25 de Março
DOMINGO DE RAMOS
DOMINGO DE RAMOS
XIX JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II
24 de Abril de 2004
- “Bendito seja o Rei que vem em nome do Senhor” (Lc 19, 38).
Com estas palavras, a população de Jerusalém recebeu Jesus à sua chegada à cidade santa, aclamando-o rei de Israel. Mas, alguns dias mais tarde, a mesma multidão recusá-lo-á com gritos hostis “Crucifica-o! Crucifica-o!” (Lc 23, 21). A liturgia do Domingo de Ramos faz-nos reviver estes dois momentos da última semana da vida terrena de Jesus. Imerge-nos naquela multidão tão volúvel que, em poucos dias, passou do entusiasmo jubiloso ao desprezo homicida.
- No clima de alegria, velado de tristeza, que caracteriza o Domingo de Ramos, celebramos a XIX Jornada Mundial da Juventude.Este ano ela tem como tema “Queremos ver Jesus” (Jo 12, 21), o pedido que “alguns gregos”, que chegaram a Jerusalém para a festa da Páscoa, dirigiram aos apóstolos (Jo 12, 20).
Face à multidão que veio para o ouvir, o Cristo proclamou “Eu, quando for erguido da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12, 32). Eis, por conseguinte, a sua resposta todos aqueles que procuram o Filho do homem, vê-lo-ão, na festa da Páscoa, como verdadeiro Cordeiro imolado para a salvação do mundo.
Na Cruz Jesus morre por cada um e cada uma de nós. Por conseguinte, a Cruz é o sinal maior e mais eloquente do seu amor misericordioso, o único sinal de salvação para cada geração e para toda a humanidade.
- Há vinte anos, no final do Ano Santo da Redenção, entreguei aos jovens a grande Cruz daquele Jubileu. Naquela ocasião exortei-os a serem discípulos fiéis de Cristo, Rei crucificado, “Aquele que traz ao homem a liberdade baseada na verdade, como Aquele que liberta o homem daquilo que limita, diminui e como que espedaça essa liberdade nas próprias raízes, na alma do homem, no seu coração e na sua consciência” (Redemptor hominis, 12).
Desde então a Cruz continua a percorrer numerosos Países, em preparação para as Jornadas Mundiais da Juventude. Durante as suas peregrinações percorreu os Continentes como o archote que passa de mão em mão, ela foi transportada de um País para outro; tornou-se o sinal luminoso da confiança que anima as jovens gerações do terceiro milénio. Hoje está em Berlim!
- Queridos jovens! Ao celebrar o vigésimo aniversário do início desta extraordinária aventura espiritual, permiti que vos renove a mesma recomendação que fiz naquela época “Confio-vos a Cruz de Cristo! Levai-a ao mundo como sinal do amor do Senhor Jesus pela humanidade, e anunciai a todos que só em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção” (Insegnamenti, VII, 1 [1984], 1105).
Sem dúvida, a mensagem que a Cruz comunica não é fácil de compreender no nosso tempo, no qual o bem-estar material e as comodidades são propostos e procurados como valores prioritários. Mas vós, queridos jovens, não tenhais receio de proclamar, em qualquer circunstância o Evangelho da Cruz. Não tenhais medo de ir contra a corrente!
- “Cristo Jesus… rebaixou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à morte… de cruz” (Fl 2, 6.8). O admirável hino da Carta de São Paulo aos Filipenses recordou-nos, há pouco, que a Cruz tem dois aspectos inseparáveis é, ao mesmo tempo, dolorosa e gloriosa. O sofrimento e a humilhação da morte de Jesus estão intimamente ligadas à exaltação e à glória da sua ressurreição.
Queridos Irmãos e Irmãs! Caríssimos jovens! Nunca percais a autoconsciência desta verdade confortadora. A paixão e a ressurreição de Cristo constituem o centro da nossa fé e o nosso amparo nas inevitáveis provas quotidianas.
Maria, Virgem das Dores e testemunha silenciosa do júbilo da ressurreição, vos ajude a seguir Cristo crucificado e a descobrir no mistério da Cruz o sentido pleno da vida.
Louvado seja Jesus Cristo!
Fonte:https://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/homilies/2001/documents/hf_jp-ii_hom_20010408_palm-sunday.html