26 de Novembro

São Leonardo de Porto Maurício

Imortal tornou-se o nome deste franciscano, missionário da Itália, que por espaço de 44 anos pregou 326 missões em 84 dioceses, apresentando-se assim como instrumento escolhido da Providência Divina, para a salvação de muitas almas. O resultado estupendo que lhe coroava os trabalhos de missionário, tem sua explicação na grande santidade deste humilde filho do Patriarca de Assis. São Leonardo de Porto Maurício é uma figura extraordinária, entre os grandes pregadores de penitência e, dos missionários que Deus tem dado à Igreja, é ele um dos maiores. O grande orador sacro Barberini, homem de muita experiência e virtude, disse no relatório ao Papa  Clemente XII, em referência à pregação de  Leonardo, que nunca ouvira um pregador mais eloqüente e zeloso, orador algum que, como ele, tanto o impressionasse. Bento XIV assistiu a diversas missões dirigidas por Leonardo, para ouvir-lhe as práticas. Nos lugares onde pregava, um dos cuidados do missionário era implantar na alma do povo, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e da Sagrada Paixão de Nosso Senhor, a adoração perpétua do Santíssimo Sacramento e o culto de Nossa Senhora. Um dos mais ardentes desejos seus era ver proclamado o dogma da Imaculada Conceição.

Grande pregador, era também modelo perfeito das virtudes, que procurava implantar nos corações dos ouvintes. Possuidor do espírito de São Francisco, era Leonardo, como seu pai espiritual, amigo apaixonado da pobreza. Andando sempre descalço, não usava hábito que não tivesse  já servido a outros Irmãos da Ordem e bastante gasto. Presentes, que em quantidade lhe eram oferecidos, por ocasião das missões, Leonardo os rejeitava, preferindo viver pobre, como o Divino Mestre viveu e morreu.

Hemoptises freqüentes e fortes obrigaram-no a interromper pelo espaço de cinco anos a sua atividade de missionário pregador. Restabelecido, em 1707, subiu novamente ao púlpito e durante 44 anos não mais preciso foi tomar maior descanso. Nestes tempos desenvolveu uma atividade maravilhosa na Itália, principalmente na Toscana. O amor de Deus tinha deitado raízes fortíssimas na alma do santo missionário, que costumava dizer: “Mesmo se tivesse toda a certeza de parar no inferno, de todo coração amaria a meu Deus”. Ou: “Feliz me consideraria, se com meu sangue pudesse evitar um só pecado mortal, que tanto desgosto causa a Deus e tão gravemente o ofende”.

Devotíssimo de Maria Santíssima, saudava a divina Mãe, todas as vezes que ouvia bater horas. Os sábados e as vésperas de festas marianas  eram-lhe dias de  jejum. Missão não terminava, sem recomendar aos ouvintes a devoção a Nossa Senhora como o melhor antídoto contra o pecado mortal.

Considerando o Santíssimo Sacramento como o sol do cristianismo, a alma da fé, o ponto central da religião cristã, Leonardo era adorador devotíssimo deste grande mistério, e com o maior recolhimento celebrava a santa Missa, preparando-se para a celebração pela confissão diária.

Amigo de Deus e trabalhador dedicadíssimo pelos interesses de Jesus, grande amor dedicava também ao próximo. Esta caridade teve sua máxima expressão e exemplificação no confessionário. Os pecadores encontravam nele um bom pai e caridoso médico. Admirável era-lhe a dedicação no confessionário, durante as missões. Foi observado que permanecia no tribunal da penitência durante 30 horas, sem tomar alimento e sem se permitir um descanso. Todos os sacrifícios, todas as fadigas as oferecia pelas almas do purgatório.

Verdadeiro santo, era Leonardo amigo da Penitência. O tempo lhe era precioso demais, para perdê-lo com conversações inúteis. Só o serviço de Deus e o interesse pelas almas podiam-no  levar a sair da  cela. Durante as missões o asoalho lhe servia de leito, e o corpo, macerado pelo jejum, e pelas mortificações, trazia sinais  inequívocos  de  cruéis  flagelações. Quando estudante, era modelo para os condiscípulos, e os mestres tinham-lhe grande estima, comparando-o com São Luís Gonzaga. Nunca abandonou os princípios austeros, adquiridos na mocidade, defensores e conservadores da santa pureza.

Era visível a graça e proteção divina, que o acompanhavam nas missões. Como fossem numerosíssimas as conversões, não faltavam exemplos a mostrar como Deus castigava os desprezadores dos salutares avisos divinos. Em todas as emergências conservava São Leonardo a conformidade e uma profunda humildade. “Tudo para Deus, nada para mim”, era sua divisa.

Leonardo morreu no ano de 1751 em Roma, no Convento de São Boaventura. Pio VI, que o conhecera em vida, conferiu-lhe o título de Bem-Aventurado. Pio IX inseriu-lhe o nome no catálogo dos Santos da Igreja e Pio XI deu-o por padroeiro aos missionários.

Fonte: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.