Ressuscitou dos Mortos
DOMINGO DA PÁSCOA NA RESSURREIÇÃO DO SENHOR
– A Ressurreição do Senhor, fundamento da nossa fé. Jesus Cristo vive: esta é alegria de todos os cristãos.
– A luz de Cristo. A ressurreição, uma forte chamada ao apostolado.
– Aparições de Jesus: o encontro com sua Mãe, a quem aparece em primeiro lugar. Viver este tempo litúrgico muito perto da Virgem.
I. O SENHOR RESSUSCITOU verdadeiramente, aleluia. A Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos 1.
“Ao cair a tarde de Sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram perfumes para irem embalsamar o corpo morto de Jesus. – No outro dia, de manhã cedo, chegaram ao sepulcro, nascido já o sol (Marc., XVI, 1 e 2). E entrando, ficam consternadas, porque não encontram o corpo do Senhor. – Um jovem, coberto de vestes brancas, diz-lhes: Não temais; sei que procurais Jesus Nazareno. Non est hic, surrexit enim sicut dixit – não está aqui porque ressuscitou, como tinha anunciado (Mt. 28, 5). – Ressuscitou! – Jesus ressuscitou. Não está no sepulcro. A vida pôde mais do que a morte” 2.
A Ressurreição gloriosa do Senhor é a chave para interpretarmos toda a sua vida e o fundamento da nossa fé. Sem essa vitória sobre a morte, diz São Paulo, toda a pregação seria inútil e a nossa fé vazia de conteúdo 3. Além disso, na Ressurreição de Cristo apóia-se a nossa ressurreição futura. Porque Deus, rico em misericórdia, impelido pelo grande amor com que nos amou, deu-nos a vida ao mesmo tempo que a Cristo, quando estávamos mortos em conseqüência dos nossos pecados... Com Ele nos ressuscitou 4.
A Ressurreição do Senhor é uma realidade central da nossa fé católica, e como tal foi pregada desde os começos do cristianismo. A importância deste milagre é tão grande que os Apóstolos são, antes de mais nada, testemunhas da Ressurreição de Jesus 5. Este é o núcleo de toda a sua pregação, e isto é o que, depois de vinte séculos, nós anunciamos ao mundo: Cristo vive! A Ressurreição é a prova suprema da divindade de Nosso Senhor.
Depois de ressuscitar pelo seu próprio poder, Jesus glorioso foi visto pelos discípulos, que puderam certificar-se de que era Ele mesmo: puderam falar com Ele, viram-no comer, verificaram as marcas dos pregos e da lança no seu corpo... Os Apóstolos declaram que Jesus se manifestou com muitas provas 6, e muitos deles morreram em testemunho dessa verdade.
“Apareceu a sua Mãe Santíssima. – Apareceu a Maria de Magdala, que está louca de amor. – E a Pedro e aos demais Apóstolos. – E a ti e a mim, que somos seus discípulos e mais loucos que Madalena. Que coisas lhe dissemos!
“Que nunca morramos pelo pecado; que seja eterna a nossa ressurreição espiritual. – E, antes de terminar a dezena, beijaste as chagas dos seus pés..., e eu, mais atrevido – por ser mais criança –, pus os meus lábios no seu lado aberto” 7.
II. SÃO LEÃO MAGNO diz de uma forma muito bela que Jesus se apressou a ressuscitar porque tinha pressa em consolar sua Mãe e os discípulos 8: esteve no sepulcro o tempo estritamente necessário para cumprir os três dias profetizados. Ressuscitou ao terceiro dia, mas o mais cedo que pôde, ao amanhecer, quando ainda estava escuro 9, antecipando o amanhecer com a sua própria luz.
O mundo tinha ficado às escuras. Só a Virgem Maria era um farol no meio de tantas trevas. A Ressurreição é a grande luz para todo o mundo: Eu sou a luz 10, tinha dito Jesus; luz para o mundo, para cada época da história, para cada sociedade, para cada homem.
Ontem à noite, enquanto participávamos – se nos foi possível – na liturgia da Vigília pascal, vimos como no começo da cerimônia reinava no templo uma escuridão total, que era imagem das trevas em que a humanidade jaz sem Cristo, sem a revelação de Deus. Pouco depois, o celebrante proclamou a comovedora e feliz notícia: A luz de Cristo, que ressuscita glorioso, dissipe as trevas do coração e do espírito 11. E da chama do círio pascal, que simbolizava Cristo, todos os fiéis receberam a luz: o templo ficou iluminado com a luz do círio pascal e a de todos os fiéis. É a luz que a Igreja derrama generosamente sobre a terra mergulhada em trevas.
A Ressurreição de Cristo é uma forte chamada ao apostolado, isto é, a que sejamos luz a fim de levarmos a luz aos outros. Para isso devemos estar unidos a Cristo. “Instaurare omnia in Christo, é o lema que São Paulo dá aos cristãos de Éfeso (Ef 1, 10): informar o mundo inteiro com o espírito de Jesus, colocar Cristo na entranha de todas as coisas. Si exaltatus fuero a terra, omnia traham ad meipsum (Jo 12, 32), quando for levantado ao alto sobre a terra, tudo atrairei a mim. Cristo, com a sua encarnação, com a sua vida de trabalho em Nazaré, com a sua pregação e milagres pelas terras da Judéia e da Galiléia, com a sua morte na Cruz, com a sua Ressurreição, é o centro da Criação, Primogênito e Senhor de toda a criatura.
“A nossa missão de cristãos é proclamar essa realeza de Cristo, anunciá-la com a nossa palavra e as nossas obras. O Senhor quer os seus em todas as encruzilhadas da terra. Chama alguns ao deserto, para que se desentendam dos avatares da sociedade dos homens e com o seu testemunho recordem aos demais que Deus existe. Confia a outros o ministério sacerdotal. Mas quer a grande maioria dos homens no meio do mundo, nas ocupações terrenas. Estes cristãos devem, pois, levar Cristo a todos os ambientes em que as suas tarefas humanas se desenvolvem: à fábrica, ao laboratório, ao cultivo da terra, à oficina do artesão, às ruas das grandes cidades e aos caminhos de montanha” 12.
III. A VIRGEM MARIA, que esteve acompanhada pelas santas mulheres nas horas terríveis da crucifixão do seu Filho, não as acompanhou na piedosa tentativa de acabar de embalsamar o corpo morto de Jesus. Maria Madalena e as outras mulheres que haviam seguido Jesus desde a Galiléia tinham esquecido as suas palavras sobre a Ressurreição ao terceiro dia. Mas a Virgem Santíssima sabe que Ele ressuscitará. Num clima de oração que nós não podemos descrever, Maria espera o seu Filho glorificado.
“Os Evangelhos não nos falam de uma aparição de Jesus ressuscitado a Maria. De qualquer maneira, assim como Ela esteve de modo especial junto da Cruz do Filho, também deve ter tido uma experiência privilegiada da sua Ressurreição” 13. Uma tradição antiquíssima da Igreja diz-nos que Jesus apareceu em primeiro lugar e a sós à sua Mãe Santíssima. Em primeiro lugar, porque Ela era a primeira e principal corredentora do gênero humano, em perfeita união com o seu Filho. A sós, já que esta aparição tinha uma razão de ser muito diferente da das demais aparições às mulheres e aos discípulos. A estes, o Senhor tinha que reconfortá-los e conquistá-los definitivamente para a fé. A Virgem, que já havia sido constituída Mãe do gênero humano reconciliado com Deus, não deixara em momento algum de estar em perfeita união com a Santíssima Trindade. Toda a esperança na Ressurreição de Jesus que restava sobre a terra tinha-se refugiado no seu coração.
Não sabemos de que maneira Jesus apareceu à sua Mãe. Apareceu a Maria Madalena de uma forma que não permitiu que ela o reconhecesse a princípio. Juntou-se aos dois discípulos de Emaús como um viajante. Apareceu aos Apóstolos reunidos no Cenáculo estando as portas fechadas... À sua Mãe, numa intimidade que nos é impossível imaginar, mostrou-se de uma forma tal que Ela pôde reconhecer o seu estado glorioso e perceber que o seu Filho já não continuaria a mesma vida de antes sobre a terra 14.
Depois de tanta dor, a Virgem encheu-se de uma imensa alegria. “A estrela da manhã – diz Frei Luis de Granada – não surge com tanta formosura como a que resplandeceu aos olhos da Mãe naquele rosto cheio de graças e naquele espelho da glória divina. Maria vê o corpo do Filho ressuscitado e glorioso, livre já de todos os maus tratos passados, recuperada a graça daqueles olhos divinos e ressuscitada e aumentada a sua primeira formosura. As feridas das chagas, que tinham sido para a Mãe como espadas de dor, viu-as Ela convertidas em fontes de amor; àquele que vira padecer entre ladrões, vê-o agora acompanhado de anjos e santos; àquele que a confiara do alto da cruz ao discípulo, vê-o agora estender-lhe os seus braços, vê-o ressuscitado diante dos seus olhos. Ela o possui e não o deixa; abraça-o e pede-lhe que não parta; junto da Cruz, emudecida de dor, não soubera o que dizer; agora, emudecida de alegria, não consegue falar” 15. Nós nos unimos a essa imensa alegria da nossa Mãe.
Conta-se que, nesta festa, São Tomas de Aquino aconselhava todos os anos os seus ouvintes a não deixarem de felicitar a Virgem pela Ressurreição do seu Filho 16. É o que nós fazemos a partir de agora, começando hoje a rezar o Regina Coeli, que ocupará o lugar do Angelus durante o tempo pascal: Rainha do céu, alegrai-vos, aleluia! Porque aquele que merecestes trazer no vosso seio ressuscitou como disse, aleluia!... E lhe pedimos que nos alcance a graça de ressuscitar para sempre de todo o pecado, a fim de permanecermos em íntima união com Jesus Cristo. Façamos o propósito de viver este tempo pascal muito unidos a Santa Maria.
(1) Cfr. Lc 24, 34; Antífona de entrada da Missa do Domingo da Páscoa; cfr. Apoc 1, 6; (2) São Josemaría Escrivá, Santo Rosário, Iº mist. glorioso; (3) cfr. 1 Cor 15, 14-17; (4) Ef 2, 4-6; (5) cfr. At 1, 22; 2, 32; 3, 15; etc.; (6) At 1, 3; (7) São Josemaría Escrivá, Santo Rosário, Iº mist. glorioso; (8) São Leão Magno, Sermão 71, 2; (9) Jo 20, 1; (10) Jo 8, 12; (11) Missal Romano, Vigília Pascal; (12) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 105; (13) João Paulo II, Discurso no Santuário de Nuestra Señora de la Alborada, Guayaquil, 31-I-1985; (14) cfr. F. M. Willam, Vida de Maria; (15) Frei Luís de Granada, Livro da oração e meditação, 26, 4, 16; (16) cfr. Fr. J. F. P., Vida e misericórdia da Santíssima Virgem, segundo os textos de São Tomás de Aquino, Segóvia, 1935, págs. 181-182.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
São José Moscati
12 de Abril
São José Moscati
“Ama a verdade, mostra-te como és, sem fingimentos... Se a verdade te custa a perseguição, aceita-a; se te custa o tormento, suporta-o.” (São José Moscati)
No verão de 1880 a casa do renomado jurista de Benevento, Francesco Moscati estava bastante movimentada, afinal a Sra. Rosa de Luca dei Marchesi di Roseto estava para dar a luz ao seu sétimo filho, dos nove que teve. No entardecer do dia 25 de Julho nasceu um belo menino, forte e corado, que na pia batismal recebeu o nome de Giuseppe Moscati (José Moscati); era uma forma de homenagear o esposo da Virgem Maria e pai adotivo do Menino Jesus.
A família Moscati, no ano de 1884, mudou-se para Nápoles. Giuseppe fez a sua Primeira Comunhão com 8 anos de idade e sua Crisma com 10 anos. Foi neste período que conheceu o Sr. Bártolo Longo (hoje proclamado beato Bartolo Longo), e por toda a sua vida nutriu por ele uma sólida e santa amizade.
No ano de 1892, seu irmão Alberto, enquanto prestava o serviço militar, caiu de cavalo e teve traumatismo craniano. Durante o tempo que Alberto ficou em casa, Giuseppe não se cansava de observar os cuidados médicos que todos dispensavam a ele. Foi ali que sentiu o desejo de estudar medicina tão logo terminasse o ensino médio em 1897. Neste mesmo ano, seu pai faleceu, deixando a família em profunda dor.
A família Moscati sempre foi conhecida pelas virtudes morais e pelos princípios cristãos. Giuseppe, ao receber o seu doutorado da faculdade de medicina da Universidade de Nápoles no ano de 1903, sempre manifestou o desejo de servir e fazer da medicina um apostolado. Dr. Moscati, logo após a sua formatura, passou a integrar a equipe do hospital Riuniti degli Incurabili, e em pouco tempo foi nomeado como administrador.
No ano de 1906, com a erupção do monte Vesúvio, ficando um dos hospitais que o Dr. Moscati atendia muito próximo da cratera do vulcão, durante a madrugada ele retirou todos os idosos e enfermos e no amanhecer o teto do hospital desabou.
No ano de 1911, a cidade de Nápoles foi infestada pelo cólera. Mais uma vez o Governo napolitano encarregou o Dr. Moscati de realizar pesquisas e procurar a melhor maneira de erradicar a doença. Todas as suas ideias e sugestões foram aceitas e assim o cólera foi erradicado.
Como grande estudioso e pesquisador, Giuseppe Moscati era admirado e reconhecido por toda a classe médica. No tempo em que ele foi supervisor do Instituto de anatomia patológica, colocou na sala de estudos um crucifixo com a inscrição tirada do livro de Oséias, 13, 14, que diz, “Ero mors tua, o mors” (Ó morte, eu serei a tua morte).
No ano de 1914, nosso médico sente mais uma vez a dor da perda. Sua mãe morreu em decorrência do diabetes. Sempre pensando na dor e no sofrimento alheios, foi ele o primeiro médico napolitano a experimentar a insulina no tratamento do diabetes. Com a explosão da Primeira guerra, Moscati tentou se alistar para servir seu país e os soldados feridos. As autoridades militares achavam por bem que ele serviria melhor no hospital. Seu hospital foi tomado por mais de 3000 soldados, e quase todos foram atendidos por ele. Moscati era “médico de homens e de almas”.
Exerceu a medicina verdadeiramente como um sacerdócio. Era assíduo na Missa e Comunhão diária; indicava os Sacramentos aos pacientes que manifestavam sua fé. Moscati jamais aceitou pagamento de consultas e outros atendimentos dos pobres. Incontáveis vezes enviava os pacientes para casa com a receita dos remédios e o dinheiro em um envelope para que pudessem comprá-los. Seus diagnósticos eram precisos; muitas vezes somente por ouvir os sintomas do paciente. Era conhecido por todos, inclusive por seus colegas de profissão, por realizar curas humanamente impossíveis.
Foi ainda na adolescência que José Moscati fez voto de castidade, e assim se manteve fiel até aos seus últimos momentos. Era na comunhão diária que encontrava forças para seguir e completar sua missão. A amizade com o beato Bártolo Longo, (o apóstolo do Rosário), o levou várias vezes ao Santuário de Nossa Senhora do Rosário em Pompeia, e lá também pode exercer grandemente a sua medicina, aliada à sua inabalável fé.
Consumido pelas aulas, conferências e o exercício de seu ofício, Dr. Giuseppe achava-se cansado, apesar dos seus 47 anos de idade. Era o dia 12 de abril de 1917; após assistir à santa Missa e receber a Comunhão, permaneceu no hospital até as 12h. Em casa, atendeu mais alguns pacientes que o aguardavam. Depois de ter atendido todos os pacientes, por volta das 15h, sentindo-se cansado, sentou-se numa poltrona de seu consultório e morreu santamente, como um soldado que lutou até o último instante! A arma que estava em suas mãos era o terço da Virgem Maria.
Foi beatificado em 16 de novembro de 1975 pelo Papa Paulo VI e canonizado em 25 de outubro por João Paulo II.
Fonte: https://marcioreiser.blogspot.com
Santa Gemma Galgani
11 de Abril
Santa Gemma Galgani
Quando Jesus entra no coração de uma pessoa, o amor que inflama é tão grande que a transborda e supera. Esse foi o sentido da vida de Santa Gemma Galgani, uma jovem italiana a quem Cristo concedeu os estigmas e passou por vários sofrimentos corporais.Suas grandes forças foram uma espiritualidade profunda, o grande amor que sentia pelos pecadores e os corações de Jesus e Maria.
Gemma nasceu em Camigliano (Itália), em 12 de março de 1878. Seus pais eram o farmacêutico Enrique Galgani e Aurelia Landi. Era a quarta filha de oito irmãos. Desde menina, mostrou sinais de santidade, pois se trancava para rezar diante do crucifixo da família.
Sua mãe foi quem lhe ensinou o amor por Cristo Crucificado e pela Virgem Maria. Quando era criança, sua mãe a tomava nos braços e ensinava o crucifixo. Entre lágrimas, falava-lhe do imenso amor que Jesus teve pelos homens. Quando sua mãe percebeu que logo chegaria sua hora de partir, decidiu entregar a filha aos cuidados do Espírito Santo. Preparou-a para receber o sacramento da Confirmação que lhe foi administrado em 1885 pelo Bispo de Lucca, Dom Nicolás Ghilardi. Durante a cerimônia, Gemma sentiu que o Espírito Santo lhe perguntava se ela queria entregar-lhe sua mãe. A menina respondeu que sim e lhe pediu que a levasse também. Isso não aconteceu, porque Deus tinha grandes planos para sua vida.
Durante toda a sua vida, Gemma esteve muito perto da Eucaristia e da Mãe de Deus. Apesar de sua pouca idade, Dom Volpi, permitiu que a menina recebesse a primeira comunhão, porque soube que se não o fizesse, ela morreria de dor.
Depois da morte de seu pai, Gemma se mudou com seus tios para Camioer. Durante um ano, descuidou-se de suas orações e esqueceu-se de Jesus, porque se sentiu atraída pelas diversões mundanas. Entretanto, Cristo permitiu que ficasse doente para fazê-la voltar aos seus braços. Como requeria maiores cuidados, voltou para Lucca, onde permaneceu até sua morte. Jesus lhe concedeu diversas graças, como a presença de São Paulo da Cruz ou do Venerável Gabriel. Também tinha experiências místicas sobre a Paixão de Cristo.
Santa Gemma recaia frequentemente na enfermidade e aproveitava esses momentos para oferecer seus sofrimentos pela conversão dos pecadores. Toda essa entrega e abnegação eram motivo de ódio para o demônio, que nunca deixou de tentá-la e até mesmo chegou a atacá-la fisicamente.
Devido aos seus padecimentos, êxtases e por ter os estigmas de Cristo, as pessoas zombavam dela e achavam que fosse louca. Mas, Gemma nunca se deixou amedrontar por esses insultos e continuou amando e servindo a Jesus até o dia de sua morte.
Antes de morrer, voltou a ficar doente, sentindo muitas dores. Gemma ofereceu a enfermidade como uma mortificação para que um sacerdote, que levava uma vida mundana e desordenada, se convertesse. O padre se converteu dois dias antes de sua morte.
A jovem italiana morreu em 11 de abril de 1903, no Sábado Santo. Pe. Germán lhe deu a extrema unção e viu que colocava seus braços imitando Cristo na cruz. Depois, Gemma tomou o crucifixo nas mãos e exclamou: ‘Jesus!... Em tuas mãos encomendo minha pobre alma!”. Voltando-se para a imagem de Maria, acrescentou: “Minha mamãe, recomende a Jesus minha pobre alma... Diga-lhe que tenha misericórdia de mim”.
Pe. Germán escreveu logo a biografia e a devoção a Santa Gemma começou a se estender de maneira prodigiosa, não apenas na Itália, mas em muitos países do mundo.
Foi canonização em 2 de maio de 1940, durante a festa da Ascenção do Senhor. O Papa Pio XI disse sobre a santa: “Será a joia de nosso pontificado”.
Fonte: https://www.acidigital.com
11 de Abril 2020
A SANTA MISSA

Sábado Santo – Vigília Pascal
Cor: Branca
1ª Leitura: Gn 1,1 – 2,2
“Deus viu tudo quanto havia feito
e eis que tudo era muito bom.”
Leitura do Livro do Gênesis
1 No princípio Deus criou o céu e a terra. 2 A terra estava deserta e vazia, as trevas cobriam a face do abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. 3 Deus disse: ‘Faça-se a luz!’ E a luz se fez. 4 Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. 5 E à luz Deus chamou ‘dia’ e às trevas, ‘noite’. Houve uma tarde e uma manhã: primeiro dia. 6 Deus disse: ‘Faça-se um firmamento entre as águas, separando umas das outras’. 7 E Deus fez o firmamento, e separou as águas que estavam embaixo, das que estavam em cima do firmamento. E assim se fez. 8 Ao firmamento Deus chamou ‘céu’. Houve uma tarde e uma manhã: segundo dia. 9 Deus disse: ‘Juntem-se as águas que estão debaixo do céu num só lugar e apareça o solo enxuto!’ E assim se fez. 10 Ao solo enxuto Deus chamou ‘terra’ e ao ajuntamento das águas, ‘mar’. E Deus viu que era bom. 11 Deus disse: ‘A terra faça brotar vegetação e plantas que dêem semente, e árvores frutíferas que dêem fruto segundo a sua espécie, que tenham nele a sua semente sobre a terra’. E assim se fez. 12 E a terra produziu vegetação e plantas que trazem semente segundo a sua espécie, e árvores que dão fruto tendo nele a semente da sua espécie. E Deus viu que era bom. 12 Houve uma tarde e uma manhã: terceiro dia. 14 Deus disse: ‘Façam-se luzeiros no firmamento do céu, para separar o dia da noite. Que sirvam de sinais para marcar as épocas os dias e os anos, 15 e que resplandeçam no firmamento do céu e iluminem a terra’. E assim se fez. 16 Deus fez os dois grandes luzeiros: o luzeiro maior para presidir ao dia,e o luzeiro menor para presidir à noite, e as estrelas. 17 Deus colocou-os no firmamento do céu para alumiar a terra, 18 para presidir ao dia e à noite e separar a luz das trevas. E Deus viu que era bom. 19 E houve uma tarde e uma manhã: quarto dia. 20 Deus disse: ‘Fervilhem as águas de seres animados de vida e voem pássaros sobre a terra, debaixo do firmamento do céu’. 21 Deus criou os grandes monstros marinhos e todos os seres vivos que nadam, em multidão, nas águas, segundo as suas espécies, e todas as aves, segundo as suas espécies. E Deus viu que era bom. 22 E Deus os abençoou, dizendo: ‘Sede fecundos e multiplicai-vos e enchei as águas do mar, e que as aves se multipliquem sobre a terra’. 23 Houve uma tarde e uma manhã: quinto dia. 24 Deus disse: ‘Produza a terra seres vivos segundo as suas espécies, animais domésticos, répteis e animais selvagens, segundo as suas espécies’. E assim se fez. 25 Deus fez os animais selvagens, segundo as suas espécies, os animais domésticos segundo as suas espécies e todos os répteis do solo segundo as suas espécies. E Deus viu que era bom. 26 Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem e segundo à nossa semelhança, para que domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, e sobre todos os répteis que rastejam sobre a terra’. 27 E Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou: homem e mulher os criou. 28 E Deus os abençoou e lhes disse: ‘Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a! Dominai sobre os peixes do mar, sobre os pássaros do céu e sobre todos os animais que se movem sobre a terra’. 29 E Deus disse: ‘Eis que vos entrego todas as plantas que dão semente sobre a terra, e todas as árvores que produzem fruto com sua semente, para vos servirem de alimento. 30 E a todos os animais da terra, e a todas as aves do céu, e a tudo o que rasteja sobre a terra e que é animado de vida, eu dou todos os vegetais para alimento’. E assim se fez. 31 E Deus viu tudo quanto havia feito, e eis que tudo era muito bom. Houve uma tarde e uma manhã: sexto dia. 2,1 E assim foram concluídos o céu e a terra com todo o seu exército. 2 No sétimo dia, Deus considerou acabada toda a obra que tinha feito; e no sétimo dia descansou de toda a obra que fizera.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 103,1-2a.5-6.10.12.13-14.24.35c (R. 30)
R. Enviai o vosso Espírito Senhor, e da terra toda a face renovai.
1 Bendize, ó minha alma, ao Senhor!
Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande!
2 De majestade e esplendor vos revestis
e de luz vos envolveis como num manto. R.
5 A terra vós firmastes em suas bases,
ficará firme pelos séculos sem fim;
6 os mares a cobriam como um manto,
e as águas envolviam as montanhas. R.
10 Fazeis brotar em meio aos vales as nascentes
que passam serpeando entre as montanhas;
12 às suas margens vêm morar os passarinhos,
entre os ramos eles erguem o seu canto. R.
13 De vossa casa as montanhas irrigais,
com vossos frutos saciais a terra inteira;
13 fazeis crescer os verdes pastos para o gado
e as plantas que são úteis para o homem. R.
24 Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras,
e que sabedoria em todas elas!
Encheu-se a terra com as vossas criaturas!
35c Bendize, ó minha alma, ao Senhor! R.
2ª Leitura: Gn 22,1-18
“O sacrifício de nosso pai Abraão.”
Leitura do Livro do Gênesis
Naqueles dias: 1 Deus pôs Abraão à prova. Chamando-o, disse: ‘Abraão!’ E ele respondeu: ‘Aqui estou’. 2 E Deus disse: ‘Toma teu filho único, Isaac, a quem tanto amas, dirije-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre um monte que eu te indicar’. 3 Abraão levantou-se bem cedo, selou o jumento, tomou consigo dois dos seus servos e seu filho Isaac. Depois de ter rachado lenha para o holocausto, pôs-se a caminho, para o lugar que Deus lhe havia ordenado. 4 No terceiro dia, Abraão, levantando os olhos, viu de longe o lugar. 5 Disse, então, aos seus servos: ‘Esperai aqui com o jumento, enquanto eu e o menino vamos até lá. Depois de adorarmos a Deus, voltaremos a vós’. 6 Abraão tomou a lenha para o holocausto e a pôs às costas do seu filho Isaac, enquanto ele levava o fogo e a faca. E os dois continuaram caminhando juntos. 7 Isaac disse a Abraão: ‘Meu pai’. – ‘Que queres, meu filho?’, respondeu ele. E o menino disse: ‘Temos o fogo e a lenha, mas onde está a vítima para o holocausto?’ 8 Abraão respondeu: ‘Deus providenciará a vítima para o holocausto, meu filho’. E os dois continuaram caminhando juntos. 9 Chegados ao lugar indicado por Deus, Abraão ergueu um altar, colocou a lenha em cima, amarrou o filho e o pôs sobre a lenha em cima do altar. 10 Depois, estendeu a mão, empunhando a faca para sacrificar o filho. 11 E eis que o anjo do Senhor gritou do céu, dizendo: ‘Abraão! Abraão!’ Ele respondeu: ‘Aqui estou!’. 12 E o anjo lhe disse: ‘Não estendas a mão contra teu filho e não lhe faças nenhum mal! Agora sei que temes a Deus, pois não me recusaste teu filho único’. 13 Abraão, erguendo os olhos, viu um carneiro preso num espinheiro pelos chifres; foi buscá-lo e ofereceu-o em holocausto no lugar do seu filho. 14 Abraão passou a chamar aquele lugar: ‘O Senhor providenciará’. Donde até hoje se diz: ‘Sobre o monte o Senhor providenciará’. 15 O anjo do Senhor chamou Abraão, pela segunda vez, do céu, 16 e lhe disse: ‘Juro por mim mesmo – oráculo do Senhor -, uma vez que agiste deste modo e não me recusaste teu filho único, 17 eu te abençoarei e tornarei tão numerosa tua descendência como as estrelas do céu e como as areias da praia do mar. Teus descendentes conquistarão as cidades dos inimigos. 18 Por tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra, porque me obedeceste’.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 15,5.8.9-10.11 (R. 1a)
R. Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!
5 Ó Senhor, sois minha herança e minha taça,*
meu destino está seguro em vossas mãos!
8 Tenho sempre o Senhor ante meus olhos,*
pois se o tenho a meu lado não vacilo. R.
9 Eis por que meu coração está em festa,
minha alma rejubila de alegria,*
e até meu corpo no repouso está tranqüilo;
10 pois não haveis de me deixar entregue à morte,*
nem vosso amigo conhecer a corrupção. R.
11 Vós me ensinais vosso caminho para a vida;
junto a vós, felicidade sem limites,*
delícia eterna e alegria ao vosso lado! R.
3ª Leitura: Ex 14,15_15,1
“Os filhos de Israel entraram pelo meio do mar a pé enxuto.”
Leitura do Livro do Êxodo
Naqueles dias: 15 O Senhor disse a Moisés: ‘Por que clamas a mim por socorro? Dize aos filhos de Israel que se ponham em marcha. 16 Quanto a ti, ergue a vara, estende o braço sobre o mar e divide-o, para que os filhos de Israel caminhem em seco pelo meio do mar. 17 De minha parte, endurecerei o coração dos egípcios, para que sigam atrás deles, e eu seja glorificado às custas do Faraó, e de todo o seu exército, dos seus carros e cavaleiros. 18 E os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando eu for glorificado às custas do Faraó, dos seus carros e cavaleiros’. 19 Então, o anjo do Senhor, que caminhava à frente do acampamento dos filhos de Israel, mudou de posição e foi para trás deles; e com ele, ao mesmo tempo, a coluna de nuvem, que estava na frente, colocou-se atrás, 20 inserindo-se entre o acampamento dos egípcios e o acampamento dos filhos de Israel. Para aqueles a nuvem era tenebrosa, para estes, iluminava a noite. Assim, durante a noite inteira, uns não puderam aproximar-se dos outros. 21 Moisés estendeu a mão sobre o mar, e durante toda a noite o Senhor fez soprar sobre o mar um vento leste muito forte; e as águas se dividiram. 22 Então, os filhos de Israel entraram pelo meio do mar a pé enxuto, enquanto as águas formavam como que uma muralha à direita e à esquerda. 23 Os egípcios puseram-se a perseguí-los, e todos os cavalos do Faraó, carros e cavaleiros os seguiram mar adentro. 24 Ora, de madrugada, o Senhor lançou um olhar, desde a coluna de fogo e da nuvem, sobre as tropas egípcias e as pôs em pânico. 25 Bloqueou as rodas dos seus carros, de modo que só a muito custo podiam avançar. Disseram, então, os egípcios: ‘Fujamos de Israel! Pois o Senhor combate a favor deles, contra nós’. 26 O Senhor disse a Moisés: ‘Estende a mão sobre o mar, para que as águas se voltem contra os egípcios, seus carros e cavaleiros’. 27 Moisés estendeu a mão sobre o mar e, ao romper da manhã, o mar voltou ao seu leito normal, enquanto os egípcios, em fuga, corriam ao encontro das águas, e o Senhor os mergulhou no meio das ondas. 28 As águas voltaram e cobriram carros, cavaleiros e todo o exército do Faraó, que tinha entrado no mar em perseguição de Israel. Não escapou um só. 29 Os filhos de Israel, ao contrário, tinham passado a pé enxuto pelo meio do mar, cujas águas lhes formavam uma muralha à direita e à esquerda. 30 Naquele dia, o Senhor livrou Israel da mão dos egípcios, e Israel viu os egípcios mortos nas praias do mar, 31 e a mão poderosa do Senhor agir contra eles. O povo temeu o Senhor, e teve fé no Senhor e em Moisés, seu servo. 15,1 Então, Moisés e os filhos de Israel cantaram ao Senhor este cântico.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Ex 15,1-2.3-4.5-6.17-18 (R. 15,1a)
R. Cantemos ao Senhor que fez brilhar a sua glória!
1 Ao Senhor quero cantar, pois fez brilhar a sua glória:*
precipitou no Mar Vermelho o Cavalo e o cavaleiro!
2 O Senhor é minha força, é a razão do meu cantar,+
pois foi ele neste dia para mim libertação!*
Ele é meu Deus e o louvarei, Deus de meu pai e o honrarei. R.
3 O Senhor é um Deus guerreiro;
o seu nome é ‘Onipotente’.
4 Os soldados e os carros do Faraó jogou no mar;
afogou no mar Vermelho a elite das tropas. R.
5 E as ondas os cobriram,
como pedra eles afundaram.
6 Vossa direita, ó Senhor, é terrível em poder.
Vossa direita, ó Senhor, aniquila o inimigo! R.
17 Vosso povo levareis e o plantareis em vosso Monte,*
no lugar que preparastes para a vossa habitação,
no Santuário construído pelas vossas próprias mãos.*
18 O Senhor há de reinar eternamente, pelos séculos! R.
4ª Leitura: Is 54,5-14
“Com misericórdia eterna, eu o teu Senhor, compadecí-me de ti.”
Leitura do Livro do Profeta Isaías
5 Teu esposo é aquele que te criou, seu nome é Senhor dos exércitos; teu redentor, o Santo de Israel, chama-se Deus de toda a terra. 6 O Senhor te chamou, como a mulher abandonada e de alma aflita; como a esposa repudiada na mocidade, falou o teu Deus. 7 Por um breve instante eu te abandonei, mas com imensa compaixão volto a acolher-te. 8 Num momento de indignação, por um pouco ocultei de ti minha face, mas com misericórdia eterna compadeci-me de ti, diz teu salvador, o Senhor. 9 Como fiz nos dias de Noé, a quem jurei nunca mais inundar a terra, assim juro que não me irritarei contra ti nem te farei ameaças. 10 Podem os montes recuar e as colinas abalar-se, mas minha misericórdia não se apartará de ti, nada fará mudar a aliança de minha paz, diz o teu misericordioso Senhor. 11 Pobrezinha, batida por vendavais, sem nenhum consolo, eis que assentarei tuas pedras sobre rubis, e tuas bases sobre safiras; 12 revestirei de jaspe tuas fortificações, e teus portões, de pedras preciosas, e todos os teus muros, de pedra escolhida. 13 Todos os teus filhos serão discípulos do Senhor, teus filhos possuirão muita paz; 14 terás a justiça por fundamento. Longe da opressão, nada terás a temer; serás livre do terror, porque ele não se aproximará de ti.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 29,2.4.5-6.11.12a.13b (R. 2a)
R. Eu vos exalto, ó Senhor, porque vós me livrastes!
2 Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes,
e não deixastes rir de mim meus inimigos!
4 Vós tirastes minha alma dos abismos
e me salvastes, quando estava já morrendo! R.
5 Cantai salmos ao Senhor, povo fiel,
dai-lhe graças e invocai seu santo nome!
6 Pois sua ira dura apenas um momento,
mas sua bondade permanece a vida inteira;
se à tarde vem o pranto visitar-nos,
de manhã vem saudar-nos a alegria. R.
11 Escutai-me, Senhor Deus, tende piedade!
Sede, Senhor, o meu abrigo protetor!
12 Transformastes o meu pranto em uma festa
13b Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos! R.
5ª Leitura: Is 55,1-11
“Vinde a mim, ouvi e tereis vida; farei convosco um pacto eterno.”
Leitura do Livro do Profeta Isaías
Assim diz o Senhor: 1 A vós todos que estais com sede, vinde às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, vinde comprar sem dinheiro, tomar vinho e leite, sem nenhuma paga. 2 Por que gastar dinheiro com outra coisa que não o pão, desperdiçar o salário senão com satisfação completa? Ouvi-me com atenção, e alimentai-vos bem, para deleite e revigoramento do vosso corpo. 3 Inclinai vosso ouvido e vinde a mim, ouvi e tereis vida; farei convosco um pacto eterno, manterei fielmente as graças concedidas a Davi. 4 Eis que fiz dele uma testemunha para os povos, chefe e mestre para as nações. 5 Eis que chamarás uma nação que não conhecias, e acorrerão a ti povos que não te conheciam, por causa do Senhor, teu Deus, e do Santo de Israel, que te glorificou. 5 Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto ele está perto. 7 Abandone o ímpio seu caminho, e o homem injusto, suas maquinações; volte para o Senhor, que terá piedade dele, volte para nosso Deus, que é generoso no perdão. 8 Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos e vossos caminhos não são como os meus caminhos, diz o Senhor. 9 Estão meus caminhos tão acima dos vossos caminhos e meus pensamentos acima dos vossos pensamentos, quanto está o céu acima da terra. 10 Assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e para a alimentação, 11 assim a palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Is 12,2-3.4bcd.5-6 (R. 3)
R. Com alegria bebereis do manancial da salvação.
2 Eis o Deus, meu Salvador, eu confio e nada temo;
o Senhor é minha força, meu louvor e salvação.
3 Com alegria bebereis do manancial da salvação. R.
4b e direis naquele dia: ‘Dai louvores ao Senhor,
4c invocai seu santo nome, anunciai suas maravilhas,*
4d entre os povos proclamai que seu nome é o mais sublime. R.
5 Louvai cantando ao nosso Deus, que fez prodígios e portentos,
publicai em toda a terra suas grandes maravilhas!
6 Exultai cantando alegres, habitantes de Sião,
porque é grande em vosso meio o Deus Santo de Israel!’ R.
6ª Leitura: Br 3,9-15.32_4,4
“Marcha para o esplendor do Senhor.”
Leitura do Livro do Profeta Baruc
9 Ouve, Israel, os preceitos da vida; presta atenção, para aprenderes a sabedoria. 10 Que se passa, Israel? Como é que te encontras em terra inimiga? 11 Envelheceste num país estrangeiro, te contaminaste com os mortos, foste contado entre os que descem à mansão dos mortos. 12 Abandonaste a fonte da sabedoria! 13 Se tivesses continuado no caminho de Deus, viverias em paz para sempre. 14 Aprende onde está a sabedoria, onde está a fortaleza e onde está a inteligência, e aprenderás também onde está a longevidade e a vida, onde está o brilho dos olhos e a paz. 15 Quem descobriu onde está a sabedoria? Quem penetrou em seus tesouros? 32 Aquele que tudo sabe, conhece-a, descobriu-a com sua inteligência; aquele que criou a terra para sempre e a encheu de animais e quadrúpedes; 33 aquele que manda a luz, e ela vai, chama-a de volta, e ela obedece tremendo. 34 As estrelas cintilam em seus postos de guarda e alegram-se; 35 ele chamou-as, e elas respondem: ‘Aqui estamos’; e alumiam com alegria o que as fez. 36 Este é o nosso Deus, e nenhum outro pode comparar-se com ele. 37 Ele revelou todo o caminho da sabedoria a Jacó, seu servo, e a Israel, seu bem-amado. 38 Depois, ela foi vista sobre a terra e habitou entre os homens. 4,1 A sabedoria é o livro dos mandamentos de Deus, é a lei, que permanece para sempre. Todos os que a seguem, têm a vida, e os que a abandonam, têm a morte. 2 Volta-te, Jacó, e abraça-a; marcha para o esplendor, à sua luz. 3 Não dês a outro a tua glória nem cedas a uma nação estranha teus privilégios. 4 Ó Israel, felizes somos nós, porque nos é dado conhecer o que agrada a Deus.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 18,8.9.10.11 (R. Jo 6,68c)
R. Senhor, tens palavras de vida eterna.
8 Alei do Senhor Deus é perfeita,
conforto para a alma!
O testemunho do Senhor é fiel,
sabedoria dos humildes. R.
9 Os preceitos do Senhor são precisos,
alegria ao coração.
O mandamento do Senhor é brilhante,
para os olhos é uma luz. R.
10 É puro o temor do Senhor,
imutável para sempre.
Os julgamentos do Senhor são corretos
e justos igualmente. R.
11 Mais desejáveis do que o ouro são eles,
do que o ouro refinado.
Suas palavras são mais doces que o mel,
que o mel que sai dos favos. R.
7ª Leitura: Ez 36,16-17a.18-28
“Derramarei sobre vós uma água pura e dar-vos-ei um coração novo.”
Leitura da Profecia de Ezequiel
16 A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 17 a’Filho do homem, os da casa de Israel estavam morando em sua terra. Mancharam-na com sua conduta e suas más ações. 18 Então derramei sobre eles a minha ira, por causa do sangue que derramaram no país e dos ídolos com os quais o mancharam. 19 Eu dispersei-os entre as nações, e eles foram espalhados pelos países. Julguei-os de acordo com sua conduta e suas más ações. 20 Quando eles chegaram às nações para onde foram, profanaram o meu santo nome; pois deles se comentava: ‘Esse é o povo do Senhor; mas tiveram de sair do seu país!` 21 Então eu tive pena do meu santo nome que a casa de Israel estava profanando entre as nações para onde foi. 22 Por isso, dize à casa de Israel: Assim fala o Senhor Deus: Não é por causa de vós que eu vou agir, casa de Israel, mas por causa do meu santo nome, que profanastes entre as nações para onde fostes. 23 Vou mostrar a santidade do meu grande nome, que profanastes no meio das nações. As nações saberão que eu sou o Senhor. – oráculo do Senhor Deus – quando eu manifestar minha santidade à vista delas por meio de vós. 24 Eu vos tirarei do meio das nações, vos reunirei de todos os países, e vos conduzirei para a vossa terra. 25 Derramarei sobre vós uma água pura, e sereis purificados. Eu vos purificarei de todas as impurezas e de todos os ídolos. 26 Eu vos darei um coração novo e porei um espírito novo dentro de vós. Arrancarei do vosso corpo o coração de pedra e vos darei um coração de carne; 27 porei o meu espírito dentro de vós e farei com que sigais a minha lei e cuideis de observar os meus mandamentos. 28 Habitareis no país que dei a vossos pais. Sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 41,3.5bcd;42,3.4 (R. 41,2)
R. A minh’alma tem sede de Deus.
41,3 A minh’alma tem sede de Deus,
e deseja o Deus vivo.
Quando terei a alegria de ver
a face de Deus? R.
5 Peregrino e feliz caminhando
para a casa de Deus,
entre gritos, louvor e alegria
da multidão jubilosa. R.
42,3 Enviai vossa luz, vossa verdade:
elas serão o meu guia;
que me levem ao vosso Monte santo,
até a vossa morada! R.
4 Então irei aos altares do Senhor,
Deus da minha alegria.
Vosso louvor cantarei, ao som da harpa,
meu Senhor e meu Deus! R.
8ª Leitura – Rm 6,3-11
“Cristo ressuscitado dos mortos não morre mais.”
Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos
Irmãos: 3 Será que ignorais que todos nós, batizados em Jesus Cristo, é na sua morte que fomos batizados? 4 Pelo batismo na sua morte, fomos sepultados com ele, para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim também nós levemos uma vida nova. 5 Pois, se fomos de certo modo identificados a Jesus Cristo por uma morte semelhante à sua, seremos semelhantes a ele também pela ressurreição. 6 Sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com Cristo, para que seja destruído o corpo de pecado, de maneira a não mais servirmos ao pecado. 7 Com efeito, aquele que morreu está livre do pecado. 8 Se, pois, morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele. 9 Sabemos que Cristo ressuscitado dos mortos não morre mais; a morte já não tem poder sobre ele. 10 Pois aquele que morreu, morreu para o pecado uma vez por todas; mas aquele que vive, é para Deus que vive. 11 Assim, vós também considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, em Jesus Cristo.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 117,1-2.16ab-17.22-23
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia
1 Dai graças ao Senhor, porque ele é bom!
‘Eterna é a sua misericórdia!’
2 A casa de Israel agora o diga:
‘Eterna é a sua misericórdia!’ R.
16ab A mão direita do Senhor fez maravilhas,
a mão direita do Senhor me levantou,
a mão direita do Senhor fez maravilhas!’
17 Não morrerei, mas ao contrário, viverei
para cantar as grandes obras do Senhor! R.
22 ‘A pedra que os pedreiros rejeitaram,
tornou-se agora a pedra angular.
23 Pelo Senhor é que foi feito tudo isso
Que maravilhas ele fez a nossos olhos! R.
Evangelho: Lc 24,1-12
“Por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo?”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
1 No primeiro dia da semana, bem de madrugada, as mulheres foram ao túmulo de Jesus, levando os perfumes que haviam preparado. 2 Elas encontraram a pedra do túmulo removida. 3 Mas ao entrar, não encontraram o corpo do Senhor Jesus 4 e ficaram sem saber o que estava acontecendo. Nisso, dois homens com roupas brilhantes pararam perto delas. 5 Tomadas de medo, elas olhavam para o chão, mas os dois homens disseram: ‘Por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo? 6 Ele não está aqui. Ressuscitou! Lembrai-vos do que ele vos falou, quando ainda estava na Galileia: 7 ‘O Filho do Homem deve ser entregue nas mãos dos pecadores, ser crucificado e ressuscitar ao terceiro dia’.’ 8 Então as mulheres se lembraram das palavras de Jesus. 9 Voltaram do túmulo e anunciaram tudo isso aos Onze e a todos os outros. 10 Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago. Também as outras mulheres que estavam com elas contaram essas coisas aos apóstolos. 11 Mas eles acharam que tudo isso era desvairio, e não acreditaram. 12 Pedro, no entanto, levantou-se e correu ao túmulo. Olhou para dentro e viu apenas os lençóis. Então voltou para casa, admirado com o que havia acontecido.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
A Sepultura do Corpo de Cristo
TRÍDUO PASCAL. SÁBADO SANTO
– Sinais que se seguiram à morte de Cristo. Atravessado pela lança. Jesus é despregado da Cruz.
– Preparação para a sepultura. Valentia e generosidade de Nicodemos e Jóse de Arimatéia.
– Os Apóstolos ao lado da Virgem.
I. DEPOIS DE TRÊS HORAS de agonia, Jesus morreu. Os evangelistas narram que, enquanto o Senhor esteve pregado na cruz, o céu escureceu e ocorreram coisas extraordinárias, pois era o Filho de Deus que morria. O véu do templo rasgou-se de alto a baixo 1, dando a entender que, com a morte de Cristo, ficava abolido o culto da Antiga Aliança 2; agora, o culto agradável a Deus passava a ser tributado através da Humanidade de Cristo, que é Sacerdote e Vítima.
A tarde da sexta-feira avançava e era necessário retirar os corpos. Não podiam ficar ali no sábado; deviam estar enterrados antes de que brilhasse a primeira estrela no firmamento. Como era a Parasceve (o dia da preparação da Páscoa), para que os corpos não ficassem na cruz, porque esse sábado era particulamente solene, os judeus rogaram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas e os retirassem 3. Pilatos encarregou alguns soldados de quebrarem as pernas dos ladrões a fim de que morressem mais rapidamente. Quando chegaram a Jesus e viram que já estava morto, um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água 4.
Este episódio, além do fato histórico presenciado por São João, tem um significado profundo. Santo Agostinho e a tradição cristã vêem brotar os sacramentos e a própria Igreja do lado aberto de Jesus: “Ali abria-se a porta da vida, e dali manaram os sacramentos da Igreja, sem os quais não se entra na verdadeira vida...” 5 A Igreja “cresce visivelmente pelo poder de Deus. O seu começo e crescimento estão simbolizados no sangue e na água que brotaram do lado aberto de Cristo crucificado” 6. A morte de Cristo significou a vida sobrenatural que recebíamos através da Igreja.
Esta ferida, que chega ao coração de Cristo e o trespassa, é uma ferida que se acrescenta às demais e que resulta da superabundância do seu amor. É uma maneira de expressar o que nenhuma palavra pode dizer. Maria compreende e sofre, como Corredentora. Seu Filho já não pode sentir o golpe da lança, mas Ela pode. E desse modo cumpre-se até o fim a profecia de Simeão: Uma espada trespassará a tua alma 7.
Desceram Cristo da cruz com carinho e veneração, e depositaram-no com todo o cuidado nos braços de sua Mãe. Ainda que o seu corpo seja uma pura chaga, o seu rosto está sereno e cheio de majestade. Olhemos devagar e com piedade para Jesus, como a Virgem Santíssima o deve ter olhado. O Senhor não só nos resgatou do pecado e da morte, mas nos ensinou a cumprir a vontade de Deus por cima de todos os planos próprios, a viver desprendidos de tudo, a saber perdoar quando aqueles que nos ofendem nem sequer se arrependem, a ser apóstolos até o momento da morte, a sofrer sem queixas estéreis... “Não estorves a obra do Paráclito; une-te a Cristo, para te purificares, e sente, com Ele, os insultos, e os escarros, e as bofetadas..., e os espinhos, e o peso da Cruz..., e os ferros rasgando a tua carne, e as ânsias de uma morte ao desamparo... E mete-te no lado aberto de Nosso Senhor Jesus, até encontrares refúgio seguro em seu coração chagado” 8.
Ali encontraremos a paz. Diz-nos São Boaventura, falando desse viver misticamente dentro das Chagas de Cristo: “Oh que boa coisa é estar com Jesus Cristo crucificado! Quero fazer nEle três moradas: uma, nos pés; outra, nas mãos; e outra, perpétua, no seu lado aberto. Aqui quero sossegar e descansar, e dormir e orar. Aqui falarei ao seu coração...” 9
Olhamos para Jesus devagar e, na intimidade do nosso coração, dizemos-lhe: Ó bom Jesus, ouvi-me. Dentro das vossas chagas, escondei-me. Não permitais que me separe de Vós. Do inimigo maligno, defendei-me. Na hora da minha morte, chamai-me. E mandai-me ir para Vós, para que Vos louve com os vossos Santos, por todos os séculos dos séculos” 10.
II. JOSÉ DE ARIMATÉIA, discípulo de Jesus, homem rico, influente no Sinédrio, que permanecera no anonimato quando o Senhor era aclamado por toda a Palestina, apresenta-se a Pilatos e faz-lhe “o maior pedido que jamais se fez: o Corpo de Jesus, o Filho de Deus, o tesouro da Igreja, sua riqueza, seu ensinamento e exemplo, seu consolo, o Pão com que havia de alimentar-se até à vida eterna. Naquele momento, José representava com o seu pedido o desejo de todos os homens, de toda a Igreja, que necessitava dEle para manter-se viva eternamente” 11.
Nestes momentos de desconcerto, em que os discípulos, exceto João, fugiram, aparece ainda outro discípulo de grande relevo social, que também não estivera presente nas horas de triunfo. Chegou Nicodemos, aquele que outrora havia ido ter com Jesus de noite, levando umas cem libras de uma mistura de mirra e aloés 12. Como a Virgem agradeceria a ajuda destes dois homens, a sua generosidade, a sua valentia, a sua piedade! Como também nós lhes estamos agradecidos!
O pequeno grupo que, junto com a Virgem e as mulheres que o Evangelho menciona expressamente, se encarregou de sepultar o corpo de Jesus, dispõe de pouco tempo para fazê-lo, pois a festa do dia seguinte começava ao entardecer desse dia. Lavaram o corpo do Senhor com extrema piedade, perfumaram-no, envolveram-no num lençol novo que José comprou 13 e depositaram-no num sepulcro escavado na rocha que era do próprio José e que não tinha sido utilizado por ninguém 14. Cobriram a sua cabeça com um sudário 15.
Como invejamos José de Arimatéia e Nicodemos! Como gostaríamos de ter estado presentes naqueles momentos, para cuidar com imensa piedade do corpo do Senhor! “Eu subirei com eles até junto da Cruz, apertar-me-ei ao Corpo frio, cadáver de Cristo, com o fogo do meu amor..., despregá-lo-ei com os meus desagravos e mortificações..., envolvê-lo-ei com o lençol novo da minha vida limpa, e o enterrarei em meu peito de rocha viva, donde ninguém o poderá arrancar – e aí, Senhor, descansai! Quando todo o mundo Vos abandonar e desprezar..., serviam!, eu Vos servirei, Senhor!” 16
Não devemos esquecer nem por um só dia que Jesus está nos nossos sacrários, vivo!, mas tão indefeso como na Cruz ou como depois no sepulcro. Cristo entrega-se à sua Igreja e a cada cristão para que o fogo do nosso amor o atenda e cuide da melhor maneira que possamos, e para que a nossa vida limpa o envolva como o lençol comprado por José. Mas, além dessas manifestações do nosso amor, deve haver outras que talvez exijam parte do nosso tempo, do nosso esforço, dos nossos recursos econômicos: José de Arimatéia e Nicodemos não regatearam essas outras provas de amor.
III. O CORPO DE JESUS jaz no sepulcro. O mundo foi envolvido pelas trevas. Maria é a única luz acesa sobre a terra.
“A Mãe do Senhor – minha Mãe – e as mulheres que tinham seguido o Mestre desde a Galiléia, depois de observarem tudo atentamente, vão-se embora também. Cai a noite.
“Agora tudo passou. Conclui-se a obra da nossa Redenção. Já somos filhos de Deus, porque Jesus morreu por nós e a sua morte nos resgatou.
“Empti enim estis pretio magno! ( 1 Cor 6, 20), tu e eu fomos comprados por um grande preço.
“Temos de converter em vida nossa a vida e a morte de Cristo. Morrer pela mortificação e pela penitência, para que Cristo viva em nós pelo Amor. E seguir então os passos de Cristo, com ânsias de corredimir todas as almas” 17.
Não sabemos onde estavam os Apóstolos naquela tarde, enquanto sepultavam o corpo do Senhor. Deviam andar perdidos, desorientados e confusos, sem rumo fixo, cheios de tristeza. Se já no domingo os vemos novamente unidos 18, é porque no sábado, ou talvez na própria tarde da sexta, procuraram com certeza a Virgem. Ela protegeu com a sua fé, com a sua esperança e o seu amor esta Igreja nascente, débil e assustada. Assim nasceu a Igreja: ao abrigo da nossa Mãe. Já desde o princípio Maria foi a Consoladora dos aflitos, dos que estavam em dificuldades. Este sábado, em que todos cumpriam o descanso festivo segundo mandava a lei 19, não foi um dia triste para Nossa Senhora: seu Filho tinha deixado de sofrer. Ela aguardava serenamente o momento da Ressurreição; por isso não acompanhou as santas mulheres que foram embalsamar o corpo morto de Jesus, e por isso certamente consolou e tranqüilizou os Apóstolos.
Em qualquer circunstância – mas de modo particular se alguma vez abandonamos Jesus e nos encontramos desorientados e perdidos por termos fugido do sacrifício e da Cruz, como os Apóstolos –, devemos recorrer sem qualquer demora a essa luz continuamente acesa na nossa vida que é a Virgem Santíssima. Ela nos devolverá a esperança. “Nossa Senhora é descanso para os que trabalham, consolo para os que choram, remédio para os doentes, porto para aqueles que a tempestade maltrata, perdão para os pecadores, doce alívio para os que estão tristes, socorro para os que lhe imploram” 20. Ao lado dEla, preparamo-nos para viver a imensa alegria da Ressurreição.
(1) Cfr. Mt 27, 51; (2) cfr. Hebr 9, 1-14; (3) Jo 19, 31; (4) Jo 19, 33; (5) Santo Agostinho, Coment. ao Evang. de São João, 120, 2; (6) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 3; (7) Lc 2, 35; (8) Josemaría Escrivá, Caminho, n. 58; (9) Oração de São Boaventura, citada por Frei Luis de Granada, Vida de Jesus Cristo; (10) Missal Romano, Ação de graça depois da Missa; (11) L. de la Palma, La Pasión del Señor, pág. 244; (12) Jo 19, 39; (13) Mc 15, 46; (14) cfr. Mt 27, 60; (15) cfr. Jo 20, 5-6; (16) Josemaría Escrivá, Via Sacra, XIVª est., n. 1; (17) ib.; (18) cfr. Lc 24, 9; (19) cfr. Lc 23, 56; (20) São João Damasceno, Homilia sobre a dormição de Nossa Senhora.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
10 de Abril 2020
A SANTA MISSA

Sexta feira da Paixão do Senhor
Cerimônia das 15 horas
Cor: Vermelha
1ª Leitura: Is 52,13 – 53,12
Ele foi ferido por causa de nossos pecados.
Leitura do Livro do Profeta Isaías
13 Ei-lo, o meu Servo será bem sucedido; sua ascensão será ao mais alto grau. 14 Assim como muitos ficaram pasmados ao vê-lo – tão desfigurado ele estava que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano -, 15 do mesmo modo ele espalhará sua fama entre os povos. Diante dele os reis se manterão em silêncio, vendo algo que nunca lhes foi narrado e conhecendo coisas que jamais ouviram. 53,1 ‘Quem de nós deu crédito ao que ouvimos? E a quem foi dado reconhecer a força do Senhor? 2 Diante do Senhor ele cresceu como renovo de planta ou como raiz em terra seca. Não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que nos agradasse. 3 Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dores, cheio de sofrimentos; passando por ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era, não fazíamos caso dele. 4 A verdade é que ele tomava sobre si nossas enfermidades e sofria, ele mesmo, nossas dores; e nós pensávamos fosse um chagado, golpeado por Deus e humilhado! 5 Mas ele foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes; a punição a ele imposta era o preço da nossa paz, e suas feridas, o preço da nossa cura. 6 Todos nós vagávamos como ovelhas desgarradas, cada qual seguindo seu caminho; e o Senhor fez recair sobre ele o pecado de todos nós’. 7 Foi maltratado, e submeteu-se, não abriu a boca; como cordeiro levado ao matadouro ou como ovelha diante dos que a tosquiam, ele não abriu a boca. 8 Foi atormentado pela angústia e foi condenado. Quem se preocuparia com sua história de origem? Ele foi eliminado do mundo dos vivos; e por causa do pecado do meu povo foi golpeado até morrer. 9 Deram-lhe sepultura entre ímpios, um túmulo entre os ricos, porque ele não praticou o mal nem se encontrou falsidade em suas palavras. 10 O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos. Oferecendo sua vida em expiação, ele terá descendência duradoura, e fará cumprir com êxito a vontade do Senhor. 11 Por esta vida de sofrimento, alcançará luz e uma ciência perfeita. Meu Servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas. 12 Por isso, compartilharei com ele multidões e ele repartirá suas riquezas com os valentes seguidores, pois entregou o corpo à morte, sendo contado como um malfeitor; ele, na verdade, resgatava o pecado de todos e intercedia em favor dos pecadores.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 30,2.6.12-13.15-16.17.25 (R. Lc 23,46)
R. Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.
2 Senhor, eu ponho em vós minha esperança;
que eu não fique envergonhado eternamente!
6 Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito,
porque vós me salvareis, ó Deus fiel! R.
12 Tornei-me o opróbrio do inimigo,
o desprezo e zombaria dos vizinhos,
e objeto de pavor para os amigos;
fogem de mim os que me veem pela rua.
13 Os corações me esqueceram como um morto,
e tornei-me como um vaso espedaçado. R.
15 A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio,
e afirmo que só vós sois o meu Deus!
16 Eu entrego em vossas mãos o meu destino;
libertai-me do inimigo e do opressor! R.
17 Mostrai serena a vossa face ao vosso servo,
e salvai-me pela vossa compaixão!
25 Fortalecei os corações, tende coragem,
todos vós que ao Senhor vos confiais! R.
2ª Leitura: Hb 4,14-16; 5,7-9
Ele aprendeu a ser obediente e tornou-se causa de salvação
para todos os que lhe obedecem.
Leitura da Carta aos Hebreus
Irmãos: 14 Temos um sumo sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus. Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos. 15 Com efeito, temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado. 16 Aproximemo-nos então, com toda a confiança, do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno. 5,7 Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. 8 Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu.9 Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Evangelho: Jo 18,1_19,42
“Prenderam Jesus e o amarraram”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo João
Naquele tempo: 1 Jesus saiu com os discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia aí um jardim, onde ele entrou com os discípulos. 2 Também Judas, o traidor, conhecia o lugar, porque Jesus costumava reunir-se aí com os seus discípulos. 3 Judas levou consigo um destacamento de soldados e alguns guardas dos sumos sacerdotes e fariseus, e chegou ali com lanternas, tochas e armas. 4 Então Jesus, consciente de tudo o que ia acontecer, saiu ao encontro deles e disse: ‘A quem procurais?’ 5 Responderam: ‘A Jesus, o nazareno’. Ele disse: ‘Sou eu’. Judas, o traidor, estava junto com eles. 6 Quando Jesus disse: ‘Sou eu’, eles recuaram e caíram por terra. 7 De novo lhes perguntou: ‘A quem procurais?’ Eles responderam: ‘A Jesus, o nazareno’. 8 Jesus respondeu: ‘Já vos disse que sou eu. Se é a mim que procurais, então deixai que estes se retirem’. 9 Assim se realizava a palavra que Jesus tinha dito: ‘Não perdi nenhum daqueles que me confiaste’. 10 Simão Pedro, que trazia uma espada consigo, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco. 11 Então Jesus disse a Pedro: ‘Guarda a tua espada na bainha. Não vou beber o cálice que o Pai me deu?’ 12 Então, os soldados, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o amarraram. 13 Conduziram-no primeiro a Anás, que era o sogro de Caifás, o sumo sacerdote naquele ano. 14 Foi Caifás que deu aos judeus o conselho: ‘É preferível que um só morra pelo povo’. 15 Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote. 16 Pedro ficou fora, perto da porta. Então o outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, saiu, conversou com a encarregada da porta e levou Pedro para dentro. 17 A criada que guardava a porta disse a Pedro: ‘Não pertences também tu aos discípulos desse homem?’ Ele respondeu: ‘Não’. 18 Os empregados e os guardas fizeram uma fogueira e estavam-se aquecendo, pois fazia frio. Pedro ficou com eles, aquecendo-se. 19 Entretanto, o sumo sacerdote interrogou Jesus a respeito de seus discípulos e de seu ensinamento. 20 Jesus lhe respondeu: ‘Eu falei às claras ao mundo. Ensinei sempre na sinagoga e no Templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada falei às escondidas. 21 Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que falei; eles sabem o que eu disse.’22 Quando Jesus falou isso, um dos guardas que ali estava deu-lhe uma bofetada, dizendo: ‘É assim que respondes ao sumo sacerdote?’ 23 Respondeu-lhe Jesus: ‘Se respondi mal, mostra em quê; mas, se falei bem, por que me bates?’ 24 Então, Anás enviou Jesus amarrado para Caifás, o sumo sacerdote. 25 Simão Pedro continuava lá, em pé, aquecendo-se. Disseram-lhe: ‘Não és tu, também, um dos discípulos dele?’ Pedro negou: ‘Não!’ 26 Então um dos empregados do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse: ‘Será que não te vi no jardim com ele?’ 27 Novamente Pedro negou. E na mesma hora, o galo cantou. 28 De Caifás, levaram Jesus ao palácio do governador. Era de manhã cedo. Eles mesmos não entraram no palácio, para não ficarem impuros e poderem comer a páscoa. 29 Então Pilatos saiu ao encontro deles e disse: ‘Que acusação apresentais contra este homem?’ 30 Eles responderam: ‘Se não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti!’ 31 Pilatos disse: ‘Tomai-o vós mesmos e julgai-o de acordo com a vossa lei.’ Os judeus lhe responderam: ‘Nós não podemos condenar ninguém à morte’. 32 Assim se realizava o que Jesus tinha dito, significando de que morte havia de morrer. 33 Então Pilatos entrou de novo no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe: ‘Tu és o rei dos judeus?’ 34 Jesus respondeu:’Estás dizendo isto por ti mesmo, ou outros te disseram isto de mim?’ 35 Pilatos falou: ‘Por acaso, sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?’. 36 Jesus respondeu: ‘O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui.’ 37 Pilatos disse a Jesus: ‘Então tu és rei?’ Jesus respondeu: ‘Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz.’ 38 Pilatos disse a Jesus: ‘O que é a verdade?’ Ao dizer isso, Pilatos saiu ao encontro dos judeus, e disse-lhes: ‘Eu não encontro nenhuma culpa nele. 39 Mas existe entre vós um costume, que pela Páscoa eu vos solte um preso. Quereis que vos solte o rei dos Judeus?’ 40 Então, começaram a gritar de novo: ‘Este não, mas Barrabás!’ Barrabás era um bandido. 19,1 Então Pilatos mandou flagelar Jesus. 2 Os soldados teceram uma coroa de espinhos e colocaram-na na cabeça de Jesus. Vestiram-no com um manto vermelho, 3 aproximavam-se dele e diziam: ‘Viva o rei dos judeus!’ E davam-lhe bofetadas. 4 Pilatos saiu de novo e disse aos judeus: ‘Olhai, eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que não encontro nele crime algum.’ 5 Então Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto vermelho. Pilatos disse-lhes: ‘Eis o homem!’ 6 Quando viram Jesus, os sumos sacerdotes e os guardas começaram a gritar: ‘Crucifica-o! Crucifica-o!’ Pilatos respondeu: ‘Levai-o vós mesmos para o crucificar, pois eu não encontro nele crime algum.’ 7 Os judeus responderam: ‘Nós temos uma Lei, e, segundo esta Lei, ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus’. 8 Ao ouvir estas palavras, Pilatos ficou com mais medo ainda. 9 Entrou outra vez no palácio e perguntou a Jesus: ‘De onde és tu?’ Jesus ficou calado. 10 Então Pilatos disse: ‘Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?’ 11 Jesus respondeu: ‘Tu não terias autoridade alguma sobre mim, se ela não te fosse dada do alto. Quem me entregou a ti, portanto, tem culpa maior.’ 12 Por causa disso, Pilatos procurava soltar Jesus. Mas os judeus gritavam: ‘Se soltas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César’. 13 Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado ‘Pavimento’, em hebraico ‘Gábata’. 14 Era o dia da preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus: ‘Eis o vosso rei!’ 15 Eles, porém, gritavam: ‘Fora! Fora! Crucifica-o!’ Pilatos disse: ‘Hei de crucificar o vosso rei?’ Os sumos sacerdotes responderam: ‘Não temos outro rei senão César’. 16 Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado, e eles o levaram. 17 Jesus tomou a cruz sobre si e saiu para o lugar chamado ‘Calvário’, em hebraico ‘Gólgota’.18 Ali o crucificaram, com outros dois: um de cada lado, e Jesus no meio. 19 Pilatos mandou ainda escrever um letreiro e colocá-lo na cruz; nele estava escrito: ‘Jesus o Nazareno, o Rei dos Judeus’. 20 Muitos judeus puderam ver o letreiro, porque o lugar em que Jesus foi crucificado ficava perto da cidade. O letreiro estava escrito em hebraico, latim e grego. 21 Então os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: ‘Não escrevas ‘O Rei dos Judeus’, mas sim o que ele disse: ‘Eu sou o Rei dos judeus’.’ 22 Pilatos respondeu: ‘O que escrevi, está escrito’. 23 Depois que crucificaram Jesus, os soldados repartiram a sua roupa em quatro partes, uma parte para cada soldado. Quanto à túnica, esta era tecida sem costura, em peça única de alto a baixo. 24 Disseram então entre si: ‘Não vamos dividir a túnica. Tiremos a sorte para ver de quem será’. Assim se cumpria a Escritura que diz: ‘Repartiram entre si as minhas vestes e lançaram sorte sobre a minha túnica’. Assim procederam os soldados. 25 Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. 26 Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: ‘Mulher, este é o teu filho’. 27 Depois disse ao discípulo: ‘Esta é a tua mãe’. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo. 28 Depois disso, Jesus, sabendo que tudo estava consumado, e para que a Escritura se cumprisse até o fim, disse: ‘Tenho sede’. 29 Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram numa vara uma esponja embebida de vinagre e levaram-na à boca de Jesus. 30 Ele tomou o vinagre e disse: ‘Tudo está consumado’. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. 31 Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz. 32 Os soldados foram e quebraram as pernas de um e depois do outro que foram crucificados com Jesus. 33 Ao se aproximarem de Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; 34 mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. 35 Aquele que viu, dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis. 36 Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: ‘Não quebrarão nenhum dos seus ossos’. 37 E outra Escritura ainda diz: ‘Olharão para aquele que transpassaram’. 38 Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus – mas às escondidas, por medo dos judeus – pediu a Pilatos para tirar o corpo de Jesus. Pilatos consentiu. Então José veio tirar o corpo de Jesus. 39 Chegou também Nicodemos, o mesmo que antes tinha ido a Jesus de noite. Trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e aloés. 40 Então tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no, com os aromas, em faixas de linho, como os judeus costumam sepultar. 41 No lugar onde Jesus foi crucificado, havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. 42 Por causa da preparação da Páscoa, e como o túmulo estava perto, foi ali que colocaram Jesus.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Jesus Morre na Cruz
TRÍDUO PASCAL. SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO DO SENHOR
– No Calvário. Jesus pede perdão pelos que o maltratam e crucificam.
– Cristo crucificado: consuma-se a obra da nossa Redenção.
– Jesus dá-nos a sua Mãe como Mãe nossa. Os frutos da Cruz. O bom ladrão.
I. JESUS É PREGADO na cruz. E a liturgia canta: Doces cravos, doce árvore onde a Vida começa...! 1
Toda a vida de Jesus está orientada para este momento supremo. Muito a custo, consegue chegar ofegante e exausto ao cimo daquela pequena colina chamada “lugar da caveira”. A seguir, estendem-no no chão e começam a pregá-lo no madeiro. Introduzem primeiro os ferros nas mãos, desfibrando-lhe nervos e carne. Depois, é içado até ficar erguido sobre a trave vertical fixada no chão. Por fim, pregam-lhe os pés. Maria, sua Mãe, contempla a cena.
O Senhor está firmemente pregado na Cruz. “Tinha esperado por ela durante muitos anos, e naquele dia cumpria-se o seu desejo de redimir os homens [...]. Aquilo que até Ele tinha sido um instrumento infame e desonroso, convertia-se em árvore de vida e escada de glória. Invadia-o uma profunda alegria ao estender os braços sobre a cruz, para que todos soubessem que era assim que teria sempre os braços para os pecadores que dEle se aproximassem: abertos.
“Viu – e isso o cumulou de alegria – como a cruz seria amada e adorada, porque Ele iria morrer nela. Viu os mártires que, por seu amor e para defender a verdade, iriam padecer um martírio semelhante ao seu. Viu o amor dos seus amigos, viu as suas lágrimas diante da cruz. Viu o triunfo e a vitória que os cristãos alcançariam com a arma da cruz. Viu os grandes milagres que, pelo sinal da cruz, se iriam realizar em todo o mundo. Viu tantos homens que, com a sua vida, iriam ser santos por terem sabido morrer como Ele e por terem vencido o pecado” 2. Viu como nós iríamos beijar tantas vezes um crucifixo; viu o nosso recomeçar em tantas ocasiões...
Jesus está suspenso da cruz. Ao seu redor, o espetáculo é desolador: alguns passam e injuriam-no; os príncipes dos sacerdotes, mais ferinos e mordazes, zombam dEle; e outros, indiferentes, simplesmente observam o que está acontecendo. Muitos dos presentes o tinham visto abençoar, pregar uma doutrina salvadora e mesmo fazer milagres. Não há censura alguma nos olhos de Jesus; apenas piedade e compaixão.
Oferecem-lhe vinho com mirra. Dai licor àquele que desfalece e vinho àquele que traz amargura no seu coração: que bebam e esquecerão a sua miséria e não voltarão a lembrar-se das suas mágoas 3. Era costume ter esses gestos de humanidade com os condenados. A bebida – um vinho forte com um pouco de mirra – adormecia e aliviava o sofrimento. O Senhor provou-a por gratidão para com aquele que lha oferecia, mas não quis tomá-la, para esgotar o cálice da dor.
Por que tanto padecimento?, pergunta-se Santo Agostinho. E responde: “Tudo o que Ele padeceu é o preço do nosso resgate” 4. Não se contentou com sofrer alguma coisa: quis esgotar o cálice para que compreendêssemos a grandeza do seu amor e a baixeza do pecado; para que fôssemos generosos na entrega, na mortificação, no espírito de serviço.
II. A CRUCIFIXÃO era a execução mais cruel e afrontosa que a Antigüidade conhecia. Um cidadão romano não podia ser crucificado. A morte sobrevinha depois de uma longa agonia. Às vezes, os verdugos aceleravam o fim do crucificado quebrando-lhe as pernas. Desde os tempos apostólicos até os nossos dias, são muitos os que se negam a aceitar um Deus feito homem que morre num madeiro para salvar-nos: o drama da cruz continua a ser escândalo para os judeus e loucura para os gentios 5. Desde sempre existiu a tentação de desvirtuar o sentido da Cruz.
A união íntima de cada cristão com o seu Senhor necessita do conhecimento completo da sua vida, incluído o capítulo da Cruz. Aqui se consuma a nossa Redenção, aqui a dor do mundo encontra o seu sentido, aqui conhecemos um pouco a malícia do pecado e o amor de Deus por cada um dos homens. Não permaneçamos indiferentes diante de um crucifixo.
“Já pregaram Jesus ao madeiro. Os verdugos executaram impiedosamente a sentença. O Senhor deixou que o fizessem, com mansidão infinita.
“Não era necessário tanto tormento. Ele podia ter evitado aquelas amarguras, aquelas humilhações, aqueles maus tratos, aquele juízo iníquo, e a vergonha do patíbulo, e os pregos, e a lança... Mas quis sofrer tudo isso por ti e por mim. E nós não havemos de saber corresponder?
“É muito possível que nalguma ocasião, a sós com um crucifixo, te venham as lágrimas aos olhos. Não te contenhas... Mas procura que esse pranto acabe num propósito” 6.
III. OS FRUTOS DA CRUZ não se fizeram esperar. Um dos ladrões, depois de reconhecer os seus pecados, dirige-se a Jesus: Senhor, lembra-te de mim quando tiveres entrado no teu reino. Fala-lhe com a confiança que lhe outorga o fato de ser seu companheiro de suplício. Viu o seu comportamento desde que empreenderam a caminhada para o Calvário: o seu silêncio impressionante; o seu olhar cheio de compaixão sobre a multidão que o cercava; a sua grande majestade no meio de tanto cansaço e dor. As palavras que agora pronuncia não são improvisadas: exprimem o resultado final de um processo que se iniciou no seu íntimo desde o momento em que se encontrou ao lado de Jesus. Não necessitou de nenhum milagre para converter-se em discípulo de Cristo; bastou-lhe contemplar de perto o sofrimento do Senhor, como tantos outros que, ao longo dos tempos, também se converteriam ao meditarem nos episódios da Paixão relatados pelos evangelistas.
No meio de tantos insultos, o Senhor escutou emocionado essa voz que o reconhecia como Deus. Deve-lhe ter causado uma grande alegria, depois de tanto sofrimento. Em verdade te digo que hoje mesmo estarás comigo no Paraíso 7, disse-lhe.
A eficácia da Paixão não tem fim. Vem inundando constantemente o mundo de paz, de graça, de perdão, de felicidade nas almas, de salvação. A Redenção realizada uma vez por Cristo aplica-se a cada homem, com a cooperação da sua liberdade. Cada um de nós pode dizer de verdade: O Filho de Deus amou-me e entregou-se por mim 8. Não por “nós” de modo genérico, mas por mim, como se eu fosse o único.
“Jesus Cristo quis submeter-se por amor, com plena consciência, inteira liberdade e coração sensível [...]. Ninguém morreu como Jesus Cristo, porque Ele era a própria Vida. Ninguém expiou o pecado como Ele, porque Ele era a própria Pureza” 9. Nós recebemos agora copiosamente os frutos daquele amor de Jesus na Cruz. Só o nosso “não querer” pode tornar vã a Paixão de Cristo.
Muito perto de Jesus está sua Mãe, com outras santas mulheres. Também ali está João, o mais jovem dos Apóstolos. Quando Jesus viu sua Mãe e, perto dela, o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí a tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para sua casa 10. Jesus, depois de dar-se a si próprio na Última Ceia, dá-nos agora o que mais ama na terra, o que lhe resta de mais precioso. Despojaram-no de tudo. E Ele nos dá Maria como nossa Mãe.
Este gesto tem um duplo sentido. Por um lado, o Senhor preocupa-se com a Virgem, cumprindo com toda a fidelidade o quarto mandamento do Decálogo. Por outro, declara que Ela é nossa Mãe. “A Santíssima Virgem avançou também na peregrinação da fé e manteve fielmente a sua união com o Filho até a Cruz, junto da qual, não sem um desígnio divino, permaneceu de pé (Jo 19, 25), sofrendo profundamente com o seu Unigênito e associando-se com entranhas de mãe ao seu sacrifício, consentindo amorosamente na imolação da Vítima que Ela mesma tinha gerado; e, finalmente, foi dada como mãe ao discípulo pelo próprio Cristo Jesus, agonizante na Cruz” 11.
“Apagam-se as luminárias do céu, e a terra fica sumida em trevas. São perto das três, quando Jesus exclama:
“Eli, Eli, lamma sabachtani?! Isto é: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (Mt 27, 46).
“Depois, sabendo que todas as coisas estão prestes a ser consumadas, para que se cumpra a Escritura diz:
“– Tenho sede (Jo 19, 28).
“Os soldados embebem em vinagre uma esponja e, pondo-a numa haste de hissopo, aproximam-na da sua boca. Jesus sorve o vinagre e exclama:
“– Tudo está consumado (Jo 19, 30).
“Rasga-se o véu do templo e a terra treme, quando o Senhor clama em voz forte:
“– Pai, em tuas mãos encomendo o meu espírito (Lc 23, 46).
“E expira.
“Ama o sacrifício, que é fonte de vida interior. Ama a Cruz, que é altar do sacrifício. Ama a dor, até beberes, como Cristo, o cálice até às fezes” 12.
Com Maria, nossa Mãe, ser-nos-á mais fácil consegui-lo, e por isso cantamos-lhe com o hino litúrgico: “Ó doce fonte de amor! Faz-me sentir a tua dor para que chore contigo. Faz-me chorar contigo e doer-me deveras das tuas penas enquanto vivo; porque desejo acompanhar o teu coração compassivo na cruz em que o vejo. Faz com que a cruz me enamore e que nela viva e habite...” 13
(1) Hino Crux fidelis, Adoração da Cruz, Ofício da Sexta-feira da Semana Santa; (2) L. de la Palma, La Pasión del Señor, pág. 168-169; (3) Prov 31, 6-7; (4) Santo Agostinho, Coment. sobre o Salmo 21, 11, 8; (5) cfr. 1 Cor 1, 23; (6) São Josemaría Escrivá, Via Sacra, XIª est., n. 1; (7) Lc 23, 43; (8) Gal 2, 20; (9) R. Guardini, O Senhor; (10) Jo 19, 26-27; (11) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 58; (12) São Josemaría Escrivá, Via Sacra, XIIª est.; (13) hino Stabat Mater.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
Santa Madalena de Canossa
10 de Abril
Santa Madalena de Canossa
Filha de família nobre e muito rica, Madalena Gabriela Canossa nasceu no dia 1º de março de 1774, em Verona, Itália. Sua família era bastante influente na importante cidade de Verona. Aos cinco anos, porém, um grande sofrimento marcou sua vida: seu pai veio a falecer e sua mãe simplesmente abandonou os filhos a fim de se casar de novo. Madalena e seus irmãos foram deixados num orfanato de péssima qualidade. Ali, a pequena Madalena ficou doente muitas vezes. Mas a menina Madalena guardava dentro de si um admirável dom de Deus.
Ao completar dezessete anos, a jovem Madalena tentou ingressar no Carmelo duas vezes. Nas duas vezes e percebeu que esta não era sua vocação. Ao mesmo tempo, ela não sabia ainda qual era o plano de Deus para sua vida. Sabendo que esta decisão seria a mais importante de sua vida, guardou o chamado em seu coração e voltou para junto de seus irmãos.
Irmã mais velha e emancipada, teve condições jurídicas de assumir o controle do enorme patrimônio familiar do qual ela e seus irmãos eram herdeiros. Nessa missão, Madalena descobriu-se excelente administradora e dona de um excepcional tino para os negócios, o que surpreendeu muita gente. Sua vocação para a vida religiosa, porém, permaneceu firme em seu coração. Por causa disso, nunca demonstrou interesse pelo matrimônio.
A situação política e social da Itália por volta de 1800, com influência da revolução francesa e governos de imperadores estrangeiros na Itália levaram este país a cair em grave situação econômica, favorecendo o surgimento de um grande número de pobres bem como de crianças abandonadas. No meio dessa crise, no ano 1801, bateram à porta do palácio da família de Madalena duas adolescentes, à procura de abrigo. Santa Madalena acolheu as duas. Logo apareceram outras e ela percebeu nesses acontecimentos o chamado de Deus para sua vida.
Em pouco tempo, Santa Madalena de Canossa tinha transformado grande parte do palácio de sua família numa comunidade de mulheres caridosas e religiosas que se dispunham a cuidar das meninas abandonadas e carentes de tudo. Seus familiares, porém, não aprovavam esta conduta e a situação ficava, por vezes, tensa.
Sete anos após assumir esse trabalho com as meninas carentes, Santa Madalena de Canossa conseguiu superar as resistências de seus familiares e saiu de seu palácio, deixando o controle dos bens de sua família com seus irmãos. Foi morar na região mais carente da cidade de Verona para, ali, realizar em plenitude o chamado de Deus para a sua vida: dedicar-se à evangelização dos pobres e à sua promoção humana. Para isso, Santa Madalena de Canossa fundou a Congregação das Filhas da Caridade, cujas religiosas seriam formadas como educadoras e evangelizadoras de crianças e adolescentes carentes.
Logo, um grande número de moças e mulheres ingressaram na congregação imbuídas do mesmo ideal de educar e evangelizar os pobres. Em pouco tempo novas casas começaram a ser fundadas em várias regiões da Itália e da Europa. Santa Madalena de Canossa escreveu as Regras de Vida da nova Congregação em 1812. Em 1826, já com várias casas pela Europa, o Papa Leão XII aprovou as regras. Em 1831 era inaugurada a primeira casa masculina da Congregação dos Filhos da Caridade na cidade de Veneza. Esta casa foi destinada à formação e evangelização de jovens e adultos carentes.
Santa Madalena de Canossa tinha uma profunda vida de oração e mística. Desenvolveu um profundo amor para com Jesus crucificado, que a tornava cada vez mais sensível à dor e a necessidade do próximo. Seu amor para com os mais necessitados era ardente e admirado por todos. Até mesmo Napoleão Bonaparte tomou conhecimento de sua santidade e passou a chama-la de “Anjo da Caridade”.
Santa Madalena de Canossa faleceu em 10 de abril de 1835. Era uma sexta-feira santa. Em 1860 suas obras masculinas e femininas se estenderam para o Oriente. Hoje, conhecidos como “Canossianos”, eles estão presentes em todos os continentes fiéis ao mesmo carisma que o Senhor despertou em Santa Madalena de Canossa: dar formação humana e evangelização a crianças, adolescentes e jovens carentes, dando uma maravilhosa contribuição para a construção de um mundo melhor. Santa Madalena de Canossa foi canonizada em 1988 pelo Papa João Paulo II.
Fonte: https://cruzterrasanta.com.br
09 de Abril 2020
A SANTA MISSA

Quinta feira Santa – Tríduo Pascal
Missa da Ceia do Senhor
Cor: Branca
1ª Leitura: Ex 12,1-8.11-14
Ritual da ceia pascal.
Leitura do Livro do Êxodo
Naqueles dias: 1 O Senhor disse a Moisés e a Aarão no Egito: 2 ‘Este mês será para vós o começo dos meses; será o primeiro mês do ano. 3 Falai a toda a comunidade dos filhos de Israel, dizendo: ‘No décimo dia deste mês, cada um tome um cordeiro por família, um cordeiro para cada casa. 4 Se a família não for bastante numerosa para comer um cordeiro, convidará também o vizinho mais próximo, de acordo com o número de pessoas. Deveis calcular o número de comensais, conforme o tamanho do cordeiro. 5 O cordeiro será sem defeito, macho, de um ano. Podereis escolher tanto um cordeiro, como um cabrito: 6 e devereis guardá-lo preso até ao dia catorze deste mês. Então toda a comunidade de Israel reunida o imolará ao cair da tarde. 7 Tomareis um pouco do seu sangue e untareis os marcos e a travessa da porta, nas casas em que o comerem. 8 Comereis a carne nessa mesma noite, assada ao fogo, com pães ázimos e ervas amargas. 11 Assim devereis comê-lo: com os rins cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão. E comereis às pressas, pois é a Páscoa, isto é, a ‘Passagem’ do Senhor! 12 E naquela noite passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até os animais; e infligirei castigos contra todos os deuses do Egito, eu, o Senhor. 13 O sangue servirá de sinal nas casas onde estiverdes. Ao ver o sangue, passarei adiante, e não vos atingirá a praga exterminadora, quando eu ferir a terra do Egito. 14 Este dia será para vós uma festa memorável em honra do Senhor, que haveis de celebrar por todas as gerações, como instituição perpétua.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 115,12-13.15-16bc.17-18 (R. cf.1Cor 10,16)
R. O cálice por nós abençoado,
é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.
12 Que poderei retribuir ao Senhor Deus
por tudo aquilo que ele fez em meu favor?
13 Elevo o cálice da minha salvação,
invocando o nome santo do Senhor. R.
15 É sentida por demais pelo Senhor
a morte de seus santos, seus amigos.
16 Eis que sou o vosso servo, ó Senhor
mas me quebrastes os grilhões da escravidão! R.
17 Por isso oferto um sacrifício de louvor,
invocando o nome santo do Senhor.
18 Vou cumprir minhas promessas ao Senhor
na presença de seu povo reunido. R.
2ª Leitura: 1Cor 11,23-26
Todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes
deste cálice proclamais a morte do Senhor.
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
Irmãos: 23 O que eu recebi do Senhor foi isso que eu vos transmiti: Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão 24 e, depois de dar graças, partiu-o e disse: ‘Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória’. 25 Do mesmo modo, depois da ceia, tomou também o cálice e disse: ‘Este cálice é a nova aliança, em meu sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim’. 26 Todas as vezes, de fato, que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Evangelho: Jo 13,1-15
Amou-os até o fim.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João
1 Antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. 2 Estavam tomando a ceia. O diabo já tinha posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de entregar Jesus. 3 Jesus, sabendo que o Pai tinha colocado tudo em suas mãos e que de Deus tinha saído e para Deus voltava, 4 levantou-se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. 5 Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido. 6 Chegou a vez de Simão Pedro. Pedro disse: ‘Senhor, tu, me lavas os pés?’ 7 Respondeu Jesus: ‘Agora, não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreenderás.’ 8 Disse-lhe Pedro: ‘Tu nunca me lavarás os pés!’ Mas Jesus respondeu: ‘Se eu não te lavar, não terás parte comigo’. 9 Simão Pedro disse: ‘Senhor, então lava não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.’ 10 Jesus respondeu: ‘Quem já se banhou não precisa lavar senão os pés, porque já está todo limpo. Também vós estais limpos, mas não todos.’ 11 Jesus sabia quem o ia entregar; por isso disse: ‘Nem todos estais limpos.’ 12 Depois de ter lavado os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e sentou-se de novo. E disse aos discípulos: ‘Compreendeis o que acabo de fazer?’ 13 Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. 14 Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. 15 Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
A Última Ceia do Senhor
TRÍDUO PASCAL. QUINTA-FEIRA DA CEIA DO SENHOR
– Jesus celebra a Última Ceia com os Apóstolos.
– Instituição da Sagrada Eucaristia e do sacerdócio ministerial.
– O mandamento novo do Senhor.
I. A QUINTA-FEIRA SANTA recorda-nos a Última Ceia do Senhor com os Apóstolos. Como nos anos anteriores, Jesus celebra a Páscoa rodeado dos mais íntimos. Mas, desta vez, a celebração tem características muito especiais, por ser a última Páscoa do Senhor antes do seu trânsito para o Pai e em vista dos acontecimentos que nela têm lugar. Todos os momentos desta Última Ceia refletem a Majestade de Jesus, que sabe que morrerá no dia seguinte, e o seu grande amor e ternura pelos homens.
A Páscoa era a principal festa judaica e fora instituída para comemorar a libertação do povo judeu da escravidão do Egito. “Conservareis a memória deste dia, celebrando-o como uma festa em honra do Senhor: fá-lo-eis de geração em geração, pois é uma instituição perpétua” 1. Todos os judeus têm obrigação de celebrar esta festa para manter viva a memória do seu nascimento como Povo de Deus.
Jesus encarregou os seus discípulos prediletos, Pedro e João, de preparar as coisas necessárias. Os dois Apóstolos fazem esses preparativos com todo o cuidado. Depois de terem levado o cordeiro ao Templo a fim de imolá-lo, vão à casa onde terá lugar a ceia para assá-lo. Preparam também a água para as abluções 2, as “ervas amargas” (que representavam a amargura da escravidão), os “pães ázimos” (que recordavam que os seus antepassados não os tinham cozido pela pressa com que tinham saído do Egito), o vinho, etc. Estes cuidadosos preparativos recordam-nos o esmero com que devemos preparar-nos para participar da Santa Missa. Não nos esqueçamos de que em cada Missa se renova o mesmo Sacrifício de Cristo, que se entregou por nós, e de que nós também somos seus discípulos e ocupamos, portanto, o lugar de Pedro e João.
A Última Ceia começa com o pôr-do-sol. Jesus recita os salmos com voz firme e num tom particularmente expressivo. São João diz-nos que Jesus desejava ardentemente comer essa Páscoa com os seus discípulos 3.
Nessas horas aconteceram coisas singulares, que os evangelistas tiveram o cuidado de transmitir-nos em pormenor: a rivalidade entre os Apóstolos, que começaram a discutir qual deles seria o maior; o exemplo surpreendente de humildade e de serviço que Jesus dá quando se ajoelha e executa uma tarefa que se deixava aos servos mais ínfimos: começou a lavar-lhes os pés; o amor e a ternura que manifesta pelos seus discípulos: Filhinhos meus..., chega a dizer-lhes. “O próprio Senhor quis dar àquela reunião tal plenitude de significado, tal riqueza de recordações, tal comoção de palavras e sentimentos, tal novidade de atos e preceitos, que nunca acabaremos de meditá-los e explorá-los. É uma ceia testamentária; é uma ceia afetuosa e imensamente triste, e ao mesmo tempo misteriosamente reveladora de promessas divinas, de perspectivas supremas. Está próxima a morte, com inauditos presságios de traição, de abandono, de imolação; a conversa decai logo, enquanto a palavra de Deus flui aos borbotões, nova, extremamente doce, tensa em confidências supremas, pairando assim entre a vida e a morte” 4.
O que Cristo fez pelos seus pode resumir-se nestas breves palavras de São João: amou-os até o fim 5. Hoje é um dia especialmente apropriado para meditarmos nesse amor de Jesus por cada um de nós e no modo como lhe estamos correspondendo.
II. E AGORA, ENQUANTO COMIAM, muito provavelmente no fim da ceia, Jesus tem um gesto transcendente e ao mesmo tempo simples, numa atitude que os Apóstolos conheciam tão bem: permanece em silêncio por uns instantes e, a seguir, institui a Eucaristia.
O Senhor antecipa de forma sacramental o sacrifício que consumará no dia seguinte no Calvário. Até aquele momento, a Aliança de Deus com o seu povo estava representada pelo cordeiro pascal sacrificado no altar dos holocaustos, pelo banquete de toda a família na ceia pascal. Agora o Cordeiro imolado é o próprio Cristo 6: Esta é a nova aliança no meu sangue... O Corpo de Cristo é o novo banquete que congrega todos os irmãos: Tomai e comei... Com a imolação e oferenda de Si próprio – Corpo e Sangue – ao Pai, como Cordeiro sacrificado, o Senhor inaugura a nova e definitiva Aliança entre Deus e os homens, e com ela redime-os a todos da escravidão do pecado e da morte eterna.
Jesus dá-se-nos na Eucaristia para nos fortalecer na nossa fraqueza, para nos acompanhar na nossa solidão e como antecipação do Céu. Na véspera da sua paixão e morte, dispôs as coisas de modo a que nunca faltasse esse Pão até o fim do mundo. Porque, nessa noite memorável, Jesus deu aos Apóstolos e aos seus sucessores, os bispos e sacerdotes, o poder de renovarem o prodígio até o fim dos tempos: Fazei isto para celebrar a minha memória 7. Com a Sagrada Eucaristia, que durará até que o Senhor venha 8, instituiu o sacerdócio ministerial.
Jesus permanece conosco para sempre na Sagrada Eucaristia, com uma presença real, verdadeira e substancial. Ele é o mesmo no Cenáculo e no Sacrário. Naquela noite, os discípulos gozaram da presença sensível de Jesus, que se entregava a eles e a todos os homens. Nós, nesta tarde, quando formos adorá-lo publicamente no Monumento, também nos encontraremos novamente com Ele; Ele nos vê e nos reconhece. Poderemos falar-lhe como faziam os Apóstolos e contar-lhe os nossos sonhos e as nossas preocupações, e agradecer-lhe por permanecer conosco, e acompanhá-lo recordando a sua entrega de amor. Jesus sempre nos espera no Sacrário.
III. NISTO CONHECERÃO todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros 9.
Jesus fala aos Apóstolos da sua iminente partida, e é então que anuncia o mandamento novo, proclamado também em todas as páginas do Evangelho: Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei10. Desde então, sabemos que “a caridade é o caminho para seguir a Deus mais de perto” 11 e para encontrá-lo com maior prontidão. Deus é Amor, e a alma entende-o melhor quando pratica a caridade com maior finura, e torna-se mais nobre na medida em que cresce nessa virtude teologal.
O modo como tratarmos e servirmos os que nos rodeiam será o sinal pelo qual nos hão de reconhecer como discípulos do Senhor. “Ele não fala em ressuscitar mortos nem em qualquer outra prova evidente, mas nesta: que vos ameis uns aos outros” 12. “Muitos querem saber se amam a Cristo e procuram sinais pelos quais possam descobri-lo. O sinal que nunca engana é a caridade fraterna [...]. E essa é também a medida do estado da nossa vida interior, especialmente da nossa vida de oração” 13.
Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis... 14 É um mandamento novo porque são novos os seus motivos: o próximo é uma só coisa com Cristo, e por isso é objeto de um especial amor do Pai. É um mandamento novo porque o Modelo é sempre atual. É um mandamento novo porque estabelece relações novas entre os homens; porque o modo de cumpri-lo será sempre novo: como eu vos amei; porque se dirige a um povo novo e requer corações novos; porque estabelece os alicerces de uma ordem diferente e desconhecida até então. É novo porque sempre será uma novidade para os homens, acostumados aos seus egoísmos e às suas rotinas.
Nesta Quinta-feira Santa, ao cabo deste tempo de oração, podemos perguntar-nos se, nos lugares em que se desenvolve a maior parte da nossa vida, as pessoas sabem que somos discípulos de Cristo pela forma amável, compreensiva e acolhedora com que as tratamos. Podemos perguntar-nos se procuramos não cometer faltas contra a caridade por pensamentos, palavras ou atos; se sabemos pedir desculpas quando tratamos mal a alguém; se temos manifestações de carinho com os que estão ao nosso lado: cordialidade, estima, umas palavras animadoras, a correção fraterna quando for necessária, o sorriso habitual e o bom humor, serviços que prestamos, preocupação verdadeira pelos problemas dos outros, pequenas ajudas que passam despercebidas...
Agora que está já tão próxima a Paixão do Senhor, recordamos a entrega de Maria ao cumprimento da Vontade de Deus e ao serviço dos outros. “A imensa caridade de Maria pela humanidade faz com que também nEla se cumpra a afirmação de Cristo: Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos (Ioh XV, 13) 15.
(1) Ex 12, 14; (2) Jo 13, 5; (3) Jo 13, 1; (4) Paulo VI, Homilia da Missa da Quinta-feira Santa, 27-III-1975; (5) Jo 13, 1; (6) 1 Cor 5, 7; (7) Lc 22, 19; (8) 1 Cor 2, 26; (9) Jo 13, 35; (10) Jo 15, 12; (11) São Tomás, Coment. à Epístola aos Efésios, 5, 1; (12) idem, Opúsculo sobre a caridade; (13) B. Baur, A vida espiritual; (14) Jo 13, 34; (15) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 287.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal