02 de Agosto
Nossa Senhora Rainha dos Anjos
A pouca distância da cidade de Assis, Itália, em uma espaçosa planície está situada a Igreja de Nossa Senhora dos Anjos. A primeira ermida foi construída no ano de 352, por quatro peregrinos vindos de Jerusalém, que veneravam ali uma relíquia do túmulo da Santíssima Virgem, dedicada a Maria, assunta ao céu pelos anjos, e daí derivou o título: Santa Maria dos Anjos.
Diz a lenda que, nas vésperas de algumas solenidades, desciam de noite numerosos coros de anjos, que cantavam aleluias em muitas vozes e faziam grandes festas. Por essa razão, era conhecida como Santa Maria dos Anjos. Chamava-na também de Porciúncula, porque, conforme a tradição, os beneditinos tinham vivido ali antes de se instalar no Monte Subásio, e lhes haviam dado uma pequena porção de terra para o cumprimento de suas obrigações monásticas.
A Basílica de Santa Maria dos Anjos, de imponentes dimensões, é a sétima em ordem de grandeza entre as igrejas cristãs.
Em março de 1569 foi colocada a pedra fundamental pelo bispo de Assis, Filippo Geri, da majestosa Basílica de Santa Maria dos Anjos que, por vontade do papa Pio V, abrigaria em seu interior a capela da Porciúncula.
A construção de uma grandiosa Basílica a Nossa Senhora dos Anjos responderia ao desejo de englobar a pequena capela e os outros ambientes onde Francisco viveu, num único ambiente e ser capaz de conter maior quantidade de peregrinos em visita a Porciúncula. Restaurada por São Francisco, a primeira capela de Santa Maria dos Anjos, que o santo recebeu dos beneditinos de Subásio, estão ali também o primeiro convento e a capela do Trânsito, lugar onde São Francisco morreu, em 4 de outubro de 1226.
Frei Tomás de Celano, primeiro biógrafo de São Francisco, narra o amor do santo para com aquele local dedicado à Nossa Senhora, chamado “Porciúncula”, que quer dizer “Pedacinho”: “O santo teve uma preferência especial por esse lugar, quis que os frades o venerassem de maneira toda particular e que fosse conservado como espelho de toda a sua Ordem na humildade e na extrema pobreza”.
A Porciúncula conserva todo o frescor da primitiva austeridade franciscana. As pedras recordam as mãos frágeis do restaurador Francisco de Assis. Milhões e milhões de pessoas se prostraram aqui para encontrar a paz e o perdão na grande indulgência da Porciúncula. Os peregrinos que chegam à porta da grande Basílica de Santa Maria dos Anjos, se sentem atraídos pela pequena igreja, que está bem no coração do santuário.
Foi naquela capela que Francisco recebeu a célebre indulgência do “Dia do Perdão”, celebrado anualmente a 2 de agosto. A festa do Perdão é ainda hoje uma da mais importantes da Ordem Franciscana. Esta indulgência foi estendida à toda Igreja Católica pelo Papa Pio XII.
Diz a história: Uma noite do ano 1216, Francisco estava em profunda contemplação na pequena igrejinha da Porciúncula, quando improvisadamente apareceu uma grande luz e Francisco viu sobre o altar, Cristo revestido de luz e, à sua direita, a Mãe Santíssima cercada por uma multidão de anjos. Francisco adorou em silêncio com o rosto por terra o seu Senhor.
-“Pede o que deseja para a salvação das almas”, disse Jesus.
A resposta de Francisco foi imediata.
– “Santíssimo Pai, eu sei que sou um miserável e pecador, te peço para que todos os penitentes que se confessarem e irem visitar esta igreja seja lhes concedido amplo e generoso perdão, com uma completa remissão de todos as culpas”.
– “Aquilo que tu me pedes, Francisco, é grande”, lhe disse o Senhor. “Porém de coisas maiores tu és digno e as terás. Acolho, portanto, o teu pedido, mas quero que tu peças ao meu vigário na terra, de minha parte, esta indulgência”.
E Francisco se apresentou ao papa Onório II, que se encontrava em Perúgia e, com simplicidade, lhe contou a visão que tivera. O papa o escutou com atenção e depois de certa hesitação, lhe perguntou: “Por quantos anos quer esta indulgência?” – “Santo Padre, não peço anos, mas almas”, respondeu Francisco.
E, feliz, saiu apressado, mas o papa o chamou de volta e disse: “Como, você não quer um documento? Santo Padre, para mim basta a vossa palavra! Se esta indulgência é obra de Deus, ele se encarregará de manifestá-la, eu não preciso de nenhum documento. Este documento deve ser a Santíssima Virgem Maria, Cristo o tabelião e os anjos as testemunhas.
Uns dias mais tarde, junto com os bispos da Úmbria, disse chorando ao povo reunido na Porciúncula: “Irmãos meus, quero mandar-vos todos para o Paraíso”!