16 de Dezembro 2019
A SANTA MISSA

3ª Semana do Advento – Segunda-feira
Cor: Roxa
1ª Leitura: Nm 24,2-7.15-17a
Uma estrela sai de Jacó.
Leitura do Livro dos Números
Naqueles dias: 2 Balaão levantou os olhos e viu Israel acampado por tribos. O espírito de Deus veio sobre ele, 3 e Balaão pronunciou seu poema: ‘Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo do homem que tem os olhos abertos; 4 oráculo daquele que ouve as palavras de Deus, que vê o que o Poderoso lhe faz ver, que cai, e seus olhos se abrem. 5 Como são belas as tuas tendas, ó Jacó, e as tuas moradas, ó Israel! 6 Elas se estendem como vales, como jardins ao longo de um rio, como aloés que o Senhor plantou, como cedros junto das águas. 7 A água transborda de seus cântaros, e sua semente é ricamente regada. Seu rei é mais poderoso do que Agag, seu reino está em ascensão’. 15 E Balaão continuou pronunciando o seu poema: ‘Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo do homem que tem os olhos abertos, 16 oráculo daquele que ouve as palavras de Deus, e conhece os pensamentos do Altíssimo, que vê o que o Poderoso lhe faz ver, que cai, e seus olhos se abrem. 17a Eu o vejo, mas não agora; e o contemplo, mas não de perto. Uma estrela sai de Jacó, e um cetro se levanta de Israel’.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 24 (25), 4bc-5ab. 6-7bc. 8-9 (R. 4c)
R. Fazei-me conhecer a vossa estrada, ó Senhor!
4b Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos,*
4c e fazei-me conhecer a vossa estrada!
5a Vossa verdade me oriente e me conduza,*
5b porque sois o Deus da minha salvação. R.
6 Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura *
e a vossa compaixão que são eternas!
7b De mim lembrai-vos, porque sois misericórdia*
7c e sois bondade sem limites, ó Senhor! R.
8 O Senhor é piedade e retidão,*
e reconduz ao bom caminho os pecadores.
9 Ele dirige os humildes na justiça,*
e aos pobres ele ensina o seu caminho. R.
Evangelho: Mt 21,23-27
Donde vinha o batismo de João?
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo: 23 Jesus voltou ao Templo. Enquanto ensinava, os sumos sacerdotes e os anciãos do povo aproximaram-se dele e perguntaram: ‘Com que autoridade fazes estas coisas? Quem te deu tal autoridade?’ 24 Jesus respondeu-lhes: ‘Também eu vos farei uma pergunta. Se vós me responderdes, também eu vos direi com que autoridade faço estas coisas. 25 Donde vinha o batismo de João? Do céu ou dos homens?’ Eles refletiam entre si: ‘Se dissermos: ‘Do céu’, ele nos dirá: ‘Por que não acreditastes nele?’ 26 Se dissermos: ‘Dos homens’, temos medo do povo, pois todos têm João Batista na conta de profeta.’ 27 Eles então responderam a Jesus: ‘Não sabemos.’ Ao que Jesus também respondeu: ‘Eu também não vos direi com que autoridade faço estas coisas.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Santa Adelaide
16 de Dezembro
Santa Adelaide
Adelaide nasceu em 931, como princesa, filha de uma princesa da Suécia, que era casada com o rei da Borgonha, hoje França. Com apenas seis anos ficou órfã de pai. A Corte, então, acertou seu casamento com um rei da Itália chamado Lotário. Os dois se casaram. Porém, três anos depois ela ficou viúva, pois seu marido foi morto defendendo o trono. Mas este trono foi usurpado pelo inimigo com quem lutava, o vizinho rei Berenjário.
Sem a proteção do marido, a rainha Adelaide foi feita prisioneira. Ela só recuperou a liberdade porque foi ajudada por amigos fiéis que sabiam de sua integridade. Uma vez liberta, ela foi para a Alemanha com a finalidade de pedir asilo e apoio ao imperador Oto. Este, além de acolhê-la na Corte, decidiu casar-se com ela, fazendo com que ela se tornasse a famosa Imperatriz Adelaide. Como tal, ela se destacou pela caridade, delicadeza e piedade. Por isso, passou a ser amada por todos os súditos.
Durante anos o casal viveu feliz e criaram seus filhos em paz. Porém, a tranquilidade acabou com a morte do imperador seu marido. Seu filho Oto II assumiu o trono. Este ouvia os conselhos da mãe e governava com caridade e ponderação. Os problemas começaram quando seu filho se casou com uma princesa grega chamada Teofânia. Esta não suportava a influência da sogra sobre o Oto II. Por isso, tentou até que conseguiu fazer o marido indispor-se coma mãe. O grande argumento da nora era que sua sogra gastava demais com obras de caridade e com doações a conventos e igrejas. Por fim, a nora exigiu que o filho pusesse sua mãe para fora do palácio real.
Expulsa do reino comandado por seu filho, Santa Adelaide buscou abrigo em Roma, dirigindo-se ao Papa. Depois, passou um tempo na França, na Corte do rei da Borgonha, que era seu irmão. Porém, a dor pela ingratidão de seu filho a maltratava. E piorou quando ela soube que o filho conduzia seu reinado baseado na injustiça, no luxo, na discórdia e na leviandade, seguindo a má influência da esposa.
Nesse tempo, dom Odilo, abade do Mosteiro de Cluny, acompanhou Santa Adelaide como diretor espiritual. Por graça de Deus, o mesmo dom Odilo começou também a orientar o filho da santa, Oto II. Assim, depois de dois anos separado da mãe, o filho caiu em si. Então, arrependido, ele convidou a mãe para ir ao palácio. Adelaide aceitou e o filho lhe pediu perdão. Adelaide teve a graça de reconciliar-se com seu filho e a paz retornou.
Entretanto, aconteceu que o imperador, filho de Santa Adelaide, faleceu logo depois de sua reconciliação com a mãe. Quem deveria assumir era o filho do rei, Oto III. Este, porém, era ainda uma criança. Por isso, a mãe, a rainha Teofânia, assumiu. E, novamente, a perseguição se voltou contra Santa Adelaide. Teofânia estava decidida a matar a sogra. Tal fato só não aconteceu porque Teofânia, que era odiada na corte, foi morta antes. Assim, Santa Adelaide assumiu o trono como imperatriz, por direito.
Santa Adelaide administrou o reino com retidão, justiça, piedade e solidariedade. Levou para a Corte real as duas filhas de Teofânia, sua grande inimiga, e deu a elas a melhor educação, aliada à proteção e muito carinho. O seu reinado uniu a administração justa e eficiente à caridade cristã. Com isso, ela conseguiu levar felicidade e prosperidade ao povo e um grande tempo de paz para o país.
Nos últimos anos de sua vida, Santa Adelaide decidiu ir viver no Convento beneditino de Selz, em Strasburg, na Alsácia. Este convento tinha sido fundado por ela mesma alguns anos antes. Lá, ela encontrou repouso e descanso numa vida dedicada à oração. Ali também ela veio a falecer, no alto de seus oitenta e seis anos de idade. Era o dia 16 de dezembro de 999.
Fonte: https://cruzterrasanta.com.br
A Alegria do Advento
TEMPO DO ADVENTO. TERCEIRO DOMINGO
– O Advento, tempo de alegria e de esperança. A alegria é estar perto de Jesus; a tristeza, perdê-lo.
– A alegria do cristão. Seu fundamento.
– Levar alegria aos outros. É imprescindível em todo o trabalho apostólico.
I. A LITURGIA DA MISSA deste domingo traz-nos a repetida recomendação que São Paulo dirige aos primeiros cristãos de Filipos: Estai sempre alegres no Senhor; de novo vos digo, estai alegres 1. E a seguir o Apóstolo enuncia a razão fundamental dessa alegria profunda: O Senhor está perto.
É também a alegria do Advento e a de cada dia: Jesus está muito perto de nós. Está cada vez mais perto. E Ele nos chega sempre na alegria e não na aflição. “Seus mistérios são todos mistérios de alegria; quanto aos mistérios dolorosos, fomos nós que os provocamos” 2.
Alegra-te, cheia de graça, porque o Senhor está contigo 3, diz o Anjo a Maria. A causa da alegria na Virgem é a proximidade de Deus. E o Batista, ainda não nascido, saltará de alegria no seio de Isabel ante a proximidade do Messias 4. E o Anjo dirá aos pastores: Não temais, trago-vos uma boa nova, uma grande alegria que é para todo o povo, pois nasceu-vos hoje um Salvador...5
A alegria é ter Jesus, a tristeza é perdê-lo.
A multidão seguia Jesus e as crianças aproximavam-se dEle (as crianças não se aproximam das pessoas tristes), e todos se alegravam vendo as maravilhas que Ele fazia 6.
Depois dos dias de trevas que se seguiram à Paixão, Jesus ressuscitado aparecerá aos seus discípulos em diversas ocasiões. E o evangelista irá sublinhando repetidas vezes que os Apóstolos se alegraram vendo o Senhor 7. Eles não esquecerão nunca esses encontros em que as suas almas experimentaram uma alegria indescritível.
Alegrai-vos, diz-nos hoje São Paulo. E temos motivos suficientes para isso. Mais ainda, temos o único motivo: O Senhor está perto. Podemos aproximar-nos dEle quanto queiramos. Dentro de poucos dias, terá chegado o Natal, a nossa festa, a festa dos cristãos e da humanidade, que sem o saber está à procura de Cristo. Chegará o Natal, e Deus quererá ver-nos alegres, como os pastores, como os Magos, como José e Maria.
Poderemos estar alegres se o Senhor estiver verdadeiramente presente na nossa vida, se não o tivermos perdido, se não tivermos os olhos turvados pela tibieza ou pela falta de generosidade. Quando, para encontrar a felicidade, se experimentam outros caminhos fora daquele que leva a Deus, no fim só se acha infelicidade e tristeza. A experiência de todos os que, de uma forma ou de outra, voltaram o rosto para outro lado (onde Deus não estava), foi sempre a mesma: verificaram que fora de Deus não há alegria verdadeira. Não pode havê-la. Encontrar Cristo, ou tornar a encontrá-lo, é fonte de uma alegria profunda e sempre nova.
II. ALEGRAI-VOS, CÉUS; alegra-te, ó terra; prorrompam em cânticos as montanhas, porque o nosso Senhor virá8. Em seus dias florescerão a justiça e a paz 9.
O cristão deve ser um homem essencialmente alegre. Mas a sua alegria não é uma alegria qualquer, é a alegria de Cristo, que traz a justiça e a paz, e que só Ele pode dar e conservar, porque o mundo não possui o seu segredo.
A alegria do mundo procede de coisas exteriores: nasce precisamente quando o homem consegue escapar de si próprio, quando olha para fora, quando consegue desviar o olhar do seu mundo interior, que produz solidão porque é olhar para o vazio. O cristão leva a alegria dentro de si, porque encontra a Deus na sua alma em graça. Esta é a fonte da sua alegria. Não nos é difícil imaginar a Virgem Maria, nestes dias do Advento, radiante de alegria com o Filho de Deus no seu seio. A alegria do mundo é pobre e passageira. A alegria do cristão é profunda e capaz de subsistir no meio das dificuldades. É compatível com a dor, com a doença, com o fracasso e as contradições. Eu vos darei uma alegria que ninguém vos poderá tirar10, prometeu o Senhor. Nada nem ninguém nos arrebatará essa paz gozosa, se não nos separarmos da sua fonte.
Ter a certeza de que Deus é nosso Pai e quer o melhor para nós, leva-nos a uma confiança serena e alegre, mesmo perante a dureza de certas situações inesperadas. Nesses momentos, que um homem sem fé consideraria golpes da fatalidade sem nenhum sentido, o cristão descobre o Senhor e, com Ele, um bem muito mais alto. “Quantas contrariedades desaparecem, se interiormente nos colocamos bem próximo desse nosso Deus que nunca nos abandona! Renova-se com diferentes matizes o amor que Jesus tem pelos seus, pelos enfermos, pelos paralíticos, e que o faz perguntar: – O que é que tens? – Sinto-me... E imediatamente luz ou, pelo menos, aceitação e paz” 11. “O que é que tens?”, pergunta-nos o Senhor. E olhamos para Ele, e já não temos nada. Junto dEle, recuperamos a paz e a alegria.
Teremos dificuldades, como as têm todos os homens; mas essas contrariedades – grandes ou pequenas – não nos hão de tirar a alegria. As dificuldades são uma realidade com a qual devemos contar, e a nossa alegria não pode ficar à espera de épocas sem contratempos, sem tentações e sem dor. Mais ainda, sem os obstáculos que encontramos na nossa vida, não teríamos a menor possibilidade de crescer nas virtudes.
A nossa alegria deve ter um fundamento sólido. Não se pode apoiar exclusivamente em coisas passageiras: notícias agradáveis, saúde, tranqüilidade, situação econômica desafogada, etc., coisas que em si são boas se não estiverem desligadas de Deus, mas que por si mesmas são insuficientes para nos proporcionarem a verdadeira alegria.
O Senhor pede que estejamos alegres sempre. Cada um olhe como edifica, pois quanto ao fundamento ninguém pode ter outro senão aquele que está posto, que é Jesus Cristo12. Só Ele é capaz de sustentar tudo na nossa vida. Não há tristeza que Ele não possa curar: Não temas, diz-nos o Senhor, mas apenas crê13. Ele conta com todas as situações pelas quais há de passar a nossa vida, e também com aquelas que resultam da nossa insensatez e da nossa falta de santidade. Para todas tem o remédio.
Em muitas ocasiões, como neste tempo de oração, será necessário que nos dirijamos ao Senhor num diálogo íntimo e profundo diante do Sacrário, e que lhe abramos a nossa alma com toda a confiança. É aí que encontraremos a fonte da alegria.
Dentro de pouco, de muito pouco, Aquele que vem chegará e não tardará14, e com Ele chegarão a paz e a alegria; em Jesus encontraremos o sentido da nossa vida.
III. UMA ALMA TRISTE está à mercê de muitas tentações. Quantos pecados se têm cometido à sombra da tristeza! Por outro lado, quando a alma está alegre, abre-se e é estímulo para os outros; quando está triste, obscurece o ambiente e faz mal aos que tem à sua volta.
A tristeza nasce do egoísmo, de pensarmos em nós mesmos esquecendo os outros. Quem anda excessivamente preocupado consigo próprio dificilmente encontrará a alegria da abertura para Deus e para os outros. Em contrapartida, com o cumprimento alegre dos nossos deveres, podemos fazer muito bem à nossa volta, pois essa alegria leva a Deus. São Paulo recomendava aos primeiros cristãos: Levai uns as cargas dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo 15.
Para tornarmos a vida mais amável aos outros, basta-nos proporcionar-lhes essas pequenas alegrias que, ainda que de pouca monta, mostram claramente que os consideramos e apreciamos: um sorriso, uma palavra cordial, um pequeno elogio, o esforço por evitar tragédias por coisas sem importância...
Assim contribuímos para tornar a vida mais grata às pessoas que nos rodeiam. Essa é uma das grandes missões do cristão: levar a alegria a um mundo que está triste porque se vai afastando de Deus. Não poucas vezes o regato leva à fonte. Essas demonstrações de alegria conduzirão aqueles com quem nos relacionamos à fonte de toda a alegria verdadeira, a Cristo Nosso Senhor.
Preparemos o Natal junto de Santa Maria. Procuremos também prepará-lo no nosso ambiente, fomentando um clima de paz cristã e propiciando muitas pequenas alegrias e demonstrações de afeto aos que nos rodeiam. Os homens necessitam de que lhes provemos que Cristo nasceu em Belém, e poucas provas são tão convincentes como a alegria habitual do cristão, uma alegria que persiste mesmo quando chegam a dor e a contradição.
A Virgem teve muitos contratempos ao chegar a Belém, cansada de uma viagem tão longa e sem encontrar um lugar digno onde o seu Filho pudesse nascer; mas esses problemas não a fizeram perder a alegria da boa nova de que Deus se fez homem e habitou entre nós.
(1) Fil 4, 4; (2) P. A. Reggio, Espírito sobrenatural e bom humor, Madrid, 1966, pág. 20; (3) Lc 1, 28; (4) Lc 2, 4; (5) Lc 2, 10-11; (6) Lc 13, 7; (7) cfr. Jo 20, 20; (8) Is 49, 13; (9) Sl 71, 7; (10) Jo 16, 22; (11) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 249; (12) 1 Cor 3, 11; (13) Lc 8, 50; (14) Hebr 10, 37; (15) Gál 6, 2.
Fonte: livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal.
Santa Cristiana
15 de Dezembro
Santa Cristiana
A Ibéria (antes Geórgia) estende-se ao sul do Cáucaso. Ali, antigamente, cultuavam-se os astros, o fogo, as árvores. O cristianismo surgiu com as influências romanas.
Em 337, o rei da Ibéria oriental converteu-se. Uma cativa cristã, destemerosamente, pregando Nosso Senhor, principiou a fazer milagres, e, a pouco e pouco, os bárbaros da região entraram a se interessar pelo Cristo que ela confessava.
Um dia, uma mulher, com o filho doente, foi procurá-la, porque ouvira dizer que tinha poderes para restituir a saúde ao corpo apenas sentando o paciente no colo.
A cativa tomou o menino, sentou-o no seu cilício, e disse à mãe que ela adorava a Cristo, e que só Ele tinha poderes sobre a natureza. Curado o menino, mais a fama da cativa aumentou e correu por toda a região.
A nova da cura do menino chegou aos ouvidos do rei, que estava com a esposa às portas da morte. Levada a rainha até a cativa, Santa Nina, ou Cristiana, porque era ela a nossa Santa, fez com que a soberana se deitasse sobre o seu cilício, e rogou a Deus que a curasse. Imediatamente, a rainha, que mal podia mexer-se no leito, levantou-se rapidamente, inteiramente devolvida à saúde.
O rei, numa alegria extrema, desejou recompensar largamente aquela mulher que lhe curara a esposa, por todos dada como perdida, mas Santa Nina desprezava o ouro e ria do dinheiro. Que desejava ela, então? Unicamente, disse, que todos adorassem a Nosso Senhor Jesus Cristo, Aquele que restituíra a saúde à rainha.
O rei ficou pensativo, e, deixando, com a esposa, a companhia da Santa, prometeu pensar com vagar sobre a questão. E o tempo foi passando.
Um dia, saiu para caçar. Sem os que o acompanhavam, enveredou por um caminho estreito, sozinho. Senão quando, tudo ao seu redor ficou escuríssimo, mais do que a mais negra noite.
Apavorado, pensou no Cristo da cativa. Então, no mesmo instante, a luz do sol tornou a brilhar para ele, clareando-lhe a vereda que ia perfazendo.
De volta, o rei foi consultar Santa Cristiana. Nina, alegre por vê-lo com outra disposição, aconselhou-o a erigir uma igreja. O povo apoio-o. A igreja alevantou-se, com magnificência, e foi servida, pouco depois, por padres enviados pelo imperador Constantino.
Foi assim que o rei Mirian e a rainha Nana abraçaram o cristianismo e ergueram na capital. do reino, Mzkheta, a igreja chamada da Coluna Viva.
Conta-se que já duas colunas, por ocasião dos trabalhos do templo, tinham sido colocadas no seu lugar, quando a noite chegou, sem que a terceira pudesse ser movida misteriosamente.
Santa Nina, à noite, procurou as obras. Orando e orando, plantou a coluna que muitíssimos braços, ajudados por engenhos, não haviam conseguido erguer um só centímetro do chão.
Fonte: Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XXI, p. 279 à 282
15 de Dezembro 2019
A SANTA MISSA

3º Domingo do Advento – Ano A
Cor: Rosácea
1ª Leitura: Is 35, 1-6a.10
É o próprio Deus que vem para vos salvar.
Leitura do Livro do Profeta Isaías
1 Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um lírio. 2 Germine e exulte de alegria e louvores. Foi-lhe dada a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e de Saron; seus habitantes verão a glória do Senhor, a majestade do nosso Deus. 3 Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. 4 Dizei às pessoas deprimidas: ‘Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar’. 5 Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. 6a O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos. 10 Os que o Senhor salvou, voltarão para casa. Eles virão a Sião cantando louvores, com infinita alegria brilhando em seus rostos: cheios de gozo e contentamento, não mais conhecerão a dor e o pranto.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 145,7.8-9a.9bc-10 (R. Cf. Is 35,4)
R. Vinde Senhor, para salvar o vosso povo!
Ou: Aleluia, Aleluia, Aleluia.
7 O Senhor é fiel para sempre, *
faz justiça aos que são oprimidos;
ele dá alimento aos famintos, *
é o Senhor quem liberta os cativos. R.
8 O Senhor abre os olhos aos cegos,*
o Senhor faz erguer-se o caído,
o Senhor ama aquele que é justo,*
9a é o Senhor que protege o estrangeiro. R.
9b Ele ampara a viúva e o órfão,*
9c mas confunde os caminhos dos maus.
10 O Senhor reinará para sempre!*
Ó Sião, o teu Deus reinará. R.
2ª Leitura: Tg 5, 7-10
Fortalecei vossos corações porque a vinda do Senhor está próxima.
Leitura da Carta de São Tiago
Irmãos: 7 Ficai firmes até à vinda do Senhor. Vede o agricultor: ele espera o precioso fruto da terra e fica firme até cair a chuva do outono ou da primavera. 8 Também vós, ficai firmes e fortalecei vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima. 9 Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para que não sejais julgados. Eis que o juiz está às portas. 10 Irmãos, tomai por modelo de sofrimento e firmeza os profetas, que falaram em nome do Senhor.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Evangelho: Mt 11,2-11
És tu aquele que há de vir
ou devemos esperar um outro?
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo: 2 João estava na prisão. Quando ouviu falar das obras de Cristo, enviou-lhe alguns discípulos, 3 para lhe perguntarem: ‘És tu, aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?’ 4 Jesus respondeu-lhes: ‘Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: 5 os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. 6 Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!’ 7 Os discípulos de João partiram, e Jesus começou a falar às multidões, sobre João: ‘O que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? 8 O que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas os que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis. 9 Então, o que fostes ver? Um profeta? Sim, eu vos afirmo, e alguém que é mais do que profeta. 10 É dele que está escrito: ‘Eis que envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o teu caminho diante de ti’. 11 Em verdade vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
14 de Dezembro 2019
A SANTA MISSA

2ª Semana do Advento – Sábado
Memória: São João da Cruz, presbítero e doutor da Igreja
Cor: Branca
1ª Leitura: Eclo 48,1-4.9-11
Elias virá.
Leitura do Livro do Eclesiástico
Naqueles dias: 1 O profeta Elias surgiu como um fogo, e sua palavra queimava como uma tocha. 2 Fez vir a fome sobre eles e, no seu zelo, reduziu-os a pouca gente. 3 Pela palavra do Senhor fechou o céu e de lá fez cair fogo por três vezes. 4 Ó Elias, como te tornaste glorioso por teus prodígios! Quem poderia gloriar-se de ser semelhante a ti? 9 Tu foste arrebatado num turbilhão de fogo, num carro de cavalos também de fogo, 10 tu, nas ameaças para os tempos futuros, foste designado para acalmar a ira do Senhor antes do furor, para reconduzir o coração do pai ao filho, e restabelecer as tribos de Jacó. 11 Felizes os que te viram, e os que adormeceram na tua amizade!
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 79 (80), 2ac.3b. 15-16. 18-19 (R. 4)
R. Convertei-nos, ó Senhor,
resplandecei a vossa face e nós seremos salvos!
2a Ó Pastor de Israel, prestai ouvidos.*
2c Vós que sobre os querubins vos assentais.
3b Despertai vosso poder, ó nosso Deus*
e vinde logo nos trazer a salvação! R.
15 Voltai-vos para nós, Deus do universo!+
Olhai dos altos céus e observai.*
Visitai a vossa vinha e protegei-a!
16 Foi a vossa mão direita que a plantou;*
protegei-a, e ao rebento que firmastes! R.
18 Pousai a mão por sobre o vosso Protegido,*
o filho do homem que escolhestes para vós!
19 E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus!*
Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome! R.
Evangelho: Mt 17,10-13
Elias já veio, mas não o reconheceram.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
Ao descerem do monte, 10 os discípulos perguntaram a Jesus: ‘Por que os mestres da Lei dizem que Elias deve vir primeiro?’ 11 Jesus respondeu: ‘Elias vem e colocará tudo em ordem. 12 Ora, eu vos digo: Elias já veio, mas eles não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles.’ 13 Então os discípulos compreenderam que Jesus lhes falava de João Batista.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
O exame de Consciência
TEMPO DO ADVENTO. SEGUNDA SEMANA. SÁBADO
– Os frutos do exame de consciência diário.
– O exame, um encontro antecipado com o Senhor.
– Como fazê-lo. Contrição e propósitos.
I. EIS QUE VENHO em breve, diz o Senhor, e trago comigo a recompensa: darei a cada um segundo as suas obras 1.
A lei de Moisés mandava cumprir o preceito do dízimo: devia-se entregar para a manutenção do Templo e para o serviço do culto a décima parte dos cereais, do mosto e do azeite. Os fariseus, rigoristas sem amor, levavam o preceito mais longe: faziam pagar o dízimo da menta, do anis e do cominho, plantas que pelas suas propriedades aromáticas eram cultivadas às vezes nos jardins das casas.
São Mateus anota umas palavras muito duras do Senhor a propósito da hipocrisia dos fariseus e da sua falta de coerência: Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que pagais o dízimo da menta, do anis e do cominho, e não vos preocupais com o mais grave da Lei: a justiça, a misericórdia e a boa-fé. Bom seria fazer aquilo, sem omitir isto. Guias cegos, que coais um mosquito e engolis um camelo 2.
Na vida dos fariseus, podemos observar, por um lado, uma minuciosidade asfixiante; por outro, um grande relaxamento em coisas verdadeiramente importantes: tinham abandonado o mais grave da Lei: a justiça, a misericórdia e a boa-fé. Não tinham sabido entender o que o Senhor realmente esperava deles.
Também nós, nestes dias do Advento, podemos melhorar o nosso exame de consciência, para não nos determos em coisas que, no fundo, são acidentais, e deixarmos escapar o que é verdadeiramente importante.
Se nos acostumarmos a um exame de consciência diário – breve, mas profundo –, não cairemos na hipocrisia e na deformação dos fariseus. Enxergaremos com clareza os erros que afastam o nosso coração de Deus e saberemos reagir a tempo.
O exame é como um olho capaz de ver os recantos íntimos do coração, seus desvios e apegamentos. “Por ele vejo, sou iluminado, evito os perigos, corrijo os defeitos e endireito os meus caminhos. Por meio dele e servindo-me dele como tocha, observo claramente todo o meu interior; e assim não posso permanecer no mal, antes me sinto obrigado a praticar a verdade, isto é, a progredir na piedade” 3.
Se descuidarmos por preguiça o nosso exame, é possível que os erros e as más inclinações lancem as suas raízes na alma e não saibamos ver a grandeza a que fomos chamados, antes pelo contrário, fiquemos na menta, no anis e no cominho, em ninharias com as quais Deus pouco ou nada se importa.
Mediante o exame descobrimos a origem oculta das nossas faltas evidentes de caridade ou de trabalho, a raiz íntima da tristeza e do mau humor que se repetem, talvez com certa freqüência, na nossa vida; e aprendemos a remediá-las. “Examina-te: devagar, com valentia. – Não é verdade que o teu mau humor e a tua tristeza inexplicáveis (inexplicáveis, aparentemente) procedem da tua falta de decisão em cortar os laços, sutis, mas «concretos», que te armou – arteiramente, com paliativos – a tua concupiscência?” 4
O exame de consciência diário é uma ajuda imprescindível para podermos seguir a Deus com sinceridade de vida.
II. O EXAME DIÁRIO de consciência é uma revisão a fundo daquilo que escrevemos na página de cada dia; é, além disso, a oportunidade de reforçarmos o propósito de começar bem a nova página em branco que o nosso Anjo da Guarda nos apresentará da parte de Deus no dia seguinte: página única e irrepetível, como cada um dos dias da nossa vida. “É com gosto – escreve um autor contemporâneo – que encabeço com uma única palavra essas páginas em branco que cada manhã começamos a rabiscar: Serviam!, servirei, que é um desejo e uma esperança [...].
“Depois deste início – desejo e esperança –, quero escrever palavras e frases, compor parágrafos e encher a página de uma letra clara e nítida, que mais não é do que o trabalho, a oração, o apostolado: toda a atividade do meu dia.
“Procuro pôr muita atenção na pontuação, que é o exercício da presença de Deus. Estas pausas, que são como vírgulas – ou pontos e vírgulas ou dois pontos, quando são mais longas –, representam o silêncio da alma e as jaculatórias com as quais me esforço por dar significado, sentido sobrenatural, a tudo o que escrevo.
“Gosto muito dos pontos e ainda mais dos pontos parágrafos, com os quais tenho a impressão de recomeçar a escrever: são como pequenos atos por meio dos quais retifico a intenção e digo ao Senhor que começo de novo – nunc coepi!, agora começo –, com a vontade reta de o servir e de lhe dedicar toda a minha vida, momento a momento, minuto a minuto.
“Ponho também a maior atenção nos acentos, que são as pequenas mortificações, por meio das quais a minha vida e o meu trabalho adquirem um significado verdadeiramente cristão. Uma palavra não acentuada é uma ocasião em que não soube viver cristãmente a mortificação que o Senhor me enviava, essa que Ele me tinha preparado com amor, essa que Ele desejava que eu descobrisse e abraçasse com gosto.
“Esforço-me para que não haja riscos, emendas ou manchas de tinta, nem espaços em branco, mas... quantas vezes fracasso! São as infidelidades, as imperfeições e os pecados... e as omissões. Dói-me muito ver que não existe quase nenhuma página em que não se tenham manifestado a minha insensatez e a minha falta de habilidade.
“Mas consolo-me e recupero a serenidade rapidamente, pensando que sou uma criança pequenina que ainda não sabe escrever e que precisa de uma régua para não escrever torto, e de um mestre que lhe dirija a mão, para não escrever bobagens. Que bom Mestre é Deus Nosso Senhor, e que imensa paciência tem comigo!”5
III. A FINALIDADE do exame de consciência é conhecermo-nos melhor, para podermos ser mais dóceis às contínuas graças que o Espírito Santo derrama em nós e assim nos assemelharmos cada vez mais a Cristo.
Uma das primeiras perguntas que devemos dirigir-nos, e que talvez nos possa dar luz abundante, é: Onde está o meu coração? O que é que ocupa mais espaço nele? É Cristo? “No mesmo instante em que me interrogo acerca desse ponto, tenho a resposta dentro de mim. Essa pergunta faz-me dirigir um rápido olhar para o centro mais íntimo de mim mesmo, e imediatamente vejo o aspecto saliente; dou ouvidos ao som emitido pela minha alma, e imediatamente percebo a nota dominante. É um procedimento intuitivo, instantâneo. É um relance de olhos, in ictu oculi. Umas vezes, percebo que a disposição que me domina é a ânsia de aplausos ou o temor de uma censura; outras, a irritação, nascida de uma contrariedade, de uma conversa ou de uma atitude que me mortificou, ou o ressentimento provocado por uma repreensão amarga e dura; outras, a amargura produzida pela desconfiança ou o mal-estar mantido por uma antipatia, ou talvez a covardia inspirada pela sensualidade, ou o desalento causado por uma dificuldade, por um fracasso; outras ainda, a rotina, fruto da indolência, ou a dissipação, fruto da curiosidade e da alegria vazia, etc. Ou, pelo contrário, o que me domina o coração é o amor a Deus, a sede de sacrifício, o fervor ateado por um toque especial da graça, a plena submissão à vontade de Deus, a alegria da humildade, etc. Seja como for, boa ou má, o que urge é averiguar qual a disposição principal e dominante, porque se deve ver tanto o bem como o mal, pois se trata de conhecer o estado do coração: é preciso que eu examine diretamente o mecanismo que faz mover todas as peças do relógio” 6.
Podemos perguntar-nos, quando fazemos o nosso exame de consciência, se no dia que passou cumprimos a vontade de Deus, isso que Ele esperava de nós, ou se, pelo contrário, fizemos apenas o que nós queríamos.
E descer a detalhes concretos a respeito do nosso relacionamento com Deus, do cumprimento dos nossos deveres para com Ele mediante um plano de vida, bem como a respeito do trabalho e das nossas relações com o próximo.
Examinaremos o empenho com que lutamos contra a tendência para nos acomodarmos ou para inventar necessidades; que esforço fizemos, por exemplo, para levar uma vida sóbria e temperada na comida, na bebida e no uso dos bens materiais. Veremos se enchemos o dia de amor, ou se infelizmente o deixamos vazio para a eternidade – coisa que não acontecerá se tivermos sido dóceis aos toques da graça –, ou ainda, Deus não o queira, se o passamos em pecado. É como um pequeno Juízo antecipado a que nos submetemos.
Observaremos assim algumas coisas que devem ser levadas em conta para a próxima confissão, e faremos um ato de contrição, porque, se não há dor, o exame é inútil. Faremos ainda um pequeno propósito, que poderemos renovar ao iniciar-se o novo dia, no oferecimento de obras, na oração pessoal ou na Santa Missa. E, ao acabar, daremos graças a Deus por todas as coisas boas que nos trouxe o dia que se encerrou.
(1) Apoc 22, 12; Antífona da comunhão da Missa do sábado da segunda semana do Advento; (2) Mt 23, 23-24; (3) Joseph Tissot, A vida interior; (4) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 237; (5) Salvador Canals, Reflexões espirituais, págs. 107-108; (6) Joseph Tissot, A vida interior.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
São João da Cruz
14 de Dezembro
São João da Cruz
São João da Cruz nasceu em 1542 em Fontiveros, província de Ávila, na Espanha. Seus pais se chamavam Gonzalo de Yepes e Catalina Alvarez. Gonzalo pertencia a uma família de posses da cidade de Toledo. Por ter-se casado com uma jovem de classe “inferior” foi deserdado por seus pais e tornou-se tecelão de seda.
Em 1548, a família muda-se para Arévalo. Em 1551 transfere-se para Medina del Campo, onde o futuro reformador do Carmelo estuda numa escola destinada a crianças pobres. Por suas aptidões, torna-se empregado do diretor do Hospital de Medina del Campo. Entre 1559 a 1563 estuda Humanidades com os Jesuítas. Ingressou na Ordem dos Carmelitas aos vinte e um anos de idade, em 1563, quando recebe o nome de Frei João de São Matias, em Medina del Campo. Pensa em tornar-se irmão leigo, mas seus superiores não o permitiram. Entre 1564 e 1568 faz sua profissão religiosa e estuda em Salamanca. Tendo concluído com êxito seus estudos teológicos, em 1567 ordena-se sacerdote e celebra sua Primeira Missa.
Infelizmente, ficou muito desiludido pelo relaxamento da vida monástica em que viviam os conventos carmelitas. Decepcionado, tenta passar para a Ordem dos Cartuxos, ordem muito austera, na qual poderia viver a severidade de vida religiosa à que se sentia chamado. Em setembro de 1567 encontra-se com Santa Teresa, que lhe fala sobre o projeto de estender a Reforma da Ordem Carmelita também aos padres. O jovem de apenas vinte e cinco anos de idade aceitou o desafio. Trocou o nome para João da Cruz. No dia 28 de novembro de 1568, juntamente com Frei Antônio de Jesús Heredia, inicia a Reforma.
O desejo de voltar à mística religiosidade do deserto custou ao santo fundador maus tratos físicos e difamações. Em 1577 foi preso por oito meses no cárcere de Toledo. Nessas trevas exteriores acendeu-se-lhe a chama de sua poesia espiritual. “Padecer e depois morrer” era o lema do autor da “Noite Escura da alma”, da “Subida do monte Carmelo”, do “Cântico Espiritual” e da “Chama de amor viva”.
A doutrina de João da Cruz é plenamente fiel à antiga tradição: o objetivo do homem na terra é alcançar “Perfeição da Caridade e elevar-se à dignidade de filho de Deus pelo amor”; “a contemplação não é um fim em si mesma, mas deve conduzir ao amor e à união com Deus pelo amor e, por último, deve levar à experiência dessa união à qual tudo se ordena”. “Não há trabalho melhor nem mais necessário que o amor”, disse o Santo. “Fomos feitos para o amor”. “O único instrumento do qual Deus se serve é o amor”. “Assim como o Pai e o Filho estão unidos pelo amor, assim o amor é o laço da união da alma com Deus”.
O amor leva às alturas da contemplação, mas como o amor é produto da fé, que é a única ponte que pode salvar o abismo que separa a nossa inteligência do infinito de Deus, a fé ardente e vívida é o João da Cruz costuma pedir a Deus três coisas: que não deixasse passar um só dia de sua vida sem enviar-lhe sofrimentos, que não o deixasse morrer ocupando o cargo de superior e que lhe permitisse morrer humilhado e desprezado.
Faleceu no convento de Ubeda, aos quarenta e nove anos, no dia 14 de dezembro de 1591, após três meses de sofrimentos atrozes. A primeira edição de suas obras deu-se em Alcalá, em 1618. No dia 25 de janeiro de 1675 foi beatificado por Clemente X. Foi canonizado e declarado Doutor da Igreja por Pio XI. Em 1952 foi proclamado “Patrono dos Poetas Espanhóis”.
Talvez a mais bela e completa descrição física e espiritual do Santo Fundador tenha sido feita por Frei Eliseu dos Mártires que com ele conviveu em Baeza: “Homem de estatura mediana, de rosto sério e venerável. Um pouco moreno e de boa fisionomia. Seu trato era muito agradável e sua conversa bastante espiritual era muito proveitosa para os que o ouviam. Todos os que o procuravam saíam espiritualizados e atraídos à virtude. Foi amigo do recolhimento e falava pouco. Quando repreendia como superior, que o foi muitas vezes, agia com doce severidade, exortando com amor paternal..”
Santa Teresa de Jesus o considerava “uma das almas mais puras que Deus tem em sua Igreja. Nosso Senhor lhe infundiu grandes riquezas da sabedoria celestial. Mesmo pequeno ele é grande aos olhos de Deus. Não há frade que não fale bem dele, porque tem sido sua vida uma grande penitência”.
Poucos homens falaram dos sublimes mistérios de Deus na alma e da alma em Deus como São João da Cruz.
Fonte: https://castelointerior-moradas.net
Santa Luzia
13 de Dezembro
Santa Luzia
Santa Luzia nasceu no ano de 280, na cidade litorânea de Siracusa, Itália. Seus pais eram nobres e cristãos. O pai, Lucio, faleceu quando Luzia era muito pequena. Sua mãe, Eutíquia, a educou. E, como cristã, sua mãe lhe passou a fé, o conhecimento de Jesus Cristo, ao amor ao próximo e a Deus.
A mãe de Luzia era muito doente e sofria de uma forte hemorragia. Eutíquia procurou vários médicos. Nenhum, porém, conseguiu curá-la. Luzia, então, teve a idéia de levar sua mãe a Catania, cidade onde está o túmulo de Santa Agata. O dia da festa da Santa estava próximo e Luzia sentia que se sua mãe colocasse a mão no tumulo de Santa Agata, ficaria curada.
Muito fraca e doente, mas vendo a convicção da filha, a mãe aceitou. As duas, então, partiram para a cidade da Santa. No dia da festa, 5 de fevereiro de 301, após ler o evangelho, mais precisamente o milagre da mulher que tinha hemorragia há 12 anos e fora curada por Jesus quando tocou em seu manto Luzia, emocionada, propôs a sua mãe tocar no tumulo de Santa Ágata e ela concordou.
Quando sua mãe foi para o tumulo, Santa Ágata apareceu para Luzia e lhe disse:
Luzia minha irmã, porque pedes a mim o que você mesma pode conseguir para sua mãe? Tua mãe já foi curada pela tua fé. E assim como a cidade de Catanha foi beatificada por mim, assim também por seu meio, será salva a cidade de Siracusa. Então, Luzia disse à mãe: Pela intercessão de S. Ágata, Jesus te curou. Nesse momento sua mãe sentiu que as forças lhe voltavam ao corpo e ficou curada.
A jovem Luzia, tocada pela graça de Deus disse que queria consagrar sua vida a Deus e fazer voto de castidade e fidelidade a Jesus. Além disso, ela iria entregar seu dote de casamento (uma pequena fortuna) e seus bens para os pobres. Sua mãe concordou.
Aconteceu, porém, que Luzia tinha um pretendente para casamento. E este não se conformou com a decisão de sua amada e a denunciou ao Governador Pascásio, acusando-a de ser cristã. O imperador Diocleciano tinha emitido um decreto autorizando punição exemplar para os cristãos.
Santa Luzia foi julgada e condenada, e como dava total importância a virgindade e ao amor a Jesus Cristo, o governador mandou que a levassem a um prostíbulo, Santa Luzia rezou: quem vive casta e santamente, é templo do Espírito Santo, sem a minha vontade, a virtude nada sofrerá. Assim, nem dez homens juntos não conseguiram levantar Santa Luzia do chão.
O governador, furioso, mandou matá-la ali mesmo. Os carrascos jogaram sobre ela resina e azeite fervendo, mas nada aconteceu à jovem. Os carrascos continuaram com o seu martírio e lhe arrancaram os olhos. Daí vem a devoção a Santa Luzia como protetora dos olhos.
Antes de sua morte, Santa Luzia, ajoelhada em oração, disse:
Senhor, eis que suplico paz para a Igreja de Cristo. Diocleciano e Maximiniano decairão do império, e como a cidade de Catania venera a Santa Águeda, também serei venerada por graça do Senhor Jesus Cristo, observando de coração os preceitos do Senhor.
Santa Luzia morreu no dia 13 de dezembro do ano de 304. Os cristãos de Siracusa a elegeram Padroeira da cidade e construíram uma Igreja em seu nome.
Todo aquele que dá sua vida por causa de Jesus Cristo, ou que sofre castigos e morte por não renegar a fé em Cristo, é considerado mártir pela Igreja. Ela deu sua vida por Jesus Cristo e não renegou sua fé nem mesmo sabendo que morreria violentamente por causa disso. A palavra mártir vem do grego e quer dizer Testemunha. Os mártires testemunham Jesus com a própria vida.
Fonte: https://cruzterrasanta.com.br
Tibieza e Amor de Deus
TEMPO DO ADVENTO. SEGUNDA SEMANA. SEXTA-FEIRA
– O amor a Deus e o perigo da tibieza.
– Causas da tibieza.
– Remédios contra esta grave doença da alma.
I. AQUELE QUE VOS SEGUE, Senhor, terá a luz da vida. Será semelhante a uma árvore plantada à beira da água, que dá o seu fruto no devido tempo e cujas folhas jamais fenecem1.
A nossa vida não tem sentido a não ser junto do Senhor. Aonde iríamos, Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna 2. Os nossos êxitos, a felicidade humana que possamos amealhar é palha que o vento arrebata 3. Verdadeiramente, podemos dizer ao Senhor na nossa oração pessoal: “Fica conosco, porque as trevas nos rodeiam a alma e só Tu és luz, só Tu podes acalmar esta ânsia que nos consome. Porque, dentre todas as coisas formosas e honestas, não ignoramos qual é a primeira: possuir-Te sempre, Senhor” 4.
Ele vem trazer-nos um amor que tudo invade, como o fogo, e vem dar sentido à nossa vida sem sentido. O amor do Senhor é exigente, pede sempre mais e leva-nos a crescer em delicadeza de alma para com Ele e a dar muito fruto.
Todo o cristão cheio de amor a Deus é a árvore frondosa de que nos fala o salmo responsorial, uma árvore que não seca nunca. O próprio Cristo é quem lhe dá vida. Mas se o cristão permite que o seu amor esfrie, que a sua alma se aburguese, virá essa grave doença interior que o deixará como palha que o vento arrebata: a tibieza, que torna a vida sem amor e sem sentido, ainda que externamente possa parecer que nada mudou. Cristo fica como que obscurecido na mente e no coração, por um descuido culposo: não o vemos nem o ouvimos. A alma é invadida por um vazio de Deus e tenta preenchê-lo com outras coisas, que não são Deus e não a satisfazem; e um desalento especial e característico impregna toda a vida de piedade. Perde-se a prontidão e a alegria da entrega a Deus, e a fé fica adormecida, precisamente porque o amor esfriou.
Se em algum momento notamos que a nossa vida íntima se afasta de Deus, temos de saber que, quando lançamos mão dos meios adequados, todas as doenças da alma têm cura. As doenças do amor também. Sempre podemos voltar a descobrir aquele tesouro escondido – Cristo – que certa vez deu sentido à nossa vida. Será mais fácil consegui-lo no começo da doença, mas continua a ser possível mais adiante, como no caso daquele leproso de que nos fala São Lucas5, que estava inteiramente coberto de lepra: um dia decidiu aproximar-se séria e humildemente de Cristo e encontrou a cura.
“Perguntaram ao Amigo qual era a fonte do amor. Respondeu que era aquela em que o Amado nos limpou das nossas culpas, na qual abunda a água viva e da qual quem a bebe consegue a vida eterna em amor sem fim” 6. O Senhor espera-nos sempre, na oração aberta e franca e nos sacramentos.
II. COMO PALHA que o vento arrebata. Sem peso e sem frutos. As faltas isoladas não nos precipitam necessariamente na tibieza. Esta doença da alma “caracteriza-se por não se tomarem a sério, de um modo mais ou menos consciente, os pecados veniais; é um estado sem ardor por parte da vontade. Não é tibieza sentir-se e achar-se em estado de aridez, de desconsolo e de repugnância de sentimentos em relação ao religioso e ao divino, porque, apesar de todos esses estados, pode subsistir o zelo da vontade, o querer sincero. Também não é tibieza o incorrer com freqüência em pecados veniais, contanto que haja um arrependimento sério e se lute contra eles. Tibieza é o estado de uma falta de ardor consciente e querida, uma espécie de negligência duradoura ou de vida de piedade a meias, baseada em certas idéias errôneas: que não se deve ser minucioso, que Deus é grande demais para ser tão exigente em pequenas coisas, que há outros que fazem o mesmo que nós, e desculpas semelhantes” 7.
Este desleixo manifesta-se no descuido habitual das pequenas coisas, na falta de contrição pelos erros pessoais, na ausência de metas concretas para um relacionamento mais íntimo com o Senhor. Vive-se sem verdadeiros objetivos de vida interior que atraiam e entusiasmem. “Vai-se andando”. Deixou-se de lutar por progredir interiormente, ou trava-se uma luta fictícia e ineficaz 8. Abandona-se a mortificação, e “com o corpo pesado e saturado de mantimentos, a alma está muito mal preparada para voar” 9.
O estado de tibieza assemelha-se a uma ladeira que descemos, distanciando-nos cada vez mais de Deus. Quase insensivelmente, nasce uma certa preocupação de não nos excedermos, de permanecer dentro de certos limites, suficientes para não cair no pecado mortal, mas insuficientes para evitar o desleixo e o pecado venial.
A alma justifica essa atitude de pouca luta e de falta de exigência pessoal com argumentos de naturalidade, de eficácia, de trabalho, de saúde, etc., que a fazem ser indulgente com os seus pequenos afetos desordenados, com os apegos a pessoas ou coisas, com comodismos que chegam a apresentar-se como uma necessidade subjetiva. As forças interiores vão-se debilitando cada vez mais.
Quando há tibieza, falta um verdadeiro culto interior a Deus na Santa Missa e as comunhões costumam estar rodeadas de uma grande frieza por falta de amor e de preparação. A oração costuma ser vaga, difusa, dispersa; não há um verdadeiro trato pessoal com o Senhor. O exame de consciência – que é uma questão de sensibilidade – fica abandonado, quer porque se omite, quer porque se faz de modo rotineiro, sem fruto.
Nessa triste situação, o tíbio perde o desejo de aproximar-se profundamente de Deus (pois julga que isso é quase impossível): “Dói-me ver o perigo de tibieza em que te encontras – lê-se em Caminho – quando não te vejo caminhar seriamente para a perfeição dentro do teu estado”10.
Em resumo: “És tíbio se fazes preguiçosamente e de má vontade as coisas que se referem ao Senhor; se procuras com cálculo ou «manha» o modo de diminuir os teus deveres; se só pensas em ti e na tua comodidade; se as tuas conversas são ociosas e vãs; se não aborreces o pecado venial; se ages por motivos humanos” 11.
Lutemos por não cair nunca nesta doença da alma e estejamos alerta para perceber os primeiros sintomas. Recorramos com prontidão a Santa Maria, pois Ela aumenta sempre a nossa esperança e nos traz a alegria do nascimento de Jesus: Alegra-te e regozija-te, filha de Jerusalém, olha o teu Rei que vem; não temas, Sião, a tua salvação está próxima12. Nossa Senhora, quando recorremos a Ela, leva-nos ao seu Filho.
III. FOMENTAR O ESPÍRITO DE LUTA é fazer cuidadosamente, todos os dias, o exame de consciência. Daí extraímos com freqüência um ponto em que melhorar no dia seguinte e um ato de contrição pelas coisas em que não fomos inteiramente fiéis a Deus naquele dia. Este amor vigilante, desejo eficaz de procurar a Deus ao longo do dia, é o pólo oposto da tibieza, que é desleixo, falta de interesse, preguiça e tristeza nas obrigações de piedade.
O desejo de luta não nos levará sempre à vitória: haverá fracassos, mas o desagravo e a contrição nos aproximarão mais de Deus. A contrição rejuvenesce a alma.
“À vista das nossas misérias e dos nossos pecados, dos nossos erros – ainda que, pela graça divina, sejam de pouca monta –, corramos à oração e digamos ao nosso Pai: «Senhor, na minha pobreza, na minha fragilidade, neste meu barro de vaso quebrado, Senhor, coloca-me uns grampos e – com a minha dor e com o teu perdão – serei mais forte e mais agradável à vista do que antes!» Uma oração consoladora, para que a repitamos quando este nosso pobre barro se quebrar” 13.
E estamos outra vez junto de Cristo. Com uma alegria nova, com uma humildade nova. Humildade, sinceridade, arrependimento... e voltar a começar. É preciso saber começar mais uma vez; todas as vezes que for necessário. Deus conta com a nossa fragilidade.
Deus perdoa sempre, mas é preciso levantar-se, arrepender-se, confessar-se quando for preciso. Há uma alegria profunda, incomparável, de cada vez que recomeçamos. Temos que fazê-lo muitas vezes ao longo da nossa vida, porque sempre haverá faltas, deficiências, fragilidades, pecados. Talvez este tempo de oração nos possa servir para recomeçar mais uma vez. O Senhor conta com os nossos fracassos, mas também espera de nós muitas pequenas vitórias ao longo dos nossos dias. Assim não cairemos nunca no aburguesamento, no desleixo, no desamor.
(1) Sl 1, 1-4; Salmo responsorial da Missa da sexta-feira da segunda semana do Advento; (2) cfr. Jo 6, 68; (3) Salmo responsorial da Missa da sexta-feira da segunda semana do Advento; (4) São Gregório Nazianzeno, Epístola, 212; (5) cfr. Lc 5, 12-13; (6) R. Llull, Livro do Amigo e do Amado, 115; (7) Benedikt Baur, A confissão freqüente; (8) cfr. Francisco Fernández-Carvajal, A tibieza; (9) São Pedro de Alcântara, Tratado da oração e da meditação, 2, 3; (10) cfr. São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 326; (11) ibid., n. 331; (12) Antífona 2 das leituras do Ofício divino; (13) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 95.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal