23 de Abril
Beata Gabriella Sagheddu
Seu nome de batismo era Maria Sagheddu. Nasceu no dia 17 de março de 1914, filha de uma família de pastores bastante católica da Sardenha. Foi a quinta filha entre oito. Em 1919, quando tinha quatro anos, seu pai faleceu. Foi teimosa e obstinada quando menina, mas aprendeu a ser obediente e dócil. Ela foi como um dos filhos do patrão citados no Evangelho que, a princípio, diz não a um pedido pai, mas depois, vai e faz. Perto de terminar o primário, ela teve que deixar a escola para ajudar em casa. Surpreendentemente, ela o fez com seriedade e um grande senso de responsabilidade.
Saindo da adolescência, Maria sofreu um grande golpe: a morte de sua irmã mais nova. Este fato abalou-a profundamente e ela procurou, mais ainda, o auxílio em Deus. Aos 18 anos, entrou para um famoso movimento que ganhava forças na Igreja, chamado “Ação Católica”. A partir daí, começou a instruir os jovens da sua região na fé católica, motivando-os na ajuda aos idosos.
Ao instruir e ensinar o catecismo, Maria Grabriela era muito exigente e dura. E de tal forma que começou a usar uma vara para bater naqueles que se dispersavam ou não aprendiam. Um dia, porém, seu pároco lhe disse: “Para ensinar o Evangelho, arme-se com paciência e amor, não com uma vara”. Ao ouvir isso, Maria compreendeu seu erro e mudou sua maneira de ensinar. Feliz, ela viu que os resultados foram muito mais satisfatórios e frutíferos.
O espírito de Maria Gabriela, porém, anisava por experiências mais profundas com Deus. Por isso, aos vinte anos, ela ingressou no Mosteiro Trapista de Grottaferrata, que ficava perto de Roma. Foi nesta ocasião que ela assumiu o nome de Ir. Maria Gabriela. A Ordem Trapista é conhecida por sua rigidez, silêncio, estudos e espiritualidade profunda. Ali, Maria Gabriela encontrou sua realização pessoal.
A abadessa do mosteiro na época, Madre Maria Pia, OCSO, era uma mulher entusiasmada pelo ecumenismo. E ela conseguiu passar esse entusiasmo para as irmãs do mosteiro. E de tal forma que a Ir. Maria Gabriela sentiu que este era o grande chamado de sua vida. Por isso, ela decidiu oferecer sua própria vida como sacrifício em favor da unidade dos cristãos. Isso aconteceu durante uma semana que se chamou “Semana de oração pela unidade dos cristãos”, no ano 1938.
Logo depois disso, Ir. Maria Gabriela contraiu tuberculose e começou a passar por grandes sofrimentos. Foi um verdadeiro calvário que durou quinze meses. Durante todo esse tempo, ela jamais murmurou. Ao contrário, louvava a Deus por tudo e oferecia todo o seu sofrimento em favor da unidade entre os cristãos e dentro da própria Igreja. Ir. Maria Gabriela desenvolveu uma espiritualidade de entrega total à vontade de Deus, a tal ponto de se ver livre de todo medo e ansiedade. Não se trata de ficar livre dos sofrimentos. Jesus não promete isso. Mas trata-se de, na fé, compreender que o Pai nos ama, que nenhum fio de cabelo cai de nossa cabeça sem o seu consentimento e tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus. Essa espiritualidade contagiou todo o convento e, por isso, as irmãs testemunhavam a santidade da Ir. Maria Gabriela.
Após quinze meses de muito sofrimento, Ir. Maria Gabriela faleceu, oferecendo sua própria vida em sacrifício pela unidade dos cristãos e da Igreja. Ela faleceu no dia 23 de abril de 1939, num domingo, cujo Evangelho da liturgia, não por acaso, era: “E haverá um só rebanho e um só pastor”. (João 10, 16). Assim, sem conhecer um único cristão protestante ou ortodoxo, ela se tornou a Beata Maria Gabriella da Unidade. Após sua morte, verificaram em sua bíblia que o Capítulo 17 do Evangelho de São João estava amarelado por causa do manuseio constante, especialmente os versículos 11 e 21, em que Jesus diz: “Que ele sejam um, como nós também somos um” (Jo 17, 11) e “Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste”. (Jo 17,21)
Irmã Maria Gabriela foi beatificada pelo Papa João Paulo II no dia 25 de janeiro de 1983. Era o dia de São Paulo e a celebração aconteceu na Basílica de São Paulo de fora dos muros de Roma. Na ocasião, João Paulo II disse: “O exemplo da Ir. Maria Gabriela é instrutivo; ela nos ajuda a compreender que não existe tempo, situação ou lugar especial para rezarmos pela unidade. A oração de Cristo ao Pai é oferecida como modelo para todos, sempre e em qualquer lugar.”
Fonte: https://cruzterrasanta.com.br