09 de Março 2020
A SANTA MISSA

2ª Semana da Quaresma – Segunda-feira
Cor: Roxa
1ª Leitura: Dn 9, 4b-10
Pecamos, temos praticado a injustiça e a impiedade.
Leitura da Profecia de Daniel
4b ‘Eu te suplico, Senhor, Deus grande e terrível, que preservas a aliança e a benevolência aos que te amam e cumprem teus mandamentos; 5 temos pecado, temos praticado a injustiça e a impiedade, temos sido rebeldes, afastando-nos de teus mandamentos e de tua lei; 6 não temos prestado ouvidos a teus servos, os profetas, que, em teu nome, falaram a nossos reis e príncipes, a nossos antepassados e a todo o povo do país. 7 A ti, Senhor, convém a justiça; e a nós, hoje, resta-nos ter vergonha no rosto: seja ao homem de Judá, aos habitantes de Jerusalém e a todo Israel, seja aos que moram perto e aos que moram longe, de todos os países, para onde os escorraçaste por causa das infidelidades cometidas contra ti. 8 A nós, Senhor, resta-nos ter vergonha no rosto: a nossos reis e príncipes, e a nossos antepassados, pois que pecamos contra ti; 9 mas a ti, Senhor, nosso Deus, cabe misericórdia e perdão, pois nos temos rebelado contra ti, 10 e não ouvimos a voz do Senhor, nosso Deus, indicando-nos o caminho de sua lei, que nos propôs mediante seus servos, os profetas.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 78, 8. 9. 11. 13 (R. 102,10a)
R. O Senhor não nos trata como exigem nossas faltas
8 Não lembreis as nossas culpas do passado, +
mas venha logo sobre nós vossa bondade, *
pois estamos humilhados em extremo. R.
9 Ajudai-nos, nosso Deus e Salvador! +
Por vosso nome e vossa glória, libertai-nos! *
Por vosso nome, perdoai nossos pecados! R.
11 Até vós chegue o gemido dos cativos: +
libertai com vosso braço poderoso *
os que foram condenados a morrer! R.
13 Quanto a nós, vosso rebanho e vosso povo, +
celebraremos vosso nome para sempre, *
de geração em geração vos louvaremos. R.
Evangelho: Lc 6,36-38
Perdoai e sereis perdoados.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 36 Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. 37 Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. 38 Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada no vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Santa Francisca Romana
09 de Março
Santa Francisca Romana
Francisca Romana tem uma importância muito grande na história da Igreja, por ser considerada exemplo de mulher cristã a ser seguido por jovens, noivas, esposas, mães, viúvas e religiosas.
Francisca Bussa de Buxis de Leoni nasceu em 1384, em uma nobre e tradicional família romana cristã. Desde jovem, manifestou a vocação para uma vida de piedade e penitência. Queria ser uma religiosa, mas seu pai prometeu-a em casamento ao jovem Lourenço Ponciano, também cortejado por ser nobre e muito rico. Contudo, era um bom cristão, e os dois se completaram social e espiritualmente. Tiveram filhos e cumpriam suas obrigações matrimoniais com sobriedade e serenidade, respeitando todos os preceitos católicos de caridade e benevolência. Dedicavam tanto tempo aos pobres e doentes que sua rica casa acabou se transformando em asilo, ambulatório, hospital e albergue para os necessitados e abandonados.
O casal teve seis filhos que deveriam ser fonte de felicidade para os pais, mas que acabaram por se tornar a origem de muita dor e sacrifício. Em uma sucessão de acontecimentos, Francisca viu morrer três de seus filhos. Roma, naquela época, atravessou períodos terríveis, sendo flagelada por duas guerras, revoluções, epidemias, fome e miséria. Francisca ainda assistiu a outro dos filhos ser feito refém, enquanto o marido se tornava prisioneiro, depois de ferido na guerra. Mesmo assim, continuou sua obra de caridade junto aos necessitados, vendendo quase tudo o que tinha para mantê-la. Foi justamente nesse período que recebeu o título de “mãe de Roma”.
Frequentava a igreja de padres beneditinos de Santa Maria Nova e ali reuniu as ricas amigas da corte romana para trabalharem em benefício da sociedade. Mesmo sem vestirem hábito algum, sem emitirem votos e sem formarem uma família religiosa, pois viviam uma vida normal de mães e donas de casa, encontraram tempo para se dedicarem à comunidade carente. Quando o marido morreu, Francisca entregou-se de maneira definitiva à vida religiosa, fundando com algumas dessas companheiras, também viúvas, a Ordem das Irmãs Oblatas Olivetanas de Santa Maria Nova.
Tinha 56 anos quando morreu, no dia 9 de março de 1440, depois de ser eleita superiora pelas companheiras de convento. Sua biografia oficial registra ainda várias manifestações da graça do Senhor em sua vida, como a presença constante e real de um anjo da guarda.
Foi proclamada Santa Francisca Romana em 1608 e considerada mística pela Igreja. Narram os registros que, quando morreu, foram necessários três dias para que toda a população de Roma pudesse visitar seu caixão, de tanto que era admirada e querida pelo povo, pelos devotos e pelos fiéis.
Texto: Paulinas Internet
São João de Deus
08 de Março
São João de Deus
João Cidade Duarte era seu nome de batismo. Ele nasceu em 08 de março de 1495, em Montemor-o-novo, Portugal. Seu pai vivia de vender frutas na rua. Da sua infância sabe-se apenas que, aos oito anos fugiu ou foi levado por um viajante que tinha se hospedado na sua casa. Vinte dias após seu sumiço, sua mãe morreu de tristeza. Seu pai foi para um convento de franciscanos, que o receberam. Lá, ele encerrou seus dias.
Sabe-se que João foi levado a pé para a cidade de Madrid, na Espanha. Caminhou ao lado de saltimbancos e mendigos. Perto da cidade de Toledo, o viajante o entregou a um bom homem, chamado Francisco Majoral. Este administrava os rebanhos do Conde de Oropesa, afamado por ser caridoso. Nessa época o menino recebeu o apelido de “João de Deus”, porque ninguém sabia ao certo quem ele era e, muito menos, de onde vinha.
Durante seis anos Francisco Majoral educou João como a um filho, juntamente com a pequenina filha que a família tinha. Depois, dos catorze aos vinte e oito anos, João trabalhou para Francisco como um pastor. A relação entre eles era quase como a de pai e filho. Porém, quando a filha de Francisco atingiu idade para casar-se, Francisco quis casá-la com João de Deus. João, sem querer o casamento e sem saber o que fazer, fugiu e começou uma vida errante.
João de Deus alistou-se soldado do rei Carlos V. Como soldado, lutou na batalha de Paiva, contra o rei Francisco I e seu exército. Vencedor, abandonou o exército e ganhou o mundo.
Peregrinou por toda a Europa. Depois, foi para a África. Lá, fez-se vendedor ambulante na cidade de Gibraltar. Então, como um filho pródigo, voltou à cidade onde nascera. Ninguém, porém, o reconheceu. Seus pais já tinham morrido. Então, ele voltou para a Espanha e abriu uma livraria na cidade de Granada.
Em Granada, no ano 1538, João de Deus ouviu um sermão inflamado pregado pelo futuro São João D’Ávila. O sermão tocou-o de tal maneira que ele saiu da igreja aos gritos de "misericórdia, Senhor, misericórdia". O povo, sem compreender ou ria dele ou estranhava. Mas ele não deu importância a isso. Distribuiu os bens que tinha acumulado aos pobres e iniciou uma vida de penitências rigorosas.
Tido como louco por muitos, João de Deus foi internado num hospício. Lá, recebeu tratamento desumano, conforme a ignorância da época quanto às doenças mentais. Depois de ter sofrido cruelmente, ele foi acolhido e orientado por São João d'Ávila. Então, ele decidiu fundar o que chamou de “casa-hospitalar”, cujo objetivo era dar tratamento mais adequado aos tidos como “loucos”.
A Casa Hospitalar de João de Deus começou a dar frutos, curando a muitos doentes mentais para espanto da sociedade de então. Com isso, nascia uma Ordem religiosa, que ele chamou de Ordem dos Irmãos Hospitaleiros. Apesar de nunca ter estudado medicina, João de Deus conseguia a cura de vários doentes mentais utilizando sua própria experiência aliada à fé cristã. Tinha como princípio o fato de que, se a alma for curada, meio caminho estava feito para a cura do corpo.
Por ter sido tratado como louco, João de Deus conhecia em profundidade a difícil situação dos doentes mentais. Ele dizia que pertencia ao mundo dos loucos. Dizia também que pertencia e ao mundo dos pecadores, dos indignos. Mas isso era o que o entusiasmava a trabalhar pela reabilitação, dignificação e inserção tanto dos doentes mentais quanto dos pecadores. Num mundo onde qualquer distúrbio mental era sumariamente classificado como “loucura”, João de Deus criou um modelo de empatia, de tratamento, de contato e de convicções profundas, que ajudaram a milhares de sofredores e inspirou várias outras instituições. Estas, seguiram suas inspirações e orientações. Muitas ainda seguem nos tempos de hoje.
Para cuidar dos doentes mentais, São João de Deus usava um processo próprio, que unia a conversa, o acolhimento, a oração, a cura interior. Por tudo isso, ele é considerado o precursor do método de tratamento psicanalítico e da compreensão de que as doenças têm origens psicossomáticas, ou seja, uma alma ou mente perturbada gera doenças físicas. Os traumas, os rancores, as mágoas causam doenças físicas. Freud e seus discípulos chegaram a isso quatro séculos depois.
O sucesso, da obra de São João de Deus foi tão grande que, acima de oitenta casas-hospitalares foram fundadas pela Europa. A princípio, elas abrigavam os doentes mentais e os doentes terminais. Depois, São João de Deus e seus seguidores começaram a atender a todos os tipos de doentes. Seu lema resumia uma verdade para toda a vida: "fazei o bem, irmãos, para o bem de vós mesmos".
São João de Deus faleceu no mesmo dia de seu nascimento, em 8 de março. Era o ano 1550. Ele tinha apenas cinquenta e cinco anos de idade. Sua canonização foi celebrada pelo Papa Leão XIII. Na ocasião, Leão XIII proclamou-o padroeiro dos hospitais, padroeiro dos doentes e padroeiro de todos os que trabalham para a obtenção da cura dos doentes.
Nos dias de hoje a Ordem Hospitaleira de São João de Deus tem as dimensões de um instituto religioso internacional. Sua sede fica em Roma. O instituo é formado por homens que se consagram à misericordiosa hospitalidade cristã, que visa acolher os doentes e os mais necessitados. A obra está presente em quarenta e cinco países.
Fonte: https://cruzterrasanta.com.br
08 de Março 2020
A SANTA MISSA

2º Domingo da Quaresma – Ano A
Cor: Roxa
1ª Leitura: Gn 12, 1-4a
Vocação de Abraão, pai do povo de Deus.
Leitura do Livro do Gênesis
1 Naqueles dias, o Senhor disse a Abrão: ‘Sai da tua terra, da tua família e da casa do teu pai, e vai para a terra que eu te vou mostrar. 2 Farei de ti um grande povo e te abençoarei: engrandecerei o teu nome, de modo que ele se torne uma bênção. 3 Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão abençoadas todas as famílias da terra!’. 4a E Abraão partiu, como o Senhor lhe havia dito.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 32(33), 4-5.18-19.20.22 (R. 22)
R. Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
venha a vossa salvação!
4 Pois reta é a palavra do Senhor,*
e tudo o que ele faz merece fé.
5 Deus ama o direito e a justiça,*
transborda em toda a terra a sua graça. R.
18 Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem,*
e que confiam esperando em seu amor,
19 para da morte libertar as suas vidas*
e alimentá-los quando é tempo de penúria. R.
20 No Senhor nós esperamos confiantes,*
porque ele é nosso auxílio e proteção!
22 Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,*
da mesma forma que em vós nós esperamos! R.
2ª Leitura: 2Tm 1, 8b-10
Deus nos chama e ilumina.
Leitura da Segunda Carta de São Paulo apóstolo a Timóteo
Caríssimo: 8b Sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus. 9 Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não devido às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio e da sua graça, que nos foi dada em Cristo Jesus desde toda a eternidade. 10 Esta graça foi revelada agora, pela manifestação de nosso Salvador, Jesus Cristo. Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Evangelho: Mt 17, 1-9
“O seu rosto brilhou como o sol.”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo: 1 Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. 2 E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. 3 Nisto apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. 4 Então Pedro tomou a palavra e disse: ‘Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.’ 5 Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: ‘Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!’ 6 Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. 7 Jesus se aproximou, tocou neles e disse: ‘Levantai-vos, e não tenhais medo.’ 8 Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. 9 Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: ‘Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Do Tabor ao Calvário
TEMPO DA QUARESMA. SEGUNDO DOMINGO
– O que importa é estar sempre com Cristo. Ele nos dá a ajuda necessária para continuarmos a caminhar.
– Fomentar com freqüência, e especialmente nos momentos mais difíceis, a esperança do Céu.
– O Senhor não se separa de nós. Atualizar essa presença de Deus.
I. ESCUTO NO MEU CORAÇÃO: procurai a minha face. Eu procurarei a tua face, Senhor, não me escondas a tua face, rezamos na antífona de entrada da Missa de hoje 1.
O Evangelho relata-nos o que aconteceu no Tabor. Pouco antes, Jesus havia declarado aos seus discípulos, em Cesaréia de Filipe, que iria sofrer e padecer em Jerusalém, e que morreria às mãos dos príncipes dos sacerdotes, dos anciãos e dos escribas. Os Apóstolos tinham ficado aflitos e tristes com a notícia. Agora Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João, e leva-os a um lugar à parte 2 para orar 3. São os três discípulos que serão testemunhas da sua agonia no Horto das Oliveiras. Enquanto orava, o seu rosto transformou-se e as suas vestes tornaram-se resplandecentes 4. E vêem-no conversar com Elias e Moisés, que aparecem nimbados de glória e lhe falam da sua morte, que havia de ocorrer em Jerusalém 5.
São Leão Magno diz que "o fim principal da transfiguração foi desterrar das almas dos discípulos o escândalo da Cruz" 6. Os Apóstolos jamais esquecerão esta "gota de mel" que Jesus lhes oferecia no meio da sua amargura. Muitos anos mais tarde, São Pedro ainda recordará de modo nítido esses momentos:... quando do seio daquela glória magnífica lhe foi dirigida esta voz: Este é o meu Filho muito amado, em quem pus todo o meu afeto. Esta voz, que vinha do céu, nós a ouvimos quando estávamos com Ele no monte santo 7. Jesus sempre atua assim com os que o seguem. No meio dos maiores padecimentos, dá-lhes o consolo necessário para continuarem a caminhar.
Esta centelha da glória divina inundou os Apóstolos de uma felicidade tão grande que fez Pedro exclamar: Senhor, é bom permanecermos aqui. Façamos três tendas... Pedro quer prolongar a situação. Mas, como dirá mais adiante o evangelista, não sabia o que dizia; pois o que é bom, o que importa, não é estar aqui ou ali, mas estar sempre com Cristo, em qualquer parte, e vê-lo por trás das circunstâncias em que nos encontramos. Se estamos com Ele, tanto faz que estejamos rodeados dos maiores consolos do mundo ou prostrados na cama de um hospital, padecendo dores terríveis. O que importa é somente isto: vê-lo e viver sempre com Ele. Esta é a única coisa verdadeiramente boa e importante na vida presente e na outra. Vultum tuum, Domine, requiram: Desejo ver-te, Senhor, e procurarei o teu rosto nas circunstâncias habituais da minha vida.
II. COMENTANDO a passagem do Evangelho da Missa, São Beda diz que o Senhor, "numa piedosa autorização, permitiu que Pedro, Tiago e João fruíssem durante um tempo muito curto da contemplação da felicidade que dura para sempre, a fim de fortalecê-los perante a adversidade" 8. A lembrança desses momentos ao lado do Senhor no Tabor foi sem dúvida uma grande ajuda nas várias situações difíceis por que estes três Apóstolos viriam a passar.
A vida dos homens é uma caminhada para o Céu, que é a nossa morada 9. Uma caminhada que, às vezes, se torna áspera e difícil, porque com freqüência devemos remar contra a corrente e lutar com muitos inimigos interiores ou de fora. Mas o Senhor quer confortar-nos com a esperança do Céu, de modo especial nos momentos mais duros ou quando se torna mais patente a fraqueza da nossa condição: "À hora da tentação, pensa no Amor que te espera no Céu. Fomenta a virtude da esperança, que não é falta de generosidade" 10.
No Céu, "tudo é repouso, alegria, regozijo; tudo é serenidade e calma, tudo paz, resplendor e luz. Não é uma luz como esta de que gozamos agora, a qual, comparada com aquela, não passa de uma lâmpada ao lado do sol... Porque lá não há noite nem tarde, frio nem calor, mudança alguma no modo de ser, mas um estado tal que somente o entendem os que são dignos de gozá-lo. Não há ali velhice, nem achaques, nem nada que se assemelhe à corrupção, porque é o lugar e aposento da glória imortal... E, acima de tudo, é o convívio e o gozo eterno com Cristo, com os anjos..., todos perpetuamente unidos num sentir comum, sem medo das investidas do demônio nem das ameaças do inferno e da morte" 11.
A nossa vida no Céu estará definitivamente livre de qualquer possível temor. Não passaremos pela inquietação de perder o que temos, nem desejaremos ter nada de diferente. Então poderemos dizer verdadeiramente com São Pedro: Mestre, é bom estarmos aqui! " Vamos pensar no que será o Céu. Nem olho algum viu, nem ouvido algum ouviu, nem passaram pelo pensamento do homem as coisas que Deus preparou para os que o amam. Imaginamos o que será chegar ali, e encontrar-nos com Deus, e ver aquela formosura, aquele amor que se derrama sobre os nossos corações, que sacia sem saciar? Eu me pergunto muitas vezes ao dia: o que será quando toda a beleza, toda a bondade, toda a maravilha infinita de Deus se derramar sobre este pobre vaso de barro que sou eu, que somos todos nós? E então compreendo bem aquela frase do Apóstolo: Nem olho algum viu, nem ouvido algum ouviu... Vale a pena, meus filhos, vale a pena" 12.
O pensamento da glória que nos espera deve espicaçar-nos na nossa luta diária. Nada vale tanto como ganhar o Céu. "E se fordes sempre avante com esta determinação de antes morrer do que desistir de chegar ao termo da jornada, o Senhor, mesmo que vos mantenha com alguma sede nesta vida, na outra, que durará para sempre, vos dará de beber com toda a abundância e sem perigo de que vos venha a faltar" 13.
III. UMA NUVEM OS ENCOBRIU 14. Essa nuvem evoca-nos aquela que acompanhava a presença de Deus no Antigo Testamento: Então a nuvem cobriu a tenda de reunião e a glória do Senhor encheu o tabernáculo 15. Era o sinal que acompanhava as intervenções divinas: Então o Senhor disse a Moisés: Eis que vou aproximar-me de ti na obscuridade de uma nuvem, a fim de que o povo veja que Eu falo contigo e também confie em ti para sempre 16. Essa nuvem envolve agora Cristo no Tabor e dela surge a voz poderosa de Deus Pai: Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o. E Deus Pai fala através de Jesus Cristo a todos os homens de todos os tempos. A sua voz faz-se ouvir em todas as épocas, sobretudo através dos ensinamentos da Igreja, que "procura continuamente as vias para tornar próximo do gênero humano o mistério do seu Mestre e Senhor: próximo dos povos, das nações, das gerações que se sucedem e de cada um dos homens em particular" 17.
Eles levantaram os olhos e não viram mais ninguém a não ser Jesus 18. Elias e Moisés já não estavam presentes. Só vêem o Senhor: o Jesus de sempre, que por vezes passa fome, que se cansa, que se esforça por ser compreendido... Jesus sem especiais manifestações gloriosas. Normalmente, os Apóstolos viam o Senhor assim; vê-lo transfigurado foi uma exceção.
Nós devemos encontrar esse Jesus na nossa vida corrente, no meio do trabalho, na rua, nos que nos rodeiam, na oração, quando nos perdoa no sacramento da Penitência, e sobretudo na Sagrada Eucaristia, onde se encontra verdadeira, real e substancialmente presente. Devemos aprender a descobri-lo nas coisas ordinárias, correntes, fugindo da tentação de desejar o extraordinário.
Não devemos esquecê-lo nunca: esse Jesus que esteve no Tabor com aqueles três privilegiados é o mesmo que está ao nosso lado diariamente.
"Quando Deus vos concede a graça de sentir a sua presença e deseja que lhe faleis como ao amigo mais querido, esforçai-vos por expor os vossos sentimentos com toda a liberdade e confiança. Ele antecipa-se a dar-se a conhecer aos que o procuram (Sab 6, 14). Sem esperar que vos aproximeis, antecipa-se quando desejais o seu amor, e apresenta-se concedendo-vos as graças e remédios de que necessitais. Só espera de vós uma palavra para demonstrar que está ao vosso lado e disposto a escutar e consolar: seus ouvidos estão atentos à oração (Sl 33, 16). Há momentos que os amigos deste mundo passam juntos conversando, mas há horas em que estão separados; entre Deus e vós, se quiserdes, jamais haverá um momento de separação" 19.
Não é verdade que a nossa vida seria diferente, nesta Quaresma e sempre, se atualizássemos com mais freqüência essa presença divina no quotidiano, se procurássemos dizer mais jaculatórias, mais atos de amor e de desagravo, mais comunhões espirituais...? "Para o teu exame diário: deixei passar alguma hora sem falar com meu Pai-Deus?... Conversei com Ele, com amor de filho? - Podes!" 20
(1) Sl 26, 8-9; Antífona de entrada da Missa do segundo domingo da Quaresma; (2) cfr. Mc 9, 2; (3) cfr. Lc 9, 28; (4) Lc 9, 29; (5) cfr. Lc 9, 31; (6) São Leão Magno, Sermão 51 sobre a Quaresma, 3; (7) 2 Pe 1, 17-18; (8) São Beda, Comentário sobre São Marcos, 8, 30; 1, 3; (9) cfr. 2 Cor 5, 2; (10) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 139; (11) São João Crisóstomo, Epístola I a Teodoro, 11; (12) São Josemaría Escrivá, in Folha Informativa, n. 1, Vice-postulação da causa de beatificação e canonização de Mons. Escrivá, pág. 5; (13) Santa Teresa, Caminho de perfeição, 20, 2; (14) cfr. Mc 9, 7; (15) Ex 40, 34-35; (16) Ex 19, 9; (17) João Paulo II, Ene. Redemptor hominis, 7; (18) Mt 17, 8; (19) S. Afonso Maria de Ligório, Como conversar familiarmente com Deus, Crítica, Roma, 1933, n. 63; (20) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 657.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
07 de Março 2020
A SANTA MISSA

1ª Semana da Quaresma – Sábado
Cor: Roxa
1ª Leitura: Dt 26, 16-19
Tu serás um povo consagrado ao Senhor, teu Deus.
Leitura do Livro do Deuteronômio
Moisés dirigiu a palavra ao povo de Israel e lhe disse: 16 Hoje, o Senhor teu Deus te manda cumprir esses preceitos e decretos. Guarda-os e observa-os com todo o teu coração e com toda a tua alma. 17 Tu escolheste hoje o Senhor para ser o teu Deus, para seguires os seus caminhos, e guardares seus preceitos, mandamentos e decretos, e para obedeceres à sua voz. 18 E o Senhor te escolheu, hoje, para que sejas para ele um povo particular, como te prometeu, a fim de observares todos os seus mandamentos. 19 Assim ele te fará ilustre entre todas as nações que criou, e te tornará superior em honra e glória, a fim de que sejas o povo santo do Senhor teu Deus, como ele disse’.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 118, 1-2. 4-5. 7-8 (R. 1b)
R. Feliz é quem na lei do Senhor Deus vai progredindo!
1 Feliz o homem sem pecado em seu caminho, *
que na lei do Senhor Deus vai progredindo!
2 Feliz o homem que observa seus preceitos, *
e de todo o coração procura a Deus! R.
4 Os vossos mandamentos vós nos destes, *
para serem fielmente observados.
5 Oxalá seja bem firme a minha vida *
em cumprir vossa vontade e vossa lei! R.
7 Quero louvar-vos com sincero coração, *
pois aprendi as vossas justas decisões.
8 Quero guardar vossa vontade e vossa lei; *
Senhor, não me deixeis desamparado! R.
Evangelho: Mt 5,43-48
Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 43 Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ 44 Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! 45 Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos. 46 Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? 47 E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48 Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Chamados a Santidade
TEMPO DA QUARESMA. PRIMEIRA SEMANA. SÁBADO
– O Senhor chama todos os homens à santidade, sem distinção de profissão, idade, condição social, etc., no lugar que cada um ocupa na sociedade.
– “Santificar o trabalho”, “santificar-se no trabalho”, “santificar os outros com o trabalho”. Necessidade de pessoas santas para transformar a sociedade.
– Santidade e apostolado no meio do mundo. Exemplo dos primeiros cristãos.
I. SEDE, POIS, PERFEITOS como vosso Pai celestial é perfeito 1. Assim termina o Evangelho da Missa de hoje. Nestes quarenta dias de preparação para a Páscoa, a Igreja recorda-nos de muitas maneiras que o Senhor espera muito mais de nós: uma preocupação séria pela santidade.
Sede perfeitos... E o Senhor dirige-se não somente aos Apóstolos, mas a todos os que de verdade queiram ser seus discípulos. O Evangelho menciona expressamente que quando Jesus terminou estes discursos, a multidão ficou impressionada com a sua doutrina 2. Essa multidão que o escutava devia estar formada por mães de família, pescadores, artesãos, doutores da lei, jovens... Todos o entendem e ficam impressionados, porque o Senhor se dirige a todos.
O Mestre chama à santidade sem distinção de idade, profissão, raça ou condição social. Não há seguidores de Cristo sem vocação cristã, sem uma chamada pessoal à santidade.
Deus nos escolheu para sermos santos e imaculados na sua presença 3, repetirá São Paulo aos primeiros cristãos de Éfeso; e para conseguirmos esta meta, é necessário que nos empenhemos num esforço que se prolongará por todos os nossos dias aqui na terra: O justo justifique-se mais e o santo mais e mais se santifique 4.
Esta doutrina do chamamento universal à santidade é, desde 1928, por inspiração divina, um dos pontos centrais da pregação de Mons. Josemaría Escrivá, que voltou a recordar nos nossos tempos que o cristão, pelo seu batismo, é chamado à plenitude da vida cristã, à santidade. E o Concílio Vaticano II anunciou a toda a Igreja essa velha doutrina evangélica: o cristão é chamado à santidade no lugar que ocupa na sociedade: “Todos os cristãos, seja qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor, cada um no seu caminho, à perfeição da santidade pela qual é perfeito o próprio Pai” 5. Todos e cada um dos cristãos.
O Senhor convida todos os cristãos que estão absorvidos nas suas ocupações profissionais a encontrá-lo precisamente nessas ocupações, realizando-as com perfeição humana e, ao mesmo tempo, com sentido sobrenatural: oferecendo-as a Deus, vivendo nelas a caridade e o espírito de sacrifício, elevando no meio delas o coração a Deus...
Hoje podemos perguntar-nos na nossa oração com o Senhor se lhe agradecemos freqüentemente esta chamada que nos convida a segui-lo de perto, se correspondemos às graças recebidas mediante uma luta interior clara e vibrante por adquirir virtudes, se estamos vigilantes para não pactuar com o aburguesamento que mata os desejos de santidade e deixa a alma sumida na mediocridade espiritual e na tibieza. Não basta querermos ser bons: temos de esforçar-nos decididamente por ser santos.
II. SEDE, POIS, PERFEITOS como vosso Pai celestial é perfeito. A santidade – amor crescente por Deus e pelos outros por Deus – pode e deve ser adquirida através das coisas de todos os dias, que se repetem muitas vezes numa aparente monotonia. “Para amar a Deus e servi-lo, não é necessário fazer coisas estranhas. Cristo pede a todos os homens sem exceção que sejam perfeitos como seu Pai celestial é perfeito (Mt 5, 48). Para a grande maioria dos homens, ser santo significa santificar o seu próprio trabalho, santificar-se no trabalho e santificar os outros com o trabalho, e assim encontrar a Deus no caminho da vida” 6.
Para que o trabalho possa converter-se em meio de santidade, é necessário que seja humanamente bem feito, pois não podemos oferecer a Deus nada de defeituoso, porque não seria aceito 7. Um trabalho bem realizado exige não só que cuidemos dos pequenos deveres próprios de qualquer profissão, mas ainda que pratiquemos fidelissimamente a virtude da justiça para com as outras pessoas e para com a sociedade: que retifiquemos prontamente os erros que tenhamos cometido em relação às pessoas com quem ou para quem trabalhamos; que nos esforcemos constantemente por melhorar a nossa competência profissional. São aspectos que devem ter muito presentes tanto o empresário como o operário ou o estudante, o médico ou a mãe de família que se dedica ao cuidado da casa.
Santificar-se no trabalho significa convertê-lo em ocasião e lugar de trato com Deus. Para isso, podemos oferecer ao Senhor as nossas tarefas antes de começá-las, e depois renovar esse oferecimento com freqüência, aproveitando uma ou outra circunstância. Ao longo das nossas horas de trabalho, sempre se apresentarão ocasiões de procurar ou aceitar pequenos sacrifícios que enriquecem a vida interior e a própria tarefa que nos ocupa; como também surgirão inúmeras ocasiões de praticar as virtudes humanas (a laboriosidade, a tenacidade, a alegria...), bem como as sobrenaturais (a fé, a esperança, a caridade, a prudência...).
Por último, o trabalho pode e deve ser meio de dar a conhecer a figura e a doutrina de Cristo a muitas pessoas. Há profissões que têm uma repercussão imediata na vida social: as tarefas de docência, as que se relacionam com os meios de informação, os cargos públicos... Mas não existem tarefas que não tenham nada a ver com a doutrina de Jesus Cristo. Mesmo os problemas especificamente técnicos de uma empresa ou as ocupações de uma mãe de família no seu lar podem ter soluções diversas, por vezes radicalmente diversas, conforme se tenha uma visão pagã ou cristã da vida. Um homem sem fé terá sempre uma visão incompleta do mundo, e o estilo cristão de comportar-se, se por vezes pode chocar com as modas do momento, com as práticas correntes entre colegas de uma mesma profissão, pode oferecer-nos, precisamente por isso, ocasiões especialmente propícias para darmos a conhecer a figura de Cristo, sendo exemplares na maneira cristã de atuar e conduzindo-nos com naturalidade e firmeza.
O mundo necessita de Deus, tanto mais quanto mais afirma que não necessita dEle. Nós, cristãos, esforçando-nos por seguir a Cristo seriamente, temos por missão dá-lo a conhecer.
“Um segredo. – Um segredo em voz alta: estas crises mundiais são crises de santos. – Deus quer um punhado de homens «seus» em cada atividade humana. – Depois... «pax Christi in regno Christi» – a paz de Cristo no reino de Cristo” 8.
Santificar o trabalho. Santificar-se no trabalho. Santificar os outros com o trabalho.
III. OS PRIMEIROS CRISTÃOS superaram muitos obstáculos através do seu esforço e do seu amor por Cristo, e mostraram-nos o caminho: a firmeza com que perseveraram na doutrina do Senhor levou de vencida a atmosfera materialista e freqüentemente hostil que os rodeava. Inseridos no seio de uma sociedade pagã, não procuraram no isolamento o remédio contra um possível contágio e a sua própria sobrevivência. Estavam plenamente convencidos de serem fermento de Deus, e a sua ação silenciosa mas eficaz acabou por transformar aquela massa informe. “Souberam sobretudo estar serenamente presentes no mundo, sem desprezar os seus valores nem as realidades terrenas. E esta presença – “já ocupamos o mundo e todas as vossas coisas”, proclamava Tertuliano –, uma presença que se estendia a todos os ambientes, que se interessava por todas as realidades honestas e valiosas, impregnou-as de um espírito novo” 9.
O cristão, com a ajuda de Deus, procurará tornar nobre e valioso o que é vulgar e corrente, esforçar-se-á por converter tudo o que toca não tanto em ouro, como na lenda do rei Midas, mas em graça e glória. A Igreja recorda-nos a necessidade urgente de estarmos presentes no meio do mundo, para reconduzir a Deus todas as realidades terrenas. Isto só será possível se nos mantivermos unidos a Deus mediante a oração e os sacramentos. Como os ramos estão unidos à videira 10, assim devemos nós estar unidos ao Senhor em todos os instantes.
“São necessários arautos do Evangelho, peritos em humanidade, que conheçam a fundo o coração do homem de hoje, participem das suas alegrias e esperanças, das suas angústias e tristezas, e ao mesmo tempo sejam contemplativos, enamorados de Deus. Para isso são precisos novos santos. Devemos suplicar ao Senhor que aumente o espírito de santidade na Igreja e nos envie santos para evangelizar o mundo de hoje” 11. Destas palavras do Papa fazia-se eco o Sínodo Extraordinário dos Bispos, no seu balanço global sobre a situação da Igreja: “Hoje em dia, precisamos de pedir a Deus – com força, com assiduidade – santos” 12.
O cristão deve ser “outro Cristo”. Esta é a grande força do testemunho cristão. De Jesus se dizia, como resumo da sua vida, que passou pela terra fazendo o bem 13, e isso deveria dizer-se de cada um de nós, se de verdade queremos imitá-lo. “O Senhor Jesus, Mestre e Modelo divino de toda a perfeição, pregou a todos e cada um dos discípulos, de qualquer condição, a santidade de vida da qual Ele mesmo é o autor e o consumador: Sede, pois, perfeitos [...]. É assim evidente que todos os fiéis cristãos de qualquer estado ou condição de vida são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Por esta santidade, promove-se também na sociedade terrestre um modo mais humano de viver” 14.
(1) Mt 5, 48; (2) Mt 7, 28; (3) Ef 1, 4; (4) Apoc 22, 11; (5) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 11; (6) Josemaría Escrivá, Questões atuais do cristianismo, 3ª ed., Quadrante, São Paulo, 1986, n. 55; (7) cfr. Lev 22, 20; (8) Josemaría Escrivá, Caminho, n. 301; (9) J. Orlandis, La vocación cristiana del hombre de hoy, 3ª ed., Rialp, Madrid, 1973, pág. 48; (10) cfr. Jo 15, 1-7; (11) João Paulo II, Discurso, 11-X-1985; (12) Sínodo extraordinário dos Bispos, 1985, Relação final, II, A, n. 4; (13) At 10, 38; (14) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 40.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
Santas Perpétua e Felicidade
07 de Março
Santas Perpétua e Felicidade
Senhora e escrava, Perpétua e Felicidade foram presas juntas, na fé e na solidariedade, no ano de 203, na África do Norte.
O imperador Severo, também de origem africana, havia decretado a pena de morte para os cristãos. Perpétua era de família nobre, filha de pai pagão, tinha 22 anos e um filho recém-nascido. Sua escrava, Felicidade, grávida de oito meses, rezava diariamente para que o filho nascesse antes da execução, e obteve essa graça, embora o parto, realizado dois dias antes de serem levadas à arena, para as feras famintas, tenha sido muito difícil e tenha lhe causado muito sofrimento.
Perpétua escreveu um diário na prisão, no qual relatava todo o sofrimento de que foram vítimas e que hoje figura entre os escritos mais realistas e comoventes da Igreja. Além de descrever os horrores da escuridão e a forma selvagem como eram tratadas no calabouço, ela narrou como seu pai a procurou, com autorização do juiz, para tentar fazê-la desistir da fé em Cristo e assim salvar sua vida.
Mas ambas, senhora e escrava, mantiveram-se firmes, também como outros seis cristãos que se tornara seus companheiros no martírio. Elas, que ainda não tinham sido batizadas, fizeram questão de receber o sacramento na prisão, para reafirmar a posição de cristãs. Em nenhum momento pensaram em salvar a vida negando o cristianismo.
Segundo os escritos oficiais que complementam o diário de Perpétua, os homens foram despedaçados por leopardos. Perpétua e Felicidade foram degoladas, depois de atacadas por touros e vacas. Era o dia 7 de março de 203.
Perpétua viveu a última hora dando extraordinária prova de amor e de tranquila dignidade. Viu Felicidade ser abatida sob os golpes dos animais e docemente a amparou e a suspendeu nos braços; depois, recompôs o seu vestido estraçalhado, demonstrando um genuíno respeito por ela. Esses gestos geraram na população pagã um breve momento de comoção piedosa, que durou, contudo, poucos segundos, pois a vontade da massa enfurecida prevaleceu, até que se viu o golpe fatal da degolação.
Pelo martírio, Perpétua e Felicidade entraram para a Igreja, que as venera neste dia com as honras litúrgicas.
Texto: Paulinas Internet
06 de Março 2020
A SANTA MISSA

1ª Semana da Quaresma – Sexta-feira
Cor: Roxa
1ª Leitura: Ez 18,21-28
Será que eu tenho prazer na morte do ímpio?
Não desejo, antes, que mude de conduta e viva?
Leitura da Profecia de Ezequiel
Assim fala o Senhor: 21 Se o ímpio se arrepender de todos os pecados cometidos, e guardar todas as minhas leis, e praticar o direito e a justiça, viverá com certeza e não morrerá. 22 Nenhum dos pecados que cometeu será lembrado contra ele. Viverá por causa da justiça que praticou. 23 Será que eu tenho prazer na morte do ímpio? – oráculo do Senhor Deus. Não desejo, antes, que mude de conduta e viva? 24 Mas, se o justo se desviar de sua justiça e praticar o mal, imitando todas as práticas detestáveis feitas pelo ímpio, poderá fazer isso e viver? Da justiça que ele praticou, nada mais será lembrado. Por causa da infidelidade e do pecado que cometeu, por causa disso morrerá. 25 Mas vós andais dizendo: ‘A conduta do Senhor não é correta`. Ouvi, vós da casa de Israel: É a minha conduta que não é correta, ou antes é a vossa conduta que não é correta? 26 Quando um justo se desvia da justiça, pratica o mal e morre, é por causa do mal praticado que ele morre. 27 Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida. 28 Arrependendo-se de todos os seus pecados, com certeza viverá; não morrerá.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 129, 1-2. 3-4. 5-6. 7-8 (R. 3)
R. Se levardes em conta nossas faltas,
quem haverá de subsistir?
1 Das profundezas eu clamo a vós, Senhor,*
2 escutai a minha voz!
Vossos ouvidos estejam bem atentos*
ao clamor da minha prece! R.
3 Se levardes em conta nossas faltas,*
quem haverá de subsistir?
4 Mas em vós se encontra o perdão,*
eu vos temo e em vós espero. R.
5 No Senhor ponho a minha esperança,*
espero em sua palavra.
6 A minh’alma espera no Senhor*
mais que o vigia pela aurora. R.
7 Espere Israel pelo Senhor,*
pois no Senhor se encontra toda graça e copiosa redenção.
8 Ele vem libertar a Israel*
de toda a sua culpa. R.
Evangelho: Mt 5,20-26
Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 20 Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus. 21 Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal’. 22 Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: ‘patife!’ será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de ‘tolo’ será condenado ao fogo do inferno. 23 Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar, e ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24 deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta. 25 Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. 26 Em verdade eu te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Santa Rosa de Viterbo
06 de Março
Santa Rosa de Viterbo
Rosa viveu numa época de grandes confrontos entre os poderes do pontificado e do imperador, que se somavam aos conflitos civis provocados por duas famílias que disputavam o governo da cidade de Viterbo. Ela nasceu nessa cidade em um dia incerto do ano de 1234. Os pais, João e Catarina, eram cristãos fervorosos. A família possuía uma boa propriedade na vizinha Santa Maria del Poggio, vivendo com conforto da agricultura.
Envolta por antigas tradições e sem dados oficiais que comprovem os fatos narrados, a vida de Rosa foi breve e incomum. Como sua mãe, Catarina, trabalhava com as irmãs Clarissas no mosteiro da cidade, Rosa recebeu a influência da espiritualidade franciscana, ainda muito pequena. Ela era uma criança carismática, possuía dons especiais e um amor incondicional ao Senhor e à Virgem Maria. Dizem que com apenas 3 anos de idade transformava pães em rosas e, aos sete, pregava nas praças, convertendo multidões. Aos 12 anos ingressou na Ordem Terceira de São Francisco, por causa de uma visão em que Nossa Senhora assim lhe determinava.
No ano de 1247, a cidade de Viterbo, fiel ao papa, caiu nas mãos do imperador Frederico II, um herege que negava a autoridade do papa e o poder do sacerdote de perdoar os pecados e consagrar. Rosa teve outra visão, desta vez com Cristo, que estava com o coração em chamas. Ela não se conteve: saiu pelas ruas pregando com um crucifixo nas mãos. A notícia correu por toda a cidade, muitos foram estimulados na fé e vários hereges se converteram. Com suas palavras, confundia até os mais preparados. Por isso, representava uma ameaça para as autoridades locais.
Em 1250, o prefeito a condenou ao exílio. Rosa e seus pais foram morar em Soriano, aonde sua fama já havia chegado. Na noite de 5 de dezembro 1251, Rosa recebeu a visita de um anjo, que lhe revelou que o imperador Frederico II, uma semana depois, morreria, o que de fato aconteceu. Com isso, o poder dos hereges enfraqueceu, e Rosa pôde retornar a Viterbo. Toda a região voltou a viver em paz. No dia 6 de março de 1252, sem agonia, ela morreu.
No mesmo ano, o papa Inocêncio IV mandou instaurar o processo para a canonização de Rosa. Cinco anos depois, o mesmo pontífice mandou exumar o corpo, e, para a surpresa de todos, ele foi encontrado intacto. Rosa foi transladada para o convento das irmãs Clarissas, que nessa cerimônia passou a se chamar Convento de Santa Rosa. Depois dessa cerimônia, a santa só foi “canonizada” pelo povo, porque curiosamente o processo nunca foi promulgado. A canonização de Rosa ficou assim, nunca foi oficializada. Mas também nunca foi negada pelo papa e pela Igreja. Santa Rosa de Viterbo, desde o momento de sua morte, foi “canonizada” pelo povo.
Em setembro de 1929, o papa Pio XI declarou Santa Rosa de Viterbo a padroeira da Juventude Feminina da Ação Católica Italiana. No Brasil, ela é a padroeira dos Jovens Franciscanos Seculares. Santa Rosa de Viterbo é festejada no dia de sua morte, mas também pode ser comemorada no dia 4 de setembro, dia do seu translado para o mosteiro das Clarissas de Santa Rosa, em Viterbo, Itália.
Texto: Paulinas Internet