19 de Julho
Santo Arsênio
Santo Arsênio nasceu em Roma, lá pelo ano 354, e pertencia a uma nobre família de senadores. Uma antiga tradição afirma que ele foi ordenado diácono pelo Papa Dâmaso, e que no ano 383 o Imperador Teodósio o levou para Constantinopla, confiando-lhe a missão de educar seus dois filhos, Arcádio e Honório.
Em Constantinopla, Arsênio teria ficado 11 anos. Após uma forte crise espiritual, ele decidiu assumir a vida de eremita. Assim como no tempo das perseguições, o ideal cristão era representado pelo martírio, a partir do século IV passou a ser representado pela renúncia total às coisas do mundo e pela vida de solidão no deserto.
Para viver esse ideal cristão, Arsênio retirou-se para o deserto, fugindo literalmente do mundo e das pessoas. Foi para Alexandria e, no deserto de Cítia, no Egito, juntou-se a uma comunidade. De dia fabricava cestos e passava as noites em oração, comendo e dormindo pouquíssimo.
Embora parecendo muitas vezes rude, descortês, e até inclemente com as pessoas, era o mais terno dos homens. Quer estivesse em oração, quer estivesse fabricando cestos, chorava só ao lembrar-se das palavras de Jesus: “Ninguém possui maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos”.
Muito inteligente, foi um dos eremitas mais iluminados de seu tempo e também um dos mais conhecidos no Egito. Gostava muito de repetir: “Muitas vezes me arrependi do que falei, mas nunca do que não falei”.
Quando sua pequena e tranqüila comunidade foi invadida pelos vândalos, ele foi para Troé, perto de Mênfis, no Egito, onde morreu por volta do ano 412. A biografia de Santo Arsênio foi escrita por São Teodoro, muito tempo depois de sua morte. Além de uma crônica histórica e algumas sentenças sábias, referidas por um amigo de dois discípulos seus, chegou até nós um retrato no qual Arsênio aparece alto, esbelto, e com boa aparência.
Hoje Santo Arsênio que escolheu trocar o conforto do mundo pela solidão do deserto, nos fala da necessidade que todo ser humano tem de “ir ao deserto”, de “fazer deserto”. Falo evidentemente de um deserto que não é necessariamente um lugar geográfico, que não é uma fuga da verdade, nem das lutas e dificuldades, mas de uma oportunidade para entrar em contato com as regiões mais íntimas de seu ser, para se escutar, vez que o encontro com o próprio coração é o ponto de partida para alcançar o coração de Deus.