Visitar os doentes
TEMPO COMUM. VIGÉSIMA QUINTA SEMANA. QUARTA‑FEIRA
– Imitar Cristo na sua compaixão pelos que sofrem.
– Fazer o que Ele faria nessas circunstâncias.
– Com a caridade, o olhar capta melhor os dons divinos.
I. ENTRE AS OBRAS de misericórdia corporais, a Igreja sempre praticou desde os primeiros tempos a de visitar e acompanhar os que padecem alguma doença, aliviando‑os na medida do possível e ajudando‑os a santificar essa situação. Ela sempre insistiu na necessidade e na urgência desta manifestação de caridade que tanto nos assemelha ao Mestre e que faz tanto bem, não só ao doente como àquele que a pratica. “Quer se trate de crianças que vão nascer, quer de pessoas anciãs, de acidentados ou de necessitados de cura, de deficientes físicos ou mentais, sempre se trata do homem, cuja credencial de nobreza está escrita nas primeiras páginas da Bíblia: Deus criou o homem à sua imagem (Gên 1, 27). Por outro lado, tem‑se dito com freqüência que se pode ajuizar de uma civilização pela maneira como se comporta com os débeis, as crianças, os enfermos, as pessoas da terceira idade...”1 Onde quer que se encontre um doente, ali devemos ver “o lugar humano por excelência, em que cada pessoa é tratada com dignidade; em que experimenta, apesar do sofrimento, a proximidade dos irmãos, dos amigos”2.
Os Evangelhos não se cansam de sublinhar o amor e a misericórdia de Jesus para com os que sofrem e a presteza com que cura os enfermos. São Pedro, na casa do centurião Cornélio, compendia a vida de Jesus na Palestina nestas palavras: Jesus de Nazaré... passou fazendo o bem e sarando...3 “Curava os doentes, consolava os aflitos, dava de comer aos famintos, libertava os homens da surdez, da cegueira, da lepra, do demônio e de diversas deficiências físicas; por três vezes restituiu a vida aos mortos. Era sensível a toda a espécie de sofrimento humano, tanto do corpo como da alma”4.
Não poucas vezes Jesus saiu por iniciativa própria ao encontro da dor e da doença. Quando vê o paralítico da piscina, que carregava a sua doença havia trinta e oito anos, pergunta‑lhe espontaneamente: Queres ficar são?5 Noutra ocasião, oferece‑se para ir à casa em que se encontrava adoentado o servo do centurião6. Não foge das doenças tidas por contagiosas e mais desagradáveis: aproximou‑se do leproso de Cafarnaum, a quem podia ter curado à distância, e tocando‑o, curou‑o7. E, como lemos no Evangelho da Missa de hoje8, quando envia os Apóstolos pela primeira vez com a missão de anunciarem a chegada do Reino, dá‑lhes ao mesmo tempo o poder de curar doenças.
A nossa Mãe a Igreja ensina que visitar o doente é visitar Cristo9, servir a quem sofre é servir o próprio Cristo nos membros enfermos do seu Corpo Místico. Que alegria podermos ouvir um dia dos lábios do Senhor: Vinde, benditos de meu Pai, porque estive enfermo e me visitastes...! Ajudastes‑me a enfrentar aquela doença, o cansaço, a solidão, o desamparo...
“Criança – Doente. – Ao escrever estas palavras, não sentis a tentação de as pôr com maiúsculas? É que, para uma alma enamorada, as crianças e os doentes são Ele”10.
II. A MISERICÓRDIA é um dos frutos da caridade, e consiste em “certa compaixão pela miséria alheia, nascida no nosso coração, pela qual – se podemos – nos vemos movidos a socorrê‑la”11. É próprio da misericórdia inclinar‑se sobre os que sofrem ou passam por alguma necessidade, e tomar as suas dores e aflições como coisa própria, para remediá‑las na medida do possível.
Por isso, quando visitamos um doente, não estamos como que cumprindo um dever de cortesia, antes fazemos nossa a sua dor, intimamente identificados com ela, e por isso surge espontaneamente em nós o desejo de acompanhar essa pessoa como gostaríamos de ser acompanhados se fôssemos nós que estivéssemos no seu lugar. Sentimos gosto em prestar‑lhe pequenos serviços, em distraí‑la com uma conversa amena e divertida, em fazê‑la falar de assuntos que lhe agradam, em ajudá‑la a rezar e a ver a mão de Deus por trás de tudo o que lhe acontece. Procuramos atuar como Cristo o faria, porque é em seu nome que prestamos essas pequenas ajudas, e nos comportamos ao mesmo tempo como se estivéssemos visitando Cristo doente, que necessita do nosso auxílio e dos nossos desvelos.
Visitar uma pessoa doente ou de alguma maneira necessitada é tornar o mundo mais humano: aproximamo‑nos do coração do homem, ao mesmo tempo que derramamos sobre ele a caridade de Cristo, que Ele mesmo coloca nos nossos corações. “Poder‑se‑ia dizer – escreve o Papa João Paulo II – que o sofrimento, presente no nosso mundo humano sob tantas formas diversas, também está presente para desencadear no homem o amor, precisamente esse dom desinteressado do próprio «eu» em favor dos outros homens, dos homens que sofrem. O mundo do sofrimento humano almeja sem cessar, por assim dizer, outro mundo diverso: o mundo do amor humano. E esse amor desinteressado, que brota do coração e das obras, o homem deve‑o de algum modo ao sofrimento”12.
Quanto bem podemos fazer sendo misericordiosos com o sofrimento alheio! Quantas graças produz na nossa alma! O Senhor dilata o nosso coração e faz‑nos entender a verdade daquelas palavras da Escritura: É maior ventura dar que receber13.
III. A MISERICÓRDIA – afirma Santo Agostinho – é o “lustro da alma”, porque a faz aparecer boa e formosa14 e porque cobre a multidão dos pecados15, pois “quem começa a compadecer‑se da miséria do outro, começa a abandonar o pecado”16.
A preocupação pelos que sofrem dá à alma uma especial finura para entender o amor de Deus. Santo Agostinho diz novamente que, amando o próximo, limpamos os olhos para podermos ver a Deus17.
O olhar torna‑se mais penetrante para captar os dons divinos. O egoísmo endurece o coração, ao passo que a caridade abre‑o às alegrias de Deus. Aqui a caridade é já um começo da vida eterna18, pois a vida eterna consistirá num ato ininterrupto de caridade19. Que melhor recompensa nos poderia dar o Senhor do que Ele mesmo, por termos ido visitá‑lo? Que maior prêmio do que aumentar‑nos a capacidade de amar os outros?
“Por muito que ames, nunca amarás bastante. O coração humano tem um coeficiente de dilatação enorme. Quando ama, alarga‑se num crescendo de carinho que ultrapassa todas as barreiras. Se amas o Senhor, não haverá criatura que não encontre lugar no teu coração”20.
Anciãos e doentes, pessoas tristes e abandonadas, todas elas formam hoje uma legião cada vez maior de seres doentes que reclamam a atenção e a ajuda particular dos cristãos. “Haverá entre eles os que sofrem nos seus domicílios os rigores da doença ou da pobreza envergonhada. Existem atualmente, como sabemos, numerosos hospitais e asilos de velhos, promovidos pelo Estado e por outras instituições, bem dotados do ponto de vista material e destinados a acolher um número crescente de necessitados. Mas esses grandes edifícios albergam com freqüência multidões de indivíduos solitários, que vivem espiritualmente em completo abandono, sem companhia nem carinho de parentes e amigos”21. A nossa atenção e companhia a essas pessoas que sofrem atrairá sobre nós a misericórdia do Senhor, da qual andamos tão carecidos.
Não nos omitamos no cumprimento desta obra de fina caridade, desinteressada e generosa, argumentando que não dispomos de tempo, adiando‑a indefinidamente, telefonando ou mandando recados em vez de ir pessoalmente. Sejamos assíduos e solícitos nessas visitas. E o Senhor nos recompensará, aumentando‑nos a virtude da caridade e olhando com indulgência para os nossos erros e faltas.
Na Liturgia das Horas, lê‑se hoje uma súplica ao Senhor que bem podemos fazer nossa ao terminarmos estes minutos de meditação: Fazei com que saibamos descobrir‑Vos em todos os nossos irmãos, sobretudo nos que sofrem e nos pobres22. Muito perto dos que sofrem, encontraremos sempre Maria, Saúde dos enfermos, Consoladora dos aflitos. Ela prepara o nosso coração para que nunca passemos ao largo de um amigo doente, de quem padece alguma necessidade da alma ou do corpo.
(1) Paulo VI, Alocução, 24.05.74; (2) ibid.; (3) At 10, 38; (4) João Paulo II, Carta Apostólica Salvifici doloris, 11.02.84, 16; (5) Jo 5, 6; (6) cfr. Mt 8, 7; (7) Mt 8, 3; (8) Lc 9, 1‑6; (9) cfr. Mt 25, 36‑44 e segs.; (10) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Caminho, n. 419; (11) Santo Agostinho, A cidade de Deus, 9, 5; (12) João Paulo II, Carta Apostólica Salvifici doloris, 29; (13) At 20, 35; (14) Santo Agostinho, em Catena Aurea, vol. VI; (15) cfr. 1 Pe 4, 8; (16) Santo Agostinho, em Catena Aurea; (17) Santo Agostinho, Comentário ao Evangelho de São João, 17, 8; (18) 1 Jo 3, 14; (19) cfr. São Tomás de Aquino, Suma teológica, I‑II, q. 114, a. 4; (20) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Via Sacra, VIIIª est., n. 5; (21) José Orlandis, Las ocho bien-aventuranzas,EUNSA, Pamplona, 1982, pág. 105; (22) Liturgia das Horas, Preces de Laudes.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
São Gerardo Sagredo
23 de Setembro
São Gerardo Sagredo
Gerardo Sagredo, filho de pais ilustres e piedosos, nasceu no ano 980, em Veneza, Itália. Sagrado sacerdote beneditino, foi como missionário para a Corte da Hungria, onde, depois de ser orientador espiritual e professor do rei Estêvão I, uniu-se ao monarca, também santo da Igreja, para converter seu povo ao cristianismo. Decisão que o santo monarca tomou ao retornar do Oriente, onde, em peregrinação, visitara os lugares santos da Palestina. O rei, então, pediu a Gerardo que o ajudasse na missão evangelizadora, porque percebera que Gerardo possuía os dotes e as virtudes necessárias para a missão, ao tê-lo como seu hóspede na Corte.
Educado numa escola beneditina, Gerardo recebeu não só instrução científica, como também formação religiosa: entregou-se de corpo, alma e coração às ciências das leis de Deus e à salvação de almas. Aliás, só por isso aceitou a proposta do santo monarca. Retirando-se com alguns companheiros para um local de total solidão, buscou a inspiração entregando-se, exclusivamente, à pratica da oração, da penitência e dos exercícios espirituais. Mas assim que julgou terminado o retiro, e sentindo-se pronto, dedicou-se com total energia ao serviço apostólico junto ao povo húngaro.
Falecendo o bispo de Chonad, o rei Estêvão I, imediatamente, recomendou Gerardo para seu lugar. Mesmo contra a vontade, Gerardo foi consagrado e assumiu o bispado, conseguindo acabar, de uma vez por todas, com a idolatria aos deuses pagãos, consolidando a fé nos ensinamentos de Cristo entre os fiéis e convertendo os demais.
Uma das virtudes mais destacadas do bispo Gerardo era a caridade com os doentes, principalmente os pobres. Conta a antiga tradição húngara que ele convidava os doentes leprosos para fazerem as refeições em sua casa, acolhendo-os com carinhoso e dedicado tratamento. Até mesmo, quando necessário, eram alojados em sua própria cama, enquanto ele dormia no duro chão.
Quando o rei Estêvão I morreu, começaram as perseguições de seus sucessores, que queriam restabelecer o regime pagão e seus cultos aos deuses. O bispo Gerardo, nessa ocasião, foi ferido por uma lança dos soldados do duque de Vatha, sempre lutando para levar a fiéis e infiéis a verdadeira palavra de Cristo. Gerardo morreu no dia 24 de setembro de 1046.
As relíquias de são Gerardo Sagredo estão guardadas em Veneza, sua terra natal, na igreja de Nossa Senhora de Murano. E é festejado pela Igreja Católica, como o 'Apóstolo da Hungria', no dia de sua morte.
Texto: Paulinas Internet
O silêncio de Maria
TEMPO COMUM. VIGÉSIMA QUINTA SEMANA. TERÇA‑FEIRA
– A Virgem meditava no seu coração os acontecimentos da sua vida.
– Silêncio de Maria durante os três anos da vida pública de Jesus.
– O recolhimento interior do cristão.
I. GOSTARÍAMOS DE QUE os Evangelistas tivessem narrado mais acontecimentos e palavras de Santa Maria. O amor faz‑nos desejar mais notícias da nossa Mãe do Céu. No entanto, Deus cuidou de no‑las dar a conhecer, na medida em que nos era necessário, tanto durante a vida de Nossa Senhora aqui na terra como agora, depois de vinte séculos, através do Magistério da Igreja, que, com a assistência do Espírito Santo, desenvolve e explicita os dados revelados.
Pouco tempo depois da Anunciação, ainda que a Virgem não tivesse comunicado nada a Santa Isabel, esta penetrou no mistério da sua prima por revelação divina. O mesmo se passou com José, que não foi informado por Maria, mas por um anjo em sonhos, sobre a grandeza da missão daquela que já era sua esposa. No nascimento do Messias, Maria continuou a guardar silêncio, e os pastores foram informados pelos anjos do maior acontecimento da humanidade. Maria e José também nada disseram a Simeão e Ana quando, como um jovem casal entre muitos, foram a Jerusalém para apresentar o Menino no Templo. E, primeiro no Egito e depois em Nazaré, Maria não falou a ninguém do mistério divino que envolvia a sua vida. Nada comentou com os seus parentes e vizinhos. Limitou‑se a conservar todas estas coisas, ponderando‑as no seu coração1. “A Virgem não procurava, como tu e como eu, a glória que os homens dão uns aos outros. Bastava‑lhe saber que Deus sabe tudo. E que não necessita de pregadores para anunciar aos homens os seus prodígios. Que, quando quer, os céus publicam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos (Sl 18, 1‑2). Dos ventos fazes os teus mensageiros, e do fogo ardente os teus ministros (Sl 104, 4)”2.
“É tão formosa a Mãe no perene recolhimento com que o Evangelho no‑la mostra!... Conservava todas estas coisas, ponderando‑as no seu coração! Esse silêncio pleno tem o seu encanto para a pessoa que ama”3. Na intimidade da sua alma, Nossa Senhora foi penetrando cada vez mais no mistério que lhe tinha sido revelado. Mestra de oração, ensinou‑nos a descobrir Deus – tão perto das nossas vidas! – no silêncio e na paz dos nossos corações, pois “só quem pondera com espírito cristão as coisas no seu coração pode descobrir a imensa riqueza do mundo interior, do mundo da graça, desse tesouro escondido que está dentro de nós [...]. Foi este ponderar as coisas no coração que fez com que a Virgem Maria fosse crescendo, com o decorrer do tempo, na compreensão do mistério, na santidade e na união com Deus”4.
O Senhor também nos pede esse recolhimento interior em que guardamos tantos encontros com Ele, preservando‑os dos olhares indiscretos ou vazios para tratar deles a sós “com quem sabemos que nos ama”5.
II. “A ANUNCIAÇÃO REPRESENTA o momento culminante da fé de Maria à espera de Cristo, mas é além disso o ponto de partida do qual arranca todo o seu caminho para Deus, todo o seu caminho de fé”6. Esta fé foi crescendo de plenitude em plenitude, pois Nossa Senhora não compreendeu tudo ao mesmo tempo nas suas múltiplas manifestações. Com o correr dos dias, talvez sorrisse ao recordar a perplexidade que a levara a perguntar ao Anjo como poderia conceber se não conhecia varão, ou ao interrogar Jesus sobre o motivo por que se separara de seus pais para passar três dias no Templo sem os avisar... Podia agora admirar‑se de não ter entendido o que já então se lhe manifestava7.
O recolhimento de Maria – em que Ela penetra nos mistérios divinos acerca do seu Filho – é paralelo ao da sua discrição. “Para que as coisas possam guardar‑se no interior e ser ponderadas no coração, é condição indispensável guardar silêncio. O silêncio é o clima que torna possível o pensamento profundo. Quem fala demasiado dissipa o coração e leva‑o a perder tudo o que há de valioso no seu interior; assemelha‑se então a um frasco de essência que, por estar destapado, perde o perfume, ficando apenas com água e um ligeiro aroma a recordar vagamente o precioso conteúdo de outrora”8.
A Virgem também guardou um discreto silêncio durante os três anos da vida pública de Jesus. A partida do seu Filho, o entusiasmo da multidão, os milagres, não mudaram a sua atitude. Apenas o seu coração experimentou a ausência de Jesus. Mesmo quando os Evangelistas falam das mulheres que acompanhavam o Mestre e o serviam com os seus bens9, nada dizem de Maria, que certamente permaneceu em Nazaré.
Não é de estranhar que a Virgem procurasse vez por outra o seu Filho, para vê‑lo, ouvi‑lo, falar com Ele... O Evangelho da Missa10 narra uma dessas ocasiões. A sua Mãe foi vê‑lo, acompanhada por alguns parentes, mas, ao chegar à porta da casa, não pôde entrar por causa da multidão que se juntara ao redor do seu Filho. Avisaram Jesus de que sua Mãe estava fora e desejava vê‑lo. Então, segundo diz São Marcos11, Jesus, olhando para os que estavam sentados à sua volta, disse: Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe.
A Virgem não se desconcertou com a resposta. A sua vida de fé e de oração fizeram‑na entender que o seu Filho se referia muito particularmente a Ela, pois ninguém esteve jamais tão unido a Jesus como Ela, ninguém como Ela cumpriu com tanto amor a vontade do Pai. O Concílio Vaticano II recorda‑nos que a Santíssima Virgem “acolheu as palavras com que o Filho, exaltando o Reino acima de raças e vínculos da carne e do sangue, proclamou bem‑aventurados os que ouvem e guardam a palavra de Deus, tal como Ela mesma fielmente o fazia”12. Maria é mais amada por Jesus em virtude dos laços criados em ambos pela graça do que por força da geração natural, que fez dEla sua mãe no plano humano. Mas Maria também guardou silêncio nessa ocasião; não explicou a ninguém que as palavras do Mestre se dirigiam especialmente a Ela. Depois, passados talvez uns poucos minutos, a Mãe encontrou‑se com o Filho e certamente agradeceu‑lhe tão extraordinário louvor.
Jesus dirige‑se a nós de muitas maneiras, mas só entenderemos a sua linguagem num clima habitual de recolhimento, de guarda dos sentidos, de oração, de paciente espera.
Porque o cristão, como o poeta, o escritor e o artista, deve saber aquietar “a impaciência e o temor [...], aprender – talvez com dor – que só quando a semente escondida na terra germinou, e vingou, e lançou numerosas raízes, é que brota uma pequena planta. E ao ouvir que lhe perguntam sorridentes: Mas isto é tudo?, deve dizer que sim, e estar convencido de que só se a planta estiver bem enraizada, é que irá crescendo, até que, já transformada em árvore, venha a mostrar com os seus ramos – conforme se julgava em épocas passadas – a extensão da sua profundidade”13.
III. O SILÊNCIO INTERIOR, o recolhimento que o cristão deve ter é plenamente compatível com o trabalho, a atividade social e a azáfama em que a vida nos mergulha, pois “nós, os filhos de Deus, temos de ser contemplativos: pessoas que, no meio do fragor da multidão, sabem encontrar o silêncio da alma em colóquio permanente com o Senhor; e olhá‑lo como se olha para um Pai, como se olha para um Amigo, a quem se ama com loucura”14.
A própria vida humana, se não estiver dominada pela frivolidade, pela vaidade ou pela sensualidade, tem sempre uma dimensão profunda, íntima, um certo recolhimento que adquire o seu pleno sentido em Deus. É aí que conhecemos a verdade acerca dos acontecimentos e o valor das coisas. Recolher‑se – “juntar o que está separado”, restabelecer a ordem perdida – consiste, em boa parte, em evitar a dispersão dos sentidos e potências, em buscar a Deus no silêncio do coração, que dá sentido a todo o acontecer diário. O recolhimento é patrimônio de todos os fiéis que buscam o Senhor com empenho. Sem esta luta decidida – e contando sempre com a ajuda da graça –, não seria possível esse silêncio interior, não só no meio do ruído da rua como também na maior das solidões.
Para termos Deus conosco em qualquer circunstância, e para estarmos mergulhados nEle enquanto trabalhamos ou descansamos, ser‑nos‑ão de grande ajuda – e mesmo imprescindíveis – esses tempos que dedicamos especialmente ao Senhor, como este em que procuramos estar na sua presença, falar‑lhe e pedir‑lhe...
“Procura encontrar diariamente uns minutos dessa bendita solidão que tanta falta te faz para teres em andamento a vida interior”15.
Num mundo de tantos apelos externos, faz‑nos muita falta “esta estima pelo silêncio, esta admirável e indispensável condição do nosso espírito, assaltado por tantos clamores [...]. Ó silêncio de Nazaré, ensina‑nos esse recolhimento, a interioridade, a disponibilidade para escutarmos as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensina‑nos a necessidade e o valor da preparação, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração secreta que só Jesus vê”16.
Da Virgem Nossa Senhora, aprendemos a estimar cada dia mais esse silêncio do coração que não é vazio, mas riqueza interior, e que, longe de nos separar dos outros, nos aproxima mais deles, porque nos faz entendê‑los na sua verdadeira importância, nos seus anseios, inquietações e necessidades.
(1) Lc 2, 51; (2) Salvador Muñoz Iglesias, O Evangelho de Maria, Quadrante, São Paulo, 1991, pág. 21; (3) Chiara Lubich, Meditações, Cidade Nova, Madrid, 1989, pág. 14; (4) Federico Suárez, A Virgem Nossa Senhora, 4ª ed., Prumo, Lisboa, 1983, pág. 183‑184; (5) Santa Teresa, Vida, 8, 2; (6) João Paulo II, Carta Encíclica Redemptoris Mater, 25.03.87, 14; (7) cfr. Jean Guitton, La Vírgen Maria, 2ª ed., Rialp, Madrid, 1964, pág. 109; (8) Federico Suárez, A Virgem Nossa Senhora, pág. 185; (9) cfr. Lc 8, 19‑21; (10) Lc 8, 19‑21; (11) Mc 3, 34; (12) Concílio Vaticano II, Constituição Lumen gentium, 58; (13) Federico Delclaux, El silencio creador, Rialp, Madrid, 1969, pág. 15; (14) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 738; (15) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Caminho, n. 304; (16) Paulo VI, Alocução em Nazaré, 5.01.64.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
24 de Setembro 2019
A SANTA MISSA

25ª Semana do Tempo Comum – Terça-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: Esd 6,7-8.12b.14-20
“Puderam terminar a construção da casa de Deus
e celebraram a Páscoa”
Leitura do Livro de EsdrasNaqueles dias, 7 o rei Dario escreveu ao governador do território da outra margem do rio Eufrates: “Deixa que prossigam os trabalhos no templo de Deus. Que o governador de Judá e os anciãos dos judeus edifiquem a casa de Deus no seu lugar. 8 Também ordenei como se deve proceder com aqueles anciãos dos judeus que constroem aquela casa de Deus: com os bens do rei, deveis reembolsar religiosamente e sem interrupção aqueles homens por tudo o que gastarem. 12b Eu, Dario, dei esta ordem. Que ela seja pontualmente executada!” 14 E os anciãos dos judeus continuaram a construir, com êxito, de acordo com a profecia de Ageu, o profeta, e de Zacarias, filho de Ado, e puderam terminar a construção conforme a ordem do Deus de Israel e as ordens de Ciro, de Dario e de Artaxerxes, reis da Pérsia. 15 Esta casa de Deus foi concluída no terceiro dia do mês de Adar, no sexto ano do reinado de Dario. 16 Os filhos de Israel, os sacerdotes, os levitas e o resto dos repatriados, celebraram com alegria a dedicação desta casa de Deus. 17 Ofereceram, para a inauguração desta casa de Deus, cem touros, duzentos carneiros, quatrocentos cordeiros e, como sacrifício pelo pecado de todo o Israel, doze bodes, segundo o número das tribos de Israel. 18 Estabeleceram também os sacerdotes, segundo suas categorias, e os levitas, segundo suas classes, para o serviço de Deus, em Jerusalém, como está escrito no livro de Moisés. 19 Os deportados celebraram a Páscoa no dia catorze do primeiro mês. 20 Como todos os levitas se haviam purificado, juntamente com os sacerdotes, estavam puros; e, assim, imolavam a Páscoa para todos os filhos do cativeiro,
para os sacerdotes seus irmãos e para eles próprios.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 121(122), 1-2.3-4a.4b-5(R. cf. 1)
R. Que alegria, quando me disseram: Vamos à casa Senhor!
1 Que alegria, quando ouvi que me disseram:*
‘Vamos à casa do Senhor!’
2E agora nossos pés já se detêm,*
Jerusalém, em tuas portas. R.
3 Jerusalém, cidade bem edificada *
num conjunto harmonioso;
4a para lá sobem as tribos de Israel,*
as tribos do Senhor. R.
4b Para louvar, segundo a lei de Israel,*
o nome do Senhor.
5 A sede da justiça lá está *
e o trono de Davi. R.
Evangelho: Lc 8, 19-21
“Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo: 19 A mãe e os irmãos de Jesus aproximaram-se, mas não podiam chegar perto dele, por causa da multidão. 20 Então anunciaram a Jesus: ‘Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e querem te ver.’ 21 Jesus respondeu: ‘Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
A Luz no Candeeiro
TEMPO COMUM. VIGÉSIMA QUINTA SEMANA. SEGUNDA‑FEIRA
– Os cristãos devem iluminar o ambiente em que vivem.
– Prestígio profissional.
– Como astros no meio do mundo.
I. NO EVANGELHO DA MISSA1, lemos este ensinamento do Senhor: Ninguém acende uma lâmpada e a cobre com um vaso ou a põe debaixo da cama, mas põe‑na sobre o candeeiro, para que os que entram vejam a luz.
Quem segue o Senhor – quem acende uma lâmpada – deve trabalhar não só pela sua própria santificação, mas também pela dos outros. Jesus Cristo ilustra‑o com diversas imagens muito expressivas e acessíveis ao povo simples que o escutava. Em todas as casas se acendia a lamparina ao cair da tarde, e todos sabiam onde colocá‑la e por quê. A lamparina era acesa para iluminar e devia ser colocada no alto, talvez pendurada num suporte fixo previsto para esse fim. Não passava pela cabeça de ninguém escondê‑la de tal maneira que a sua luz ficasse oculta. Para que então iria servir?
Vós sois a luz do mundo 2, tinha dito Jesus em outra ocasião aos seus discípulos. A luz do discípulo é a mesma do Mestre. Sem esse resplendor de Cristo, a sociedade jaz nas trevas mais espessas. E quando se caminha na escuridão, tropeça‑se e cai‑se. Sem Cristo, o mundo torna‑se difícil e pouco habitável.
Os cristãos devem iluminar o ambiente em que vivem e trabalham. Não se compreende um discípulo de Cristo sem luz: seria como uma lâmpada colocada debaixo de um vaso ou da cama. O Concílio Vaticano II salientou a obrigação do apostolado como um direito e um dever que nascem do Batismo e da Confirmação 3, a ponto de afirmar que todo o membro do Corpo Místico “que não trabalha segundo a sua medida para o aumento desse Corpo, deve considerar‑se inútil para a Igreja e para si mesmo” 4.
Este apostolado, que tem formas tão diversas, é contínuo, como é contínua a luz que ilumina os que estão na casa. “O simples testemunho de vida cristã e as boas obras feitas em espírito sobrenatural possuem a força de atraírem os homens para a fé e para Deus” 5. Não é, pois, uma luz intermitente, porque resulta do brilho emitido permanentemente pelas obras dos que seguem o Mestre. “Onde quer que vivam, pelo exemplo da sua vida e pelo testemunho da sua palavra, todos os cristãos devem manifestar o novo homem de que se revestiram pelo Batismo, e a virtude do Espírito Santo que os revigorou pela Confirmação. Assim os outros, vendo as boas obras que fazem, glorificarão o Pai (cfr. Mt 5, 16) e compreenderão mais perfeitamente o genuíno sentido da vida e o vínculo universal da comunhão humana” 6.
Vejamos hoje se aqueles que trabalham ombro a ombro conosco, os que vivem ao nosso lado, debaixo do mesmo teto, os que se relacionam conosco por um ou outro motivo, recebem de modo habitual essa luz que lhes indica amavelmente o caminho que conduz a Deus. É a luz da conduta irrepreensível e alegre, que flui espontaneamente de cada uma das nossas obras, sejam ou não vistas pelos homens, e que os impressiona precisamente porque flui de modo contínuo e natural.
II. O TRABALHO, o prestígio profissional, é o candeeiro sobre o qual deve brilhar a luz de Cristo. Que apostolado poderia realizar uma mãe de família que não cuidasse com esmero do seu lar? Como poderia falar de Deus aos seus amigos um estudante que não estudasse? Ou um empresário que não vivesse os princípios da justiça social com os seus empregados...?
O Senhor quer que o farmacêutico avie uma receita com competência, que o profissional liberal seja honesto e leal nos serviços que presta, que o funcionário público seja justo, atencioso e insubornável, que o taxista conheça bem as ruas da grande cidade, que o motorista de um meio público de transporte não maltrate os passageiros pela maneira precipitada e aos solavancos com que conduz... E os exemplos poderiam multiplicar‑se até o infinito.
Toda a vida do Senhor dá‑nos a entender que, sem a honestidade, a diligência e a perfeição na execução próprias de um bom trabalhador, a vida cristã fica reduzida, quando muito, a um feixe de desejos, talvez aparentemente piedosos, mas estéreis. Cada cristão deve “viver de tal modo que à sua volta se perceba o bonus odor Christi (cfr. 2 Cor 2, 15), o bom odor de Cristo; deve agir de tal modo que, através das ações do discípulo, se possa descobrir o rosto do Mestre” 7.
Desde o começo da sua vida pública, o Senhor foi conhecido como o carpinteiro, filho de Maria 8. E perante os milagres, a multidão exclamava: Fez tudo bem feito! 9, absolutamente tudo: “os grandes prodígios e as coisas triviais, cotidianas, que a ninguém deslumbraram, mas que Cristo realizou com a plenitude de quem é perfectus Deus, perfectus homo (Símbolo Quicumque), perfeito Deus e homem perfeito” 10. Jesus, que quis servir‑se de imagens tiradas dos mais diversos ofícios para exemplificar os seus ensinamentos, “olha com amor o trabalho, as suas diversas manifestações, vendo em cada uma delas um aspecto particular da semelhança do homem com Deus, Criador e Pai” 11.
Para chegarmos a ter um sólido prestígio profissional, é necessário cuidarmos da formação própria da nossa atividade ou ofício, dedicar‑lhe as horas necessárias, fixar metas para aperfeiçoá‑la cada dia, mesmo depois de concluídos os estudos ou o período de aprendizagem. Os conhecimentos profissionais devem ser vistos por nós como um cabedal posto por Deus nas nossas mãos para que o façamos crescer. Não nos esqueçamos nunca de que, para nós, a vocação profissional é um elemento da vocação cristã.
Como conseqüência lógica desta seriedade no exercício da atividade profissional, o fiel cristão terá entre os seus colegas a reputação de bom trabalhador ou de bom estudante que lhe é necessária para realizar um apostolado profundo 12. Quase sem o perceber, estará mostrando como a doutrina de Cristo se faz realidade no meio do mundo, numa vida corrente. E dará toda a razão ao comentário de Santo Ambrósio: as coisas parecem menos difíceis quando se vêem realizadas em outros 13. E todos têm direito a esse bom exemplo da nossa parte.
III. É EVIDENTE que a doutrina de Cristo não se difundiu devido aos meios humanos, mas aos impulsos da graça. Mas também não há dúvida de que a ação apostólica edificada sobre uma vida sem virtudes humanas, sem valia pessoal, seria uma hipocrisia e motivo de desprezo por parte dos que queremos aproximar do Senhor. Por isso o Concílio Vaticano II formula estas graves palavras: “O cristão que negligencia os seus deveres temporais negligencia os seus deveres para com o próximo; negligencia sobretudo as suas obrigações para com Deus e põe em perigo a sua salvação eterna” 14.
Seja qual for a profissão ou ofício que se desempenhe, o prestígio adquirido, dia a dia num trabalho feito com toda a consciência confere uma autoridade moral perante os colegas e companheiros que facilita a tarefa apostólica de ensinar, esclarecer, persuadir e atrair... É tão importante esta solidez profissional que um bom cristão não tem desculpa nenhuma para não adquiri‑la: para aqueles que se empenham em viver a fundo a sua vocação de filhos de Deus, o trabalho competente e os meios para consegui‑lo constituem um dever primário.
A competência e a seriedade com que se realiza o trabalho profissional converte‑se assim num candeeiro que ilumina os colegas e amigos 15. A caridade cristã passa então a tornar‑se visível de muito longe, e a luz da doutrina projeta‑se dessa altura num círculo muito amplo; e por ser intensa, é uma luz que nunca deixa de ser familiar e próxima, acessível e cálida.
São Paulo exorta os primeiros cristãos de Filipos a viverem no meio daquela geração afastada de Deus de tal maneira que brilhem como astros no meio do mundo 16. Assim aconteceu, e o exemplo que deram arrastava tanto que deles se pôde dizer: “O que a alma é para o corpo, isso são os cristãos no meio do mundo” 17, como se pode ler num dos escritos cristãos mais antigos.
Peçamos a Nossa Senhora, Sede da Sabedoria, que nos ensine a ser fiéis ao cumprimento do dever profissional, a não trabalhar como diletantes, mas espremendo as nossas energias, como quem sabe que Deus nos vê a cada instante e espera de nós uma obra perfeita ao fim de cada jornada. Este testemunho da nossa inteligência e das nossas mãos será uma das melhores provas da nossa fé junto daqueles que queremos atrair para Deus.
(1) Lc 8, 16‑18; (2) Mt 5, 14; (3) cfr. Concílio Vaticano II, Constituição Lumen gentium, 33; (4) Concílio Vaticano II, Decreto Apostolicam actuositatem, 2; (5) ibid., 6; (6) Concílio Vaticano II, Decreto Ad gentes, 11; (7) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 105; (8) Mc 6, 3; (9) Mc 7, 37; (10) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 56; (11) João Paulo II, Carta Encíclica Laborens exercens, 14.09.81, 26; (12) cfr. Concílio Vaticano II, Constituição Lumen gentium, 36; (13) Santo Ambrósio, Sobre as virgens, 2, 2; (14) Concílio Vaticano II, Constituição Gaudium et spes, 43; (15) cfr. São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 61; (16) Fil 2, 15; (17) Epístola a Diogneto, VI, 1.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
23 de Setembro 2019
A SANTA MISSA

25ª Semana do Tempo Comum – Segunda-feira
Memória: São Pio de Pietrelcina, presbítero
Cor: Branca
1ª Leitura: Esd 1, 1-6
“Quem, dentre vós todos, pertence ao povo de Deus
suba a Jerusalém e construa o templo do Senhor”
Início do Livro de Esdras
1 No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a palavra do Senhor pronunciada pela boca de Jeremias, o Senhor moveu o espírito de Ciro, rei da Pérsia, que mandou publicar em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, a seguinte proclamação: 2 ‘Assim fala Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus do Céu, me deu todos os reinos da terra e me encarregou de lhe construir um templo em Jerusalém, na terra de Judá. 3 Quem, dentre vós todos, pertence ao seu povo? Que o Senhor, seu Deus, esteja com ele, e que se ponha a caminho e suba a Jerusalém, e construa o templo do Senhor, Deus de Israel, o Deus que está em Jerusalém. 4 E a todos os sobreviventes, onde quer que residam, as pessoas do lugar proporcionem prata, ouro, bens e animais, além de donativos espontâneos para o templo de Deus, que está em Jerusalém’. 5 Então se levantaram os chefes de família de Judá e de Benjamim, os sacerdotes e os levitas, todos aqueles que se sentiram inspirados por Deus para ir edificar o templo do Senhor, que está em Jerusalém. 6 E todos os seus vizinhos lhes trouxeram toda a espécie de ajuda em prata, ouro, bens, animais e objetos preciosos, sem falar em todas as doações espontâneas.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 125(126), 1-2ab.2cd-3.4-5.6(R. 3a)
R. Maravilhas fez conosco o Senhor!
1 Quando o Senhor reconduziu nossos cativos,*
parecíamos sonhar;
2a encheu-se de sorriso nossa boca,*
2b nossos lábios, de canções. R.
2c Entre os gentios se dizia: ‘Maravilhas*
2d fez com eles o Senhor!’
3 Sim, maravilhas fez conosco o Senhor,*
exultemos de alegria! R.
4 Mudai a nossa sorte, ó Senhor,*
como torrentes no deserto.
5 Os que lançam as sementes entre lágrimas,*
ceifarão com alegria. R.
6 Chorando de tristeza sairão,*
espalhando suas sementes;
cantando de alegria voltarão,*
carregando os seus feixes! R.
Evangelho: Lc 8,16-18
“Coloca a lâmpada no candeeiro,
a fim de que todos os que entram, vejam a luz”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 16 Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama; ao contrário, coloca-a no candeeiro, 17 Com efeito, tudo o que está escondido deverá tornar-se manifesto; e tudo o que está em segredo deverá tornar-se conhecido e claramente manifesto. 18 Portanto, prestai atenção à maneira como vós ouvis! Pois a quem tem alguma coisa, será dado ainda mais; e àquele que não tem, será tirado até mesmo o que ele pensa ter.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
São Pio de Pietrelcina
23 de Setembro
São Pio de Pietrelcina
O Padre Pio de Pietrelcina que se chamava Francesco Forgione, nasceu na Pietrelcina, num pequeno povo da Província de Benevento, em 25 de maio de 1887. Pertencia a uma família humilde tendo como pai Grazio Forgione e a mãe Maria Giuseppa Di Nunzio tinham outros filhos. Desde muito menino Francesco experimentou em si o desejo de consagrar-se totalmente a Deus e este desejo o distinguia de seus coetâneos. Do diário do Padre Agostinho de San Marco em Lamis, o qual foi um dos diretores espirituais do Padre Pio, soube que o Padre Pio, desde 1892 quando tinha apenas cinco anos, viveu já suas primeiras experiências místicas espirituais. Os Extasies e as aparições foram freqüentes, mas para o menino pareciam serem absolutamente normais.
Com o passar do tempo, realizou-se para Francesco o que foi o seu maior sonho: consagrar totalmente a sua vida a Deus. Em 6 de janeiro de 1903, aos dezesseis anos, entrou como clérigo na ordem dos Capuchinhos. Foi ordenado sacerdote na Catedral de Benevento, a 10 de agosto de 1910. Teve assim início sua vida sacerdotal que por causa de suas condições precárias de saúde, se passou primeiro em muitos conventos da província de Benevento. Esteve em vários conventos por motivo de saúde, assim, a partir de 4 setembro de 1916 chegou ao convento de San Giovanni Rotondo, sobre o Gargano, onde ficou até 23 de setembro de 1968, dia de seu pranteado falecimento.
Nesse longo tempo o Padre Pio iniciava seus dias despertando-se a noite, muito antes da aurora, se dedicava a oração e com grande fervor aproveitando a solidão e silêncio da noite. Visitava diariamente por longas horas a Jesus Sacramentado, preparando-se à Santa Missa, e daí sempre tirou as forças necessárias, para seu grande trabalho com as almas, levando-as até Deus no Sacramento da Confissão. Atendia confissão por longas horas, até 14 horas diárias, e assim salvou muitas almas.
Um dos acontecimentos que marcou intensamente a vida do Padre Pio foi que se verificou na manhã do 20 de setembro de 1918, quando, rezando diante do Crucifixo do coro da velha e pequena igreja, o Padre Pio recebeu o maravilhoso presente dos estigmas. Os estigmas ou as feridas foram visíveis e ficaram abertas, frescas e sangrentas, por meio século. Este fenômeno extraordinário tornou a chamar, sobre o Padre Pio a atenção dos médicos, dos estudiosos, dos jornalistas, enfim sobre toda a gente comum que, no período de muitas décadas foram a San Giovanni Rotondo para encontrar o santo frade.
Numa carta ao Padre Benedetto, datada de 22 de outubro de 1918, o Padre Pio narra a sua “crucifixão”: O que posso dizer aos que me perguntam como é que aconteceu a minha crucifixão? Meu Deus! Que confusão e que humilhação eu tenho o dever de manifestar o que Tu tendes feito nessa mesquinha criatura!”
Foi na manhã do 20 do mês passado ( setembro ) no coro, depois da celebração da Santa Missa, quando fui surpreendido pelo descanso do espírito, pareceu um doce sonho.
Tudo aconteceu num instante. E em quanto isso se passava, eu vi na minha frente um misterioso personagem parecido com aquele que tinha visto na tarde de 5 de agosto. Este era diferente do primeiro, porque tinha as mãos, o pés e o peito emanando sangue. A visão me aterrorizava, o que senti naquele instante em mim não sabia dizê-lo. Senti-me desfalecer e morreria, se Deus não tivesse intervindo sustentar o meu coração, o qual sentia saltar-me do peito. A visão do personagem desapareceu e dei-me conta de que minhas mãos, pés e peito foram feridos e jorravam sangue. Imaginais o suplício que experimentei então e que estou experimentando continuamente todos os dias. A ferida do coração, continuamente, sangra. Começa na quinta feira pela tarde até sábado. Meu pai, eu morro de dor pelo suplício e confusão que experimento no mais íntimo da alma. Temo morre en sangue, se Deus não ouvir os gemidos do meu pobre coração, e ter piedade de retirar de mim está situação…”
Durante anos, de todas as partes do mundo, os fiéis foram a este sacerdote estigmatizado, para conseguir a sua potente intercessão junto a Deus. Cinqüenta anos passados na oração, na humildade, no sofrimento e no sacrifício, de onde para atuar seu amor, o Padre Pio realizou duas iniciativas em duas direções: uma vertical até Deus com a fundação dos “Grupos de ruego”, hoje chamados “grupos de oração”e outra horizontal até os irmãos, com a construção de um moderno hospital: “Casa Alívio do Sofrimento”.
Em setembro os 1968 milhares de devotos e filhos espirituais do Padre Pio se reuniram em um congresso em San Giovanni Rotondo para comemorar o 50 aniversário dos estigmas e celebrar o quarto congresso internacional dos Grupos de Oração. Ninguém imaginou que às 2h30 da madrugada do dia 23 de setembro de 1968, seria o doloroso final da vida do Padre Pio de Pietrelcina. Deste maravilhoso frei, escolhido pro Deus para derramar a sua Divina Misericórdia de uma maneira especial.
Fonte: https://www.rs21.com.br
Os Filhos da Luz
TEMPO COMUM. VIGÉSIMO QUINTO DOMINGO. ANO C
– Parábola do administrador infiel.
– Utilizar todos os meios lícitos no serviço de Deus.
– Meios humanos e meios sobrenaturais.
I. A PRIMEIRA LEITURA da Missa1 faz ressoar aos nossos ouvidos as fortes censuras dirigidas pelo profeta Amós aos comerciantes que se enriquecem à custa dos pobres: alteram o peso, vendem mercadorias deterioradas, fazem subir os preços aproveitando momentos de necessidade... São inúmeros os meios injustos de que se servem para fazer prosperar os seus negócios.
No Evangelho da Missa 2, o Senhor serve‑se de uma parábola para falar da habilidade de um administrador que é chamado a prestar contas da sua gestão, e que é acusado de malversar os bens do seu senhor. O administrador pôs‑se a refletir sobre o que o esperava: Cavar não posso, de mendigar tenho vergonha. Já sei o que hei de fazer, para que haja quem me receba em sua casa quando for removido da administração. Chamou os devedores do seu amo e fez com eles um acordo que os favorecia. Ao primeiro que se apresentou, disse‑lhe: Quanto deves ao meu senhor? Ele respondeu: Cem medidas de azeite. Então disse‑lhe: Toma a tua obrigação, senta‑te depressa e escreve cinqüenta. Depois disse a outro: E tu quanto deves? E ele respondeu: Cem alqueires de trigo. Disse‑lhe o feitor: Toma as tuas letras e escreve oitenta.
O dono teve notícia do que o administrador tinha feito e louvou‑o pela sua sagacidade. E Jesus, talvez com um pouco de tristeza, acrescentou: Os filhos deste mundo são mais hábeis nas suas coisas do que os filhos da luz. O Senhor não louva a imoralidade desse intendente que, no pouco tempo que lhe restava, preparou uns amigos que depois o recebessem e ajudassem. “Por que o Senhor narrou esta parábola? – pergunta Santo Agostinho –. Não porque aquele servo fosse um exemplo a ser imitado, mas porque foi previdente em relação ao futuro, a fim de que se envergonhe o cristão que não tenha essa determinação” 3; louvou‑lhe o empenho, a decisão, a astúcia, a capacidade de sobrepor‑se e resolver uma situação difícil, sem se deixar levar pelo desânimo.
Podemos observar com freqüência como é grande o esforço e os inúmeros sacrifícios que muitas pessoas fazem para conseguir mais dinheiro, para subir na escala social... Noutros casos, ficamos espantados até com os meios que empregam para fazer o mal: imprensa, editoras, televisão, projetos de todo o tipo... E nós, cristãos, devemos pôr ao menos esse mesmo empenho em servir a Deus, multiplicando os meios humanos para fazê‑los render em favor dos mais necessitados: em atividades de ensino, de assistência, de beneficência... O interesse que os outros têm nos seus afazeres terrenos, devemos nós tê‑lo em ganhar o Céu, em lutar contra o que nos separa de Cristo.
“Que empenho põem os homens nos seus assuntos terrenos!: sonhos de honras, ambição de riquezas, preocupações de sensualidade. – Eles e elas, ricos e pobres, velhos e homens feitos e moços e até crianças; todos a mesma coisa.
“– Quando tu e eu pusermos o mesmo empenho nos assuntos da nossa alma, teremos uma fé viva e operante; e não haverá obstáculo que não vençamos nos nossos empreendimentos apostólicos” 4.
II. OS FILHOS DO MUNDO parecem às vezes mais conseqüentes com a sua forma de pensar. Vivem como se só existisse este mundo e labutam nele sem freio nem medida. O Senhor deseja que ponhamos nas coisas que lhe dizem respeito – a santidade pessoal e o apostolado – ao menos o mesmo empenho que os outros põem nos seus negócios terrenos; quer que nos devotemos aos assuntos da alma e do reinado de Cristo com interesse, com alegria, com entusiasmo, e que encaminhemos todas as coisas para esse fim, que é o único que realmente vale a pena.
Nenhum ideal é comparável ao de servir a Cristo, utilizando os dons recebidos como meio para um fim que ultrapassa este mundo passageiro.
Ao terminar a parábola, o Senhor recorda‑nos: Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará um e amará o outro, ou se afeiçoará àquele e desprezará este. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Temos apenas um Senhor, e devemos servi‑lo com todo o nosso coração, com os talentos que Ele mesmo nos deu, empregando nesse serviço todos os meios lícitos, a vida inteira. Temos de orientar para Deus, sem exceção, todos os atos da nossa vida: o trabalho, os negócios, o descanso... O cristão não tem um tempo para Deus e outro para os assuntos deste mundo: estes devem converter‑se em serviço a Deus pela retidão de intenção. “É uma questão de segundos... Pensa antes de começar qualquer trabalho: – Que quer Deus de mim neste assunto? – E, com a graça divina, faze‑o” 5.
Para ser bom administrador dos talentos que recebeu, dos bens de que deve prestar contas, o cristão deve saber ainda, como manifestação e contraprova do seu amor a Deus, dirigir as suas ações para a promoção do bem comum, encontrando para isso as soluções adequadas, com engenho, com “profissionalismo”, levando adiante ou colaborando em empreendimentos ou obras boas a serviço dos outros, tendo a convicção de que valem mais a pena que o negócio mais atraente. São os leigos “quem deve intervir nas grandes questões que afetam a presença direta da Igreja no mundo tais como a educação, a defesa da vida e do meio ambiente, o pleno exercício da liberdade religiosa, a presença da mensagem cristã nos meios de comunicação social. Nestas questões, devem ser os próprios leigos cristãos, enquanto cidadãos e através dos canais a que têm legítimo acesso no desenvolvimento da vida pública, quem faça ouvir a sua voz e prevalecer os seus justos direitos” 6. Assim serviremos a Deus no meio do mundo.
Mobilizando todos os meios ao nosso alcance, temos de trabalhar, “com um entusiasmo e energia renovados, por refazer o que foi destruído por uma cultura materialista e hedonista, e por avivar o que existe apenas debilmente. Não se trata já de revigorar as raízes. Em não poucos casos, em não poucos ambientes, trata‑se de começar desde o princípio, quase a partir do zero. Por isso é possível falar hoje de uma nova Evangelização” 7. A tarefa que o Senhor nos confia – através do seu Vigário na terra 8 – é imensa. Não deixemos de empenhar nela o nosso tempo, o prestígio profissional, a ajuda material...
“Já o disse o Mestre: oxalá nós, os filhos da luz, ponhamos, em fazer o bem, pelo menos o mesmo empenho e a obstinação com que se dedicam às suas ações os filhos das trevas!
“– Não te queixes: trabalha antes para afogar o mal em abundância de bem” 9.
III. AINDA QUE SEJA a graça que transforma os corações, o Senhor quer que utilizemos meios humanos na nossa ação apostólica, todos os que estiverem ao nosso alcance. São Tomás de Aquino ensina 10 que seria tentar a Deus não fazer aquilo que podemos e esperar tudo dEle. Este princípio também se aplica à atividade apostólica, em que o Senhor espera dos seus discípulos uma cooperação sábia, efetiva e abnegada. Não somos instrumentos inertes.
Os filhos da luz devem ser tão hábeis como os filhos deste mundo, e acrescentar aos meios sobrenaturais os talentos humanos, os dons de simpatia e comunicabilidade, a arte da persuasão, a fim de conquistarem uma alma para Cristo.
E nas obras apostólicas de formação, de ensino... serão necessários ainda os meios econômicos, como o próprio Senhor indicou: Quando eu vos mandei sem bolsa, e sem alforje, e sem sandálias, faltou‑vos porventura alguma coisa? Eles disseram: Nada. Disse‑lhes pois: Mas agora quem tem bolsa, tome‑a, e também alforje, e quem não tem espada, venda a sua túnica e compre uma 11. O próprio Jesus, para realizar a sua missão divina, quis servir‑se muitas vezes de meios terrenos: cinco pães e dois peixes, um pouco de barro, os bens de umas piedosas mulheres...
Sabemos muito bem que a missão apostólica a que o Senhor nos chama ultrapassa a capacidade dos meios humanos ao nosso dispor, e por isso nunca deixaremos de lado os sobrenaturais, como se fossem secundários. Não poremos a nossa confiança na sagacidade pessoal, no poder de persuasão da nossa palavra, nos bens que são o suporte material de um empreendimento apostólico, mas na graça divina, que fará milagres com esses meios. Esta confiança no poder divino levar‑nos‑á, entre outras coisas, a não esperar ter à mão todos os meios humanos necessários (talvez nunca cheguemos a tê‑los) para começar a agir, e menos ainda a desistir de continuar certos trabalhos ou de começar outros novos: “Começa‑se como se pode” 12. E pediremos a Jesus o que nos falta e atuaremos com a liberdade e audácia que nos dá a absoluta confiança em Deus.
“Achei graça à tua veemência. Perante a falta de meios materiais de trabalho e sem a ajuda de outros, comentavas: «Eu só tenho dois braços, mas às vezes sinto a impaciência de ser um monstro de cinqüenta, para semear e apanhar a colheita».
“– Pede ao Espírito Santo essa eficácia... Ele ta concederá!” 13
(1) Am 8, 4‑7; (2) Lc 16, 1‑13; (3) Santo Agostinho, Sermão 359, 9‑11; (4) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 317; (5) ibid., n. 778; (6) Card. A. Suquía, Discurso à Conferência Episcopal Espanhola, 19.02.90; (7) ibid.; (8) cfr. João Paulo II, Exortação Apostólica Christifideles laici, 30.12.88, 34; (9) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 848; (10) São Tomás de Aquino, Suma teológica, II‑II, q. 53, a. 1 ad 1; (11) Lc 22, 35‑37; (12) cfr. São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 488; (13) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 616.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
22 de Setembro 2019
A SANTA MISSA

25º Domingo do Tempo Comum – Ano C
Cor: Verde
1ª Leitura: Am 8,4-7
Contra aqueles que dominam os pobres com dinheiro.
Leitura da Profecia de Amós
4 Ouvi isto, vós que maltratais os humildes e causais a prostração dos pobres da terra; 5 vós que andais dizendo: ‘Quando passará a lua nova, para vendermos bem a mercadoria? E o sábado, para darmos pronta saída ao trigo, para diminuir medidas, aumentar pesos, e adulterar balanças, 6 dominar os pobres com dinheiro e os humildes com um par de sandálias, e para pôr à venda o refugo do trigo?’ 7 Por causa da soberba de Jacó, jurou o Senhor: ‘Nunca mais esquecerei o que eles fizeram.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 112, 1-2.4-6.7-8 (R. cf. 1a.7b)
R. Louvai o Senhor que eleva os pobres!
Ou: R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
1 Louvai, louvai, ó servos do Senhor,*
louvai, louvai o nome do Senhor!
2 Bendito seja o nome do Senhor,*
agora e por toda a eternidade! R.
4 O Senhor está acima das nações,*
sua glória vai além dos altos céus.
5 Quem pode comparar-se ao nosso Deus,
ao Senhor, que no alto céu tem o seu trono*
6 e se inclina para olhar o céu e a terra? R.
7 Levanta da poeira o indigente
e do lixo ele retira o pobrezinho,
8 para fazê-lo assentar-se com os nobres,*
assentar-se com nobres do seu povo. R.
2ª Leitura: 1Tm 2,1-8
Recomendo que se façam orações a Deus por todos
os homens. Deus que quer que todos sejam salvos.
Leitura da primeira Carta de São Paulo a Timóteo
Caríssimo: 1 Antes de tudo, recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças, por todos os homens; 2 pelos que governam e por todos que ocupam altos cargos, a fim de que possamos levar uma vida tranquila e serena, com toda piedade e dignidade. 3 Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador; 4 ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. 5 Pois há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, 6 que se entregou em resgate por todos. Este é o testemunho dado no tempo estabelecido por Deus, 7 e para este testemunho eu fui designado pregador e apóstolo, e – falo a verdade, não minto – mestre das nações pagãs na fé e na verdade. 8 Quero, portanto, que em todo lugar os homens façam a oração, erguendo mãos santas, sem ira e sem discussões.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Evangelho: Lc 16,1-13
Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo: 1Jesus dizia aos discípulos: ‘Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. 2 Ele o chamou e lhe disse: ‘Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens’. 3 O administrador então começou a refletir: ‘O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. 4 Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração’. 5 Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu patrão?’ 6 Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!’ O administrador disse: ‘Pega a tua conta, senta-te, depressa, e escreve cinquenta!’ 7 Depois ele perguntou a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. O administrador disse: ‘Pega tua conta e escreve oitenta’. 8 E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz. 9 E eu vos digo: Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. 10 Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. 11 Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? 12 E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? 13 Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Santo Inácio de Santhiá
22 de Setembro
Santo Inácio de Santhiá
Santo Inácio nasceu em Santhià, diocese de Vercelli, no Piemonte (Itália), aos 05 de junho de 1686. Os seus pais chamavam-se Pedro Paulo Belvisotti e Maria Elizabetta Balocco. Era o quarto de seis filhos, da rica família dos Belvisotti, cristã, bem posicionada e muito conceituada socialmente. No Batismo recebeu o nome de Lourenço Maurício. Após a profissão religiosa adotou o nome de Inácio.
Aos sete anos de idade ficou órfão de pai. Sua mãe cuidou para que os filhos recebessem uma excelente instrução por meio de um sacerdote piedoso. Assim, além de uma formação literária invejável, ele cresceu na oração e amadureceu a sua vocação sacerdotal.
Começou a distinguir-se pela integridade dos costumes, pelo aproveitamento nos estudos e pelo gosto em ser acólito na Colegiada. Entrou no Seminário diocesano e aos 24 anos de idade foi ordenado sacerdote. Dedicou-se à pregação colaborando com os Jesuítas. Depois, foi nomeado cônego da Colegiada de Santhià. Foi-lhe oferecido, a seguir, o ofício de pároco. Porém, e, contra o parecer dos seus parentes, que previam para ele brilhante carreira eclesiástica, renunciou ao cargo.
Pouco depois, com o desejo de conseguir maior perfeição, vencendo enormes dificuldades, entrou na Ordem dos Capuchinhos, quando tinha 30 anos de idade. Ali, fez sua profissão religiosa em 1717. Como São Francisco, padre Inácio queria que o ideal supremo de vida fosse Cristo, optando pela pobreza absoluta de Belém, a abnegação total do Calvário, a caridade do Tabernáculo. Durante 25 anos, foi confessor assíduo e muito solicitado por pessoas de todas as classes. Nesse ministério, demonstrou a caridade paterna, sabedoria e ciência, adquiridas nos livros e por meio das orações contemplativas. Durante o dia, passava horas ininterruptas, na direção espiritual e abria aos pecadores os caminhos misteriosos da bondade de Deus.
Sua fama de bom conselheiro espiritual difundiu-se rapidamente, trazendo para a paróquia uma grande quantidade de religiosos, sacerdotes e fiéis desejosos de uma verdadeira orientação no caminho da santidade. A todos recebia com a maior caridade, porque os pecadores eram os filhos mais doentes e necessitados de acolhida e compreensão. Passou a ser chamado de "padre dos pecadores e dos desesperados". A sua fama difundiu-se muito depressa também na pequena cidade, a tal ponto que os jovens que frequentavam as escolas superiores da cidade escolhiam como meta do passeio o convento, dizendo: "Vamos ver aquele santo!".
Foi Mestre de noviços no convento do Monte, em Turim. Sendo modelo das virtudes, soube orientar os jovens noviços pelos caminhos da perfeição franciscana. Sua única intenção era formar os jovens para a vida religiosa, para a mortificação e a penitência. Para isso, instruía, corrigia e encorajava com atenção e palavras amorosas, fazendo o caminho difícil tornar-se ameno. A sua cela estava aberta em qualquer momento do dia e da noite para os noviços que precisassem de conselhos, de um encontro para superar uma prova ou esclarecer uma dúvida.
Em 1724, estourou a guerra e logo se notabilizou na assistência aos soldados feridos no hospital militar. Durante aqueles tempos turbulentos, soube ser o conforto e a ajuda para quem a ele se dirigia. Passou o resto da sua vida a ensinar o catecismo aos pequeninos e aos adultos, com competência, diligência e proveito verdadeiramente singulares.
Orientou exercícios espirituais, especialmente para os religiosos, aos quais, com a palavra e com o exemplo, soube conduzir à espiritualidade cristã e franciscana.
Ingressou na vida religiosa à procura da humildade e da obediência e, durante 54 anos, converteu-se em grande modelo dessas virtudes. A sua alegria era estar no último lugar, sempre pronto para qualquer desejo dos seus Superiores. Tendo 84 anos, cansado pelo intenso trabalho apostólico que havia desenvolvido no meio da maior simplicidade e humildade, desejava voltar para Deus. Morreu com fama de santidade no dia 21 de setembro de 1770, em admirável tranquilidade.
A notícia espalhou-se rapidamente, e uma multidão de fiéis de todas as classes sociais acorreu para saudar pela última vez o "santinho do Monte", como era chamado. Os milagres atribuídos à sua intercessão logo surgiram e o seu culto ganhou vigor entre os devotos. Seis anos após sua morte, por vontade do clero, dos irmãos de hábito, do povo e da casa de Sabóia, foi dado início na cúria arquiepiscopal de Turim, ao processo sobre a fama de santidade, de vida, virtudes, e milagres do servo de Deus.
No ano de 1827, Leão XII declarou a heroicidade das suas virtudes, dando-lhe o título de Venerável. A 17 de abril de 1966, o Papa Paulo VI beatificou-o em São Pedro, no Vaticano. Foi canonizado a 19 de maio de 2002 pelo Papa São João Paulo II. Suas relíquias encontram-se na igreja dos Capuchinhos no Monte, em Turim.
Como produção literária, deixou-nos as Meditações para exercícios espirituais, cuja primeira impressão foi feita em 1912.
Fonte: http://www.santosebeatoscatolicos.com