Viver a fé no dia a dia
TEMPO COMUM. SEGUNDA SEMANA. QUARTA-FEIRA
— A fé é para ser vivida e deve influir nos pequenos acontecimentos do dia.
— Fé e “sentido sobrenatural”.
— Fé e virtudes humanas.
I. JESUS ENTROU NUMA SINAGOGA e ali encontrou um homem que tinha uma mão seca, paralisada. São Marcos diz que todos o observavam para ver se curava em dia de sábado1. O Senhor não se esconde nem dissimula as suas intenções, antes pelo contrário, pede ao homem que se coloque no meio, para que todos o possam ver bem. E diz: Élícito em dia de sábado fazer o bem ou fazer o mal, salvar uma vida ou perdê-la? E eles permaneceram calados. Então Jesus, indignado com tanta hipocrisia, olhou-os irado e, ao mesmo tempo, triste pela cegueira dos seus corações. Todos notaram esse olhar de Jesus cheio de indignação perante a dureza daquelas almas. E disse ao homem: Estende a tua mão. Ele estendeu-a e ficou curado.
Aquele doente, no centro da vasta roda dos circunstantes, enche-se de confiança em Jesus e manifesta a sua fé pela prontidão com que obedece ao Senhor e faz aquilo que sabia muito bem que não podia fazer: estender a mão. A sua confiança no Senhor, que o levou a prescindir da sua experiência pessoal, fez o milagre. Tudo é possível com Jesus. A fé permite-nos alcançar metas que sempre tínhamos julgado inatingíveis, resolver velhos problemas pessoais ou questões relacionadas com a tarefa apostólica que pareciam insolúveis, eliminar defeitos que estavam arraigados.
A vida deste homem tomou certamente um novo rumo depois do pequeno esforço exigido por Cristo. É o que o Senhor nos pede também nos assuntos mais corriqueiros da vida diária. Devemos considerar hoje “como o cristão, na sua existência habitual e corrente, nos pormenores mais simples, nas circunstâncias normais da sua jornada de trabalho, põe em prática a fé, a esperança e a caridade, porque é nisso que reside a essência da conduta de uma alma que conta com o auxílio divino”2. E necessitamos dessa ajuda do Senhor para sair da nossa incapacidade.
A fé é para ser vivida, e deve informar as pequenas e grandes decisões, como também deve manifestar-se habitualmente no modo de encarar os deveres de cada dia. Não basta assentir às grandes verdades do Credo, e talvez até ter uma boa formação; é necessário, além disso, viver essas verdades, praticá-las, de modo a chegar a ter uma “vida de fé” que seja ao mesmo tempo manifestação e fruto daquilo que se crê.
Deus pede-nos que o sirvamos com a vida, com as obras, com todas as forças do corpo e da alma. A fé é um valor sobrenatural que se refere à vida, à vida de todos os dias, e a existência cristã nada mais é que um desdobramento da fé, um viver de acordo com aquilo que se crê3, com aquilo que se sabe ser o querer de Deus para a vida. Temos uma “vida de fé”? Uma fé que influa no comportamento e nas decisões que tomamos?
II. O EXERCÍCIO DA VIRTUDE da fé na vida cotidiana traduz-se naquilo que em geral se denomina “sentido sobrenatural”. Consiste em ver as coisas, mesmo as mais corriqueiras, mesmo as que parecem intranscendentes, em função do plano de Deus para cada criatura, orientado para a sua salvação e para a de muitos outros; é um acostumar-se “a andar como que olhando para Deus pelo canto do olho nas tarefas diárias, para ver se a vontade divina é realmente aquela, se é esse o modo como Ele quer que façamos as coisas; é habituar-se a descobrir Deus através das criaturas, adivinhá-lo por trás daquilo a que o mundo chama acaso, perceber as suas pegadas por toda a parte”4.
A vida cristã, a santidade, não é um verniz externo que recobre o cristão, deixando intocado aquilo que é propriamente humano. As virtudes sobrenaturais influem no comportamento do cristão e fazem dele um homem honrado, exemplar no seu trabalho e na sua família, extremamente sensível ao sentido da honra e da justiça, superior ao comum dos mortais por um estilo de conduta em que se destacam a lealdade, a veracidade, a rijeza, a coragem, a alegria... Estai atentos a tudo o que há de justo, de puro, de amável, de louvável5, recordava São Paulo aos primeiros cristãos de Filipos.
A vida de fé, portanto, leva o cristão a ser um homem com virtudes humanas, porque torna realidade os critérios da fé na sua atuação normal. Leva-o a realizar um ato de fé, não só ao divisar as torres de uma igreja, mas também perante um problema do trabalho ou da família, à hora de uma contrariedade, em face da dor ou da doença, no momento em que recebe uma boa notícia ou quando resolve prosseguir por amor um trabalho que estava a ponto de abandonar por cansaço. Leva-o a viver a fé quando quereria desistir de uma tarefa apostólica por não ver os frutos, talvez porque ainda esteja a dar os primeiros passos em relação a determinada alma, e “a relha que rotura e abre o sulco não vê a semente nem o fruto”6.
Num cristão, a fé está, pois, em contínuo exercício, tal como a esperança e a caridade. Perante problemas e obstáculos que talvez já sejam velhos, esse cristão ouve o Senhor que lhe diz: Estende a tua mão... Examinemo-nos hoje com que frequência tornamos realidade o ideal cristão que dá vida e um sentido novo a todas as situações da vida, a todas as coisas humanas que realizamos, ampliando-as e tornando-as sobrenaturalmente fecundas.
III. ENTRE OUTRAS CONSEQUÊNCIAS, a fé leva-nos a imitar Jesus Cristo, que, além de “perfeito Deus”, foi “homem perfeito”7. As virtudes humanas são próprias do homem enquanto homem e, por isso, Jesus Cristo, perfeito homem, viveu-as plenamente. Até os seus inimigos se assombravam com a força humana da sua figura: Mestre — dizem-lhe em certa ocasião —, sabemos que és veraz, e que não tens respeitos humanos, e que ensinas o caminho de Deus com autoridade...8 “A primeira coisa que nos chama a atenção ao estudarmos a fisionomia humana de Cristo é a sua clarividência viril na ação, a sua impressionante lealdade, a sua áspera sinceridade, ou seja, o caráter heroico da sua personalidade. Era isso o que antes de mais nada atraía os seus discípulos”9.
O Senhor considera tão importante a perfeição das virtudes humanas que diz aos seus discípulos: Se não entendeis as coisas da terra, como entendereis as celestiais?10 Se não se vive a rijeza humana perante uma dificuldade, perante o frio ou o calor ou perante uma pequena doença, onde se poderá assentar a virtude cardeal da fortaleza? Como poderá ser responsável e prudente um estudante que não se preocupa com o seu estudo? Ou como poderá chegar a viver a caridade quem descuida a cordialidade, a afabilidade ou os detalhes de educação? Ainda que a graça divina possa transformar por inteiro uma pessoa — e a Sagrada Escritura e a vida da Igreja oferecem-nos exemplos disso —, o normal é que o Senhor conte com a colaboração das virtudes humanas.
A vida cristã revela-se através da atuação humana, que é dignificada e elevada ao plano sobrenatural. Por sua vez, os aspectos humanos da personalidade constituem a base de sustentação das virtudes sobrenaturais. Talvez tenhamos encontrado ao longo da nossa vida “tantos que se dizem cristãos — por terem sido batizados e por receberem outros Sacramentos —, mas que se mostram desleais, mentirosos, insinceros, soberbos... E caem de repente. Parecem estrelas que brilham um instante no céu e, de súbito, precipitam-se irremediavelmente”11. Faltou-lhes a base humana e não puderam manter-se de pé.
Deus procura mães fortes que testemunhem a sua fé através da sua maternidade e da sua alegria; e homens de negócios justos; e médicos que não descurem a sua formação profissional por saberem reservar umas horas para o estudo, que atendam os pacientes com compreensão, tal como eles gostariam de ser tratados nessas mesmas circunstâncias: com eficiência e amabilidade; e estudantes com prestígio que se interessem pelos seus colegas de faculdade; e camponeses, artesãos, operários das fábricas e da construção civil... Deus quer homens e mulheres verdadeiros, que expressem na discreta realidade da sua vida o grande ideal que encontraram.
São José é modelo do varão justo12 que viveu da fé em todas as circunstâncias da sua vida. Peçamos-lhe que nos ajude a ser, no nosso ambiente e nas nossas circunstâncias, aquilo que Cristo espera de cada um de nós: um exemplo vivo para o mundo que nos rodeia.
(1) Mc 3, 1-6; (2) São Josemaría Escrivá, ÉCristo que passa, n. 169; (3) cfr. P. Rodriguez,Fe y vida de fe, EUNSA, Pamplona, 1974, pág. 172; (4) F. Suárez, El sacerdote y su ministerio, Rialp, Madrid, 1969, pág. 194; (5) Fil 4, 8; (6) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 215; (7) Símbolo Quicumque; (8) Mt 22, 16; (9) K. Adam, Jesus Cristo, Quadrante, São Paulo, pág. 13; (10) Jo 3, 5; (11) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 75; (12) Mt 1, 19.
Fonte: livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal.
22 de Janeiro 2020
A SANTA MISSA

2ª Semana do Tempo Comum – Quarta-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: 1Sm 17,32-33.37.40-51
Davi venceu o filisteu, com uma funda e uma pedra.
Leitura do Primeiro Livro de Samuel
Naqueles dias: 32 Davi foi conduzido a Saul e lhe disse: ‘Ninguém desanime por causa desse filisteu! Eu, teu servo, lutarei contra ele’. 33 Mas Saul ponderou: ‘Não poderás enfrentar esse filisteu, pois tu és só ainda um jovem, e ele é um homem de guerra desde a sua mocidade’. 37 Davi respondeu: ‘O Senhor me livrou das garras do leão e das garras do urso. Ele me salvará também das mãos deste filisteu’. Então Saul disse a Davi: ‘Vai, e que o Senhor esteja contigo’. 40 Em seguida, tomou o seu cajado, escolheu no regato cinco pedras bem lisas e colocou-as no seu alforje de pastor, que lhe servia de bolsa para guardar pedras. Depois, com a sua funda na mão, avançou contra o filisteu. 41 Este, que se vinha aproximando mais e mais, precedido do seu escudeiro, 42 quando pôde ver bem Davi desprezou-o, porque era muito jovem, ruivo e de bela aparência. 43 E lhe disse: ‘Sou por acaso um cão, para vires a mim com um cajado?’ E o filisteu amaldiçoou Davi em nome de seus deuses. 44 E acrescentou: ‘Vem, e eu darei a tua carne às aves do céu e aos animais da terra!’ 45 Davi respondeu: ‘Tu vens a mim com espada, lança e escudo; eu, porém, vou a ti em nome do Senhor Todo-poderoso, o Deus dos exércitos de Israel que tu insultaste! 46 Hoje mesmo, o Senhor te entregará em minhas mãos, e te abaterei e te cortarei a cabeça, e darei o teu cadáver e os cadáveres do exército dos filisteus às aves do céu e aos animais da terra, para que toda a terra saiba que há um Deus em Israel. 47 E toda esta multidão de homens conhecerá que não é pela espada nem pela lança que o Senhor concede a vitória; porque o Senhor é o árbitro da guerra, e ele vos entregará em nossas mãos’. 48 Logo que o filisteu avançou e marchou em direção a Davi, este saiu das linhas de formação e correu ao encontro do filisteu. 49 Davi meteu, então, a mão no alforje, apanhou uma pedra e arremessou-a com a funda, atingindo o filisteu na fronte com tanta força, que a pedra se encravou na sua testa e o gigante tombou com o rosto em terra. 50 E assim Davi venceu o filisteu, ferindo-o de morte com uma funda e uma pedra. E, como não tinha espada na mão, 51 correu para o filisteu, chegou junto dele, arrancou-lhe a espada da bainha e acabou de matá-lo, cortando-lhe a cabeça. Vendo morto o seu guerreiro mais valente, os filisteus fugiram.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 143 (144), 1. 2. 9-10 (R. 1a)
R. Bendito seja o Senhor, meu rochedo!
1 Bendito seja o Senhor, meu rochedo, +
que adestrou minhas mãos para a luta, *
e os meus dedos treinou para a guerra! R.
2 Ele é meu amor, meu refúgio, *
libertador, fortaleza e abrigo;
É meu escudo: é nele que espero, *
ele submete as nações a meus pés. R.
9 Um canto novo, meu Deus, vou cantar-vos, *
nas dez cordas da harpa louvar-vos,
10 a vós que dais a vitória aos reis *
e salvais vosso servo Davi. R.
Evangelho: Mc 3,1-6
É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal?
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo: 1 Jesus entrou de novo na sinagoga. Havia ali um homem com a mão seca. 2 Alguns o observavam para ver se haveria de curar em dia de sábado, para poderem acusá-lo. 3 Jesus disse ao homem da mão seca: ‘Levanta-te e fica aqui no meio!’ 4 E perguntou-lhes: ‘É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?’ Mas eles nada disseram. 5 Jesus, então, olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; e disse ao homem: ‘Estende a mão.’ Ele a estendeu e a mão ficou curada. 6 Ao sairem, os fariseus com os partidários de Herodes, imediatamente tramaram, contra Jesus, a maneira como haveriam de matá-lo.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Beata Laura Vicuña
22 de janeiro
Beata Laura Vicuña
“Obrigada Jesus, obrigada Maria” foram as últimas palavras da Beata Laura Vicuña, cuja festa é celebrada neste dia 22 de janeiro. Ofereceu sua vida a Deus para que sua mãe se convertesse e deixasse de conviver com um homem que as maltratava e que tentou se exceder com a pequena beata.
Laura Vicuña Pino nasceu em Santiago (Chile), em 1891. Seu pai pertencia a uma família aristocrática de grande influência política e social. Sua mãe, no entanto, era de condição humilde.
Naquela época, uma revolução ocorreu no Chile. A família teve que fugir da capital e se refugiar a 500 km de distância. O pai morreu e a mãe ficou na indigência, com a responsabilidade de duas meninas, ‘Laurita’, de dois anos, e Julia. As três emigraram para a Argentina e a mãe, Mercedes, começou a conviver com Manuel Mora.
Em 1990, Laura ingressou como interna no Colégio das Filhas de Maria Auxiliadora, em Junín de los Andes. Em pouco tempo, começou a se destacar por sua devoção e sonhou em ser religiosa.
Certo dia, escutou da professora que Deus não gosta muito dos que convivem sem se casar e ‘Laurita’ desmaiou de susto. Na aula seguinte, quando a professora voltou a tocar no tema da união livre, a pequena beata começou a ficar pálida.
Laura compreendeu a situação em que vivia sua mãe e, em sua tenra idade, sentiu muita dor por Deus ser ofendido. Não ficou ressentida com sua mãe, mas, ao contrário, decidiu entregar sua vida a Deus para que sua mãe se salvasse.
A beata comunicou seu plano ao confessor, o sacerdote salesiano Crestanello, que lhe disse: “Isso é muito sério. Deus pode aceitar sua proposta e você pode morrer muito em breve”. Mas, Laura continuou decidida com sua oferta.
No dia de sua primeira comunhão, aos dez anos, ofereceu-se a Deus é foi admitida como “Filha de Maria”. Entretanto, em sua casa, Mora tentou manchar a virtude de Laura e ela, valentemente, resistiu muitas forças com a força derivada da fé autêntica.
O homem a colocou para fora de casa, a fez dormir sob a intempérie e deixou de pagar a escola. Mas, as Filhas de Maria Auxiliadora a aceitaram gratuitamente. Um dia ‘Laurita’ voltou para casa e Mora a agrediu violentamente.
Em pleno inverno, uma inundação atingiu a escola e Laura, ajudando a salvar as meninas mais novas, passou horas com os pés na água gelada. Ficou doente dos rins, com muitas dores e sua mãe a levou para casa, mas não se recuperou.
Ao entrar em agonia, a beata disse: “Mamãe, há dois anos ofereci minha vida a Deus em sacrifício para obter que você não viva mais em união livre. Para que se separa desse homem e viva santamente”.
Mercedes, chorando, exclamou: “’Laurita’, que amor tão grande teve por mim! Eu te juro agora mesmo. A partir de hoje, nunca mais voltarei a viver com esse homem. Deus é testemunho de minha promessa. Estou arrependida. A partir de hoje, minha vida mudará”.
A beata mandou chamar o confessor e lhe disse: “Padre, minha mãe promete solenemente a Deus abandonar a partir de hoje aquele homem”. Então, mãe e filha se abraçaram chorando.
O rosto de Laura mudou completamente e se tornou sereno e alegre porque sentiu que cumpriu a sua missão na terra. Recebeu a unção dos enfermos, o viático e beijou várias vezes o crucifixo.
À sua amiga, que rezava com ela, disse: “Como a alma se sente feliz na hora morte, quando se ama Jesus Cristo e Maria Santíssima”. Em seguida, para a imagem da Virgem, agradeceu alegremente a Jesus e Maria e partiu para Casa do Pai em 22 de janeiro de 1904.
A mãe teve que mudar de nome e se disfarçar para sair da região, porque Manuel Mora a perseguia. O resto de sua vida, Mercedes levou uma vida santa.
São João Paulo II beatificou Laura Vicuña em 1988 e, naquela ocasião, o Papa peregrino disse: “A suave figura de Beata Laura... ensina a todos que, com a ajuda da graça, é possível triunfar sobre o mal”.
Fonte: https://www.acidigital.com
21 de Janeiro 2020
A SANTA MISSA

2ª Semana do Tempo Comum – Terça-feira
Memória: Santa Inês, virgem e mártir
Cor: Vermelha
1ª Leitura: 1Sm 16,1-13
Samuel ungiu Davi na presença de seus irmãos.
E a partir daquele dia,
o espírito do Senhor se apoderou de Davi.
Leitura do Primeiro Livro de Samuel
Naqueles dias: 1 O Senhor disse a Samuel: ‘Até quando ficarás chorando por causa de Saul, se eu mesmo o rejeitei para que não reine mais sobre Israel? Enche o chifre de óleo e vem, para que eu te envie à casa de Jessé de Belém, pois escolhi um rei para mim entre os seus filhos’. 2 Samuel ponderou: ‘Como posso ir? Se Saul o souber, vai-me matar’. O Senhor respondeu: ‘Tomarás contigo uma novilha da manada, e dirás: ‘Vim para oferecer um sacrifício ao Senhor’. 3 Convidarás Jessé para o sacrifício. Eu te mostrarei o que deves fazer, e tu ungirás a quem eu te designar’. 4 Samuel fez o que o Senhor lhe disse, e foi a Belém. Os anciãos da cidade vieram-lhe ao encontro, e perguntaram: ‘É de paz a tua vinda?’ 5 ‘Sim, é de paz’, respondeu Samuel. ‘Vim para fazer um sacrifício ao Senhor. Purificai-vos e vinde comigo, para que eu ofereça a vítima’. Ele purificou então Jessé e seu filhos e convidou-os para o sacrifício. 6 Assim que chegaram, Samuel viu a Eliab, e disse consigo: ‘Certamente é este o ungido do Senhor!’ 7 Mas o Senhor disse-lhe: ‘Não olhes para a sua aparência nem para a sua grande estatura, porque eu o rejeitei. Não julgo segundo os critérios do homem: o homem vê as aparências, mas o senhor olha o coração’. 8 Então Jessé chamou Abinadab e apresentou-o a Samuel, que disse: ‘Também não é este que o Senhor escolheu’. 9 Jessé trouxe-lhe depois Sama, e Samuel disse: ‘A este tampouco o Senhor escolheu’. 10 Jessé fez vir seus sete filhos à presença de Samuel, mas Samuel disse: ‘O Senhor não escolheu a nenhum deles’. 11 E acrescentou: ‘Estão aqui todos os teus filhos?’ Jessé respondeu: ‘Resta ainda o mais novo, que está apascentando as ovelhas’. E Samuel ordenou a Jessé: ‘Manda buscá-lo, pois não nos sentaremos à mesa, enquanto ele não chegar’. 12 Jessé mandou buscá-lo. Era ruivo, de belos olhos e de formosa aparência. E o Senhor disse: ‘Levanta-te, unge-o: é este!’ 13 Samuel tomou o chifre com óleo e ungiu Davi na presença de seus irmãos. E a partir daquele dia, o espírito do Senhor se apoderou de Davi. A seguir, Samuel se pôs a caminho e voltou para Ramá.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 88, 20. 21-22. 27-28 (R. 21a)
R. Encontrei e escolhi a Davi, meu servidor.
20 Outrora vós falastes em visões a vossos santos: +
‘Coloquei uma coroa na cabeça de um herói *
e do meio deste povo escolhi o meu Eleito. R.
21 Encontrei e escolhi a Davi, meu servidor, *
e o ungi, para ser rei, com meu óleo consagrado.
22 Estará sempre com ele minha mão onipotente, *
e meu braço poderoso há de ser a sua força. R.
27 Ele, então, me invocará: ‘Ó Senhor, vós sois meu Pai, *
sois meu Deus, sois meu Rochedo onde encontro a salvação!`
28 E por isso farei dele o meu filho primogênito, *
sobre os reis de toda a terra farei dele o Rei altíssimo. R.
Evangelho: Mc 2,23-28
O sábado foi feito para o homem,
e não o homem para o sábado.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
23 Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam. 24 Então os fariseus disseram a Jesus: ‘Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?’ 25 Jesus lhes disse: ‘Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? 26 Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães.’ 27 E acrescentou: ‘O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. 28 Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Santa Inês
21 de Janeiro
Santa Inês
Santa Inês tem o nome originário do grego e significa pura. Inês nasceu em Roma, no ano 304. Era de família nobre, descendente da família Cláudia. Desde pequena foi educada na fé cristã. Foi cuidada por uma Aia, uma babá. Desde criança demonstrou personalidade forte e decidiu consagrar sua pureza para Deus.
Com apenas 13 anos já era cheia de pretendentes, por causa de sua beleza. Inês foi cobiçada por sua beleza e riqueza por um jovem romano chamado Fúlvio, que era filho de Simprônio, o prefeito de Roma. Fúlvio fez o pedido de casamento formal à família. Inês, porém, não aceitou por causa de sua consagração a Deus.
Fúlvio, indignado, denunciou Inês como cristã. E era tempo de perseguição contra os cristãos. Por isso, Inês foi presa, e após um julgamento forjado, foi condenada a vários castigos. Os pais de Santa Inês nada puderam fazer em seu favor, pois o prefeito de Roma era superior a eles.
Assim, sem poder contar com o socorro de seus pais, queriam obrigar Inês a manter aceso o fogo da deusa romana do lar e do fogo chamada Vesta, no templo dedica à deusa. O castigo era uma maneira de obrigar Inês renunciar à sua fé.
Mas Inês recusou-se e disse ao prefeito: Se recusei seu filho que é homem, como pode pensar que eu aceite prestar honras a uma estátua? Meu esposo não é desta terra (Jesus Cristo). Sou jovem, é verdade, mas a fé não se mede pelos anos e sim pelas obras. Deus mede a alma, não a idade. Quanto aos deuses, podem até ficar furiosos, que eu não os temo. Meu Deus é amor.
O prefeito, irado, condenou Inês a uma pena pior: ser exposta nua num prostíbulo do circo Agnolo, em Roma, para que todos os homens a vissem. Inês pediu proteção a Deus. Então, uma luz celestial a protegeu, de forma que ninguém conseguiu se aproximar dela. Em seguida seus cabelos cresceram rápido e protegeram seu corpo.
O primeiro homem que tentou agarrar Inês no prostíbulo ficou cego por causa da luz que a protegia. Ao ver o homem cego, porém, Santa Inês rezou por ele, perdoou e ele pode ver novamente, convertendo-se. O homem passou a ver não uma jovem nua, mas uma filha de Deus, da qual emanava o amor de Deus, que equilibra e coloca as paixões humanas em seu devido lugar.
Não obstante esse milagre, outro homem tentou violentá-la. Dessa vez, porém, um anjo do Senhor o matou. Santa Inês, mais uma vez, ficou com pena e orou a Deus. O homem ressuscitou. Por causa desses acontecimentos, no local onde foi esse prostíbulo, hoje se ergue a Basílica de Santa Inês em Roma.
Simprônio, o prefeito de Roma, ao ver tudo isso, teve medo e passou o caso da jovem Inês para o vice prefeito chamado Aspásio. Este era ainda mais cruel e mandou queimá-la. Porém as chamas nada fizeram a ela e sim aos os soldados que estavam em volta.
Depois disso, Santa Inês passou por vários castigos sob as ordens de Aspásio. Foi acorrentada e esticada na roda de tortura, mas nada a afetava. Inês, por sua vez, perseverava louvando a Jesus e nunca cedendo a nenhuma pressão.
Por fim, Aspasio, mandou cortar sua cabeça. Assim, com apenas 13 anos, ela foi morta. Foi em 21 de janeiro do ano 317. Por causa da data da sua morte, a festa de Santa Inês é realizada no dia 21 de janeiro, que celebra o dia do seu nascimento no céu.
Oito dias depois de sua morte, seus pais estavam desconsolados rezando em seu túmulo. Então Santa Inês apareceu a eles para consolá-los. Ela estava cercada por várias jovens virgens e anjos, segurando um cordeirinho e um lírio. Ela relatou sua felicidade a seus pais que, desse momento em diante, viveram felizes em Roma e perseveraram na fé.
Havia um crânio no tesouro de relíquias do Sancta Sanctorum da Basílica de Latrão, em Roma, que há séculos era guardado como sendo de Santa Inês. Recentemente foram realizados exames forenses sobre este crânio e foi comprovado que se trata realmente do crânio de uma menina de 13 anos. Hoje, o crânio de Santa Inês está na Igreja de Santa Inês em Agonia (Sant'Agnese in Agone), localizada na Praça Navona, em Roma.
Nas imagens de Santa Inês, ela é representada frequentemente com um cordeiro nos braços, símbolo de Jesus, o Cordeiro de Deus, e também porque seu nome vem do latim agnus (cordeiro). Ela também segura um lírio, símbolo da pureza.
Todos os anos, os padres da Basílica de Santa Inês levam dois cordeiros para o Papa abençoar. Os cordeiros depois são tosquiados e sua lã é levada para fazer os pálios, 2 tiras de lã branca, que são usados na liturgia pelos Arcebispos da Igreja Católica. O pálio é um símbolo que lhes confere o poder da jurisdição. Santa Inês é cantada na ladainha de Todos os Santos. Santa Inês é Padroeira da Pureza e da castidade, é também a padroeira dos noivos.
Fonte: https://cruzterrasanta.com.br
A Dignidade da Pessoa
TEMPO COMUM. SEGUNDA SEMANA. TERÇA-FEIRA
– A grandeza e a dignidade da pessoa humana.
– Dignidade da pessoa no trabalho. Princípios de doutrina social da Igreja.
– Uma sociedade justa.
I. JESUS ATRAVESSAVA certa vez um campo, e os discípulos que o acompanhavam iam arrancando espigas para comê-las. Era um dia de sábado, e os fariseus dirigiram-se ao Mestre pedindo-lhe que lhes chamasse a atenção, pois – segundo a sua casuística – não era lícito entregar-se àquele “trabalho” aos sábados. Jesus defendeu os seus discípulos e o próprio descanso sabático recorrendo à Sagrada Escritura: Nunca lestes o que fez Davi quando teve necessidade e sentiu fome, ele e os seus? Como entrou na casa de Deus, sob o pontífice Abiatar, e comeu os pães da proposição, que não é lícito comer senão aos sacerdotes, e os deu igualmente aos seus? E acrescentou: O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. E a seguir deu-lhes uma razão ainda mais alta: O Filho do homem é senhor também do sábado1. Tudo está ordenado em função de Cristo e do ser humano; mesmo o descanso do sábado.
Os pães da proposição eram doze pães que se colocavam todas as semanas na mesa do santuário em homenagem às doze tribos de Israel2; os que eram retirados do altar ficavam reservados aos sacerdotes que cuidavam do culto.
A atitude de Davi antecipou a doutrina que Cristo ensina nesta passagem. Já no Antigo Testamento, Deus estabelecera uma ordem nos preceitos da Lei, de forma que os de menor importância cediam a vez aos principais. Assim se explica que um preceito cerimonial, como este dos pães, cedesse o lugar a um preceito da lei natural3. O preceito do sábado também não estava acima das necessidades elementares de subsistência.
O Concílio Vaticano II inspirou-se nesta passagem para sublinhar o valor da pessoa humana para além do desenvolvimento econômico e social4. Depois de Deus, o homem é quem vem em primeiro lugar; se não fosse assim, instaurar-se-ia uma verdadeira desordem sobre a face da terra, tal como infelizmente vemos acontecer com freqüência.
A Santíssima Humanidade de Cristo confere-nos uma luz que ilumina o nosso ser e a nossa vida, pois só em Cristo conhecemos realmente o valor incomensurável de um homem. “Quando vocês se perguntarem pelo mistério de si próprios – dizia João Paulo II a uma multidão de jovens –, olhem para Cristo, que é quem dá sentido à vida”5. Somente Ele, e nenhum outro, pode dar sentido à existência humana, e por isso não se pode definir o homem a partir das realidades da criação inferiores, e menos ainda pela produção do seu trabalho, pelo resultado material do seu esforço. A grandeza do ser humano provém da realidade espiritual da alma, da filiação divina, do seu destino eterno recebido de Deus. E isto eleva-o acima de toda a natureza criada.
O título que, em última análise, fundamenta a dignidade humana está em que é a única realidade da criação visível que Deus amou em si mesma, criando-a à sua imagem e semelhança e elevando-a à ordem da graça. Mas, além disso, o homem adquiriu um novo valor depois de o Filho de Deus ter assumido a nossa natureza através da Encarnação e de ter dado a sua vida por todos os homens: propter nos homines et propter nostram salutem descendit de coelis et incarnatus est, por nós homens e para a nossa salvação desceu dos céus e se encarnou. É por isso que todas as almas que nos rodeiam devem despertar o nosso interesse mais profundo; não há nenhuma que esteja excluída do amor de Cristo, nenhuma que possa ser excluída do nosso respeito e consideração.
Olhemos à nossa volta, para as pessoas que vemos e cumprimentamos diariamente, e examinemo-nos na presença de Deus se realmente lhes manifestamos esse apreço e essa veneração.
II. A DIGNIDADE DA CRIATURA HUMANA – imagem de Deus – é o critério adequado para apreciarmos os verdadeiros progressos da sociedade, do trabalho, da ciência..., e não ao contrário6. E a dignidade do homem manifesta-se em toda a sua atuação pessoal e social, particularmente no campo do trabalho, em que se realiza o preceito do seu Criador, que o tirou do nada e o pôs sem pecado numa terra ut operaretur, para que trabalhasse7 e assim desse glória a Deus.
Por isso, a Igreja defende a dignidade da pessoa que trabalha. É uma dignidade que se empobrece quando a pessoa é avaliada somente em função do que produz, quando o trabalho é encarado como mera mercadoria, e se valoriza mais “a obra que o operário”, “o objeto mais do que o sujeito que a realiza”8, como diz expressivamente o Papa João Paulo II.
Não se trata somente de respeitar umas formas externas, de tratar amavelmente os que trabalham a nosso serviço, pois mesmo com umas maneiras cordiais se pode atentar contra a dignidade dos outros, se os subordinamos a fins meramente utilitários, como uma simples peça na engrenagem da produtividade e do lucro, ou se os tratamos com o único propósito de preservar a paz na empresa.
Estaríamos longe de uma visão cristã se mantivéssemos de alguma forma uma visão rebaixada, colada à terra: os indicadores mais fiéis da justiça nas relações sociais não são o volume da riqueza criada nem a sua distribuição... É necessário examinar “se as estruturas, o funcionamento, os ambientes de um sistema econômico não comprometem a dignidade humana daqueles que desenvolvem a sua atividade nele...”9 Devemos ter presente que o critério supremo no uso dos bens materiais deve ser “o de facilitar e promover o aperfeiçoamento espiritual dos seres humanos tanto no âmbito natural como no sobrenatural”10, a começar, como é lógico, por aqueles que os produzem.
A dignidade do trabalho expressa-se num salário justo, base de toda a justiça social. Mesmo no caso em que se trate de um contrato livremente pactuado, ou que o salário estipulado esteja de acordo com a letra da lei, isso não legitima qualquer retribuição que se combine. E se quem contrata (o diretor de uma escola, o construtor, o empresário, a dona de casa...) quisesse aproveitar-se de uma situação em que há excesso de mão de obra, por exemplo, para pagar um salário contrário à dignidade das pessoas, ofenderia essas pessoas e o Criador, pois elas têm um direito natural e irrenunciável aos meios suficientes para o seu sustento e para o das suas famílias, que está por cima do direito à livre contratação11.
III. É PRECISO TER PRESENTE que a principal finalidade do desenvolvimento econômico “não é um mero crescimento da produção, nem o lucro ou o poder, mas o serviço do homem integral, tendo em conta as suas necessidades de ordem material e as exigências da sua vida intelectual, moral, espiritual e religiosa”12.
Isto não significa negar a legítima autonomia da ciência econômica, a autonomia própria da ordem temporal, que levará a estudar as causas dos problemas econômicos, sugerir soluções técnicas e políticas, etc. Mas essas soluções devem submeter-se sempre a um critério superior, de ordem moral, pois não são absolutamente independentes e autônomas. Além disso, não se deve confiar em medidas puramente técnicas quando nos encontramos diante de problemas que têm claramente a sua origem numa desordem moral.
É longo o caminho a percorrer até se chegar a uma sociedade justa em que a dignidade da pessoa, filha de Deus, seja plenamente reconhecida e respeitada. Porém, essa tarefa não é responsabilidade apenas de alguns, mas de todos os homens de boa vontade. Porque “não se ama a justiça, se não se deseja vê-la estendida aos outros. Como também não é lícito encerrar-se numa religiosidade cômoda, esquecendo as necessidades alheias. Quem deseja ser justo aos olhos de Deus esforça-se também por fazer com que se pratique de fato a justiça entre os homens”13.
Devemos viver o respeito pela pessoa com todas as suas conseqüências e nos campos mais variados: defendendo a vida já concebida, uma vez que se trata de um filho de Deus com um direito à vida que lhe foi dado pelo Senhor e que ninguém lhe pode tirar; amparando os anciãos e os mais fracos, que devemos tratar com essa misericórdia que o mundo parece estar perdendo; se formos empregados ou operários, sendo bons trabalhadores e profissionais capacitados; ou, no caso de sermos empresários, conhecendo muito bem a doutrina social da Igreja para levá-la à prática.
Também devemos reconhecer a dignidade da pessoa humana no relacionamento normal da vida: considerando os que estão à nossa volta, independentemente dos seus possíveis defeitos, como filhos de Deus, evitando até a menor murmuração e tudo aquilo que possa fazer-lhes mal. “Acostuma-te a recomendar cada uma das pessoas das tuas relações ao seu Anjo da Guarda, para que a ajude a ser boa e fiel, e alegre”14. Então o relacionamento será mais fácil e aumentarão a cordialidade, a paz e o respeito mútuo.
O Filho do homem é senhor também do sábado. Devemos orientar tudo para Cristo – Sumo Bem – e para a pessoa humana, por quem Ele se imolou no Calvário a fim de salvá-la. Nenhum bem terreno é superior ao homem.
(1) Mc 2, 23-28; (2) cfr. Lev 24, 5-9; (3) cfr. Sagrada Bíblia, Santos Evangelhos, EUNSA, Pamplona, 1983; (4) cfr. Conc. Vat. II, Const. Gaudium et spes, 26; (5) João Paulo II, Alocução no Madison Square Garden, New York, 3-X-1979; (6) cfr. idem, Discurso, 15-VI-1982, 7; (7) Gen 2, 15; (8) João Paulo II, Discurso, 24-XI-1979; (9) João XXIII, Enc. Mater et magistra, 15-V-1961, 83; (10) ib., 246; (11) cfr. Paulo VI, Enc. Populorum progressio, 24-III-1967, 59; (12) Conc. Vat. II, op. cit., 64; (13) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 52; (14) Josemaría Escrivá, Forja, n. 1012.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
Santidade da igreja
TEMPO COMUM. SEGUNDA SEMANA. SEGUNDA-FEIRA
– A Igreja é santa e produz frutos de santidade.
– Santidade da Igreja e membros pecadores.
– Temos de ser bons filhos da Igreja.
I. O ANTIGO TESTAMENTO anuncia e prefigura de mil formas diferentes tudo o que se realiza no Novo. E este é a plenitude e o cumprimento daquele. Cristo, no entanto, sublinha o contraste entre o espírito que traz e o do judaísmo da época. O espírito do Evangelho não haverá de ser algo acrescentado ao que já existe, mas um princípio pleno e definitivo que substituirá as realidades provisórias e imperfeitas da antiga Revelação. A novidade da mensagem de Cristo, a sua plenitude, tal como o vinho novo, já não cabe nos moldes da Antiga Lei. Ninguém lança vinho novo em odres velhos...1
Aqueles que o escutam entendem bem as imagens que emprega para falar do Reino dos Céus. Ninguém deve cometer o erro de remendar uma peça de roupa velha com um pedaço de tecido novo, porque o remendo encolherá ao ser molhado, rasgará ainda mais o vestido velho e ambos se perderão ao mesmo tempo.
A Igreja é esta veste nova, sem rasgões; é o recipiente novo preparado para receber o espírito de Cristo e levar generosamente até os confins do mundo, enquanto existirem homens sobre a terra, a mensagem e a força salvífica do seu Senhor.
Com a Ascensão, encerra-se uma etapa da Revelação e, com o Pentecostes, começa o tempo da Igreja2, Corpo Místico de Cristo, que continua a ação santificadora de Jesus, principalmente através dos sacramentos, mas também através dos ritos externos que institui: as bênçãos, a água benta... A sua doutrina ilumina a nossa inteligência, dá-nos a conhecer o Senhor, permite-nos relacionar-nos com Ele e amá-lo.
É por isso que a nossa Mãe a Igreja jamais transigiu com o erro em questões de fé, com a verdade parcial ou deformada; esteve sempre vigilante para manter a fé em toda a sua pureza e ensinou-a pelo mundo inteiro. Graças à sua fidelidade indefectível, pela assistência do Espírito Santo, podemos conhecer no seu sentido original, sem nenhuma mudança ou variação, a doutrina que Jesus Cristo ensinou. Desde os dias de Pentecostes até hoje, a voz de Cristo continua a fazer-se ouvir por toda a face da terra.
Toda a árvore boa dá bons frutos3, e a Igreja dá frutos de santidade4. Desde os primeiros cristãos, que se chamavam entre si santos, até os nossos dias, têm resplandecido na Igreja os santos de qualquer idade, raça ou condição. A santidade não está normalmente em coisas chamativas, não faz barulho, é sobrenatural; mas repercute imediatamente, porque a caridade, que é a essência da santidade, tem manifestações externas: impregna o modo de viver as virtudes, a forma de realizar o trabalho, a ação apostólica... “Vede como se amam”, diziam os contemporâneos dos primeiros cristãos5; e os habitantes de Jerusalém contemplavam-nos com admiração e respeito, porque notavam neles os sinais da ação do Espírito Santo6.
Hoje, neste tempo de oração e durante o dia, podemos agradecer a Deus por todos os bens que recebemos por meio da nossa Mãe a Igreja. São dons sem preço. O que seria da nossa vida sem esses meios de santificação que são os sacramentos? Como poderíamos conhecer a Palavra de Jesus e os seus ensinamentos – palavras de vida eterna! –, se não tivessem sido guardados pela Igreja com tanta fidelidade?
II. DESDE A SUA FUNDAÇÃO, o Senhor teve na sua Igreja um povo santo cheio de boas obras7. Pode-se afirmar que em todos os tempos “a Igreja de Deus, sem nunca deixar de oferecer aos homens o sustento espiritual, gera e forma novas gerações de santos e santas para Cristo”8.
Santidade na sua Cabeça que é Cristo, e santidade em muitos dos seus membros também. Santidade pela prática exemplar das virtudes humanas e sobrenaturais. Santidade heróica daqueles que “são de carne, mas não vivem segundo a carne. Moram na terra, mas a sua pátria é o Céu... Amam os outros, mas são perseguidos. São caluniados e, no entanto, abençoam. São injuriados, mas honram os seus detratores... A sua atitude [...] é uma manifestação do poder de Deus”9.
São incontáveis os fiéis que viveram a sua fé heroicamente: todos estão no Céu, embora a Igreja tenha canonizado apenas alguns. São incontáveis, aqui na terra, as mães de família que levam adiante as suas famílias, cheias de fé, com generosidade, sem pensarem nelas próprias; incontáveis os trabalhadores de todas as profissões que santificam o seu trabalho; os estudantes que realizam um apostolado eficaz e sabem avançar alegremente contra a correnteza; e tantos os doentes que, em casa ou num hospital, oferecem com alegria e com paz as suas vidas pelos seus irmãos na fé...
Esta santidade radiante da Igreja fica velada às vezes pelas misérias pessoais dos homens que a compõem. Mas, por outro lado, essas mesmas deslealdades e fraquezas contribuem para manifestar por contraste – tal como as sombras de um quadro realçam a luz e as cores – a presença santificadora do Espírito Santo na Igreja, que a mantém limpa no meio de tantas debilidades. Apoiados na fé e no amor, entendemos que a Igreja seja santa e que, ao mesmo tempo, os seus membros tenham defeitos e sejam pecadores. Nela “estão reunidos bons e maus; está ela formada por uma diversidade de filhos, porque os gera a todos na fé, mas de tal maneira que não consegue conduzi-los a todos – por culpa deles – à liberdade da graça mediante a renovação das suas vidas”10.
Não é razoável, portanto – e vai contra a fé e contra a justiça –, julgar a Igreja pela conduta de alguns dos seus membros que não sabem corresponder à chamada de Deus; é uma deformação grave e injusta que esquece a entrega de Cristo, o qual amou a sua Igreja e se sacrificou por ela, para santificá-la, limpando-a no batismo da água, a fim de fazê-la comparecer diante dEle cheia de glória, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e imaculada 11.
Não esqueçamos Santa Maria, São José, tantos mártires e santos; tenhamos presente sempre a santidade da doutrina, do culto, dos sacramentos e da moral da Igreja; consideremos freqüentemente as virtudes cristãs e as obras de misericórdia que adornam e adornarão sempre a vida de tantos cristãos... Isso nos moverá a portar-nos sempre como bons filhos da Igreja, a amá-la cada vez mais, a rezar por aqueles dos nossos irmãos que mais necessitam de que nos lembremos deles.
III. A IGREJA não deixa de ser santa pelas fraquezas dos seus filhos – que são sempre estritamente pessoais –, ainda que essas faltas tenham muita influência no resto dos seus irmãos. Por isso um bom filho não tolera insultos à sua Mãe, nem que lhe atribuam defeitos que não tem, ou que a critiquem e maltratem.
Por outro lado, mesmo nos tempos em que o verdadeiro rosto da Igreja esteve velado pela infidelidade de muitos que deveriam ter sido fiéis, e em que só se observavam vidas de muito pouca piedade, nesses mesmos momentos houve almas santas e heróicas, talvez ocultas ao olhar dos outros. Mesmo nas épocas mais obscurecidas pelo materialismo, pela sensualidade e pelo desejo de bem-estar como a nossa, sempre houve e há homens e mulheres fiéis que, no meio dos seus afazeres, foram e são a alegria de Deus no mundo.
A Igreja é Mãe; a sua missão é “gerar filhos, educá-los e dirigi-los, guiando com cuidado maternal a vida dos indivíduos e dos povos”12. Ela, que é santa e mãe de todos nós13, proporciona-nos todos os meios para conseguirmos a santidade. Ninguém pode chegar a ser um bom filho de Deus se não acolhe com amor e piedade filiais esses meios de santificação, porque “não pode ter a Deus por Pai quem não tiver a Igreja por Mãe”14. Por isso não se concebe um grande amor a Deus sem um grande amor à Igreja.
Se a Igreja é, por vontade de Jesus Cristo, Mãe – uma boa mãe –, nós devemos ter a atitude dos bons filhos. Não permitamos que seja tratada como se fosse uma sociedade humana, esquecendo o mistério profundo que nela se esconde; não queiramos sequer escutar críticas contra sacerdotes, bispos... E se alguma vez virmos erros e defeitos naqueles que talvez devessem ser mais exemplares, saibamos desculpar, ressaltar outros aspectos positivos dessas pessoas, rezar por elas... e, se for o caso, ajudá-las com a correção fraterna, sempre que nos seja possível.
“Amor com amor se paga”. A Igreja oferece-nos continuamente os sacramentos, a liturgia, o tesouro da fé que guardou fielmente ao longo dos séculos... Olhamos para ela com um olhar de fé e de amor que quer traduzir-se em obras.
Terminamos a nossa oração invocando Santa Maria, Mater Ecclesiae, Mãe da Igreja, para que nos ensine a amá-la cada dia mais.
(1) Mc 2, 22; (2) cfr. Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 4; (3) Mt 7, 17; (4) cfr. Catecismo Romano, 1, 10, n. 15; (5) Tertuliano, Apologético, 39, 7; (6) cfr. At 2, 33; (7) Tit 2, 14; (8) Pio XI, Enc. Quas primas, 11-XII-1925, 4; (9) Epístola a Diogneto, 5, 6, 16; 7, 9; (10) São Gregório Magno, Homilia 38, 7; (11) Ef 5, 25-27; (12) João XXIII, Enc. Mater et magistra, Introd.; (13) São Cirilo de Jerusalém, Catequeses, 18, 26; (14) São Cipriano, Sobre a unidade da Igreja Católica, 6.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
São Sebastião
20 de Janeiro
São Sebastião
São Sebastião era um soldado romano que foi martirizado por professar e não renegar a fé em Cristo Jesus. Sua história é conhecida somente pelas atas romanas de sua condenação e martírio. Nessas atas de martírio de cristãos, os escribas escreviam dando poucos detalhes sobre o martirizado e muitos detalhes sobre as torturas e sofrimentos causados a eles antes de morrerem. Essas atas eram expostas ao público nas cidades com o fim de desestimular a adesão ao cristianismo.
São Sebastião nasceu na cidade de Narbona, na França, em 256 d.C. Seu nome de origem grega, Sebastós, significa divino, venerável. Ainda pequeno, sua família mudou-se para Milão, na Itália, onde ele cresceu e estudou. Sebastião optou por seguir a carreira militar de seu pai.
No exército romano, chegou a ser Capitão da 1ª da guarda pretoriana. Esse cargo só era ocupado por pessoas ilustres, dignas e corretas. Sebastião era muito dedicado à carreira, tendo o reconhecimento dos amigos e até mesmo do imperador romano, Maximiano. Na época, o império romano era governado por Diocleciano, no oriente, e por Maximiano, no ocidente. Maximiano não sabia que Sebastião era cristão. Não sabia também que Sebastião, sem deixar de cumprir seus deveres militares, não participava dos martírios nem das manifestações de idolatria dos romanos.
Por isso, São Sebastião é conhecido por ter servido a dois exércitos: o de Roma e o de Cristo. Sempre que conseguia uma oportunidade, visitava os cristãos presos, levava uma ajuda aos que estavam doentes e aos que precisavam.
De acordo com Atos apócrifos atribuídos a Santo Ambrósio de Milão, Sebastião teria se alistado no exército romano já com a única intenção de afirmar e dar força ao coração dos cristãos, enfraquecidos diante das torturas.
Ao tomar conhecimento de cristãos infiltrados no exército romano, Maximiano realizou uma caça a esses cristãos, expulsando-os do exército. Só os filhos de soldados ficaram obrigados a servirem o exército. E este era o caso do Capitão Sebastião. Para os outros jovens a escolha era livre. Denunciado por um soldado, o imperador se sentiu traído e mandou que Sebastião renunciasse à sua fé em Jesus Cristo. Sebastião se negou a fazer esta renúncia. Por isso, Maximiano mandou que ele fosse morto para servir de exemplo e desestímulo a outros. Maximiano, porém, ordenou que Sebastião tivesse uma morte cruenta diante de todos. Assim, os arqueiros receberam ordens para matarem-no a flechadas. Eles tiraram suas roupas, o amarraram num poste no estádio de Palatino e lançaram suas flechas sobre ele. Ferido, deixaram que ele sangrasse até morrer.
Irene, uma cristã devota, e um grupo de amigos, foram ao local e, surpresos, viram que Sebastião continuava vivo. Levaram-no dali e o esconderam na casa de Irene que cuidou de seus ferimentos.
Depois de curado, Sebastião continuou evangelizando e se apresentou ao imperador Maximiano, que não atendeu ao seu pedido. Sebastião insistia para que ele parasse de perseguir e matar os cristãos. Desta vez o imperador mandou que o açoitassem até morrer e depois fosse jogado numa fossa, para que nenhum cristão o encontrasse. Porém, após sua morte, São Sebastião apareceu a Lucina, uma cristã, e disse que ela encontraria o corpo dele pendurado num poço. Ele pediu para ser enterrado nas catacumbas junto dos apóstolos.
Alguns autores acreditam que Sebastião foi enterrado no jardim da casa de Lucina, na Via Ápia, onde se encontra sua Basílica. Construíram, então, nas catacumbas, um templo, a Basílica de São Sebastião. O templo existe até hoje e recebe devotos e peregrinos do mundo todo.
Tal como São Jorge, Sebastião foi um dos soldados romanos mártires e santos, cujo culto nasceu no século IV e que atingiu o seu auge nos séculos XIV e XV, tanto na Igreja Católica como na Igreja Ortodoxa. São Sebastião é celebrado no dia 20 de janeiro. Existe também uma capela em Palatino, com uma pintura que mostra Irene tratando das feridas de Sebastião. Irene também foi canonizada e sua festa é no dia 30 de março.
Fonte: https://cruzterrasanta.com.br
20 de Janeiro 2020
A SANTA MISSA

2ª Semana do Tempo Comum – Segunda-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: 1Sm 15,16-23
A obediência vale mais que o sacrifício.
O Senhor te rejeitou: tu não és mais rei.
Leitura do Primeiro Livro de Samuel
Naqueles dias: 16 Samuel disse a Saul: ‘Basta! Deixa-me dizer-te o que o Senhor me revelou esta noite’. Saul disse: ‘Fala!’ 17 Então Samuel começou: ‘Por menor que sejas aos teus próprios olhos, acaso não és o chefe das tribos de Israel? O Senhor ungiu-te rei sobre Israel 18 e te enviou em expedição, com a ordem de eliminar os amalecitas, esses malfeitores, combatendo-os até que fossem exterminados. 19 Por que não ouviste a voz do Senhor, e te precipitaste sobre os despojos e fizeste o que desagrada ao Senhor?’ 20 Saul respondeu a Samuel: ‘Mas eu obedeci ao Senhor! Realizei a expedição a que ele me enviou. Trouxe Agag, rei de Amalec, para cá, e exterminei os amalecitas. 21 Quanto aos despojos, o povo reteve, das ovelhas e dos bois, o melhor do que devia ser eliminado, para sacrificar ao Senhor teu Deus em Guilgal’. 22 Mas Samuel replicou: ‘O Senhor quer holocaustos e sacrifícios, ou quer a obediência à sua palavra? A obediência vale mais que o sacrifício, a docilidade mais que oferecer gordura de carneiros. 23 A rebelião é um verdadeiro pecado de magia, um crime de idolatria, uma obstinação. Assim, porque rejeitaste a palavra do Senhor, ele te rejeitou: tu não és mais rei’.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 49, 8-9.16bc-17.21.23 (R. 23b)
R. A todo homem que procede retamente,
eu mostrarei a salvação que vem de Deus.
8 Eu não venho censurar teus sacrifícios, *
pois sempre estão perante mim teus holocaustos;
9 não preciso dos novilhos de tua casa *
nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos. R.
16b ‘Como ousas repetir os meus preceitos *
16c e trazer minha Aliança em tua boca?
17 Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos *
e deste as costas às palavras dos meus lábios! R.
21 Diante disso que fizeste, eu calarei? *
Acaso pensas que eu sou igual a ti?
É disso que te acuso e repreendo *
e manifesto essas coisas aos teus olhos. R.
Evangelho: Mc 2,18-22
O noivo está com eles.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo: 18 Os discípulos de João Batista e os fariseus estavam jejuando. Então, vieram dizer a Jesus: ‘Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?’ 19 Jesus respondeu: ‘Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar. 20 Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar. 21 Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda. 22 Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos’.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
São Canuto
19 de Janeiro
São Canuto
São Canuto, o quarto deste nome entre os reis da Dinamarca, nasceu pelo meado do século onze. Menino ainda, revelou uma índole bem diferente da dos companheiros; tudo que era trivial e baixo, lhe desagradava.
Tanto mais era amigo da oração e em tudo se deixava guiar pelo temor de Deus. Quando a divina Providência lhe depositou nas mãos os destinos da nação, seu primeiro cuidado foi trabalhar pela cristianização do povo, como daqueles outros povos, que em guerras justas foram sujeitos ao seu cetro.
Casado com Elta, nobre princesa de Flandres, teve um filho, Carlos, que mereceu da Igreja a honra dos altares. Para os súditos foi Canuto um verdadeiro pai; seu regime era a caridade e a justiça. As leis eram severas, mas obedeciam aos ditames da justiça; era necessário um certo rigor, para exterminar rudes vícios e implantar sentimentos cristãos nos corações dos semibárbaros. Caridoso em extremo para com os órfãos, viúvas e necessitados, era inquebrantável quando malvados lhe provocavam a sentença de juiz. Sabendo que o melhor educador duma nação é o bom exemplo que vem de cima, considerou como primeiro dever seu servir de modelo aos súditos. Em casa lhe reinava o Espírito de Deus, e nada lá se percebia que não se coadunasse com os bons costumes e regras da vida cristã. Para consigo era de grande rigor. Por baixo das vestes régias trazia sempre cilício. Horas inteiras eram dedicadas à oração. Em compensação não ia atrás dos divertimentos, como fossem a caça, o jogo e outros. Terníssima devoção tinha à Mãe de Nosso Senhor. Em toda a parte do reinado se ergueram igrejas, conventos, escolas e hospitais, todos subvencionados pelo santo rei. “Para Deus o melhor”, costumava dizer. “O mais precioso convém ser aplicado ao adorno dos templos e não deve servir à vaidade ou à ambição dos poderosos do mundo”.
Infeliz nos empreendimentos bélicos contra a Inglaterra, Canuto introduziu o dízimo eclesiástico, medida que não teve o apoio da nação. O rigor com que foi extorquido o imposto, causou grande descontentamento, e em muitos lugares franca oposição. Houve casos em que o povo, exasperado, linchou os fiscais. O descontentamento degenerou em rebelião, que obrigou o rei a procurar abrigo em Odensee. Os inimigos, porém, perseguiram-no até à igreja, onde o assassinaram ao pé do altar. Canuto IV foi canonizado por Pascoal I. São Canuto é padroeiro da Dinamarca.
Fonte: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico - Juiz de Fora - Minas Gerais, 1959.