São Pio V

30 de Abril

São Pio V

 

O Papa Pio V é venerado por ter unido a Europa, acabando com as guerras internas para que todos se voltassem contra o verdadeiro inimigo, os turcos, vencidos finalmente em 1571.

Mas é preciso lembrar que ele implantou reformas essenciais também dentro do cristianismo, acabando com o nepotismo na Igreja, um mal que até hoje afeta as comunidades no âmbito político. Também não se pode esquecer que defendeu o catolicismo com corpo e alma, unhas e dentes, quando preciso, chegando a excomungar a Rainha Elisabete I, da Inglaterra.

Miguel Ghisleri nasceu em 1504, em Bosco Marengo, na província de Alexandria e, aos quatorze anos já ingressara na congregação dos dominicanos. Depois que se ordenou sacerdote, sua carreira correu na Terra como um raio. Foi professor, prior de convento, superior provincial, inquisidor em Como e Bérgamo, bispo de Sutri e Nepi, depois cardeal, grande inquisidor, bispo de Mondovi e, finalmente, papa, em 1566, tomando o nome de Pio V.

Assim que assumiu foi procurado em Roma por dezenas de parentes. Não deu "emprego" a nenhum, afirmando ainda que um parente do papa, se não estiver na miséria, "já está bastante rico". Implantou ainda outras mudanças no campo pastoral, aprovadas no Concílio de Trento: a obrigação de residência para os bispos, a clausura dos religiosos, o celibato e a santidade de vida dos sacerdotes, as visitas pastorais dos bispos, o incremento das missões e a censura das publicações, para que não contivessem material doutrinário não aprovado pela Igreja. Depois de conseguir a união dos países católicos, com a conseqüente vitória sobre os turcos invasores e de ter decretado a excomunhão e deposição da própria rainha da Inglaterra, o furacão se extinguiu. Papa Pio V morreu em 1572, sendo canonizado em 1712.

Sua memória, antes homenageada em 5 de maio, com a reforma do calendário litúrgico passou a ser festejada nesta data, 30 de abril.30

Fonte: https://www.acidigital.com


30 de Abril 2020

A SANTA MISSA

3ª Semana da Páscoa – Quinta-feira 
Cor: Branca

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1ª Leitura: At 8,26-40

 Aqui temos água. O que impede que eu seja batizado? 

Leitura dos Atos dos Apóstolos

Naqueles dias, 26 um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: “Prepara-te e vai para o sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza. O caminho é deserto”. Filipe levantou-se e foi. 27 Nisso apareceu um eunuco etíope, ministro de Candace, rainha da Etiópia, e administrador geral do seu tesouro, que tinha ido em peregrinação a Jerusalém. 28 Ele estava voltando para casa e vinha sentado no seu carro, lendo o profeta Isaías. 29 Então o Espírito disse a Filipe: “Aproxima-te desse carro e acompanha-o”. 30 Filipe correu, ouviu o eunuco ler o profeta Isaías e perguntou: “Tu compreendes o que estás lendo?” 31 O eunuco respondeu: “Como posso, se ninguém mo explica?” Então convidou Filipe a subir e a sentar-se junto a ele. 32 A passagem da Escritura que o eunuco estava lendo era esta: “Ele foi levado como ovelha ao matadouro; e qual um cordeiro diante do seu tosquiador, ele emudeceu e não abriu a boca. 33 Eles o humilharam e lhe negaram justiça; e seus descendentes, quem os poderá enumerar? Pois sua vida foi arran­cada da terra”. 34 E o eunuco disse a Filipe: “Peço que me expliques de quem o profeta está dizendo isso. Ele fala de si mesmo ou se refere a algum outro?” 35 Então Filipe começou a falar e, partindo dessa passagem da Escritura, anunciou Jesus ao eunuco. 36 Eles prosseguiram o caminho e chegaram a um lugar onde havia água. 37 Então o eunuco disse a Filipe: “Aqui temos água. O que impede que eu seja batizado?” 38 O eunuco mandou parar o carro. Os dois desceram para a água e Filipe batizou o eunuco. 39 Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe. O eunuco não o viu mais e prosseguiu sua viagem, cheio de alegria. 40 Filipe foi parar em Azoto. E, passando adiante, evangelizava todas as cidades até chegar a Cesareia.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 65, 8-9. 16-17. 20 (R. 1)

R. Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira.

Ou: Aleluia, Aleluia, Aleluia

8 Nações, glorificai ao nosso Deus, *
anunciai em alta voz o seu louvor!
9 É ele quem dá vida à nossa vida, *
e não permite que vacilem nossos pés.      R.

16 Todos vós que a Deus temeis, vinde escutar: *
vou contar-vos todo bem que ele me fez!
17 Quando a ele o meu grito se elevou, *
já havia gratidão em minha boca!       R.

20 Bendito seja o Senhor Deus que me escutou,
não rejeitou minha oração e meu clamor, *
nem afastou longe de mim o seu amor!       R. 

Evangelho: Jo 6,44-51 

 Eu sou o pão vivo descido do céu. 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 44 “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no último dia. 45 Está escrito nos Profetas:  ‘Todos serão discípulos de Deus’. Ora, todo aquele que escutou o Pai e por ele foi instruído, vem a mim. 46 Não que alguém já tenha visto o Pai. Só aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. 47 Em verdade, em verdade vos digo, quem crê possui a vida eterna. 48 Eu sou o pão da vida. 49 Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. 50 Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá. 51 Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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Frutos da Tribulação

TEMPO PASCAL. TERCEIRA SEMANA. QUARTA-FEIRA

– Espírito apostólico dos primeiros cristãos durante a perseguição. Frutos da tribulação e das dificuldades.
– Fortaleza diante de circunstâncias difíceis.
– A união com Deus nos momentos mais custosos.

I. DEPOIS DO MARTÍRIO de Santo Estêvão, originou-se uma perseguição contra os cristãos de Jerusalém, que tiveram que dispersar-se por outras regiões 1. A Providência serviu-se dessa circunstância para levar a semente da fé a terras distantes, que de outro modo tardariam mais em conhecer a figura e a doutrina de Cristo. Os que se haviam dispersado iam por toda a parte, anunciando a palavra de Deus 2. “Observai – diz São João Crisóstomo – como os cristãos, mesmo no meio de infortúnios, continuam a pregação, ao invés de descuidá-la” 3.

O espírito apostólico dos primeiros cristãos pôs-se de manifesto tanto nas épocas de paz (que foram a maioria) como nos tempos de calúnia e perseguição. Nunca cessaram de pregar a boa nova que levavam no coração, convencidos de que a doutrina de Jesus Cristo traz a salvação eterna e é, além disso, a única que pode tornar este mundo mais justo e mais humano. O fervor, a firmeza, a coerência da sua fé, a sua integridade de homens de bem, a amabilidade com que tratavam todos os que se relacionavam com eles foram em inúmeras ocasiões o primeiro impulso de que Deus se serviu para que muitos se sentissem atraídos pela fé.

Esses primeiros fiéis deviam lembrar-se sem dúvida – talvez o tivessem ouvido dos lábios dos próprios Apóstolos – daquilo que o Senhor havia repetido em diversas ocasiões e de formas diferentes: Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro me odiou a mim 4. E encher-se-iam de otimismo ante a certeza de que dispunham de mais graça para enfrentar as dificuldades e tribulações, e de que Deus faz concorrer todas as coisas para o bem dos que o amam 5.

Nenhuma dificuldade nos deve surpreender: Caríssimos – adverte-nos São Pedro –, não vos perturbeis com o fogo da tribulação, como se vos acontecesse algo de extraordinário 6. E o Apóstolo Tiago diz-nos: Tende por suprema alegria, meus irmãos, ver-vos rodeados de diversas provações 7. São dificuldades de que podemos tirar muito bem, sejam de que tipo forem: umas provirão de um ambiente materialista e anti-cristão que se opõe ao reinado de Cristo no mundo (calúnias, discriminação profissional, ambiente sectário anti-cristão...); outras serão doenças que o Senhor pode permitir, um revés econômico, fracassos, falta de resultados imediatos na tarefa apostólica depois de muito esforço, incompreensões...

Em qualquer caso, devemos entender no mais íntimo da nossa alma que o Senhor está muito próximo de nós para nos ajudar a amadurecer nas virtudes e para fazer com que o nosso apostolado dê o seu fruto. Nessas ocasiões, Deus deseja purificar-nos, da mesma maneira que o fogo no cadinho limpa o ouro da sua escória, tornando-o mais autêntico e valioso.

II. E TODOS OS DIAS não cessavam de ensinar e de pregar o Evangelho de Jesus Cristo no templo e pelas casas 8.

Quando o ambiente se torna mais sectário ou se afasta mais de Deus, devemos sentir como que uma chamada do Senhor para que manifestemos com a nossa palavra e com o exemplo da nossa vida que Cristo ressuscitado está entre nós, e que sem Ele o mundo e o homem perdem o seu eixo e o seu rumo. Quanto maior for a escuridão, maior a urgência de luz.

Deveremos lutar então contra a corrente, apoiados numa vida de oração pessoal, fortalecidos pela presença de Deus no Sacrário. A nossa luta interior contra o aburguesamento pessoal deverá ser mais firme. Será esse um dos maiores frutos que tiraremos das contradições, sejam elas quais forem: a necessidade de estar mais pendentes do Senhor, de ser mais generosos na oração e no espírito de sacrifício, de purificar bem a intenção, realizando as coisas por Deus, sem andar à busca de recompensas humanas.

Se por covardia, por falta de fortaleza, por não pedirmos ajuda ao Senhor, cedêssemos ante as dificuldades, a alma iria retrocedendo na sua união com Deus, encher-se-ia de tristeza e daria provas de uma vida interior superficial e de pouco amor a Deus. O demônio costuma servir-se dessas ocasiões para redobrar os seus ataques, e então a alma tem um de dois caminhos: ou se aproxima mais de Cristo – unindo-se à sua Cruz – ou se afasta dEle, caindo num estado de tibieza, falto de amor e de vibração. Uma mesma dificuldade – uma doença, uma calúnia, um ambiente adverso... – produz efeitos diferentes conforme as disposições da alma.

Não podemos esquecer que o bem sobrenatural que temos de alcançar é um bem árduo, difícil, que exige da nossa parte uma correspondência decidida, cheia de fortaleza, dessa fortaleza que é virtude cardeal, angular, que desfaz os obstáculos e os temores que poderiam retrair-nos da vontade de seguir firmemente o Senhor 9. Não esqueçamos que Deus sempre nos dá as graças de que mais necessitamos em cada momento e em cada circunstância.

Em face das oposições do ambiente, devemos estar serenos e alegres. É o mesmo júbilo dos Apóstolos, que estavam cheios de alegria por terem sido achados dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus 10. “Não se diz que não sofreram – sublinha São João Crisóstomo –, mas que o sofrimento lhes causou alegria. Podemos vê-lo pela liberdade com que, imediatamente depois de terem sido flagelados, se entregaram à pregação com admirável ardor” 11.

III. QUANDO SENTIMOS o peso da Cruz, o Senhor convida-nos a ir ter com Ele. “Vinde, mas não para prestar contas. Não temais ao ouvirdes falar de jugo, porque é suave; não temais se vos falo de carga, porque é leve” 12. E então, junto de Cristo, tornam-se amáveis todas as fadigas, tudo o que pode haver de mortificante e difícil na nossa vida. O sacrifício, a dor junto de Cristo não é áspera nem aflitiva, mas aprazível. “Tudo o que é difícil..., o amor o torna fácil [...]. Que há que o amor não leve a cabo? Vede como trabalham os que amam: não sentem o que sofrem, antes aumentam os seus esforços conforme aumentam as dificuldades” 13.

A união com Deus através das adversidades, sejam de que gênero forem, é uma graça que Deus está disposto a conceder-nos sempre; mas, como todas as graças, exige o exercício da nossa liberdade, a nossa correspondência, que não desprezemos os meios que o Senhor põe ao nosso alcance, particularmente que saibamos abrir a alma na direção espiritual se alguma vez a Cruz nos parece excessivamente pesada.

“Não são a mesma coisa um vento suave e um furacão. Ao primeiro, qualquer um resiste: é brincadeira de crianças, paródia de luta. – Pequenas contradições, escassez, apuros de nada... Aceitavas tudo isso com gosto, e vivias a alegria interior de pensar: agora, sim, estou trabalhando por Deus, porque temos Cruz!... Mas, meu pobre filho: chegou o furacão, e sentes um balançar, um fustigar que arrancaria árvores centenárias. Isso..., por dentro e por fora. Confia! Não poderá arrancar a tua Fé e o teu Amor, nem tirar-te do teu caminho..., se tu não te afastas da «cabeça», se sentes a unidade” 14.

O Senhor espera-nos no Sacrário para nos animar e dar alento, e para nos dizer que a parte mais pesada da Cruz, a caminho do Calvário, foi Ele que a carregou. Junto dEle, aprendemos a enfrentar com paz e serenidade tudo o que nos parece mais custoso e difícil: “Ainda que tudo se afunde e se acabe, ainda que os acontecimentos ocorram ao contrário do previsto, e nos sejam tremendamente adversos, nada ganhamos perturbando-nos. Além disso, lembra-te da oração confiante do profeta: «O Senhor é nosso Juiz, o Senhor é nosso Legislador, o Senhor é nosso Rei; Ele é quem nos há de salvar». – Reza-a devotamente, todos os dias, para ajustares a tua conduta aos desígnios da Providência, que nos governa para nosso bem” 15.

Da perseguição que se abateu sobre os primeiros fiéis na fé surgiram novas conversões em lugares inesperados. Das dificuldades e oposições que o Senhor permitirá na nossa vida nascerão incontáveis frutos de apostolado, o nosso amor tornar-se-á mais forte e delicado, e a nossa alma sairá mais purificada dessas provas, se tivermos sabido enfrentá-las com serenidade e junto de Cristo. Ao terminarmos a nossa oração, dizemos ao Senhor que queremos procurá-lo em todas as circunstâncias – profissionais, de saúde, de idade, de ambiente... –, umas favoráveis, outras adversas, e no meio das dificuldades interiores ou exteriores que se nos apresentem.

“Na hora de desprezo da Cruz, Nossa Senhora está lá, perto do seu Filho, decidida a correr a sua mesma sorte. – Percamos o medo de nos comportarmos como cristãos responsáveis, quando isso não é cômodo no ambiente em que nos desenvolvemos: Ela nos ajudará” 16.

(1) At 8, 1-8; (2) At 8, 4; (3) São João Crisóstomo, Homilias sobre os Atos dos Apóstolos, 18; (4) Jo 15, 18; (5) cfr. Rom 8, 28; (6) 1 Pe 4, 12; (7) Ti 1, 2; (8) At 5, 42; (9) cfr. São Tomás, Suma Teológica, 2-2, q. 122, a. 3; (10) At 5, 41; (11) São João Crisóstomo, Homilias sobre os Atos dos Apóstolos, 14; (12) São João Crisóstomo, Homilias sobre São Mateus, 37, 2; (13) Santo Agostinho, Sermão 96, 1; (14) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 411; (15) ib., n. 855; (16) ib., n. 977.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


Santa Catarina de Sena

29 de Abril

Santa Catarina de Sena

“Se formos o que devemos ser, incendiaremos o mundo”, dizia Santa Catarina de Sena, Doutora da Igreja, grande defensora do Papado e proclamada copadroeira da Europa por São João Paulo II, cuja festa é celebrada neste dia 29 de abril. Era uma jovem corajosa, filha de humildes artesãos, analfabeta, e que vestiu o hábito da Ordem Terceira de São Domingos.

Santa Catarina nasceu em Sena (Itália), em 1347, em uma família de pais piedosos. Gostava muito da oração, das coisas de Deus, e aos sete anos fez um voto particular de virgindade. Mais tarde, sua família tentou persuadi-la a se casar, mas ela se manteve firme e serviu generosamente aos pobres e doentes.

Aos 18 anos, recebeu o hábito da Ordem Terceira de São Domingos, vivendo a espiritualidade dominicana no mundo secular e sendo a primeira mulher solteira a ser admitida. Teve que superar muitas tentações do diabo que procurou fazer com que desistisse, mas ela seguia confiando em Deus.

Em 1366, Santa Catarina viveu um “casamento místico”. Ela estava em seu quarto rezando quando viu Cristo acompanhado por sua Mãe e um cortejo celeste.

A Virgem pegou a mão de Catarina e a levou até Cristo, que lhe deu um anel, desposou-a consigo e manifestou que ela estava sustentada por uma fé que podia superar todas as tentações. Depois disso, apenas Catarina podia ver o anel.

Naquele tempo, surgiu uma peste e a santa sempre se manteve com os doentes, preparava-os para a morte e chegou até mesmo a enterrá-los com suas próprias mãos. Além disso, tinha o dom de reconciliar até os piores inimigos, mais com suas orações a Deus do que com suas palavras.

Nesta época, os Papas viviam em Avignon (França) e os romanos se queixavam de terem sido abandonados pelos seus Bispos, ameaçando realizar um cisma.

Gregório XI fez um voto secreto a Deus de regressar a Roma e, ao consultar Santa Catarina, ela lhe disse: “Cumpra com sua promessa feita a Deus”. O Pontífice ficou surpreso porque não tinha contado a ninguém sobre o voto e, mais tarde, o Santo Padre cumpriu sua promessa e voltou para a Cidade Eterna.

Posteriormente, no pontificado de Urbano VI, os cardeais se distanciaram do Papa por seu temperamento e declararam nula sua eleição, designando Clemente VII, que foi residir em Avignon. Santa Catarina enviou cartas aos cardeais pressionando-os a reconhecer o autêntico Pontífice.

“Embora fosse filha de artesãos e analfabeta por não ter estudos nem instrução, compreendeu, no entanto, as necessidades do mundo do seu tempo com tal inteligência que superou muito os limites do lugar onde viveu, ao ponto de estender a sua ação para toda a sociedade dos homens; não havia maneira de parar a sua coragem nem o seu anseio pela salvação das almas”, escreveu ela de João Paulo II em 1980 para o sexto centenário de sua morte.

A santa também escreveu a Urbano VI, exortando-o a levar com temperança e alegria os problemas, controlando o temperamento. Santa Catarina foi a Roma, a pedido do Papa, que seguiu suas instruções. Também escreveu aos reis da França e Hungria para que deixassem o cisma.

Em outra ocasião, Jesus voltou a aparecer a ela e lhe mostrou duas coroas, uma de ouro e outra de espinhos, para escolher. Ela disse: “Eu gostaria, ó Senhor, viver aqui sempre conforme a tua paixão e encontrar na dor e no sofrimento meu repouso e deleite”. Em seguida, tomou a coroa de espinhos e colocou na cabeça.

Santa Catarina morreu no dia 29 de abril de 1380 em Roma, com apenas 33 anos, de um súbito ataque. O Papa Paulo VI a nomeou Doutora da Igreja em 1970 e foi proclamada copadroeira da Europa por São João Paulo II em 1999, ao lado de Santa Brígida da Suécia e Santa Teresa Benedita da Cruz.

Fonte: https://www.acidigital.com


Retidão de intenção

TEMPO PASCAL. TERCEIRA SEMANA. TERÇA-FEIRA

– Pureza de intenção e presença de Deus.
– Vigilantes perante os louvores e elogios. “Para Deus toda a glória”. Retificar.
– Examinar os motivos que nos levam a agir. Omissões no apostolado por falta de retidão de intenção.

I. A VIDA DOS PRIMEIROS FIÉIS e o seu testemunho no mundo dão-nos a conhecer a sua têmpera e valentia. Nunca tiveram por norma de conduta o mais fácil, o mais cômodo ou o mais popular, mas o cumprimento cabal da vontade de Deus. “Não se importavam com os perigos de morte [...], nem com o reduzido número de fiéis, nem com a multidão dos adversários, nem com o poder, força e sabedoria dos seus inimigos; porque tinham forças maiores que todas essas: o poder dAquele que tinha morrido na Cruz e ressuscitado” 1. Não procuravam a sua glória pessoal nem o aplauso dos seus concidadãos, mas tinham o olhar posto no seu Senhor. Foi isto que permitiu a Santo Estêvão dizer no momento do martírio: Senhor, não lhes leves em conta este pecado 2, como lemos na Missa de hoje.

A intenção é reta quando Cristo é o fim e o motivo de todas as nossas ações. “A pureza de intenções não é senão presença de Deus: Deus Nosso Senhor presente em todas as nossas intenções. Como sentiremos livre o nosso coração de qualquer impedimento da terra, como teremos um olhar límpido, como será sobrenatural todo o nosso agir, quando Jesus Cristo reinar verdadeiramente no mundo da nossa intimidade e presidir a cada uma das nossas intenções!” 3

Pelo contrário, quem procura a aprovação alheia e o aplauso dos outros pode chegar a deformar a sua consciência: pode passar a ter como critério de conduta “o que os outros pensarão” e não a vontade de Deus. E essa preocupação pela opinião alheia pode transformar-se em medo ao ambiente e chegar a esterilizar o ímpeto apostólico dos cristãos.

Nas nossa atuações, devemos procurar em primeiro lugar agradar a Cristo. Se ainda quisesse agradar aos homens, não seria servo de Cristo 4, diz São Paulo. E replicava assim a alguns fiéis de Corinto que criticavam o seu apostolado: Quanto a mim, pouco se me dá ser julgado por vós ou por qualquer tribunal humano. Pois eu nem a mim mesmo me julgo... Quem me julga é o Senhor 5.

Os juízos humanos são freqüentemente errados e pouco confiáveis. Somente Deus pode julgar as nossas ações, bem como as nossas intenções. “Entre as surpresas que nos esperam no dia do Juízo Final, a menor não será o silêncio do Senhor sobre algumas das ações que nos valeram aplausos dos nossos semelhantes [...]. Em contrapartida, é possível que Ele inscreva no nosso ativo algumas ações que nos atraíram críticas, censuras ou condenações [...]. O nosso juiz é o Senhor. É a Ele que temos de agradar” 6. Perguntemo-nos muitas vezes ao dia: faço neste momento o que devo fazer? Procuro a glória de Deus ou antes a minha vaidade, o desejo de ficar bem? Se formos sinceros em examinar-nos, teremos luz para retificar a intenção, caso seja necessário, e dirigi-la ao Senhor.

II. UMA MÁ INTENÇÃO destrói as melhores ações; a obra pode estar bem feita e até ser beneficiosa, mas, por estar corrompida na sua fonte, perde o seu valor aos olhos de Deus. A vaidade pode destruir, às vezes totalmente, o que poderia ter sido uma obra santa. Sem retidão de intenção, erramos de caminho.

Há ocasiões em que um pequeno elogio que recebemos é sinal de amizade e pode ajudar-nos a prosseguir no caminho do bem; mas devemos dirigi-lo com simplicidade ao Senhor. Além disso, uma coisa é receber um elogio e outra procurá-lo. De qualquer modo, devemos estar sempre atentos e vigilantes em relação aos louvores, pois “muitas vezes a nossa débil alma, quando recebe pelas suas boas ações o afago dos aplausos humanos, acaba por desviar-se [...], encontrando assim maior prazer em ser chamada feliz do que em sê-lo realmente [...]. E aquilo que poderia ser para ela motivo de louvor a Deus, converte-se em causa de separação” 7.

O Senhor indica em diversas ocasiões qual é a retribuição reservada às boas obras feitas sem retidão de intenção: já receberam a sua recompensa, diz, referindo-se aos fariseus que andavam à busca de louvores e considerações. Obtivemos aquilo que procurávamos: um olhar de aprovação, uma admiração, uma palavra elogiosa. E, de tudo isso, só restará em breve um pouco de fumaça: nada para a eternidade. Que grande fracasso termos perdido tanto por tão pouco! Deus acolhe as nossas ações – mesmo que sejam pequenas –, se as realizamos com intenção pura: Fazei tudo para a glória de Deus 8, aconselha São Paulo.

O Senhor contempla a nossa vida e está todos os dias de mão estendida para ver o que lhe oferecemos: aceita tudo o que verdadeiramente fizermos por Ele. As duas pequenas moedas que a pobre viúva lançou nos cofres do templo 9 converteram-se num grande tesouro no Céu. Quanto ao resto, já recebemos a nossa triste recompensa aqui na terra.

“Pureza de intenção. – As sugestões da soberba e os ímpetos da carne, logo os conheces..., e lutas, e, com a graça, vences.

“Mas os motivos que te levam a agir, mesmo nas ações mais santas, não te parecem claros... e sentes uma voz lá dentro que te faz ver intuitos humanos..., com tal sutileza que se infiltra na tua alma a intranqüilidade de pensar que não estás trabalhando como deves – por puro Amor, única e exclusivamente para dar a Deus toda a sua glória.

“Reage logo, de cada vez, e diz: «Senhor, para mim nada quero. – Tudo para a tua glória e por Amor»” 10.

Que boa jaculatória para que a repitamos muitas vezes: “Senhor, para mim nada quero. – Tudo para a tua glória e por Amor”. Ajudar-nos-á a desprender-nos de muitas coisas e a retificar a intenção em inúmeras ocasiões.

III. PARA SERMOS PESSOAS de intenção reta, é conveniente examinarmos os motivos que nos levam a agir: considerar na presença de Deus o que nos induz a comportar-nos de uma maneira ou de outra, o que nos leva a reagir deste modo ou daquele, se existem omissões no nosso apostolado por falsos respeitos humanos, etc. À luz da fé, poderemos descobrir os pontos de covardia ou vanglória que podem existir na nossa conduta.

O Senhor oferece-nos uma norma clara: Quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti 11. Não devemos publicar o que fazemos nem ficar contemplando aquilo que parece que fizemos bem; nem no momento de fazê-lo nem depois: Que a tua mão esquerda não saiba o que faz a direita. Como também não devemos deixar de fazer aquilo que temos obrigação de fazer.

Temos uma testemunha excepcional. Nenhum dos nossos atos passa inadvertido aos olhos do nosso Pai-Deus, nada lhe é indiferente. E isto já é recompensa suficiente, e um grande motivo para retificarmos a intenção no trabalho e nas obras de apostolado. “Uma preocupação impaciente e desordenada por subir profissionalmente pode disfarçar o amor próprio sob o pretexto de «servir as almas». Com falsidade – não tiro uma letra –, forjamos a justificativa de que não devemos desaproveitar certas conjunturas, certas circunstâncias favoráveis...

“Volta os teus olhos para Jesus: Ele é «o Caminho». Também durante os seus anos escondidos surgiram conjunturas e circunstâncias «muito favoráveis» para antecipar a sua vida pública. Aos doze anos, por exemplo, quando os doutores da lei se admiravam das suas perguntas e das suas respostas... Mas Jesus Cristo cumpre a Vontade de seu Pai, e espera: obedece!

“Sem perderes essa santa ambição de levar o mundo inteiro a Deus, quando se insinuarem essas iniciativas – quem sabe, ânsias de deserção –, lembra-te de que também te toca a ti obedecer e ocupar-te dessa tarefa obscura, pouco brilhante, enquanto o Senhor não te pedir outra coisa: Ele tem os seus tempos e as suas sendas” 12.

O Senhor pede-nos vigilância, porque, se nos descuidarmos, procuraremos a recompensa aqui na terra, e, por covardia, por respeitos humanos, por medo à opinião alheia, deixaremos de fazer o bem. Que não nos aconteça como ao navio que “realizou muitas viagens e escapou de muitas tempestades, mas no porto de chegada choca-se contra uma rocha e caem pela borda todos os tesouros que carregava; assim, todo aquele que, depois de muitos trabalhos, não repele o desejo de louvores, naufraga no próprio porto” 13.

Quando fazemos as coisas somente por Deus, somos mais livres: não ficamos subordinados ao “que podem dizer” nem à gratidão humana, que é sempre frágil. A retidão de intenção mostra-nos o caminho da liberdade interior.

(1) São João Crisóstomo, Homilia sobre São Mateus, 4; (2) At 7, 59; (3) S. Canals, Reflexões espirituais, pág. 112; (4) Gal 1, 10; (5) 1 Cor 4, 3-4; (6) G. Chevrot, Em segredo, pág. 24; (7) São Gregório Magno, Moralia, 10, 47-48; (8) 1 Cor 10, 31; (9) Mc 12, 42; (10) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 788; (11) Mt 6, 2-4; (12) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 701; (13) São João Crisóstomo, Homilia de perect. Evan.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


São Luis Maria Grignion de Montfort

28 de Abril

São Luis Maria Grignion de Montfort

 

São Luís Maria Grignion de Mantfort veio ao mundo aos 31 de janeiro de 1673. Seus pais eram João Batista Grignion de Bachelleraie e Joanna Visuelle de Chesnais, ambos de famílias nobres, mas pouco afortunados. No Batismo o menino recebeu o nome de Luís, ao qual na crisma se acrescentou o de Maria. Mais tarde abandonou o nome de sua família, passando a chamar-se Luís Maria Montfort, porque foi em Montfort onde recebeu o santo batismo. Do matrimônio abençoado dos Bachelleraie-Visuelle, além de Luís Maria procederam mais 17 filhos, dos quais um se fez padre, outro entrou na Ordem de S. Domingos, e uma irmã tomou o hábito de São Bento. Guyonne Jeanne, geralmente chamada Luísa, tornou-se Irmã do SS. Sacramento. Morreu em odor de santidade e era predileta do Santo.

Luís Maria, a exemplo do seu patrono, S. Luís, tinha tomado por lema de sua vida: “Deus só”. Já nos dias de sua infância experimentou provas de amor e proteção especiais de Maria Santíssima, sua “Boa Mãe”, como ele habitualmente a chamava.

Pouco afeito aos divertimentos e jogos próprios da idade infantil, encontrava todo o seu deleite nas cousas celestes. Alma privilegiada que era, na oração encontrava sua felicidade. Não lhe pareciam longas as horas passadas aos pés do tabernáculo ou do altar de Maria.

Para nos dar uma idéia do temperamento de Luís Maria seu biógrafo escreve: “Para bem avaliarmos os componentes do seu temperamento, bastar-nos-ia a recordação do caráter áspero e irritadiço do seu pai. No entanto é o próprio santo que nos afirma a sua semelhança com o temperamento paterno. Diz que mais padeceu para dominar a sua vivacidade e a paixão da cólera, que todas as paixões reunidas. Se Deus, dizia ele, o tivesse destinado para o mundo, teria sido o homem mais terrível do seu século. Tinha ele os elementos característicos e peculiaríssimos de legítimo bretão. “A conduta de Grignion de Montfort, diz Grandet, oito anos apenas após a morte do Santo – de tal forma pareceu extraordinária aos seus contemporâneos, que os ímpios a tomavam como diabólica, chamando-o de malfeitor, de anti-cristo, de obsesso; os mundanos consideravam-no extravagante, e os bons pelo menos tinham-no como esquisito e fora do comum. Era extraordinariamente forte; vi-o – continua Grandet, de uma feita transportar uma laje sepulcral que dois homens fortes não conseguiriam levantar, da terra”. Por causa mesmo desta sua complexão robusta, vigorosa e viva é que ele deveria muito lutar: para domá-la foi mister abatê-la com penitência e sofrimentos.

Na idade de começar os estudos, Luís Maria se transferiu para Rennes, onde os Padres Jesuítas possuíam um florescente colégio. Como em Montfort, também em Rennes o tempo era inteiramente consagrado ao trabalho e à oração, sabiamente dirigido pelos mestres, Luís avançava rapidamente no caminho da santidade. Foi lá que Maria SS.  lhe revelou sua vocação para o estado eclesiástico; foi lá que entrou para a Congregação Mariana.

Não lhe faltaram ocasiões de se exercer nas virtudes, em suportar com paciência injúrias e contradições. Ávido de sacrifícios, reduzia seu corpo à servidão com toda a sorte de mortificações. Foi naquela época que fez o noviciado de caridade para com os pobres, virtude esta, cuja prática tornou-se nota característica de sua vida.

Seu único divertimento era a pintura, para a qual tinha ótimas disposições. Só, e sem mestre aprendera desenhar em miniatura; sua habilidade era tão grande que lhe bastava ver para reproduzir maravilhosamente.

Em 1694, contando vinte e um anos, recebeu as ordens menores. Com a morte do vigário de S. Sulpício, perdera seu benfeitor, e viu-se a braços de grande pobreza, vivendo às  vezes em suprema penúria. Sempre pôde experimentar o auxílio de sua Boa Mãe, Maria SS. Assim aconteceu, quando gravemente enfermo, todos julgando-o nos momentos extremos, como de repente fugiram os sintomas do mal e em poucos dias se achava em condições de continuar os estudos.

Montfort, segundo os desígnios de Deus, devia ser o depositário desta doutrina, para, desenvolvendo-a e publicando-a, propagá-la em uma forma fácil, clara, atraente; escopo a que ele se dedicou com admirável fidelidade. Em sua vida posterior, missionária, todos os discursos, escritos cânticos e especialmente o seu magnífico “Tratado da verdadeira devoção à Virgem Maria”, subordinou ao apostolado desta devoção.

Antes de levá-la ao mundo, Montfort, como piedoso seminarista, fê-la florescer no seminário de São Sulpício, e com a devida licença dos superiores introduziu a consagração dos “Escravos de Jesus em Maria”.

Maria SS. teve no Santo de Montfort um escravo de amor, obediente, desinteressado. Orgulhoso deste título era, mais que de outro qualquer, a ponto de, desta época (25 de março de 1697) em diante, subscreve-se simplesmente: “Escravo de Jesus em Maria”. É possível que já então desfrutasse da presença de Maria, como diz em um dos seus cânticos.

Escravo de Maria, como o Primogênito da divina Mãe, havia de ser e foi uma vítima, homem de sofrimentos, saturado de opróbrios. Com facilidade, porém, carregou a sua cruz. Com o apóstolo podia exclamar: “No meio do sofrimento, estou repleto de gozo”.

Desde sua chegada à S. Sulpício empenharam-se os superiores a corrigir tudo o que houvesse de singular em suas maneiras. Passou por uma escola duríssima, e nada foi poupado para pôr à prova sua virtude. O Santo foi experimentado de mil maneiras.

Foi ordenado a 5 de junho de 1700. O restante deste dia passou aos pés do SS. Sacramento e vários dias dedicou à preparação para a primeira missa. “Assisti a este sacrifício, escreveu o seu biógrafo, Padre Blain – e pareceu-me ver celebrar não um homem e sim um anjo”.

No mesmo ano da sua ordenação iniciou Montfort sua vida apostólica como missionário. Logo no princípio experimentou decepções das mais desconsoladoras, que puseram a duríssima prova a sua própria vocação. Começou seu magistério no hospital de Poitiers, que “era uma babilônia, onde em vez da ordem e da paz reinava só discórdia”. Enamorado da pobreza, escolheu para si o pior dos cubículos, não querendo viver senão de esmolas e sem demora pôs mãos à obra. Seu trabalho foi cumulado de bênçãos de Deus. Transformou aquela casa tanto material como espiritualmente.  Ingratidão, porém, foi a paga dos beneficiados.

Tanto foram as maledicências, tão graves as calúnias levantadas contra a sua pessoa, que o próprio diretor do seminário chegou a repelí-lo, diante de todos os mestres e estudantes. O pároco de S. Sulpício deu-lhe idêntico acolhimento, não obstante ter sido ele um dos seus admiradores. Em meio de sua tristeza e no abandono por parte de seus melhores amigos, restava alguém que nunca o abandonara: recorreu à Virgem Protetora. Esta foi solícita, em atendê-lo.

A reentrada no Hospital de Poitiers ocasionou a fundação feita por Montfort, de uma Congregação de Irmãs de Caridade, à qual deu o nome de “Filhas da Sabedoria”.

Desde os primeiros momentos de sua vida sacerdotal Montfort sentia-se chamado para ser missionário.  Não eram poucas as missões por ele pregadas, que terminaram em verdadeiros triunfos de piedade e em conversões em massa. O inferno, por sua vez, não podia ver de bons olhos os grandiosos efeitos das operações missionárias do incansável e santo missionário.

Foi a Roma para implorar do Sumo Pontífice Clemente XI, a licença de se poder dirigir para as terras dos infiéis. O Papa, entretanto, fê-lo voltar para a França, para combater a peste jansenista, honrando-o com o título de Missionário apostólico. Deus o requisitou para este cargo, concedendo-lhe dons admiravelmente aptos para este fim. Inaugurou em 1705 sua carreira apostólica em um subúrbio de Montfort, bairro conhecido como foco de vícios e maldades. Como esta, havia ainda outras populações, e Montfort deixou-as completamente transformadas e regeneradas. O distintivo especial do santo missionário em relação a outros Santos foi sua singular devoção à Virgem Maria. 

Em 1705, Montfort realizou a idéia, que havia muito, vivia em sua alma, de fundar uma “Companhia de sacerdotes, completamente dedicados às missões, e militando sob o estandarte e a proteção de Maria Santíssima”. Fundou a Companhia de Maria e para ela compôs uma regra conforme sua finalidade. Os missionários pertencentes a esta Companhia, seriam os herdeiros do seu entranhado amor a Maria: a missão deles seria fazer Maria conhecida e amada por todos a eles confiados. Desde 1966 se acha estabelecida também no Brasil.

Também a Congregação das Filhas da Sabedoria teve grande desenvolvimento na França, e com ótimos resultados exerceu seu apostolado da caridade e do ensino. Maria Luísa Trichet foi a grande coluna sobre a qual São Luís estabeleceu sua congregação feminina.

Missionário foi até o último dia da sua existência. Abalado em sua saúde, fatigado pelas missões, fez um último esforço para receber dignamente o Bispo, que o surpreendeu com sua inesperada visita, com o único intento de observar de perto as virtude e méritos do Santo.

Nesta ocasião Montfort fez o seu último sermão, que versava sobre a ternura de Jesus para todos nós. Lágrimas de comoção brotaram dos olhos dos seus ouvintes. Não pode levar até o fim a sua alocução, pois a enfermidade o impossibilitava de concluir, e fê-lo recolher-se ao leito. E vinha a morte a grandes passos.

Rodeado dos seus íntimos, sequioso por receber sua última bênção, com o crucifixo traçou sobre eles o sinal da cruz. Com grande amor beijava ele o crucifixo, trazido de Roma e seus lábios pronunciavam os nomes de Jesus e Maria. De súbito caiu em breve sonolência. Agitadíssimo, dela despertou exclamando em alta voz: “Inutilmente me tentas: estou entre Jesus e Maria. Graças a Deus e a Maria! Minha carreira terminou; não pecarei mais”. Foram suas últimas palavras.

Assim no ósculo do Senhor exalou a sua puríssima alma no dia de 28 de abril de 1716 em Saint-Laurent-sur Sèvre. A fama de sua santidade espalhou-se de tal maneira que logo depois de ter sido permitido por autoridade do Bispo diocesano e mais tarde pela Santa Sé, procederam-se as indagações canônicas.

Depois do reconhecimento dos milagres, Leão XIII, honrou-o com a glória da beatificação, precisamente no dia 22 de janeiro de 1888. Pio XII, o canonizou solenemente no dia 20 de julho de 1947. No dia 20 de julho de 1996 o Papa João Paulo II inseriu sua festa no calendário romano universal.  Sua festa é comemorada com muito júbilo pelas famílias monfortinas e seus devotos, no dia 28 de abril de cada ano.

O Santo é apresentado com o crucifixo sustentado na mão esquerda. Com o pé direito ele pisa a cabeça de satanás representado em figura humana, tentando destruir um livro sobre o qual se lê o título: “Tratado da Verdadeira Devoção”. O semblante do Santo é sereno. Ele olha o demônio e parece dizer-lhe: “Em vão; tu não o destruirás!” A mão direita está estendida e um pouco elevada, apontando o céu num gesto de confirmação daquilo que ele parece nos dizer, isto é, a certeza da vitória sobre o demônio.

Fonte: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.


Naturalidade Cristã

TEMPO PASCAL. TERCEIRA SEMANA. SEGUNDA-FEIRA

— Ser cristãos coerentes em todas as situações da vida.
— Apostolado nos ambientes difíceis.
— Retidão de intenção.

I. O PROCESSO contra Estêvão desencadeou uma grave perseguição contra a Igreja. Na leitura da Missa de hoje, narram-se a sua atividade apostólica e o seu martírio 1. Estêvão, cheio de graça e fortaleza, fazia grandes milagres e prodígios entre o povo. Utilizarão contra ele os mesmos meios e quase as mesmas palavras que se tinham empregado contra Jesus: Nós o ouvimos dizer – afirmam as testemunhas – que Jesus de Nazaré destruirá este lugar e mudará as tradições que Moisés nos legou.

Estêvão confessou com valentia a sua fé em Jesus ressuscitado. E é para nós exemplo – ainda que o Senhor não nos peça o martírio – de uma vida cristã coerente: uma vida cheia de firmeza, que não se deteve ante os falsos escândalos nem ante o que poderiam dizer dele.

Devemos ter consciência de que há ambientes em que, vez por outra, nos olharão com reservas por não entenderem um comportamento cristão nem muitas das amáveis exigências da doutrina de Cristo. Teremos então de imitar o Senhor e aqueles que lhe foram fiéis, e estar dispostos a dar a própria vida por Ele, se for necessário, vivendo serenamente o ideal cristão até as suas últimas conseqüências. Seria, sem dúvida, mais cômodo adaptar-nos a essas situações e estilos de vida paganizados, mas nesse caso já não poderíamos dizer que queremos ser discípulos fiéis de Cristo. Essas situações, em que deveremos lançar mão de toda a nossa firmeza de caráter e de toda a fortaleza na fé, podem ocorrer na Universidade, no trabalho, no lugar em que passamos uns dias de descanso com a família, etc.

“Nas suas atuações públicas, os cristãos devem inspirar–se nos critérios e objetivos evangélicos vividos e interpretados pela Igreja. A legítima diversidade de opiniões nos assuntos temporais não deve impedir a necessária coincidência dos cristãos na defesa e promoção dos valores e projetos de vida derivados da moral evangélica. 2 O cristão deve repelir energicamente o receio de parecer chocante se, ao viver como discípulo fiel do Senhor, a sua conduta for mal interpretada ou claramente rejeitada. Quem ocultasse a sua personalidade cristã no meio de um ambiente de costumes pagãos, curvar-se-ia aos respeitos humanos e seria merecedor daquelas palavras de Jesus: Aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus 3.

“Sabem qual é a primeira tentação que o demônio apresenta a uma pessoa que começou a servir melhor a Deus? Pergunta o santo Cura d’Ars. É o respeito humano” 4. Como é o nosso comportamento com os amigos, no trabalho, numa reunião social? Mostramos com valentia e simplicidade a nossa condição de filhos de Deus?

II. ÀS VEZES, parece de “bom tom” falar com frieza das grandes verdades da vida, ou então silenciá-las por completo. E chega-se a chamar fanático àquele que fala com entusiasmo de uma causa nobre — defesa da vida humana desde o momento da concepção, liberdade de ensino… — ou desqualificam-se com diversos adjetivos aqueles que têm convicções profundas sobre a vida e o seu destino final.

Sem destemperos, que são alheios ao exemplo amável que Jesus Cristo nos deixou, procuraremos ter, com a ajuda da graça, uma vida cheia de convicções cristãs profundas e firmes. Sabemos bem, por exemplo, que a indiferença perante as maravilhas de Deus é um grande mal, conseqüência da tibieza ou de uma fé morta ou adormecida, por muito que a queiramos disfarçar de “objetividade”.

Por outro lado, o cristão recebeu pelo Batismo a graça que salva e dá sentido ao seu caminhar terreno. Em face de um bem tão excelente, é lógico que esteja alegre e que procure comunicar a sua felicidade às pessoas que tem a seu lado, através de um apostolado incessante.

Jesus sempre fez o bem. Eu vos pergunto, dizia certa vez a uns escribas e fariseus que o observavam: É lícito fazer o bem ou fazer o mal? E a seguir curou o doente da mão seca. Devemos fazer o bem em todos os ambientes, difundir neles a alegria de termos conhecido o Senhor. Sentimos a necessidade de atrair almas para a Verdade, para o amor, para Cristo. “E isto se chama, em correto vernáculo, proselitismo. Aqui se observa também a manipulação das palavras. O termo “proselitismo” foi tingido por alguns com as cores do interesse egoísta, da utilização de meios pouco honestos para fascinar, coagir ou arregimentar enganosamente os incautos. Tal atitude merece séria condenação; mas o que é condenável é o proselitismo sectário, enganador, mercenário, esse que se aproveita da ignorância alheia, da sua miséria material e da sua solidão afetiva. Mas hão de os cristãos renunciar por esse motivo à fecundidade apostólica e à fraternidade comunicativa do proselitismo genuíno?” 5

A certeza acerca das verdades da nossa fé — só convence os outros quem está convencido — e o amor por Cristo hão de estimular-nos a uma transmissão fecunda daquilo que nós descobrimos, quer dizer, a um leal proselitismo. E isto em todos os ambientes.

III. O LUGAR EM QUE PROCURAMOS a santidade é o trabalho, o relacionamento com os colegas de fábrica ou de escritório, o convívio social, a família.

Se nesses ambientes encontramos obstáculos, incompreensões ou críticas injustas, temos de pedir a Deus a sua graça para nos mantermos serenos, e depois ter paciência e, por via de regra, não interromper a ação apostólica. Ao anunciar a Boa Nova, o Senhor nem sempre deparou com pessoas de boa fé, e nem por isso deixou de mostrar as maravilhas do Reino de Deus. Nos começos da Igreja, tanto os Apóstolos como os primeiros cristãos se viram a braços com situações e ambientes em que, pelo menos a princípio, se rejeitava frontalmente a doutrina salvadora que traziam em seus corações; e, não obstante, converteram o mundo antigo. “Não compreendo a tua abulia. Se tropeças com um grupo de colegas um pouco difícil — que talvez tenha chegado a ser difícil pelo teu descaso —, logo te desinteressas deles, tiras o corpo e pensas que são um peso morto, um lastro que se opõe às tuas aspirações apostólicas, que não te vão entender… — Como queres que te escutem se, além de querer-lhes bem e servi-los com a tua oração e mortificação, não lhes falas?… 6

Deixar-se dominar pelos respeitos humanos é próprio de pessoas com uma formação superficial — que não lhes proporciona critérios claros — e dotadas de um caráter pouco firme. Com freqüência esta atitude, tão pouco atraente mesmo nos assuntos humanos, goza da proteção do comodismo, que leva a não querer passar um mau bocado, a ter medo de pôr em risco um cargo, ao desejo de não chamar a atenção, etc…

Ainda que os nobres se sentem para murmurar de mim, lê-se no salmo responsorial 7, o teu servo medita as tuas leis; os teus preceitos são as minhas delícias, os teus decretos são os meus conselheiros. Se queremos vencer os respeitos humanos, necessitamos de retidão de intenção, para antepor o parecer de Deus ao parecer dos outros; necessitamos de fortaleza, para passar por alto com elegância as pequenas críticas, freqüentemente superficiais, que nos possam dirigir; necessitamos de alegria, para podermos comunicar aos outros esse tesouro que cada discípulo do Senhor encontrou; e do bom exemplo, que é coerência com a graça que o Senhor pôs em nossos corações e do qual nunca nos arrependeremos.

Mesmo nos ambientes mais difíceis, é possível aproximar as almas de Cristo, desde que de verdade desejemos tornar felizes esses amigos, colegas ou conhecidos. É disso que se trata: “Antes de tentarmos fazer santos todos aqueles a quem amamos, é preciso que os tornemos felizes e alegres: nada prepara melhor a alma para a graça do que a alegria.

“Sabes perfeitamente que, quando tens entre as mãos os corações daqueles que queres tornar melhores e os sabes atrair com a mansidão de Cristo, já percorreste metade do teu caminho apostólico. Quando te têm afeto e confiam em ti, quando se mostram contentes, o terreno está preparado para a semeadura. Seus corações se abrem, como terra boa, para receberem o branco trigo da tua palavra de apóstolo, de educador.

“Se souberes falar sem ferir, sem ofender, mesmo que devas corrigir ou repreender, os corações não se fecharão. De outro modo, as tuas palavras esbarrarão contra um muro maciço, a tua semente não cairá em terra fértil, mas à beira da estrada […] da indiferença ou da falta de confiança, ou na pedra […] de um espírito mal disposto, ou entre os espinhos “…] de um coração ferido, ressentido, cheio de rancor.

“Nunca percamos de vista que o Senhor prometeu a sua eficácia às caras alegres, aos modos afáveis e cordiais, à palavra clara e persuasiva que dirige e forma sem magoar […]. Não devemos esquecer nunca que somos homens que tratam com outros homens, mesmo quando queremos fazer bem às almas. Não somos anjos. E por isso a nossa fisionomia, o nosso sorriso, as nossas maneiras são elementos que condicionam a eficácia do nosso apostolado” 8.

À semelhança dos Apóstolos, encontraremos na Santíssima Virgem a fortaleza necessária para falar de Deus sem respeitos humanos: “Depois de o Mestre lhes ter dito, enquanto ascendia à direita de Deus Pai: «Ide e pregai a todos os povos», os discípulos ficaram com paz. Mas ainda têm dúvidas: não sabem o que fazer, e reúnem-se com Maria, Rainha dos Apóstolos, para se converterem em zelosos pregoeiros da Verdade que salvará o mundo” 9.

(1) Cfr. At 6, 8-15; (2) Conferência Episcopal Espanhola, Testigo de Dios vivo, 28-VI-1985, n. 64, d; (3) Mt 10, 32; (4) Cura d’Ars, Sermão sobre as tentações; (5) C. Lopez Pardo, em Rev. Palabra, n. 245; (6) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 954; (7) SI 118; (8) S. Canais, Reflexões espirituais, pág. 56-57; (9) São Josemaria Escrivá, Sulco, n. 232.

Fonte: Livro “Falar com Deus”, de Francisco Fernández Carvajal.


Santa Zita

27 de Abril

Santa Zita

Neste dia 27 de abril é celebrada a festa de Santa Zita, padroeira das empregadas do lar. Ela era de condição muito humilde e, desde pequena, teve que trabalhar como empregada para manter sua família. Sofreu muitas zombarias, mas seu amor aos pobres fez com que até os anjos a ajudassem nas tarefas da casa.

Santa Zita nasceu perto de Lucca (Itália) em 1218 e, desde os doze anos de idade, serviu por 48 anos a uma família muito rica. Como se preocupava muito com os desfavorecidos, certo dia foi ajudar um necessitado, deixado por um momento seu trabalho na cozinha. Os outros empregados disseram à família, que foi à cozinha investigar e encontrou os anjos fazendo o trabalho da santa.

Dessa maneira, foi-lhe permitida mais liberdade para servir aos pobres. Mas, nem por isso pararam os ataques e zombarias dos outros empregados. Naquela época, uma grande fome atingiu a cidade e Santa Zita repartiu até a sua própria comida com os pobres. A necessidade dos mais desfavorecidos chegou a tal ponto que a santa teve que repartir as reservas de grãos da família. Quando os patrões foram ver, depararam-se com a surpresa de que a despensa estava milagrosamente cheia.

Na véspera de Natal, Zita se encontrou com um homem que tremia de frio na entrada da Igreja de são Frediano. A santa lhe deu um manto caro da família para que se aquecesse e pediu que o devolvesse ao terminar a Missa, mas o homem desapareceu. No dia seguinte, o patrão ficou enfurecido com Zita, mas um idoso desconhecido no povoado chegou e devolveu o manto. Os cidadãos interpretaram que este necessitado tinha sido um anjo e, desde aquele momento, a porta de São Frediano foi chamada “A Porta do anjo”.

Santa Zita partiu para a Casa do Pai em 27 de abril de 1278 e, imediatamente, sua fama de santidade se expandiu em todo o país e na Inglaterra. Seus restos mortais repousam na capela de Santa Zita da Igreja de São Frediano, em Lucca (Itália).

Fonte: https://www.acidigital.com


O dia do Senhor

TEMPO PASCAL. TERCEIRO DOMINGO

— O domingo, dia do Senhor.
— As festas cristãs. Sentido das festas. A Santa Missa, centro da festa cristã.
— O culto público a Deus. O descanso dominical e festivo.

I. “NO DIA CHAMADO DO SOL, reúnem-se num mesmo lugar todos os que moram nas cidades ou nos campos […]. E reunimo-nos todos no dia do Sol porque é o primeiro da semana, aquele em que Deus criou o mundo, e porque nesse mesmo dia Jesus Cristo nosso Salvador ressuscitou dos mortos” 1. O sábado judeu deu lugar ao domingo cristão desde os começos da Igreja. A partir de então, comemoramos em cada domingo a Ressurreição de Cristo.

No Antigo Testamento, o sábado era o dia dedicado ao Senhor. Foi o próprio Deus que o instituiu 2, ordenando que nesse dia o povo israelita se abstivesse de certos trabalhos, para dedicar-se a honrá-lo 3. Era também o dia em que se congregava a família e em que se celebrava o fim do cativeiro no Egito. Com o decorrer do tempo, os rabinos complicaram o preceito divino, e no tempo de Jesus estavam em vigor inúmeras prescrições minuciosas e aflitivas que nada tinham que ver com o que o Senhor havia ordenado.

Os fariseus implicaram freqüentemente com Jesus por essas questões. Mas o Senhor não desprezou o sábado nem o suprimiu como dia dedicado ao Senhor; pelo contrário, parecia ser esse o seu dia predileto: é nesse dia que vai pregar às sinagogas, e muitos dos seus milagres foram feitos num sábado.

A Sagrada Escritura, em numerosas passagens, tinha formulado um conceito alto e nobre do sábado. Era o dia estabelecido por Deus para que o seu povo lhe prestasse culto público, e a dedicação integral da jornada ao Senhor configurava-se como uma obrigação grave 4. Houve ocasiões em que os profetas denunciaram a violação do sábado como causa dos castigos de Deus sobre o seu povo.

De natureza estritamente religiosa, o descanso sabático manifestava-se e culminava na oblação de um sacrifício 5. Como as demais festas de Israel, que estavam todas ligadas a um acontecimento salvífico, era sinal da aliança divina e um modo de o povo escolhido expressar o júbilo de saber-se propriedade do Senhor e objeto da sua eleição e do seu amor.

Com a Ressurreição de Jesus Cristo, o sábado dá lugar à realidade que prenunciava: a festa cristã. O próprio Jesus fala do Reino de Deus como uma grande festa oferecida por um rei para celebrar as bodas do seu filho 6. Com Cristo surge um culto novo e superior, porque temos também um novo Sacerdote e se oferece uma nova Vítima.

II. DEPOIS DA RESSURREIÇÃO, os Apóstolos passaram a considerar o primeiro dia da semana como o dia do Senhor, dominica dies 7, porquanto foi nesse dia que Ele nos alcançou com a sua Ressurreição a vitória sobre o pecado e a morte. E esta tem sido a tradição constante e universal da Igreja, desde o tempo dos primeiros cristãos até os nossos dias. “Por uma tradição apostólica que tem a sua origem no próprio dia da Ressurreição de Cristo, a Igreja celebra cada oito dias o mistério pascal, no dia que é muito justamente chamado o dia do Senhor ou domingo”.

Além do domingo, a Igreja estabeleceu as festas que comemoram os principais acontecimentos da nossa salvação: o Natal, a Páscoa, a Ascensão, o Pentecostes, outras festas do Senhor, bem como as festas de Nossa Senhora. E desde o princípio os cristãos celebraram também o dies natalis ou aniversário do martírio dos primeiros cristãos. As festas cristãs chegaram até a ordenar o próprio calendário civil. Com essa sucessão de festas, a Igreja “relembra os mistérios da Redenção, franqueia aos fiéis as riquezas do poder santificador e dos méritos do seu Senhor, de tal sorte que, de alguma forma, os torna presentes em todos os tempos, para que os fiéis entrem em contacto com eles e sejam repletos da graça da salvação” 9.

O centro e a origem da alegria da festa cristã encontra-se na presença do Senhor na sua Igreja, que é o penhor e a antecipação de uma união definitiva na festa que não terá fim 10. Daí a alegria que inunda a celebração dominical, como se percebe na oração sobre as oferendas da Missa de hoje: “Recebei, Senhor, as oferendas da vossa Igreja exultante de júbilo; e já que com a ressurreição do vosso Filho nos destes motivo para tanta alegria, concedei-nos que possamos participar desse gozo eterno”. Por isso, as nossas festas não são uma mera recordação de fatos passados, como pode ser a data de um acontecimento histórico, mas um sinal que nos manifesta Cristo e o torna presente entre nós.

A Santa Missa torna Jesus presente na sua Igreja e é o Sacrifício de valor infinito que se oferece a Deus Pai no Espírito Santo. Todos os outros valores humanos, culturais e sociais da festa devem ocupar um lugar secundário, cada um na sua ordem, de modo a não obscurecerem ou substituírem em momento algum o que deve ser fundamental. A par da Santa Missa, têm também um lugar importante as manifestações de piedade litúrgica e popular, como o culto eucarístico, as procissões, o canto, etc.

Temos de procurar, mediante o exemplo e o apostolado, que o domingo seja “o dia do Senhor, o dia da adoração e da glorificação de Deus, do santo Sacrifício, da oração, do descanso, do recolhimento, do alegre convívio na intimidade da família.” 11

III. ACLAMAI A DEUS, toda a terra, cantai a glória do seu nome, rendei-lhe glorioso louvor, lemos na antífona de entrada 12.

O preceito de santificar as festas corresponde também à necessidade de prestar culto público a Deus, e não somente de modo privado. Alguns pretendem relegar o trato com Deus ao âmbito da consciência, como se não houvesse necessidade de manifestações externas. Mas o homem tem o direito e o dever de prestar culto externo e público a Deus, e seria uma gravíssima injustiça que os cristãos se vissem obrigados a ocultar-se para poderem praticar a sua fé e prestar culto a Deus, que é o seu primeiro direito e o seu primeiro dever.

O domingo e as festas determinadas pela Igreja são, antes de mais nada, dias para Deus e dias especialmente propícios para procurá-lo e encontrá-lo. Quaerite Dominum. Nunca podemos deixar de procurá-lo. Mas há períodos que exigem que o façamos com mais intensidade, porque neles o Senhor está especialmente perto, e por conseguinte é mais fácil achá-lo e encontrar-se com Ele. Esta proximidade constitui a resposta do Senhor à invocação da Igreja, que se expressa continuamente através da liturgia. Mais ainda, é precisamente a liturgia que atualiza a proximidade do Senhor” 13.

As festas têm uma grande importância para ajudar os cristãos a receber melhor a ação da graça. Nesses dias, exige-se também que o fiel suspenda o seu trabalho para poder dedicar-se com maior liberdade ao Senhor. Mas, assim como não há festa sem celebração, pois não basta deixar de trabalhar para já se ter uma festa, assim também não há festa cristã se os fiéis não se reúnem para dar graças ao Senhor, louvá-lo, recordar as suas obras, etc. Por isso, seria sinal de pouco sentido cristão programar os domingos, as festas, os fins de semana… de maneira que se tornasse impossível ou muito difícil esse trato com Deus. Por esse caminho, alguns cristãos tíbios acabam por pensar que não têm tempo para assistir à Santa Missa, ou fazem-no de maneira precipitada, como quem se livra de uma obrigação tediosa.

O descanso não é apenas uma ocasião de repor as forças; é também sinal e antecipação do repouso definitivo na festa do Céu. Esta é a razão pela qual a Igreja quer que a celebração das suas festas inclua a suspensão do trabalho, algo a que, por outro lado, os fiéis cristãos têm direito como cidadãos iguais aos outros.

O descanso festivo não deve ser interpretado nem vivido como um simples não fazer nada — uma perda de tempo —, mas como um ocupar-se positivamente e um enriquecer-se pessoalmente em outras tarefas. Há muitas maneiras de descansar, e não convém ficar na mais fácil, que muitas vezes não é a que mais descansa. Se soubermos limitar, por exemplo, o uso da televisão, não repetiremos tanto a falsa desculpa de que “não temos tempo”. Pelo contrário, veremos que nesses dias podemos conviver mais com a família, cuidar melhor da educação dos filhos, cultivar o relacionamento social e as amizades, fazer uma visita a pessoas necessitadas ou que estão sozinhas ou doentes, etc. É talvez a ocasião que andávamos procurando de poder conversar com mais calma com um amigo; ou o momento em que o pai ou a mãe podem falar a sós com o filho que mais necessita disso e escutá-lo. Em geral, é necessário “ter o dia todo preenchido com um horário elástico onde não faltem como tempo principal – além das normas diárias de piedade – o devido descanso, a reunião familiar, a leitura, os momentos dedicados a um gosto artístico, à literatura ou a outra distração nobre, enchendo as horas com uma atividade útil, fazendo as coisas o melhor possível, vivendo os pormenores de ordem, de pontualidade, de bom-humor” 14.

(1) São Justino, Apologia 1, 67; Segunda leitura da Liturgia das Horas do terceiro domingo do Tempo Pascal; (2) Gen 2, 3; (3) Ex 20, 8-11; 21, 13; Deut 5, 14; (4) cfr. Ex 31, 14-15; (5) cfr. Num 28, 49-28, 9-10; (6) cfr. Mt 22, 2-13; (7) Apoc 1, 10; (8) Cone. Vat. II, Const. Sacrossanctum Concilium, 106; (9) ib., 102; (10) cfr. Apoc 21, 1 e segs.; 2 Cor 1, 22; (11) Pio XII, Aloc, 7-IX-1947; (12) SI 65, 1-2; (13) João Paulo II, Homília, 20-111-1980; (14) São Josemaría Escrivá, Questões atuais do cristinia-nismo, n. 111.

Fonte: livro “Falar com Deus”, de Francisco Fernández Carvajal.


23 de Abril 2020

A SANTA MISSA

2ª Semana da Páscoa – Quinta-feira 
Cor: Branca

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1ª Leitura: At 5,27-33

 Disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo. 

Leitura dos Atos dos Apóstolos

Naqueles dias, 27 eles levaram os apóstolos e os apresentaram ao Sinédrio. O sumo sacerdote começou a interrogá-los, 28 dizendo: “Nós tínhamos proibido expressamente que vós ensinásseis em nome de Jesus. Apesar disso, enchestes a cidade de Jerusalém com a vossa doutrina. E ainda nos quereis tornar responsáveis pela morte desse homem!” 29 Então Pedro e os outros apóstolos responderam: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens. 30 O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós matastes, pregando-o numa cruz. 31 Deus, por seu poder, o exaltou, tornando-o Guia Supremo e Salvador, para dar ao povo de Israel a conversão e o perdão dos seus pecados. 32 E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu àqueles que a Ele obedecem”. 33 Quando ouviram isto, ficaram furiosos e queriam matá-los.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 33, 2.9. 17-18. 19-20 (R. 7a)

R. Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.

Ou: Aleluia, Aleluia, Aleluia

2 Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, *
seu louvor estará sempre em minha boca.
9 Provai e vede quão suave é o Senhor! *
Feliz o homem que tem nele o seu refúgio!      R.

17 mas ele volta a sua face contra os maus, *
para da terra apagar sua lembrança.
18 Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta *
e de todas as angústias os liberta.      R.

19 Do coração atribulado ele está perto *
e conforta os de espírito abatido.
20 Muitos males se abatem sobre os justos, *
mas o Senhor de todos eles os liberta.      R. 

Evangelho: Jo 3,31-36  

O Pai ama o Filho e entregou tudo em sua mão. 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João

31 – ‘Aquele que vem do alto está acima de todos. O que é da terra, pertence à terra e fala das coisas da terra. Aquele que vem do céu está acima de todos. 32 Dá testemunho daquilo que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. 33 Quem aceita o seu testemunho atesta que Deus é verdadeiro. 34 De fato, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque Deus lhe dá o espírito sem medida. 35 O Pai ama o Filho e entregou tudo em sua mão. 36 Aquele que acredita no Filho possui a vida eterna. Aquele, porém, que rejeita o Filho não verá a vida, pois a ira de Deus permanece sobre ele’.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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