23 de Março
São Turíbio Mongrovejo
Turíbio Alfonso de Mongrovejo nasceu na cidade de Majorca de Campos, em Leon, na Espanha, em 1538, no seio de uma família nobre e rica. Estudou em Valladolid, Salamanca e Santiago de Compostela, licenciou-se em Direito e foi membro da Inquisição. Sua vida era pautada pela honestidade e lisura, mas jamais poderia suspeitar que Deus o chamaria para um grande ministério: foi nomeado arcebispo para a América espanhola, pelo papa Gregório XIII, a pedido do rei Felipe II, da Espanha, que tinha muita estima por Turíbio.
O mais curioso é que ele teve de receber de uma só vez todas as ordens, até finalizar com a do sacerdócio, para, em 1580, aos 40 anos de idade, ser consagrado arcebispo da Cidade dos Reis, chamada posteriormente de Lima, atual capital do Peru. Isso ocorreu porque, apesar de ser tonsurado, isto é, ter o cabelo cortado como os padres, ainda não pertencia ao clero. E foi assim que surgiu um dos maiores apóstolos da Igreja, muitas vezes comparado a Santo Ambrósio.
Chegando à América espanhola, em 1581, ficou espantado com a miséria espiritual e material em que viviam os índios. Aprendeu sua língua e passou a defendê-los contra os colonizadores, que os exploravam e maltratavam. Era venerado pelos fiéis e considerado um defensor enérgico da justiça diante dos opressores.
Apoiado pela população, organizou as comunidades de sua diocese e depois reuniu assembleias e sínodos, convocando todos os habitantes para a evangelização. Sob sua direção, foram realizados dez concílios diocesanos e os três provinciais que formaram a estrutura legal da Igreja da América espanhola até o século XX. Inclusive, o Sínodo Provincial de Lima, em 1582, foi comparado ao célebre Concílio de Trento. Conta-se que, nesse sínodo, com fina ironia, Turíbio desafiou os espanhóis, que se consideravam tão inteligentes, a aprenderem uma nova língua, a dos índios.
Quando enviou um relatório ao rei Felipe II, em 1594, reportou que havia percorrido 15 mil quilômetros e administrado o sacramento da crisma a 60 mil fiéis. Aliás, teve o privilégio e a graça de crismar três peruanos que depois se tornaram santos da Igreja: Rosa de Lima, Francisco Solano e Martinho de Porres.
Turíbio fundou o primeiro seminário da América e, pouco antes de morrer, doou suas roupas, inclusive as do próprio corpo, aos pobres e aos que o serviram, gesto que revelou o conteúdo de toda a sua vida. Faleceu no dia 23 de março de 1606, na pequena cidade de Sanã, no Peru. Foi canonizado, em 1726, pelo papa Bento XIII, que declarou São Turíbio de Mongrovejo “apóstolo e padroeiro do Peru”, para ser celebrado no dia de sua morte.
Texto: Paulinas Internet