Santos Jonas e Barachiso
29 de Março
Santo Jonas e Barachiso
A narrativa do martírio sofrido pelos irmãos cristãos, Jonas e Barachiso, persas da cidade de Beth-Asa, em 327, é uma das páginas mais violentas do sofrimento católico. Entretanto, a descrição das torturas infligidas aos irmãos foi registrada por um pagão, o comandante da cavalaria do mandante imperador sanguinário.
Além do martírio, pouco se sabe da vida deles, bem como suas origens. A biografia conhecida dos dois, começa quando visitaram cristãos encarcerados na cidade de Hubahan. A Igreja da Pérsia sofria na época uma das mais cruéis perseguições de que se tem notícia, decretada e comandada pelo imperador Sapor. Jonas e Barachiso resolveram enfrentar os perigos para consolar os cristãos que, dias depois, seriam martirizados. Só naquela prisão, haviam nove condenados à morte.
Por sua atitude, ambos, foram presos e levados à presença do juiz. Aí começou a descrição de todo o terror. Como se negaram a adorar o rei, o sol e a lua, falsos deuses, o juiz mandou separá-los para tentar enganar os irmãos. Barachiso foi colocado no calabouço, enquanto Jonas era barbaramente açoitado. Depois, teve os pés atados e foi jogado nas águas cobertas de gelo.
O juiz chamou então Barachiso e relatou as torturas de Jonas, dizendo-lhe que seu irmão tinha sacrificado aos deuses. Barachiso não acreditou e fez um discurso tão eloquente em defesa do cristianismo, que o juiz ordenou que seu processo continuasse somente à noite, longe do público, temeroso de que suas palavras acabassem convertendo ali mesmo alguns pagãos. Como castigo, mandou que colocassem ferros em brasa em seus braços. Os torturadores lhe deitaram chumbo derretido pelas narinas e olhos. Foi devolvido ao calabouço, pendurado por um dos pés.
No dia seguinte, o juiz tentou a mesma tática com Jonas, depois de mandar tirá-lo das águas geladas. Disse que Barachiso tinha abandonado sua religião. Este também não acreditou e respondeu com outro discurso fervoroso. Em contrapartida, os torturadores cortaram-lhe as mãos e os pés, arrancaram-lhe a língua e o couro cabeludo, jogaram seu corpo no piche em ebulição, depois cortaram seu corpo em pedaços e jogaram numa cisterna. Quanto a Barachiso, bateram-lhe com ferros pontiagudos, deitaram-lhe piche e enxofre ferventes pela boca, e o maltrataram até que não desse mais sinais de vida.
Realmente, trata-se de uma página chocante do cristianismo dos primeiros tempos, mas importante e cujo registro se faz necessário, para que continue preservada no conhecimento dos católicos dos nossos tempos. De maneira que se compreenda como a fé em Cristo sobrevive a todos os suplícios psicológicos e de sangue através dos séculos para a glória na eternidade de Jesus, o Redentor da humanidade.
Fonte: Paulinas Internet
Um Clamor de Justiça
TEMPO DA QUARESMA. QUINTO DOMINGO
– Desejo de justiça e de maior paz no mundo. Respeitar as exigências da justiça na nossa vida pessoal e no âmbito em que ela se desenvolve.
– Cumprimento dos deveres profissionais e sociais.
– Santificar a sociedade a partir de dentro. Virtudes que ampliam e aperfeiçoam o campo da justiça.
I. FAZEI-ME JUSTIÇA, ó Deus, e defendei a minha causa... Pois Vós, ó meu Deus, sois a minha fortaleza 1, rezamos na antífona de entrada da Missa.
Grande parte da humanidade clama aos brados por uma maior justiça, por “uma paz melhor assegurada num ambiente de respeito mútuo entre os homens e entre os povos” 2. Este desejo de construir um mundo mais justo, em que se respeite mais o homem criado por Deus à sua imagem e semelhança, é parte fundamental da fome e sede de justiça 3 que deve palpitar no coração cristão.
Toda a pregação de Jesus Cristo é um apelo à justiça (na sua plenitude, sem reducionismo) e à misericórdia. O próprio Senhor condena os fariseus que devoram as casas das viúvas, enquanto fingem longas orações 4. E é o Apóstolo Tiago quem dirige esta severa censura aos que se enriquecem mediante a fraude e a injustiça: As vossas riquezas estão podres [...]. Eis que brada aos céus o salário que defraudastes aos trabalhadores que ceifavam os vossos campos, e os gritos dos ceifadores chegaram aos ouvidos do Senhor dos exércitos 5.
Fiel ao ensinamento da Sagrada Escritura, a Igreja pede-nos que nos unamos urgentemente a este clamor do mundo e o convertamos numa oração que chegue até o nosso Pai-Deus. Ao mesmo tempo, anima-nos e concita-nos a observar as exigências da justiça na vida pessoal, profissional e social, e a sair em defesa daqueles que – por serem mais fracos – não podem fazer valer os seus direitos. Não são próprias do cristão as lamentações estéreis. O Senhor, ao invés de queixas inúteis, quer que o desagravemos pelas injustiças que todos os dias se cometem no mundo, e que procuremos remediar todas as que possamos, começando pelas que estão ao nosso alcance, no âmbito em que se desenvolve a nossa vida: a mãe de família no seu lar e com as pessoas com quem se relaciona, o empresário na empresa, o professor na Universidade...
A solução definitiva para instaurar e promover a justiça em todos os níveis está no coração de cada homem, pois é nele que se forjam todas as injustiças existentes e que está a possibilidade de tornar retas todas as relações humanas. “O homem, negando e tentando negar a Deus, seu Princípio e Fim, altera profundamente a sua ordem e equilíbrio interior, o da sociedade e também o da criação visível. É em conexão com o pecado que a Escritura considera o conjunto das calamidades que oprimem o homem no seu ser individual e social” 6.
Por isso, nós, cristãos, não podemos esquecer que quando, mediante o apostolado pessoal, aproximamos os homens de Deus, estamos construindo um mundo mais humano e mais justo. Além disso, a nossa fé intima-nos urgentemente a nunca eludir o compromisso pessoal de sair em defesa da justiça, particularmente no âmbito dos direitos fundamentais da pessoa: o direito à vida, ao trabalho, à educação, à boa fama... “Cumpre-nos defender o direito, que todos os homens têm, de viver, de possuir o necessário para desenvolver uma existência digna, de trabalhar e descansar, de escolher o seu estado, de formar um lar, de trazer filhos ao mundo dentro do matrimônio e de poder educá-los, de passar serenamente o tempo da doença ou da velhice, de ter acesso à cultura, de associar-se com os demais cidadãos para atingir fins lícitos, e, em primeiro lugar, de conhecer e amar a Deus com plena liberdade” 7.
Na nossa esfera pessoal, devemos perguntar-nos se executamos com perfeição e intensidade o trabalho pelo qual nos pagam, se remuneramos devidamente as pessoas que nos prestam serviços, se exercemos responsavelmente os direitos e deveres que podem influir na configuração das instituições de que fazemos parte, se defendemos o bom nome dos outros, se saímos em defesa dos fracos, se fazemos silenciar as críticas difamatórias que podem surgir à nossa volta... É assim que amaremos a justiça.
II. OS DEVERES PROFISSIONAIS são um campo excelente para vivermos a virtude da justiça. Dar a cada um o que é seu – característica própria dessa virtude – significa neste caso cumprir aquilo a que nos comprometemos. O patrão, a dona de casa, o chefe, obrigam-se a remunerar as pessoas que trabalham às suas ordens de acordo com as leis civis justas e com os ditames de uma consciência reta, que muitas vezes irá mais longe que a própria lei.
Por seu turno, os operários e empregados têm o grave dever de trabalhar responsavelmente, com espírito profissional, aproveitando o tempo. A laboriosidade apresenta-se assim como uma manifestação prática da justiça. “Não acredito na justiça dos folgazões, porque com o seu dolce far niente – como dizem na minha querida Itália – faltam, e às vezes de modo grave, ao mais fundamental dos princípios da eqüidade: o do trabalho” 8.
O mesmo princípio se pode aplicar aos estudantes. Têm o grave dever de estudar – é o seu trabalho – e contraíram uma obrigação de justiça para com a família e a sociedade, que os sustentam economicamente para que se preparem e possam vir a prestar serviços eficazes.
Os deveres profissionais são, por outro lado, o caminho mais à mão com que contamos ordinariamente para colaborar na resolução dos problemas sociais e para intervir na construção de um mundo mais justo. No seu desejo de construir esse mundo, o cristão deve ser exemplar no cumprimento das legítimas leis civis, porque, se essas leis são justas, são queridas por Deus e constituem a base da própria convivência humana. Como cidadãos correntes que são, os cristãos devem ser exemplares no pagamento dos impostos justos, necessários para que a sociedade organizada possa chegar aonde o indivíduo pessoalmente seria ineficaz. Pagai a todos o que lhes é devido: a quem imposto, imposto; a quem tributo, tributo; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra 9. É necessário, pois, submeter-se, não só por temor do castigo, mas por dever de consciência 10. Assim viveram os cristãos desde o começo as suas obrigações sociais, mesmo no meio das perseguições e do paganismo dos poderes públicos. “Tal como aprendemos dEle (de Cristo) – escrevia São Justino, nos meados do século II –, nós procuramos pagar os tributos e contribuições, integralmente e com prontidão, aos vossos encarregados” 11.
Entre os deveres sociais do cristão, o Concílio Vaticano II recorda “o direito e ao mesmo tempo o dever [...] de votar para promover o bem comum” 12. Desinteressar-se de manifestar a própria opinião nos diferentes níveis em que devemos exercer os nossos direitos sociais e cívicos seria uma falta contra a justiça, às vezes grave, se essa abstenção favorecesse candidaturas (tanto na composição dos parlamentos como na das associações de pais e mestres de um colégio, na direção de uma escola profissional, etc.) cujo programa se opusesse aos princípios da doutrina cristã. Com maior razão, seria uma irresponsabilidade, e talvez uma grave falta contra a justiça, apoiar organizações ou pessoas que não respeitassem na sua atuação os fundamentos da lei natural e da dignidade humana (aborto, divórcio, liberdade de ensino, respeito à família...)
III. “O CRISTÃO que queira viver a sua fé numa ação política concebida como serviço, não pode aderir – sem contradizer-se – a sistemas ideológicos que se oponham, radicalmente ou em pontos substanciais, à sua fé e à sua concepção do homem. Não é lícito, portanto, favorecer a ideologia marxista, o seu materialismo ateu, a sua dialética de violência e a maneira como entende a liberdade individual dentro da sociedade, negando ao mesmo tempo qualquer transcendência ao homem e à sua história pessoal e coletiva. O cristão também não apoia a ideologia liberal, que julga exaltar a liberdade individual subtraindo-a a qualquer limitação, estimulando-a mediante a procura exclusiva do interesse e do poder, e considerando as solidariedades sociais como conseqüências mais ou menos automáticas das iniciativas individuais, e não como fim e motivo primário do valor da organização social” 13.
Unimo-nos hoje a esse desejo de uma maior justiça, que é uma das características do nosso tempo 14. Pedimos ao Senhor uma maior justiça e uma maior paz, rezamos pelos governantes, como sempre se fez na Igreja 15, para que sejam promotores da justiça, da paz e de um maior respeito pela dignidade da pessoa. E, dentro daquilo que está nas nossas mãos, fazemos o propósito de introduzir as exigências do Evangelho na nossa vida pessoal, na família, no mundo em que cada dia nos movemos e do qual participamos.
Além do que cabe em sentido estrito à virtude da justiça, viveremos também aquelas outras manifestações de virtudes naturais e sobrenaturais que a completam e enriquecem: a lealdade, a afabilidade, a alegria... E sobretudo a fé, que nos dá a conhecer o verdadeiro valor da pessoa, bem como a caridade, que nos leva a comportar-nos com os outros muito além do que nos pediria a estrita justiça, porque vemos nos outros filhos de Deus, o próprio Cristo que nos diz: Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes 16.
(1) Sl 42, 1; (2) Paulo VI, Carta Apost. Octogesima adveniens, 14-V-1971; (3) cfr. Mt 5, 6; (4) Mc 12, 40; (5) Ti 5, 2-4; (6) S. C. para a doutrina da fé, Instr. sobre a liberdade cristã e a libertação, 22-III-1986, n. 38; (7) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 171; (8) ib., n. 169; (9) Rom 13, 7; (10) cfr. Rom 13, 7; (11) São Justino, Apologética I, 7; (12) Conc. Vat. II, Const. Gaudium et spes, 75; (13) Paulo VI, Carta Apost. Octogesima adveniens, 14-V-1971; (14) cfr. S. C. para a doutrina da fé, op. cit., 1; (15) cfr. 1 Tim 2, 1-2; (16) cfr. Mt 25, 40.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
28 de Março 2020
A SANTA MISSA

4ª Semana da Quaresma – Sábado
Cor: Roxa
1ª Leitura: Jr 11,18-20
Eu era como manso cordeiro levado ao sacrifício.
Leitura do Livro do Profeta Jeremias
18 Senhor, avisaste-me e eu entendi; fizeste-me saber as intrigas deles. 19 Eu era como manso cordeiro levado ao sacrifício, e não sabia que tramavam contra mim: ‘Vamos cortar a árvore em toda sua força, eliminá-lo do mundo dos vivos, para seu nome não ser mais lembrado.’ 20 E tu, Senhor dos exércitos, que julgas com justiça e perscrutas os afetos do coração, concede que eu veja a vingança que tomarás contra eles, pois eu te confiei a minha causa.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 7, 2-3. 9bc-10. 11-12 (R. 2a)
R. Senhor meu Deus, em vós procuro o meu refúgio.
2 Senhor meu Deus, em vós procuro o meu refúgio: *
vinde salvar-me do inimigo, libertai-me!
3 Não aconteça que agarrem minha vida +
como um leão que despedaça a sua presa, *
sem que ninguém venha salvar-me e libertar-me! R.
9b Julgai-me, Senhor Deus, como eu mereço *
9c e segundo a inocência que há em mim!
10 Ponde um fim à iniquidade dos perversos, +
e confirmai o vosso justo, ó Deus-justiça, *
vós que sondais os nossos rins e corações. R.
11 O Deus vivo é um escudo protetor, *
e salva aqueles que têm reto coração.
12 Deus é juiz, e ele julga com justiça, *
mas é um Deus que ameaça cada dia. R.
Evangelho: Jo 7,40-53
Porventura o Messias virá da Galileia?
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo: 40 Ao ouvirem as palavras de Jesus, algumas pessoas da multidão diziam: ‘Este é, verdadeiramente, o Profeta.’ 41 Outros diziam: ‘Ele é o Messias’. Mas alguns objetavam: Porventura o Messias virá da Galileia? 42 Não diz a Escritura que o Messias será da descendência de Davi e virá de Belém, povoado de onde era Davi?’ 43 Assim, houve divisão no meio do povo por causa de Jesus. 44 Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém pôs as mãos nele. 45 Então, os guardas do Templo voltaram para os sumos sacerdotes e os fariseus, e estes lhes perguntaram: ‘Por que não o trouxestes?’ 46 Os guardas responderam: ‘Ninguém jamais falou como este homem.’ 47 Então os fariseus disseram-lhes: ‘Também vós vos deixastes enganar? 48 Por acaso algum dos chefes ou dos fariseus acreditou nele? 49 Mas esta gente que não conhece a Lei, é maldita!’ 50 Nicodemos, porém, um dos fariseus, aquele que se tinha encontrado com Jesus anteriormente, disse: 51 ‘Será que a nossa Lei julga alguém, antes de o ouvir e saber o que ele fez?’ 52 Eles responderam: ‘Também tu és galileu, porventura? Vai estudar e verás que da Galileia não surge profeta.’ 53 E cada um voltou para sua casa.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
São Xisto III
28 de Março
São Xisto III
Pouco se sabe sobre as origens de São Xisto III, antes de ele se tornar Papa. Sabe-se que uma das grandes marcas de seu pontificado foi a amizade com Santo Agostinho e a luta contra algumas heresias que ameaçavam o futuro da Igreja. Nisso, ele teve papel determinante.
A princípio, antes de ser Papa, São Xisto assumiu uma posição de neutralidade a respeito da “doutrina” dos pelagianos e de uma controvérsia sobre isso que apareceu no sul da França. Porém, foi sabiamente advertido pelo papa Zózimo e, com a ajuda de Santo agostinho, reconheceu seu erro. Agostinho, com efeito, combatia com toda a força a heresia pelagiana. Os dois mantinham constante contato através de cartas.
A doutrina pelagiana, criada por um indivíduo de sobrenome Pelágio, negava a realidade do pecado original, bem como a fragilidade e a corrupção inerente à natureza humana. A doutrina defendia também a ideia de que o homem, por sua própria força, tinha a capacidade para não pecar, “não precisando”, assim, da graça de Deus.
São Xisto III foi eleito Papa no ano 432. Logo que assumiu, começou a agir com muita firmeza e austeridade com todos aqueles que se desviavam da verdadeira Doutrina Católica. Santo Agostinho o ajudou no discernimento e na maneira de agir com relação às heresias. Assim, São Xisto III conseguiu acabar definitivamente com doutrina pelagiana dentro da Igreja.
São Xisto III também soube conduzir com prudência e sabedoria ações conciliadoras em relação ao nestorianismo, outra ideologia criada por Nestório. Esta, continha desvios acerca do verdadeiro papel da Virgem Maria na história da Salvação. O Papa Xisto III acabou com a controvérsia que estava acontecendo entre os padres João de Antioquia e outro chamado Cirilo, que era p patriarca da cidade de Constantinopla.
O papa Xisto III demonstrou ainda forte autoridade papal numa disputa com um patriarca chamado Proclo. O imperador romano do Oriente queria que a região da lliría passasse para o governo de Constantinopla. Para tanto, contava com o auxílio de Procolo. Xisto III escreveu muito e trabalhou para que a região fosse mantida sob o governo romano do Ocidente. E conseguiu.
No Concílio de Éfeso, ocorrido em 431, a Virgem Maria foi proclamada Mãe de Deus. Por isso, o Papa Xisto III, depois de eleito, ampliou e enriqueceu uma basílica que era dedicada à Santa Mãe das Neves. Esta, ficava no alto do monte Esquilino. Mais tarde ela passou a ser chamada de Basílica de Santa Maria Maior. O notável é que esta igreja é a primeira igreja do Ocidente dedicada a Nossa Senhora. Assim, os fiéis católicos receberam um maravilhoso monumento dedicado ao culto da Virgem Maria.
Havia na Palestina algumas tábuas guardadas e veneradas como tendo pertencido à manjedoura que acolheu o salvador quando ele nasceu em Belém. O Papa Xisto III pediu que essas relíquias fossem trasladadas para a mesma Igreja em Roma. Assim, ele deu origem à tradição do presépio que, mais tarde, São Francisco aprimorou. Xisto III também Introduziu na cultura ocidental a Missa do Galo, que passou a ser celebrada na noite do Natal. Esta missa já era celebrada na cidade de Jerusalém, na Terra Santa, desde os primórdios da Igreja.
Durante todo o pontificado, o Papa Xisto III realizou uma enorme atividade na área da construção. Construiu inúmeras igrejas e reformou outras tantas. Dentre elas se destaca a esplendorosa basílica de São Lourenço, situada em Lucina, na Itália.
São Xisto III faleceu no dia 19 de agosto do ano 440. Antes de morrer, indicou aquele que, segundo o seu coração, deveria ser seu sucessor: Leão Magno. Este, de fato, o sucedeu e se tornou um dos papas mais importantes para a Igreja dos primeiros séculos. A Igreja instituiu sua festa no dia 28 de março.
Fonte: https://cruzterrasanta.com.br
Difundir a Doutrina de Cristo
TEMPO DA QUARESMA. QUARTA SEMANA. SÁBADO
– Os ensinamentos de Cristo. Todos os cristãos devem dar testemunho da sua doutrina.
– Imitar o Senhor. Exemplaridade. Aproveitar as ocasiões.
– Diversidade de formas de difundir os ensinamentos de Cristo. Contar com situações difíceis.
I. ESTE É REALMENTE o profeta que havia de vir... Jamais homem algum falou como ele 1. O Senhor fala com grande simplicidade das coisas mais profundas, e sempre o faz de modo atraente e sugestivo. As suas palavras são compreendidas tanto por um doutor da Lei como pelos pescadores da Galiléia.
A palavra de Jesus é grata e oportuna. Insiste com freqüência na mesma doutrina, mas procura as comparações mais adequadas aos que o ouvem: o grão de trigo que deve morrer para dar fruto, a alegria de encontrar umas moedas perdidas, a descoberta de um tesouro escondido... E foi com imagens e parábolas que mostrou de modo insuperável a soberania de Deus Criador e, ao mesmo tempo, a sua condição de Pai que trata amorosamente cada um dos seus filhos. Ninguém como Ele proclamou a verdade fundamental do homem, a sua liberdade e a sua dignidade sobrenatural, pela graça da filiação divina. As multidões procuravam-no para ouvi-lo, e muitas vezes era necessário despedi-las para que se retirassem.
Também hoje as pessoas estão sedentas das palavras de Cristo, as únicas que podem dar paz à alma, as únicas que ensinam o caminho do Céu. E todos os cristãos participam dessa missão de dar a conhecer o Senhor. “Todos os fiéis, desde o Papa até o último batizado, participam da mesma vocação, da mesma fé, do mesmo Espírito, da mesma graça [...]. Todos participam ativa e corresponsavelmente – dentro da necessária pluralidade de ministérios – da única missão de Cristo e da Igreja” 2.
A urgência de dar a conhecer a doutrina de Cristo é muito grande, porque a ignorância é um poderoso inimigo de Deus no mundo e é “a causa e como que a raiz de todos os males que envenenam os povos” 3. Cada cristão deve dar testemunho – não só com o exemplo, mas também com a palavra – da mensagem evangélica. E para isso devemos aproveitar todas as oportunidades – sabendo também provocá-las prudentemente – que se apresentem no convívio com os nossos familiares, amigos, colegas de profissão, vizinhos; com as pessoas com quem nos relacionamos, mesmo que seja por pouco tempo, durante uma viagem, num congresso, ao sair de compras...
Para quem deseja percorrer o caminho que conduz à santidade, a sua vida não pode ser como uma grande avenida de ocasiões perdidas, pois o Senhor quer que as nossas palavras sirvam de eco aos seus ensinamentos para sacudir os corações. “É certo que Deus respeita a liberdade humana, e pode haver pessoas que não queiram dirigir os seus olhos para a luz do Senhor. Mas muito mais forte, e abundante, e generosa, é a graça que Jesus Cristo quer derramar sobre a terra, servindo-se – agora, como antes e como sempre – da colaboração dos apóstolos que Ele mesmo escolheu para que levem a sua luz a toda a parte” 4.
II. AO EMPREENDERMOS este apostolado da doutrina, teremos de insistir com freqüência nas mesmas idéias, e de esforçar-nos por apresentar os ensinamentos do Senhor de forma atraente (não há nada mais atraente!). O Senhor está à espera das multidões, que também hoje andam como ovelhas sem pastor 5, sem guia e sem rumo, confundidas entre tantas ideologias caducas. Nenhum cristão deve permanecer passivo – inibir-se – nesta tarefa que é a única verdadeiramente importante no mundo. Não há lugar para desculpas: não valho nada, não presto, não tenho tempo... A vocação cristã é vocação apostólica, e Deus dá a graça suficiente para podermos corresponder-lhe.
Somos verdadeiramente um foco de luz, no meio de tanta escuridão, ou estamos ainda amordaçados pela preguiça ou pelos respeitos humanos? Se considerarmos na presença do Senhor que as pessoas que até hoje se cruzaram conosco no caminho da nossa vida tinham direito a que as ajudássemos a conhecer melhor Jesus, certamente nos sentiremos espicaçados a ser mais apostólicos e a vencer os obstáculos daqui por diante. Oxalá não haja nunca pessoas que nos possam censurar – nesta vida e na outra – por as termos privado dessa ajuda; e que ninguém nos possa dizer: Hominem non habeo 6, não tive quem me desse um pouco de luz no meio de tanta escuridão.
A palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante que espada de dois gumes 7, chega até o mais fundo da alma, à fonte da vida e dos costumes dos homens. Certo dia – narra o Evangelho da Missa de hoje –, os judeus enviaram os guardas do Templo para prender Jesus. Quando regressaram e os seus chefes lhes perguntaram:Por que não o trouxestes?, os guardas responderam: Jamais homem algum falou como esse homem 8. É de supor que esses homens simples tivessem permanecido um pouco de tempo entre os ouvintes, à espera do momento oportuno para prender o Senhor, mas ficaram maravilhados com a doutrina que escutaram. Quantos mudariam de atitude se nós conseguíssemos dar-lhes a conhecer a figura de Cristo, a sua verdadeira imagem, tal como a nossa Mãe a Igreja a professa! Que ignorância tão grande, depois de vinte séculos, a do nosso mundo e mesmo a de muitos cristãos!
São Lucas diz do Senhor que Ele começou a fazer e a ensinar 9; e que as pessoas simples comentavam: Vimos coisas incríveis 10. O Concílio Vaticano II ensina que a Revelação se realizou gestis verbisque, com obras e palavras intrinsecamente ligadas 11. Nós, cristãos, devemos mostrar com a ajuda da graça o que significa seguir de verdade o Senhor. “Quem tem a missão de dizer coisas grandes (e todos os cristãos têm a doce obrigação de falar do seguimento de Cristo), está igualmente obrigado a praticá-las”, dizia São Gregório Magno 12. Os nossos amigos, parentes, colegas de trabalho e conhecidos devem ver que somos alegres, leais, sinceros, otimistas, bons profissionais, enérgicos, afáveis, valentes..., ao mesmo tempo que lhes mostramos com naturalidade e simplicidade a nossa fé em Cristo. “São necessários – diz João Paulo II – arautos do Evangelho, peritos em humanidade, que conheçam a fundo o coração do homem de hoje, participem das suas alegrias e esperanças, das suas angústias e tristezas, e ao mesmo tempo sejam contemplativos, enamorados de Deus. Para isso são precisos novos santos [...]. Devemos suplicar ao Senhor que aumente o espírito de santidade na Igreja e nos envie novos santos para evangelizar o mundo de hoje” 13.
III. “ALGUNS NÃO SABEM nada de Deus..., porque não lhes falaram em termos compreensíveis” 14. São muitas as maneiras de dar a conhecer amavelmente a figura e os ensinamentos de Cristo e da Igreja: com uma conversa em família, participando numa catequese, defendendo com clareza, caridade e firmeza o dogma cristão numa conversa, elogiando um bom livro ou um bom artigo... Ou, em certas ocasiões, com o nosso silêncio, que os outros apreciam; ou escrevendo uma carta simples de agradecimento aos jornais por um artigo de bom critério: sempre faz bem a alguém, talvez de um modo que nunca nos tenha passado pela cabeça. Em qualquer caso, todos devemos perguntar-nos neste tempo de oração: “Como posso ser mais eficaz, melhor instrumento? De que ambientes, de que pessoas poderia aproximar-me, se fosse menos comodista – mais enamorado de Deus! – e tivesse mais espírito de sacrifício?” 15
Devemos ter presente que muitas vezes teremos que avançar contra a corrente, como também o fizeram tantos bons cristãos ao longo dos séculos. Com a ajuda do Senhor, seremos fortes para não nos deixarmos arrastar por erros que estejam em voga ou por costumes permissivos que contradigam a lei moral natural e a lei cristã. E também nesses casos falaremos de Deus aos nossos irmãos os homens, sem perder uma só oportunidade: “Vejo todos os acontecimentos da vida – os de cada existência individual e, de algum modo, os das grandes encruzilhadas da História – como outras tantas chamadas que Deus dirige aos homens para que encarem de frente a verdade; e como ocasiões que se oferecem aos cristãos para que anunciem com as suas próprias obras e palavras, ajudados pela graça, o Espírito a que pertencem (cfr. Lc 9, 55).
“Cada geração de cristãos tem que redimir e santificar o seu próprio tempo: para isso, precisa compreender e compartilhar os anseios dos outros homens, seus iguais, a fim de lhes dar a conhecer, com dom de línguas, como devem corresponder à ação do Espírito Santo, à efusão permanente das riquezas do Coração divino. Compete-nos a nós, cristãos, anunciar nestes dias, a esse mundo a que pertencemos e em que vivemos, a mensagem antiga e nova do Evangelho” 16.
O Espírito Santo nunca deixará de iluminar-nos, sobretudo nas situações mais difíceis, e sempre saberemos o que dizer e como comportar-nos 17.
(1) Jo 7, 46; (2) A. Del Portillo, Fieles y laicos en la Iglesia, EUNSA, Pamplona, 1969, pág. 38; (3) João XXIII, Enc. Ad Petri cathedram, 29-VI-1959; (4) A. Del Portillo, Carta pastoral, 25-XII-1985, n. 7; (5) Mc 6, 34; (6) Jo 5, 7; (7) Hebr 4, 12; (8) Jo 7, 45-46; (9) At 1, 1; (10) Lc 5, 26; (11) Conc. Vat. II, Const.Dei Verbum, 2; (12) São Gregório Magno, Regra pastoral, 2, 3; (13) João Paulo II, Discurso ao Simpósio de Bispos Europeus, 11-X-1985; (14) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 941; (15) A. Del Portillo, Carta pastoral, 25-XII-1985, n. 9; (16) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 132; (17) cfr. Lc 12, 11-12.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
27 de Março 2020
A SANTA MISSA

4ª Semana do Quaresma – Sexta-feira
Cor: Roxa
1ª Leitura: Sb 2, 1a.12-22
“Vamos condená-lo à morte vergonhosa.”
Leitura do Livro da Sabedoria
1a Dizem entre si, os ímpios, em seus falsos raciocínios: 12 Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da lei e nos reprova as faltas contra a nossa disciplina. 13 Ele declara possuir o conhecimento de Deus e chama-se ‘filho de Deus’. 14 Tornou-se uma censura aos nossos pensamentos e só o vê-lo nos é insuportável; 15 sua vida é muito diferente da dos outros, e seus caminhos são imutáveis. 16 Somos comparados por ele à moeda falsa e foge de nossos caminhos como de impurezas; proclama feliz a sorte final dos justos e gloria-se de ter a Deus por pai. 17 Vejamos, pois, se é verdade o que ele diz, e comprovemos o que vai acontecer com ele. 18 Se, de fato, o justo é ‘filho de Deus’, Deus o defenderá e o livrará das mãos dos seus inimigos. 19 Vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas, para ver a sua serenidade e provar a sua paciência; 20 vamos condená-lo à morte vergonhosa, porque, de acordo com suas palavras, virá alguém em seu socorro’. 21 Tais são os pensamentos dos ímpios, mas enganam-se; pois a malícia os torna cegos, 22 não conhecem os segredos de Deus, não esperam recompensa para a santidade e não dão valor ao prêmio reservado às vidas puras.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 33(34), 17-18.19-20.21.23 (R. 19a)
R. Do coração atribulado está perto o Senhor.
17 O Senhor volta a sua face contra os maus, *
para da terra apagar sua lembrança.
18 Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta *
e de todas as angústias os liberta. R.
19 Do coração atribulado ele está perto *
e conforta os de espírito abatido.
20 Muitos males se abatem sobre os justos, *
mas o Senhor de todos eles os liberta. R.
21 Mesmo os seus ossos ele os guarda e os protege, *
e nenhum deles haverá de se quebrar.
23 Mas o Senhor liberta a vida dos seus servos, *
e castigado não será quem nele espera. R.
Evangelho: Jo 7, 1-2.10.25-30
“Queriam prendê-lo, mas ainda não tinha chegado a sua hora.”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo: 1 Jesus andava percorrendo a Galileia. Evitava andar pela Judeia, porque os judeus procuravam matá-lo. 2 Entretanto, aproximava-se a festa judaica das Tendas. 10 Quando seus irmãos já tinham subido, então também ele subiu para a festa, não publicamente mas sim, como que às escondidas. 25 Alguns habitantes de Jerusalém disseram então: ‘Não é este a quem procuram matar? 26 Eis que fala em público e nada lhe dizem. Será que, na verdade, as autoridades reconheceram que ele é o Messias? 27 Mas este, nós sabemos donde é. O Cristo, quando vier, ninguém saberá donde ele é.’ 28 Em alta voz, Jesus ensinava no Templo, dizendo: ‘Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. A esse, não o conheceis, 29 mas eu o conheço, porque venho da parte dele, e ele foi quem me enviou.’ 30 Então, queriam prendê-lo, mas ninguém pôs a mão nele, porque ainda não tinha chegado a sua hora.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Reconhecer Cristo nos Doentes e na Doença
TEMPO DA QUARESMA. QUARTA SEMANA. SEXTA-FEIRA
– Jesus fez-se presente nos doentes.
– Santificar a doença. Aceitação. Aprender a ser bons doentes.
– O sacramento da Unção dos Enfermos. Frutos deste sacramento na alma. Preparar os doentes para recebê-lo é uma prova especial de caridade e, às vezes, de justiça.
I. DEPOIS QUE O SOL se pôs, todos os que tinham enfermos de diversas moléstias traziam-nos à sua presença; e Ele, impondo as mãos sobre cada um, curava-os 1.
Os doentes eram tão numerosos que toda a cidade se acotovelou à sua porta 2. Trazem os doentes depois do pôr-do-sol 3. Por que não antes? Certamente porque era sábado. Depois do pôr-do-sol começava um novo dia, em que cessava a obrigação do descanso sabático que os judeus piedosos cumpriam com tanta fidelidade.
O Evangelho de São Lucas anota este detalhe de Cristo: curou-os impondo as mãos sobre cada um deles. Jesus olha atentamente para cada um dos doentes e dedica-lhes toda a sua atenção, porque cada pessoa, e de modo especial cada pessoa que sofre, é muito importante para Ele. A sua presença caracteriza-se por pregar o Evangelho do Reino e curar todo o mal e toda a enfermidade4; de sorte que o povo estava admirado ante o espetáculo dos mudos que falavam, dos aleijados que ficavam curados, dos coxos que andavam, dos cegos que viam; e todos glorificavam o Deus de Israel 5.
“Na sua atividade messiânica no meio de Israel – lembra-nos São João Paulo II –, Cristo aproximou-se incessantemente do mundo do sofrimento humano. Passou fazendo o bem (At 10, 38), e essa sua forma de agir exercia-se principalmente com os doentes e com os que esperavam a sua ajuda. Curava os doentes, consolava os aflitos, alimentava os famintos, livrava os homens da surdez, da cegueira, da lepra, do demônio e de diversas incapacidades físicas; três vezes devolveu a vida aos mortos. Era sensível a todo o sofrimento humano, tanto do corpo como da alma. Ao mesmo tempo instruía, colocando no centro dos seus ensinamentos as oito bem-aventuranças, que se dirigem aos homens provados por diversos sofrimentos na sua vida temporal” 6.
Nós, que queremos ser fiéis discípulos de Cristo, devemos aprender com Ele a tratar e amar os doentes. Temos que aproximar-nos deles com grande respeito, carinho e misericórdia, alegrando-nos quando podemos prestar-lhes algum serviço, visitando-os, fazendo-lhes companhia, ajudando-os a receber os sacramentos no momento oportuno.
Neles, de modo especial, vemos Cristo. “Criança. – Doente. – Ao escrever estas palavras, não sentis a tentação de as pôr com maiúsculas? – É que, para uma alma enamorada, as crianças e os doentes são Ele” 7.
Na nossa vida, haverá momentos em que talvez estejamos doentes, ou o estejam pessoas que vivem ao nosso lado. Isso é um tesouro de Deus que temos que cuidar. O Senhor coloca-se ao nosso lado para que amemos mais e para que saibamos também encontrá-lo a Ele. No trato com os que estão doentes e sofrem, tornam-se realidade as suas palavras: Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes 8.
II. A DOENÇA, enfrentada por amor de Deus, é um meio de santificação e de apostolado; é um modo excelente de participar na Cruz redentora do Senhor.
A dor física, que tantas vezes acompanha a vida do homem, pode ser um meio de que Deus se serve para purificar as nossas culpas e imperfeições, para levar-nos a praticar e fortalecer as virtudes, e uma oportunidade especial de nos unirmos aos padecimentos de Cristo que, sendo inocente, chamou a si o castigo que os nossos pecados mereciam 9.
Especialmente na doença, temos que estar perto de Cristo. “Diz-me, amigo – perguntou o Amado –, terás paciência se Eu duplicar as tuas dores? Sim – respondeu o amigo –, desde que dupliques os meus amores” 10. Quanto mais dolorosa for a doença, maior terá de ser o nosso amor. Também receberemos mais graças de Deus. As doenças são ocasiões muito singulares que o Senhor permite para nos fazer corredimir com Ele e para nos purificar das seqüelas que os nossos pecados deixaram na alma.
Se adoecemos, devemos aprender a ser bons doentes. Em primeiro lugar, aceitando a doença. “É necessário sofrer com paciência não só a doença, mas também a doença que Deus quer, entre as pessoas que Ele quer, com as incomodidades que quer, e a mesma coisa digo a respeito das outras tribulações” 11.
Temos que pedir ajuda ao Senhor para enfrentar a doença com galhardia, procurando não reclamar, obedecendo ao médico. Pois “enquanto estamos doentes, podemos ser maçantes: «Não me atendem bem, ninguém se preocupa comigo, não cuidam de mim como mereço, ninguém me compreende...» O diabo, que anda sempre à espreita, ataca por qualquer flanco; e, na doença, a sua tática consiste em fomentar uma espécie de psicose que afaste de Deus, que azede o ambiente ou que destrua esse tesouro de méritos que, para bem de todas as almas, se alcança quando se assume com otimismo sobrenatural – quando se ama! – a dor. Portanto, se é vontade de Deus que sejamos atingidos pelas garras da aflição, encarai-o como sinal de que Ele nos considera amadurecidos para nos associar mais estreitamente à sua Cruz redentora” 12.
Aquele que sofre em união com o Senhor completa com o seu sofrimento o que falta aos padecimentos de Cristo 13. “O sofrimento de Cristo criou o bem da Redenção do mundo. Este bem é, em si mesmo, inesgotável e infinito. Nenhum homem pode acrescentar-lhe nada. Mas, ao mesmo tempo, no mistério da Igreja como seu corpo, Cristo em certo sentido abriu o seu sofrimento redentor a todo o sofrimento do homem” 14.
Com Cristo, a dor e a doença atingem o seu sentido pleno. Senhor, fazei com que os vossos servos participem da vossa Paixão, mediante os sofrimentos da sua vida, a fim de que se manifestem neles os frutos da vossa Salvação 15.
III. ENTRE AS MISSÕES confiadas aos Apóstolos, sobressai a de curar os doentes. Reunindo Jesus os doze apóstolos, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar doenças... Partiram, pois, e percorriam as aldeias, anunciando o Evangelho e fazendo curas por toda a parte 16. A missão confiada pelo Senhor aos discípulos depois da Ressurreição contém esta promessa: Imporão as mãos aos enfermos, e eles ficarão curados 17. Os discípulos cumpriram essa missão, seguindo o exemplo do Mestre.
O sacramento da Unção dos Enfermos, instituído por Jesus Cristo e proclamado pelo Apóstolo Tiago na sua Epístola 18, torna presente de modo eficaz a solicitude com que o Senhor se abeirava de todos os que padeciam de alguma doença grave. “A presença do presbítero ao lado do doente é sinal da presença de Cristo, não só porque ele é ministro da Unção, da Penitência e da Eucaristia, mas também porque é um especial servidor da paz e do consolo de Cristo” 19.
A doença, que entrou no mundo por causa do pecado, é também vencida por Cristo na medida em que se pode converter num bem maior que a própria saúde física. Com a Unção dos Enfermos, são inúmeros os bens que se recebem, bens que o Senhor estabeleceu para santificar a doença grave.
O primeiro efeito deste sacramento é aumentar a graça santificante na alma; por isso, antes de recebê-lo, é conveniente confessar-se. Não obstante, mesmo que não se esteja em graça e seja impossível confessar-se (por exemplo, no caso de uma pessoa que sofreu um acidente e está inconsciente), esta santa Unção apaga também o pecado mortal: basta que o doente faça ou tenha feito antes um ato de contrição, ainda que imperfeito.
Além de aumentar a graça, a Unção dos Enfermos limpa as marcas do pecado na alma, confere uma graça especial para vencer as tentações que possam apresentar-se nessa situação e outorga a saúde do corpo, se for conveniente para a salvação 20. Assim prepara a alma para entrar no Céu. E não poucas vezes produz no doente uma grande paz e uma serena alegria, fazendo-o considerar que já está muito perto de encontrar o seu Pai-Deus.
A nossa Mãe a Igreja recomenda que os doentes e as pessoas de idade avançada recebam este sacramento no momento oportuno, e que não se adie a sua administração por falsas razões de misericórdia, compaixão etc, nas fases terminais da vida aqui na terra. Seria uma pena que pessoas que poderiam ter recebido a Unção viessem a morrer sem ela, por ignorância, por descuido ou por um carinho mal entendido dos parentes e amigos. Preparar os doentes para recebê-la é uma prova especial de caridade e, às vezes, de justiça.
A nossa Mãe Santa Maria está sempre muito perto. “A presença de Maria e a sua ajuda maternal nesses momentos (de doença grave) não deve ser encarada como uma coisa marginal e simplesmente paralela ao sacramento da Unção. É antes uma presença e uma ajuda que se atualizam e se transmitem por meio da própria Unção” 21.
Estamos na Quaresma. Especialmente neste tempo litúrgico, abramos os nossos olhos à dor que nos rodeia. Cristo que sofre na sua Paixão quer tornar-se presente nessa dor, nessa doença própria ou alheia, e dar-lhe um valor redentor.
(1) Lc 4, 10; (2) Mc 1, 33; (3) Mc 1, 32; (4) Mt 9, 35; (5) Mt 15, 31; (6) João Paulo II, Carta Apost. Salvifici doloris, 11-II-1984, 16; (7) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 419; (8) Mt 25, 40; (9) cfr. 1 Jo 4, 10; (10) R. Llull, Livro do Amigo e do Amado, 8; (11) São Francisco de Sales, Introd. à vida devota, III, 3; (12) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 124; (13) cfr. Col 1, 24; (14) João Paulo II, op. cit., 24; (15) Preces das Vésperas, Liturgia das Horas da sexta-feira da quarta semana da Quaresma; (16) Lc 9, 1-6; (17) Mc 16, 18; (18) Ti 5, 14-15; (19) Ritual da Unção dos Enfermos, 6; (20) cfr. Conc. de Trento, Dz 909; Ritual da Unção dos Enfermos, 6; (21) A. Bandera, La Virgen María y los Sacramentos, Rialp, Madrid, 1978, pág. 184.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
São Ruperto
27 de Março
São Ruperto
Ruperto era um nobre descendente dos condes que dominavam a região do médio e do alto Reno, rio que percorre os Alpes europeus. Os Rupertinos eram parentes dos Carolíngios, e o centro de suas atividades estava em Worms, onde Ruperto recebeu sua formação junto aos monges irlandeses.
No ano 700, sua vocação de pregador se manifestou, e ele dirigiu-se à Baviera, na Alemanha, com o intuito de pregar. Com o apoio do conde Téodo da Baviera, que era pagão e foi convertido por Ruperto, fundou uma igreja dedicada a São Pedro, perto do lago Waller, a dez quilômetros de Salzburgo. Contudo, o local não condizia com os objetivos de Ruperto, que conseguiu do conde outro terreno, próximo do rio Salzach, nos arredores da antiga cidade romana de Juvavum.
Nesse terreno, Ruperto construiu o mosteiro mais antigo da Áustria, que veio a ser justamente o núcleo de formação da nova cidade de Salzburgo. Teve, para isso, o apoio de 12 concidadãos, dois dos quais também se tornaram santos: Cunialdo e Gislero. Posteriormente, fundou, ao lado dele, um mosteiro feminino, cuja direção entregou para sua sobrinha, a abadessa Erentrudes. Foi o responsável pela conversão total da Baviera e, é claro, de toda a Áustria.
Morreu no dia 27 de março de 718, um domingo de Páscoa, depois de rezar a missa no Mosteiro de Juvavum. Antes, como percebera que a morte estava próxima, fez algumas recomendações e pedido de orações à sua sobrinha e irmã espiritual Erentrudes. Suas relíquias estão guardadas na belíssima Catedral de Salzburgo, construída no século XVII. Ele é o padroeiro de seus habitantes e de suas minas de sal.
São Ruperto, reconhecido como o fundador da bela cidade de Salzburgo, que significa “cidade do sal”, aparece retratado com um saleiro na mão, tamanha sua ligação com a origem e o desenvolvimento da cidade. Foi seu primeiro bispo, e sua influência alastrou-se tanto que é festejado neste dia não só nas regiões de língua alemã, mas também na Irlanda, onde estudou, porque ali foi tomado como modelo pelos monges irlandeses.
Texto: Paulinas Internet
A Santa Missa e a Entrega Total
TEMPO DA QUARESMA. QUARTA SEMANA. QUINTA-FEIRA
– O sacrifício de Jesus Cristo no Calvário. Ofereceu-se a si mesmo por todos os homens. A entrega pessoal.
– A Santa Missa, renovação do sacrifício da Cruz.
– Valor infinito da Santa Missa. A nossa participação no Sacrifício. A Santa Missa, centro da vida da Igreja e de cada cristão.
I. A PRIMEIRA LEITURA da Missa relata-nos como Moisés intercede diante do Senhor para que não castigue a infidelidade do seu povo. Aduz argumentos comovedores: o bom nome do Senhor entre os gentios, a fidelidade à Aliança feita com Abraão e seus descendentes... Apesar das dificuldades e desvios do Povo eleito, o Senhor perdoa uma vez mais. Mais ainda, o amor de Deus pelo seu povo e, por meio dele, por todo o gênero humano alcançará a manifestação suprema: De tal modo amou Deus o mundo que lhe entregou o seu Filho único, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna 1.
A entrega plena de Cristo por nós, que culmina no Calvário, constitui o apelo mais premente para que correspondamos ao seu grande amor por cada um de nós. Na Cruz, Jesus consumou a entrega plena à vontade do Pai e o amor por todos os homens, por cada um: Ele me amou e se entregou por mim 2.
Em todo o sacrifício verdadeiro, existem quatro elementos essenciais, e todos eles se encontram presentes no Sacrifício da Cruz: sacerdote, vítima, oferecimento interior e manifestação externa do sacrifício. A manifestação externa deve ser expressão da atitude interior. Jesus, ao morrer na Cruz, manifesta exteriormente – através das suas palavras e atos – a sua amorosa entrega interior. Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito 3: a missão que me confiaste está concluída, cumpri a tua vontade.
Ele é, então e agora, o Sacerdote e a Vítima: Tendo, pois, um sumo sacerdote, grande, que penetrou nos céus, Jesus, o filho de Deus, conservemos firme a nossa fé. Porque não temos nele um pontífice incapaz de compadecer-se das nossas enfermidades; antes pelo contrário, ele passou pelas mesmas provações que nós, fora o pecado 4. O Sacrifício da Cruz é único. Sacerdote e Vítima são uma só e a mesma pessoa divina: o Filho de Deus encarnado. Jesus não foi oferecido ao Pai por Pilatos ou Caifás, ou pela multidão reunida em torno do Calvário. Foi Ele que se entregou a si mesmo, em perfeita identificação com a vontade do Pai.
Nós, que queremos imitar Jesus, que só desejamos que a nossa vida seja reflexo da sua, devemos perguntar-nos na nossa oração de hoje se sabemos unir-nos ao oferecimento de Jesus ao Pai, aceitando a vontade de Deus em cada momento, nas alegrias e nas contrariedades, nas coisas que nos ocupam diariamente, nos momentos mais difíceis, como podem ser o fracasso, a dor ou a doença, e nos momentos fáceis, em que sentimos a alma cheia de felicidade.
“Minha Mãe e Senhora, ensina-me a pronunciar um sim que, como o teu, se identifique com o clamor de Jesus perante seu Pai: Non mea voluntas... (Lc 22, 42): não se faça a minha vontade, mas a de Deus” 5.
II. A SANTA MISSA e o Sacrifício da Cruz são o mesmo e único sacrifício, embora estejam distanciados no tempo; volta a fazer-se presente a total submissão amorosa do Senhor à vontade do Pai, embora não se repitam as circunstâncias dolorosas e cruentas do Calvário. Esse oferecimento interior é, pois, idêntico no Calvário e na Missa: é a oblação de Cristo. Estamos diante do mesmo Sacerdote, da mesma Vítima e da mesma oblação através da Paixão e Morte de Jesus; simplesmente, na Missa, a separação do Corpo e do Sangue de Cristo é sacramental, não cruenta, mediante a transubstanciação do pão e do vinho.
O sacerdote que celebra a Missa é apenas o instrumento de Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote. Cristo oferece-se a si mesmo em cada uma das Missas, exatamente como o fez no Calvário, ainda que agora o faça através do sacerdote, que atua in persona Christi. Por isso “toda a Missa, ainda que celebrada privadamente por um sacerdote, não é ação privada, mas ação de Cristo e da Igreja. Esta, no sacrifício que oferece, aprende a oferecer-se a si mesma como sacrifício universal, e aplica à salvação do mundo inteiro a única e infinita eficácia redentora do Sacrifício da Cruz” 6.
A nossa oração de hoje é um bom momento para ver como assistimos e participamos da Santa Missa. “Estais ali com as mesmas disposições com que a Virgem Maria esteve no Calvário, já que se trata da presença do mesmo Deus e da consumação do mesmo sacrifício?”7 Amor, identificação plena com a vontade de Deus, oferecimento de si mesmo, ânsia de corredimir.
III. SENDO ESSENCIALMENTE IDÊNTICO ao Sacrifício da Cruz, o Sacrifício da Missa tem um valor infinito. Em cada Missa, oferece-se a Deus Pai uma adoração, uma ação de graças e uma reparação infinitas, independentemente das disposições concretas dos que assistem e do celebrante, porque o Ofertante principal e a Vítima que se oferece são o próprio Cristo. Portanto, não existe um modo mais perfeito de adorar a Deus que o oferecimento da Missa.
Também não existe um modo mais perfeito de dar graças a Deus por tudo o que Ele é e pelas suas contínuas misericórdias para conosco: nada na terra pode ser mais grato a Deus que o Sacrifício do altar. E, ao mesmo tempo, de cada vez que se celebra a Santa Missa, dada a infinita dignidade do Sacerdote e da Vítima, repara-se por todos os pecados do mundo: a Missa é a única perfeita e adequada reparação, e a ela devemos unir os nossos atos de desagravo; ela é realmente “o coração e o centro do mundo cristão” 8. Neste Santo Sacrifício, “está gravado o que há de mais profundo na vida de cada um dos homens: a vida do pai, da mãe, da criança, do ancião, do jovem e da jovem adolescente, do professor e do estudante, do homem culto e do homem simples, da religiosa e do sacerdote. De todos, sem exceção. É assim que a vida do homem se insere, mediante a Eucaristia, no mistério do Deus vivo” 9.
Os frutos de cada Missa são infinitos, mas, em nós, estão condicionados pelas nossas disposições pessoais. É por isso que a nossa Mãe a Igreja nos convida a participar de uma forma consciente, ativa e piedosa 10 nesse ato que é o mais sublime que acontece em cada dia. De modo especial, temos de procurar estar atentos e recolhidos no momento da Consagração; nesses instantes, devemos procurar penetrar na alma dAquele que é ao mesmo tempo Sacerdote e Vítima, na sua amorosa oblação a Deus Pai, como sucedeu no Calvário.
Este Sacrifício será então o ponto central da nossa vida diária, como o é de toda a liturgia e da vida da Igreja. A nossa união com Cristo no momento da Consagração será tanto mais plena quanto maior for a nossa identificação com a vontade de Deus, ao longo das nossas jornadas. Em união com o Filho, não só oferecemos ao Pai a Santa Missa como nos oferecemos a nós mesmos por Ele, com Ele e nEle. Este ato de união deve ser tão profundo e verdadeiro que influa decisivamente no nosso trabalho, nas nossas relações com os outros, nas nossas alegrias e fracassos, em tudo.
Contamos com muitas ajudas para viver bem a Santa Missa. Entre outras, a dos anjos, que “sempre estão ali presentes em grande número para honrar este santo mistério. Unindo-nos a eles e animados da mesma intenção, receberemos necessariamente muitas influências favoráveis dessa companhia. Os coros da Igreja triunfante unem-se e juntam-se a Nosso Senhor, neste ato divino, para cativarem, nEle, com Ele e por Ele o coração de Deus Pai, e para tornarem eternamente nossa a sua misericórdia” 11. Recorramos a eles para evitar as distrações e esforcemo-nos por cuidar com mais amor desse tempo único em que participamos do Sacrifício da Cruz.
(1) Jo 3, 16; (2) Gal 2, 20; (3) Lc 23, 46; (4) Hebr 4, 14-15; (5) São Josemaría Escrivá, Via Sacra, IVª est., n. 1; (6) Paulo VI, Enc. Mysterium Fidei, 3-IX-1965, n. 4; (7) Cura d’Ars, Sermão sobre o pecado; (8) João Paulo II, Homilia no Seminário de Venegono, 21-V-1983; (9) idem, Homilia no encerramento do XX Congresso Eucarístico Nac. da Itália, 22-V-1983; (10) cfr. Conc. Vat. II, Const. Sacrossanctum Concilium, 48 e 11; (11) São Francisco de Sales, Introdução à vida devota.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
26 de Março 2020
A SANTA MISSA

4ª Semana da Quaresma – Quinta-feira
Cor: Roxa
1ª Leitura: Ex 32,7-14
Aplaque-se a tua ira
e perdoa a iniquidade do teu povo.
Leitura do Livro do Êxodo
Naqueles dias: 7 O Senhor falou a Moisés: ‘Vai, desce, pois corrompeu-se o teu povo, que tiraste da terra do Egito. 8 Bem depressa desviaram-se do caminho que lhes prescrevi. Fizeram para si um bezerro de metal fundido, inclinaram-se em adoração diante dele e ofereceram-lhe sacrifícios, dizendo: ‘Estes são os teus deuses, Israel, que te fizeram sair do Egito!’ 9 E o Senhor disse ainda a Moisés: ‘Vejo que este é um povo de cabeça dura. 10 Deixa que minha cólera se inflame contra eles e que eu os extermine. Mas de ti farei uma grande nação’. 11 Moisés, porém, suplicava ao Senhor seu Deus, dizendo: ‘Por que, ó Senhor, se inflama a tua cólera contra o teu povo, que fizeste sair do Egito com grande poder e mão forte? 12 Não permitas, te peço, que os egípcios digam: ‘Foi com má intenção que ele os tirou, para fazê-los perecer nas montanhas e exterminá-los da face da terra’. Aplaque-se a tua ira e perdoa a iniquidade do teu povo. 13 Lembra-te de teus servos Abraão, Isaac e Israel, com os quais te comprometeste por juramento, dizendo: ‘Tornarei os vossos descendentes tão numerosos como as estrelas do céu; e toda esta terra de que vos falei, eu a darei aos vossos descendentes como herança para sempre’ ‘. 14 E o Senhor desistiu do mal que havia ameaçado fazer ao seu povo.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 105, 19-20. 21-22. 23 (R. 4a)
R. Lembrai-vos de nós, ó Senhor,
segundo o amor para com vosso povo!
19 Construíram um bezerro no Horeb *
e adoraram uma estátua de metal;
20 eles trocaram o seu Deus, que é sua glória, *
pela imagem de um boi que come feno. R.
21 Esqueceram-se do Deus que os salvara, *
que fizera maravilhas no Egito;
22 no país de Cam fez tantas obras admiráveis, *
no Mar Vermelho, tantas coisas assombrosas. R.
23 Até pensava em acabar com sua raça, *
não se tivesse Moisés, o seu eleito,
interposto, intercedendo junto a ele, *
para impedir que sua ira os destruísse. R.
Evangelho: Jo 5,31-47
Moisés, no qual colocais a vossa esperança.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus aos judeus: 31 Se eu der testemunho de mim mesmo, meu testemunho não vale. 32 Mas há um outro que dá testemunho de mim, e eu sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro. 33 Vós mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade. 34 Eu, porém, não dependo do testemunho de um ser humano. Mas falo assim para a vossa salvação. 35 João era uma lâmpada que estava acesa e a brilhar, e vós com prazer vos alegrastes por um tempo com a sua luz. 36 Mas eu tenho um testemunho maior que o de João; as obras que o Pai me concedeu realizar. As obras que eu faço dão testemunho de mim, mostrando que o Pai me enviou. 37 E também o Pai que me enviou dá testemunho a meu favor. Vós nunca ouvistes sua voz, nem vistes sua face, 38 e sua palavra não encontrou morada em vós, pois não acreditais naquele que ele enviou. 39 Vós examineis as Escrituras, pensando que nelas possuís a vida eterna. No entanto, as Escrituras dão testemunho de mim, 40 mas não quereis vir a mim para ter a vida eterna! 41 Eu não recebo a glória que vem dos homens. 42 Mas eu sei: que não tendes em vós o amor de Deus. 43 Eu vim em nome do meu Pai, e vós não me recebeis. Mas, se um outro viesse em seu próprio nome, a este vós o receberíeis. 44 Como podereis acreditar, vós que recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que vem do único Deus? 45 Não penseis que eu vos acusarei diante do Pai. Há alguém que vos acusa: Moisés, no qual colocais a vossa esperança. 46 Se acreditásseis em Moisés, também acreditaríeis em mim, pois foi a respeito de mim que ele escreveu. 47 Mas se não acreditais nos seus escritos, como acreditareis então nas minhas palavras?’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!