CARNAVAL, A FESTA QUE MATA A PUREZA

Não é novidade que os tempos atuais tornaram-se cheios de impurezas e sem qualquer pudor. Uma parte, ou talvez, a maior parte das pessoas, estão totalmente envolvidas com as coisas deste mundo, vivendo longe da graça de Deus. E nessa realidade triste ainda há quem se julgue feliz e livre para viver conforme as suas próprias vontades, deixando os seus desejos carnais os dominarem. Muitos apagaram de suas mentes qualquer pensamento sobre a vida eterna e o julgamento, no qual um dia, todos nós haveremos de passar. Aliás, essas pessoas até sentem um certo tipo de orgulho em se exibirem, em serem mundanas e totalmente presas na realidade terrena que leva somente à perdição da alma.

Em poucos dias iniciará uma das festas mais paganizada e mundana da humanidade, o carnaval. Essa festa completamente profana iniciou seis séculos antes do cristianismo com o intuito de honrar o deus Baco (mitologia romana) ou Dionísio (mitologia grega), que é o deus do vinho, da fertilidade e da folia. Conta-se que nesta festa havia um desfile com um carro em formato de navio, chamado de “currus navalis”,  e essa seria a origem latina da palavra carnaval. Assim, durante essa procissão as pessoas faziam teatros e performances em homenagem a esses deuses. Tudo era regado a vinho e orgias.

Em nossos tempos o carnaval não é muito diferente, pois sabemos que essa festa envolve todos os tipos de prazeres e os  pecados da carne ao qual as Sagradas Escrituras descreve: “Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes” (Gl 5,19-20). Todos esses pecados são potencializados nas festas de carnaval, já que as pessoas fazem de tudo em nome do seu próprio divertimento. São Vicente Ferrer dizia: “O carnaval é um tempo infelicíssimo, no qual os cristãos cometem pecados sobre pecados, e correm à rédea solta para a perdição”.

Uma das virtudes mais nobres é fortemente atacada durante o carnaval: a pureza. A começar pelas vestes, onde homens e mulheres estão cada vez mais nus, e não há qualquer pudor. É a mentalidade do “meu corpo, minha regra” que impera entre jovens, adultos e chega a atingir até mesmo as crianças, influenciadas por seu pais. Se esquecem que o corpo é templo do Espírito Santo, como nos diz São Paulo na I Carta aos Coríntios, e vivem apenas pelo prazer, pela sensualidade. São tantos pecados da impureza cometidos nestes dias de carnaval que o Servo de Deus, João de Foligno, chamava-o de “colheita do diabo”

 Infelizmente a nossa sociedade está corrompida, perversa e cada vez mais presa no lamaçal do pecado, e é por isso que surgem do seu coração todo tipo de maldade e impureza que os deixam cegos diante dessa realidade de morte causada pela devassidão presente no carnaval. A promiscuidade não está presente apenas nas roupas, mas também nas músicas que se tornam o “hit” do carnaval, com letras cada vez mais depravadas, exaltando o sexo desregrado, o adultério, e a falta de dignidade com o ser humano, subjugando-o a meros objetos de desejo. Nos embalos dessas músicas totalmente imorais, muitos acreditam estar apenas se divertindo, mas na realidade estão se afundando na libertinagem, destruindo o imaginário e propagando a impureza e o pior, se afastando da face de Deus. A exortação de São João Maria Vianney no séc. XVIII ainda cabe muito bem para os nossos dias:

“Pobres mundanos! Quão infelizes vocês são! Sigam em frente com esse modo de vida e vocês não terão nada a ganhar a não ser o Inferno! Continuem assim, filhos deste mundo! Continuem nessa rotina; vocês vão ver um dia aquilo que jamais desejariam ver!” 

Nesse período de carnaval muitas são as ofensas contra Nosso Senhor Jesus Cristo, pois todos os pecados cometidos são como os pregos a perfurarem suas mãos e seus pés novamente na cruz. E isso se confirma nos dizeres que Santa Margarida Maria Alacoque escreveu em seu diário espiritual: “Numa outra vez, no tempo de carnaval, apresentou-se-me, após a santa comunhão, sob a forma de Ecce Homo, carregando a cruz, todo coberto de chagas e ferimentos. O Sangue adorável corria de toda parte, dizendo com voz dolorosamente triste: ‘Não haverá ninguém que tenha piedade de mim e queira compadecer-se e tomar parte na minha dor no lastimoso estado em que me põem os pecadores, sobretudo agora?’”

É trágico o caminho daqueles que querem seguir a onda do mundo, vivendo longe de Deus, afastados de sua graça. É necessário recordar sempre do que São Paulo disse aos Gálatas: “Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfazeis os apetites da carne” (Gl 5,16)

Clique aqui e assista a uma curta meditação do Irmão Luís Maria sobre as ofensas do carnaval.