26 de Julho
São Joaquim e Sant’Ana
Os Evangelhos nada falam sobre os pais de Nossa Senhora, e o pouco que se sabe sobre eles deve-se a escritos apócrifos que misturam alguns fatos verdadeiros com lendas. Joaquim e Ana são nomes bíblicos. Ana em hebraico é Hannah, ou Joana, e significa “graça”. Joaquim equivale a “Javé prepara ou fortalece”.
Ambos os nomes indicam missão: a missão divina de preparar Israel para as promessas messiânicas. A Igreja aceitou os nomes de Joaquim e Ana, assim como aceitou a tradição universal da velhice e esterilidade de ambos que viviam humilhados perante a comunidade, até o dia em que o Senhor os abençoou com uma filha.
Contam os apócrifos que Joaquim, triste e desiludido, foi para o deserto onde passou em oração e penitência, e ao fim de 40 dias, um anjo anunciou-lhe que ele teria um filho. Quando a menina nasceu recebeu o nome de Maria e, quando ela completou três anos, os pais a levaram ao templo e a consagraram ao serviço divino.
O culto aos avós de Jesus começou no século VI e é muito antigo entre os orientais, principalmente entre os gregos. No ano 550 Justiniano mandou construir em Constantinopla uma Igreja em honra de Sant’Ana. No ano 636, ano da tomada de Jerusalém pelos muçulmanos, já existia uma basílica com uma imagem de Sant’Ana, ensinando a Sagrada Escritura a Maria. Lentamente o culto foi se espalhando, chegando ao Ocidente lá pelo século X, atingindo seu ápice no século XV. Durante algum tempo, São Joaquim foi festejado no dia 20 de março e depois no dia 16 de agosto. A partir de 1913, com a reforma do calendário litúrgico, os pais de Nossa Senhora, que eram celebrados em datas diferentes, passaram a ser celebrados no dia 26 de julho.
Hoje, quando a Igreja celebra a festa de São Joaquim e Sant’Ana e a sociedade civil comemora o dia dos avós, nós somos colocados diante da necessidade de uma reflexão sobre o idoso. Mais precisamente, sobre o descaso, a indiferença, a intolerância com que ele é tratado. Diante dos asilos superlotados, das faltas de oportunidade de trabalho e lazer para as pessoas da terceira idade, somos desafiados, não a fazer coisas por nossos avós, mas a nos unir a eles na luta pelos seus direitos e na denúncia das situações de exclusão a que são submetidos. Hoje somos convidados a abrir espaço para que aqueles que se doaram sem restrições, e que deram os melhores anos de suas vidas para abrir caminhos para a geração atual, não sejam tratados como peças descartáveis e inúteis, mas possam continuar ocupando no mundo o lugar que merecem, de protagonistas de sua própria história.