29 de Dezembro
São Tomás Becket
São Tomás Becket nasceu no ano 1117, na Normandia. Em 1155 Henrique II, rei da Inglaterra e de parte da França, nomeou-o Chanceler do Reino, cargo que São Tomás Becket desempenhou com muita competência e fidelidade. Em 1162, com a morte do arcebispo Teobaldo e graças ao privilégio que havia recebido do Papa, o rei nomeou Tomás arcebispo de Cantuária. Ele foi ordenado sacerdote e logo após foi sagrado bispo. Essa nova situação terminou por mexer profundamente com seus valores, passando a viver uma vida de maior simplicidade e pobreza, solidarizando-se e colocando-se em defesa das pessoas mais pobres e necessitadas. Essa sua opção de vida desagradou profundamente o rei, e esse descontentamento atingiu o auge, quando Tomás se posicionou contra as Constituições de Clarendon que atualizavam certos direitos reais, já em desuso, e francamente abusivos e prejudiciais ao povo. Sentindo-se traído, o rei passou a persegui-lo. Tomás fugiu para a França e teve seus bens confiscados. Passou seis anos no exílio, vivendo uma vida ascética e penitente, num mosteiro cisterciense. Graças à intervenção do Papa Alexandre III, ele retornou à sua sede episcopal, ocasião na qual foi acolhido triunfalmente pelos fiéis aos quais ele saudou, dizendo: “Voltei para morrer no meio de vocês.”
O rei julgou que desta vez iria contar com a submissão cega do arcebispo, mas enganou-se. O primeiro ato de Tomás foi reprovar os bispos que haviam feito pacto com o monarca, aceitando as referidas Constituções de Clarendon. Irritado, Henrique I, num aceso de desespero, exclamou: “Quem me livrará deste padre briguento?” Quatro cavaleiros armados, querendo agradar ao rei, decidiram matar o arcebispo. Embora avisado, Tomás permaneceu firme. “O medo da morte não deve fazer-nos perder de vista a justiça”, dizia ele. Foi assassinado a golpes de punhais, na catedral, ainda vestido com os paramentos sagrados. Três anos depois são Tomás Becket foi canonizado pelo Papa Alexandre III.
Hoje São Tomás Becket que morreu porque teve a ousadia de opor-se às estruturas políticas, econômicas e sociais de seu tempo, nos ensina que a fidelidade aos governantes não pode ser maior que a fidelidade à Palavra de Deus e ao povo. Aprendemos com ele que nem tudo considerado legal é verdadeiramente justo. Por isso as leis, por mais legais que sejam, podem e devem ser questionadas, se não promovem o bem estar e a felicidade do povo.
Fonte: Zélia Vianna. Santidade Ontem e Hoje (2005). Salvador: Paróquia de São Pedro