Comunhão Reparadora #3 | 1º sexta do mês - A Hora Santa - Instituto Hesed
Outros vídeos da série:
Condições para fazer as 9 primeiras sextas-feiras do mês : https://youtu.be/W0QLms1lWKE
A comunhão reparadora: https://youtu.be/UupwBSum_9o
A Virgem da Revelação: https://youtu.be/WD2crT1nobA
O poder da obediência
TEMPO COMUM. VIGÉSIMA SEGUNDA SEMANA. QUINTA‑FEIRA
– A obediência dá forças e frutos.
– Necessidade desta virtude para quem quer seguir Cristo de perto.
– Não impor limites ao querer de Deus.
I. JESUS ESTAVA JUNTO do lago de Genesaré com uma grande multidão que desejava ouvir a Palavra de Deus. Pedro e os seus companheiros de trabalho lavavam as redes depois de terem labutado uma noite inteira sem pescar nada. E Jesus, que queria meter‑se a fundo na alma de Simão, entrou na sua barca e pediu‑lhe que a afastasse um pouco da margem. E, sentado, ensinava da barca à multidão1. Enquanto escutava o Mestre, a quem já conhecia desde que seu irmão André o levara até Ele2, talvez Pedro tivesse continuado com a tarefa de deixar arrumados os apetrechos de pesca, sem suspeitar dos planos grandiosos do Senhor.
Quando acabou de falar, Jesus disse a Simão: Guia mar adentro e lançai as vossas redes para a pesca. Tudo convidava à desculpa: o cansaço, que é maior quando não se pescou nada, as redes já lavadas e preparadas para a noite seguinte, a inoportunidade da hora para a pesca. Mas o olhar de Jesus, o tom imperativo e ao mesmo tempo amável com que deu a ordem, a enorme atração que Cristo exerce sobre as almas nobres, levaram Pedro a fazer‑se ao largo novamente. O único motivo por que o fez foi Jesus: Mestre – disse‑lhe –, estivemos trabalhando durante toda a noite e nada pescamos, mas, sob a tua palavra, lançarei as redes. Sob a tua palavra. Essa foi a grande razão.
Em muitas ocasiões, quando aparece essa fadiga peculiar que resulta de não vermos frutos na vida interior ou na ação apostólica, quando nos parece que tudo foi um fracasso e nos assaltam raciocínios humanos que nos pretendem convencer a abandonar a tarefa, devemos ouvir a voz de Jesus que nos diz: Duc in altum, guia mar adentro, recomeça, torna a tentar... em meu Nome.
“O segredo de todos os progressos e de todas as vitórias é, na verdade, o saber recomeçar, o tirar ensinamentos de um fracasso e o tentar de novo”3.
Através desses aparentes fracassos, talvez o Senhor queira dizer‑nos que devemos trabalhar por motivos mais sobrenaturais, por obediência, por Ele e só por Ele. “Que poder o da obediência! – O lago de Genesaré negava os seus peixes às redes de Pedro. Toda uma noite em vão. “– Agora, obediente, tornou a lançar a rede à água e pescaram «piscium multitudinem copiosam» – uma grande quantidade de peixes. “– Acredita: o milagre repete‑se todos os dias”4.
Se alguma vez nos encontramos cansados e sem forças para recomeçar, olhemos para o Senhor que nos acompanha nesta nossa barca. Jesus convida‑nos então a pôr em prática, com docilidade interior, com empenho, esses conselhos que recebemos na confissão, na direção espiritual, certos de que recuperaremos as forças. “Muitas vezes – diz Santa Teresa –, parecia‑me não poder sofrer o trabalho conforme a minha baixeza natural. Disse‑me o Senhor: Filha, a obediência dá forças”5.
II. PEDRO FEZ‑SE AO LARGO com Jesus na barca, e em breve percebeu que as redes se enchiam de peixes; tantos, que parecia que iam rompê‑las. E fizeram sinais aos companheiros da outra barca para que viessem ajudá‑los. Eles vieram e encheram as duas barcas, tanto que se afundavam. Houve peixe para todos; Deus sempre recompensa a obediência com frutos sem conta.
Esta passagem do Evangelho está cheia de ensinamentos: durante a noite, na ausência de Cristo, o trabalho havia sido estéril. O mesmo acontece na vida dos cristãos, quando querem empreender tarefas apostólicas sem contar com o Senhor, em plena escuridão, deixando‑se levar unicamente pela sua experiência ou por esforços demasiado humanos.
“Empenhas‑te em andar sozinho, fazendo a tua própria vontade, guiado exclusivamente pelo teu próprio juízo... e, bem vês!, o fruto chama‑se «infecundidade». “Filho, se não abates o teu juízo, se és soberbo, se te dedicas ao «teu» apostolado, trabalharás durante toda a noite – toda a tua vida será uma noite! –, e no fim amanhecerás com as redes vazias”6.
Pedro mostrou‑se humilde ao obedecer à voz de quem, por não ser homem de mar, bem se poderia pensar que pouco ou nada sabia daquele trabalho em que ele, Simão, tinha adquirido tanta experiência e saber ao longo dos anos. Fia‑se, no entanto, do Senhor, tem mais confiança na palavra de Jesus do que nos seus anos de faina pesqueira. Esta obediência e confiança nas palavras de Jesus acabaram de preparar Pedro para receber a sua chamada definitiva. Foi como se o Senhor só tivesse querido chamá‑lo para sempre depois de obter dele um ato de obediência e de confiança plenas.
Para quem quer ser discípulo de Cristo, a necessidade da obediência não resulta de considerações de conveniência ou de eficácia, mas de que a obediência faz parte do mistério da Redenção, pois o próprio Cristo “revelou o seu mistério e levou a cabo a Redenção por meio da sua obediência”7.
Quem quiser seguir os passos do Mestre não pode, pois, pôr limites à sua obediência; o Senhor quer que lhe obedeçamos no fácil e no heróico, como Ele próprio o fez: “Obedeceu em coisas gravíssimas e dificílimas: até à morte de Cruz”8.
A obediência leva‑nos a querer identificar em tudo a nossa vontade com a vontade de Deus, que nos é dada a conhecer através dos pais, dos superiores, dos deveres que nos são impostos pelos afazeres familiares, sociais e profissionais. Numa palavra, leva‑nos a uma submissão alegre e delicada às disposições da autoridade legítima nas diversas ordens da vida humana, principalmente ao Papa e ao Magistério da Igreja. E no que se refere à alma, leva‑nos de modo muito particular a ser dóceis aos conselhos recebidos na confissão e na direção espiritual.
Quando permanecemos com Cristo, Ele sempre enche de peixes abundantes as nossas redes. Junto dEle, até o que parecia estéril e sem sentido torna‑se eficaz e frutuoso. “A obediência torna meritórios os nossos atos e sofrimentos, de tal forma que, por mais inúteis que estes últimos venham a parecer‑nos, podem chegar a ser muito fecundos. Uma das maravilhas realizadas por Nosso Senhor foi ter tornado proveitosa a coisa mais inútil que existe à face da terra: a dor. Ele a glorificou mediante a obediência e o amor”9.
III. PEDRO FICOU ASSOMBRADO com a pesca. Neste milagre, o Senhor manifestou‑se muito particularmente a ele. O Apóstolo olhou para Jesus e lançou‑se aos seus pés, dizendo‑lhe: Afasta‑te de mim, que sou um homem pecador. Compreendeu a sua pequenez diante da suprema dignidade de Cristo. Jesus disse‑lhe: Não temas; doravante serás pescador de homens. Pedro e os que o haviam acompanhado na pesca, atracando as barcas, deixaram tudo e seguiram‑no.
Nós também não podemos imaginar as conseqüências da nossa fidelidade em seguir as pegadas de Cristo. O Senhor pede‑nos cada vez mais correspondência, mais docilidade e mais obediência ao que nos vai manifestando de muitas maneiras. E, se formos fiéis, um dia far‑nos‑á contemplar a transcendência do nosso seguimento com obras: “Se corresponderes à chamada que o Senhor te fez, a tua vida – a tua pobre vida! – deixará na história da humanidade um sulco profundo e largo, luminoso e fecundo, eterno e divino”10.
Não ponhamos limites ao Senhor, tal como Pedro não os pôs. “Se és homem de mar alto, agarra com firmeza o teu leme [...]. Se te dás a Deus, dá‑te como os santos se deram. Que nada prenda a tua atenção e te desvie da marcha que empreendeste: és de Deus. Se te dás, dá‑te para a eternidade. Nem as vagas nem a ressaca abalarão os teus alicerces. Deus apóia‑se em ti; mete também ombros ao trabalho, e navega contra a corrente [...]. Duc in altum! Lança‑te às águas com a audácia dos ébrios de Deus”11.
A nossa Mãe Santa Maria, Stella maris, Estrela do mar, ensinar‑nos‑á a ser generosos com o Senhor quando nos pedir emprestada uma barca e depois quiser que lhe demos a vida inteira.
(1) Lc 5, 1‑11; (2) cfr. Jo 1, 41; (3) G. Chevrot, Simão Pedro, pág. 20; (4) Josemaría Escrivá, Caminho, n. 629; (5) Santa Teresa, Fundações, pról. 2; (6) Josemaría Escrivá, Forja, n. 574; (7) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 3; (8) São Tomás, Comentário à Epístola aos Hebreus, 5, 8, lec. 2; (9) R. Garrigou‑Lagrange, As três idades da vida interior, pág. 683; (10) Josemaría Escrivá, Forja, n. 59; (11) J. Urteaga, O valor divino do humano, págs. 130‑132.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
Santa Teresa de Calcutá
05 de Setembro
Santa Teresa de Calcutá
Agnes Gouxha Bojaxhiu, a Madre Teresa de Calcutá, nasceu no dia 27 de agosto de 1910, em Skopje, Iugoslávia, de pais albaneses. Seus pais, Nicolau e Rosa, tiveram três filhos. Na época escolar, Agnes tornou-se membro de uma associação católica para crianças, a Congregação Mariana, onde cresceu em ambiente cristão. Aos doze anos já estava convencida de sua vocação religiosa, atraída pela obra dos missionários. Agnes pediu para ingressar na Congregação das Irmãs de Loreto, que trabalhavam como missionárias em sua região. Logo foi encaminhada para a Abadia de Loreto, na Irlanda, onde aprenderia o inglês e depois seria enviada à Índia, a fim de iniciar seu noviciado.
Feitos os votos, adotara o nome Teresa em homenagem à carmelita francesa, Teresa de Lisieux, padroeira dos missionário. Primeiramente a Irmã Teresa foi incumbida de ensinar história e geografia no colégio da congregação, em Calcutá. Essa atividade exerceu por dezessete anos. Cercada de crianças, filhas das melhores famílias de Calcutá, impressionava-se com o que via quando saia à rua: pobreza generalizada, crianças e velhos moribundos e abandonados, pessoas doentes sem a quem recorrer.
O dia 10 de setembro de 1946 ficou marcado na sua vida como o “dia da inspiração”. Numa viagem de trem ao noviciado do Himalaia, percebe que deveria dedicar toda a sua existência aos mais pobres e excluídos, deixando o conforto do colégio da congregação. E assim ela fez. Irmã Teresa tomou algumas aulas de enfermagem, que julgava útil a seu plano e misturou-se aos pobres, primeiro na cidade de Motijhil. A princípio ela juntou cinco crianças de um bairro miserável e passou a dar-lhes escola. Passados dez dias já se somavam cinquenta crianças.
O seu trabalho começou a ficar conhecido e a solidariedade do povo operava em seu favor, com donativos e trabalho voluntário. Para Irmã Teresa, o trabalho deveria continuar a dar frutos sem depender apenas das doações e dos voluntários. Seria necessário às suas companheiras que tivessem o espírito de vida religiosa e consagrada. Logo, uma a uma ouviram o chamado de Deus para se entregarem ao serviço dos mais pobres.
Nascia a Congregação das Missionárias da Caridade, com seu estatuto aprovado em 1950. E ela se tornou Madre Teresa, a superiora. As missionárias saíram às ruas e passaram a recolher doentes de toda a espécie. Para as irmãs missionárias, cada doente, cada corpo chagado, representava a figura de Cristo, e sua ajuda humanitária era a mais doce das tarefas. Somente com essa filosofia é que as corajosas irmãs poderiam tratar doentes de lepra, elefantíase, gangrena, cujos corpos, em putrefação, eram imagens horrendas que exalavam odores intoleráveis. Todos eles tinham lugar, comida, higiene e um recanto para repousar junto às missionárias.
Reconhecido universalmente, o trabalho de Madre Teresa rendeu-lhe um prêmio Nobel da Paz, em 1979. Este fora um dos muitos prêmios recebidos pela religiosa devido ao seu trabalho humanitário. Neste período sua obra já havia se espalhado pela Ásia, Europa, África, Oceania e Américas. No dia 05 de setembro de 1997, Madre Teresa veio a falecer, na Índia. A comoção foi mundial. Uma fila de quilômetros formou-se durante dias a fio, diante da igreja de São Tomé, em Calcutá, onde o seu corpo estava sendo velado. Ao fim de uma semana o corpo da Madre foi trasladado ao Estádio Netaji, onde o cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado do Vaticano, celebrou a Missa de corpo presente.
Sete anos depois de sua morte, em 2003, quando o Papa João Paulo II, seu contemporâneo e amigo pessoal, comemorava o jubileu de prata do seu pontificado, ele beatificou Madre Teresa de Calcutá, reconhecida mundialmente como a “Mãe dos Pobres”. Nesta emocionante solenidade o Sumo Pontífice disse: “Segue viva em minha memória sua diminuta figura, dobrada por uma existência transcorrida a serviço dos mais pobres entre os mais pobres, porém sempre carregada de uma inesgotável energia interior: a energia do amor de Jesus Cristo”.
No dia 04 de setembro de 2016, 19 anos após sua morte, o Papa Francisco canonizou Santa Teresa de Calcutá. Suas relíquias foram colocadas em um relicário especial da nova Santa com um grande significado espiritual. Tem a forma de cruz, com um coração ao redor e as relíquias (cabelo e sangue) estão dentro de uma “gota de água” que representa a sede, os pobres e os necessitados do mundo. As cores recordam o branco e o azul do sari (hábito) de Madre Teresa, que também representam a Virgem Maria.
Fonte: https://cleofas.com.br
05 de Setembro 2019
A SANTA MISSA

22ª Semana do Tempo Comum – Quinta-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: Cl 1,9-14
“Ele nos libertou do poder das trevas
e nos recebeu no reino de seu Filho amado”
Leitura da Carta de São Paulo aos Colossenses
Irmãos, 9 desde que recebemos essas notícias, não deixamos de rezar insistentemente por vós, para que chegueis a conhecer plenamente a vontade de Deus, com toda a sabedoria e com o discernimento da luz do Espírito. 10 Pois deveis levar uma vida digna do Senhor, para lhe serdes agradáveis em tudo. Deveis produzir frutos em toda boa obra e crescer no conhecimento de Deus, 11 animados de muita força, pelo poder de sua glória, de muita paciência e constância. 12 Com alegria, dai graças ao Pai, que vos tornou capazes de participar da luz, que é a herança dos santos. 13 Ele nos libertou do poder das trevas e nos recebeu no reino de seu Filho amado, 14 por quem temos a redenção, o perdão dos pecados.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 97(98) 2-3ab.3cd-4.5-6
R. O Senhor fez conhecer seu poder salvador,
perante as nações.
2 O Senhor fez conhecer a salvação,*
e às nações, sua justiça;
3a recordou o seu amor sempre fiel*
3b pela casa de Israel. R.
3c Os confins do universo contemplaram*
3d a salvação do nosso Deus.
4 Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,*
alegrai-vos e exultai! R.
5 Cantai salmos ao Senhor ao som da harpa*
e da cítara suave!
6 Aclamai, com os clarins e as trombetas,*
ao Senhor, o nosso Rei! R.
Evangelho: Lc 5,1-11
“Deixaram tudo e O seguiram”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo: 1 Jesus estava na margem do lago de Genesaré, e a multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus. 2 Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago. Os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes. 3 Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões. 4 Quando acabou de falar, disse a Simão: ‘Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca’. 5 Simão respondeu: ‘Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes’. 6 Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. 7 Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que viessem ajudá-los. Eles vieram, e encheram as duas barcas, a ponto de quase afundarem. 8 Ao ver aquilo, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: ‘Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!’ 9 É que o espanto se apoderara de Simão e de todos os seus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer. 10 Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados. Jesus, porém, disse a Simão: ‘Não tenhas medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens.’ 11 Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Santa Rosália
04 de Setembro
Santa Rosália
Rosália nasceu no ano de 1125, em Palermo, na Sicília, Itália. Era filha de Sinibaldo, rico feudatário, senhor da região dos montes 'da Quisquínia e das Rosas', e de Maria Guiscarda, sobrinha do rei normando Rogério II. Rosália era, portanto, muito rica e vivia numa Corte muito importante da época. Durante a adolescência, foi ser dama da Corte da rainha Margarida, esposa do rei Guilherme I da Sicília, que apreciava sua companhia amável e generosa. Porém, nada disso a atraía ou estimulava. Sabia que sua vocação era servir a Deus e ansiava pela vida monástica.
Aos 14 anos, levando consigo apenas um crucifixo, abandonou de vez a Corte e refugiou-se, solitária, numa caverna nos arredores de Palermo. O local pertencia ao feudo paterno e era um local ideal para a reclusão monástica. Ficava próximo do Convento dos beneditinos, que possuía uma pequena igreja anexa. Assim, mesmo vivendo isolada, podia participar das funções litúrgicas e receber orientação espiritual.
Depois, a jovem ermitã transferiu-se para uma gruta no alto do monte Pelegrino, que lhe fora doado pela amiga, a rainha Margarida. Lá já existia uma pequena capela bizantina e, também, nos arredores, os beneditinos com outro Convento. Eles puderam acompanhar e testemunhar com seus registros a vida eremítica de Rosália, que viveu em oração, solidão e penitência. Muitos habitantes do povoado subiam o monte atraídos pela fama de santidade da ermitã. Até que, no dia 4 de setembro de 1160, Rosália morreu, na sua gruta de monte Pelegrino, em Palermo.
Vários milagres foram atribuídos à intercessão de santa Rosália, como a extinção da peste que, no século XII, devastava a Sicília. O seu culto difundiu-se, enormemente, entre os fiéis, que a invocavam como padroeira de Palermo, embora para muitos essa celebração fosse apenas uma antiga tradição oral cristã, por falta de sinais reais da vida da santa. Sinais que o estudioso Otávio Gaietani não conseguiu encontrar antes de morrer, em 1620.
Só três anos depois, tudo foi esclarecido, parece que pela própria santa Rosália. Consta que ela teria aparecido a uma mulher doente e contado onde estavam escondidos os seus restos mortais. Essa mulher comunicou aos frades franciscanos do convento próximo de monte Pelegrino, os quais, de fato, encontraram suas relíquias no local indicado, no dia 15 de junho de 1624.
Quarenta dias após a descoberta dos ossos, dois pedreiros, trabalhando no Convento dos dominicanos de Santo Estêvão de Quisquínia, acharam numa gruta uma inscrição latina, muito antiga, que dizia: “Eu, Rosália, filha de Sinibaldo, senhor de Quisquina e das Rosas, por amor de meu Senhor Jesus Cristo, determinei-me a viver nesta gruta”. Isso confirmou todos os dados pesquisados pelo falecido Gaietani.
A autenticidade das relíquias e da inscrição foi comprovada por uma comissão científica, reacendendo o culto a santa Rosália, padroeira de Palermo. Contribuiu para isso, também, o papa Ubaldo VIII, que incluiu as duas datas no Martirológio Romano, em 1630. Assim, santa Rosália é festejada em 15 de junho, data em que suas relíquias foram encontradas, e em 4 de setembro, data de sua morte. A urna com os restos mortais de santa Rosália está guardada no Duomo de Palermo, na Sicília, Itália.
Texto: Paulinas Internet
Impunha-lhes as mãos
TEMPO COMUM. VIGÉSIMA SEGUNDA SEMANA. QUARTA‑FEIRA
– Ajudar a todos, tratar a cada um como Cristo o teria feito no nosso lugar.
– Pacientes e constantes no apostolado.
– Difundir por toda a parte a doutrina de Cristo.
I. RELATA‑NOS O EVANGELHO da Missa1 que, tendo‑se posto o sol, começaram a trazer à presença de Cristo numerosos doentes para que os curasse. É bem possível que aquele dia fosse um sábado, pois ao cair do sol o descanso sabático, tão escrupulosamente observado pelos fariseus, já não obrigava. Os doentes eram muito numerosos. São Marcos2frisa que toda a cidade se tinha reunido diante da porta. São Lucas, por sua vez, acrescenta um detalhe singular ao dizer‑nos que o Senhor os curou impondo as mãos sobre cada um– singulis manus imponens –. Repara atentamente nos doentes e dedica a cada um toda a sua atenção, porque qualquer pessoa é única para Ele.
Comentando esta passagem do Evangelho, Santo Ambrósio diz que “desde o começo da Igreja Jesus já buscava a multidão. E por quê? Porque [...], para curar, não há tempo nem lugar determinados. Em todos os lugares e tempos se há de aplicar o remédio”3. Ao mostrar‑nos a infatigável atividade de Cristo, o Evangelho ensina‑nos qual o caminho que devemos seguir com os que vivem afastados da fé, com tantas e tantas almas que ainda não se aproximaram dEle para serem curadas.
“Nenhum filho da Igreja Santa pode viver tranqüilo sem experimentar inquietação perante as massas despersonalizadas: rebanho, manada, vara, escrevi certa vez. Quantas paixões nobres não existem na sua aparente indiferença! Quantas possibilidades!
“É necessário servir a todos, impor as mãos sobre cada um – «singulis manus imponens», como fazia Jesus –, para devolvê‑los à vida, para iluminar as suas inteligências e robustecer as suas vontades, para que sejam úteis!”4
Devemos servir a todos, tratá‑los como Cristo os trataria no nosso lugar, com o mesmo apreço, com o mesmo respeito, a cada um individualmente, tendo em conta as suas circunstâncias peculiares, o seu modo de ser, a situação em que se encontram, sem aplicar a todos a mesma receita. São pessoas que vêm ao nosso encontro por motivos profissionais, de vizinhança, de interesse, ou por termos gostos comuns. E outras que vamos buscar lá onde se encontram para levá‑las até Deus, “como o médico busca o doente. Com a salvação de uma só alma por mediação de outro, pode obter‑se o perdão de muitos pecados”5.
Aprendamos neste tempo de oração a ter pelo nosso próximo o mesmo interesse que tinham os que se reuniam à porta da casa onde Jesus se encontrava, levando‑lhe os doentes para que os curasse. Vejamos junto dEle se os tratamos com a mesma solicitude – singulis manus imponens – com que Jesus os atendia.
II. O SENHOR ESPERA os nossos amigos, os nossos colegas de estudo ou de trabalho, os nossos filhos ou irmãos... como fazia quando estava na terra: um a um. Devemos ter em conta as circunstâncias peculiares, a idade, a saúde, etc. de cada um deles. Devemos saber avaliar cada um pelo preço infinito do Sangue redentor com que foram resgatados.
Ao acompanhá‑los até Jesus, chocaremos com resistências, talvez durante muito tempo; são conseqüência da dificuldade dos homens em secundar o querer de Deus, dadas as seqüelas que o pecado original deixou na alma, e que se agravaram depois pelos pecados pessoais. Noutros casos, essa passividade será conseqüência da ignorância ou do erro em que estão. Seja como for, temos a grata obrigação de rezar e oferecer mortificações, horas de trabalho ou de estudo por eles, de intensificar a amizade..., tanto mais quanto maior for a resistência que opuserem.
Todo o apostolado exige uma atitude paciente, que nunca é desleixo ou indolência, mas parte da virtude da fortaleza. A paciência implica uma perseverança tenaz em conseguir os frutos desejados. Muitas vezes será necessário caminhar pouco a pouco, “como que por um plano inclinado”, sem nunca desanimar por nos parecer que os nossos amigos não avançam ou retrocedem. O Senhor já conta com essas situações e dá as graças oportunas. Ele já impôs as mãos sobre cada um desde o momento em que decidimos junto do Sacrário levá‑los até Ele.
Nos casos difíceis e lentos, é salutar recordarmos a paciência que Deus teve conosco, considerar quanto nos perdoou, quantas vezes o fizemos esperar.
Que esperas as do nosso Deus! Quantas vezes teve de bater à porta da nossa alma! Se nos tivesse abandonado quando não respondemos à sua primeira chamada, ou à segunda, ou à sétima..., que longe dEle estaríamos agora!
O nosso empenho nunca será estéril, porque o apostolado perseverante nos leva pessoalmente a amar mais a Deus, e porque é sempre eficaz, mais cedo ou mais tarde.
Alguns chegarão à presença do Senhor depois de uns dias de contacto, outros depois de não poucos anos. Uns, na primeira conversa; outros, depois de uma longa espera. Uns poderão correr desde o princípio, outros mal terão forças para dar um pequeno passo. Devemos tratar cada um de acordo com a sua situação humana e sobrenatural, sem nos cansarmos, sem fórmulas gerais. O médico não utiliza a mesma receita para todos, nem o alfaiate o mesmo corte ou o mesmo modelo. Perseverai pois com paciência, irmãos – aconselha o Apóstolo São Tiago –, até à vinda do Senhor. Vede como o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando com paciência até receber a chuva temporã e a serôdia. Aguardai também vós com paciência e fortalecei os vossos corações6.
Com prudência sobrenatural, e portanto sem falsas prudências humanas, sem adiamentos nem receios covardes, insistiremos com os nossos amigos, parentes e colegas, usando ao mesmo tempo de uma grande caridade e compreensão. Se os inimigos de Deus porfiam tanto em afastá‑los dEle, como não havemos nós de ser perseverantes, nós que só queremos fazer‑lhes bem? Senhor, tu sabes que só queremos o melhor para eles!
III. HOJE SÃO MUITOS os que nada sabem de Cristo. E o Senhor põe em nosso coração a urgência de combater tanta ignorância, difundindo por toda a parte a boa doutrina, com iniciativas e por meios bem diversos. “Esta missão – recorda‑nos o Papa João Paulo II – não é exclusiva dos ministros sagrados ou do mundo religioso, mas deve abarcar o âmbito dos leigos, da família, da escola. Todo o cristão deve participar da tarefa de formação cristã. Deve sentir a urgência de evangelizar, que não é glória para mim, mas necessidade (1 Cor 9, 16)”7. Só se olharmos para Cristo, porém, só se o amarmos, é que venceremos a preguiça e o comodismo, e sairemos da torre de marfim que cada um tende a construir à sua volta.
Naquela tarde, foram muitos os que receberam a cura e uma palavra de alento, um gesto de compreensão por parte do Mestre: Posto o sol, todos quantos tinham enfermos de várias moléstias lhos traziam, e Ele, impondo as mãos a cada um, curava‑os. Que alegria para os doentes... e para os que os tinham aproximado de Jesus!
O apostolado, com toda a carga de sacrifício que traz consigo, é ao mesmo tempo uma tarefa imensamente alegre. Que grande missão não é levar os amigos até Jesus para que Ele lhes imponha as mãos e os cure!
Ajudar‑nos‑á a fazer um apostolado incessante a consideração de que o bem que realizamos tem sempre um efeito multiplicador. Os que viram naquela tarde que Cristo se detinha junto deles e lhes impunha as mãos divinas perceberam que as suas vidas já não podiam ser como antes. Converteram‑se em novos apóstolos, que iriam difundindo por toda a parte a boa nova de que existia o Caminho, a Verdade e a Vida, e de que eles o tinham conhecido. Foram‑no apregoando por todos os lugares aonde iam. Isso é o que nós devemos fazer: “És, entre os teus, alma de apóstolo, a pedra caída no lago. – Provoca, com o teu exemplo e com a tua palavra, um primeiro círculo...; e este, outro... e outro, e outro... Cada vez mais largo. “Compreendes agora a grandeza da tua missão?”8
(1) Lc 4, 38‑44; (2) cfr. Mc 1, 33; (3) Santo Ambrósio, Tratado sobre a virgindade, 8, 10; (4) Josemaría Escrivá, Forja, n. 901; (5) São João Crisóstomo, em Catena Aurea, vol. V, pág. 238; (6) Ti 5, 7‑8; (7) João Paulo II, Discurso em Granada, 15‑XI‑1982; cfr. Exort. Apost. Christifideles laici, 30‑XII‑1988, n. 33; (8) Josemaría Escrivá, Caminho, n. 831.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
04 de Setembro 2019
A SANTA MISSA

22ª Semana do Tempo Comum – Quarta-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: Cl 1,1-8
“A palavra de verdade chegou até vós, como no mundo inteiro”
Início da Carta de São Paulo aos Colossenses
1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus e o irmão Timóteo, 2 aos santos e fiéis irmãos em Cristo que estão em Colossas: graça e paz da parte de Deus, nosso Pai. 3 Damos graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, sempre rezando por vós, 4 pois ouvimos acerca da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que mostrais para com todos os santos, 5 animados pela esperança na posse do céu. Disso já ouvistes falar no Evangelho, cuja palavra de verdade chegou até vós. 6 E como no mundo inteiro, assim também entre vós ela está produzindo frutos e se desenvolve desde o dia em que ouvistes a graça divina e conhecestes verdadeiramente. 7Assim aprendestes de Epafras, nosso estimado companheiro, que é junto de vós um autêntico mensageiro de Cristo. 8 Foi ele quem nos deu notícia sobre o amor que o Espírito suscitou em vós.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 51(52) 10. 11 (R. 10b)
R. Confio na clemência do meu Deus, agora e sempre!
10 Eu, porém, como oliveira verdejante *
na casa do Senhor,
confio na clemência do meu Deus *
agora e para sempre! R.
11 Louvarei a vossa graça eternamente, *
porque vós assim agistes;
espero em vosso nome, porque é bom, *
perante os vossos santos! R.
Evangelho: Lc 4,38-44
“Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus
também a outras cidades,
porque para isso é que eu fui enviado”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo: 38 Jesus saiu da sinagoga e entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava sofrendo com febre alta, e pediram a Jesus em favor dela. 39 Inclinando-se sobre ela, Jesus ameaçou a febre, e a febre a deixou. Imediatamente, ela se levantou e começou a servi-los. 40 Ao pôr do sol, todos os que tinham doentes atingidos por diversos males, os levaram a Jesus. Jesus colocava as mãos em cada um deles e os curava. 41 De muitas pessoas também saíam demônios, gritando: ‘Tu és o Filho de Deus.’ Jesus os ameaçava, e não os deixava falar, porque sabiam que ele era o Messias. 42 Ao raiar do dia, Jesus saiu, e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam e, indo até ele, tentavam impedi-lo que os deixasse. 43 Mas Jesus disse: ‘Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também a outras cidades, porque para isso é que eu fui enviado.’ 44 E pregava nas sinagogas da Judeia.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
São Gregório Magno
03 de Setembro
São Gregório Magno
Pedro foi 'a pedra' sobre a qual o cristianismo se edificou. Mas, para isso, foi usada uma argamassa feita da dedicação e da fé de muitos cristãos que o sucederam. Assim, a Igreja Católica se fez grande devido aos grandes papas que teve, dentre os quais temos o papa Gregório, chamado 'o Magno', ou seja, o maior de todos, em sabedoria, inteligência e caridade.
Nascido em 540, na família Anícia, de tradição na Corte romana, muito rica, influente e poderosa, Gregório registrou de maneira indelével sua passagem na história da Igreja, deixando importantíssimas realizações, como, por exemplo, a instituição da observância do celibato, a introdução do Pai-Nosso na missa e o famoso 'canto gregoriano'. Foi muito amado pelo povo simples, por causa de sua extrema humildade, caridade e piedade.
Sua vocação surgiu na tenra infância, sendo educado num ambiente muito religioso — sua mãe, Sílvia, e duas de suas tias paternas, Tarsila e Emiliana, tornaram-se santas. As três mulheres foram as responsáveis, também, por sua formação cultural. Quando seu pai, Jordão, morreu, Gregório era muito jovem, mas já havia ingressado na vida pública, sendo o prefeito de Roma.
Nessa época, buscava refúgio, na capital, um grupo de monges beneditinos, cujo convento, em Montecassino, fora atacado pelos invasores lombardos. Gregório, então, deu-lhes um palácio na colina do Célio, onde fundaram um convento dedicado a santo André. Esse contato constante com eles fez explodir de vez sua vocação monástica. Assim, renunciou a tudo e foi para o convento que permitira fundar, onde vestiu o hábito beneditino. Mais tarde, declararia que seus anos no monastério foram os melhores de sua vida.
Como sua sabedoria não poderia ficar restrita apenas a um convento, o papa Pelágio nomeou-o para uma importante missão em Constantinopla. Nesse período, Gregório escreveu grande parte de sua obra literária. Chamado de volta a Roma, foi eleito abade do Convento de Santo André e, nessa função, ganhou fama por sua caridade e dedicação ao próximo.
Assim, após a morte do papa Pelágio, Gregório foi eleito seu sucessor. Porém, de constituição física pequena e saúde precária, relutou em aceitar o cargo. Chegou a escrever uma carta ao imperador, pedindo que o liberasse da função. Só que a carta nunca foi remetida pelos seus confrades e ele acabou tendo de assumir, um ano depois, sendo consagrado em 3 de setembro de 590.
Os 14 anos de seu pontificado passaram para a história da Igreja como um período singular. Papa Gregório levou uma vida de monge, dispensou todos os leigos que serviam no palácio, exercendo um apostolado de muito trabalho, disciplina, moralidade e respeito às tradições da doutrina cristã. No comando da Igreja, orientou a conversão dos ingleses, protegeu os judeus da Itália contra a perseguição dos hereges e tomou todas as atitudes necessárias para que o cristianismo fosse respeitado por sua piedade, prudência e magnanimidade.
Morreu em 604, sendo sepultado na basílica de São Pedro. Os registros mostram que, durante o seu funeral, o povo já aclamava santo o papa Gregório Magno, honrado com o título de doutor da Igreja. Sua festa ocorre no dia em que foi consagrado papa.
Texto: Paulinas Internet
Ensinava com autoridade
TEMPO COMUM. VIGÉSIMA SEGUNDA SEMANA. TERÇA‑FEIRA
– Jesus ensina a sua doutrina com poder e força divinos.
– Ao lermos o Evangelho, é Jesus quem nos fala, ensina e consola.
– Como encontrá‑lo na leitura do Evangelho.
I. OS EVANGELISTAS aludem muitas vezes à surpresa que a doutrina de Jesus e os seus prodígios1 causavam nas pessoas e nos próprios discípulos, os quais sentiam até certo receio de interrogá‑lo...2 Era um temor reverencial suscitado pela majestade de Cristo, bem patente nas suas palavras e obras, e que se apoderava das multidões e as cativava. São Lucas relata‑nos no Evangelho da Missa3 que, depois de Jesus ter curado um endemoninhado, todos ficaram atemorizados e diziam uns aos outros: Que palavra é esta, que manda com autoridade e poder aos espíritos imundos e eles saem? E São Marcos diz em outra ocasião que as pessoas estavam admiradas da sua doutrina, pois ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas4. Através da Humanidade de Cristo, quem falava era a Segunda Pessoa da Trindade, e as multidões, conscientes do seu extraordinário poder, tentavam identificá‑lo recorrendo aos nomes e às hierarquias mais altas que conheciam. Será João Batista, Elias, Jeremias ou algum dos Profetas?5 Ficaram muito aquém.
O povo que escutava Jesus percebeu com clareza a diferença radical que havia entre o modo de ensinar dos escribas e fariseus e a segurança e força com que Jesus declarava a sua doutrina. Jesus não expõe uma mera opinião nem dá mostras da menor insegurança ou dúvida6. Não fala em nome de Deus, como o faziam os Profetas; não é mais um Profeta. Fala em nome próprio: Eu vos digo... Ensina os mistérios de Deus e como devem ser as relações entre os homens, e confirma os seus ensinamentos com milagres; explica a sua doutrina com simplicidade e com poder porque fala daquilo que viu7, e não necessita de longos raciocínios. “Não prova nada, não se justifica, não argumenta. Ensina. Impõe‑se, porque a sabedoria que dEle emana é irresistível. Quando se consegue apreciar essa sabedoria, quando se possui o coração suficientemente puro para avaliá‑la, sabe‑se que não pode existir outra. Não se sente a necessidade de comparar, de estudar. Vê‑se.
“Vê‑se que Ele é o absoluto; vê‑se que diante dEle tudo é pó; vê‑se que Ele é a Vida. Assim como as estrelas se apagam quando surge o sol, assim acontece com todas as sabedorias e todas as escolas. Senhor, a quem iríamos? Tu tens palavras de vida eterna”8.
Jesus continua a falar a cada um de nós, pessoalmente, na intimidade da oração, e de uma maneira palpável quando lemos o Evangelho... Temos que aprender a fazê‑lo projetando os seus ensinamentos e apelos sobre o pano de fundo do nosso viver cotidiano.
“Quando abrires o Santo Evangelho, pensa que não só deves saber, mas viver o que ali se narra: obras e ditos de Cristo. Tudo, cada ponto que se relata, foi registrado, detalhe por detalhe, para que o encares nas circunstâncias concretas da tua existência. – O Senhor chamou‑nos, a nós católicos, para que o seguíssemos de perto; e, nesse Texto Santo, encontras a Vida de Jesus; mas, além disso, deves encontrar a tua própria vida. [...] pega no Evangelho diariamente, e lê‑o e vive‑o como norma concreta. – Assim procederam os santos”9.
II. A DOUTRINA DE JESUS tinha tal força e autoridade que alguns dos que o ouviam exclamavam que nunca em Israel se tinha escutado nada de parecido10. Os escribas também ensinavam ao povo o que estava escrito em Moisés e nos Profetas, comenta São Beda; mas Jesus pregava ao povo como Deus e Senhor do próprio Moisés11.
As suas palavras estavam cheias de vida, penetravam até o fundo da alma. Quando João Batista o apontou a dois dos seus discípulos como o Cordeiro de Deus, estes seguiram‑no e permaneceram com Ele naquele dia12. São João, o Evangelista que nos transmitiu os grandes diálogos de Jesus, neste momento do seu relato simplesmente cala‑se. Limita‑se a dizer que o encontraram por volta da hora décima, cerca das quatro da tarde; quando escreveu o seu Evangelho, já velho, quis unicamente deixar assinalado para sempre o momento preciso e inesquecível do seu primeiro encontro com o Mestre. O que o Senhor lhes teria dito? Só sabemos do resultado pelas palavras de André, o outro discípulo que seguiu Jesus: Encontramos o Messias!13, diz ele ao seu irmão Simão. Naquela tarde, Deus penetrou no íntimo do coração daqueles homens. O mesmo aconteceu aos que tinham sido enviados para prendê‑lo e voltaram sem Ele14. Por que não o trouxestes preso?, increparam‑nos os fariseus. E eles responderam rotundamente: Nunca homem algum falou como este homem.
As palavras de Jesus encerram uma sabedoria infinita, que é entendida pelo filósofo e por aquele que não tem letras, por jovens, crianças, homens e mulheres..., por todos. Fala das coisas mais sublimes com as palavras mais simples; a sua doutrina – profunda como jamais haverá outra – está ao alcance de todos. Na sua pregação, recorre com freqüência a figuras e imagens conhecidas dos ouvintes, que dão à sua pregação uma atração e beleza incomparáveis. Os pormenores mais corriqueiros servem‑lhe para expressar os traços mais excelsos de uma doutrina nova e profundamente misteriosa e inabarcável.
Toda a vida do Senhor foi um ensinamento contínuo: “O seu silêncio, os seus milagres, os seus gestos, a sua oração, o seu amor pelo ser humano, a sua predileção pelos pequenos e pelos pobres, a aceitação do sacrifício total na Cruz pela salvação do mundo, a sua Ressurreição, são a atuação da sua palavra e o cumprimento da Revelação. Estas considerações [...] reafirmam em nós o fervor de que rodeamos Cristo que revela Deus aos homens e o homem a si mesmo: Ele é o Mestre que salva, santifica e guia, que está vivo, que fala, que exige, que comove, que corrige, julga, perdoa e caminha diariamente conosco na História; o Mestre que vem e que virá na glória”15.
No Santo Evangelho, encontramos diariamente o próprio Cristo que nos fala, ensina e consola.
Quando o lemos – uns poucos minutos em seqüência cada dia –, aprendemos a conhecê‑lo cada vez melhor, a imitar a sua vida, a amá‑lo. O Espírito Santo – autor principal da Escritura Santa – ajudar‑nos‑á, se recorrermos a Ele pedindo ajuda, a ser um personagem mais na cena que lemos, a tirar dela um ensinamento, talvez pequeno, mas concreto, para esse dia.
III. “A TUA ORAÇÃO – ensina Santo Agostinho – é como uma conversa com Deus. Quando lês, Deus fala‑te; quando oras, és tu que lhe falas”16. O Senhor fala‑nos de muitas maneiras quando lemos o Santo Evangelho: dá‑nos exemplo com a sua vida, para que o imitemos na nossa; ensina‑nos como devemos comportar‑nos com os nossos irmãos; recorda‑nos que somos filhos de Deus e que nada nos deve tirar a paz. Bate‑nos à porta do coração para que saibamos perdoar essa pequena injúria que recebemos; pede‑nos que sejamos misericordiosos com os defeitos alheios, pois Ele o foi em grau supremo; incita‑nos a santificar o trabalho, realizando‑o com perfeição humana, pois foi a sua única ocupação durante tantos anos da sua vida em Nazaré...
Todos os dias podemos tirar da leitura do Evangelho um propósito, um ensinamento, um pensamento que depois nos venha à cabeça ao longo das horas de trabalho e de descanso. Esta a razão pela qual, sendo possível, é preferível reservar para esses breves minutos de leitura as primeiras horas do dia: assim poderemos “encontrar na Vida de Jesus a nossa própria vida”. Há até quem o leia de pé, recordando o velho costume dos primeiros cristãos, que aliás se mantém quando ouvimos o Evangelho na Missa.
Fará muito bem à nossa alma procurar que a leitura do Evangelho nos dê freqüentemente tema para a oração: umas vezes, porque nos introduziremos na cena como se tivéssemos visto o grupo reunido em torno de Jesus e nos aproximássemos cheios de interesse, ou como se nos detivéssemos junto à porta onde Jesus ensinava, ou nas margens do lago... Talvez só nos tenha chegado aos ouvidos uma parte da parábola ou umas frases isoladas, mas foram suficientes para que algo de muito profundo começasse a mudar na nossa alma.
Em outras ocasiões, atrever‑nos‑emos a dizer ao Senhor alguma coisa: talvez o que aqueles personagens lhe diziam ou gritavam, porque era grande a necessidade por que passavam: Domine, ut videam!17, que eu veja, Senhor; dá luz à minha alma, acende‑me; Ó Deus, tem piedade de mim, que sou um pecador18, suplicaremos, servindo‑nos das palavras do publicano que não se sentia digno de estar na presença do seu Deus; Domine, tu omnia nosti... Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que eu te amo19..., e as palavras de Pedro ganharão no nosso coração um tom pessoal, e manifestaremos a Jesus os sentimentos e desejos de amor e de purificação que dominam o nosso coração...
Muitas vezes, enfim, contemplaremos a Santíssima Humanidade do Senhor, e vê‑lo perfeito Homem há de animar‑nos a amá‑lo mais, a ter desejos de ser‑lhe mais fiéis.
Vê‑lo‑emos trabalhar em Nazaré, ajudando José, cuidando mais tarde da sua Mãe..., ou cansado porque pregou durante muitas horas nesse dia ou porque a caminhada foi muito longa...
Todos os dias, enquanto lemos o Evangelho, Jesus passa ao nosso lado. Não deixemos de vê‑lo e ouvi‑lo, como aqueles discípulos que se encontraram com Ele no caminho de Emaús. “Fica conosco, porque escureceu... Foi eficaz a oração de Cléofas e do seu companheiro.
“– Que pena se tu e eu não soubéssemos «deter» Jesus que passa! Que dor, se não lhe pedimos que fique!”20
(1) cfr. Mc 9, 6; 6, 51; etc.; (2) cfr. Mc 9, 32; (3) Lc 4, 31‑37; (4) Mc 1, 22; (5) cfr. Mt 16, 14; (6) cfr. Sagrada Bíblia, Santos Evangelhos, EUNSA, Pamplona, 1983, nota a Mt 7, 28‑29; (7) cfr. Jo 3, 11; (8) J. Leclercq, Trinta meditações sobre a vida cristã, págs. 53‑54; (9) Josemaría Escrivá, Forja, n. 754; (10) cfr. Lc 19, 48; Jo 7, 46; (11) São Beda, Comentário ao Evangelho de São Marcos, 1, 21; (12) cfr. Jo 1, 35 e segs.; (13) Jo 1, 41; (14) Jo 7, 46 e segs.; (15) João Paulo II, Exort. Apost. Catechesi tradendae, 16‑X‑1979, 9; (16) Santo Agostinho, Comentário sobre os Salmos, 85, 7; (17) Mt 10, 51; (18) Lc 18, 13; (19) Jo 21, 17; (20) Josemaría Escrivá, Sulco, n. 671.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
03 de Setembro 2019
A SANTA MISSA

22ª Semana do Tempo Comum – Terça-feira
Memória: São Gregório Magno, papa e doutor
Cor: Branca
1ª Leitura: 1Ts 5,1-6.9-11
“Jesus Cristo morreu por nós, para que alcancemos a vida junto dele”
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses
1 Quanto ao tempo e à hora, meus irmãos, não há por que vos escrever. 2 Vós mesmos sabeis perfeitamente que o dia do Senhor virá como ladrão, de noite. 3 Quando as pessoas disserem: “Paz e segurança!”, então de repente sobrevirá a destruição, como as dores de parto sobre a mulher grávida. E não poderão escapar. 4 Mas vós, meus irmãos, não estais nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão. 5 Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas. 6 Portanto, não durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios. 9 Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. 10 Ele morreu por nós, para que, quer vigiando nesta vida, quer adormecidos na morte, alcancemos a vida junto dele. 11 Por isso, exortai-vos e edificai-vos uns aos outros como já costumais fazer.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 26 (27) 1. 4.13-14 (R. 13)
R. Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver,
na terra dos viventes.
1 O Senhor é minha luz e salvação;*
de quem eu terei medo?
O Senhor é a proteção da minha vida;*
perante quem eu tremerei? R.
4 Ao Senhor eu peço apenas uma coisa,*
e é só isto que eu desejo:
habitar no santuário do Senhor*
por toda a minha vida;
saborear a suavidade do Senhor*
e contemplá-lo no seu templo. R.
13 Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver*
na terra dos viventes.
14 Espera no Senhor e tem coragem,*
espera no Senhor! R.
Evangelho: Lc 4,31-37
“Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo: 31 Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e aí ensinava-os aos sábados. 32 As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento, porque Jesus falava com autoridade. 33 Na sinagoga, havia um homem possuído pelo espírito de um demônio impuro, que gritou em alta voz: 34 ‘O que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!’ 35 Jesus o ameaçou, dizendo: ‘Cala-te, e sai dele!’ Então o demônio lançou o homem no chão, saiu dele, e não lhe fez mal nenhum. 36 O espanto se apossou de todos e eles comentavam entre si: ‘Que palavra é essa? Ele manda nos espíritos impuros, com autoridade e poder, e eles saem.’ 37 E a fama de Jesus se espalhava em todos os lugares da redondeza.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!