A Santa Missa, centro da vida cristã
TEMPO COMUM. SEXTA SEMANA. QUINTA-FEIRA
– Participação dos fiéis no sacrifício eucarístico.
– A “alma sacerdotal” do cristão e a Santa Missa.
– Viver a Missa ao longo do dia. Preparação.
I. JESUS CAMINHAVA com os seus discípulos em direção às aldeias de Cesaréia de Filipe e, a meio do caminho, perguntou aos que o acompanhavam: Quem dizem os homens que eu sou? 1 E os Apóstolos, com toda a simplicidade, contam-lhe o que se dizia dEle: uns, que era João Batista, outros Elias, e outros um dos Profetas. Corriam as opiniões mais variadas sobre Jesus. Então o Senhor dirigiu-se aos seus de uma maneira aberta e amável e perguntou-lhes: E vós quem dizeis que eu sou? Não lhes pede uma opinião mais ou menos favorável, mas a firmeza da fé. Depois de tanto tempo com eles, haviam de saber quem Ele era, com toda a certeza. Pedro respondeu imediatamente: Tu és o Cristo.
O Senhor também tem o direito de pedir-nos uma clara confissão de fé – com palavras e com obras –, num mundo em que parecem moeda corrente a confusão, a ignorância e o erro. Mantemos com Jesus um laço estreito, que nasceu no dia em que fomos batizados. A partir desse instante, estabeleceu-se e foi crescendo entre nós e Cristo uma união íntima e profunda, porque recebemos então o seu Espírito e fomos elevados à dignidade de filhos de Deus.
Trata-se de uma comunhão de vida muito mais profunda do que qualquer outra que possa dar-se entre dois seres humanos. Assim como a mão unida ao corpo está cheia da torrente de vida que flui de todo o corpo, assim o cristão está impregnado da vida de Cristo 2. Ele mesmo nos mostrou por meio de uma bela imagem a forma como lhe estamos unidos: Eu sou a videira; vós os ramos... 3
E é tão forte a união a que podemos chegar com Ele, se lutamos por ser santos, que mais cedo ou mais tarde haveremos de poder dizer com o Apóstolo: Vivo, mas não sou eu; é Cristo que vive em mim 4. Esta perspectiva de íntima fusão com Jesus Cristo deve encher-nos de alegria, porque, se somos parte viva do Corpo Místico de Cristo, participamos de tudo o que Cristo realiza.
Em cada Missa, Cristo oferece-se todo inteiro, juntamente com a Igreja, que é o seu Corpo Místico formado por todos os batizados. Sobre o altar, apresenta a Deus Pai os padecimentos redentores e meritórios que suportou na Cruz, bem como os dos seus irmãos. Pode haver maior intimidade, maior união com Ele? A Santa Missa, bem vivida, pode mudar toda a nossa existência.
E vós, quem dizeis que eu sou? No sacrifício eucarístico, robustece-se a nossa fé e ganhamos coragem para confessar abertamente que Jesus Cristo é o Messias, o Unigênito de Deus, que veio para a salvação de todos.
II. É UNICAMENTE pelas palavras do sacerdote no momento da Consagração que Cristo se torna presente sobre o altar, mas todos os fiéis participam dessa oblação que se oferece a Deus Pai para bem de toda a Igreja. Todos os presentes oferecem, pois, o sacrifício juntamente com o sacerdote, unindo-se às suas intenções de petição, de reparação, de adoração e de ação de graças; mais ainda, unem-se ao próprio Cristo, Sacerdote eterno, e a toda a Igreja 5.
Em cada Missa a que assistimos, podemos oferecer a Deus todas as coisas criadas 6 e todas as nossas obras: o trabalho, a dor, a vida familiar, a fadiga e o cansaço, as iniciativas apostólicas que queremos levar adiante nesse dia... O Ofertório é um momento muito adequado para apresentarmos ao Senhor as nossas oferendas pessoais, que se unem então ao sacrifício de Cristo. O que é que colocamos cada dia na patena do sacerdote? O que é que Jesus encontra ali? Levados por essa “alma sacerdotal” que nos move a identificar-nos mais com Cristo no meio da vida diária, não só oferecemos a Deus as realidades da nossa existência, mas nos oferecemos a nós mesmos no mais íntimo do nosso ser. Participamos, portanto, da Missa por um duplo título: não só como oferentes, mas também como oferendas.
Orai, irmãos, para que o nosso sacrifício seja aceito por Deus Pai todo-poderoso. Receba o Senhor por tuas mãos este sacrifício, para glória do seu nome, para nosso bem e de toda a santa Igreja 7. Devemos encher de conteúdo e de oração pessoal esta e outras orações que se repetem diariamente na Missa. Vamos à Missa para fazermos nosso o Sacrifício único do Filho de Deus. Apropriamo-nos dele e apresentamo-nos diante da Santíssima Trindade revestidos dos incontáveis méritos de Jesus Cristo, aspirando com fé ao perdão, a uma maior graça na alma e à vida eterna; adoramos com a adoração de Cristo, satisfazemos com os méritos de Jesus, pedimos com a sua voz, sempre eficaz. Tudo o que é dEle se torna nosso. E tudo o que é nosso se torna dEle: oração, trabalho, alegrias, pensamentos e desejos, que então adquirem uma dimensão sobrenatural e eterna. “O humano entrelaça-se com o divino na nossa própria vida. Todos os nossos esforços – mesmo os mais insignificantes – adquirem um alcance eterno, porque se unem ao sacrifício de Jesus na Cruz” 8.
A nossa participação na Missa culmina na Sagrada Comunhão, numa identificação jamais sonhada. Nos anos em que percorreram a Palestina com Jesus, antes da instituição da Sagrada Eucaristia, os Apóstolos nunca puderam experimentar uma intimidade com Ele tão grande como a que nós alcançamos depois de comungar.
Pensemos agora como é a nossa Missa, como são as nossas comunhões. Pensemos se, no mais íntimo do nosso ser, se torna realidade nesses momentos a exclamação cheia de fé de São Pedro: Tu és o Cristo.
III. A MISSA É “o centro e a raiz da vida espiritual do cristão” 9. Assim como os raios de um círculo convergem todos para o seu centro, assim todas as nossas ações, palavras e pensamentos hão de centrar-se no Sacrifício do Altar.
Por isso ajuda-nos tanto a crescer em vida interior renovarmos o oferecimento das obras do nosso dia, unindo-as pela intenção à Missa do dia seguinte ou àquela que naquele momento estiver sendo celebrada no local mais próximo ou em qualquer parte do mundo. Dessa forma, o nosso dia, de um modo misterioso mas real, passa a fazer parte da Missa: é, de certa maneira, um prolongamento do Sacrifício eucarístico; a nossa vida e as nossas ocupações tornam-se como que a matéria do sacrifício, orientando-se para ele e oferecendo-se nele. A Santa Missa passa a catalizar e a ordenar a nossa jornada, com as suas alegrias e tristezas, e as nossas próprias fraquezas se purificam.
O trabalho será mais bem realizado se pensarmos que naquela manhã ou na tarde anterior o pusemos na patena do sacerdote, ou se nesse momento nos unirmos interiormente a uma Missa a que não tenhamos podido assistir fisicamente. Ao mesmo tempo, o próprio trabalho e todos os acontecimentos do dia serão uma excelente preparação para a Missa do dia seguinte, preparação que procuraremos intensificar à medida que se for aproximando o momento em que dela participaremos com a maior vibração possível.
“Não vos acostumeis nunca a celebrar ou a assistir ao Santo Sacrifício: fazei-o, pelo contrário, com tanta devoção como se se tratasse da única Missa da vossa vida: sabendo que ali está sempre presente Cristo, Deus e Homem, Cabeça e Corpo, e, portanto, junto de Nosso Senhor, toda a sua Igreja” 10.
Para conseguirmos os frutos que o Senhor nos quer dar em cada Missa, devemos além disso cuidar de participar plenamente dos ritos litúrgicos, mediante uma atitude interior consciente, piedosa e ativa 11. Começaremos por assegurar a pontualidade, que é a primeira prova de delicadeza para com Deus e para com os demais fiéis; e cuidaremos do arranjo pessoal, do modo de estarmos sentados ou ajoelhados..., como quem está diante do seu maior Amigo, mas também diante do seu Deus e Senhor, com a reverência e o respeito devidos, que são sinal de fé e de amor.
E depois, seguiremos atentamente os ritos da ação litúrgica, fazendo próprias as aclamações, os cantos, os silêncios – oração calada... –, sem pressas, pontilhando de atos de fé e de amor toda a Missa – particularmente o momento da Consagração –, vivendo intensamente cada uma das suas partes (pedindo sinceramente perdão ao rezarmos o ato penitencial, escutando com espírito de oração as leituras...).
Se participarmos com essa piedade e com esse amor do Santo Sacrifício, sairemos à rua imensamente alegres e firmemente decididos a manifestar com obras a vibração da nossa fé: Tu és o Cristo.
E, muito perto de Jesus, encontraremos Santa Maria, que esteve presente ao pé da Cruz e nos comunicará os sentimentos e disposições que teve nesses momentos que se repetem sacramentalmente em cada Missa.
(1) Mc 8, 27, 33; (2) cfr. M. Schmaus, Teologia dogmática, vol. V, pág. 42 e segs.; (3) Jo 15, 15; (4) cfr. Gál 2, 20; (5) cfr. Pio XII, op. cit., n. 24; (6) cfr. Paulo VI, Eucharisticum mysterium, 6; (7) Missal Romano, Ordinário da Missa; (8) São Josemaría Escrivá, Via Sacra, Xª est., n. 5; (9) Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 87; (10) São Josemaría Escrivá, Carta, 28-III-1955; (11) cfr. Conc. Vat. II, Const. Sacrossanctum Concilium, 48.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
São Francisco Marto e Santa Jacinta Marto
20 de Fevereiro
Santos Francisco Marto e Jacinta Marto
Francisco de Jesus Marto e Jacinta de Jesus Marto eram irmãos e nasceram respectivamente nos dias 11 de junho de 1908 e 11 de março de 1910. Eram filhos do casal católico Manuel Pedro Marto e Olímpia de Jesus dos Santos que criaram ao todo nove filhos em Aljustrel, Fátima, Portugal. Eram crianças típicas da zona rural de Portugal e trabalhavam como pastores juntamente com sua prima Lúcia dos Santos, um ano mais velha que Francisco.
Em 1916, os três pequenos pastores testemunharam três aparições do “Anjo de Portugal” ou “Anjo da Paz”. Provavelmente tais aparições os preparariam para as aparições que testemunhariam no ano seguinte.
No dia 13 de maio de 1917, Lúcia (10 anos), Francisco (9 anos) e Jacinta (7 anos), afirmaram terem visto ‘… uma senhora mais brilhante do que o Sol’ sobre uma azinheira de um metro ou pouco mais de altura, quando apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, perto de Aljustrel. Lúcia viu, ouviu e falou com a aparição, Jacinta viu e ouviu e Francisco apenas viu, mas não a ouvia.
A aparição mariana repetiu-se nos cinco meses seguintes, sempre no dia 13 de cada mês e seria portadora de uma importante mensagem ao mundo.
Na última aparição, dia 13 de outubro de 1917, Maria apresentou-se como “Nossa Senhora do Rosário”. Neste dia cerca de 50 mil pessoas presentes ao local observaram o chamado “Milagre do Sol”. O Sol começou a girar vertiginosamente sobre si mesmo como uma roda de fogo. O fenômeno durou cerca de dez minutos. Tal fenômeno foi testemunhado até mesmo por outras pessoas que estavam a quilômetros do local. O relato foi publicado na imprensa por diversos jornalistas que para lá se deslocaram e que foram também eles, testemunhas do acontecimento.
Após as aparições, Francisco e Jacinta ficaram impressionados por terem visto o inferno, durante a terceira aparição (em julho de 1917). Desolados com a triste sorte dos pecadores, na sua simplicidade, Jacinta decidiu responder ao apelo da Virgem Maria e fazer penitência e sacrifício pela conversão dos pecadores e Francisco passou a preferir rezar sozinho. Marcado pelas palavras de Nossa Senhora para “que não ofendam mais a Deus”, ele retirava-se na solidão “para consolar Jesus pelos pecados do mundo”. Jacinta e Francisco praticaram tantas mortificações e penitências que Nossa Senhora, numa das suas aparições, pediu moderação, pois Francisco deixara de ir à escola e escondia-se para fazer reparação pelos pecadores.
É possível que prolongados jejuns os tenham enfraquecido ao ponto de terem sucumbido à epidemia de gripe espanhola que varreu a Europa, em 1918, em consequência da Primeira Guerra Mundial. Francisco acabou por falecer em casa, no ano de 1919. Jacinta, que foi acometida por uma pleurisia, não pôde ser anestesiada devido à fraqueza de seu coração. Foi assistida em vários hospitais, esteve acolhida temporariamente no Orfanato de Nossa Senhora dos Milagres, em Lisboa, acabando por falecer no dia 20 de fevereiro de 1920, no Hospital de Dona Estefânia, situado também na mesma cidade.
Francisco e Jacinta Marto foram beatificados pelo Papa João Paulo II no dia 13 de maio de 2000, tornando-se Jacinta a mais nova cristã, não mártir, a ser beatificada.
A canonização dos dois irmãos foi realizada pelo Papa Francisco, por ocasião das celebrações do Centenário das aparições, no dia 13 de maio de 1917.
Fonte: https://pt.aleteia.org
20 de Fevereiro 2020
A SANTA MISSA

6ª Semana do Tempo Comum – Quarta-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: Tg 1, 19-27
“Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes”
Leitura da Carta de São Tiago
Caríssimos irmãos: 19 Meus queridos irmãos, sabei que todo homem deve ser pronto para ouvir, mas moroso para falar e moroso para se irritar. 20 Pois a cólera do homem não é capaz de realizar a justiça de Deus. 21 Por esta razão, rejeitai toda impureza e todos os excessos do mal, mas recebei com humildade a Palavra que em vós foi implantada, e que é capaz de salvar as vossas almas. 22 Todavia, sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. 23 Com efeito, aquele que ouve a Palavra e não a põe em prática é semelhante a uma pessoa que observa o seu rosto no espelho: 24 apenas se observou, vai-se embora e logo esquece como era a sua aparência. 25 Aquele, porém, que se debruça sobre a Lei da liberdade, agora levada à perfeição, e nela persevera, não como um ouvinte distraído, mas praticando o que ela ordena, esse será feliz naquilo que faz. 26 Se alguém julga ser religioso e não refreia a sua língua, engana-se a si mesmo: a sua religião é vã. 27 Com efeito, a religião pura e sem mancha diante de Deus Pai é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixar contaminar pelo mundo.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 14(15), 2-3ab.3cd-4ab.5(R. 1b)
R. Senhor, quem morará em vosso Monte Santo?
1b “Senhor, quem entrará em vossa casa?”
2 É aquele que caminha sem pecado
e pratica a justiça fielmente;
3ab que pensa a verdade no seu íntimo
e não solta em calúnias sua língua. R.
3cd Que em nada prejudica o seu irmão,
nem cobre de insultos seu vizinho;
4ab que não dá valor algum ao homem ímpio,
mas honra os que respeitam o Senhor. R.
5 Não empresta o seu dinheiro com usura,
nem se deixa subornar contra o inocente.
Jamais vacilará quem vive assim! R.
Evangelho: Mc 8, 22-26
“O cego ficou restabelecido e via tudo claramente”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, 22 Jesus e seus discípulos chegaram a Betsaida. Algumas pessoas trouxeram-lhe um cego e pediram a Jesus que tocasse nele. 23 Jesus pegou o cego pela mão, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, pôs as mãos sobre ele, e perguntou: “Estás vendo alguma coisa?” 24 O homem levantou os olhos e disse: “Estou vendo os homens. Eles parecem árvores que andam”. 25 Então Jesus voltou a pôr as mãos sobre os olhos dele e ele passou a enxergar claramente. Ficou curado, e enxergava todas as coisas com nitidez. 26 Jesus mandou o homem ir para casa, e lhe disse: “Não entres no povoado!”
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
19 de Fevereiro 2020
A SANTA MISSA

6ª Semana do Tempo Comum – Quarta-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: Tg 1, 19-27
“Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes”
Leitura da Carta de São Tiago
Caríssimos irmãos: 19 Meus queridos irmãos, sabei que todo homem deve ser pronto para ouvir, mas moroso para falar e moroso para se irritar. 20 Pois a cólera do homem não é capaz de realizar a justiça de Deus. 21 Por esta razão, rejeitai toda impureza e todos os excessos do mal, mas recebei com humildade a Palavra que em vós foi implantada, e que é capaz de salvar as vossas almas. 22 Todavia, sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. 23 Com efeito, aquele que ouve a Palavra e não a põe em prática é semelhante a uma pessoa que observa o seu rosto no espelho: 24 apenas se observou, vai-se embora e logo esquece como era a sua aparência. 25 Aquele, porém, que se debruça sobre a Lei da liberdade, agora levada à perfeição, e nela persevera, não como um ouvinte distraído, mas praticando o que ela ordena, esse será feliz naquilo que faz. 26 Se alguém julga ser religioso e não refreia a sua língua, engana-se a si mesmo: a sua religião é vã. 27 Com efeito, a religião pura e sem mancha diante de Deus Pai é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixar contaminar pelo mundo.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus
Salmo Responsorial: Sl 14(15), 2-3ab.3cd-4ab.5(R. 1b)
R. Senhor, quem morará em vosso Monte Santo?
1b “Senhor, quem entrará em vossa casa?”
2 É aquele que caminha sem pecado
e pratica a justiça fielmente;
3ab que pensa a verdade no seu íntimo
e não solta em calúnias sua língua. R.
3cd Que em nada prejudica o seu irmão,
nem cobre de insultos seu vizinho;
4ab que não dá valor algum ao homem ímpio,
mas honra os que respeitam o Senhor. R.
5 Não empresta o seu dinheiro com usura,
nem se deixa subornar contra o inocente.
Jamais vacilará quem vive assim! R.
Evangelho: Mc 8, 22-26
“O cego ficou restabelecido e via tudo claramente”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, 22 Jesus e seus discípulos chegaram a Betsaida. Algumas pessoas trouxeram-lhe um cego e pediram a Jesus que tocasse nele. 23 Jesus pegou o cego pela mão, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, pôs as mãos sobre ele, e perguntou: “Estás vendo alguma coisa?” 24 O homem levantou os olhos e disse: “Estou vendo os homens. Eles parecem árvores que andam”. 25 Então Jesus voltou a pôr as mãos sobre os olhos dele e ele passou a enxergar claramente. Ficou curado, e enxergava todas as coisas com nitidez. 26 Jesus mandou o homem ir para casa, e lhe disse: “Não entres no povoado!”
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
São Conrado de Placência
19 de Fevereiro
São Conrado de Placência
De início a vida desse santo não foi consonante com o ideal franciscano de amor por todas as criaturas — inclusive as voadoras. Nobre, afeito aos torneios e às armas, era um soldado aventureiro que, entre uma e outra batalha, gostava de caçar lebre e javali na região.
Certo dia, para emboscar a presa, não hesitou em provocar um incêndio num bosque inteiro e com isso queimou as colheitas dos campos vizinhos. O governador de Placência (cidade natal do irresponsável caçador), para acalmar a ira dos camponeses, condenou à morte o primeiro infeliz que encontrou nas imediações do bosque.
Nessa ocasião, Conrado mostrou o melhor lado de sua natureza: apresentou-se espontaneamente ao governador para confessar sua culpa. Declarou-se disposto a ressarcir os danos; vendeu todos os seus haveres e ficou reduzido à pobreza. Daí até a vida de pobreza franciscana, o caminho foi curto; para concretizá-lo, contou com a colaboração da esposa Eufrosina, que o deixou livre para seguir a nova vocação franciscana, tornando-se ela também irmã clarissa.

Mas mesmo sob a cinzenta túnica franciscana palpitava o coração do aventureiro. Pôs-se a caminho — desta vez com o bastão de peregrino em lugar da espada — e, de santuário em santuário, acampou no estreito de Messina. Ao alcançar a ilha, dirigiu-se mais ao sul, entre as terras áridas de Catânia e Siracusa. Uma pausa em Ávola, depois em Noto, onde parecia duradouramente estabelecido numa cela, próximo à igreja de São Miguel.
A solidão durou pouco, porque a fama de sua santidade foi atraindo à sua cela os primeiros devotos. Por isso, procurou refúgio na gruta de Pizzonis, fora da cidade — 'gruta de são Currau', como é chamada até hoje —, onde pôde viver e morrer na solidão e na pobreza, como desejara. Os moradores da região, entretanto, quiseram honrar o 'santo que veio do continente' e sepultaram seus despojos na bela igreja de São Nicolau.
Fonte: Do livro: 'Os Santos e os Beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente', Paulinas.
Com o olhar limpo
TEMPO COMUM. SEXTA SEMANA. QUARTA-FEIRA
– A guarda da vista.
– No meio do mundo, sem ser mundanos.
– Um cristão não vai a lugares ou espetáculos que desdigam da sua condição de discípulo de Cristo.
I. JESUS CHEGOU A BETSAIDA com os seus discípulos, e logo lhe levaram um cego para que o tocasse. O Senhor tomou o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia e ali fez lodo com saliva e aplicou-o nos seus olhos; a seguir, impôs-lhe as mãos e perguntou-lhe se via alguma coisa. O cego, levantando os olhos, disse: Vejo os homens como se fossem árvores que andam. O Senhor voltou a impor-lhe as mãos sobre os olhos e então o cego começou a ver, de modo que distinguia bem e claramente todas as coisas 1.
As curas do Senhor costumavam ser instantâneas. Esta, porém, seguiu um pequeno processo, talvez porque a fé do cego no começo fosse fraca e Jesus quisesse curar-lhe ao mesmo tempo a alma e o corpo 2: ajudou esse homem, a quem tomou pela mão com tanta piedade, para que a sua fé se fortalecesse. Passar de não ter nenhuma luz a ver confusamente já era alguma coisa, mas o Mestre queria dar-lhe uma visão nítida e penetrante para que pudesse contemplar as maravilhas da criação. Muito provavelmente, a primeira coisa que o cego viu foi o rosto de Jesus, que olhava para ele comprazido.
O que aconteceu a este homem cego em relação às coisas materiais pode servir-nos para considerar a cegueira espiritual. Freqüentemente, encontramos muitos cegos espirituais que não vêem o essencial: o rosto de Cristo, presente na vida do mundo. O Senhor referiu-se muitas vezes a este tipo de cegueira, por exemplo quando dizia aos fariseus que eram cegos 3, ou quando aludia àqueles que têm os olhos abertos mas não vêem 4.
É um grande dom de Deus manter o olhar limpo para o bem, ver o Senhor no meio dos afazeres diários, encarar os homens como filhos de Deus, penetrar no que realmente vale a pena..., e mesmo contemplar junto de Deus e com os olhos de Deus a beleza divina que Ele deixou como um rasto nas obras da criação. Por outro lado, é necessário ter o olhar limpo para que o coração possa amar, para mantê-lo jovem, como Deus deseja.
Muitos homens não estão inteiramente cegos, mas têm uma fé muito fraca e um olhar apagado para o bem. Esses cristãos mal reparam no valor da presença de Cristo na Sagrada Eucaristia, no imenso bem do sacramento da Penitência, no valor infinito de uma única Missa, na presença a seu lado do Anjo da Guarda, na beleza do celibato apostólico... Falta-lhes limpeza de alma e uma maior vigilância na guarda dos sentidos – que são como as portas da alma –, e de modo particular da vista.
Todo aquele que começa a ter vida interior aprecia o tesouro que traz no coração e procura evitar com o maior esmero a entrada na alma de imagens que impossibilitem ou dificultem o seu relacionamento com Deus.
Não se trata de “não ver” – porque precisamos da vista para andar pela rua, para trabalhar, para nos relacionarmos –, mas de “não reparar” naquilo em que não se deve reparar, de sermos limpos de coração, de vivermos com naturalidade o necessário recolhimento dos sentidos. E isto no ambiente em que estamos, nas relações sociais, ao irmos de um lado para outro. A lâmpada do corpo é o olho. Se o teu olho for simples, todo o teu corpo estará iluminado. Mas se o teu olho for malicioso, todo o teu corpo estará em trevas 5.
Seria uma pena se alguma vez – por não termos sido delicadamente fiéis nesta matéria –, ao invés de vermos o rosto de Cristo com toda a nitidez, divisássemos apenas uma imagem esfumada e longínqua da sua figura! Examinemos hoje na nossa oração como vivemos essa “guarda da vista”, tão necessária para a vida sobrenatural, isto é, para ver a Deus, persuadidos de que, se não se tem esse olhar limpo, a visão torna-se confusa e disforme.
II. O CRISTÃO DEVE SABER ficar a salvo dessa grande onda de consumismo e de sensualidade que parece querer arrasar tudo. Não temos medo do mundo, porque nele recebemos a nossa chamada para a santidade, nem podemos desertar dele, porque o Senhor nos quer como fermento na massa; nós, os cristãos, “somos uma injeção intravenosa na corrente circulatória da sociedade” 6.
Mas estar no meio do mundo não significa sermos frívolos e mundanos: Não te peço que os tires do mundo – pediu Jesus ao Pai –, mas que os livres do mal 7. E os Apóstolos alertaram aqueles que se convertiam à fé para que vivessem a doutrina e a moral de Cristo precisamente num ambiente pagão muito parecido ao que nos rodeia nestes tempos 8. Se alguém não se precavesse de uma maneira decidida, seria arrastado por esse clima de materialismo e de permissivismo. Mesmo em países de profunda tradição cristã, salta aos olhos como se têm difundido maneiras de viver e de pensar em clara oposição às exigências morais da fé cristã e até da própria lei natural.
Os propagadores do novo paganismo encontraram um aliado eficaz nessas diversões de massa que exercem uma grande influência no ânimo dos espectadores. Nos últimos anos, têm proliferado cada vez mais esses espetáculos que, sob os mais diversos pretextos ou sem pretexto algum, fomentam a concupiscência e um estado interior de impureza que dá lugar a muitos pecados internos e externos contra a castidade. A uma alma que vivesse nesse clima sensual, ser-lhe-ia impossível seguir o Senhor de perto..., e talvez nem sequer de longe.
Os Santos Padres utilizaram na sua pregação palavras duras para afastar os cristãos dos primeiros séculos dos espetáculos e diversões imorais 9. E aqueles fiéis souberam prescindir – porque assim o pediam os novos ideais que haviam encontrado ao conhecerem a Cristo – das diversões que podiam desdizer das suas ânsias de santidade ou pôr em perigo a sua alma, a tal ponto que não raramente os pagãos se apercebiam da conversão de um amigo, de um parente ou de um vizinho porque deixava de assistir a esses espetáculos10, pouco coerentes ou totalmente opostos à delicadeza de consciência de uma pessoa que na sua vida encontrou a Cristo.
Sabemos nós fazer o mesmo? Sabemos cortar com diversões ou deixar de freqüentar lugares que desdizem de um cristão? Cuidamos da fé e da santa pureza dos filhos, dos irmãos mais novos, quando, por exemplo, um programa ou um seriado de televisão é inconveniente? Peçamos ao Senhor uma consciência delicada para afastarmos com firmeza, sem contemplações, tudo o que nos pode separar dEle ou esfriar o nosso propósito de segui-lo.
III. O CRISTIANISMO NÃO MUDOU: Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre11, e pede-nos a mesma fidelidade, fortaleza e exemplaridade que pedia aos primeiros discípulos. Nos nossos dias, também devemos navegar contra a corrente muitas vezes, ainda que os nossos amigos não nos entendam num primeiro momento, pois, além do mais, isso será freqüentemente um primeiro passo para que se aproximem de Deus e se decidam a viver uma profunda vida cristã.
A nossa lealdade para com Deus deve levar-nos a evitar as ocasiões de perigo para a alma.
Por isso, antes de ligarmos a televisão ou de irmos a um espetáculo, devemos ter a certeza de que não serão ocasião de pecado. Na dúvida, devemos prescindir desses entretenimentos, e se, por estarmos mal informados, assistimos a um espetáculo que não condiz com a moral, lembremo-nos de que a atitude de todo o bom cristão é levantar-se e ir-se embora: Se o teu olho direito te escandaliza, arranca-o e atira-o para longe de ti12. Não assistir ou irmo-nos embora, é isso o que devemos fazer, sem medo de “parecermos estranhos” ou pouco naturais, pois o pouco natural em quem segue a Cristo é justamente o contrário.
Para vivermos como verdadeiros cristãos, devemos pedir ao Senhor a virtude da fortaleza, a fim de não transigirmos conosco próprios e sabermos falar com clareza aos outros sem medo do que poderão dizer, ainda que pareça que não vão entender as explicações que lhes dermos. As nossas palavras, acompanhadas pelo exemplo e por uma atitude cheia de segurança e de alegria, ajudá-los-ão a compreender e a procurar uma vida mais firme, princípios mais sólidos.
E se alguém afirma que essas diversões não lhe fazem mal algum, poderemos recordar-lhe que, de um modo imperceptível, se vai criando na alma uma crosta que impede o trato com Deus e a delicadeza e o respeito que todo o amor humano verdadeiro exige. Quando alguém diz que freqüentar esses lugares ou ver esses programas não passa para ele de um divertimento inofensivo, talvez seja esse precisamente o sinal de que necessita mais do que os outros de se abster deles. Possivelmente, já tem a alma endurecida e os olhos obnubilados para o bem.
Os cristãos, além de não assistirem a esses programas, de não contribuírem para eles nem com a mais pequena moeda, e de se esforçarem, cada um na medida das suas possibilidades, por impedi-los, devem contribuir positivamente para que haja espetáculos e diversões sadias e limpas, que sirvam para descansar do trabalho, para manter e fomentar o relacionamento, para cultivar o espírito de forma amena, etc.
São José, fiel à sua vocação de protetor de Jesus e de Maria, amou-os com amor puríssimo. Peçamos-lhe hoje que nos ajude a saber empregar com fortaleza os meios necessários para podermos contemplar a Deus com um olhar límpido e puro.
(1) Cfr. Mc 8, 22-26; (2) cfr. Sagrada Bíblia, Santos Evangelhos, nota a Mc 8, 22-26; (3) Mt 15, 14; (4) cfr. Mc 4, 12; Jo 9, 39; (5) Mt 6, 22-23; (6) São Josemaría Escrivá, Carta, 19-III-1934; (7) Jo 17, 15; (8) cfr. Rom 13, 12-14; (9) cfr. São João Crisóstomo, Homilias sobre o Evangelho de São Mateus, 6, 7; (10) cfr. Tertuliano, Sobre os espetáculos, 24; (11) cfr. Hebr 13, 8; (12) Mt 5, 29.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
18 de Fevereiro 2020
A SANTA MISSA

6ª Semana do Tempo Comum – Terça-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: Tg 1,12-18
Deus não tenta a ninguém.
Leitura da Carta de São Tiago
12 Feliz o homem que suporta a provação. Porque, uma vez provado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu àqueles que o amam. 13 Ninguém, ao ser tentado, deve dizer: ‘É Deus que me está tentando’, pois Deus não pode ser tentado pelo mal e tampouco ele tenta a ninguém. 14 Antes, cada qual é tentado por sua própria concupiscência, que o arrasta e seduz. 15 Em seguida, a concupiscência concebe o pecado e o dá à luz, e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. 16 Meus queridos irmãos, não vos enganeis. 17 Todo o dom precioso e toda a dádiva perfeita vêm do alto; descem do Pai das luzes, no qual não há mudança, nem sombra de variação. 18 De livre vontade ele nos gerou, pela Palavra da verdade, a fim de sermos como que as primícias de suas criaturas.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 93,12-13a. 14-15. 18-19 (R. 12a)
R. Bem-aventurado é aquele a quem ensinais vossa lei!
12 É feliz, ó Senhor, quem formais *
e educais nos caminhos da Lei,
13a para dar-lhe um alívio na angústia. R.
14 O Senhor não rejeita o seu povo *
e não pode esquecer sua herança:
15 voltarão a juízo as sentenças; *
quem é reto andará na justiça. R.
18 Quando eu penso: ‘Estou quase caindo!’ *
Vosso amor me sustenta, Senhor!
19 Quando o meu coração se angustia, *
consolais e alegrais minha alma. R.
Evangelho: Mc 8,14-21
Tomai cuidado com o fermento dos fariseus
e com o fermento de Herodes.’
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo: 14 Os discípulos tinham se esquecido de levar pães. Tinham consigo na barca apenas um pão. 15 Então Jesus os advertiu: ‘Prestai atenção e tomai cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes.’ 16 Os discípulos diziam entre si: ‘É porque não temos pão.’ 17 Mas Jesus percebeu e perguntou-lhes: ‘Por que discutis sobre a falta de pão? Ainda não entendeis e nem compreendeis? Vós tendes o coração endurecido? 18 Tendo olhos, vós não vedes, e tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais 19 de quando reparti cinco pães para cinco mil pessoas? Quantos cestos vós recolhestes cheios de pedaços?’ Eles responderam: ‘Doze.’ 20 Jesus perguntou: E quando reparti sete pães com quatro mil pessoas, quantos cestos vós recolhestes cheios de pedaços? Eles responderam: ‘Sete.’ 21 Jesus disse: ‘E vós ainda não compreendeis?’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
São Teotônio
18 de Fevereiro
São Teotônio
Teotônio nasceu em 1082, na aldeia de Tartinhade, em Ganfei, próxima a Valença do Minho, Portugal. Na infância, estudou no mosteiro beneditino de Ganfei. Aos dez anos, mostrando inclinação religiosa, foi entregue ao tio, bispo de Coimbra, que assumiu sua educação. Na capital, o bispo o colocou no colégio anexo à sua Catedral designando o diretor padre Telo para orientador espiritual do sobrinho. Teotônio se formou em teologia e filosofia. Quando seu tio morreu, padre Telo o enviou aos cuidados de um outro tio, que era o prior do mosteiro em Viseu, para completar sua formação eclesiástica.
Em Viseu, ele tomou a ordem sacerdotal e sucedeu seu tio, como prior do mosteiro, em 1112. Teotônio fez então sua primeira peregrinação a Jerusalém e, ao voltar, recusou ser o bispo de Viseu. Preferiu continuar um simples missionário e voltou para a Terra Santa, pela segunda vez, onde pretendia ficar. Entretanto, padre Telo, seu antigo orientador, mandou chamá-lo, porque precisava de sua ajuda para criar uma comunidade religiosa, sendo prontamente atendido.
Assim, Teotônio foi o cofundador, junto com onze religiosos, e primeiro superior do mosteiro da Santa Cruz de Coimbra, sede da nova Ordem, criada em 1131, sob a Regra de Santo Agostinho. Todos os fundadores receberam o hábito agostiniano. Depois, pediram ao papa Inocêncio II que tomasse sob sua proteção o mosteiro da Santa Cruz de Coimbra. Ele aceitou o pedido pela Bula Desiderium quod, de 26 de maio de 1135.
Sua atuação foi marcada por uma dinâmica missionária relevante durante a reconquista cristã no território português. Cedo, compreendeu que as nações não se forjam nos campos de batalhas, mas nas escolas de formação de sua juventude. Era um missionário notável e um homem de visão moderna para o seu tempo. Foi conselheiro espiritual do rei Afonso Henrique, que o estimava e muito auxiliou a Ordem. Manteve contatos amistosos com personagens importantes do seu tempo, como São Bernardo.
Aos setenta anos, Teotônio renunciou ao cargo de prior, voltando a ser um simples religioso. Um ano depois, o papa Anastásio IV quis consagrá-lo bispo de Coimbra, mas ele recusou, consagrando seus últimos anos à oração. Morreu em 18 de fevereiro de 1162. Seu corpo repousa numa capela da igreja do mosteiro que fundou. Um ano depois, no aniversário de sua morte o papa Alexandre III o canonizou.
São Teotônio se tornou o primeiro santo da nação portuguesa a ser canonizado, sendo celebrado pela Igreja como o reformador da vida religiosa em Portugal. O seu culto celebrado no dia 18 de fevereiro foi difundido pelos agostinianos espalhados no mundo todo. Em 1602, foi proclamado Padroeiro da cidade e diocese de Viseu.
Texto: Paulinas Internet
A Tarefa Salvadora da Igreja
TEMPO COMUM. SEXTA SEMANA. TERÇA-FEIRA
– A Igreja, lugar de salvação instituído por Jesus Cristo.
– A oração pela Igreja.
– Pelo Batismo, somos constituídos instrumentos de salvação no nosso ambiente.
I. O GÊNESIS NARRA que, vendo o Senhor como crescia a maldade do homem e como o seu modo de pensar era sempre perverso, se arrependeu de tê-lo criado e pensava em varrê-lo da superfície da terra 1. Mas uma vez mais a sua paciência se pôs de manifesto e decidiu salvar o gênero humano na figura de Noé. O Senhor disse a Noé: Entra na arca com toda a tua família, pois és o único justo que encontrei na tua geração. Depois veio o Dilúvio com que Deus castigou os homens pela sua má conduta.
Os Padres da Igreja viram em Noé a figura de Jesus Cristo, que havia de ser o princípio de uma nova criação. Na arca vislumbraram a imagem da Igreja, que navega nas águas deste mundo e acolhe todos os que querem salvar-se 2.
Santo Agostinho comenta: “No símbolo do Dilúvio, em que os justos foram salvos na arca, está profetizada a futura Igreja, que salva da morte neste mundo por meio de Cristo e do mistério da Cruz” 3.
Antes da sua Ascensão aos céus, o Senhor confiou aos Apóstolos os seus próprios poderes com vistas à salvação do mundo 4. O Mestre falou-lhes com a majestade própria de Deus: Todo o poder me foi dado no céu e na terra. Ide, pois, e fazei todos os povos meus discípulos...; e a Igreja começou imediatamente a exercer o seu poder salvador com autoridade divina.
Imitando a vida de Cristo, que passou fazendo o bem 5, confortando, ensinando, curando, a Igreja procura fazer o bem onde quer que esteja. Ao longo da história, têm sido muitas as iniciativas dos cristãos e de variadíssimas instituições da Igreja destinadas a remediar os males dos homens, a prestar uma ajuda humana aos necessitados, aos doentes, aos refugiados, etc. Essa ajuda humana é e será sempre grande, mas é, ao mesmo tempo, muito secundária; pela missão recebida de Cristo, a Igreja aspira a muito mais: a dar aos homens a doutrina de Cristo e a levá-los à salvação. “E a todos – tanto aos necessitados de uma ou de outra forma, como aos que pensam estar gozando da plenitude dos bens da terra –, a Igreja vem confirmar-lhes uma só coisa essencial, definitiva: que o nosso destino é eterno e sobrenatural, que só em Jesus Cristo nos salvamos para sempre, e que só nEle alcançaremos já de alguma forma nesta vida a paz e a felicidade verdadeiras” 6.
II. A PESSOA DO SUMO PONTÍFICE, a sua tarefa a serviço da Igreja universal, a ajuda que lhe prestam os seus colaboradores mais diretos, devem ocupar diariamente um lugar primordial nas nossas orações: Dominus conservet eum, et vivificet eum, et beatum faciat eum in terra, et non tradat eum in animam inimicorum eius7, ensina-nos a pedir a liturgia. “Que o Senhor o conserve, e lhe dê vida, e o faça feliz na terra, e não o deixe cair nas mãos dos seus inimigos”.
O peso que o Vigário de Cristo deve carregar sobre os ombros com solicitude paternal é esmagador. Basta que nos detenhamos a considerar a resistência com que é combatido pelos inimigos da fé; basta que nos apercebamos da pressão que exercem contra a sua autoridade os que abominam o ímpeto apostólico dos cristãos, para nos sentirmos urgidos a pedir ardentemente ao Senhor que conserve o Sumo Pontífice, que o vivifique com o seu alento divino, que o faça santo e o encha dos seus dons, que o proteja de modo especialíssimo.
No Evangelho da Missa de hoje 8, o Senhor pede aos seus discípulos que estejam alerta e se resguardem de um fermento: o dos fariseus e o de Herodes. Não se refere aqui ao fermento bom que os seus discípulos estão chamados a ser, mas a outro, capaz também de transformar a massa por dentro, mas para o mal. A hipocrisia farisaica e a vida desregrada de Herodes, que só se movia por ambições pessoais, eram um mau fermento que contagiava a massa de Israel, corrompendo-a.
Nós temos o gratíssimo dever de rezar diariamente para que todos os fiéis cristãos sejam verdadeiro fermento no meio de um mundo afastado de Deus, que a Igreja pode salvar. “Estes tempos são tempos de prova e devemos pedir ao Senhor – com um clamor que não cesse (cfr. Is 58, 1) – que os encurte, que olhe com misericórdia para a sua Igreja e conceda novamente luz sobrenatural às almas dos pastores e às de todos os fiéis” 9. Não podemos negligenciar este dever filial para com a nossa Mãe a Igreja, misteriosamente necessitada de proteção e de ajuda: “Ela é Mãe..., e uma mãe deve ser amada” 10.
O mau fermento da doutrina adulterada e dos maus exemplos, ampliados e difundidos por pessoas sectárias, causa um grande mal às almas. Sempre que nos encontremos perante surtos violentos de falsa doutrina, perante situações claramente escandalosas, devemos perguntar-nos no nosso exame de consciência: Que fiz eu para semear a boa doutrina? Que faço para que os meus filhos, os meus irmãos, os meus amigos adquiram a doutrina de Jesus Cristo? Qual é a qualidade da minha oração e da minha mortificação pela Igreja?
Devemos pedir também por todos os Pastores da Igreja de Deus: pelos bispos que cerram fileiras em torno do Papa. É antiquíssima a oração com que os fiéis rezam pelo bispo do lugar: Stet et pascat in fortitudine tua, Domine, in sublimitate nominis tui. “Esteja e apascente na tua fortaleza, Senhor, na sublimidade do teu nome”. Os Pastores da Igreja têm sempre uma grande necessidade do favor divino para levarem adiante a sua missão. Temos a responsabilidade de ajudá-los e para isso pedimos a Deus que os sustente e os ajude a apascentar o seu rebanho com fortaleza divina e com a suavidade e a altíssima sabedoria que vem do Céu.
Todos os dias, na Santa Missa, com estas ou outras palavras das demais Orações Eucarísticas, o sacerdote reza: “Pela vossa Igreja dispersa pelo mundo inteiro: concedei-lhe paz e proteção, unindo-a num só corpo e governando-a por toda a terra [...]. Pelo vosso servo o Papa..., pelo nosso bispo..., e por todos os que guardam a fé que receberam dos Apóstolos” 11. Unindo-nos ao sacerdote, podemos assim rezar pelas intenções do Papa e dos bispos, pelos sacerdotes, pelos religiosos e por todo o Povo de Deus; como também por aquele que, dentro do Corpo Místico de Cristo, esteja nesse momento mais necessitado de auxílio. Assim viveremos com naturalidade o dogma da Comunhão dos Santos.
III. NUMA CARTA de São João Leonardi ao Papa Paulo V (1605-1621) – que lhe pedia alguns conselhos para revitalizar o Povo de Deus –, o Santo dizia: “Quanto a estes remédios, já que hão de ser comuns a toda a Igreja [...], seria preciso fixar a atenção antes de mais nada em todos aqueles que estão à testa dos outros, para que assim a reforma começasse pelo ponto a partir do qual deve estender-se às demais partes do corpo. Seria necessário pôr um grande empenho em que os cardeais, os patriarcas, os arcebispos, os bispos e os párocos, aos quais se confiou diretamente a cura de almas, fossem tais que se lhes pudesse confiar com toda a segurança o governo da grei do Senhor” 12. Não deixemos de pedir cada dia pela santidade de todos eles: que amem cada dia mais a Jesus presente na Sagrada Eucaristia, que rezem com uma piedade cada vez maior à Santíssima Virgem, que sejam fortes, caritativos, que tenham um grande amor pelos doentes e pelos necessitados, que cuidem com esmero do ensino do Catecismo, que dêem um testemunho claro de desprendimento e de sobriedade...
Mas a Igreja somos todos os batizados, e todos somos instrumentos de salvação para os outros quando procuramos permanecer unidos a Cristo no cumprimento fiel dos nossos deveres religiosos: a Santa Missa, a oração, os atos de presença de Deus durante o dia...; quando somos exemplares no cumprimento dos nossos deveres profissionais, familiares, cívicos; quando nos empenhamos numa ação apostólica eficaz na trama de relações em que decorre a nossa vida.
Avivemos a nossa fé. O Povo de Deus – ensina o Concílio Vaticano II – deve abarcar o mundo inteiro, reunindo todos os homens dispersos, desorientados. E para isso Deus enviou o seu Filho, constituído herdeiro universal, a fim de que fosse o nosso Mestre, Sacerdote e Rei 13. Podemos hoje recordar o Salmo II, que proclama a realeza de Cristo, e pedir a Deus Pai que sejam muitas as almas em que o Senhor reine, muitos os povos que acolham a palavra de salvação que a Igreja proclama, já que também a ela – como nos recorda a Constituição Lumen gentium – foram dadas em herança todas as nações 14.
(1) Gên 6, 5-8; 7, 1-5, 10; Primeira leitura da Missa da terça-feira da sexta semana do TC, ano ímpar; (2) At 2, 40; (3) Santo Agostinho, De catechizandis rudibus, 18; (4) Mt 28, 18-20; (5) cfr. At 10, 38; (6) São Josemaría Escrivá, Amar a Igreja, pág. 27; (7) Enchiridion Indulgentiarum, 1986; Aliae concessiones, n. 39; (8) Mc 8, 14-21; (9) São Josemaría Escrivá, op. cit., pág. 55; (10) João Paulo II, Homilia, 7-XI-1982; (11) Missal Romano, Ordinário da Missa. Cânon Romano; (12) São João Leonardi, Cartas ao Papa Paulo V para a reforma da Igreja; (13) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 13; (14) cfr. ib.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
17 de Fevereiro 2020
A SANTA MISSA

6ª Semana do Tempo Comum – Segunda-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: Tg 1,1-11
A comprovação da fé produz em vós a perseverança,
para que vos torneis perfeitos e íntegros.
Início da Carta de São Tiago
1 Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que vivem na dispersão: saudações. 2 Meus irmãos, quando deveis passar por diversas provações, considerai isso motivo de grande alegria, 3 por saberdes que a comprovação da fé produz em vós a perseverança. 4 Mas é preciso que a perseverança gere uma obra de perfeição, para que vos torneis perfeitos e íntegros, sem falta ou deficiência alguma. 5 Se a alguém de vós falta sabedoria, peça-a a Deus, que a concede generosamente a todos, sem impor condições; e ela lhe será dada. 6 Mas peça com fé, sem duvidar, porque aquele que duvida é semelhante a uma onda do mar, impelida e agitada pelo vento. 7 Não pense tal pessoa que receberá alguma coisa do Senhor: 8 o homem de duas almas é inconstante em todos os seus caminhos. 9 O irmão humilde pode ufanar-se de sua exaltação, 10 mas o rico deve gloriar-se de sua humilhação. Pois há de passar como a flor da erva. 11 Com efeito, basta que surja o sol com o seu calor, logo seca a erva, cai a sua flor, e desaparece a beleza do seu aspecto. Assim também acabará por murchar o rico no meio de seus negócios.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 118, 67. 68. 71. 72. 75. 76 (R. 77a)
R. Venha a mim o vosso amor e viverei.
67 Antes de ser por vós provado, eu me perdera; *
mas agora sigo firme em vossa lei! R.
68 Porque sois bom e realizais somente o bem, *
ensinai-me a fazer vossa vontade! R.
71 Para mim foi muito bom ser humilhado, *
porque assim eu aprendi vossa vontade! R.
72 A lei de vossa boca, para mim, *
vale mais do que milhões em ouro e prata. R.
75 Sei que os vossos julgamentos são corretos, *
e com justiça me provastes, ó Senhor! R.
76 Vosso amor seja um consolo para mim, *
conforme a vosso servo prometestes. R.
Evangelho: Mc 8,11-13
Por que esta gente pede um sinal?
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo: 11 Os fariseus vieram e começaram a discutir com Jesus. E, para pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal do céu. 12 Mas Jesus deu um suspiro profundo e disse: ‘Por que esta gente pede um sinal? Em verdade vos digo, a esta gente não será dado nenhum sinal.’ 13 E, deixando-os, Jesus entrou de novo na barca e se dirigiu para a outra margem.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!