internet
Os Dons do Espírito Santo
TEMPO PASCAL. SEXTA SEMANA. SEGUNDA-FEIRA
– As virtudes sobrenaturais e os dons do Espírito Santo.
– Os sete dons. A sua influência na vida cristã.
– Decenário ao Espírito Santo.
I. VIVEMOS RODEADOS de dons de Deus. Tudo o que temos de bom, as qualidades da alma e do corpo..., são dádivas do Senhor para que sejamos felizes nesta vida e com elas alcancemos o Céu. Mas foi sobretudo no momento do nosso batismo que o nosso Pai-Deus nos cumulou de bens incontáveis. Apagou a mancha do pecado original na nossa alma. Enriqueceu-nos com a graça santificante, pela qual nos fez participantes da sua própria vida divina e nos constituiu seus filhos. Fez-nos membros da sua Igreja.
Juntamente com a graça, Deus adornou a nossa alma com as virtudes sobrenaturais e os dons do Espírito Santo. As virtudes dão-nos o poder, a capacidade de agir sobrenaturalmente, de apreciar o mundo e os acontecimentos a partir de um ponto de vista mais alto, o da fé, e de nos comportarmos como verdadeiros filhos de Deus. Permitem-nos conhecer intimamente a Deus, amá-lo como Ele se ama, e realizar obras meritórias para a vida eterna. Sob a influência destas virtudes, o nosso trabalho, ainda que humanamente pareça de pouca importância, converte-se num tesouro de méritos para o Céu.
As virtudes sobrenaturais dão-nos, pois, a capacidade de agir sobrenaturalmente, assim como, analogamente, as pernas nos permitem caminhar e os olhos nos permitem contemplar o mundo à nossa volta. Mas não basta ter pernas para empreender uma viagem, nem olhos para contemplar um quadro. É necessária a cooperação da nossa liberdade, o nosso querer e o nosso esforço para começarmos a caminhar ou para prestarmos atenção à beleza de um quadro.
Os dons do Espírito Santo são um novo presente que Deus faz à alma precisamente para que possa realizar de um modo mais perfeito e como que sem esforço as obras boas através das quais se manifesta o amor a Deus, a santidade 1.
Por esses dons, a alma é revestida “de um aumento de forças e aptidão, para mais fácil e prontamente obedecer à voz e ao incitamento do Espírito Divino; possuem além disso tanta eficácia que conduzem o homem ao mais alto grau de santidade, e são tão excelentes que permanecem os mesmos no reino celestial, embora mais perfeitos. Graças a estes carismas, a alma sente-se aliciada e estimulada a empenhar-se em alcançar as bem-aventuranças evangélicas que, quais flores desabrochadas em plena primavera, prenunciam a bem-aventurança eternamente duradoura” 2.
Os dons do Espírito Santo vão modelando a nossa vida segundo as maneiras e modos próprios de um filho de Deus, e dão-nos maior delicadeza e sensibilidade para ouvir e pôr em prática as moções e inspirações do Paráclito, que desse modo vai governando com prontidão e facilidade a nossa vida, guiada agora pelo querer de Deus, e não pelos gostos e caprichos pessoais.
Hoje, pedimos ao Espírito Santo que dobre em nós o que é rígido, especialmente a rigidez da soberba; que aqueça em nós o que está frio, a tibieza no relacionamento com Deus; que reconduza o extraviado 3, porque são muitos os apegamentos terrenos, o peso dos pecados passados, a fraqueza da vontade, o desconhecimento daquilo que em tantas ocasiões seria mais grato a Deus... Daqui provêm os fracassos e debilidades, os cansaços e derrotas. Por isso, pedimos-lhe na nossa oração que nos arranque da alma “o peso morto, resto de todas as impurezas, que a faz prender-se ao chão [...]; para que suba até à Majestade de Deus, a fundir-se na labareda viva de Amor que é Ele” 4.
II. QUANDO VIER O PARÁCLITO, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade que procede do Pai, Ele dará testemunho de mim 5. O Evangelho da Missa transmite-nos este novo anúncio do Senhor, e a liturgia da Igreja convida-nos de muitas maneiras a preparar as nossas almas para a ação do Espírito Santo, isto é, para receber a luz e a proteção do Paráclito através dos seus dons. A luz que recebemos na inteligência faz-nos conhecer e compreender as coisas divinas; a ajuda que a nossa vontade obtém permite-nos aproveitar com eficácia as oportunidades de realizar o bem que se apresentam todos os dias e de rejeitar tudo aquilo que nos possa afastar de Deus.
O dom da inteligência mostra-nos com maior clareza as riquezas da fé; o dom da ciência leva-nos a julgar com retidão as coisas criadas e a manter o coração em Deus e nas coisas criadas na medida em que nos conduzam a Ele; o dom da sabedoria faz-nos compreender as maravilhas insondáveis de Deus e incita-nos a procurá-lo sobre todas as coisas e no meio das nossas obrigações; o dom de conselho mostra-nos os caminhos da santidade, o querer de Deus na nossa vida diária, e anima-nos a optar pela solução que mais se harmoniza com a glória de Deus e com o bem dos outros; o dom da piedade inclina-nos a tratar a Deus com a confiança com que um filho trata a seu pai; o dom da fortaleza estimula-nos continuamente e ajuda-nos a vencer as dificuldades que encontramos no nosso caminhar para Deus; o dom do temor induz-nos a fugir das ocasiões de pecado, a evitar o mal que possa contristar o Espírito Santo 6, a ter um receio radical de nos separarmos dAquele que amamos e que constitui a nossa razão de ser e de viver.
Nestes dias em que nos preparamos para a celebração da vinda solene do Espírito Santo sobre a Igreja – representada pelos Apóstolos reunidos no Cenáculo, ao lado de Santa Maria, Mãe de Deus –, pedimos insistentemente que sejamos dóceis à ação do Paráclito na nossa alma e que não cessem as suas inspirações sobre os homens da nossa época, “especialmente sedenta do Espírito Santo”7 e tão necessitada da sua proteção e ajuda. Dizemos-lhe:
“Vinde, Espírito Santo, e enviai do céu um raio da vossa luz. Vinde, pai dos pobres; vinde, dador das graças; vinde, luz dos corações [...]. Concedei aos vossos fiéis, que em Vós confiam, os vossos sete dons sagrados. Dai-lhes o mérito da virtude, dai-lhes o porto da salvação, dai-lhes a felicidade eterna” 8.
III. PARA AUMENTARMOS A DEVOÇÃO ao Espírito Santo, comecemos por praticar as virtudes humanas e cristãs, no trabalho e na convivência diária. “Se o cristão luta por adquirir estas virtudes, a sua alma dispõe-se a receber com eficácia a graça do Espírito Santo [...]. E a Terceira Pessoa da Trindade Beatíssima – doce hóspede da alma (Seqüência Veni, Sancte Spiritus) – oferece os seus dons: dom de sabedoria, de entendimento, de conselho, de fortaleza, de ciência, de piedade, de temor de Deus (cfr. Is 11, 2)” 9.
O Espírito Santo deseja dar-nos os seus dons de uma forma tão abundante que formem um rio impetuoso na nossa vida sobrenatural e produzam em nós os seus frutos admiráveis.
Só espera que afastemos os possíveis obstáculos da nossa alma, que lhe peçamos mais desejos de purificação, que lhe digamos do mais íntimo de nós mesmos: Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso Amor. Ele não deseja outra coisa senão cumular-nos da sua graça e dos seus dons. Se vós – dizia o Senhor –, sendo maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem 10.
Ao longo destes dias em que nos preparamos para a festa de Pentecostes, devemos pedir com humildade ao Pai das luzes 11 que nos envie aos nossos corações o Espírito do seu Filho, o qual nos faz clamar: Abba! Pai! 12 Devemos pedir a Cristo que nos envie do seio do Pai Aquele que é Consolador ótimo, doce Hóspede da alma, doce refrigério 13.
No Decenário que começaremos depois da solenidade da Ascensão, queremos preparar-nos para ser mais dóceis às graças que o Paráclito nos outorga continuamente. Peçamos-lhe cada um dos seus dons para sermos seus bons instrumentos na família, nas nossas ocupações, na sociedade. “Caminho seguro de humildade é meditar como, mesmo carecendo de talento, de renome e de fortuna, podemos ser instrumentos eficazes, se recorremos ao Espírito Santo para que nos dispense os seus dons. Os Apóstolos, apesar de terem sido instruídos por Jesus durante três anos, fugiram espavoridos diante dos inimigos de Cristo. No entanto, depois do Pentecostes, deixaram-se açoitar e prender, e acabaram dando a vida em testemunho da sua fé” 14.
O nosso propósito de fidelidade às inspirações e graças que recebemos do Espírito Santo levar-nos-á muitas vezes à docilidade aos conselhos que recebemos daquele a quem confiamos a orientação da nossa vida espiritual, ao esforço diário por cumprir as metas e sugestões que nos indica.
Aproximar-se da Virgem, Esposa de Deus Espírito Santo, é um modo seguro de preparar a alma para os dons que o Paráclito nos queira dar.
(1) Cfr. São Tomás, Suma Teológica, 1-2, q. 68, a. 1; (2) Leão XIII, Enc. Divinum illud munus, 9-V-1897, 12; (3) cfr. Seqüência do Domingo de Pentecostes; (4) cfr. São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 886; (5) Jo 15, 26; (6) Ef 4, 30; (7) João Paulo II, Enc. Redemptor hominis, 4-III-1979; (8) Seqüência da Missa de Pentecostes; (9) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 92; (10) Lc 11, 13; (11) Ti 1, 17; (12) Gal 4, 6; (13) Seqüência da Missa de Pentecostes; (14) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 283.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
São Pascoal Baylon
17 de Maio
São Pascoal Baylon
Nasceu em Torre Hermosa, no reino de Aragão, na Espanha, filho de Martinho Bailão e Isabel Jubera, a 16 de maio de 1540, festa de Pentecostes, chamada de Páscoa cor de rosa, daí chamar-se Pascoal. Provinha de uma família numerosa, pobre e humilde, na qual se vivia, no entanto, profundo espírito religioso, devido sobretudo à mãe que era da Eucaristia. Biógrafos dizem também que era muito generosa em dar esmolas aos pobres. Pascoal não pôde freqüentar a escola porque seu pai precisava que ele cuidasse do rebanho, serviço que executou com grande dedicação até mesmo quando este encargo lhe era ocasionalmente conferido por um ou outro pastor. Executando seu trabalho distante do povoado e da igreja, passava horas inteiras em oração, privando-se de alimentos para dominar ou adestrar seu corpo. Era desses que tinha o hábito da flagelação. Longe do ruído, nas montanhas, cuidando das ovelhas tinha tempo para rezar, meditar, louvar a Deus e venerar Maria. De trato amável nos relacionamentos, com sua doçura e serenidade, conquistou a amizade de muitos pastores que encontrava nas alturas dos montes e nos vales da Andaluzia e entre os quais começou seu primeiro apostolado com simplicidade e ardor sincero. Procurava pastagens das quais pudesse ver uma igreja em que se conservava a Eucaristia para adorá-la enquanto seus rebanhos pastavam, como confidenciou ao companheiro de trabalho que haveria de dar este testemunho 18 anos depois de sua santa morte.
Quando completou dezoito anos, em Monteforte del Cid, veio a conhecer os franciscanos do convento de Santa Maria de Loreto. Pensava em poder realizar seu sonho de se tornar religioso. Como isso ainda não lhe era possível aceitou de realizar o trabalho de pastor junto a um rico proprietário de ovelhas, Martino Garcia, que lhe dava a permissão de freqüentar o Santuário Mariano e residir junto ao convento franciscano. Enquanto pastoreava não muito distante do convento caía em êxtase ao som do sino que anunciava a elevação no momento da consagração .
Por fim, a 2 de fevereiro de 1564, já com fama de santidade, pode vestir o hábito franciscano e, no ano seguinte, fazer sua profissão religiosa no convento dos frades alcantarinos de Orito, onde permaneceu até 1573, dedicando-se a tarefas muito humildes, de modo particular ao mister de porteiro. Muito estimado pela vida de austeridade que levava e favorecido por dons do Espírito Santo, entre os quais do dom da sabedoria infusa, o iletrado Pascoal – que tinha aprendido a ler enquanto pastoreava o rebanho e depois conseguiu apenas escrever alguma coisa, era procurado por pessoas eruditas que vinham se aconselhar com ele. De 1573 até 1589, sua vida transcorreu em diferentes conventos da província de Alicante, passando depois para a Província de Castellon, no convento de Vila Real.
A obediência o obrigou a fazer uma longa e perigosa viagem até Paris. O Ministro Provincial da Espanha, em 1576, necessitava comunicar-se com urgência com o Ministro Geral da Ordem Cristóvão de Cheffontaines. O dito Ministro sabia bem que era difícil uma tal viagem no tempo das perseguições calvinistas. Na verdade, Pascoal foi muito hostilizado e insultado. Em Orleans quase veio a morrer depois de uma discussão a respeito da Eucaristia. Esta não foi a única investida contra o frade menor antes que ele chegasse ao seu destino e entregasse a correspondência que levava para o Ministro Geral. Voltando desta viagem escreveu um livro com sentenças (pensamentos), um pequeno tratado ou compêndio sobre a Eucaristia. Falava, é claro, da presença real de Jesus neste sacramento e também dos poderes transmitidos ao Papa.
Mereceu ele receber o cognome de “teólogo da eucaristia”, não somente por ter resolvido as questões dos adversários na França, mas também pela coletânea de escritos que deixou a respeito do Sacramento da Eucaristia que foi sempre o centro de sua intensa vida espiritual e a marca mais evidente de sua vida. Estando sempre à disposição dos confrades e dos que batiam à porta do convento, Pascoal, além disso, continuava a infligir-se penitências e com isto debilitou sua saúde até o limite de capacidade de resistência.
Os últimos anos de vida de Pascoal se transcorreram no convento de Vila Real, em Valência, exercendo sempre o ofício de porteiro e de esmoler, muito estimado por toda a população, de modo especial pelos mais simples e pelas crianças. Todos queriam receber a bênção do frade ao lhe darem uma pequena oferta. Tudo ia sendo assim feito até o dia em que exercendo seu ministério de esmoler perdeu as forças. Compreendendo que estava próxima a sua morte correu ao seu encontro. De fato, veio a falecer no convento do Rosário, a 17 de maio de 1592, solenidade de Pentecostes, com a idade de 53 anos. Foram muitos os que vieram dar o último adeus ao piedoso frade. Os biógrafos contam, que durante a celebração da missa de exéquias, no momento da elevação do cálice e da patena, seu corpo já enrijecido pela morte reabriu os olhos para fixar o Pão e o Vinho da Eucaristia dando assim seu último testemunho de apreço pelo Santíssimo Sacramento.
Sua santidade foi confirmada por muitos milagres que espalharam sua fama por todo o mundo católico. Vinte e seis anos depois, no dia 29 de outubro de 1618, era proclamado bem-aventurado (beato) por Paulo V e a 16 de outubro de 1690, canonizado por Alexandre VIII. O Papa Leão XIII, no dia 26 de novembro de 1897, proclamou-o patrono das devoções eucarísticas e, pouco depois, também dos congressos eucarísticos internacionais.
Os restos mortais de São Pascoal Bailão, venerados em Vila Real, foram profanados e espalhados durante a guerra civil espanhola (1936-39). Parcialmente recuperados foram restituídos à cidade de Vila Real em 1952.
Fonte: http://www.santosebeatoscatolicos.com
A Esperança do Céu
TEMPO PASCAL. SEXTO DOMINGO
– Fomos criados para o Céu. Fomentar a esperança.
– O que Deus revelou sobre a vida eterna.
– A ressurreição da carne. O pensamento do Céu deve levar-nos a uma luta decidida e alegre por alcançá-lo.
I. NESTES QUARENTA DIAS que separam a Páscoa da Ascensão do Senhor, a Igreja convida-nos a ter os olhos postos no Céu, a Pátria definitiva a que o Senhor nos chama.
O Senhor prometera aos seus discípulos que, passado um pouco de tempo, estaria com eles para sempre. Ainda um pouco de tempo e o mundo já não me verá. Vós, porém, tornareis a ver-me...1 O Senhor cumpriu a sua promessa nos dias em que permaneceu junto dos seus após a Ressurreição, mas essa presença não terminará quando subir com o seu Corpo glorioso ao Pai, pois pela sua Paixão e Morte nos preparou um lugar na casa do Pai, onde há muitas moradas 2. Voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, estejais vós também 3.
Os Apóstolos, que se tinham entristecido com a predição das negações de Pedro, são confortados com a esperança do Céu. A volta a que Jesus se refere inclui a sua segunda vinda no fim do mundo 4 e o encontro com cada alma quando se separar do corpo. A nossa morte será precisamente o encontro com Cristo, a quem procuramos servir nesta vida e que nos levará à plenitude da glória. Será o encontro com Aquele com quem falamos na nossa oração, com quem dialogamos tantas vezes ao longo do dia.
Do trato habitual com Jesus Cristo nasce o desejo de nos encontrarmos com Ele. A fé lima muitas das asperezas da morte. O amor ao Senhor muda completamente o sentido desse momento final que chegará para todos. “Os que se amam procuram ver-se. Os enamorados só têm olhos para o seu amor. Não é lógico que seja assim? O coração humano sente esses imperativos. Eu mentiria se negasse que me move tanto a ânsia de contemplar a face de Jesus Cristo. Vultum tuum, Domine, requiram, procurarei, Senhor, o teu rosto” 5.
O pensamento do Céu ajudar-nos-á a superar os momentos difíceis. É muito agradável a Deus que fomentemos esta esperança teologal, que está unida à fé e ao amor, e que em muitas ocasiões nos será especialmente necessária.
“À hora da tentação, pensa no Amor que te espera no Céu. Fomenta a virtude da esperança, que não é falta de generosidade” 6. Devemos fomentá-la nos momentos em que a dor e a tribulação se tornarem mais fortes, quando nos custar ser fiéis ou perseverar no trabalho ou no apostolado. O prêmio é muito grande! E está no dobrar da esquina, dentro de não muito tempo.
A meditação sobre o Céu deve também estimular-nos a ser mais generosos na nossa luta diária “porque a esperança do prêmio conforta a alma para que empreenda boas obras” 7. O pensamento desse encontro definitivo de amor a que fomos chamados ajudar-nos-á a estar mais vigilantes nas nossas tarefas grandes e nas pequenas, realizando-as de um modo acabado, como se fossem as últimas antes de irmos para o Pai.
II. NÃO EXISTEM PALAVRAS para exprimir, nem mesmo remotamente, o que será a vida no Céu que Deus prometeu aos seus filhos. Sabemos que “estaremos com Cristo e veremos a Deus (cfr. 1 Jo 3, 2); promessa e mistério admiráveis, nos quais reside essencialmente a nossa esperança. Se a imaginação não os pode alcançar, o coração alcança-os instintiva e profundamente” 8.
Será uma realidade felicíssima, que agora entrevemos pela Revelação e que mal podemos imaginar nas nossas condições atuais. O Antigo Testamento descreve a felicidade do Céu evocando a terra prometida depois de tão dura caminhada pelo deserto. Ali encontraremos todos os bens 9, ali terminarão as fadigas de tão longa e difícil peregrinação.
O Senhor falou-nos de muitas maneiras da incomparável felicidade que aguarda aqueles que amam a Deus com obras neste mundo. A eterna bem-aventurança é uma das verdades que nos pregou com mais insistência: Esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não deixe perecer nenhum daqueles que me deu, mas que os ressuscite no último dia. Esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho, e nele crê, tenha a vida eterna 10. Pai, dirá na Última Ceia, quero que, onde eu estou, estejam comigo aqueles que me deste, para que vejam a glória que me concedeste, porque me amaste antes da criação do mundo 11.
A bem-aventurança eterna é comparada a um banquete que Deus prepara para todos os homens e que saciará todas as ânsias de felicidade que o ser humano traz no coração 12. Os Apóstolos falam-nos freqüentemente dessa felicidade que esperamos. São Paulo ensina que agora vemos a Deus como por um espelho, confusamente; mas então vê-lo-emos face a face 13, e ali a nossa alegria e felicidade serão indescritíveis 14.
A felicidade da vida eterna consistirá antes de mais nada na visão direta e imediata de Deus. Esta visão não é somente um conhecimento intelectual perfeitíssimo, mas também comunhão de vida com Deus, Uno e Trino. Ver a Deus é encontrar-se com Ele, ser feliz nEle. Da contemplação amorosa das três Pessoas divinas brotará em nós uma alegria ilimitada. Serão satisfeitas, sem termo e sem fim, todas as exigências de felicidade e de amor do nosso pobre coração.
“Vamos pensar no que será o Céu. Nem olho algum viu, nem ouvido algum ouviu, nem passaram pelo pensamento do homem as coisas que Deus preparou para os que o amam. Imaginamos o que será chegar ali, e encontrar-nos com Deus, e ver aquela formosura, aquele amor que se derrama sobre os nossos corações, que sacia sem saciar? Eu me pergunto muitas vezes ao dia: o que será quando toda a beleza, toda a bondade, toda a maravilha infinita de Deus se derramarem sobre este pobre vaso de barro que sou eu, que somos todos nós? E então compreendo bem aquela frase do Apóstolo: Nem olho algum viu, nem ouvido algum ouviu... Vale a pena, meus filhos, vale a pena” 15.
III. ALÉM DO IMENSO JÚBILO de contemplar a Deus, de ver e de estar com Jesus Cristo glorificado, experimentaremos uma bem-aventurança acidental, que nos fará fruir dos bens criados que satisfazem as nossas aspirações. A companhia das pessoas justas a quem mais quisemos neste mundo: a família, os amigos; como também a glória dos nossos corpos ressuscitados, porque o nosso corpo ressuscitado será numérica e especificamente idêntico ao terreno: É necessário – indica São Paulo – que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que este corpo mortal se revista da imortalidade 16. Este, o nosso, não outro semelhante ou muito parecido. “É muito importante – afirma o Catecismo Romano – estarmos convencidos de que este mesmo corpo, e sem dúvida o mesmo corpo que foi o de cada um, ainda que se tenha corrompido e reduzido a pó, não obstante ressuscitará” 17. E Santo Agostinho afirma com toda a clareza: “Ressuscitará esta carne, a mesma que morre e é sepultada [...]. A carne que agora adoece e sofre dores, essa mesma ressuscitará” 18.
Se formos fiéis, a nossa personalidade continuará a ser a mesma e teremos o nosso próprio corpo, mas revestido de glória e esplendor. O nosso corpo terá as qualidades próprias dos corpos gloriosos: agilidade e sutileza – quer dizer, não estará submetido às limitações do espaço e do tempo –, impassibilidade – Deus enxugará toda a lágrima de seus olhos, e já não haverá morte, nem luto, nem gemido, nem dor 19 –, luminosidade e beleza.
“Creio na ressurreição da carne”, confessamos no Símbolo Apostólico. Os nossos corpos no Céu terão características diferentes das atuais, mas continuarão a ser corpos e ocuparão um lugar 20, como agora o Corpo glorioso de Cristo e o da Virgem Maria. Não sabemos como nem onde está nem como se forma esse lugar. A terra atual ter-se-á transfigurado: Vi então um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra desapareceram... Eis que faço novas todas as coisas 21. Muitos Padres e Doutores da Igreja, como também muitos santos, pensam que a renovação de todas as coisas criadas se infere da própria Revelação.
O pensamento do Céu, agora que estamos próximos da festa da Ascensão, deve levar-nos a uma luta decidida e alegre por tirar os obstáculos que se interpõem entre nós e Cristo, deve estimular-nos a procurar sobretudo os bens que perduram e a não desejar a todo o custo as consolações que acabam.
Pensar no Céu dá uma grande serenidade. Nada aqui na terra é irreparável, nada é definitivo, todos os erros podem ser retificados. O único fracasso definitivo seria não acertarmos com a porta que conduz à Vida. Ali nos espera também a Santíssima Virgem.
(1) Jo 14, 19-20; (2) cfr. Jo 14, 2; (3) Jo 14, 3; (4) cfr. 1 Cor 4, 5; 11, 26; 1 Jo 2, 28; (5) São Josemaría Escrivá, em Folha Informativa, n. 1, pág. 5; (6) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 139; (7) São Cirilo de Jerusalém, Catequese, 348, 18, 1; (8) S. C. para a Doutrina da Fé, Carta sobre algumas questões referentes à escatologia, 17-V-1979; (9) cfr. Ex 3, 17; (10) Jo 3, 40; (11) Jo 17, 24; (12) cfr. Lc 13, 29; 14, 15; (13) 1 Cor 13, 12; (14) 1 Cor 2, 9; (15) São Josemaría Escrivá, em Folha Informativa, n. 1, pág. 5; (16) 1 Cor 15, 53; (17) Catecismo Romano, parte I, cap. XI, ns. 7-9; cfr. S. C. para a Doutrina de Fé, Declaração sobre a tradução do artigo carnis resurrectionem do Símbolo Apostólico, 14-XII-1983; (18) Santo Agostinho, Sermão, 264, 6; (19) cfr. Apoc 21, 3 e segs.; (20) cfr. M. Schmaus, Os Novíssimos, in Teologia dogmática, vol. VII, pág. 514; (21) cfr. Apoc 21, 1 e segs.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal