04 de Fevereiro

Beato Maria-Eugênio do Menino Jesus

Nasceu em 02 de dezembro de 1894 no Gua, cidadezinha situada na região de Aveyron no sul da França e foi batizado no dia 13 de dezembro do mesmo ano. Frei Maria Eugênio do Menino Jesus, no século, Henrique Grialou, era o terceiro de uma família de 05 irmãos. Seu pai, Augusto Grialou, trabalhava numa mina de carvão e sua mãe, Maria, em um pequeno restaurante que ela mesma havia aberto em sua casa e que ela irá abandonar em seguida para melhor cuidar dos seus filhos. Muito cristãos e com poucos recursos, foram Augusto e Maria que construíram com as próprias mãos, a casa da família onde todos viviam numa atmosfera de pobreza, ternura e fé católica.

Ainda jovem, o menino Henrique sente o chamado para o sacerdócio e vai tomar as iniciativas necessárias para levar a termo o “sim” que ele dará a Deus antes de seus 11 anos.

Ciente da vocação de Henrique, o padre da sua paróquia quer que ele estude no seminário de Graves, mas as condições financeiras da família não lhe permitem. Henrique, que tem apenas 11 anos, vai aproveitar a visita de um sacerdote da Congregação do Espírito Santo que passa pela região para aceitar o convite de fazer seus estudos fora da França, pois os religiosos tinham sido expulsos pela República Francesa.

Em 1905, ele tomará sozinho o trem para Susa na Itália e aí ficará cerca de três anos sem poder rever a família. No entanto, ele perceberá que esta congregação não corresponde à sua vocação e ele voltará então, à sua cidade natal.

Em 1908, Henrique descobre o livro da vida de uma carmelita que se tornará para ele, uma grande amiga e que o acompanhará para sempre: a Irmã Teresinha do Menino Jesus, ainda em processo de beatificação .

No dia 2 de outubro de 1911, graças à sua mãe Maria que, muito batalhadora, decide pagar os seus estudos, ele entrará para o seminário de Rodez, não muito longe do Gua e começará uma etapa de discernimento buscando a vontade de Deus para a sua vida.

Henrique será tido como um seminarista exemplar, cheio de ardor espiritual mas também muito generoso e preocupado com os outros.

Em 1913, Henrique deverá interromper seus estudos de teologia para se preparar para partir para a guerra como cabo de infantaria, no dia 3 de agosto de 1914.

Poucos dias depois, ele será atingido por uma bala no rosto que não lhe causará graves problemas. Ele atribui a sua sobrevivência nesta e em todas as outras situações de perigo à proteção da Irmã Teresinha do Menino Jesus. Ele se oferecerá para voltar para a frente de combate e substituir um soldado, pai de quatro filhos. Corajoso, ele será nomeado tenente e conquistará a admiração de seus soldados.  Depois de 04 anos, ele voltará da guerra condecorado por sua coragem e intrepidez.

Em outubro de 1919, Henrique Grialou pôde finalmente retomar os estudos no seminário de Rodez. Ele que já conhecia muito bem a Irmã Teresinha do Menino Jesus, vai aí aprofundar a sua amizade com o Carmelo através das leituras de São João da Cruz e de Santa Teresa de Jesus.

Em seu retiro para o subdiaconato, ele se sentirá extremamente tocado pela leitura de uma pequena biografia de São João da Cruz e decidirá de mediato a entrar para a Ordem do Carmelo respondendo ao chamado de uma entrega absoluta que já habitava o seu coração.

No dia 04 de fevereiro de 1922 ele será ordenado sacerdote e apesar das grandes contradições, experimenta uma profunda alegria. Pela sua paciência e obediência, ele obteve a permissão do diretor espiritual para entrar na Ordem do Carmelo.

No dia 24 de fevereiro de 1922, Frei Maria Eugênio, entra para o Carmelo de Avon. O dia de sua chegada será marcado por uma reflexão profunda sobre as palavras de Jesus a Nicodemos: “Em verdade vos digo, ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo”. Ele as tomará para si e dirá: “Essas palavras são luminosas para mim hoje. Eu preciso renascer completamente em uma vida nova”.

Como religioso carmelita, ele recebe o nome de Frei Maria Eugênio do Menino Jesus, fato que será para ele, uma prova de que mais que uma amiga, Santa Teresinha agora é sua irmã.

Sacerdote, homem maduro, ex-tenente de guerra, ele tem 28 anos e começa a sua primeira etapa de formação no Carmelo.

Ele viverá o seu noviciado completamente entregue à vida de oração e através dela, ele aprofundará a sua amizade com Deus segundo os ensinamentos dos santos do Carmelo.

“A oração é de uma certa maneira, o sol e o centro de todas as atividades do dia. Todas as noites, temos a impressão de ter feito somente isso de importante”.

Este período onde ele se alimentará particularmente da doutrina dos santos do Carmelo, coincidirá com três momentos importantes para a Ordem e para a Igreja: a beatificação da irmã Teresinha do Menino Jesus (29 abril 1923) e sua canonização (17 março 1925); e o doutorado de São João da Cruz (24 agosto 1926).

No dia 11 de março de 1926, ele fará sua profissão solene acompanhado por Berta que, no dia seguinte, entrará para a Ordem Terceira do Carmelo recebendo o nome de “Maria Eugênio”.

Para Frei Maria Eugênio, a doutrina do Carmelo é um “tesouro” e não deve se limitar aos religiosos. Ele tem sede de divulgá-la ao mundo para que todas as pessoas possam conhecer o Deus de amor que está vivo, presente em cada pessoa pela graça do batismo e com quem se pode estabelecer um contato de amizade de maneira muito simples, particularmente através da oração.

No dia 14 agosto de 1928 ele é nomeado superior de um seminário menor dos carmelitas, o Petit Castelet, situado em pleno campo, perto da pequena cidade de Tarascon. Ele aceitará a nomeação com dor, mas, também com espírito de fé e grande confiança nos desígnios de Deus. Com efeito, em 1929, ele receberá a visita de 03 moças, professoras e responsáveis de uma escola em Marselha que desejam entregar suas vidas a Deus e receber a ciência da oração carmelitana. Frei Maria Eugênio verá nesta visita, uma resposta às suas intuições interiores.

A providência mostrava assim que a intuição do Frei Maria Eugênio correspondia à vontade de Deus e o Instituto Nossa Senhora da Vida começava a dar seus primeiros passos com a aprovação da Igreja através do arcebispo de Avignon.

Fundado em 1932, sem muitos recursos materiais nem regras precisas, a única certeza do fundador era de fazer a vontade de Deus. As regras e constituições virão com o passar do tempo e a experiência dos primeiros anos.

As três pioneiras serão: Germaine Romieu, Joana Grousset e Maria Pila que será o braço direito do Frei Maria-Eugênio e cofundadora do Instituto. Assim, o Instituto começa a se modelar segundo os desejos do padre Maria Eugênio de formar “apóstolos contemplativos”, ou seja, homens e mulheres que, abastecidos pelo Espirito Santo através da oração cotidiana, testemunham no seu trabalho e em todos os lugares, a existência de Deus e o Seu amor por todos os homens.As três vão começar por abandonar o trabalho durante um ano e retirar-se em Nossa Senhora da Vida para um período de formação e recolhimento. Elas o farão, cada uma em um ano diferente, permitindo que a escola em Marselha continue a funcionar.

Em 1937, grande alegria para o Frei Maria Eugênio: depois de cinco anos de fundação, a Igreja reconhece oficialmente o Instituto Nossa Senhora da Vida como Fraternidade Secular da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte Carmelo e de Santa Teresa.

No dia 17 de abril de 1937, aos 43 anos, Frei Maria Eugênio do Menino Jesus será nomeado Definidor Geral da Ordem e ele manterá esta função até o ano de 1955.

Em 1939, Berta Grialou, antes muito indecisa, resolve entrar para o Instituto Nossa Senhora da Vida. Irmã do fundador, os dois manterão uma grande discrição a este respeito para não provocar ciúmes aos outros membros da comunidade.

Neste mesmo ano, a II Guerra Mundial intervirá novamente na vida do Frei Maria Eugênio. Tenente durante a I Guerra, ele agora é convocado como capitão. Suas funções como Definidor deverão esperá-lo até o ano de 1940 quando ele será liberado da guerra.

Liberado da guerra ele pode retomar suas atividades no Carmelo mas, tudo não está resolvido; a guerra não terminou e quase não há trens para ir a Roma. Obrigado a ficar na França, Frei Maria Eugênio não perderá tempo. Aproveitará para visitar os Carmelos não destruídos, confortando os religiosos e religiosas e somente no ano de 1941, ele pregará em cerca de 21 retiros. Em 1945 a guerra termina e em 1946 ele retornará a Roma.

A experiência do Frei (viagens, conferências, conversações e estudos) lhe ajudará a entender que, independente da nacionalidade ou da cultura, todas as pessoas têm sede de Deus. Assim, apesar de todas as suas responsabilidades e do cansaço devido às viagens, ele publicará a 1ᵃ parte do livro “Eu Quero Ver a Deus” em 1949 e acrescentará a 2ᵃ parte “Eu sou Filha da Igreja” em 1951.

Em 1965, uma pneumonia grave o fará pensar que o fim de seus dias se aproxima e ele chamará toda a comunidade de Nossa Senhora da Vida para revelar-lhe alguns segredos profundos do seu coração e deixar-lhe o seu testamento espiritual:

“Vocês perceberam provavelmente que quando eu falo do Espírito Santo, eu me inflamo muito facilmente. Eu O chamo meu Amigo e creio ter razões para isto…Eu quero pedir para vocês o Espírito Santo. Este é o testamento que eu vos deixo! Que Ele desça sobre vocês e que vocês possam dizer o mais rápido possível que o Espírito Santo é vosso amigo, vossa luz e vosso mestre. Esta é a oração que eu vou continuar a fazer nesta terra enquanto o Bom Deus me deixar aqui e que eu continuarei certamente durante a eternidade”.

Esta pneumonia não tirará sua vida nem o impedirá de trabalhar pela Igreja durante o tempo que lhe resta e apesar do cansaço, enquanto Provincial, ele continuará a visitar os Carmelos, a fazer conferências, ademais, ele continuará a acompanhar de perto o grupo e Nossa Senhora da Vida que agora está bem estruturado com suas três ramificações, sendo duas para leigos (homens e mulheres) consagrados e a terceira para sacerdotes diocesanos. Todos comprometidos com uma vida de oração intensa e a serem testemunhos de Deus para todos, guardando o duplo espírito de “ação e contemplação bem unidas” como o dizia o fundador.

Em 1967 atingido por um câncer de próstata que ele chamará de “um pequeno acontecimento ”, Frei Maria Eugênio deverá deixar suas atividades definitivamente, mas continuará a responder a algumas cartas e a concelebrar as missas.

Ele passará o Tríduo Pascal em grande agonia e no dia 27 de março (segunda-feira de Páscoa) de 1967 aos 73 anos, Frei Maria Eugênio entra na vida eterna.

Misteriosa “coincidência”, as segundas-feiras de Páscoa eram festejadas no Instituto como o dia de Nossa Senhora da Vida. Data escolhida pelo próprio Frei.

Aberto no dia 07 abril 1985, o processo de canonização do Frei Maria Eugênio caminha lentamente e enfrenta as dificuldades comuns encontradas nesses trabalhos tão complexos e exigentes. No dia 19 de dezembro de 2011 o Santo Padre Bento XVI assinou o decreto que reconhece as virtudes heroicas do servo de Deus, passando a ser chamado de Venerável Maria-Eugênio do Menino Jesus.

Aprovado o milagre para sua beatificação, o Venerável Servo de Deus, por decreto do Papa Francisco, foi solenemente proclamado BEATO em cerimônia presidida pelo Arcebispo de Avignon, França, no dia 19 de novembro de 2017.

Fonte: http://www.santosebeatoscatolicos.com