Santo Heriberto
16 de Março
Santo Heriberto
Heriberto nasceu no ano 970, na Alemanha. Era descendente dos condes de Worms. Conta-se que, quando ele nasceu, uma luz extraordinária brilhou sobre a casa de seus pais. Tal fenômeno durou horas e marcou a vida de Heriberto. Desde pequeno mostrou vocação religiosa e para os estudos.
Por isso, os pais de Heriberto o entregaram para o convento de Gorze. Ali, revelou-se o grande talento que ele tinha para as artes, para os estudos, para a ciência. Ele, porém, preferiu a vida sacerdotal e seguiu esta vocação. Foi ordenado em 995. Estudou em diversas escolas e chegou a ser chamado de “o homem mais sábio de seu tempo”.
Por causa desta sabedoria brilhante, o Imperador alemão Oton III, filho de santa Matilde, nomeou-o chanceler e, também, seu assessor de maior confiança. Padre Heriberto exerceu seu ministério com humildade, caridade e sabedoria, o que cativou o povo. Por isso, ele foi eleito arcebispo da cidade de Colônia, no ano 999.
Santo Heriberto tornou-se, então, arcebispo de Colônia. Ele era, então, muito jovem. Porém, mesmo assim, respeitadíssimo por todos por causa de sua sabedoria, caridade e santidade. Seu ministério foi frutuoso e cheio da graça de Deus, apesar das dificuldades constantes. Sua caridade para com o povo aumentou e ele usava de toda sua influência na corte para ajudar os mais necessitados.
Oton III morreu e foi sucedido por seu irmão, que se tornou o imperador Henrique II. Este, a princípio, teve desconfiança do Arcebispo Heriberto, Depois, porém, convivendo com ele, viu sua santidade e retidão e nomeou-o seu conselheiro. Assim, a obra de caridade do bispo continuou. Os relatos atestam que, após fundar um grande hospital destinado a atender os pobres, Santo Heriberto fazia visitas diárias aos doentes, fazendo questão de cuidar deles pessoalmente.
Houve certa vez, uma grande seca na região. A chuva sumiu por meses seguidos. Santo Heriberto, então, coordenou um jejum de três dias, sendo ele o primeiro a jejuar e orar. Depois disso, organizou uma procissão penitente, com o intuito de pedir chuva aos céus. Aconteceu, porém que, mesmo assim, não choveu. Por isso, Santo Heriberto começou a chorar arrependido, diante de todo o povo, assumindo a culpa pela seca. Afirmava, chorando, que seus pecados estavam impedindo que a graça acontecesse. Então, nesse momento, caiu uma forte chuva que durou vários dias e acabou com a seca.
Aclamado como santo pelo povo ainda em vida, Santo Heriberto faleceu em 16 de março de 1021. Tinha ido fazer uma visita pastoral à cidade de Deutz. Lá, foi contaminado por uma febre maligna, que assolava o povo, e faleceu. Logo, passou a ser venerado como santo por todos os fiéis da região. Suas relíquias foram sepultadas na belíssima catedral de Colônia. Seu culto se espalhou pela Europa. Sua canonização foi celebrada pelo Papa Gregório IX em 1227 e sua festa estabelecida para o dia 16 de março, dia de sua morte.
Fonte: https://cruzterrasanta.com.br
15 de Março 2020
A SANTA MISSA

3º Domingo da Quaresma – Ano A
Cor: Roxa
1ª Leitura: Ex 17, 3-7
“Dá-nos água para beber!”
Leitura do Livro do Êxodo
Naqueles dias: 3 O povo, sedento de água, murmurava contra Moisés e dizia: ‘Por que nos fizeste sair do Egito? Foi para nos fazer morrer de sede, a nós, nossos filhos e nosso gado?’ 4 Moisés clamou ao Senhor, dizendo: ‘Que farei por este povo? Por pouco não me apedrejam!’ 5 O Senhor disse a Moisés: ‘Passa adiante do povo e leva contigo alguns anciãos de Israel. Toma a tua vara com que feriste o rio Nilo e vai. 6 Eu estarei lá, diante de ti, sobre o rochedo, no monte Horeb. Ferirás a pedra e dela sairá água para o povo beber’. Moisés assim fez na presença dos anciãos de Israel. 7 E deu àquele lugar o nome de Massa e Meriba, por causa da disputa dos filhos de Israel e porque tentaram o Senhor, dizendo: ‘O Senhor está no meio de nós, ou não?’
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 94(95), 1-2.6-7.8-9 (R. cf. 8)
R. Não fecheis o coração, ouvi, hoje, a voz de Deus!
1 Vinde, exultemos de alegria no Senhor,*
aclamemos o Rochedo que nos salva!
2 Ao seu encontro caminhemos com louvores,*
e com cantos de alegria o celebremos! R.
6 Vinde adoremos e prostremo-nos por terra,*
e ajoelhemos ante o Deus que nos criou!
7 Porque ele é o nosso Deus, nosso Pastor,
e nós somos o seu povo e seu rebanho,*
as ovelhas que conduz com sua mão. R.
8 Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:*
‘Não fecheis os corações como em Meriba,
9 como em Massa, no deserto, aquele dia,
em que outrora vossos pais me provocaram,*
apesar de terem visto as minhas obras’. R.
2ª Leitura: Rm 5, 1-2.5-8
“O amor foi derramado em nós
pelo Espírito que nos foi dado.”
Leitura da Carta de São Paulo apóstolo aos Romanos
Irmãos: 1 Justificados pela fé, estamos em paz com Deus, pela mediação do Senhor nosso, Jesus Cristo. 2 Por ele tivemos acesso, pela fé, a esta graça, na qual estamos firmes e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus. 5 E a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. 6 Com efeito, quando éramos ainda fracos, Cristo morreu pelo ímpios, no tempo marcado. 7 Dificilmente alguém morrerá por um justo; por uma pessoa muito boa, talvez alguém se anime a morrer. 8 Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Evangelho: Jo 4, 5-42
“Uma fonte de água que jorra para a vida eterna.”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo: 5 Jesus chegou a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto do terreno que Jacó tinha dado ao seu filho José. 6 Era aí que ficava o poço de Jacó. Cansado da viagem, Jesus sentou-se junto ao poço. Era por volta do meio-dia. 7 Chegou uma mulher da Samaria para tirar água. Jesus lhe disse: ‘Dá-me de beber’. 8 Os discípulos tinham ido à cidade para comprar alimentos. 9 A mulher samaritana disse então a Jesus: ‘Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?’ De fato, os judeus não se dão com os samaritanos. 10 Respondeu-lhe Jesus: ‘Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber`, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva.’ 11 A mulher disse a Jesus: ‘Senhor, nem sequer tens balde e o poço é fundo. De onde vais tirar a água viva? 12 Por acaso, és maior que nosso pai Jacó, que nos deu o poço e que dele bebeu, como também seus filhos e seus animais?’ 13 Respondeu Jesus: ‘Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. 14 Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna.’ 15 A mulher disse a Jesus: ‘Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede e nem tenha de vir aqui para tirá-la.’ 16 Disse-lhe Jesus: ‘Vai chamar teu marido e volta aqui’. 17 A mulher respondeu: ‘Eu não tenho marido’. Jesus disse: ‘Disseste bem, que não tens marido, 18 pois tiveste cinco maridos, e o que tens agora não é o teu marido. Nisso falaste a verdade.’ 19 A mulher disse a Jesus: ‘Senhor, vejo que és um profeta! 20 Os nossos pais adoraram neste monte mas vós dizeis que em Jerusalém é que se deve adorar’. 21 Disse-lhe Jesus: ‘Acredita-me, mulher: está chegando a hora em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. 22 Vós adorais o que não conheceis. Nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus. 23 Mas está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. De fato, estes são os adoradores que o Pai procura. 24 Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade.’ 25 A mulher disse a Jesus: ‘Sei que o Messias (que se chama Cristo) vai chegar. Quando ele vier, vai nos fazer conhecer todas as coisas’. 26 Disse-lhe Jesus: ‘Sou eu, que estou falando contigo’. 27 Nesse momento, chegaram os discípulos e ficaram admirados de ver Jesus falando com a mulher. Mas ninguém perguntou: ‘Que desejas?’ ou: ‘Por que falas com ela?’ 28 Então a mulher deixou o seu cântaro e foi à cidade, dizendo ao povo: 29 ‘Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Será que ele não é o Cristo?’ 30 O povo saiu da cidade e foi ao encontro de Jesus. 31 Enquanto isso, os discípulos insistiam com Jesus, dizendo: ‘Mestre, come’. 32 Jesus, porém disse-lhes: ‘Eu tenho um alimento para comer que vós não conheceis’. 33 Os discípulos comentavam entre si: ‘Será que alguém trouxe alguma coisa para ele comer?’ 34 Disse-lhes Jesus: ‘O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra. 35 Não dizeis vós: ‘Ainda quatro meses, e aí vem a colheita!’ Pois eu vos digo: Levantai os olhos e vede os campos: eles estão dourados para a colheita! 36 O ceifeiro já está recebendo o salário, e recolhe fruto para a vida eterna. Assim, o que semeia se alegra junto com o que colhe. 37 Pois é verdade o provérbio que diz: ‘Um é o que semeia e outro o que colhe’. 38 Eu vos enviei para colher aquilo que não trabalhastes. Outros trabalharam e vós entrastes no trabalho deles.’ 39 Muitos samaritanos daquela cidade abraçaram a fé em Jesus, por causa da palavra da mulher que testemunhava: `Ele me disse tudo o que eu fiz.’ 40 Por isso, os samaritanos vieram ao encontro de Jesus e pediram que permanecesse com eles. Jesus permaneceu aí dois dias. 41 E muitos outros creram por causa da sua palavra. 42 E disseram à mulher: ‘Já não cremos por causa das tuas palavras, pois nós mesmos ouvimos e sabemos, que este é verdadeiramente o salvador do mundo.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Santa Luisa de Marillac
15 de Março
Santa Luisa de Marillac
Nasceu no dia 12 de agosto de 1591, na França. Provavelmente foi adotada, sendo registrada como filha natural de Luis 1º de Marillac, cavaleiro e Senhor de Ferriéres-em-Brie e comandante de uma companhia do rei. Em 1595 o pai coloca Luiza em uma pensão do Mosteiro Real de Saint-Louis de Poissy, das freiras dominicanas.
Com as freiras dominicanas começa seu aprendizado: ler, escrever, conhecer a Deus. As freiras dominicanas lhe dão uma sólida formação humana. Quando Luis de Marillac morre, seu tutor passa a ser Miguel de Marillac, (chanceler da França). Este coloca Luiza em um lar para meninas em Paris. Nessa época ela começa a frequentar as freiras capuchinhas, Filhas da Cruz. Ali ela faz votos de servir a Deus e aos pobres. Ela sentia que esta era sua verdadeira vocação e o que mais desejava.
Miguel de Marillac, porém, decide casá-la com um secretário dos comandantes da Rainha Mãe, Maria de Médicis. Assim, em fevereiro de 1613, Luiza se casa com Antonio Le Gras e passa a ser chamada de "mademoiselle", título reservado às esposas de nobres da França. Luiza não queria se casar. Na verdade, foi privada, a princípio, de realizar sua vocação, o que lhe causou vários sofrimentos. Mesmo assim, Deus abençoou e tiveram um filho, Miguel. O menino, porém, ficou muito doente e ela entrou em depressão por causa disso.
Num dia de Pentecostes Luiza recebeu uma graça do Espírito Santo: seu espírito foi iluminado e suas dores e tristezas desapareceram. Ela compreendeu que deveria ficar com seu marido e cuidar dele até quando ele morresse. Deveria também cuidar de seu filho até o tempo de leva-lo para as pensões dos filhos dos nobres, onde ele seria bem cuidado e educado. Depois disso, ela teria o tempo para cumprir sua vocação de ajudar os mais necessitados. Luiza sentiu também que encontraria um novo diretor espiritual, o que aconteceu em 1625 quando ela encontra o Padre Vicente de Paulo, (futuro São Vicente). Este criou as Confrarias da Caridade e estabeleceu a Congregação da Missão, denominada de Lazaristas.
Após ficar viúva, Luiza de Marillac coloca seu filho Miguel em uma pensão em Saint- Nicolas, como era costume na época. Os filhos dos nobres eram colocados nessas pensões, onde eram muito bem cuidados e educados. Isso tranquilizou o coração de Luiza.
Depois, Luiza vai trabalhar com São Vicente de Paulo, nas Damas da Caridade (obra fundada por São Vicente), ajudando diretamente aos pobres. São Vicente nomeou Luisa como inspetora das casas de caridade. Em março de 1634, com a ajuda e permissão do Padre Vicente, Luisa e mais quatro amigas fundam a Companhia das Filhas da Caridade. Em 1655 ela conseguiu a aprovação da congregação com o Papa.
Luisa e o Padre Vicente começam a fazer muita coisa: ajudam as crianças abandonadas, dão socorro às vítimas da guerra dos 30 anos, cuidam de doentes mentais, participam da criação do hospital do Santo Nome de Jesus e do Hospital Geral de Paris.
São Vicente, então, escreve a regra para as casas da caridade. Eram as "irmãs não enclausuradas, as moças ao ar livre; seu véu era a santa humildade; seu mosteiro a casa do doente; por cela um quarto de aluguel; por claustro as ruas das cidades". Com essas palavras de São Vicente e com sua ajuda, Luisa de Marillac funda várias casas das Irmãs de Caridade em várias cidades da França e também da Polônia, a pedido da Rainha Maria Gonzaga. Em 1652, quando a "peste" assolou a cidade de Paris, Santa Luisa e suas irmãs tiveram grande trabalho para ajudar os doentes, de tal forma que não pararam um só momento.
No ano de 1660 Luiza de Marillac sentia que seu fim estava se aproximando e queria ser assistida por São Vicente. Seu desejo, porém, não aconteceu pois ele com 85 anos também estava muito doente. Ele apenas conseguiu enviar a ela uma bênção, dizendo: "madame, ides antes de mim, espero em breve, rever-nos no céu." São Vicente sabia que Luiza santificou-se ajudando aos pobres e necessitados, enxergando neles a pessoa de Jesus Cristo. Por isso, ela certamente iria para o céu.
Santa Luiza recebeu a comunhão e deu uma benção para as irmãs de caridade dizendo:
"Queridas irmãs, continuo pedindo a benção de Deus para vós e a graça de perseverardes na vocação. Cuidai bastante do serviço dos pobres e vivei em grande união e cordialidade, amando umas às outras, a fim de imitardes a união de vida de Nosso Senhor. E rogai com fervor à Santíssima Virgem, para que ela seja nossa única Mãe." Ela recebeu a unção dos enfermos na hora de sua morte, pediu para fechar as cortinas e, pouco tempo depois, suavemente, faleceu. A seu pedido, teve um funeral foi muito simples, tendo sido sepultada na igreja de Saint-Lourent.
Santa Luisa de Marillac foi beatificada pelo Papa Bento XV, em 9 de maio de 1920. Foi canonizada pelo Papa Pio Xl, no dia 11 de março de 1934. Foi declarada patrona das Obras Sociais em 1960 pelo Papa Bem-aventurado João XXIII. Seu corpo foi transferido para a capela da Casa Mãe das Filhas da Caridade, em Paris, França. Sua festa é no dia 15 de março. No Brasil existe uma cidade em Minas Gerais, chamada Marillac, em homenagem à Santa que é a sua padroeira.
Fonte: https://cruzterrasanta.com.br
O Sentido da Mortificação
TEMPO DA QUARESMA. TERCEIRO DOMINGO
– Para seguir de verdade a Cristo, é necessário ter uma vida mortificada e estar perto da Cruz. Quem recusa o sacrifício afasta-se da santidade.
– Com a mortificação, elevamo-nos até o Senhor. Perder o medo ao sacrifício.
– Outros motivos da mortificação.
I. TODOS OS ATOS da vida de Cristo são redentores, mas a redenção do gênero humano culmina na Cruz, para a qual o Senhor orienta toda a sua vida na terra: Tenho que receber um batismo, e como me sinto ansioso até que se cumpra! 1, dirá aos seus discípulos a caminho de Jerusalém. Revela-lhes as ânsias irreprimíveis de dar a sua vida por nós, e dá-nos exemplo do seu amor à vontade do Pai morrendo na Cruz. E é na Cruz que a alma alcança a plenitude da identificação com Cristo. Este é o sentido mais profundo que têm os atos de mortificação e penitência.
Para sermos discípulos do Senhor, temos de seguir o seu conselho: Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me 2. Não é possível seguir o Senhor sem a Cruz. As palavras de Jesus Cristo têm plena vigência em todos os tempos, uma vez que foram dirigidas a todos os homens, pois quem não carrega a sua cruz e me segue – diz-nos Ele a cada um – não pode ser meu discípulo 3.
Carregar a cruz – aceitar a dor e as contrariedades que Deus permite para nossa purificação, cumprir com esforço os deveres próprios, assumir voluntariamente a mortificação cristã – é condição indispensável para seguir o Mestre.
“Que seria de um Evangelho, de um cristianismo sem Cruz, sem dor, sem o sacrifício da dor?, perguntava-se Paulo VI. Seria um Evangelho, um cristianismo sem Redenção, sem Salvação, da qual – devemos reconhecê-lo com plena sinceridade – temos necessidade absoluta. O Senhor salvou-nos por meio da Cruz; com a sua morte, devolveu-nos a esperança, o direito à Vida...” 4 Seria um cristianismo desvirtuado que não serviria para alcançar o Céu, pois “o mundo não pode salvar-se senão por meio da Cruz de Cristo” 5.
Unidas ao Senhor, a mortificação voluntária e as mortificações passivas adquirem o seu sentido mais profundo. Não são atos dirigidos primariamente à nossa perfeição, ou uma maneira de suportarmos com paciência as contrariedades desta vida, mas participação no mistério divino da Redenção.
Aos olhos de alguns, a mortificação pode não passar de loucura ou insensatez, de um resíduo de outras épocas que não combinam com os avanços e o nível cultural do nosso tempo; como também pode ser pedra de escândalo para aqueles que vivem esquecidos de Deus. Mas nenhuma dessas atitudes deve surpreender-nos: São Paulo escrevia que a Cruz é escândalo para os judeus, loucura para os gentios 6. E mesmo os cristãos, na medida em que perdem o sentido sobrenatural das suas vidas, não conseguem entender que só possamos seguir o Senhor através de uma vida de sacrifício, junto da Cruz.
Os próprios Apóstolos, que seguem o Senhor quando é aclamado pelas multidões, ainda que o amassem profundamente e estivessem dispostos a dar a vida por Ele, não o seguem até o Calvário, pois ainda eram fracos por não terem recebido o Espírito Santo. Há uma diferença muito grande entre seguir o Senhor quando isso não exige muito, e identificar-se plenamente com Ele através das tribulações, pequenas e grandes, de uma vida sacrificada.
O cristão que vive fugindo sistematicamente do sacrifício, que se revolta com a dor, afasta-se também da santidade e da felicidade, que se encontra muito perto da Cruz, muito perto de Cristo Redentor. “Se não te mortificas, nunca serás alma de oração” 7. E Santa Teresa ensina: “Pensar que (o Senhor) admite na sua amizade gente regalada e sem trabalhos é disparate” 8.
II. O SENHOR PEDE a cada cristão que o siga de perto, e para isso é necessário acompanhá-lo até o Calvário. Nunca deveríamos esquecer estas palavras: Quem não toma a sua cruz e me segue não é digno de mim 9. Muito tempo antes de padecer na Cruz, Jesus já tinha dito aos seus seguidores que teriam de carregá-la.
Há um paradoxo na mortificação, um mistério, que só se pode compreender quando há amor: por trás da aparente morte, encontra-se a Vida; e aquele que, dominado pelo egoísmo, procura conservar a vida para si, esse acaba por perdê-la: Aquele que quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e aquele que a perder por minha causa achá-la-á 10. Para podermos dar fruto, amando a Deus e ajudando os outros de uma maneira efetiva, é necessário que nos abramos ao sacrifício. Não há colheita sem plantio: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só; mas se morre, produz muito fruto 11. Para sermos sobrenaturalmente eficazes, devemos morrer mediante a contínua mortificação, esquecendo-nos completamente da nossa comodidade e do nosso egoísmo. “Não queres ser grão de trigo, morrer pela mortificação e dar espigas bem graúdas? – Que Jesus abençoe o teu trigal!” 12
Devemos perder o medo ao sacrifício, à mortificação voluntária, pois quem quer a Cruz para cada um de nós é um Pai que nos ama e que sabe o que mais nos convém. O Senhor quer sempre o melhor para nós: Vinde a mim todos os que estais fatigados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis paz para as vossas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu peso leve 13.
Ao lado de Cristo, as tribulações e penas não oprimem, não pesam, e, pelo contrário, levam a alma a orar, a ver a Deus nos acontecimentos da vida.
Pela mortificação, elevamo-nos até o Senhor; sem ela, ficamos grudados à terra. Pelo sacrifício voluntário, pela dor oferecida e assumida com paciência, simplicidade e amor, unimo-nos firmemente ao Senhor. “É como se Ele nos dissesse: vós todos que andais atormentados, aflitos e sobrecarregados com o fardo das vossas preocupações e apetites, deixai-os, vinde a mim, e eu vos recrearei, e encontrareis para as vossas almas o descanso que os vossos apetites vos tiram” 14.
III. PARA NOS DECIDIRMOS a viver com generosidade a mortificação, convém que compreendamos bem as razões que lhe dão sentido: quando nos custa ser mais mortificados, é porque ainda não descobrimos ou não entendemos a fundo esse sentido.
Os motivos que impelem o cristão a ter uma vida mortificada são vários. O primeiro é esse que considerávamos anteriormente: o desejo de nos identificarmos com o Senhor e de segui-lo nas suas ânsias de redimir por meio da Cruz, oferecendo-se a Si mesmo em sacrifício ao Pai. A nossa mortificação tem assim os mesmos fins da Paixão de Cristo e da Santa Missa, e traduz-se numa união cada vez mais plena com a vontade de Deus.
Mas a mortificação é também meio de progredir nas virtudes. No diálogo que precede o Prefácio da Missa, o sacerdote levanta as mãos ao céu enquanto diz: Corações ao alto, e o povo fiel responde: O nosso coração está em Deus. O nosso coração deve estar permanentemente voltado para Deus, deve estar cheio de amor e com a esperança sempre posta no seu Senhor. É necessário, pois, que não esteja agarrado e preso às coisas da terra, que se vá purificando cada vez mais. E isto não é possível sem penitência, sem a contínua mortificação, que é “meio de progredir” 15. Sem ela, a alma enreda-se nas mil coisas pelas quais os sentidos tendem a espalhar-se: apegos, impurezas, aburguesamento, desejos imoderados de conforto...
A mortificação liberta-nos de muitos laços e capacita-nos para o amor.
A mortificação é meio indispensável de apostolado: “A ação nada vale sem a oração; a oração valoriza-se com o sacrifício” 16. Estaríamos enganados se quiséssemos atrair os outros para Deus sem apoiar essa ação numa oração intensa, e se essa oração não fosse reforçada pela mortificação alegremente oferecida. Foi por isso que se afirmou de mil maneiras diferentes que a vida interior, manifestada especialmente na oração e na mortificação, é a alma de todo o apostolado 17.
Não esqueçamos, finalmente, que a mortificação serve também de reparação pelas nossas faltas passadas, pequenas ou grandes. Em muitas orações, a Igreja nos faz pedir ao Senhor que nos ajude a corrigir a vida passada: “Emendationem vitae, spatium verae paenitentiae... tribuat nobis omnipotens et misericors Dominus”: que o Senhor onipotente e misericordioso nos conceda a emenda da nossa vida e um tempo de verdadeira penitência 18. Deste modo, pela mortificação, até mesmo as faltas passadas se convertem em fonte de nova vida. “Enterra com a penitência, no fosso profundo que a tua humildade abrir, as tuas negligências, ofensas e pecados. – Assim enterra o lavrador, ao pé da árvore que os produziu, frutos apodrecidos, ramos secos e folhas caducas. – E o que era estéril, melhor, o que era prejudicial, contribui eficazmente para uma nova fecundidade. Aprende a tirar das quedas, impulso; da morte, vida” 19.
Peçamos vivamente ao Senhor que, a partir de agora, saibamos aproveitar melhor a nossa vida: “Quando recordares a tua vida passada, passada sem pena nem glória, considera quanto tempo tens perdido e como o podes recuperar: com penitência e com maior entrega” 20. E, quando alguma coisa nos custar, virá à nossa mente algum destes pensamentos que nos moverão à mortificação generosa: “Motivos para a penitência? Desagravo, reparação, petição, ação de graças; meio para progredir...; por ti, por mim, pelos outros, pela tua família, pelo teu país, pela Igreja... E mil motivos mais” 21.
(1) Cfr. Lc 12, 50; (2) Mt 16, 24; (3) Lc 14, 27; (4) Paulo VI, Alocução, 24-III-1967; (5) São Leão Magno, Sermão 51; (6) 1 Cor 1, 23; (7) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 172; (8) Santa Teresa, Caminho de perfeição, 18, 2; (9) Mt 10, 38; (10) Mt 16, 24 e segs.; (11) Jo 12, 24-25; (12) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 199; (13) Mt 11, 28-30; (14) São João da Cruz, Subida do Monte Carmelo, I, 7, 4; (15) cfr. São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 232; (16) São Josemaría Escrivá, op. cit., n. 81; (17) cfr. J. B. Chautard, El alma de todo apostolado, 5ª ed., Palabra, Madrid, 1978; (18) Missal Romano, fórmula da intenção da Missa; (19) São Josemaría Escrivá, op. cit., n. 211; (20) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 996; (21) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 232.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
14 de Março 2020
A SANTA MISSA

2ª Semana da Quaresma – Sábado
Cor: Roxa
1ª Leitura: Mq 7,14-15.18-20
Lançará ao fundo do mar todos os nossos pecados.
Leitura da Profecia de Miquéias
14 Apascenta o teu povo com o cajado da autoridade, o rebanho de tua propriedade, os habitantes dispersos pela mata e pelos campos cultivados; 15 E, como foi nos dias em que nos fizeste sair do Egito, faze-nos ver novos prodígios. 18 Qual Deus existe, como tu, que apagas a iniquidade e esqueces o pecado daqueles que são resto de tua propriedade? – Ele não guarda rancor para sempre, o que ama é a misericórdia. 19 Voltará a compadecer-se de nós, esquecerá nossas iniquidades e lançará ao fundo do mar todos os nossos pecados. 20 Tu manterás fidelidade a Jacó e terás compaixão de Abraão, como juraste a nossos pais, desde tempos remotos.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 102, 1-2. 3-4. 9-10. 11-12 (R. 8a)
R. O Senhor é indulgente e favorável.
1 Bendize, ó minha alma, ao Senhor, *
e todo o meu ser, seu santo nome!
2 Bendize, ó minha alma, ao Senhor, *
não te esqueças de nenhum de seus favores! R.
3 Pois ele te perdoa toda culpa, *
e cura toda a tua enfermidade;
4 da sepultura ele salva a tua vida *
e te cerca de carinho e compaixão; R.
9 Não fica sempre repetindo as suas queixas, *
nem guarda eternamente o seu rancor.
10 Não nos trata como exigem nossas faltas, *
nem nos pune em proporção às nossas culpas. R.
11 Quanto os céus por sobre a terra se elevam, *
tanto é grande o seu amor aos que o temem;
12 quanto dista o nascente do poente, *
tanto afasta para longe nossos crimes. R.
Evangelho: Lc 15,1-3.11-32
Este teu irmão estava morto e tornou a viver.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas
Naquele tempo: 1 Os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. 2 Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. ‘Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles.’ 3 Então Jesus contou-lhes esta parábola: 11 ‘Um homem tinha dois filhos. 12 O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. 13 Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. 14 Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar necessidade. 15 Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. 16 O rapaz queria matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam. 17 Então caiu em si e disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome. 18 Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti;19 já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’. 20 Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o, e cobriu-o de beijos. 21 O filho, então, lhe disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. 22 Mas o pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. 23 Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. 24 Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa. 25 O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26 Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. 27 O criado respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde’. 28 Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. 29 Ele, porém, respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. 30 Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado’. 31 Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32 Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Santa Matilde
14 de Março
Santa Matilde
Matilde era descendente de nobres saxões. Nasceu na região de Westfalia, na Alemanha, por volta de 895. Foi educada por sua avó, que também se chamava Matilde e era abadessa de um mosteiro de monjas beneditinas em Herford. Por causa dessa educação, ela aprendeu a ler e a escrever. Além disso, estudou filosofia e teologia. Isso era raríssimo entre as mulheres, mesmo entre as nobres de seu tempo. Os livros da época atestam que Matilde possuía inteligência brilhante e grande beleza tanto física quanto de alma.
A bela Matilde casou-se com apenas catorze anos, com um duque da Saxônia chamado Henrique. Este, em pouco tempo veio a se tornar rei da Alemanha, com o nome de Henrique I. Com o rei, Matilde viveu um casamento feliz, que durou vinte anos.
O reinado de Henrique I foi justo e bom para o povo. Segundo os livros, a rainha Matilde teve grande influência no reinado do marido, lutando pela justiça e pela bondade, sempre nos bastidores do governo. Ela sempre se mostrou cheia de bondade e portadora de grande generosa para com os súditos, especialmente os pobres e doentes.
Em tempo de paz, a rainha Matilde passou a assistir à população, erguendo conventos, igrejas, hospitais e escolas. O rei, por sua vez, fazia da Alemanha o país líder da Europa. Ele salvou seu país da invasão dos húngaros. Depois, regularizou a situação da Alemanha com a França e a Itália. Em seguida, passou a exercer domínio sobre os dinamarqueses e os eslavos. O reinado de Henrique I ficou bastante fortalecido.
A paz, porém, chegou ao fim quando o rei Henrique I faleceu. Antes de sua morte, o rei deixou indicado para sucedê-lo seu filho mais velho chamado Oton. Porém, um filho mais novo chamado Henrique quis o trono a despeito da vontade do pai. Então, exércitos aliados de cada um desses príncipes começaram a guerrear, para grande tristeza de Santa Matilde. Por fim Oton venceu e assumiu o trono.
Depois de tudo isso, os filhos, surpreendentemente, se voltaram contra a própria mãe. Alegaram que ela vivia esbanjando os bens do reino com os pobres e com a Igreja. Por isso, retiraram toda a fortuna que pertencia a ela e ordenaram que ela fosse exilada. Santa Matilde, com grande sofrimento, foi viver no Mosteiro de Engerm. Lá, dedicou-se à oração e aos sacrifícios, pedindo incessantemente pela conversão dos filhos.
Muitos anos depois, os irmãos Oton e Henrique caíram em si e se arrependeram do terrível gesto de ingratidão que tiveram para com a própria mãe. Por isso, procuraram a mãe, pediram perdão, receberam-na de volta no reino e devolveram a ela tudo o que lhe era de direito. Com autoridade sobre seus bens novamente, Santa Matilde distribuiu tudo entre os pobres, salvando famílias inteiras da miséria e da perdição. Depois disso, voltou para a vida religiosa no mosteiro. Lá, recebeu o dom da profecia e ajudou a muitos com suas orações, escua e aconselhamento.
A Santa rainha Matilde faleceu no ano 968. Foi sepultada ao lado do dos restos mortais de seu marido, no mosteiro de Quedlinburgo. Logo, passou a ser venerada pelo povo como Santa. Sua fama se propagou rapidamente pelo mundo católico do Ocidente chegando até ao Oriente. Hoje, ela é bastante celebrada na Alemanha e também na Itália e em Mônaco. Sua festa é celebrada no dia 14 de março. É desta Santa Matilde que descenderam os reis de Portugal e, por conseguinte, a Família Imperial do Brasil.
Fonte: https://cruzterrasanta.com.br
Todos somos o Filho Pródigo
TEMPO DA QUARESMA. SEGUNDA SEMANA. SÁBADO
– O pecado, a maior tragédia do homem. Conseqüências do pecado na alma. Fora de Deus, é impossível a felicidade.
– A volta a Deus. Sinceridade e exame de consciência.
– O encontro com o nosso Pai-Deus na confissão sincera e contrita. A alegria na casa paterna.
I. O SENHOR é clemente e compassivo, longânime e cheio de bondade; o Senhor é bom para com todos, e a sua misericórdia se estende a todas as suas obras 1, rezamos na antífona de entrada da Missa. No Evangelho, narra São Lucas2 que, certo dia, tendo-se aproximado de Jesus muitos publicanos e pecadores, os fariseus começaram a murmurar porque Ele acolhia a todos. Então o Senhor lhes propôs esta parábola: Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse a seu pai: Pai, dá-me a parte da herança que me cabe.
Todos somos filhos de Deus e, sendo filhos, somos também herdeiros 3. A herança que nos cabe é um conjunto de bens incalculáveis e de felicidade sem limites, que só no Céu alcançará a sua plenitude e a sua segurança completa. Até esse momento, temos a possibilidade de fazer com essa herança o mesmo que o filho menor da parábola: Poucos dias depois, ajuntando tudo o que lhe pertencia, o filho mais novo partiu para um país muito distante e lá dissipou a sua fortuna vivendo dissolutamente. “Quantos homens ao longo dos séculos e quantos do nosso tempo podem encontrar nesta parábola as características principais da sua própria história pessoal!” 4 Temos a possibilidade de abandonar a casa paterna e gastar os bens que recebemos de um modo indigno da nossa condição de filhos de Deus.
Quando o homem peca gravemente, perde-se para Deus, e também para si mesmo, pois o pecado tira-o do caminho que o conduz ao Céu; é a maior tragédia que pode acontecer a um cristão.
A sua vida honrada, as esperanças que Deus tinha posto nele, a sua vocação para a santidade, o seu passado e o seu futuro desabam. Afasta-se radicalmente do princípio da vida, que é Deus, pela perda da graça santificante. Perde os méritos adquiridos ao longo de toda a vida e torna-se incapaz de adquirir outros, ficando sujeito de algum modo à escravidão do demônio. E quando peca venialmente, lembra-nos João Paulo II que, ainda que não lhe sobrevenha a morte da alma, esse homem detém-se e distancia-se do caminho que o leva ao conhecimento e amor de Deus, razão pela qual as faltas veniais não devem ser consideradas como coisa secundária nem como pecado de pouca importância 5.
“O afastamento do Pai traz sempre consigo uma grande destruição em quem o leva a cabo, em quem quebranta a vontade divina e dissipa em si mesmo a herança: a dignidade da própria pessoa humana, a herança da graça” 6. Aquele que um dia, ao sair de casa, pensou que encontraria a felicidade fora dos limites da sua propriedade, em breve começou a passar necessidade. A satisfação acaba rapidamente e o pecado não produz verdadeira felicidade, uma vez que o demônio não a possui. Vêm logo a solidão e “o drama da dignidade perdida, a consciência da filiação divina posta a perder” 7: o filho da parábola teve que começar a cuidar de porcos, o ofício mais infamante que havia para um judeu. Ó céus, pasmai, tremei de espanto e horror, diz o Senhor. Porque o meu povo cometeu uma dupla perversidade: abandonou-me a mim, fonte de água viva, e cavou para si cisternas gretadas que não retêm a água 8. Longe de Deus, é impossível a felicidade, mesmo que por algum tempo possa parecer o contrário.
II. LONGE DA CASA PATERNA, o filho sente fome. Então, caindo em si, decidiu iniciar o caminho de volta. Assim começa também toda a conversão, todo o arrependimento do homem: caindo em si, fazendo uma pausa, considerando aonde o levou a sua infeliz aventura; fazendo, em resumo, um exame de consciência, que vai desde o momento em que abandonou a casa paterna até a lamentável situação em que se encontra. “Não são suficientes [...] as análises sociológicas para conseguir a justiça e a paz. A raiz do mal está no interior do homem. Por isso, o remédio também brota do coração” 9.
Quando se justifica ou se ignora o pecado, tornam-se impossíveis o arrependimento e a conversão, que têm a sua origem no interior, no que há de mais profundo no ser humano.
É necessário, pois, que nos coloquemos diante das nossas ações com valentia e sinceridade, sem tentar falsas justificações: “Aprendei a chamar branco ao branco e negro ao negro; mal ao mal e bem ao bem. Aprendei a chamar pecado ao pecado” 10, pede-nos o Papa João Paulo II.
No exame de consciência, confrontamos a nossa vida com o que Deus esperava – e espera – dela. Muitos autores espirituais comparam a alma a um quarto fechado. Quando se abrem as janelas e se deixa entrar a luz, distinguem-se todas as imperfeições, a sujeira, tudo o que de feio e quebrado está ali acumulado. Mediante o exame de consciência, com a ajuda da luz da graça, conhecemo-nos como na realidade somos, quer dizer, como somos diante de Deus. Os santos sempre se reconheceram pecadores porque, pela sua correspondência à graça, abriram de par em par as janelas à luz de Deus, e puderam conhecer bem todo o local, a sua alma.
Mediante o exame, descobrimos também as omissões no cumprimento do nosso compromisso de amor para com Deus e para com os homens, e nos perguntamos: a que se devem tantos descuidos? Quando não encontramos nada de que arrepender-nos, não costuma ser por não termos faltas e pecados, mas por rejeitarmos essa luz de Deus que nos indica a todo o momento a verdadeira situação da nossa alma. Se fechamos a janela, o quarto fica às escuras e deixamos de ver o pó, a cadeira mal colocada, o quadro torto e outras imperfeições e descuidos..., talvez graves.
Não esqueçamos, por último, que a soberba também tentará impedir que nos vejamos tal como somos: Taparam os ouvidos e fecharam os olhos para não ver 11. Os fariseus, a quem Jesus aplica estas palavras, tornaram-se voluntariamente surdos e cegos, porque no fundo não estavam dispostos a mudar.
III. LEVANTOU-SE, pois, e foi ter com seu pai.
Desfazer o que se fez. Voltar. O homem continua saudoso do calor do seu lar, do semblante de seu pai, do carinho que o rodeava. A dor torna-se mais nobre, e mais sincera a frase que preparou: Pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como a um dos teus jornaleiros.
Todos nós, chamados à santidade, somos também o filho pródigo. “De certo modo, a vida humana é um constante retorno à casa do nosso Pai. Retorno mediante a contrição, mediante a conversão do coração, que se traduz no desejo de mudar, na decisão firme de melhorar de vida, e que, portanto, se manifesta em obras de sacrifício e de doação. Retorno à casa do Pai por meio desse sacramento do perdão em que, ao confessarmos os nossos pecados, nos revestimos de Cristo e nos tornamos assim seus irmãos, membros da família de Deus” 12.
Aproximamo-nos deste sacramento com o desejo de confessar a nossa falta, sem desfigurá-la, sem justificações: Pequei contra o céu e contra ti. Com humildade e simplicidade, sem circunlóquios. É pela sinceridade que se manifesta o arrependimento das faltas cometidas.
O filho chega faminto, sujo e esfarrapado. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos.
Correu-lhe ao encontro... Enquanto o arrependimento costuma formar-se lentamente, a misericórdia do nosso Pai-Deus corre para nós logo que percebe de longe o nosso menor desejo de voltar. Por isso a Confissão está impregnada de alegria e de esperança. “É a alegria do perdão de Deus, mediante os seus sacerdotes, quando por desgraça ofendemos o seu infinito amor e, arrependidos, voltamos para os seus braços de Pai” 13.
As palavras de Deus, que recuperou o seu filho perdido e aviltado, também transbordam de alegria. Trazei-me depressa a túnica mais rica e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos uma festa, pois este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E puseram-se a celebrar a festa.
A túnica mais rica converte-o em hóspede de honra; o anel devolve-lhe o poder de selar, isto é, a autoridade, todos os direitos; e as sandálias declaram-no homem livre. “É no Sacramento da Penitência que tu e eu nos revestimos de Jesus Cristo e dos seus merecimentos” 14.
Na Confissão, o Senhor devolve-nos o que tínhamos perdido por culpa própria: a graça e a dignidade de filhos de Deus. Ele estabeleceu este sacramento da sua misericórdia para que pudéssemos voltar sempre ao lar paterno. E o retorno acaba sempre numa festa cheia de alegria. Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa 15.
Depois de receber a absolvição e cumprir a penitência imposta pelo confessor, “o penitente, esquecendo-se do que fica para trás 16, integra-se novamente no mistério da salvação e encaminha-se para os bens futuros” 17.
(1) Sl 144, 8-9;Antífona de entrada da Missa do sábado da segunda semana da Quaresma; (2) Lc 15, 1-3; 11-32; (3) Rom 8, 17; (4) João Paulo II, Homilia, 16-III-1980; (5) cfr. João Paulo II, Exort. Apost. Reconciliatio et paenitentia, 17; (6) Conc. Vat. II, op. cit.; (7) João Paulo II, Enc.Dives in misericordia, 5; (8) Jer 2, 12-13; (9) João Paulo II, Disc. a UNIV em Roma, 11-IV-1979; (10) João Paulo II, Hom. para universitários em Roma, 26-III-1981; (11) Mt 13, 15; (12) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 64; (13) João Paulo II, Alocução a peregrinos napolitanos, Roma, 24-III-1979; (14) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 310; (15) Lc 15, 10; (16) Fil 3, 13; (17) Ritual da Penitência.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
Detestar o Pecado
TEMPO DA QUARESMA. SEGUNDA SEMANA. SEXTA-FEIRA
– Os nossos pecados e a Redenção. O verdadeiro mal do mundo.
– A Quaresma, ocasião propícia que a Igreja nos oferece para aumentarmos a luta contra o pecado. A malícia do pecado venial.
– A luta contra o pecado venial deliberado. Sinceridade. Exame. Contrição.
I. DEUS AMOU-NOS e enviou o seu Filho para expiar os nossos pecados 1. A liturgia destes dias aproxima-nos pouco a pouco do mistério central da Redenção. Propõe-nos personagens do Antigo Testamento que são imagens de Nosso Senhor. Hoje, a primeira leitura da Missa fala-nos de José, que, pela traição dos seus irmãos, chegou a ser providencialmente o salvador da família e de toda a região 2. É figura de Cristo Redentor.
José era o filho predileto de Jacó, e por incumbência do pai vai à procura dos seus irmãos. Percorre um longo caminho até encontrá-los: leva-lhes boas notícias do pai e alimentos. A princípio, os irmãos – que o invejam e odeiam por ser o predileto – pensam em matá-lo; mas depois vendem-no como escravo, e assim José é levado para o Egito. Deus serviu-se dessa circunstância para lhe dar, anos mais tarde, um alto cargo naquele país. Em tempos de grande fome, será o salvador dos seus irmãos, esquecendo o crime que cometeram, e a terra do Egito, onde as tribos israelitas se estabelecem por benevolência de José, converte-se no berço do Povo eleito. Todos os que recorrem ao Faraó com pedidos de ajuda são por ele enviados a José: Ide a José, dizia-lhes sempre.
O Senhor também foi enviado pelo Pai para ser a luz do mundo: Veio para o que era seu, e os seus não o receberam 3... Enviou o seu próprio filho, dizendo: Hão de respeitar o meu filho. Os lavradores, porém, quando viram o filho, disseram entre si: É o herdeiro; matemo-lo e teremos a sua herança. E, agarrando-o, arrastaram-no para fora da vinha e mataram-no 4. A mesma coisa fizeram com o Senhor: conduziram-no para fora da cidade e o crucificaram.
Os pecados dos homens foram a causa da morte de Jesus Cristo. Todo o pecado está íntima e misteriosamente relacionado com a Paixão de Jesus. Só reconheceremos a sua malícia se, com a ajuda da graça, soubermos relacioná-lo com o mistério da Redenção. Só assim poderemos purificar verdadeiramente a alma e fazer crescer a contrição pelas nossas faltas e pecados.
A conversão que o Senhor nos pede insistentemente, e de modo especial neste tempo da Quaresma, enquanto nos aproximamos da Semana Santa, deve ter, pois, como ponto de partida uma recusa firme de todo o pecado e de todas as circunstâncias que nos ponham em perigo de ofender a Deus.
A renovação moral, tão necessária para o mundo, parte da convicção profunda de que “[...] na terra, só há um mal que deverás temer e evitar com a graça divina: o pecado” 5. Pelo contrário, “a perda do sentido do pecado é uma forma ou um fruto da negação de Deus [...]. Se o pecado é a ruptura da relação filial com Deus, imbuída do propósito de levar uma vida à margem da obediência que lhe devemos, então pecar não é só negar a Deus, mas também viver como se Ele não existisse, bani-lo do próprio quotidiano” 6. Nós não queremos apagar o Senhor da nossa vida, mas empenhar-nos em que esteja cada vez mais presente nela.
“Podemos afirmar muito bem – diz o santo Cura d’Ars – que a Paixão a que os judeus submeteram o Senhor era quase nada, comparada com a que os cristãos lhe fazem suportar com os ultrajes do pecado mortal [...]. Qual não será o nosso horror quando Jesus Cristo nos mostrar as coisas pelas quais o abandonamos!” 7 Quantas estupidezes em troca de tanto bem! Pela misericórdia divina, com a ajuda da sua graça, nós não deixaremos o Senhor, e procuraremos que muitos que estão longe se aproximem dEle.
II. PARA COMPREENDERMOS melhor a malícia do pecado, devemos contemplar o que Jesus sofreu pelas nossas faltas. Na agonia de Getsêmani, vemo-lo padecer o indizível. Aquele que não conheceu o pecado fez-se pecado por nós 8, diz São Paulo; carregou com todos os nossos horrores, chegando a derramar suor de sangue. “Jesus, só e triste, sofria e empapava a terra com o seu sangue. De joelhos sobre a terra dura, persevera na oração... Chora por ti... e por mim: esmaga-o o peso dos pecados dos homens” 9. É uma cena que devemos recordar muitas vezes, diariamente, e muito especialmente quando as tentações se tornam mais fortes.
A conversão pessoal que o Senhor nos pede depende da atitude que tomemos em face do pecado venial deliberado, pois os pecados veniais, quando não se luta por evitá-los ou não há suficiente contrição depois de cometê-los, causam um grande mal à alma, tornando-a insensível e indiferente às inspirações e moções do Espírito Santo. Debilitam a vida da graça, tornam mais difícil o exercício das virtudes e inclinam-nos para o pecado mortal.
“Muitas almas piedosas – diz um autor dos nossos dias – andam num contínuo mau humor, enfermam de pouco cuidado nos pormenores, são impacientes ou pouco caritativas nos seus pensamentos, juízos e palavras, falsas nas suas conversas e atitudes, lentas e relaxadas na sua piedade, não se dominam a si mesmas, são frívolas na linguagem, tratam com ligeireza a boa fama do próximo. Conhecem os seus defeitos e infidelidades, talvez se acusem deles em confissão, mas não se arrependem seriamente de os ter cometido nem empregam os meios com que os poderiam evitar. Não compreendem que cada uma dessas imperfeições é um peso de chumbo que as arrasta para baixo, não reparam que estão começando a pensar de uma maneira puramente humana, a agir unicamente por razões naturais, nem que resistem habitualmente às inspirações da graça ou que abusam dela. A alma perde assim o esplendor da sua beleza, e Deus vai-se afastando dela cada vez mais. Pouco a pouco, a alma perde os seus pontos de contacto com o Senhor: já não vê nele o Pai amoroso e amado a quem se entregava com ternura filial; algo se interpôs entre os dois” 10. É o caminho, já iniciado, da tibieza.
Demonstraremos o nosso amor a Deus, a nossa correspondência à graça, na luta decidida por desterrar da nossa vida todo o pecado: “Que pena me dás enquanto não sentires dor dos teus pecados veniais! – Porque, até então, não terás começado a ter verdadeira vida interior” 11.
Peçamos hoje à Virgem que nos conceda a graça de detestar, não só o pecado mortal, mas também o pecado venial deliberado.
III. “RESTABELECER o justo sentido do pecado é a primeira forma de combater a grave crise espiritual que pende sobre o homem do nosso tempo” 12.
Também para empreender decididamente a luta contra o pecado venial é preciso reconhecê-lo como tal, como ofensa a Deus que retarda a união com Ele. É preciso chamá-lo pelo seu nome, sem desculpas, sem diminuir a importância transcendental que tem para os que verdadeiramente desejam ir para Deus. Os movimentos de ira, inveja ou sensualidade não afastados com rapidez; o desejo de ser o centro de tudo, de chamar a atenção; a preocupação exclusiva com o próprio eu, com as coisas e interesses próprios, que leva à perda da capacidade de interessar-se pelos outros; as práticas de piedade feitas com rotina, com pouca atenção e pouco amor; os juízos levianos e pouco caritativos sobre o próximo..., tudo isso são pecados veniais, e não apenas faltas ou imperfeições.
Devemos pedir ao Espírito Santo que nos ajude a reconhecer com sinceridade as nossas faltas e pecados, a ter uma consciência delicada, que pede perdão e não justifica os seus erros. “Aquele que estiver com o olfato da alma em boas condições – dizia Santo Agostinho – perceberá como fedem os seus pecados” 13.
Os santos compreenderam com absoluta clareza, à luz da fé e do amor, que um só pecado – sobretudo mortal, mas também o venial – constitui uma desordem maior que o pior cataclismo que possa assolar a terra, “pois o bem da graça de um só homem é maior que o bem natural do universo inteiro” 14.
Fomentemos um sincero arrependimento das nossas faltas e pecados, lutemos por tirar toda a rotina ao recorrermos ao sacramento da Misericórdia divina. “Deves ter verdadeira dor dos pecados que confessas, por mais leves que sejam – aconselha São Francisco de Sales –, e fazer um firme propósito de emenda para o futuro. Muitos perdem grandes bens e muito aproveitamento espiritual porque, confessando-se dos pecados veniais por costume e mero cumprimento, sem pensar em emendar-se, permanecem durante toda a vida com eles” 15.
A Virgem Santa Maria, Refúgio dos pecadores, ajudar-nos-á a cultivar uma consciência delicada, a ser sinceros conosco próprios e nas nossas confissões, e a saber arrepender-nos prontamente das nossas fraquezas.
(1) 1 Jo 4, 10; Antífona da comunhão da Missa da sexta-feira da segunda semana da Quaresma; (2) Gen 3-4; 12-13; 17-28; (3) Jo 1, 11; (4) Mt 21, 33-43; 45-46; Evangelho da Missa da sexta-feira da segunda semana da Quaresma; (5) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 386; (6) João Paulo II, Exort. Apost. Reconciliatio et paenitentia, 2-XII-1984, 18; (7) Cura d’Ars, Sermão sobre o pecado; (8) cfr. 2 Cor 5, 21; (9) São Josemaría Escrivá, Santo Rosário, 2ª ed., Quadrante, São Paulo, 1988, Iº mist. doloroso; (10) B. Baur, A vida espiritual, pág. 64; (11) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 330; (12) João Paulo II, op. cit.; (13) Santo Agostinho, Coment. sobre o Salmo 37; (14) São Tomás, Suma Teológica, 1-2, q. 113, a. 9, ad. 2; (15) São Francisco de Sales, Introdução à vida devota, II, 19.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
Santa Eufrásia
13 de Março
Santa Eufrásia
Santa Eufrásia, cuja festa é celebrada neste dia 13 de março, viveu no século IV e foi filha de um parente do imperador romano Teodósio I. Segundo a tradição, provinha de uma família nobre e, por isso, foi tentada frequentemente pelo demônio a levar uma vida de luxo.
Também era atacada por satanás enquanto trabalhava ou jejuava, mas sempre continuava com seus sacrifícios para que fossem agradáveis a Deus. Foi assim que recebeu o dom de fazer milagres e expulsar maus espíritos. Curou muitos doentes e possuídos: como um menino que não podia andar ou uma religiosa possuída que lhe fazia a vida impossível.
Quando Eufrásia tinha 1 ano, seu pai faleceu e ela foi criada sob a proteção do imperador Teodósio I, que se encarregou de cuidar tanto dela como de sua mãe. Ao completar 5 anos, o imperador a prometeu em casamento ao filho de um rico senador romano para quando tivesse idade suficiente.
Aos 7 anos, Eufrásia viajou com sua mãe para o Egito, onde conheceram eremitas e monges da Tebaida. Começaram a visitar o mosteiro de Santa Maria, fundado por São Cirilo de Alexandria e Santa Sara, e se tornaram amigas das monjas do lugar.
A pequena Eufrásia se sentiu fortemente atraída para a vida religiosa eremita e pediu às monjas que permitissem que permanecesse com elas, tomando o hábito como noviça aos 8 anos. Em seguida, sua mãe faleceu e a santa permaneceu na solidão do convento, crescendo em graça.
Quando a jovem completou 12 anos, o imperador Arcádio recordou a promessa que seu predecessor Teodósio I havia feito e enviou uma mensagem ao convento do Egito, pedindo a Eufrásia que regressasse para se casar com o senador a quem havia sido prometida.
A santa se negou a abandonar o convento e escreveu uma carta ao imperador suplicando que a deixasse em liberdade, que vendesse todos os bens herdados de seus pais para que fossem distribuídos entre os pobres, assim como deixar livres todos os escravos de sua casa.
O imperador concordou com a vontade de Eufrásia, embora considerasse que a herança dela deveria lhe pertencer. A jovem prosseguiu com sua vida no convento atravessando diversas tentações que combateu com a graça, caridade e invocando o nome de Cristo.
Quando a santa fez 30 anos, a abadessa do convento, Sara, teve uma visão na qual Cristo glorioso tomava Eufrásia por esposa no paraíso.
Em pouco tempo, Santa Eufrásia teve febres e, em seu leito de morte, tanto sua companheira de cela, Júlia, como a abadessa imploraram à santa que lhes obtivesse a graça de estar com ela no céu. Três dias depois da morte de Eufrásia, Júlia faleceu e, pouco tempo depois, aconteceu o mesmo com a abadessa.
Fonte: ACI Digital
13 de Março 2020
A SANTA MISSA

2ª Semana da Quaresma – Sexta-feira
Cor: Roxa
1ª Leitura: Gn 37, 3-4.12-13a.17b-28
Aí vem o sonhador! Vamos matá-lo
Leitura do Livro do Gênesis
3 3Israel amava mais a José do que a todos os outros filhos, porque lhe tinha nascido na velhice. E por isso mandou fazer para ele uma túnica de mangas longas. 4 Vendo os irmãos que o pai o amava mais do que a todos eles, odiavam-no e já não lhe podiam falar pacificamente. 12 Ora, como os irmãos de José tinham ido apascentar o rebanho do pai em Siquém, 13a disse Israel a José: ‘Teus irmãos devem estar com os rebanhos em Siquém. Vem, vou enviar-te a eles’. 17b Partiu, pois, José atrás de seus irmãos e encontrou-os em Dotaim. 18 Eles, porém, tendo-o visto ao longe, antes que se aproximasse, tramaram a sua morte. 19 Disseram entre si: ‘Aí vem o sonhador!
20 Vamos matá-lo e lança-lo numa cisterna, depois diremos que um animal feroz o devorou. Assim veremos de que lhe servem os sonhos’. 21 Rúben, porém, ouvindo isto, disse-lhes: 22 ‘Não lhe tiremos a vida’! E acrescentou: ‘Não derrameis sangue, mas lançai-o naquela cisterna do deserto, e não o toqueis com as vossas mãos’. Dizia isto, porque queria livrá-lo das mãos deles e devolvê-lo ao pai. 23 Assim que José chegou perto dos irmãos, estes despojaram-no da túnica de mangas longas, pegaram nele 24 e lançaram-no numa cisterna que não tinha água. 25 Depois, sentaram-se para comer. Levantando os olhos, avistaram uma caravana de ismaelitas, que se aproximava, proveniente de Galaad. Os camelos iam carregados de especiarias, bálsamo e resina, que transportavam para o Egito. 26 E Judá disse aos irmãos: ‘Que proveito teríamos em matar nosso irmão e ocultar o seu sangue? 27 É melhor vendê-lo a esses ismaelitas e não manchar nossas mãos, pois ele é nosso irmão e nossa carne’. Concordaram os irmãos com o que dizia. 28 Ao passarem os comerciantes madianitas, tiraram José da cisterna, e por vinte moedas de prata o venderam aos ismaelitas: e estes o levaram para o Egito.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 104, 16-17.18-19.20-21 (R. 5a)
R. Lembrai sempre as maravilhas do Senhor!
16 Mandou vir, então, a fome sobre a terra *
e os privou de todo pão que os sustentava;
17 um homem enviara à sua frente, *
José que foi vendido como escravo. R.
18 Apertaram os seus pés entre grilhões *
e amarraram seu pescoço com correntes,
19 até que se cumprisse o que previra, *
e a palavra do Senhor lhe deu razão. R.
20 Ordenou, então, o rei que o libertassem, *
o soberano das nações mandou soltá-lo;
21 fez dele o senhor de sua casa, *
e de todos os seus bens o despenseiro. R.
Evangelho: Mt 21,33-43.45-46
Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo!
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, dirigindo-se Jesus aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo, disse-lhes: 33 Escutai esta outra parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, fez nela um lagar para esmagar as uvas e construiu uma torre de guarda. Depois arrendou-a a vinhateiros, e viajou para o estrangeiro. 34 Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos vinhateiros para receber seus frutos. 35 Os vinhateiros, porém, agarraram os empregados, espancaram a um, mataram a outro, e ao terceiro apedrejaram. 36 O proprietário mandou de novo outros empregados, em maior número do que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma forma. 37 Finalmente, o proprietário, enviou-lhes o seu filho, pensando: ‘Ao meu filho eles vão respeitar’. 38 Os vinhateiros, porém, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo e tomar posse da sua herança!’ 39 Então agarraram o filho, jogaram-no para fora da vinha e o mataram. 40 Pois bem, quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros?’ 41 Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: ‘Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo.’ 42 Então Jesus lhes disse: ‘Vós nunca lestes nas Escrituras: ‘a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos’? 43 Por isso eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos. 45 Os sumos sacerdotes e fariseus ouviram as parábolas de Jesus, e compreenderam que estava falando deles. 46 Procuraram prendê-lo, mas ficaram com medo das multidões, pois elas consideravam Jesus um profeta.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!