Santa Rosália
04 de Setembro
Santa Rosália 
Segundo uma antiga tradição, Santa Rosália, era filha de Sinibaldo, descendente de Carlos Magno. Nasceu em 1130, em Palermo, Itália e viveu durante algum tempo na Corte da Rainha Margarida, esposa do rei Guilherme I da Sicília. Como era muito bonita e a beleza física era naquele tempo considerada um perigo para a alma, quando completou 14 anos ela decidiu fugir do mundo.
Um dia, à noite, deixou a casa paterna, levando apenas um crucifixo, alguns livros e a regra dominicana e, para entrar em contato com as regiões mais profundas de seu ser, foi viver como eremita, numa gruta no monte Quisquina onde passou alguns meses. Temendo ser encontrada partiu para mais longe, para o Monte Pellegrino onde viveu os últimos 16 anos de sua vida, entregue ao jejum e à penitência. Morreu em 1160, aos 30 anos de idade, mas seu corpo não foi logo encontrado. Passados alguns séculos, em outubro de 1623, ela apareceu em sonho a uma mulher doente, mandando-a ir em peregrinação até o monte Pellegrino. A mulher não deu crédito ao sonho e não obedeceu.
Em maio de 1624 novamente Rosália lhe apareceu, indicando-lhe o local onde se encontravam seus restos mortais. No dia 15 de julho desse mesmo ano seus ossos foram encontrados, mas sem qualquer inscrição, o que se levou a duvidar que fossem ossos humanos. No mês seguinte, em agosto, dois pedreiros que trabalhavam no convento dos dominicanos, encontraram uma gruta com uma inscrição que dizia: “Eu, Rosália Sinibaldi, pelo amor de meu Senhor Jesus Cristo, decidi morar nesta gruta, em Quisquina”.
O arcebispo de Palermo nomeou uma comissão de peritos, médicos e teólogos para estudar o caso, e em fevereiro de 1625 a comissão pronunciou-se pela autenticidade das relíquias. Esse fato reacendeu a devoção popular e em 1630 o Papa Urbano VIII inseriu o nome de Rosália na lista dos santos. Por acreditarem que por sua intercessão Deus fez muitos milagres e em 1625 livrou de uma epidemia de peste a cidade de Palermo, Santa Rosália é venerada como padroeira dessa cidade. Os habitantes de Palermo celebram anualmente duas grandes festas em sua honra: uma em 15 de julho e outra em quatro de setembro.
Hoje Santa Rosália, que preferiu o anonimato, a vida de oração e penitência ao barulho da Corte, nos diz com seu testemunho de vida, que a vida é muito mais do que o barulho dos palcos, das passarelas e dos shoppings. A vida não é ter, mas ser. Por isso, como Santa Rosália, precisamos de vez em quando nos “retirar” do barulho do mundo para, na busca solitária de nosso mundo interior, alcançar a Deus, sem o qual jamais gente, pessoa por inteiro.
04 de Setembro 2018
A SANTA MISSA

22ª Semana do Tempo Comum – Terça-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: 1Cor 2,10b-16
“O homem psíquico não é capaz de conhecer o que vem do Espírito;
ao contrário, o homem espiritual julga tudo”.
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
Irmãos: 10b O Espírito esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus. 11 Quem dentre os homens conhece o que se passa no homem senão o espírito do homem que está nele? Assim também, ninguém conhece o que existe em Deus, a não ser o Espírito de Deus. 12 Nós não recebemos o espírito do mundo, mas recebemos o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos os dons da graça que Deus nos concedeu. 13 Desses dons também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com a sabedoria aprendida do Espírito: assim, ajustamos uma linguagem espiritual às realidades espirituais. 14 O homem psíquico – o que fica no nível de suas capacidades naturais – não aceita o que é do Espírito de Deus: pois isso lhe parece uma insensatez. Ele não é capaz de conhecer o que vem do Espírito, porque tudo isso só pode ser julgado com a ajuda do mesmo Espírito. 15 Ao contrário, o homem espiritual – enriquecido com o dom do Espírito – julga tudo, mas ele mesmo não é julgado por ninguém. 16 Com efeito, quem conheceu o pensamento do Senhor, de maneira a poder aconselhá-lo? Nós, porém, temos o pensamento de Cristo.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 144,8-9. 10-11. 12-13ab. 13cd-14 (R. 17a)
R. É justo o Senhor em seus caminhos.
8 Misericórdia e piedade é o Senhor, *
ele é amor, é paciência, é compaixão.
9 O Senhor é muito bom para com todos, *
sua ternura abraça toda criatura. R.
10 Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, *
e os vossos santos com louvores vos bendigam!
11 Narrem a glória e o esplendor do vosso reino *
e saibam proclamar vosso poder! R.
12 Para espalhar vossos prodígios entre os homens *
e o fulgor de vosso reino esplendoroso.
13a O vosso reino é um reino para sempre, *
13b vosso poder, de geração em geração. R.
13c O Senhor é amor fiel em sua palavra, *
13d é santidade em toda obra que ele faz.
14 Ele sustenta todo aquele que vacila *
e levanta todo aquele que tombou. R.
Evangelho: Lc 4,31-37
“Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo: 31 Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e aí ensinava-os aos sábados. 32 As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento, porque Jesus falava com autoridade. 33 Na sinagoga, havia um homem possuído pelo espírito de um demônio impuro, que gritou em alta voz: 34 “O que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!” 35 Jesus o ameaçou, dizendo: “Cala-te, e sai dele!” Então o demônio lançou o homem no chão, saiu dele, e não lhe fez mal nenhum. 36 O espanto se apossou de todos e eles comentavam entre si: “Que palavra é essa? Ele manda nos espíritos impuros, com autoridade e poder, e eles saem.” 37 E a fama de Jesus se espalhava em todos os lugares da redondeza.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
03 de Agosto 2018
A SANTA MISSA

22ª Semana do Tempo Comum – 2ª feira
Memória: São Gregório Magno, papa e doutor
Cor: Branca
1ª Leitura: 1Cor 2,1-5
“Anunciei entre vós o mistério
de Cristo crucificado”.
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
1 Irmãos, quando fui à vossa cidade anunciar-vos o mistério de Deus, não recorri a uma linguagem elevada ou ao prestígio da sabedoria humana. 2 Pois, entre vós, não julguei saber coisa alguma, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. 3 Aliás, eu estive junto de vós, com fraqueza e receio, e muito tremor. 4 Também a minha palavra e a minha pregação não tinham nada dos discursos persuasivos da sabedoria, mas eram uma demonstração do poder do Espírito, 5 para que a vossa fé se baseasse no poder de Deus e não na sabedoria dos homens.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 118,97. 98. 99. 100. 101. 102 (R. 97a)
R. Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa lei!
97Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa lei! *
Permaneço o dia inteiro a meditá-la. R.
98 Vossa lei me faz mais sábio que os rivais, *
porque ela me acompanha eternamente. R.
99 Fiquei mais sábio do que todos os meus mestres, *
porque medito sem cessar vossa Aliança. R.
100 Sou mais prudente que os próprios anciãos, *
porque cumpro, ó Senhor, vossos preceitos. R.
101 De todo mau caminho afasto os passos, *
para que eu siga fielmente as vossas ordens. R.
102 De vossos julgamentos não me afasto, *
porque vós mesmo me ensinastes vossas leis. R.
Evangelho: Lc 4,16-30
“Ele me consagrou com a unção
para anunciar a Boa Nova aos pobres.
Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo: 16 Veio Jesus à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado, e levantou-se para fazer a leitura. 17 Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito: 18 “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos 19 e para proclamar um ano da graça do Senhor.’ 20 Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante, e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21 Então começou a dizer-lhes: ‘Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir.” 22 Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam: “Não é este o filho de José?” 23 Jesus, porém, disse: “Sem dúvida, vós me repetireis o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Faze também aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum.” 24 E acrescentou: “Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. 25 De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. 26 No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia. 27 E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio.” 28 Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. 29 Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até ao alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. 30 Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
São Gregório Magno
03 de Setembro
São Gregório Magno 
São Gregório Magno nasceu em 540, numa nobre e rica família romana e foi educado na fé cristã. Iniciou-se na política e, aos 31 anos de idade, já era prefeito de Roma. As grandezas do mundo parecem tê-lo fascinado durante algum tempo, mas logo a graça triunfou, e ele abraçou a carreira religiosa. Entrou para a Ordem de São Bento de quem era grande admirador, vendeu os bens que herdara com a morte do pai e empregou o produto da venda da enorme fortuna no socorro aos necessitados e na construção de sete mosteiros na Itália.
Entre esses mosteiros estava o de Santo André, no monte Célio, do qual mais tarde ele foi nomeado abade. Em 578 foi nomeado núncio Papal na Corte de Constantinopla onde passou de seis a sete anos. Mas seu sonho era ir como missionário para a Inglaterra. Chegou até a ir, mas logo foi chamado de volta pelo Papa, a pedido do povo de Roma que acreditava que só ele poderia salvar a cidade mergulhada em problemas.
Quando em 590 o Papa Pelágio II morreu, ele foi, por unanimidade, aclamado seu sucessor. Relutou, tentou fugir, mas acabou por aceitar a missão. Como Papa foi um verdadeiro pai para todos, especialmente para os mais pobres. Nos 14 anos de seu pontificado, organizou a defesa de Roma ameaçada pelos bárbaros, administrou com muito equilíbrio os bens públicos, cuidou dos aquedutos, lutou a favor dos interesses dos pequenos colonos e contra os poderosos que os oprimiam, combateu os erros de doutrina e organizou as missões.
Deixou também sua marca no canto sacro e gregoriano, no direito canônico, na vida monástica e no apostolado leigo, acompanhando zelosamente a caminhada da Igreja no mundo. Escritor fecundo, redigiu 848 cartas e ainda hoje seu livro intitulado Regra Pastoral é utilizado. Governou tão bem a Igreja que recebeu o título de Magno, isto é, Grande. É considerado um dos maiores Papas que a Igreja já teve e para alguns historiadores toda a Idade Média viveu sob a influência de seu pensamento.
Hoje, nesse nosso mundo tão carente de bons governantes, São Gregório Magno que possuía ampla visão dos grandes e pequenos problemas da Igreja e do mundo, nos oferece, com o testemunho de sua vida, o perfil do bom governante: sábio, equilibrado, manso, firme, justo, desapegado dos bens materiais, bom administrador, sensível aos problemas do povo, preocupado com o bem comum, e sobretudo com uma medida justa e profunda da dignidade do ser humano.
02 de Setembro 2018
A SANTA MISSA

22º Domingo do Tempo Comum – Ano B
Cor: Verde
1ª Leitura: Dt 4,1-2.6-8
“Nada acrescenteis, à palavra que vos digo,
mas guardai os mandamentos do Senhor.”
Livro do Deuteronômio
1 Moisés falou ao povo, dizendo: “Agora, Israel, ouve as leis e os decretos que eu vos ensino a cumprir, para que, fazendo-o, vivais e entreis na posse da terra prometida pelo Senhor Deus de vossos pais. 2 Nada acrescenteis, nada tireis à palavra que vos digo, mas guardai os mandamentos do Senhor, vosso Deus, que vos prescrevo. 6 Vós os guardareis, pois, e os poreis em prática, porque neles está vossa sabedoria e inteligência perante os povos, para que, ouvindo todas estas leis, digam: “Na verdade, é sábia e inteligente esta grande nação!” 7 Pois, qual é a grande nação cujos deuses lhe são tão próximos, como o Senhor nosso Deus, sempre que o invocamos? 8 E que nação haverá tão grande que tenha leis e decretos tão justos, como esta lei que hoje vos ponho diante dos olhos?”
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 14 (15), 2-3a.3cd-4ab.5(R. 1a)
R. Senhor, quem morará em vossa casa
e no vosso monte santo, habitará?
2 É aquele que caminha sem pecado*
e pratica a justiça fielmente;
3a que pensa a verdade no seu íntimo *
3b e não solta em calúnias sua língua. R.
3c Que em nada prejudica o seu irmão,*
3d nem cobre de insultos seu vizinho;
4a que não dá valor algum ao homem ímpio,*
4b mas honra os que respeitam o Senhor. R.
5 não empresta o seu dinheiro com usura,
nem se deixa subornar contra o inocente.*
Jamais vacilará quem vive assim! R.
2ª Leitura: Tg 1,17-18.21b-22.27
“Sede praticantes da Palavra.”
Leitura da Carta de São Tiago apóstolo
Irmãos bem-amados: 17 Todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto; descem do Pai das luzes, no qual não há mudança nem sombra de variação. 18 De livre vontade ele nos gerou, pela Palavra da verdade, a fim de sermos como que as primícias de suas criaturas. 21b Recebei com humildade a Palavra que em vós foi implantada, e que é capaz de salvar as vossas almas. 22 Todavia, sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. 27 Com efeito, a religião pura e sem mancha diante de Deus Pai é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixar contaminar pelo mundo.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Evangelho: Mc 7,1-8.14-15.21-23
“Vós abandonais o mandamento de Deus
para seguir a tradição dos homens.”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, 1 os fariseus e alguns mestres da Lei vieram de Jerusalém e se reuniram em torno de Jesus. 2 Eles viam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as terem lavado. 3 Com efeito, os fariseus e todos os judeus só comem depois de lavar bem as mãos, seguindo a tradição recebida dos antigos. 4 Ao voltar da praça, eles não comem sem tomar banho. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre. 5 Os fariseus e os mestres da Lei perguntaram então a Jesus: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?” 6 Jesus respondeu: “Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. 7 De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos’. 8 Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens”. 14 Em seguida, Jesus chamou a multidão para perto de si e disse: “Escutai, todos, e compreendei: 15 o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior. 21 Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, 22 adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. 23 Todas estas coisas más saem de dentro, e são elas que tornam impuro o homem”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Santa Dorotéia
02 de Setembro
Santa Dorotéia
Santa Dorotéia nasceu em Cesaréia, Capadócia, atual Turquia. Jovem, bonita, rica, bem educada, atraía a atenção de todos pela sua doçura, paciência e humildade. Dorotéia foi uma das primeiras vítimas do governador Fabrício, quando este recebeu ordens para exterminar de vez o cristianismo. Embora pouco aparecesse em público, desenvolvia uma intensa atividade entre os cristãos, animando-os a perseverarem na fé.
Foi denunciada, levada ao tribunal, submetida a interrogatórios e intimada a oferecer sacrifícios aos deuses. Ela porém, movida por uma santa ousadia, confessou pública e corajosamente sua fé. Irritado, o governador condenou-a a morrer decapitada. Antes, porém, mandou esbofeteá-la, torturá-la e expô-la às maiores humilhações.
Conta uma lenda que ao sair do tribunal, um advogado de nome Teófilo lhe disse com ironia: "Dorotéia, esposa de Cristo, envia-me frutos ou rosas do jardim de teu esposo". Chegando ao local do martírio, Dorotéia avistou um menino a quem entregou o lenço com que havia enxugado o suor do rosto, pedindo-lhe que o entregasse ao advogado. Ao receber o lenço, na hora exata em que ela morria, Teófilo não se conteve e começou a louvar e dar graças a Deus. Foi denunciado como cristão e imediatamente levado à presença do governador Fabrício para ser interrogado. Ele confessou que não mais acreditava nos deuses de Roma, mas no Deus vivo e verdadeiro de Dorotéia e foi imediatamente decapitado.
O episódio da conversão de Teófilo inspirou os artistas a apresentarem Santa Dorotéia, sentada aos pés da Virgem Maria que tem ao colo o Menino Jesus. Dorotéia tem uma coroa de rosas na cabeça, um ramalhete de margaridas numa das mãos e, na outra, uma cesta de flores e frutos. Em outras representações, a cesta está nas mãos de um anjo encarregado de levá-la a Teófilo, e o pequeno mensageiro está ao seu lado direito. Santa Dorotéia é conhecida como a santa das flores.
O mundo de hoje, onde os fortes e poderosos continuam dominando os mais débeis e fracos, necessita de pessoas firmes como Santa Dorotéia, capazes de não se curvar ante a prepotência dos ‘Fabrícios’ que, a todo custo, querem impor seus valores e sua vontade. Mas, certamente só quando nós cristãos assumirmos com amor e destemor os valores do Evangelho, é que esse nosso mundo, saturado de violência, mas carente de beleza e de pão, vai poder ver flores nas mãos dos que antes portavam armas, e cestas com saborosos frutos sobre as mesas onde antes imperava a fome.
A verdadeira pureza
TEMPO COMUM. VIGÉSIMO SEGUNDO DOMINGO. ANO B
– A alma limpa.
– A santa pureza no meio do mundo.
– Pedir e empenhar‑se para que o coração nunca fique manchado.
I. SÃO MARCOS, que dirigiu o seu Evangelho aos cristãos procedentes do paganismo, teve que explicar em diversas passagens certos costumes judaicos para que os seus leitores compreendessem melhor os ensinamentos do Senhor. No Evangelho da Missa1, diz‑nos que os judeus, e de modo especial os fariseus, não comem sem se purificarem; e praticam muitas outras observâncias tradicionais como lavar os copos e os jarros, os vasos de cobre e os leitos.
Estas purificações não se faziam por meros motivos de higiene ou de urbanidade, mas por terem um significado religioso: eram símbolo da pureza moral com que é necessário aproximar‑se de Deus. O Salmo 24, que fazia parte da liturgia de entrada no santuário de Jerusalém, diz assim: Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? O homem de mãos inocentes e de coração puro...2 A pureza de coração era uma condição para as pessoas se aproximarem de Deus, participarem do seu culto e verem o seu rosto. Mas os fariseus retiveram apenas aquilo que era exterior, e aumentaram até os ritos e a sua importância, ao mesmo tempo que descuravam o fundamental: a limpeza de coração, da qual todas as coisas externas eram sinal e símbolo3.
Na cena relatada pelo Evangelho, os fariseus e alguns escribas vindos de Jerusalém estranharam que alguns dos discípulos do Senhor comessem o pão com as mãos impuras, isto é, por lavar; e perguntaram ao Senhor: Por que os teus discípulos não andam segundo a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos? Diante dessa atitude vazia e formalista, o Senhor respondeu‑lhes energicamente: Hipócritas, deixais de lado o mandamento de Deus para vos aferrardes à tradição dos homens. A verdadeira pureza – as mãos inocentesdo Salmo 24 são muito mais do que lavar as mãos – deve começar pelo coração, pois dele procedem os maus pensamentos, os adultérios, as fornicações, os homicídios, os furtos, as avarezas, as malícias, as fraudes, as desonestidades, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. As ações do homem procedem do coração. E se este está manchado, o homem inteiro fica manchado.
A impureza não se refere apenas à desordem da sensualidade – ainda que esta, quer dizer, a luxúria, deixe uma marca profunda –, mas também ao desejo imoderado de bens materiais, à atitude que leva a ver os outros com maus olhos, com intenção retorcida, à inveja, ao rancor, à inclinação egocêntrica de pensar em si mesmo e esquecer os outros, à apatia interior... As obras externas ficam marcadas pelo que há no coração.
Quantas faltas externas de caridade não têm a sua origem em suscetibilidades ou em rancores depositados no fundo da alma, e que deveriam ser cortados mal aparecessem!
Jesus rejeita a mentalidade que se ocultava por trás daquelas prescrições, desprovidas de conteúdo interior, e ensina‑nos a amar a pureza de coração, que nos permitirá ver a Deus no meio das nossas tarefas. Ele quer – assim no‑lo disse tantas vezes! – reinar nos nossos afetos, acompanhar‑nos nas nossas atividades, dar um sentido novo a tudo o que fazemos. Peçamos‑lhe que nos ajude a ter sempre um coração limpo de todas essas desordens.
II. A PUREZA DE ALMA– castidade e retidão interior nos afetos e sentimentos – tem que ser plenamente amada e procurada com alegria e com empenho, apoiando‑nos sempre na graça de Deus. Só pode ser alcançada mediante uma luta positiva e constante, prolongada ao longo de uma vida que se mantém vigilante pelo exame de consciência diário, para não pactuar com pensamentos e atitudes que afastam de Deus e dos outros; é também fruto de um grande amor à Confissão freqüente bem feita, mediante a qual o Senhor nos purifica e nos “lava” o coração, cumulando‑nos da sua graça.
A pureza interior traz consigo um fortalecimento e um crescimento do amor, e uma elevação do homem à dignidade a que foi chamado, essa dignidade de que o homem tem cada vez maior consciência4, e da qual no entanto parece afastar‑se cada vez mais. “O coração humano continua a sentir hoje os mesmos impulsos que Jesus denunciava como causa e raiz da impureza: o egoísmo em todas as suas formas, as intenções desvirtuadas, as motivações rasteiras que tantas vezes inspiram a conduta dos homens. Mas parece que nestes momentos a vida do mundo denota um aspecto que deve ser avaliado como novo pela sua difusão e gravidade: a degradação do amor humano e uma avalanche de impureza e sensualidade que se abateu sobre a face da terra. É uma forma de rebaixamento do homem que afeta a intimidade radical do seu ser, o que é mais nuclear na sua personalidade e que, pela extensão que alcançou, deve ser considerada como um fenômeno histórico sem precedentes”5.
Com a ajuda da graça, é tarefa de todos os cristãos mostrar, com uma vida limpa e com a palavra, que a castidade é uma virtude essencial a todos – homens e mulheres, jovens e adultos –, e que cada um deve vivê‑la de acordo com as exigências do estado a que o Senhor o chamou; “é exigência de amor. É a dimensão da sua verdade interior no coração do homem”6, e sem ela não seria possível amar nem a Deus nem aos outros.
A lealdade aos nossos compromissos de homens e mulheres que seguem o Senhor, a fortaleza e o indispensável senso comum devem levar‑nos a agir com prudência, a evitar as ocasiões de perigo para a saúde da alma e para a integridade da vida espiritual: a deixar de ouvir ou ver determinados programas de televisão; a guardar os sentidos; a não participar de uma conversa que rebaixa a dignidade dos que estão presentes; a não descuidar os detalhes de pudor e de modéstia na maneira de vestir, no asseio pessoal, no esporte; a manifestar sem complexos a nossa repulsa pelos espetáculos obscenos... Convém lembrar‑se de que a palavra “obsceno” procede do antigo teatro grego e romano, e significava aquilo que, por respeito aos espectadores, não devia representar‑se em cena, por pertencer à intimidade pessoal: mesmo essa civilização pagã – que tinha normas morais tão relaxadas – compreendia que há coisas que não devem ser feitas diante de outras pessoas.
Talvez haja situações em que não nos seja fácil viver como bons cristãos em ambientes que perderam o sentido moral da vida; contudo, o Senhor nunca nos prometeu um caminho cômodo, mas as graças necessárias para vencer.
Deixarmo‑nos arrastar pelos respeitos humanos ou pelo medo de não parecermos naturais, com uma “naturalidade pagã”, revelaria uma personalidade débil, vulgar, e sobretudo, pouco amor ao Mestre.
III. É DO FUNDO DO CORAÇÃO humano que o Espírito Santo quer fazer brotar a fonte de uma vida nova, que penetre pouco a pouco o homem inteiro. Desta maneira, a pureza interior, e a virtude da castidade em particular – pureza, em português e em outras línguas, identifica‑se com a virtude da castidade, ainda que em si mesma abarque um campo mais amplo7 –, é uma das condições necessárias e um dos frutos da vida interior8.
Essa pureza cristã, a castidade, sempre constituiu uma das glórias da Igreja e uma das manifestações mais claras da sua santidade. Hoje, como nos tempos dos primeiros cristãos, muitos homens e mulheres procuram viver a virgindade e o celibato no meio do mundo – sem serem mundanos –, por amor do Reino dos céus9. E uma grande multidão de esposos cristãos – pais e mães de família – vivem santamente a castidade segundo o seu estado matrimonial. Uns e outros são testemunhas do amor cristão, que se ajusta à vocação de cada um, pois, como ensina a Igreja, “tanto o matrimônio como a virgindade e o celibato são dois modos de expressar e de viver o único mistério da Aliança de Deus com o seu povo”10.
Nós, cada um no estado em que foi chamado – solteiro, casado, viúvo, sacerdote –, pedimos hoje ao Senhor que nos conceda um coração bom, limpo, capaz de compreender todas as criaturas e de aproximá‑las de Deus; capaz de uma bondade sem limites para com os que nos procuram, talvez destruídos por dentro, pedindo e às vezes mendigando um pouco de luz e de alimento para se reerguerem. Talvez nos possa servir agora, e em muitas ocasiões, como jaculatória, a prece que a liturgia dirige ao Espírito Santo na festa de Pentecostes:
“Limpa na minha alma o que está sujo, rega o que se tornou árido, sem fruto, cura o que está doente, dobra o que é rígido, aquece o que está frio, dirige o que se extraviou...”11
E juntamente com a oração, um desejo eficaz de lutar com empenho para que o coração não fique nunca manchado: não só pelos pensamentos e desejos impuros, como por qualquer sentimento ou atitude de cólera, de inveja, de rancor, de ressentimento ou rebeldia..., que são coisas que mancham e deixam a alma mergulhada em tristeza e em trevas. Amemos o sacramento da Confissão, em que o coração se purifica cada vez mais e se dilata para lançar‑se às boas obras.
A nossa Mãe Santa Maria, que desde o momento da sua conceição esteve cheia de graça, há de ensinar‑nos a ser fortes se em algum momento nos custa um pouco mais manter o coração limpo e cheio de amor pelo seu Filho.
(1) Mc 7, 1‑8; (2) cfr. Sl 24, 3‑4; (3) cfr. João Paulo II, Audiência geral, 10‑XII‑1980; (4) cfr. Conc. Vat. II, Decl. Dignitatis humanae, 1; (5) J. Orlandis, As oito bem‑aventuranças, págs. 114‑115; (6) João Paulo II, Audiência geral, 3‑XII‑1980; (7) idem, Audiência geral, 10‑XII‑1980; (8) cfr. S. Pinckaers, En busca de la felicidad, págs. 141‑142; (9) Mt 19,12; (10) João Paulo II, Exort. Apost. Familiaris consortio, 16; (11) cfr. Missal Romano, Seqüência, Missa do dia de Pentecostes.
Santa Teresa Margarida
01 de Setembro
Santa Teresa Margarida
A Irmã Teresa Margarida nasceu no dia 15 de Julho de 1747, na vila dos nobres de Redi, perto de Arezzo, Itália. Puseram-lhe o nome de Ana Maria. Desde muito pequenina, gostava de colher flores para as oferecer a Jesus. Na adolescência, procurava exercitar cada dia uma virtude. Na juventude, adorava rezar diante do sacrário, onde dizia palpitar não só o Amor, mas o Coração do Amor. Tinha 17 anos quando pensou ouvir uma voz que lhe dizia: «Sou Teresa de Jesus e quero-te entre as minhas filhas». Foi o seu chamamento ao Carmelo, à «Casa dos Anjos», como gostava de chamar aos conventos de carmelitas, assim como Santa Teresa de Jesus lhes chamava «pombais de Nossa Senhora».
Ana Maria, como lírio imaculado, procurava os vales sorridentes do Carmo, onde entrou com 17 anos, no dia 1 de Setembro. No período de Postulando quis Deus conceder-lhe uma doença provocada por um tumor maligno que a fez sofrer muito. Uma vez restabelecida, iniciou o Noviciado, tomando o hábito do Carmo e mudando o seu nome pelo de Teresa Margarida do Coração de Jesus.
O mistério da Cruz e os espinhos que rodeavam o Coração de Cristo atraíam-na fazendo-a humilde, alegre e caridosa. No dizer das Irmãs, era um anjo do Céu no convento, em Florença.
O seu lema era: «Padecer e calar por Jesus».
No dia 4 de Março de 1770, pediu ao confessor que a ouvisse em confissão geral, pois queria, no dia seguinte, comungar tão preparada como se fosse a última vez. Assim foi, de facto; nesse dia, 5 de Março, depois de comungar fervorosamente, caiu doente. A doença degenerou em gangrena que lhe provocava dores horríveis e insuportáveis. O Crucifixo, que sempre teve nas mãos foi a sua força. Morreu, dois dias depois da doença se ter declarado, tinha pouco mais de vinte e dois anos.
Um século antes, outra carmelita, S. Maria Madalena de Pazzi, tinha glorificado Florença com a sua santidade.
Teresa Margarida encontrou na meditação da Paixão de Cristo e no seu Coração o segredo da sua pureza, simplicidade, amor e caridade. Foi beatificada a 9 de Junho de 1929 e canonizada a 13 de Março de 1934 por Pio XI.
Fonte: http://www.carmelitas.pt/site/santos/santos_ver.php?cod_santo=30
01 de Setembro 2018
A SANTA MISSA

21ª Semana do Tempo Comum – Sábado
Cor: Verde
1ª Leitura: 1Cor 1,26-31
“Deus escolheu o que o mundo considera como estúpido.
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
26 Irmãos, considerai vós mesmos, como fostes chamados por Deus. Pois entre vós não há muitos sábios de sabedoria humana nem muitos poderosos nem muitos nobres. 27 Na verdade, Deus escolheu o que o mundo considera como estúpido, para assim confundir os sábios; Deus escolheu o que o mundo considera como fraco, para assim confundir o que é forte; 28 Deus escolheu o que para o mundo é sem importância e desprezado, o que não tem nenhuma serventia, para assim mostrar a inutilidade do que é considerado importante, 29 para que ninguém possa gloriar-se diante dele. 30 É graças a ele que vós estais em Cristo Jesus, o qual se tornou para nós, da parte de Deus: sabedoria, justiça, santificação e libertação, 31 para que, como está escrito, “quem se gloria, glorie-se no Senhor”.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 32,12-13. 18-19. 20-21 (R. Cf. 12b)
R. Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!
12 Feliz o povo cujo Deus é o Senhor, *
e a nação que escolheu por sua herança!
13 Dos altos céus o Senhor olha e observa; *
ele se inclina para olhar todos os homens. R.
18 Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem, *
e que confiam esperando em seu amor,
19 para da morte libertar as suas vidas *
e alimentá-los quando é tempo de penúria. R.
20 No Senhor nós esperamos confiantes, *
porque ele é nosso auxílio e proteção!
21 Por isso o nosso coração se alegra nele, *
seu santo nome é nossa única esperança. R.
Evangelho: Mt 25,14-30
“Como foste fiel na administração de tão pouco,
vem participar de minha alegria”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Jesus contou esta parábola a seus discípulos:14 Um homem ia viajar para o estrangeiro. Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens. 15 A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade. Em seguida viajou. 16 O empregado que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles, e lucrou outros cinco. 17 Do mesmo modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois. 18 Mas aquele que havia recebido um só, saiu, cavou um buraco na terra, e escondeu o dinheiro do seu patrão. 19 Depois de muito tempo, o patrão voltou e foi acertar contas com os empregados. 20 O empregado que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: “Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco que lucrei”. 21 O patrão lhe disse: “Muito bem, servo bom e fiel! como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!” 22 Chegou também o que havia recebido dois talentos, e disse: “Senhor, tu me entregaste dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei”. 23 O patrão lhe disse: “Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!” 24 Por fim, chegou aquele que havia recebido um talento, e disse: “Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. 25 Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence”. 26 O patrão lhe respondeu: “Servo mau e preguiçoso! Tu sabias que eu colho onde não plantei e que ceifo onde não semeei? 27 Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence.” 28 Em seguida, o patrão ordenou: “Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez! 29Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado. 30 Quanto a este servo inútil, jogai-o lá fora, na escuridão. Ali haverá choro e ranger de dentes!”
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
São Raimundo Nonato
31 de Agosto
São Raimundo Nonato 
Raimundo Nonato nasceu em Portel, Espanha, por volta do ano 1200. Foi-lhe dado o nome de Nonato, que quer dizer “não nascido”, porque foi extraído vivo do corpo da mãe que morreu durante o parto. Filho de pais pobres, quando menino foi guardador de gado.
Certo dia saiu de Portel e foi para Barcelona onde, aos 20 anos, ingressou na Ordem dos Mercedários, fundada por São Pedro Nolasco. Um dos carismas da Ordem era resgatar os escravos cristãos que caíam em poder dos muçulmanos e a essa missão São Raimundo dedicou sua vida. Um dia o dinheiro para os resgates acabou, e ele se ofereceu em troca da libertação de alguns prisioneiros. Os mouros aceitaram a troca, mas o trataram como um prisioneiro comum.
Obrigaram-no a desempenhar os trabalhos mais rudes e submeteram-no aos mais terríveis suplícios. Mas Nonato, fiel à sua missão, aproveitava a situação para evangelizar, e não apenas os companheiros de prisão, mas os próprios mouros. Essa atitude provocou a ira dos mouros mais rebeldes que o arrastaram pelas ruas da cidade onde foi ridicularizado e açoitado.
Para impedi-lo de falar, perfuraram seus lábios e introduziram neles uma argola com um cadeado que só era retirada na hora de comer. “Agora, quero ver você abrir a boca para catequizar seus irmãos”, diziam-lhe. Mesmo assim, através de gestos ele tentava se comunicar e ensinar a doutrina cristã aos companheiros.
Durante oito meses ficou num cárcere imundo e sujo, com os pés e mãos acorrentados, até que os irmãos mercedários conseguiram resgatá-lo. Com a saúde arruinada voltou para a Espanha. Foi elevado à categoria de cardeal e contam que um dia, nada tendo para dar a um pobre, deu o chapéu cardinalício.
O Papa Gregório IX chamou-o para seu conselheiro, mas antes de ocupar o cargo, ele foi atacado por uma febre violentíssima e morreu santamente no dia 31 de agosto de 1240. Foi canonizado em 1657. Pela sua difícil vinda ao mundo é considerado protetor das parturientes e parteiras.
Hoje São Raimundo Nonato, que veio ao mundo em circunstâncias dificílimas, desperta nossa atenção para o valor da vida, e os anima a protegê-la e defendê-la em todas as suas formas e estágios. Mas hoje também São Raimundo, que por compreender que a fé não pode ser vivida fora do mundo, assumiu a defesa dos marginalizados e escravizados de seu tempo, nos fala da necessidade de lutar por uma sociedade onde não haja senhores nem escravos, mas simplesmente irmãos. A fé cristã não é aérea nem etérea, mas uma fé concreta, encarnada no chão do mundo.