Comunhão Reparadora #4 - 1ª sexta - O Amor não é Amado | Instituto Hesed


A Grande promessa está contida na carta escrita em maio de 1688 por Santa Margarida Maria à Madre Saumaise:

“Em uma sexta-feira, durante a Santa Comunhão, Ele falou essas palavras para sua indigna serva, se não me engano: Eu prometo, na excessiva misericórdia do meu Coração, que amor todo-poderoso dele concederá, a todos aqueles que comungarem em nove primeiras sextas-feiras do mês seguidas, a graça da penitência final; eles não morrerão na minha desgraça, nem sem receber os sacramentos e o meu divino Coração será o seu asilo seguro no último momento.”

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04 de Outubro 2019

A SANTA MISSA

26ª Semana do Tempo Comum – Sexta-feira 
Memória: São Francisco de Assis
Cor: Branca

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1ª Leitura: Br 1, 15-22

“Pecamos diante do Senhor e lhe desobedecemos” 

Leitura do Livro de Baruc

15 Ao Senhor nosso Deus, cabe justiça; enquanto a nós, resta-nos corar de vergonha, como acontece no dia de hoje aos homens de Judá e aos habitantes de Jerusalém, 16 aos nossos reis, nossos príncipes e sacerdotes, aos nossos profetas e nossos antepassados: 17 pois pecamos diante do Senhor e lhe desobedecemos 18 e não ouvimos a voz do Senhor, nosso Deus, que nos exortava a viver de acordo com os mandamentos que ele pôs sob os nossos olhos. 19 Desde o dia em que o Senhor tirou nossos pais do Egito, até hoje, temos sido desobedientes ao Senhor nosso Deus, procedemos inconsideradamente, deixando de ouvir sua voz; 20 por isso perseguem-nos as calamidades e a maldição, que o Senhor nos lançou por meio de Moisés, seu servo, no dia em que tirou nossos pais do Egito, para nos dar uma terra que mana leite e mel, como de fato é hoje. 21 Mas não escutamos a voz do Senhor, nosso Deus, como vem nas palavras dos profetas que ele nos enviou, 22 e entregamo-nos, cada qual, às inclinações do perverso coração, para servir a outros deuses e praticar o mal aos olhos do Senhor, nosso Deus!

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: S 78(79), 1-2.3-5.8.9(R. 9b)

R. Por vosso nome e vossa glória, libertai-nos, ó Senhor!

Invadiram vossa herança os infiéis, +
profanaram, ó Senhor, o vosso templo, *
Jerusalém foi reduzida a ruínas!
Lançaram aos abutres como pasto *
os cadáveres dos vossos servidores;
e às feras da floresta entregaram *
os corpos dos fiéis, vossos eleitos.       R.

3 Derramaram o seu sangue como água +
em torno das muralhas de Sião, *
e não houve quem lhes desse sepultura!
4 Nós nos tornamos o opróbrio dos vizinhos, +
um objeto de desprezo e zombaria *
para os povos e àqueles que nos cercam.
5 Mas até quando, ó Senhor, veremos isto? +
Conservareis eternamente a vossa ira? *
Como fogo arderá a vossa cólera?        R.

8 Não lembreis as nossas culpas do passado, +
mas venha logo sobre nós vossa bondade, *
pois estamos humilhados em extremo.         R.

9 Ajudai-nos, nosso Deus e Salvador! +
Por vosso nome e vossa glória, libertai-nos! *
Por vosso nome, perdoai nossos pecados!           R. 

Evangelho: Lc 10,13-16 

 Quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou.  

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, disse Jesus: 13 Ai de ti, Corazim! Aí de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas. 14 Pois bem: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura do que vós. 15 Ai de ti, Cafarnaum! Serás elevada até o céu? Não, tu serás atirada no inferno. 16 Quem vos escuta, a mim escuta; e quem vos rejeita, a mim despreza; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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São Francisco de Assis 

04 de Outubro

São Francisco de Assis 

São Francisco nasceu em Assis (Itália) em 1182, em uma família abastada. Tinha muito dinheiro e o gastava com ostentação. Só se interessava por “gozar a vida”.

Em sua juventude, foi à guerra e acabou sendo feito prisioneiro. Logo depois de ser libertado, ficou doente até que escutou uma voz que lhe questionou: “Francisco, a quem é melhor servir, ao amo ou ao criado?”.  Retornou para casa e com a oração foi entendendo que Deus queria algo a mais dele.

Começou a visitar e servir aos doentes, até dar de presente suas roupas e dinheiro. Desta maneira desenvolvia seu espírito de pobreza, humildade e compaixão.

Certo dia, enquanto rezava na Igreja de São Damião, pareceu-lhe que o crucifixo repetia três vezes: “Francisco, vai e repara a minha Igreja que, como vês, está toda em ruínas”. Então, acreditando que lhe pedia que reparasse o templo físico, foi, vendeu os vestidos da loja de seu pai, levou o dinheiro ao sacerdote do templo e pediu para viver ali.

O presbítero aceitou que ficasse, mas não o dinheiro. Seu pai o buscou, golpeou-o furiosamente e, ao ver que seu filho não queria retornar para casa, exigiu o dinheiro. Francisco, ante o conselho do Bispo, devolveu-lhe até a roupa que levava no corpo.

Mais adiante, ajudou a reconstruir a Igreja de São Damião e de São Pedro. Com o tempo, transferiu-se para uma capela chamada Porciúncula, a qual reparou e onde viveu. Pelos caminhos, costumava saudar dizendo: “A paz do Senhor esteja contigo”.

Sua radicalidade de vida foi atraindo algumas pessoas que queriam ser seus discípulos. Foi assim que, em 1210, Francisco redigiu uma breve regra e junto a seus amigos foi a Roma, onde obteve a aprovação.

O santo fez da pobreza o fundamento de sua ordem e o amor à pobreza se manifestava na maneira de se vestir, nos utensílios que usavam e nos atos. Apesar de tudo, sempre eram vistos alegres e contentes.

Sua humildade não era um desprezo sentimental de si mesmo, a não ser na convicção de que “ante os olhos de Deus o homem vale pelo que é e não mais”.

“Muitos há que, insistindo em orações e serviços, fazem muitas abstinências e macerações dos seus corpos, mas por causa de uma única palavra que lhes parece ser uma injúria a seu próprio eu ou por causa de alguma coisa que se lhes tire, sempre se escandalizam e se perturbam. Estes não são pobres de espírito, porque quem é verdadeiramente pobre de espirito se odeia a si mesmo e ama quem lhe bate a face”, dizia.

Considerando-se indigno, chegou a receber só o diaconato e deu à sua Ordem o nome de frades menores porque queria que seus irmãos fossem os servos de todos e buscassem sempre os lugares mais humildes.

Dois anos antes de sua morte, tendo Francisco ido ao Monte Alverne em companhia de alguns de seus frades mais íntimos, pôs-se em oração fervorosa e foi objeto de uma graça insigne.

Na figura de um serafim de seis asas apareceu-lhe Nosso Senhor crucificado que, depois de entreter-se com ele em doce colóquio, partiu deixando-lhe impressos no corpo os sagrados estigmas da Paixão. Assim, esse discípulo de Cristo, que tanto desejara assemelhar-se a Ele, obteve mais este traço de similitude com o Divino Salvador.

No verão de 1225, Francisco esteve tão enfermo, que o cardeal Ugolino e o irmão Elias o levaram ao médico do Papa, em Rieti. São Francisco de Assis perguntou a verdade e lhe dissessem que lhe restava apenas umas semanas de vida. "Bem vinda, irmã Morte!", exclamou o santo.

Em seguida pediu para ser levado à Porciúncula. Morreu no dia três de outubro de 1226, com menos de 45 anos, depois de escutar a leitura da Paixão do Senhor. Ele queria ser sepultado no cemitério dos criminosos, mas seus irmãos o levaram em solene procissão à Igreja de São Jorge, em Assis.

Ali esteve depositado até dois anos depois da canonização. Em 1230, foi secretamente trasladado à grande basílica construída pelo irmão Elias. Ele foi canonizado apenas dois anos depois da morte, em 1228, pelo Papa Gregório IX. Sua festa é celebrada em 04 de outubro.

Fonte: https://www.acidigital.com


Preparar a alma

TEMPO COMUM. VIGÉSIMA SEXTA SEMANA. SEXTA-FEIRA

– As cidades que não quiseram converter-se.
– Motivos para a penitência. As mortificações passivas.
– As mortificações voluntárias e as que nascem do perfeito cumprimento do dever.

I. JESUS PASSOU muitas vezes pelas ruas e praças das cidades que estavam à margem do lago de Genesaré, e foram incontáveis os milagres e as bênçãos que derramou sobre os seus habitantes; mas estes não se converteram, não souberam acolher o Messias de quem tanto tinham ouvido falar na sinagoga. Por isso o Senhor queixou-se com pesar: Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sídon se tivessem realizado os milagres que se fizeram em vós, há muito tempo que teriam feito penitência... E tu, Cafarnaum, serás exaltada até o céu? Serás abatida até o inferno1.

Jesus tinha semeado a mãos cheias naqueles lugares, mas não foi muito o que colheu. Os seus habitantes não fizeram penitência, e, sem essa conversão do coração, acompanhada de sacrifício, a fé obnubila-se e não se chega a descobrir Cristo que nos visita. Tiro e Sídon tinham menos responsabilidade porque tinham recebido menos graças.

Por isso, como diz o Espírito Santo, se ouvirdes hoje a sua voz, não queirais endurecer os vossos corações...2 Deus fala aos homens de todos os tempos. Cristo continua a passar pelas nossas cidades e aldeias, bem como a derramar as suas bênçãos sobre nós. Saber escutá-lo e cumprir a sua vontade hoje e agora é de importância capital para a nossa vida.

Nada é tão importante. Não há momento algum em que não seja necessário escutar com prontidão e docilidade esses apelos que Jesus faz ao coração de cada um, pois “não é a bondade de Deus que tem a culpa de que a fé não nasça em todos os homens, mas a disposição insuficiente dos que recebem a pregação da palavra”3.

Esta resistência à graça é chamada freqüentemente na Sagrada Escritura dureza de coração4. O homem costuma alegar dificuldades intelectuais ou teóricas para se converter ou dar um passo adiante na sua fé; mas não raras vezes trata-se simplesmente de más disposições na vontade, que se nega a abandonar um mau hábito ou a lutar decididamente contra um defeito, esse que lhe dificulta uma maior correspondência ao que o Senhor, que passa ao seu lado, lhe pede claramente.

O sacrifício prepara a alma para ouvir o Senhor e prepara a vontade para segui-lo: “Se queremos ir a Deus, é necessário que mortifiquemos a alma com todas as suas potências”5. Pelo sacrifício, o nosso coração converte-se em terra boa que espera a semente para dar fruto. À semelhança do lavrador, temos de arrancar e queimar a cizânia, as pragas que continuamente tendem a crescer na alma: a preguiça, o egoísmo, a inveja, a curiosidade... Por isso, a Igreja convida-nos sempre – e de maneira especial neste dia da semana, a sexta-feiraa examinar como vai o nosso espírito de penitência e de sacrifício, e anima-nos a ser mais generosos, imitando Cristo que se ofereceu na Cruz por todos os homens.

II. QUEM ADOTOU a firme resolução de levar uma vida cristã, na sua mais plena integridade, precisa do exercício contínuo de fazer morrer o homem velho com todas as suas obras6, quer dizer, de lutar contra o “conjunto de más inclinações que herdamos de Adão, a tríplice concupiscência que temos de reprimir e refrear mediante o exercício da mortificação”7.

Mas essas mortificações não são algo negativo; pelo contrário, rejuvenescem a alma, preparam-na para entender e receber os bens divinos, e servem para reparar os pecados passados. Por isso pedimos freqüentemente ao Senhor emendationem vitae, spatium verae paenitentiae: um tempo para fazer penitência e emendar a vida8.

São três os principais campos em que podemos desenvolver generosamente o espírito de penitência no meio dos nossos afazeres diários. Em primeiro lugar, o da aceitação amorosa e serena dos contratempos que nos chegam a cada passo. Trata-se de coisas, muitas vezes pequenas, que nos são contrárias, que não se apresentam como desejaríamos ou que chegam de modo inesperado ou contrário ao que tínhamos previsto, e que exigem uma mudança de planos: uma pequena doença que diminui a nossa capacidade de trabalho, um esquecimento, o mau tempo que dificulta uma viagem, o excesso de trânsito, o caráter difícil de uma pessoa com quem temos de trabalhar... Essas coisas não dependem de nós, mas temos de recebê-las como uma oportunidade para amar a Deus, acolhendo-as com paz, sem permitir que nos tirem a alegria.

São coisas pequenas, “mas que, se não se assimilam por Amor, vão gerando no homem uma espécie de nervosismo, um ânimo pouco aprazível e triste. A maior parte dos nossos aborrecimentos não provêm de grandes contratempos, mas de pequenas dificuldades não assimiladas. O homem que chega ao fim do dia preocupado, entristecido, de mau humor, de mau gênio, não é ordinariamente por ter experimentado graves reveses, mas porque foi acumulando uma série de contratempos mínimos que não soube incorporar a uma vida de amor, a uma vida de proximidade com Deus”9.

Esse homem perdeu muitas ocasiões de crescer nas virtudes e, além disso, deixou de fortalecer-se para poder aceitar situações mais difíceis, como queridas ou ao menos permitidas pelo Senhor para uni-lo mais intimamente a Ele.

Quando Deus vem ao mundo “para curar e remediar as nossas rebeldias e misérias espirituais na sua raiz, destrói muitas coisas por serem inúteis; mas deixa intacta a dor. Não a suprime, dá-lhe um novo sentido. Ele poderia ter escolhido mil caminhos diferentes para alcançar a Redenção do gênero humano – para isso veio ao mundo –, mas na realidade escolheu um único: o da Cruz. E por essa via leva a sua própria Mãe, Maria, e José, e os Apóstolos, e todos os filhos de Deus. O Senhor, que permite o mal, sabe tirar bens em benefício das nossas almas”10.

Não deixemos de converter as contrariedades em ocasião de crescimento no amor.

III. OUTRO CAMPO das nossas mortificações diárias é o do cumprimento do dever, através do qual temos de nos santificar. Aí encontramos habitualmente a vontade de Deus para nós; e levá-lo a cabo com perfeição, com amor, requer sacrifício. Por isso a mortificação mais grata ao Senhor “está na ordem, na pontualidade, no cuidado dos pormenores do trabalho que realizamos; no cumprimento fiel do menor dever de estado, mesmo quando custa sacrifício; em fazer o que temos obrigação de fazer, vencendo a tendência para o comodismo. Não perseveramos no trabalho porque temos vontade, mas porque é preciso fazê-lo; e então fazemo-lo com vontade e alegria”11.

O cansaço, conseqüência de termos trabalhado a fundo, realmente mergulhados nas nossas ocupações, converte-se numa gratíssima oferenda ao Senhor que nos santifica. Pensemos hoje se não somos dessas pessoas que se queixam com freqüência do seu trabalho diário, em vez de nos lembrarmos de que deve aproximar-nos de Deus.

Um breve olhar ao crucifixo que tenhamos na parede do escritório ou sobre a mesa de trabalho ajudar-nos-á a não protestar interiormente, mas a abrir os braços para acolher o dever de cada momento.

O terceiro campo dos nossos sacrifícios está, ordinariamente, naquelas mortificações que procuramos voluntariamente com o desejo de agradar ao Senhor e de nos prepararmos melhor para orar, para vencer as tentações, para ajudar os nossos amigos a aproximar-se do Senhor. Entre esses sacrifícios, devemos preferir os que vão em ajuda dos outros. “Fomenta o teu espírito de mortificação nos detalhes de caridade, com ânsias de tornar amável a todos o caminho de santidade no meio do mundo: às vezes, um sorriso pode ser a melhor prova do espírito de penitência”12.

Vencer, com o auxílio do Anjo da Guarda, os estados de ânimo, o cansaço..., será muito grato ao Senhor e uma grande ajuda para as pessoas que temos ao nosso lado. “O espírito de penitência consiste principalmente em aproveitar essas abundantes miudezas – ações, renúncias, sacrifícios, serviços... – que encontramos cada dia no caminho, para convertê-las em atos de amor, de contrição, em mortificações, formando um ramalhete no fim de cada dia: um belo ramo, que oferecemos a Deus!”13

(1) Lc 10, 13-15; (2) Hebr 3, 7-8; (3) São Gregório Nazianzeno, Oratio catechetica magna, 31; (4) Êx 4, 21; Rom 9, 18; (5) Cura d’Ars,Sermão para a Quarta-Feira de Cinzas; (6) Col 3, 9; (7) Adolphe Tanquerey, Compendio de teología ascética e mística, n. 323; (8) cfr. Missal Romano, Formula intentionis Missae; (9) A. G. Dorronsoro, Tiempo para creer, Rialp, Madrid, 1976, pág. 142; (10) Jesús Urteaga, Los defectos de los santos, págs. 222-223; (11) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Carta, 15.10.48; (12) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Forja, n. 149; (13) ibid., n. 408.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


A messe é grande

TEMPO COMUM. VIGÉSIMA SEXTA SEMANA. QUINTA-FEIRA

– Urgência de novos apóstolos para reevangelizar o mundo.
– A caridade, fundamento do apostolado.
– A alegria que deve acompanhar a mensagem cristã.

I. DENTRE O NUMEROSO grupo de discípulosque seguiu Jesus, alguns acompanharam-no desde o batismo nas margens do Jordão até à Ascensão: os Atos dos Apóstolos dão-nos notícia de dois deles: José, chamado Bársabas, e Matias 2. Também estariam nesse grupo Cléofas e o seu companheiro, a quem Jesus ressuscitado apareceu no caminho de Emaús 3.

Sempre dispostos a atender ao que o Mestre lhes pedisse 4. Com toda a certeza, formaram o núcleo da primitiva Igreja depois de Pentecostes. No Evangelho da Missa5, lemos que, desses que o seguiam com plena disponibilidade, Jesus designou setenta e dois para que fossem adiante dEle, preparando as almas para a sua chegada. E disse-lhes: A messe é grande, mas os operários são poucos.

Também hoje o campo apostólico é imenso: países de tradição cristã que é necessário evangelizar de novo, nações que durante muitos anos sofreram perseguições por causa da fé e que precisam da nossa ajuda, povos inteiros que acabam de surgir no cenário da história e que estão sedentos de doutrina... Basta lançarmos um olhar à nossa volta – ao lugar de trabalho, à Universidade, aos meios de comunicação... – para nos apercebermos de tudo o que está por fazer. A messe é grande... “Nações e países inteiros, onde a religião e a vida cristã foram em tempos tão prósperas e capazes de dar origem a comunidades de fé viva e operosa, encontram-se hoje sujeitos a duras provas, e, por vezes, até são radicalmente transformados pela contínua difusão do indiferentismo, do secularismo e do ateísmo. É o caso, em especial, dos países e das nações do chamado Primeiro Mundo, onde o bem-estar econômico e o consumismo – se bem que misturados com espantosas situações de pobreza e de miséria – inspiram e permitem uma existência vivida como se Deus não existisse.

“Ora, o indiferentismo religioso e a total irrelevância prática de Deus à hora de resolver os problemas, mesmo graves, da vida, não são menos preocupantes e desoladores do que o ateísmo declarado. E também a fé cristã – ainda que sobreviva em algumas manifestações tradicionais e ritualistas – tende a desaparecer nos momentos mais significativos da existência, como são os momentos do nascer, do sofrer e do morrer. Daí que se levantem interrogações e enigmas tremendos, que, ao ficarem sem resposta, expõem o homem contemporâneo a inconsoláveis decepções e à tentação de eliminar a própria vida humana que levanta esses problemas” 6.

Este é o tempo de lançar a semente divina e também o tempo de recolher. Há lugares em que não se pode semear por falta de operários, e messes que se perdem porque não há quem as recolha. Daí a urgência de novos apóstolos. A messe é grande; os operários, poucos.

Nos primeiros tempos do cristianismo, num mundo cuja situação era parecida à nossa – com abundância de recursos materiais, mas espiritualmente pobre –, a Igreja nascente teve o necessário rigor, não só para se proteger do inimigo exterior, o paganismo, mas também para transformar por dentro uma civilização tão afastada de Deus. Não parece que o mundo de há dois mil anos estivesse nem melhor nem pior preparado do que o nosso para ser evangelizado. À primeira vista, podia parecer fechado à mensagem de Cristo, como o de agora; mas aqueles primeiros cristãos, todos eles apóstolos, providos das mesmas armas que nós – o espírito de Jesus –, souberam transformá-lo. Não poderemos nós mudar o mundo que nos rodeia: a família, os amigos, os companheiros de trabalho...?

O mundo atual talvez precise de muitas coisas, mas de nenhuma outra precisa com mais urgência do que de apóstolos santos, alegres, de convicções firmes, fiéis à doutrina da Igreja, que anunciem com simplicidade que Cristo vive. É o próprio Senhor quem nos indica o caminho para conseguirmos novos operários que trabalhem na sua vinha: Rogai, pois, ao dono da messe que mande operários para a sua messe. Rogai..., diz-nos. “A oração é o meio mais eficaz de proselitismo”7. As nossas ânsias apostólicas devem traduzir-se, em primeiro lugar, numa petição contínua, confiada e humilde, de novos apóstolos. A oração deve sempre preceder a ação.

“Corta o coração aquele clamor – sempre atual! – do Filho de Deus, que se lamenta porque a messe é muita e os operários são poucos. – Esse grito saiu da boca de Cristo para que também tu o ouças. Como lhe respondeste até agora? Rezas, ao menos diariamente, por essa intenção?”8

II. A MESSE É GRANDE... “Para a messe abundante – comenta São Gregório Magno –, são poucos os operários – coisa que não podemos dizer sem grande tristeza –; porque, se é verdade que não falta quem ouça coisas boas, falta, no entanto, quem as difunda” 9. O Senhor quer servir-se agora de nós, como fez naquela ocasião com os que o acompanhavam e depois com todos os que quiseram segui-lo de perto.

O Mestre, antes de enviar os seus discípulos ao mundo inteiro, fê-los viver como amigos na sua intimidade; deu-lhes a conhecer o Pai, revelou-lhes e sobretudo comunicou-lhes o seu amor. Como o Pai me amou, assim eu vos amei 10; chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo aquilo que ouvi de meu Pai. E acrescentou, como conclusão: Eu vos destinei para que vades e deis fruto 11.

É com essa caridade que temos de ir a toda a parte, pois o apostolado consiste essencialmente em “manifestar e comunicar a caridade de Deus a todos os homens e povos” 12, essa caridade com que o Senhor nos ama e com que quer que amemos a todos.

O cristão será apóstolo na medida em que for amigo de Deus e projetar essa amizade naqueles que encontra diariamente no seu caminho.

Num mundo onde a agressividade e a desconfiança parecem ir ganhando terreno, a nossa primeira preocupação deve ser a de viver com esmero a caridade em todas as suas manifestações. Quando as pessoas que se aproximam de nós – por mais afastadas que estejam de Deus – virem que confiamos nelas, que estamos dispostos a oferecer-lhes a nossa ajuda, a sacrificar-nos por elas, mesmo sem as conhecermos bem, que não somos negativos nem falamos mal seja de quem for..., não demorarão a pensar que nós, os cristãos, somos muito diferentes, e que o somos porque seguimos Alguém muito especial: Cristo.

Isto não quer dizer que não tenhamos diferenças com os outros, mas que as manifestamos sem ar de ofendidos, sem pôr em dúvida a boa-fé das pessoas, sem as atacar, ainda que estejamos longe das suas idéias. Quando não excluímos ninguém do nosso convívio e da nossa ajuda, então damos testemunho de Cristo.

III. JUNTO COM A CARIDADE, devemos manifestar ao mundo a nossa alegria, aquela que o Senhor nos prometeu na Última Ceia 13 e que nasce da intimidade com Deus e do esquecimento dos nossos problemas.

A alegria é um elemento essencial da ação apostólica, pois quem pode sentir-se atraído por uma pessoa triste, negativa, que se queixa continuamente? Se a doutrina do Senhor se propagou como um incêndio nos primeiros séculos, foi, em boa parte, porque os cristãos se mostravam cheios de segurança e alegria por serem portadores da Boa Nova: eram os mensageiros gozosos dAquele que trouxera a salvação ao mundo. Constituíam sem dúvida um povo feliz no meio de um mundo triste, e a sua alegria irradiava a fé que tinham em Cristo, era portadora da verdade que traziam no coração e da qual falavam no lar, na intimidade de uma conversa entre amigos..., em todo o momento, porque era a razão das suas vidas.

A alegria do cristão tem um fundamento bem firme: o sentido da sua filiação divina, o saber-se filho de Deus em qualquer circunstância. “Como sugere Chesterton, é alegria não porque o mundo possa satisfazer todas as nossas aspirações, mas ao contrário. Não estamos onde temos de permanecer: estamos a caminho. Tínhamos perdido o rumo e Alguém veio buscar-nos e leva-nos de volta ao lar paterno. É alegria não porque tudo o que nos acontece seja bom – não é assim –, mas porque Alguém sabe aproveitá-lo para o nosso bem. A alegria cristã é conseqüência de sabermos enfrentar a única realidade autenticamente triste da vida, que é o pecado; e de sabermos neutralizá-la com uma realidade gozosa ainda mais real e mais forte que o pecado: o amor e a misericórdia de Deus” 14.

Temos de perguntar-nos se realmente refletimos na nossa vida diária tantos motivos que possuímos para estar alegres: o júbilo da filiação divina, do arrependimento e do perdão, de nos sentirmos a caminho da felicidade sem fim..., a imensa alegria de podermos comungar com tanta freqüência!

“O primeiro passo para aproximares os outros dos caminhos de Cristo é que te vejam contente, feliz, seguro no teu caminhar para Deus” 15.

E, com a alegria e a caridade de Cristo, temos de saber mostrar que possuímos a única verdade que pode salvar os homens e fazê-los felizes. “Somente os cristãos persuadidos têm a possibilidade de persuadir os outros. Os cristãos persuadidos a meias não persuadirão ninguém” 16.

(1) Cfr. Mc 2, 15; (2) cfr. At 1, 21-26; (3) cfr. Lc 24, 13-35; (4) cfr. P. R. Bernard, El misterio de Jesús, J. Flors, Barcelona, 1965, vol. I, pág. 88 e segs.; (5) Lc 10, 1-12; (6) João Paulo II, Exortação Apostólica Christifideles laici, 30.12.88, 34; (7) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Caminho, n. 800; (8) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Forja, n. 906; (9) São Gregório Magno, Homilias sobre os Evangelhos, 17, 3; (10) Jo 15, 9; (11) Jo 15, 16; (12) Concílio Vaticano II, Decreto Ad gentes, 10; (13) cfr. Jo 16, 22; (14) Cormac Burke, Autoridad y libertad en la Iglesia, pág. 223; (15) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Forja, n. 858; (16) Cormac Burke, Autoridad y libertad en la Iglesia, pág. 219.

Fonte: Livro "Falar com Deus" de Francisco Fernández Carvajal


03 de Outubro 2019

A SANTA MISSA

26ª Semana do Tempo Comum – Quinta-feira 
Memória: André de Soveral, Ambrósio Francisco
e companheiros, protomártires do Brasil
Cor: Vermelha

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1ª Leitura: Ne 8,1-4a.5-6.7b-12 

“Esdras abriu o Livro da Lei e bendisse o Senhor;
e todos responderam: «Amém! Amém!” 

Leitura do Livro de Neemias

Naqueles dias, 1 todo o povo se reuniu como um só homem na praça que fica defronte da porta das Águas, e pediu ao escriba Esdras que trouxesse o livro da Lei de Moisés, que o Senhor havia prescrito a Israel. 2 O sacerdote Esdras apresentou a Lei diante da assembleia de homens, de mulheres e de todos os que eram capazes de compreender. Era o primeiro dia do sétimo mês. 3 Assim, na praça que fica defronte da porta das Águas, Esdras fez a leitura do livro, desde o amanhecer até o meio-dia, na presença dos homens, das mulheres e de todos os que eram capazes de compreender. E todo o povo escutava com atenção a leitura do livro da Lei. 4a Esdras, o escriba, estava de pé sobre um estrado de madeira, erguido para esse fim. 5 Estando num lugar mais alto, ele abriu o livro à vista de todo o povo. E, quando o abriu, todo o povo ficou de pé. 6 Esdras bendisse o Senhor, o grande Deus, e todo o povo respondeu, levantando as mãos: “Amém! Amém!” Depois inclinaram-se e prostraram-se diante do Senhor, com o rosto em terra. 7b Os levitas explicavam a Lei ao povo, e cada um ficou em seu lugar. 8 E leram clara e distintamente o livro da Lei de Deus e explicaram seu sentido, de maneira que se pudesse compreender a leitura. 9 O governador Neemias e Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas que instruíam o povo disseram a todos: “Este é um dia consagrado ao Senhor, vosso Deus! Não fiqueis tristes nem choreis”, pois todo o povo chorava ao ouvir as palavras da Lei. 10 E Neemias disse-lhes: “Ide para vossas casas e comei carnes gordas, tomai bebidas doces e reparti com aqueles que nada prepararam, pois este dia é santo para o nosso Senhor. Não fiqueis tristes, porque a alegria do Senhor será a vossa força”. 11 E os levitas acalmavam todo o povo, dizendo: “Ficai tranquilos; hoje é um dia santo. Não vos aflijais!” 12 E todo o povo se retirou para comer e beber. Distribuíram também aos outros e expandiram-se em grande alegria, pois haviam entendido as palavras que lhes tinham sido explicadas.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 18(19), 8.9.10.11(R. 9a)

R. Os ensinos do Senhor são sempre retos, alegria ao coração.

A lei do Senhor Deus é perfeita,*
conforto para a alma!
O testemunho do Senhor é fiel,*
sabedoria dos humildes.         R.

9 Os preceitos do Senhor são precisos,*
alegria ao coração.
O mandamento do Senhor é brilhante,*
para os olhos é uma luz.       R.

10 É puro o temor do Senhor,*
imutável para sempre.
Os julgamentos do Senhor são corretos*
e justos igualmente.         R.

11 Mais desejáveis do que o ouro são eles,*
do que o ouro refinado.
Suas palavras são mais doces que o mel,*
que o mel que sai dos favos.         R. 

Evangelho: Lc 10,1-12 

 A vossa paz repousará sobre ele. 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo: 1 O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2 E dizia-lhes: ‘A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita. 3 Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. 4 Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! 5 Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6 Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós. 7 Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não passeis de casa em casa. 8 Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, 9 curai os doentes que nela houver e dizei ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vós.’ 10 Mas, quando entrardes numa cidade e não fordes bem recebidos, saindo pelas ruas, dizei: 11 Até a poeira de vossa cidade, que se apegou aos nossos pés, sacudimos contra vós. No entanto, sabei que o Reino de Deus está próximo! 12 Eu vos digo que, naquele dia, Sodoma será tratada com menos rigor do que essa cidade.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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Santos André, Ambrósio, Mateus e seus companheiros 

03 de Outubro

Santos André de Soveral, Ambrósio, Mateus e seus companheiros 

Mártires de Cunhaú e Uruaçu ou Protomártires do Brasil, é o título dado aos 30 cristãos martirizados, no interior do Rio Grande do Norte. Foram vítimas de dois morticínios, ambos no ano de 1645, no contexto das invasões holandesas no Brasil. O primeiro na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho de Cunhaú, município de Canguaretama; outro em Uruaçu, comunidade do município de São Gonçalo do Amarante.

No dia 16 de julho de 1645, os holandeses que ocupavam o nordeste do Brasil, chegaram a Cunhaú, no Rio Grande do Norte, onde residiam vários colonos ao redor do Engenho, ocupados no plantio da cana-de-açúcar. Era um domingo. Na hora da missa, 69 pessoas se reuniram na capela de Nossa Senhora das Candeias. A capela foi cercada e invadida por soldados e índios que trucidaram a todos que aí estavam, inclusive o Pároco Pe. André de Soveral que celebrava a missa. Não opuseram resistência aos agressores e entregaram piedosamente suas almas ao Criador.

Aterrorizados com o acontecimento de Cunhaú, muitos moradores de Natal pediram asilo no Forte dos Reis Magos ou se refugiaram em abrigos improvisados. No dia 3 de outubro, foram levados para as margens do Rio Uruaçu, onde os aguardavam índios e soldados holandeses armados. Eram cerca de 80 pessoas. Os holandeses, de religião calvinista, trouxeram um pastor protestante para demovê-los de sua fé católica. Todos resistiram a esta tentativa e foram barbaramente sacrificados. Entre eles estava Mateus Moreira que, ao lhe ser arrancado o coração pelas costas, morreu exclamando: "Louvado seja o Santíssimo Sacramento".

Emissários do governo holandês enviados para investigar os massacres constataram a prática de violência, atrocidade e crueldade. Cronistas da época relatam que em Uruaçu a crueldade foi maior. Os índios e a tropa holandesa fecharam as portas da igreja e mataram os católicos ferozmente. Arrancaram línguas, deceparam braços e pernas, cortaram crianças ao meio e degolaram corpos. A história dos massacres foi pesquisada na Torre do Tombo, em Portugal, e no Museu de Ajax, na Holanda. Segundo documentos levantados, os holandeses ofereceram aos católicos a opção de salvar a vida, se eles se convertessem ao calvinismo.

Fonte: http://www.portalsalette.com.br


Santos Anjos da Guarda

– Existência.
– Contínuos serviços que os Anjos da Guarda nos prestam.
– Tratá-los como amigos íntimos.

A devoção aos Anjos da Guarda foi cultivada desde os começos do cristianismo. A sua festa, com caráter universal para toda a Igreja, foi instituída pelo Papa Clemente X no século XVII. Os Anjos da Guarda são mensageiros de Deus encarregados de velar por cada um de nós, protegendo-nos no nosso caminho na terra e compartilhando com os cristãos a preocupação apostólica de aproximar as almas de Deus.

I. ANJOS TODOS DO SENHOR, bendizei o Senhor; cantai a sua glória, louvai-o eternamente 1. Os Anjos aparecem freqüentemente na Sagrada Escritura como ministros ordinários de Deus. São as criaturas mais perfeitas da Criação, penetram com a sua inteligência onde nós não podemos, e contemplam a Deus face a face, como criaturas já glorificadas.

Nos momentos mais importantes da história humana, um anjo, que se manifestava por vezes em forma corpórea, foi o embaixador de Deus para anunciar os seus desígnios, mostrar um caminho ou comunicar a vontade divina. Vemo-los atuar constantemente como mensageiros do Altíssimo, iluminando, exortando, intercedendo, preservando do perigo, castigando. O próprio significado da palavra anjo – enviado – exprime a sua função de mensageiro de Deus junto dos homens 2.

Sempre receberam veneração e respeito por parte do Povo eleito. Porventura não são todos esses espíritos ministros de Deus, enviados para exercerem o seu ministério em favor daqueles que hão de receber a herança da salvação?3 Foi a fé nesta missão protetora dos Anjos, ligada a pessoas particulares, que fez Jacó exclamar enquanto abençoava os seus netos, filhos de José: Que o anjo que me livrou de todos os males abençoe estes meninos4. E a primeira Leitura da Missa5 transmite-nos as palavras do Senhor a Moisés, que hoje podemos considerar dirigidas a cada um de nós: Eu enviarei o meu anjo adiante de ti para que te guarde pelo caminho e te faça chegar ao lugar que te preparei. E o profeta Eliseu dirá ao seu servo, que se assustara ao verem-se sitiados pelos inimigos: Nada temas, pois muitos mais estão conosco do que com eles. E Eliseu orou e disse: Senhor, abre os olhos deste, para que veja. E o Senhor abriu os olhos do servo, e ele viu a montanha cheia de cavalos e de carros de fogo que rodeavam Eliseu 6.

Que segurança nos deve inspirar a presença dos Anjos da Guarda na nossa vida! Eles nos consolam, iluminam e lutam a nosso favor: no mais aceso do combate, apareceram do céu aos inimigos cinco homens resplandecentes, montados em cavalos com freios de ouro, que se puseram à testa dos judeus. Dois desses homens levaram o Macabeu para o meio deles, cobriram-no com as suas armas, guardavam-no incólume e lançavam dardos e raios contra os inimigos que, feridos de cegueira e cheios de espanto, iam caindo 7. Os santos Anjos intervêm todos os dias de formas e modos muito diversos na nossa vida corrente. Que providência tão singular e cheia de bondade e quanta solicitude a de Deus para conosco, seus filhos, por meio desses santos protetores! Procuremos neles a fortaleza de que necessitamos para a nossa luta ascética habitual, e ajuda para que acendam em nossos corações as chamas do Amor de Deus.

II. NA PRESENÇA DOS ANJOS, eu Vos louvo, Senhor meu Deus 8A vida e os ensinamentos de Jesus estão repletos da presença ministerial dos Anjos. Gabriel comunica a Maria que vai ser Mãe do Salvador. Um anjo ilumina e tranqüiliza José; também há anjos que anunciam o nascimento de Jesus aos pastores de Belém. A fuga para o Egito, as tentações do Senhor no deserto, a longa agonia no Horto de Getsêmani, a Ressurreição e a Ascensão são igualmente presenciadas por esses servidores de Deus que, por sua vez, velam constantemente pela Igreja e por cada um dos seus membros, como testemunham os Atos dos Apóstolos 9 e a Tradição primitiva. Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do homem10.

Muitos santos e muitas almas que estiveram bem perto de Deus distinguiram-se na sua vida aqui na terra pela sua amizade com o seu Anjo da Guarda, a quem recorriam muito freqüentemente 11. São Josemaría Escrivá teve uma particular devoção pelos Anjos da Guarda. E foi precisamente na festa que a Igreja celebra hoje, que o Senhor lhe fez ver com toda a clareza a fundação do Opus Dei, por meio do qual ressoaria em pessoas de todas as condições humanas e sociais a chamada à santidade no mundo, no meio dos afazeres habituais, através das circunstâncias em que se desenvolve a vida corrente. Mons. Escrivá tratava com toda a intimidade o seu Anjo da Guarda e cumprimentava o da pessoa com quem conversava 12; dizia do Anjo da Guarda que era um “grande cúmplice” nas tarefas apostólicas, e também pedia-lhe favores materiais. Em certa época da sua vida, chamou-lhe o meu relojoeiro, pois o seu relógio parava com freqüência e, como não tinha dinheiro para mandá-lo consertar, encarregava-o de que o fizesse funcionar13. Dedicava um dia da semana – a terça-feira – a cultivar essa devoção com mais empenho 14.

Certa vez, vivendo em Madrid, no meio de um ambiente de perseguição religiosa agressivamente anticlerical, avançou para ele, na rua, um sujeito de péssima catadura com a clara intenção de agredi-lo. De repente, interpôs-se inexplicavelmente outra pessoa, que repeliu o agressor. Foi coisa de um instante. Já a salvo, o seu protetor aproximou-se dele e disse-lhe ao ouvido: “Burrinho sarnento, burrinho sarnento!”, palavras com as quais o Servo de Deus se definia humildemente a si mesmo, na intimidade da sua alma, e que apenas o seu confessor conhecia. A paz e a alegria de reconhecer a visível intervenção do seu Anjo da Guarda invadiram-lhe a alma15. “Ficas pasmado porque o teu Anjo da Guarda te tem prestado serviços patentes. – E não devias pasmar; para isso o colocou o Senhor junto de ti” 16.

Hoje pode ser um bom dia para reafirmarmos a nossa devoção ao Anjo da Guarda, pois temos muita necessidade dele: Ó Deus, que na vossa misteriosa providência mandais os vossos Anjos para nos guardarem – dizemos ao Senhor com uma oração da Liturgia da Missa –, concedei que nos defendam de todos os perigos e gozemos eternamente do seu convívio 17.

III. ORDENOU AOS SEUS ANJOS que te guardassem em todos os teus caminhos... E São Bernardo comenta numa das leituras da Liturgia das Horas de hoje: “Estas palavras devem inspirar-te uma grande reverência, infundir-te uma grande devoção e conferir-te uma grande confiança. Reverência pela presença dos Anjos, devoção pela sua benevolência, confiança pela sua proteção. Estão aqui, portanto, e estão junto de ti, não apenas contigo, mas para teu bem. Estão aqui para te protegerem, para te serem úteis. E embora tenham sido enviados porque Deus lhes deu essa ordem, nem por isso devemos estar-lhes menos agradecidos, pois cumprem essa ordem com muito amor e nos auxiliam nas nossas necessidades, que são tão grandes” 18.

Eles te levarão nas suas mãos, para que o teu pé não tropece em pedra alguma 19. Sustentam-nos nas suas mãos como um precioso tesouro que Deus lhes confiou. Como os irmãos mais velhos cuidam dos mais novos, assim os Anjos nos assistem até nos introduzirem felizmente na casa paterna. Então terão cumprido a sua missão.

O nosso trato com o Anjo da Guarda deve ter um caráter amistoso, que ao mesmo tempo reconheça a sua superioridade em natureza e em graça. Ainda que a sua presença seja menos sensível que a de um amigo na terra, tem uma eficácia muito maior. Os seus conselhos e sugestões vêm de Deus e penetram mais profundamente que a voz humana. E, ao mesmo tempo, a sua capacidade de ouvir-nos e compreender-nos é muito superior à do amigo mais fiel; não apenas porque a sua permanência ao nosso lado é contínua, mas porque capta mais fundo as nossas intenções, desejos e pedidos.

O Anjo da Guarda pode influir na nossa imaginação diretamente – sem palavra alguma –, suscitando imagens, recordações, impressões, que nos indicam o caminho a seguir.

Quantas vezes nos terá ajudado a continuar o nosso caminho como a Elias que, perseguido por Jezabel, se preparava para morrer, tal o seu cansaço, sob um arbusto da estrada! Podemos estar certos de que o nosso Anjo, como o de Elias, se aproximará de nós e nos fará entender: Levanta-te e come, porque te resta ainda um longo caminho 20.

Nunca nos sentiremos sozinhos se nos acostumarmos a tratar intimamente esse amigo fiel e generoso, com quem podemos conversar com toda a familiaridade 21. Além disso, ele une a sua oração à nossa ao apresentá-la a Deus22. É necessário, no entanto, que lhe contemos mentalmente as coisas, porque não lhe é possível penetrar no nosso entendimento como Deus o faz. E então, ele poderá deduzir do nosso interior mais do que nós mesmos somos capazes. “Não podemos ter a pretensão de que os Anjos nos obedeçam... Mas temos a absoluta certeza de que os Santos Anjos nos ouvem sempre” 23. Já é suficiente.

O nosso Anjo da Guarda acompanhar-nos-á até o fim do caminho e, se formos fiéis, contemplaremos com ele a nossa Mãe, Rainha dos Anjos, a quem todos eles louvam numa eternidade sem fim. A esse coro angélico, com a ajuda da graça, nos uniremos nós também.

(1) Dan 3, 58; Antífona de entrada da Missa do dia 2 de outubro; (2) cfr. João Paulo II, Audiência geral, 30-VII-1986; (3) Hebr 1, 14; (4) Gên 48, 16; (5) Êx 23, 20-23; (6) 4 Rs 6, 16-17; (7) Mac 10, 29-30; (8) Antífona da comunhão da Missa do dia 2 de outubro; (9) At 5, 19-20; 12, 7-17; (10) Jo 1, 51; (11) cfr. G. Huber, Meu anjo caminhará à tua frente, Prumo-Rei dos Livros, Lisboa, 1990, págs. 33-50; (12) A. Vázquez de Prada, O Fundador do Opus Dei, Quadrante, São Paulo, 1989, pág. 138; (13) ib.; (14) ib., pág. 138, nota 40; (15) cfr. ib.; (16) Josemaría Escrivá, Caminho, n. 565; (17) Oração coleta da Missa de 2 de outubro; (18) Liturgia das Horas, Segunda Leitura; São Bernardo, Sermão 12 sobre o Salmo “Qui habitat”, 3, 6-8; (19) Sl 90, 2; (20) 1 Rs 19, 7; (21) cfr. Tanquerey, Compêndio de teologia ascética y mística, Palabra, Madrid, 1990, n. 187, págs. 131-132; (22) cfr. Orígenes, Contra Celso, 5, 4; (23) Josemaría Escrivá, Forja, n. 339.

Fonte: Livro "Falar com Deus" de Francisco Fernández Carvajal


Santos Anjos da Guarda

02 de Outubro

Santos Anjos da Guarda

Os anjos que são fiéis a Deus são os chamados anjos bons ou simplesmente: Anjos. Dentre esses é que Deus escolhe nosso Anjo da Guarda, que é pessoal e exclusivo, cuja função é proteger-nos até o retorno da nossa alma à eternidade. Ele nos ampara e nos defende dos perigos.

“Porque aos seus anjos ele mandou que te guardem em todos os teus caminhos, eles te sustentarão em suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra” (Sl 90,11-12).

Os Anjos da Guarda estão repletos de dons e privilégios especiais, com uma missão insubstituível ao longo da criação. Eles possuem a natureza angélica espiritual, que é a síntese de toda a beleza e de todas as virtudes de Deus, por isso impossível de ser representada.

A tarefa dos anjos é levar as nossas orações à bondade misericordiosa do Altíssimo. A devoção dos anjos é mais antiga até que a dos próprios santos, ganhando maior vigor na Idade Média, quando os monges solitários receberam a companhia dessas invisíveis criaturas, cuja presença era sentida nas suas vidas de silenciosa contemplação e íntima comunhão espiritual com Deus-Pai.

Todavia o Eterno Guardião, como o Anjo da Guarda também é chamado, tão solicitado e cuidado durante a infância, está totalmente esquecido no cotidiano do adulto, que, descuidando de sua exclusiva e própria companhia, não se apercebe mais de sua angélica presença. Mas este espírito puro continua vigilante, constante dos pensamentos e de todas as ações humanas.

O Anjo da Guarda é um ser mais perfeito e digno do que nós, criaturas humanas. Não podemos ignorá-lo. Devemos amá-lo, respeitá-lo e segui-lo, pois está sempre pronto a proteger-nos, animar e orientar, para cumprirmos a missão da vida terrena, trilhando o caminho de Cristo e, assim, ingressarmos na glória eterna.

A celebração especialmente dedicada aos Anjos da Guarda começou na Espanha, no final do ano 400, propagando-se por toda a Europa em poucos séculos. Antes, ela ocorria no dia 29 de setembro, junto com a do Arcanjo Miguel, guardião e protetor por excelência.

O dia 2 de outubro foi fixado em 1670, pelo Papa Clemente X, para celebrar separadamente o nosso santo Anjo da Guarda. E para ele a Igreja ditou uma das mais belas orações, que diz:

“Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a Piedade Divina, sempre me rege, me guarda, me governa e ilumina. Amém”.
Fonte: https://www.rs21.com.br

02 de Outubro 2019

A SANTA MISSA

Memória: Santos Anjos da Guarda
Cor: Branca

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1ª Leitura: Ex 23,20-23

Vou enviar um anjo que vá à tua frente. 

Leitura do Livro do Êxodo

Assim diz o Senhor: 20 Vou enviar um anjo que vá à tua frente, que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que te preparei. 21 Respeita-o e ouve a sua voz. Não lhe sejas rebelde, porque não suportará as vossas transgressões, e nele está o meu nome. 22 Se ouvires a sua voz e fizeres tudo o que eu disser, serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários. 23 O meu anjo irá à tua frente e te conduzirá à terra dos amorreus, dos hititas, dos fereseus, dos cananeus, dos heveus e dos jebuseus, e eu os exterminarei.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 90(91),1-2.3-4.5-6.10-11 (R. 11)

R. O Senhor deu uma ordem aos seus anjos,
para em todos os caminhos te guardarem.

Quem habita ao abrigo do Altíssimo *
e vive à sombra do Senhor onipotente,
diz ao Senhor: “Sois meu refúgio e proteção, *
sois o meu Deus, no qual confio inteiramente”.       R.

3 Do caçador e do seu laço ele te livra. *
Ele te salva da palavra que destrói.
4 Com suas asas haverá de proteger-te, *
com seu escudo e suas armas, defender-te.          R.

5 Não temerás terror algum durante a noite, *
nem a flecha disparada em pleno dia;
6 nem a peste que caminha pelo escuro, *
nem a desgraça que devasta ao meio-dia.        R.

10 Nenhum mal há de chegar perto de ti, *
nem a desgraça baterá à tua porta;
11 pois o Senhor deu uma ordem a seus anjos *
para em todos os caminhos te guardarem.          R.

Evangelho: Mt 18,1-5.10 

Naquela hora,1 Os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Quem é o maior no Reino dos Céus?” 2 Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles 3 e disse: “Em verdade vos digo, se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus. 4 Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus. 5 E quem recebe em meu nome uma criança como esta, é a mim que recebe. 10 Não desprezeis nenhum desses pequeninos, pois eu vos digo que os seus anjos nos céus veem sem cessar a face do meu Pai que está nos céus.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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