São Gabriel de Nossa Senhora das Dores
27 de Fevereiro
São Gabriel de Nossa Senhora das Dores
“Jesus, José e Maria, expire em paz, entre vós, a alma”, foram as últimas palavras de São Gabriel de Nossa Senhora das Dores, co-padroeiro da juventude católica italiana, cuja festa é celebrada neste dia 27 de fevereiro. Ele abandonou toda uma série de “vaidades” para seguir o conselho da Virgem Maria.
Seu nome original era Francisco, assim como São Francisco de Assis. Inclusive, nasceu em Assis (Itália), em 1838, e foi batizado na mesma pia batismal que São Francisco e Santa Clara. Era o décimo primeiro de treze irmãos e ficou órfão de mãe quando tinha quatro anos.
Desde criança, destacou-se por seu grande amor aos pobres, mas tinha o defeito de explodir rapidamente de raiva. Na adolescência, sua vaidade cresceu. Gostava de se vestir na moda, com roupas elegantes. Ia frequentemente ao teatro, gostava de ler romances e sentia paixão por bailes.
Entretanto, Francisco cumpria fielmente suas práticas religiosas e tinha uma grande devoção pela Virgem Maria, sob a advocação de Nossa Senhora das Dores. Em casa, conservava uma imagem da Pietá que enfeitava com flores.
Era um líder entre os jovens. Frequentou o colégio dos irmãos das Escolas Cristãs e o liceu clássico com os jesuítas. Certo dia, um conhecido lhe fez uma proposta imoral e Francisco puxou um canivete que ocultava entre suas roupas para afastá-lo.
O chamado
Aos 17 anos, a vocação sacerdotal começou a inquietá-lo. Ficou gravemente doente e, acreditando que estava morrendo, prometeu se tornar religioso se sua vida fosse salva. Uma vez recuperado, esqueceu-se de sua promessa. Mais tarde, ficou novamente doente e se encomendou ao então Santo jesuíta Andrés Bobola.
Quando recuperou a saúde, prometeu igualmente se tornar religioso, mas as diversões o atraiam mais. Em um dia de caça, Francisco tropeçou e disparou um tiro que passou de raspão em seu rosto. Viu nisso um aviso do céu e renovou sua promessa. Tempos depois, comunicou sua inquietação vocacional ao seu pai, que o distraiu com teatro e reuniões.
Um 22 de agosto de 1856, na procissão de “Santa Ícone” (imagem mariana venerada em Spoleto), Francisco fixou seus olhos nos da imagem da Virgem e escutou a voz da Mãe de Deus em seu coração que lhe disse: “Tu não és chamado a seguir no mundo. O que fazes, então, nele? Entra na vida religiosa”.
Quando recebeu o hábito, adotou o nome “Gabriel de Nossa Senhora das Dores”. “A alegria e o gozo que disfruto dentro dessas paredes são indescritíveis”, escreveu uma vez.
Em 1857, emitiu a profissão religiosa. No jardim, São Gabriel tinha reservado um espaço para semear e cuidar das flores especificamente para o altar. Posteriormente foi enviado ao convento passionista de Isola del Gran Sasso.
Aos 23 anos, São Gabriel se sentiu cansado, sem forças e vomitou sangue pela primeira vez, por causa da tuberculose. A comunidade se alarmou, o santo permaneceu sereno, mas piorou.
Em 27 de fevereiro de 1862, pediu a absolvição várias vezes e, com os olhos voltados para o céu, disse: “Pronto, minha Mãe. Maria, Mãe de graça, Mãe de misericórdia, defende-me do inimigo e acolhe-me na hora da morte”. Neste dia, partiu para a Casa do Pai.
Fonte: https://www.acidigital.com
A Cruz de Cada Dia
TEMPO DA QUARESMA. QUINTA-FEIRA DEPOIS DAS CINZAS
– Sem cruz, não pode haver um cristianismo verdadeiro. A Cruz do Senhor é fonte de paz e alegria.
– A cruz nas pequenas coisas de cada dia.
– Oferecer as contrariedades. Detalhes pequenos de mortificação.
I. ONTEM COMEÇOU a Quaresma e hoje o Evangelho da Missa nos lembra que, para seguirmos o Senhor, temos de carregar a nossa própria cruz: Também dizia a todos: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia e siga-me 1.
O Senhor dirige-se a todos e fala da cruz de cada dia. Estas palavras de Cristo conservam hoje o seu pleno valor. São palavras ditas a todos os homens que queiram segui-lo, pois não existe um cristianismo sem cruz, para cristãos fracos e moles, sem sentido do sacrifício. As palavras do Senhor expressam uma condição imprescindível: Quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo 2. “Um cristianismo do qual se pretendesse arrancar a cruz da mortificação voluntária e da penitência, sob o pretexto de que essas práticas seriam hoje resíduos obscurantistas, medievalismos impróprios de uma época humanista, esse cristianismo desvirtuado, de cristianismo teria apenas o nome; não conservaria a doutrina do Evangelho nem serviria para dirigir os passos dos homens em seguimento de Cristo” 3. Seria um cristianismo esvaziado de sentido, sem Redenção, sem Salvação.
Um dos sintomas mais claros de que a tibieza entrou numa alma é precisamente o abandono da cruz, da pequena mortificação, de tudo aquilo que de alguma maneira exige sacrifício e abnegação.
Por outro lado, fugir da cruz é afastar-se da santidade e da alegria, pois um dos frutos da alma mortificada é precisamente a capacidade de relacionar-se com Deus e com os outros, e também uma profunda paz, mesmo no meio da tribulação e das dificuldades externas. A pessoa que abandona a mortificação fica presa aos sentidos e torna-se incapaz de um pensamento sobrenatural.
Sem espírito de sacrifício e de mortificação, não há progresso na vida interior. São João da Cruz diz que, se são poucos os que chegam a um alto estado de união com Deus, é porque muitos não querem submeter-se “a um maior desconsolo e mortificação” 4. E continua em outro lugar: “E se alguém deseja chegar a possuir Cristo, nunca o procure sem a cruz” 5.
Não esqueçamos, portanto, que a mortificação abre as portas ao relacionamento com Cristo, ao trato íntimo com Ele, e que, quando o coração se purifica, torna-se mais humilde e, por conseguinte, mais alegre. “Este é o grande paradoxo que acompanha a mortificação cristã. Aparentemente, o fato de os cristãos aceitarem e até procurarem o sofrimento deveria torná-los, na prática, as criaturas mais tristes do mundo, os homens mais infelizes. A realidade é bem diferente. A mortificação só produz tristeza onde sobra egoísmo e faltam generosidade e amor de Deus. O sacrifício sempre traz consigo a alegria no meio da dor, a felicidade de cumprir a vontade de Deus, de amá-lo com esforço. Os bons cristãos vivem quasi tristes, semper autem gaudentes (1 Cor 8, 10), como se estivessem tristes, mas na realidade sempre alegres” 6.
II. “A CRUZ, CADA DIA. Nulla dies sine cruce!, nenhum dia sem cruz: nenhum dia em que não carreguemos a cruz do Senhor, em que não aceitemos o seu jugo [...]. O caminho da nossa santificação pessoal passa diariamente pela Cruz; e não é um caminho infeliz, porque o próprio Cristo vem em nossa ajuda, e com Ele não há lugar para a tristeza. In laetitia, nulla dies sine cruce!, gosto de repetir; com a alma trespassada de alegria, nenhum dia sem Cruz” 7.
A cruz do Senhor, que temos que carregar todos os dias, não é, certamente, a que produzem os nossos egoísmos, invejas, preguiças, etc; não são os conflitos causados pelo “homem velho” e pelo nosso amor desordenado. Isso não é do Senhor e, portanto, não santifica.
De vez em quando, encontraremos a cruz numa grande dificuldade, numa doença grave e dolorosa, num desastre econômico, na morte de um ser querido, no ataque injusto à nossa honra: “Não esqueçamos que estar com Jesus é, certamente, topar com a sua Cruz. Quando nos abandonamos nas mãos de Deus, é freqüente que Ele nos permita saborear a dor, a solidão, as contrariedades, as calúnias, as difamações, os escárnios, por dentro e por fora: porque quer moldar-nos à sua imagem e semelhança, e tolera também que nos chamem loucos e que nos tomem por néscios. É a altura de amar a mortificação passiva, que vem – oculta ou descarada e insolente – quando não a esperamos” 8. O Senhor nos dará então as forças necessárias para levarmos com garbo essa cruz, e nos cumulará de graça e de frutos inimagináveis. Compreenderemos que Deus abençoa de muitas formas e, freqüentemente, aos que queremos ser seus amigos, fazendo-nos participar da sua Cruz e tornando-nos corredentores com Ele.
Não obstante, normalmente encontraremos a cruz de cada dia nas pequenas contrariedades que surgem no decorrer do trabalho e na convivência. Devemos recebê-las com espírito aberto, oferecendo-as ao Senhor com desejos de reparação, sem nos queixarmos, pois a queixa mostra freqüentemente que rejeitamos a Cruz. Estas mortificações, que chegam quando não as esperamos, podem ajudar-nos, se as recebemos bem, a crescer no espírito de penitência de que tanto necessitamos, bem como na virtude da paciência, na caridade, na compreensão: quer dizer, na santidade. E se as recebemos mal, podem ser ocasião de rebeldia, de impaciência ou de desalento.
Muitos cristãos perdem a alegria no fim do dia, não por terem deparado com grandes contrariedades, mas por não terem sabido santificar o cansaço inerente ao trabalho, nem as pequenas dificuldades que foram surgindo ao longo da jornada.
A cruz – pequena ou grande –, quando é acolhida de bom grado, produz paz e alegria no meio da dor e está repleta de méritos para a vida eterna.
“Carregar a cruz é coisa grande, grande... Significa enfrentar a vida com coragem, sem molícies nem vilezas; significa transformar em energia moral as dificuldades que nunca faltarão na nossa existência; significa compreender a dor humana, e, por último, saber amar verdadeiramente” 9. O cristão que caminha pela vida fugindo sistematicamente do sacrifício não encontrará a Deus, não encontrará a santidade. Fugirá, em última análise, da felicidade a que Deus o chamou.
III. SE ALGUÉM QUISER vir após mim, negue-se a si mesmo... Além de aceitarmos a cruz – grande ou pequena – que vem ao nosso encontro, muitas vezes inesperadamente, devemos procurar outros pequenos sacrifícios para mantermos vivo o espírito de penitência que o Senhor nos pede. Para progredir na vida interior, é muito útil determinar várias pequenas ocasiões de sacrifício, previstas de antemão, para vivê-las todos os dias.
Estas mortificações habituais, procuradas por amor de Deus, serão valiosíssimas para vencermos a preguiça, o egoísmo que aflora a cada instante, o orgulho, etc. Umas hão de facilitar-nos o trabalho, ajudando-nos a ter em conta os detalhes, a pontualidade, a ordem, a intensidade e o cuidado com os instrumentos que utilizamos; outras levar-nos-ão a viver melhor a caridade, sobretudo com as pessoas com quem convivemos e trabalhamos: saberemos sorrir ainda que nos custe, teremos detalhes de apreço com os que nos rodeiam, facilitar-lhes-emos o cumprimento das suas tarefas, procuraremos atendê-los amavelmente, servi-los nas pequenas coisas do dia-a-dia, e jamais derramaremos sobre eles, se o temos, o nosso mau humor; outras terão em vista vencer o comodismo, guardar os sentidos internos e externos, dominar a curiosidade; serão mortificações concretas na comida, na apresentação pessoal, etc. Não é necessário que sejam coisas muito grandes; o que importa é que se adquira o hábito de praticá-las com constância e por amor de Deus.
Como a tendência geral da natureza humana é a de fugir do que exige esforço, devemos concretizar muito bem esses pequenos atos de sacrifício, para não ficarmos só nos bons desejos. E pode até ser muito útil anotá-los, para verificá-los no exame de consciência antes de nos deitarmos ou em outros momentos do dia, e não deixar que caiam no esquecimento.
Digamos a Jesus, ao acabarmos este diálogo com Ele, que estamos dispostos a segui-lo carregando a Cruz, hoje e todos os dias.
(1) Lc 9, 23; (2) Lc 14, 27; (3) J. Orlandis, As oito Bem-aventuranças, Prumo, Lisboa, 1988, pág. 72; (4) São João da Cruz, Chama de amor viva, II, 7; (5) idem,Carta ao pe. Juan de Santa Ana, 23; (6) R. M. de Balbín, Sacrificio y alegria, 2ª ed., Rialp, Madrid, 1975, pág. 23; (7) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 176; (8) São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus, 2ª ed., Quadrante, São Paulo, 1978, n. 301; (9) Paulo VI, Alocução, 24-III-1967.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
27 de Fevereiro 2020
A SANTA MISSA

Quinta feira depois das Cinzas
Cor: Roxa
1ª Leitura: Dt 30,15-20
Hoje te proponho a vida e a felicidade. (Dt 11,26)
Leitura do Livro do Deuteronômio
Moisés falou ao povo dizendo: 15 Vê que eu hoje te proponho a vida e a felicidade, a morte e a desgraça. 16 Se obedeceres aos preceitos do Senhor teu Deus, que eu hoje te ordeno, amando ao Senhor teu Deus, seguindo seus caminhos e guardando seus mandamentos, suas leis e seus decretos, viverás e te multiplicarás, e o Senhor teu Deus te abençoará na terra em que vais entrar, para possuí-la. 17 Se, porém, o teu coração se desviar e não quiseres escutar, e se, deixando-te levar pelo erro, adorares deuses estranhos e os servires, 18 eu vos anuncio hoje que certamente perecereis. Não vivereis muito tempo na terra onde ides entrar, depois de atravessar o Jordão, para ocupá-la. 19 Tomo hoje o céu e a terra como testemunhas contra vós, de que vos propus a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e teus descendentes, 20 amando ao Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz e apegando-te a ele – pois ele é a tua vida e prolonga os teus dias -, a fim de que habites na terra que o Senhor jurou dar a teus pais Abraão, Isaac e Jacó’.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 1, 1-2. 3. 4.6 (R. Sl 39,5a)
R. É feliz quem a Deus se confia!
1 Feliz é todo aquele que não anda*
conforme os conselhos dos perversos;
que não entra no caminho dos malvados,*
nem junto aos zombadores vai sentar-se;
2 mas encontra seu prazer na lei de Deus*
e a medita, dia e noite, sem cessar. R.
3 Eis que ele é semelhante a uma árvore,*
que à beira da torrente está plantada;
ela sempre dá seus frutos a seu tempo,
e jamais as suas folhas vão murchar.*
Eis que tudo o que ele faz vai prosperar. R.
4 Mas bem outra é a sorte dos perversos.
Ao contrário, são iguais à palha seca*
espalhada e dispersada pelo vento.
6 Pois Deus vigia o caminho dos eleitos,*
mas a estrada dos malvados leva à morte. R.
Evangelho: Lc 9,22-25
Quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: 22 ‘O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia.’ 23 Depois Jesus disse a todos: ‘Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me. 24 Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará. 25 Com efeito, de que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro, se se perde e se destrói a si mesmo?
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
São Porfírio
26 de Fevereiro
São Porfírio
Porfírio nasceu em Tessalônia, na Grécia, em 347. Aos 31 anos de idade e já tendo estudos na área das ciências, ele decide viver como eremita, no deserto de Scete, no Egito. Viveu ali por cinco anos. Depois de visitar Jerusalém e seus lugares santos, passou a viver às margens do rio Jordão, também por cinco anos. Nesse tempo ele conheceu um discípulo chamado Marcos e começaram a evangelizar juntos. Porém, a caverna onde Porfírio residia era muito insalubre. Ele adoece e precisa voltar para Jerusalém.
Porfírio recebeu a triste notícia da morte de seus pais e a herança que ele tinha para receber, manda dividir entre os pobres de sua terra natal.
Nesta ocasião, Porfírio sofreu um desmaio e, de repente, estava diante de Cristo crucificado, com Dimas, o bom ladrão, ao seu lado. Jesus pede para Dimas levantar Porfírio. Ele desce de sua cruz e a dá a porfírio, ordenando-lhe que cuide dela. Ao voltar do “desmaio” Porfírio estava curado. Esta ordem de Jesus é cumprida fielmente pelo bispo de Jerusalém, João, que nomeia Porfírio o “guarda do santo lenho”.
As notícias das graças e dos prodígios que aconteciam pela fé e oração de Porfírio se espalharam rapidamente e, com a morte do bispo, os religiosos de Gaza queriam que Porfírio assumisse o cargo. Modestamente ele não queria aceitar, mas diante de insistentes pedidos e da ação dos pagãos idólatras na cidade, ele acabou aceitando.
Em Gaza existia um templo onde se adoravam divindades pagãs. Os infiéis, ao saberem das intenções de Porfírio, planejam matá-lo. Porém, pela força da fé, o bispo vence os inimigos.
Uma violenta seca assola a região. Os agricultores, desesperados, começam a fazer sacrifícios no templo pagão, pedindo chuva. Mas, é claro, não caía uma gota de água sequer. Porfírio, então, ordena um dia inteiro de jejum. Depois fez uma procissão penitencial até à uma capela que ficava na periferia. A procissão mal tinha chegado à capela quando a chuva começa a cair fortemente. Desde então muitos pagãos entraram num processo de conversão.
Aconteceu que o próprio imperador ficou contra os pagãos e o bispo porfírio teve autorização para derrubar o templo que ficava na diocese de Gaza, restando apenas uma estátua pagã, da deusa Vênus. Certo dia, o bispo se coloca diante da estátua e esta se desmorona sozinha, quebrada em pequenos pedaços. Com esse acontecimento, mais pagãos se convertem. Após 25 anos à frente da diocese, praticamente não havia mais pagãos.
A fama de sua santidade o acompanhou até o dia de sua morte, em 26 de fevereiro 420, quando tinha 73 anos de idade.
Fonte: https://cruzterrasanta.com.br
Conversão e Penitência
TEMPO DA QUARESMA. QUARTA-FEIRA DE CINZAS
– Fomentar a conversão do coração, especialmente durante este tempo.
– Obras de penitência: o jejum, a mortificação, a esmola...
– A Quaresma, um tempo para nos aproximarmos mais de Deus.
I. COMEÇA A QUARESMA, tempo de penitência e de renovação interior para prepararmos a Páscoa do Senhor 1. A liturgia da Igreja convida-nos com insistência a purificar a nossa alma e a recomeçar novamente.
Diz o Senhor Todo-Poderoso: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração, com jejum, lágrimas e gemidos de luto. Rasgai os vossos corações, não as vossas vestes; convertei-vos ao Senhor vosso Deus, porque ele é compassivo e misericordioso... 2, lemos na primeira leitura da Missa de hoje. E quando o sacerdote impuser as cinzas sobre as nossas cabeças, recordar-nos-á as palavras do Gênesis, depois do pecado original: “Memento homo, quia pulvis es...” Lembra-te, ó homem, de que és pó e em pó te hás de tornar 3.
“Memento homo...” Lembra-te... E, não obstante, às vezes esquecemos que sem o Senhor não somos nada. “Sem Deus, nada resta da grandeza do homem senão este montinho de pó sobre um prato, numa ponta do altar, nesta Quarta-feira de Cinzas, com o qual a Igreja nos deposita na testa como que a nossa própria substância” 4.
O Senhor quer que nos desapeguemos das coisas da terra para que possamos dirigir-nos a Ele, e que nos afastemos do pecado, que envelhece e mata, e retornemos à fonte da Vida e da alegria: “O próprio Jesus Cristo é a graça mais sublime de toda a Quaresma. É Ele quem se apresenta diante de nós na simplicidade admirável do Evangelho” 5.
Dirigir o coração a Deus, converter-se, significa estarmos dispostos a empregar todos os meios para viver como Ele espera que vivamos, a não tentar servir a dois senhores 6, a afastar da vida qualquer pecado deliberado. Jesus procura em nós um coração contrito, conhecedor das suas faltas e pecados e disposto a eliminá-los. Então lembrar-vos-eis do vosso proceder perverso e dos vossos dias que não foram bons... 7. O Senhor deseja uma dor sincera dos pecados, que se manifestará antes de mais nada na Confissão sacramental: “Converter-se quer dizer para nós procurar novamente o perdão e a força de Deus no sacramento da reconciliação e assim recomeçar sempre, avançar diariamente” 8.
Para fomentar em nós a contrição, a liturgia de hoje propõe-nos o salmo com que o rei David manifestou o seu arrependimento, o mesmo com que tantos santos suplicaram o perdão de Deus.
Tende piedade de mim, Senhor, segundo a vossa bondade. E, segundo a imensidão da vossa misericórdia, apagai a minha iniqüidade, dizemos a Jesus com o profeta real.
Lavai-me totalmente da minha falta e purificai-me do meu pecado. Eu reconheço a minha iniqüidade e tenho sempre diante de mim o meu pecado. Somente contra Vós pequei.
Ó meu Deus, criai em mim um coração puro e renovai-me o espírito de firmeza. Não me expulseis para longe do vosso rosto, não me priveis do vosso santo espírito.
Restituí-me a alegria da salvação e sustentai-me com uma vontade generosa. Senhor, abri os meus lábios a fim de que a minha boca anuncie os vossos louvores 9.
O Senhor nos atenderá se no dia de hoje repetirmos de todo o coração, como uma jaculatória: Ó meu Deus, criai em mim um coração puro e renovai-me o espírito de firmeza.
II. O SENHOR também nos pede hoje um sacrifício um pouco especial: a abstinência e, além dela, o jejum, pois o jejum “fortifica o espírito, mortificando a carne e a sua sensualidade; eleva a alma a Deus; abate a concupiscência, dando forças para vencer e amortecer as suas paixões, e prepara o coração para que não procure outra coisa senão agradar a Deus em tudo” 10.
Além destas manifestações de penitência (a abstinência de carne a partir dos 14 anos e o jejum entre os 18 e os 59 completos), que nos aproximam do Senhor e dão à alma uma alegria especial, a Igreja pede-nos também que pratiquemos a esmola que, oferecida com um coração misericordioso, deseja levar um pouco de consolo aos que passam por privações ou contribuir conforme as possibilidades de cada um para uma obra apostólica em bem das almas. “Todos os cristãos podem praticar a esmola, não só os ricos e abastados, mas mesmo os de posição média e ainda os pobres; deste modo, embora sejam desiguais pela sua capacidade de dar esmola, são semelhantes no amor e afeto com que a praticam” 11.
O desprendimento das coisas materiais, a mortificação e a abstinência purificam os nossos pecados e ajudam-nos a encontrar o Senhor. Porque “quem procura a Deus querendo continuar com os seus gostos, procura-o de noite e, de noite, não o encontrará” 12.
A fonte desta mortificação está principalmente no trabalho diário: nos pormenores de ordem, na pontualidade com que começamos as nossas tarefas, na intensidade com que as realizamos; na convivência com os colegas, que nos deparará ocasiões de mortificar o nosso egoísmo e de contribuir para criar um clima mais agradável à nossa volta. “Mortificações que não mortifiquem os outros, que nos tornem mais delicados, mais compreensivos, mais abertos a todos. Não seremos mortificados se formos suscetíveis, se estivermos preocupados apenas com os nossos egoísmos, se esmagarmos os outros, se não nos soubermos privar do supérfluo e, às vezes, do necessário; se nos entristecermos quando as coisas não correm como tínhamos previsto. Pelo contrário, seremos mortificados se nos soubermos fazer tudo para todos, para salvar a todos (I Cor 9, 22)” 13. Cada um de nós deve preparar um plano concreto de pequenos sacrifícios para oferecer ao Senhor diariamente nesta Quaresma.
III. NÃO PODEMOS DEIXAR passar este dia sem fomentar na alma um desejo profundo e eficaz de voltar uma vez mais para Deus, como o filho pródigo, a fim de estarmos mais perto dEle. São Paulo, na segunda leitura da Missa, diz que este é um tempo excelente que devemos aproveitar para nos convertermos: Nós vos exortamos a não receber a graça de Deus em vão [...]. Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação 14. E o Senhor nos repete a cada um, na intimidade do coração: Convertei-vos. Voltai-vos para mim de todo o coração.
Abre-se agora um tempo em que este recomeçar em Cristo se irá apoiar numa particular graça de Deus, própria do tempo litúrgico que começamos. Por isso, a mensagem da Quaresma está repassada de alegria e de esperança, ainda que seja uma mensagem de penitência e mortificação.
“Quando algum de nós reconhece estar triste, deve pensar: é que não estou suficientemente perto de Cristo. E o mesmo deve pensar quando reconhece em si uma clara tendência para o mau humor, para a irritação. E não deve pretender jogar a culpa nas coisas que tem à sua volta, pois seria um erro e uma maneira de se desorientar na procura da causa dos seus estados de ânimo” 15.
Às vezes, certa apatia ou tristeza espiritual pode ser motivada pelo cansaço, pela doença..., mas com muito mais freqüência procede da falta de generosidade em corresponder ao que o Senhor nos pede, do pouco esforço em mortificar os sentidos, da falta de preocupação pelos outros. Em resumo, de um estado de tibieza.
Em Cristo encontramos sempre o remédio para uma possível tibieza e as forças para vencer defeitos que de outro modo seriam insuperáveis. Quando alguém diz: “Sou irremediavelmente preguiçoso, não sou tenaz, não consigo terminar as coisas que começo, deveria pensar (hoje): Não estou tão perto de Cristo como deveria.
“Por isso, aquilo que cada um de nós possa reconhecer na sua vida como defeito, como doença, deveria ser imediatamente referido a este exame íntimo e direto: Não sou perseverante? Não estou perto de Cristo. Não sinto alegria? Não estou perto de Cristo. Vou deixar de pensar que a culpa é do trabalho, que a culpa é da família, dos pais ou dos filhos... Não. A culpa íntima é do fato de eu não estar perto de Cristo. E Cristo me está dizendo: Volta. Voltai-vos para mim de todo o coração.
“[...] Tempo para que cada um se sinta urgido por Jesus Cristo. Para que os que alguma vez se sentiram inclinados a adiar esta decisão saibam que chegou o momento. Para que os que estão dominados pelo pessimismo, pensando que os seus defeitos não têm remédio, saibam que chegou o momento. Começa a Quaresma; vamos encará-la como um tempo de mudança e de esperança” 16.
(1) Cfr. Conc. Vat. II, Const. Sacrossanctum Concilium, 109; (2) Joel 2, 12; (3) Gên 3, 19; (4) J. Leclercq, Siguiendo el año litúrgico, Madrid, 1957, pág. 117; (5) João Paulo II, Homilia da Quarta-feira de Cinzas, 28-II-1979; (6) cfr. Mt 6, 24; (7) Ez 36, 31-32; (8) João Paulo II, Carta Novo incipiente, 8-IV-1979; (9) Sl 50, 3-6.12-14.17; (10) São Francisco de Sales, Sermão sobre o jejum; (11) São Leão Magno,Liturgia das Horas. Segunda leitura da quinta-feira depois das Cinzas; (12) São João da Cruz, Cântico espiritual, 3, 3; (13) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, 3ª ed., Quadrante, São Paulo, n. 9; (14) 2 Cor 5, 20; Segunda leitura da Missa da Quarta-feira de Cinzas; (15) A. M. García Dorronsoro, Tiempo para creer, pág. 118; (16) ib.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
26 de Fevereiro 2020
A SANTA MISSA

Quarta feira de Cinzas
Cor: Roxa
1ª Leitura: Jl 2,12-18
Rasgai o vosso coração e não as vossas vestes.
Leitura da Profecia de Joel
12 ‘Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; 13 rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo’. 14 Quem sabe, se ele se volta para vós e vos perdoa, e deixa atrás de si a bênção, oblação e libação para o Senhor, vosso Deus? 15 Tocai trombeta em Sião, prescrevei o jejum sagrado, convocai a assembleia; 16 congregai o povo, realizai cerimônias de culto, reuni anciãos, ajuntai crianças e lactentes; deixe o esposo seu aposento, e a esposa, seu leito. 17 Chorem, postos entre o vestíbulo e o altar, os ministros sagrados do Senhor, e digam: ‘Perdoa, Senhor, a teu povo, e não deixes que esta tua herança sofra infâmia e que as nações a dominem.’ Por que se haveria de dizer entre os povos: ‘Onde está o Deus deles?’ 18 Então o Senhor encheu-se de zelo por sua terra e perdoou ao seu povo.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 50 (51), 3-4. 5-6a. 12-13. 14.17 (R. Cf.3a)
R. Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos.
3 Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! *
Na imensidão de vosso amor, purificai-me!
4 Lavai-me todo inteiro do pecado, *
e apagai completamente a minha culpa! R.
5 Eu reconheço toda a minha iniquidade,*
o meu pecado está sempre à minha frente.
6a Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei,*
pratiquei o que é mau aos vossos olhos! R.
12 Criai em mim um coração que seja puro,*
dai-me de novo um espírito decidido.
13 Ó Senhor, não me afasteis de vossa face,*
nem retireis de mim o vosso Santo Espírito! R.
14 Dai-me de novo a alegria de ser salvo*
e confirmai-me com espírito generoso!
17 Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar,*
e minha boca anunciará vosso louvor! R.
2ª Leitura: 2Cor 5,20_6,2
Reconciliai-vos com Deus. É agora o momento favorável.
Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios
Irmãos: 20 Somos embaixadores de Cristo, e é Deus mesmo que exorta através de nós. Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus. 21 Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornemos justiça de Deus. 6,1 Como colaboradores de Cristo, nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus, 2 pois ele diz: ‘No momento favorável, eu te ouvi e no dia da salvação, eu te socorri’. É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Evangelho: Mt 6,1-6.16-18
E o teu Pai, que vê o que está escondido,
te dará a recompensa.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 1 ‘Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus. 2 Por isso, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 3 Ao contrário, quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, 4 de modo que, a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa.5 Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 6 Ao contrário, quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa. 16 Quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo: Eles já receberam a sua recompensa. 17 Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, 18 para que os homens não vejam que tu estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Nosso Senhor, Rei dos Reis
TEMPO COMUM. SÉTIMA SEMANA. TERÇA-FEIRA
– O Salmo da realeza e do triunfo de Cristo.
– A não aceitação de Deus no mundo.
– A filiação divina.
I. DURANTE MUITAS GERAÇÕES, os salmos foram um caminho da alma para pedir ajuda a Deus, para agradecer-lhe, louvá-lo, pedir-lhe perdão. O próprio Senhor quis utilizar um salmo para se dirigir ao seu Pai celestial nos últimos momentos da sua vida na terra 1. Esses textos foram as principais orações das famílias hebraicas; a Virgem Maria e São José deviam rezá-los com imensa piedade. Jesus aprendeu-os de seus pais e, ao torná-los próprios, deu-lhes a plenitude do seu significado. A liturgia utiliza-os diariamente na Santa Missa; e eles constituem a parte principal da oração que os sacerdotes elevam cada dia a Deus – a Liturgia das Horas –, em nome de toda a Igreja.
O Salmo II sempre foi contado entre os salmos messiânicos. Os Padres da Igreja e os escritores eclesiásticos comentaram-no muitas vezes 2, e os seus versículos alimentaram a piedade de muitos fiéis. Os primeiros cristãos recorriam a ele para acharem fortaleza e coragem no meio das adversidades.
Os Atos dos Apóstolos deixaram-nos um testemunho dessa oração ao narrarem como Pedro e João foram conduzidos ao Sinédrio e presos por terem curado, no nome de Jesus, um paralítico que pedia esmola à porta do Templo 3. Quando foram milagrosamente libertados – diz o relato –, voltaram para os seus irmãos e contaram-lhes tudo o que acontecera, e todos juntos elevaram a Deus uma oração que teve por eixo este salmo da realeza de Cristo. Rezaram assim: Senhor, foste tu que fizeste o céu e a terra, o mar e tudo o que neles se contém; tu que por boca do nosso pai Davi, teu servo, disseste: “Por que se amotinam as nações e os povos maquinam planos vãos? Sublevam-se os reis da terra e os príncipes coligam-se contra o Senhor e contra o seu Ungido” 4.
As palavras que o salmista dirige a Deus contemplando a situação do seu tempo foram palavras proféticas que se verificaram no tempo dos Apóstolos e ao longo dos séculos de vida da Igreja, e que se verificam nos nossos dias. Também nós podemos repetir com total realismo: Por que se amotinam as nações e os povos maquinam planos vãos?... Por que tanto ódio e tanto mal? Por que tanta rebeldia?
Desde o pecado original, essa luta não cessou um momento sequer: os poderosos do mundo aliam-se contra Deus e contra o que é de Deus. Basta ver como a dignidade da criatura humana é conculcada em tantos lugares, como se multiplicam as calúnias, as difamações, os meios de comunicação a serviço do mal, o aborto de centenas de milhares de criaturas que não puderam optar pela vida humana e pela vida sobrenatural para a qual Deus as havia destinado, tantos ataques contra a Igreja, contra o Sumo Pontífice e contra aqueles que querem ser fiéis à fé...
Mas Deus é mais forte. Ele é a Rocha 5. A Ele recorreram Pedro e João e aqueles que estavam reunidos com eles naquele dia em Jerusalém. E, quando terminou aquela oração – diz-nos São Lucas –, todos se sentiram reconfortados e cheios do Espírito Santo, e anunciavam com toda a liberdade a palavra de Deus 6.
Na meditação do Salmo II, podemos nós encontrar fortaleza para vencer os obstáculos que podem apresentar-se num ambiente afastado de Deus.
II. DIRUMPAMUS VINCULA EORUM... Quebremos, disseram, as suas cadeias, e sacudamos de nós o seu jugo7. É o que parece repetir um clamor geral. “Quebram o jugo suave, sacodem das costas a sua carga, maravilhosa carga de santidade e justiça, de graça, de amor e paz. Enfurecem-se diante do amor, riem-se da bondade inerme de um Deus que renuncia ao uso das suas legiões de anjos para se defender (cfr. Jo 18, 36)” 8.
Mas aquele que habita nos céus ri-se, o Senhor zomba deles. Ele lhes falará então na sua indignação e os encherá de terror com a sua ira 9. O castigo divino não tem lugar somente na vida futura. Apesar dos aparentes triunfos de muitos que se declaram ou comportam como inimigos de Deus, o seu maior fracasso, se não se arrependem, consistirá em não compreenderem nem alcançarem jamais a verdadeira felicidade. As suas satisfações humanas – ou infra-humanas – podem ser o triste prêmio para as migalhas de bem que talvez tenham realizado nesta vida. Nada mais têm a esperar além disso, pois, como afirmam alguns santos, “o caminho do inferno já é um inferno”.
Comentando estes versículos do Salmo, Santo Agostinho salienta que também se pode entender por ira de Deus a cegueira da mente que se apodera daqueles que transgridem a lei divina 10. Não há nenhuma desgraça comparável à de não se conhecer a Deus, de se viver afastado dEle, de se procurar a auto-afirmação no erro e no mal.
O Papa João Paulo II indicava como sinal característico do nosso tempo precisamente essa cegueira, isto é, a recusa da misericórdia divina. Todos temos presente a imagem de tantos homens que se fecham aos sentimentos de misericórdia do Senhor, que consideram a remissão dos seus pecados “não essencial ou sem importância para a sua vida”, e que adquirem uma “impermeabilidade de consciência, um estado de ânimo que se poderia dizer consolidado em função de uma livre escolha: é o que a Sagrada Escritura costuma chamar dureza de coração. Nos nossos tempos, esta atitude da mente e do coração corresponde talvez à perda do sentido do pecado” 11.
Nós, que desejamos seguir a Cristo de perto, temos o dever de desagravar a Deus por essa rejeição violenta que sofre por parte de tantos homens, suplicando-lhe abundância de graça e de misericórdia. Peçamos-lhe que nunca deixe esgotar-se a sua clemência, que é para muitos como o último cabo a que se pode agarrar o náufrago que já havia recusado outros meios de salvação.
III. DIANTE DAS PROFUNDAS interrogações que a liberdade humana, o mistério do mal e a rebelião da criatura suscitam, o Salmo II dá a solução proclamando a realeza de Cristo, para além do mal que existe ou pode existir: Eu, porém, constituí o meu rei sobre Sião, meu monte santo. Promulgarei o decreto do Senhor. O Senhor disse-me: “Tu és meu filho; eu te gerei hoje” 12.
“A misericórdia de Deus Pai deu-nos por Rei o seu Filho. Quando Ele ameaça, ao mesmo tempo se enternece: anuncia-nos a sua ira e entrega-nos o seu amor. Tu és meu filho: dirige-se a Cristo e dirige-se a ti e a mim, se estamos decididos a ser alter Christus, ipse Christus, outro Cristo, o próprio Cristo.
“As palavras não conseguem acompanhar o coração, que se emociona perante a bondade de Deus. Ele nos diz: Tu és meu filho. Não um estranho, não um servo benevolamente tratado, não um amigo, o que já seria muito. Filho!” 13 Este é o nosso refúgio: a filiação divina. Nela encontramos a coragem necessária para enfrentarmos as adversidades: as que procedem de um ambiente às vezes hostil à vida cristã, e as que resultam das tentações que o Senhor permite para que reafirmemos a nossa fé e o nosso amor.
Sempre encontramos a Deus, nosso Pai, muito perto de cada um de nós. A sua presença é “como um aroma penetrante que se espalha por toda a parte, tanto no interior dos corações que o aceitam, como no exterior, na natureza, nas coisas, no meio de uma multidão. Deus está ali, esperando ser descoberto, ser chamado, ser tido em conta [...]” 14.
Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e em teu domínio as extremidades da terra 15. Deus incita-nos constantemente: Pede-me! Os seus desejos são dar e dar-se a cada um de nós. São João Crisóstomo comenta estas palavras e ensina que já não nos é prometida uma terra de que brotam leite e mel, nem uma vida longa, nem uma multidão de filhos, nem trigo, nem vinho, nem rebanhos, mas o Céu e os bens do Céu: a filiação divina e o Unigênito como irmão, e a participação na sua herança, e a glorificação com Ele 16.
Tu as governarás com vara de ferro, e qual vaso de oleiro as quebrarás. E agora, ó reis, entendei; deixai-vos instruir, vós que governais a terra. Servi o Senhor com temor e louvai-o com tremor 17. Cristo triunfou de uma vez para sempre. Com a sua morte na Cruz, ganhou-nos a vida. Segundo o testemunho dos Padres da Igreja, avara de ferro é a Santa Cruz, “cuja matéria é de madeira, mas cuja força é de ferro” 18. É o sinal do cristão, com o qual venceremos todas as batalhas; os obstáculos se desfarão como vasos de oleiro. A Cruz na nossa inteligência, nos nossos lábios, no nosso coração, em todas as nossas obras: esta é a arma para vencer; uma vida sóbria, mortificada, sem fugir do sacrifício amável que nos une a Cristo.
O Salmo termina com uma chamada para que nos mantenhamos fiéis ao nosso caminho e à confiança no Senhor: Prestai-lhe vassalagem, para que não se indigne e pereçais fora do caminho, quando em breve se acender a sua cólera. Bem-aventurados todos os que nEle confiam 19. Nós pusemos no Senhor toda a nossa confiança.
Pedimos aos Santos Anjos da Guarda, fiéis servidores de Deus, que nos ajudem a perseverar cada dia com maior fidelidade e amor na nossa vocação de cristãos, servindo com todas as forças o reinado de Cristo no lugar em que Ele nos chamou.
(1) Cfr. Mt 27, 46; (2) cfr. I. Dominguez, El Salmo 2, Palabra, Madrid, 1977; (3) At 4, 23-31; (4) cfr. At 4, 23-26; (5) 1 Cor 10, 4; (6) cfr. At 4, 29-31; (7) Sl 2, 3; (8) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 185; (9) Sl 2, 4-5; (10) cfr. Santo Agostinho, Comentário aos Salmos, 2, 4; (11) João Paulo II, Enc. Dominum et vivificantem, 18-V-1986, 46-47; (12) Sl 2, 6-7; (13) São Josemaría Escrivá, op. cit.; (14) M. Eguibar, Por qué se amotinan las gentes? (Salmo II), págs. 27-28; (15) Sl 2, 8; (16) cfr. São João Crisóstomo, Homilias sobre São Mateus, 16, 5; (17) Sl 2, 9-11; (18) Santo Atanásio, Comentário aos Salmos, 2, 6; (19) Sl 2, 12.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
Sagrada Face de Jesus
25 de Fevereiro
Sagrada Face de Jesus
Esta santa devoção teve origem com a impressão milagrosa do Rosto de Cristo no lenço de Verônica, uma tradição muito respeitada na Igreja. O Papa Bento XVI fez questão de venerar o Véu de Verônica na cidade de Manoppello na Itália, em setembro de 2006. Durante sua visita ao santuário, Bento XVI foi o primeiro Papa a poder novamente venerar a relíquia, meio milênio após seu desaparecimento da Basílica de São Pedro.Esta devoção cresceu muito também por causa da importância que a Divina Face teve na vida de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. Outro fato que fortaleceu a devoção foram os surpreendentes estudos da figura de JESUS no santo Sudário de Turim; além das revelações à Irmã M. Pierina de Micheli (†1945), a mensageira da Sagrada Face dos últimos tempos. Em maio de 1938, a Virgem Santíssima mostrou (em visão mística) à Irmã Pierina, um escapulário formado de dois paninhos. Num ela viu a Face de JESUS com as palavras ao redor: “Ilumina, Domine, vultum tuum super nos” (“Senhor, fazei resplandecer a Vossa Face sobre nós”). No outro estavam escritas em volta de uma hóstia as palavras: “Mane nobiscum, domine” (Senhor ficai conosco). Lentamente Nossa Senhora se aproximou e disse:
“Escuta bem e transmite ao teu confessor que este escapulário é uma arma de defesa, escudo de fortaleza e penhor de misericórdia que JESUS quer dar ao mundo nestes tempos de sensualidade e de ódio contra DEUS e a Igreja. São poucos os verdadeiros apóstolos. É necessário um remédio divino e este remédio é a FACE de meu Filho. Todos aqueles que usarem o escapulário, e sendo lhes possível, cada terça feira visitar o Santíssimo Sacramento fazendo “Uma Hora Santa”, para reparar os ultrajes que recebeu e continua recebendo meu Filho, cada dia, no Sacramento Eucarístico, serão fortificados na Fé, estarão prontos para defendê-la e hão de suportar todas as dificuldades internas e externas. Além disso morrerão serenamente sob o olhar de meu Filho”.
Semanas mais tarde JESUS apareceu também e disse:
“Quero que Minha FACE seja honrada com uma festa própria na Terça-feira de carnaval, e que esta festa seja preparada por uma novena durante a qual todos os fiéis façam Comigo reparação”.
Em vez de fazer escapulários a Irmã Pierina mandou cunhar medalhas. Preocupada por isso recorreu à Nossa Senhora que novamente lhe apareceu dizendo:
“Minha filha, não se preocupe, pois, o escapulário é substituído pela medalha com todas as promessas e favores. Só resta difundi-la mais ainda. Ora, interessa-me muito a festa da Sagrada FACE de meu Filho. Diga ao Papa que esta festa muito me interessa”.
Irmã M. Pierina falou três vezes ao Papa e o Sumo Pontífice, ciente do pedido do Céu, não se fez esperar. No dia 15 de março de 1957, havendo já aprovado a propagação da medalha, facultou a celebração da festa, isto é, aos Beneditinos Sivestrinos de Roma. Em 10 de janeiro de 1959 o Papa João XXIII concedeu a mesma licença, a todos os Bispos do Brasil.
“Ó meu JESUS, lançai sobre nós um olhar de misericórdia! Volvei Vossa Face para cada um de nós, como fizestes à Verônica, não para que A vejamos com os olhos corporais, pois não o merecemos. Mas olhai para os nossos corações, a fim de que, amparados sempre em Vós, possamos receber nesta fonte inesgotável, as forças necessárias para nos entregarmos ao combate que temos que sustentar. Amém.
Senhor, mostrai-nos a Vossa Face e seremos salvos!”
Implorar mais a fé
TEMPO COMUM. SÉTIMA SEMANA. SEGUNDA-FEIRA
– A fé é um dom de Deus.
– Necessidade de boas disposições para crer.
– Fé e oração. Pedir fé.
I. JESUS CHEGOU A UM LUGAR onde os seus discípulos o aguardavam. Encontravam-se também ali um grupo de escribas, uma grande multidão e um pai que tinha levado consigo um filho doente. Ao verem aparecer Jesus, encheram-se de alegria e foram ao seu encontro: Toda a multidão ficou surpreendida, e, correndo para Ele, saudavam-no 1. Todos sentiam falta dEle. O pai avança então e dirige-se ao Senhor: Mestre, trouxe-te o meu filho, que tem um espírito mudo [...]. Pedi aos teus discípulos que o expulsassem, mas eles não puderam.
Esse pai tinha uma fé deficiente; tinha alguma, sem dúvida, pois fora à procura de Jesus, mas não a fé plena, a confiança sem limites que Jesus pedia e pede. As palavras com que se dirige a Cristo são humildes, mas hesitantes: Se podes alguma coisa, ajuda-nos, tem compaixão de nós. E Jesus, conhecendo as perplexidades daquela alma, antecipa-se: Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê.
“Tudo é possível: onipotentes! Mas com fé. Aquele homem sente que a sua fé vacila, teme que essa escassez de confiança impeça que o seu filho recupere a saúde. E chora. Oxalá não nos envergonhemos desse pranto: é fruto do amor de Deus, da oração contrita, da humildade. E o pai do rapaz, banhado em lágrimas, exclamou: Eu creio, Senhor, mas ajuda a minha incredulidade (Mc 9, 23)” 2. Que grande ato de fé para o repetirmos muitas vezes! Jesus, eu creio, mas imprime mais firmeza à minha fé! Ensina-me a acompanhá-la com obras, a chorar os meus pecados, a confiar no teu poder e na tua misericórdia!
A fé é um dom divino; só Deus pode infundi-la mais e mais na alma. É Ele quem abre o coração do fiel para que receba a luz sobrenatural, e por isso devemos implorá-la.
Mas, ao mesmo tempo, é necessária uma disposição interna de humildade, de limpeza, de abertura, de amor, que abre caminho a uma segurança cada vez maior. Abrir os olhos – comenta São João Crisóstomo – é coisa de Deus, escutar atentamente é coisa nossa; a fé é simultaneamente obra divina e obra humana 3.
Se alguma vez a nossa fé vacila diante das dificuldades, ou se vacila a fé dos nossos amigos, irmãos, filhos..., imitemos este bom pai na sua humildade: não tem méritos próprios a apresentar, nem mesmo uma fé sólida, e por isso abandona-se à misericórdia divina: Ajuda-nos, Senhor, tem compaixão de nós. Este é o caminho seguro que toda a oração deve seguir. A humildade, aliada à pureza de alma e à abertura de coração para a verdade, dá-nos a capacidade de receber esse dom que Jesus nunca nega. Se a semente da graça por vezes não prospera, é unicamente porque não encontra a terra preparada. Senhor, vem em ajuda da minha incredulidade!, pedimos-lhe na intimidade da nossa oração. Não permitas que vacile nunca a minha confiança em Ti!
II. O QUE FOI QUE VIRAM em Jesus aqueles que se cruzaram com Ele pelos caminhos e aldeias? Viram aquilo que as suas disposições interiores lhes permitiam ver. Se tivessem podido ver Jesus através dos olhos de sua Mãe! Que horizontes! E que pequenez a de muitos fariseus que andavam com aquelas questiúnculas a respeito da Lei...! Nem sequer nos milagres souberam descobrir o Messias! E o conhecimento que tinham das Escrituras não lhes serviu para perceber que em Jesus se cumpria tudo o que se havia predito sobre o Esperado das nações.
Do mesmo modo, muitos outros contemporâneos de Jesus se negaram a crer nEle porque não tinham o coração bom, porque as suas obras não eram retas, porque não amavam a Deus nem tinham boa vontade: A minha doutrina não é minha – diria o Senhor –, mas dAquele que me enviou. Quem quiser fazer a vontade dEle saberá se a minha doutrina é de Deus ou se falo de mim 4. Não tiveram as disposições adequadas, não procuravam a honra de Deus, mas a deles próprios 5. Numa palavra, não apenas não possuíam a Deus como Pai em seus corações, mas tinham “o diabo por pai”, porque as suas obras não eram boas, como não o eram os seus sentimentos nem as suas intenções 6. Nem sequer os milagres podem substituir as necessárias disposições interiores.
“Deus deixa-se ver por aqueles que são capazes de vê-lo por terem os olhos da alma abertos. Porque a verdade é que todos têm olhos, mas alguns têm-nos cobertos de trevas e não podem ver a luz do Sol. E a luz solar não deixa de brilhar por haver cegos que não vêem; e portanto a escuridão que os envolve deve-se atribuir unicamente à sua falta de capacidade de ver” 7. Devemos ter em conta – para nós mesmos e na nossa ação apostólica – que, não raras vezes, o grande obstáculo para que se aceite a fé ou uma vida cristã coerente são os pecados pessoais não perdoados, os afetos desordenados e as faltas de correspondência à graça. “O homem, levado pelos seus preconceitos ou instigado pelas suas paixões e pela má vontade, pode não só negar a evidência dos sinais externos que tem diante dos olhos, mas também resistir e afastar as inspirações superiores que Deus infunde na sua alma” 8.
Quando falta o desejo de crer e de cumprir a vontade de Deus em tudo, custe o que custar, não se aceita nem mesmo o que é evidente.
Por isso, quem vive encerrado no seu egoísmo, quem só busca a sua comodidade ou prazer, terá muita dificuldade em crer ou em entender um ideal nobre; e, se for alguém que respondeu positivamente a uma vocação de entrega a Deus, encontrará dentro de si uma resistência crescente perante as exigências concretas da chamada divina.
A Confissão sincera e contrita apresenta-se então como o grande meio de encontrar ou robustecer o caminho da fé, a luz interior necessária para ver o que Deus pede. Quando uma pessoa purifica e limpa o seu coração, fica já com o terreno preparado para que a semente da fé e da generosidade cresça na sua alma e dê frutos. É da experiência comum que muitos problemas e dúvidas terminam com uma boa confissão; a alma vê com tanto maior clareza quanto mais limpa estiver e quanto melhores forem as disposições da sua vontade.
III. AO PEDIR A CURA DO FILHO, o pai disse a Jesus que já se dirigira aos seus discípulos, mas sem resultado: Pedi aos teus discípulos que o expulsassem (o demônio mudo), mas eles não puderam. Os discípulos sentiram-se um pouco abalados por não terem conseguido eles próprios curar o jovem lunático, pois quando entraram em casa e puderam estar a sós com o Senhor, perguntaram-lhe: Por que não pudemos expulsá-lo? E o Senhor deu-lhes uma resposta de grande utilidade também para nós. Disse-lhes: Esta espécie (de demônios) não pode ser expulsa por nenhum meio, a não ser pela oração.
Só por meio da oração é que conseguiremos vencer determinados obstáculos, superar tentações e ajudar muitos amigos a chegarem a Cristo.
Comentando esta passagem do Evangelho, São Beda explica que, ao ensinar aos Apóstolos como devia ser expulso um demônio tão maligno, Jesus nos indicava como devemos viver, e como a oração é o meio de vencermos até as maiores tentações. E acrescenta que a oração não consiste apenas nas palavras com que invocamos a misericórdia divina, mas também em tudo o que fazemos em favor de Nosso Senhor, movidos pela fé 9. Todo o nosso trabalho e todas as nossas obras devem ser, pois, oração transbordante de fé.
Peçamos a Deus com freqüência que no-la aumente. Quando na ação apostólica os frutos demorarem a chegar, quando os defeitos pessoais ou alheios parecerem uma muralha intransponível, quando nos virmos com poucas forças para aquilo que Deus quer de nós: Senhor, aumenta-nos a fé! Os Apóstolos pediam assim quando, apesar de verem e ouvirem o próprio Cristo, sentiam a sua confiança fraquejar.
Jesus ajuda sempre. Ao longo do dia de hoje, e sempre, sentiremos a necessidade de dizer: “Senhor, não me deixeis somente com as minhas forças, que eu não posso nada!”
A petição daquele bom pai anima-nos a suplicar hoje a Jesus uma fé capaz de transportar montanhas. “Dizemos agora ao Senhor o mesmo, com as mesmas palavras, ao acabarmos este tempo de meditação: Senhor, eu creio! Eduquei-me na tua fé, decidi seguir-te de perto. Ao longo da minha vida, implorei repetidamente a tua misericórdia. E, repetidas vezes também, pareceu-me impossível que tu pudesses fazer tantas maravilhas no coração dos teus filhos. Senhor, creio! Mas ajuda-me, para que creia mais e melhor!
“E dirigimos igualmente esta súplica a Santa Maria, Mãe de Deus e Mãe nossa, Mestra de fé: Bem-aventurada tu que creste, porque se cumprirão as coisas que da parte do Senhor te foram ditas (Lc 1, 45)” 10.
(1) Mc 9, 13-28; (2) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 204; (3) cfr. São João Crisóstomo, Homilias sobre os Atos dos Apóstolos, 35; (4) Jo 7, 16-17; (5) cfr. Jo 5, 41-44; (6) cfr. Jo 8, 42-44; (7) Pio XII, Enc. Humani generis, 12-VIII-1950; (8) São Teófilo de Antioquia, Livro I, 2, 7; (9) cfr. São Beda, Comentário ao Evangelho de São Marcos; (10) São Josemaría Escrivá, op. cit.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
24 de Fevereiro 2020
A SANTA MISSA

7ª Semana do Tempo Comum – Segunda-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: Tg 3, 13-18
“Se guardais no coração espírito de discórdia,
não vos orgulheis”
Leitura da Carta de São Tiago
Caríssimos: 13 quem dentre vós é sábio e inteligente? Que ele mostre, por seu reto modo de proceder, a sua prática em sábia mansidão. 14 Mas se fomentais, no coração, amargo ciúme e rivalidade, não vos glorieis nem procedais em contradição com a verdade. 15 Essa não é a sabedoria que vem do alto. Ao contrário, é terrena, materialista, diabólica! 16 Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más. 17 Por outra parte, a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento. 18 O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 18 B (19B), 8.9.10.15(R. 9 a)
R. Os ensinos do Senhor são sempre retos, alegria ao coração!
8 A lei do Senhor Deus é perfeita,
conforto para a alma!
O testemunho do Senhor é fiel,
sabedoria dos humildes. R.
9 Os preceitos do Senhor são precisos,
alegria ao coração.
O mandamento do Senhor é brilhante,
para os olhos é uma luz. R.
10 É puro o temor do Senhor,
imutável para sempre.
Os julgamentos do Senhor são corretos
e justos igualmente. R.
15 Que vos agrade o cantar dos meus lábios
e a voz da minha alma;
que ela chegue até vós, ó Senhor,
meu Rochedo e Redentor! R.
Evangelho: Mc 9, 14-29
“Eu creio, Senhor, mas ajuda a minha pouca fé”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, 14 descendo Jesus do monte com Pedro, Tiago e João e chegando perto dos outros discípulos, viram que estavam rodeados por uma grande multidão. Alguns mestres da Lei estavam discutindo com eles. 15 Logo que a multidão viu Jesus, ficou surpresa e correu para saudá-lo. 16 Jesus perguntou aos discípulos: “Que discutis com eles?” 17 Alguém da multidão respondeu: “Mestre, eu trouxe a ti meu filho que tem um espírito mudo. 18 Cada vez que o espírito o ataca, joga-o no chão e ele começa a espumar, range os dentes e fica completamente rijo. Eu pedi aos teus discípulos para expulsarem o espírito, mas eles não conseguiram”. 19 Jesus disse: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando terei de suportar-vos? Trazei aqui o menino”. 20 E levaram-lhe o menino. Quando o espírito viu Jesus, sacudiu violentamente o menino, que caiu no chão e começou a rolar e a espumar pela boca. 21 Jesus perguntou ao pai: “Desde quando ele está assim?” O pai respondeu: “Desde criança. 22 E muitas vezes, o espírito já o lançou no fogo e na água para matá-lo. Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos”. 23 Jesus disse: “Se podes!… Tudo é possível para quem tem fé”. 24 O pai do menino disse em alta voz: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé”. 25 Jesus viu que a multidão acorria para junto dele. Então ordenou ao espírito impuro: “Espírito mudo e surdo, eu te ordeno que saias do menino e nunca mais entres nele”. 26 O espírito sacudiu o menino com violência, deu um grito e saiu. O menino ficou como morto, e por isso todos diziam: “Ele morreu!” 27 Mas Jesus pegou a mão do menino, levantou-o e o menino ficou de pé. 28 Depois que Jesus entrou em casa, os discípulos lhe perguntaram a sós: “Por que nós não conseguimos expulsar o espírito?” 29 Jesus respondeu: “Essa espécie de demônios não pode ser expulsa de nenhum modo, a não ser pela oração”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!