21 de Janeiro 2018
A SANTA MISSA

3º Domingo do Tempo Comum – Ano B
Cor: Verde
1ª Leitura: Jn 3, 1-5.10
“Os habitantes de Nínive converteram-se do seu mau caminho”.
Leitura da Profecia de Jonas
1 A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas, pela segunda vez: 2 ‘Levanta-te e põe-te a caminho da grande cidade de Nínive e anuncia-lhe a mensagem que eu te vou confiar’. 3 Jonas pôs-se a caminho de Nínive, conforme a ordem do Senhor. Ora, Nínive era uma cidade muito grande; eram necessários três dias para ser atravessada. 4 Jonas entrou na cidade, percorrendo o caminho de um dia; pregava ao povo, dizendo: ‘Ainda quarenta dias, e Nínive será destruída’. 5 Os ninivitas acreditaram em Deus; aceitaram fazer jejum, e vestiram sacos, desde o superior ao inferior. 10 Vendo Deus as suas obras de conversão e que os ninivitas se afastavam do mau caminho, compadeceu-se e suspendeu o mal que tinha ameaçado fazer-lhes, e não o fez.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 24,4ab-5ab.6-7bc.8-9 (R. 4a.5a)
R. Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos,
vossa verdade me oriente e me conduza!
4aMostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos,*
4be fazei-me conhecer a vossa estrada!
5a Vossa verdade me oriente e me conduza,*
5b porque sois o Deus da minha salvação. R.
6 Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura *
e a vossa compaixão que são eternas!
7b De mim lembrai-vos, porque sois misericórdia*
7c e sois bondade sem limites, ó Senhor! R.
8 O Senhor é piedade e retidão,*
e reconduz ao bom caminho os pecadores.
9 Ele dirige os humildes na justiça,*
e aos pobres ele ensina o seu caminho. R
2ª Leitura: 1Cor 7,29-31
“O cenário deste mundo é passageiro”.
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
29 Eu digo, irmãos: o tempo está abreviado. Então que, doravante, os que têm mulher vivam como se não tivessem mulher; 30 e os que choram, como se não chorassem, e os que estão alegres, como se não estivessem alegres; e os que fazem compras, como se não possuíssem coisa alguma; 31 e os que usam do mundo, como se dele não estivessem gozando. Pois a figura deste mundo passa.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Evangelho: Mc 1, 14-20
“Convertei-vos e crede no Evangelho!”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
14 Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 15 ‘O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!’ 16 E, passando à beira do mar da Galileia, Jesus viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 17 Jesus lhes disse: ‘Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens’. 18 E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus. 19 Caminhando mais um pouco, viu também Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca, consertando as redes; 20 e logo os chamou. Eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
— Tem o seu fundamento na filiação divina.
QUANDO O MUNDO saiu das mãos de Deus, tudo transbordava de bondade; de uma bondade que teve o seu ponto culminante na criação do homem1. Mas com o pecado chegou o mal ao mundo e, qual erva daninha, arraigou-se na natureza humana e injetou nela pessimismo e tristeza.
A alegria verdadeira, unida sempre ao bem, veio plenamente à terra no dia em que Nossa Senhora deu o seu consentimento ao plano divino e o Filho de Deus se encarnou no seu seio. Na Virgem Maria já reinava uma profunda alegria, porque fora concebida sem o pecado original e a sua união com Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo era total. Com a sua resposta amorosa aos desígnios divinos, converteu-se em causa - no sentido pleno da palavra - da nova alegria do mundo, porque nEla veio a nós Jesus Cristo, que é o júbilo total do Pai, dos anjos e de todos os homens, Aquele em quem Deus Pai pôs todas as suas complacências2. E a missão de Santa Maria, tanto naquela ocasião como agora, é dar-nos Jesus, o seu Filho. Por isso chamamos a Nossa Senhora Causa da nossa alegria.
Há poucas semanas, contemplávamos o anúncio do Anjo aos pastores: Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que é para todo o povo: nasceu-vos hoje na cidade de Davi...3 A alegria verdadeira, aquela que perdura apesar das contradições e da dor, tal como a vemos no Evangelho, é a dos que se encontraram com Deus nas mais diversas circunstâncias e souberam segui-lo: é a alegria exultante do velho Simeão por ter o Menino Jesus nos seus braços4; ou a imensa felicidade dos Magos - sentiram grandíssima alegria5 - ao verem de novo a estrela que os conduzia a Jesus Maria e José; e a de todos aqueles que num dia inesperado descobriram Cristo; e a de Pedro no Tabor: Senhor, é bom estarmos aqui6; ou o júbilo que os dois discípulos que caminhavam desalentados para Emaús recuperaram ao reconhecerem Jesus7; e o alvoroço dos Apóstolos cada vez que Cristo ressuscitado lhes aparece...8 E, acima de todas, a alegria de Maria: A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito exulta de alegria em Deus, meu salvador9. Ela possui Jesus plenamente e a sua alegria é a maior que um coração humano pode conter.
A alegria é a conseqüência imediata de certa plenitude de vida. E esta plenitude de vida consiste, antes de mais nada, na sabedoria e no amor10. Deus, na sua infinita misericórdia, fez-nos em Jesus Cristo partícipes da sua natureza, que é precisamente plenitude de Vida, Sabedoria infinita, Amor incomensurável. Não podemos alcançar maior alegria do que aquela que mergulha as suas raízes no fato de sermos filhos de Deus pela graça, e que é uma alegria capaz de subsistir na doença e no fracasso: Eu vos darei uma alegria - havia prometido o Senhor na Última Ceia - que ninguém vos poderá tirar11. Quanto mais perto estivermos de Deus, tanto maior será a nossa participação no seu Amor e na sua Vida; quanto mais crescermos na consciência da nossa filiação divina, tanto maior e mais tangível será a nossa alegria.
— Cruz e alegria. Causas da tristeza. Remédios.
COMO É DIFERENTE esta felicidade daquela que depende do bem-estar material, da saúde - tão frágil! -, dos estados de ânimo - tão variáveis! -, da ausência de dificuldades, do não passar por nenhuma necessidade!... Somos filhos de Deus e coisa alguma nos deve perturbar.
São Paulo recordava aos primeiros cristãos de Filipos: Alegrai-vos sempre no Senhor; eu vo-lo repito, alegrai-vos. E indicava-lhes imediatamente a razão: O Senhor está perto. Naquele ambiente difícil, às vezes duro e agressivo, em que se moviam, o Apóstolo indica-lhes o melhor remédio: Alegrai-vos. E essa indicação é admirável, pois estava preso quando escreveu a Epístola em que a fez. E escreverá ainda em outra ocasião, numas circunstâncias extraordinariamente difíceis: Transbordo de alegria em todas as minhas tribulações 13.
As circunstâncias que nos rodeiam nunca são determinantes nem definitivas para a verdadeira alegria, porque a verdadeira alegria resulta da fidelidade a Deus, do cumprimento do dever, da aceitação da Cruz. "Como é possível estarmos alegres diante da doença e atingidos pela doença, diante da injustiça e atingidos pela injustiça? Não será essa alegria uma falsa ilusão ou um subterfúgio irresponsável? Não! É Cristo quem nos dá a resposta: somente Cristo! Só nEle se encontra o verdadeiro sentido da vida pessoal e a chave da história humana. Só nEle - na sua doutrina, na sua Cruz Redentora, cuja força de salvação se faz presente nos Sacramentos da Igreja - encontramos sempre a energia para melhorar o mundo, para torná-lo mais digno do homem -imagem de Deus -, para torná-lo mais alegre.
"Cristo na Cruz: esta é a única chave verdadeira. Ele aceita o sofrimento na Cruz para nos fazer felizes; e nos ensina que, unidos a Ele, podemos também nós dar um valor de salvação ao nosso sofrimento, que se transforma então em alegria: na alegria profunda do sacrifício pelo bem dos outros e na alegria da penitência pelos pecados pessoais e pelos pecados do mundo.
"A luz da Cruz de Cristo, portanto, não há motivo para termos medo à dor, porque entendemos que é na dor que se manifesta o amor: a verdade do amor, do nosso amor a Deus e a todos os homens" 14.
Já no Antigo Testamento o Senhor tinha dito por intermédio de Neemias: Não vos entristeçais, porque a alegria de Javé é a vossa fortaleza 15. Só perdemos este grande bem quando nos afastamos de Deus pelo pecado, pelo egoísmo de pensarmos em nós mesmos, ou quando não aceitamos a Cruz que nos chega sob formas muito diversas: dor, fracassos, contrariedades, mudança de planos, humilhações...
A tristeza provoca muito mal em nós e à nossa volta. É uma erva daninha que devemos arrancar logo que aparece: Anima-te e alegra o teu coração, e afasta para longe de ti a tristeza; pois a tristeza já matou a muitos. E não há nela utilidade alguma l6.
Podemos recuperar a alegria, em qualquer circunstância que tenda a abater-nos, se soubermos recorrer à oração ou abeirar-nos contritamente do sacramento da Confissão, sobretudo quando a perdemos por causa do pecado ou por descuidos culpáveis no relacionamento com Deus.
O esquecimento próprio, que nos impede de andar excessivamente preocupados com as coisas pessoais - a humildade, em última análise -, é outra condição imprescindível para nos abrirmos a Deus como bons filhos e alcançarmos a verdadeira alegria. Se sairmos de nós mesmos e falarmos com Deus numa oração confiante, surgirá a aceitação de uma contrariedade (talvez a causa oculta desse estado de tristeza), ou a decisão de abrirmos a alma na direção espiritual para contar aquilo que nos preocupa, ou de sermos generosos naquilo que Deus nos pede e que talvez nos custe dar-lhe.
— O apostolado da alegria.
O APOSTOLADO QUE O SENHOR nos pede é, em boa medida, superabundância da alegria sobrenatural e humana que acompanha todo aquele que está perto de Deus. Quando ela "se derrama sobre os demais homens, gera esperança, otimismo, impulsos de generosidade no meio da fadiga cotidiana, contagiando toda a sociedade. Meus filhos - dizia o Papa João Paulo II -, só se tiverdes a graça divina, que é alegria e paz, é que podereis construir algo de válido para os homens" 17
Um campo importante em que devemos semear alegria a mãos cheias é a família. A tônica dominante no lar deve ser a do sorriso habitual, mesmo que estejamos cansados ou haja assuntos que nos preocupem. Este estilo otimista, cordial e afável de nos comportarmos é também "a pedra caída no lago"18, que provoca uma onda mais ampla, e esta outra, e mais outra, criando um clima grato em que é possível conviver e em que se desenvolve com naturalidade um apostolado fecundo com os filhos, com os pais, com os irmãos... Pelo contrário, um gesto severo, intolerante, pessimista, reiterativo..., afasta os outros tanto da pessoa que assim se descontrola como de Deus; cria novas tensões e leva facilmente a faltas contra a caridade. São Tomás diz que ninguém pode suportar por um dia sequer uma pessoa triste
e desagradável e que, portanto, todos os homens estão obrigados, por um certo dever de honestidade, a conviver amavelmente com os outros 19. Vencer os estados de ânimo, as preocupações pessoais, o cansaço, sempre deve ser encarado como um dever, cujo cumprimento é muito grato a Deus.
Devemos estender este espírito alegre, otimista, sorridente, que tem o seu fundamento último na filiação divina, ao trabalho, aos amigos, aos vizinhos, a essas pessoas com as quais talvez tenhamos somente um breve encontro na vida: o vendedor que não se voltará a ver, o paciente que, uma vez curado, não quererá mais saber do médico, essa pessoa que nos perguntou onde ficava tal rua... Receberão de nós um gesto cordial e uma oração ao seu Anjo da Guarda... E muitos encontrarão na alegria do cristão o caminho que conduz a Deus, um caminho que talvez de outra forma não encontrassem.
"Como seria o olhar alegre de Jesus! O mesmo que brilharia nos olhos de sua Mãe, que não pode conter a alegria - «Magnifícat anima mea Dominum!» - e a sua alma glorifica o Senhor desde que o traz dentro de si e a seu lado. -Oh Mãe! Que a nossa alegria, como a tua, seja a alegria de estar com Ele e de o ter"20.
Junto dEla, fazemos hoje um "propósito sincero: tornar amável e fácil o caminho aos outros, que já bastantes amarguras traz a vida consigo"21.
(1) Cfr. Prov 8, 30-31; (2) cfr. Mt 3, 17; (3) Lc 2, 10; (4) cfr. Lc 2, 29-30; (5) cfr. Mt 2, 10; (6) Mc 9, 5; (7) cfr. Lc 24, 13-35; (8) cfr. Jo 16, 22; (9) Lc 1, 46-47; (10) cfr. São Tomás, Suma Teológica, 2-2, q. 28, a. 4 e segs.; (11) Jo 16, 22; (12) Fil 4, 4; (13) 2 Cor 7, 4; (14) A. dei Portillo, Homília na Missa para os participantes no Jubileu da juventude, 12-IV-1984; (15) Ne 8, 10; (16) Eclo 30, 24-25; (17) João Paulo II, Discurso, 10-IV-1979; (18) cfr. Josemaría Escrivá, Caminho, n. 831; (19) São Tomás, op. cit, 2-2, q. 114, a. 2, ad. 2; (20) Josemaría Escrivá, Sulco, n. 95; (21) ib., n. 63.
20 de Janeiro 2018
A SANTA MISSA

2ª Semana do Tempo Comum – Sábado – Ano B
Cor: Verde
1ª Leitura: 2Sm 1,1-4.11-12.19.23-27
“Como tombaram os fortes na batalha!”
Início do Segundo Livro de Samuel
Naqueles dias: 1 Davi regressou da derrota que infligiu aos amalecitas, e esteve dois dias em Siceleg. 2 No terceiro dia, apareceu um homem, que vinha do acampamento de Saul, com as vestes rasgadas e a cabeça coberta de pó. Ao chegar perto de Davi, prostrou-se por terra e fez-lhe uma profunda reverência. 3 Davi perguntou-lhe: ‘Donde vens?’ Ele respondeu: ‘Salvei-me do acampamento de Israel’. 4 ‘Que aconteceu?’, perguntou-lhe Davi. ‘Conta-me tudo!’ Ele respondeu: ‘As tropas fugiram da batalha, e muitos do povo caíram mortos. Até Saul e o seu filho Jônatas pereceram!’ 11 Então Davi tomou suas próprias vestes e rasgou-as, e todos os que estavam com ele fizeram o mesmo. 12 Lamentaram-se, choraram e jejuaram até à tarde, por Saul e por seu filho Jônatas, e por causa do povo do Senhor e da casa de Israel, porque haviam tombado pela espada. 19 ‘Tua glória, ó Israel, jaz ferida de morte sobre os teus montes. Como tombaram os fortes! 23 Saul e Jônatas, amados e belos, nem vida nem morte os puderam separar, mais velozes que as águias, mais fortes que os leões. 24 Filhas de Israel, chorai sobre Saul. Ele vos vestia de púrpura suntuosa e ornava de ouro os vossos vestidos. 25 Como tombaram os fortes em plena batalha! Jônatas foi morto sobre as tuas alturas. 26 Choro por ti, meu irmão Jônatas. Tu me eras tão querido; tua amizade me era mais cara que o amor das mulheres. 27 Como tombaram os fortes, como pereceram as armas de guerra!’
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 79, 2-3. 5-7 (R. 4b)
R. Resplandecei a vossa face, e nós seremos salvos!.
2Ó Pastor de Israel, prestai ouvidos. *
Vós, que a José apascentais qual um rebanho!
Vós, que sobre os querubins vos assentais, +
aparecei cheio de glória e esplendor *
3ante Efraim e Benjamim e Manassés!
Despertai vosso poder, ó nosso Deus, *
e vinde logo nos trazer a salvação! R.
5 Até quando, ó Senhor, vos irritais, *
apesar da oração do vosso povo?
6 Vós nos destes a comer o pão das lágrimas, *
e a beber destes um pranto copioso.
7 Para os vizinhos somos causa de contenda, *
de zombaria para os nossos inimigos. R.
Evangelho: Mc 3,20-21
“Os parentes de Jesus diziam que estava fora de si”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo: 20 Jesus voltou para casa com os discípulos. E de novo se reuniu tanta gente que eles nem sequer podiam comer. 21 Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
19 de Janeiro 2018
A SANTA MISSA

2ª Semana do Tempo Comum – Sexta-feira – Ano B
Cor: Verde
1ª Leitura: Sm 24,3-21
“Não levantarei a mão contra ele,
pois é o ungido do Senhor”.
Leitura do Primeiro Livro de Samuel
Naqueles dias: 3 Saul tomou consigo três mil homens escolhidos em todo o Israel e saiu em busca de Davi e de seus homens, até aos rochedos das cabras monteses. 4 E chegou aos currais de ovelhas que encontrou no caminho. Havia ali uma gruta, onde Saul entrou para satisfazer suas necessidades. Davi e seus homens achavam-se no fundo da gruta, 5 e os homens de Davi disseram-lhe: ‘Este certamente é o dia do qual o Senhor te falou: ‘Eu te entregarei o teu inimigo, para que faças dele o que quiseres’. Então Davi aproximou-se de mansinho e cortou a ponta do manto de Saul. 6 Mas logo o seu coração se encheu de remorsos por ter feito aquilo, 7 e disse aos seus homens: ‘Que o Senhor me livre de fazer uma coisa dessas ao ungido do Senhor, levantando a minha mão contra ele, o ungido do Senhor’. 8 Com essas palavras, Davi conteve os seus homens, e não permitiu que se lançassem sobre Saul. Este deixou a gruta e seguiu seu caminho. 9 Davi levantou-se a seguir, saiu da gruta e gritou atrás dele: ‘Senhor, meu rei!’ Saul voltou-se e Davi inclinou-se até o chão e prostrou-se. 10 E disse a Saul: ‘Por que dás ouvidos às palavras dos que te dizem que Davi procura fazer-te mal? 11 Viste hoje com teus próprios olhos que o Senhor te entregou em minhas mãos, na gruta. Renunciando a matar-te! poupei-te a vida, porque pensei: Não levantarei a mão contra o meu senhor, pois ele é o ungido do Senhor, 12 e meu pai. Presta atenção, e vê em minha mão a ponta do teu manto. Se eu cortei este pedaço do teu manto e não te matei, reconhece que não há maldade nem crime em mim, que não pequei contra ti. Tu, porém, andas procurando tirar-me a vida. 13 Que o Senhor seja nosso juiz e que ele me vingue de ti. Mas eu nunca levantarei a minha mão contra ti. 14 ‘Dos ímpios sairá a impiedade’, diz o antigo provérbio; por isso, a minha mão não te tocará. 15 A quem persegues tu, ó rei de Israel? A quem persegues? Um cão morto! E uma pulga! 16 Pois bem! O senhor seja juiz e julgue entre mim e ti. Que ele examine e defenda a minha causa, e me livre das tuas mãos’. 17 Quando Davi terminou de falar, Saul lhe disse: ‘É esta a tua voz, ó meu filho Davi? E começou a clamar e a chorar. 18 Depois disse a Davi: ‘Tu és mais justo do que eu, porque me tens feito bem e eu só te tenho feito mal. 19 Hoje me revelaste a tua bondade para comigo, pois o Senhor me entregou em tuas mãos e não me mataste. 20 Qual é o homem que, encontrando o seu inimigo, o deixa ir embora tranquilamente? Que o Senhor te recompense pelo bem que hoje me fizeste.21 Agora, eu sei com certeza que tu serás rei, e que terás em tua mão o reino de Israel’.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 56, 2.3.-4.6.11 (R. 2a)
R. Piedade, Senhor, tende piedade.
2Piedade, Senhor, piedade, *
pois em vós se abriga a minh’alma!
De vossas asas, à sombra, me achego, *
até que passe a tormenta, Senhor! R.
3 Lanço um grito ao Senhor Deus Altíssimo, *
a este Deus que me dá todo o bem.
4 Que me envie do céu sua ajuda +
e confunda os meus opressores! *
Deus me envie sua graça e verdade! R.
6 Elevai-vos, ó Deus, sobre os céus, *
vossa glória refulja na terra!
11 Vosso amor é mais alto que os céus, *
mais que as nuvens a vossa verdade! R.
Evangelho: Mc 3,13-19
“Chamou os que ele quis, para que ficassem com ele”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo: 13 Jesus subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram até ele. 14 Então Jesus designou Doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar, 15 com autoridade para expulsar os demônios. 16 Designou, pois, os Doze: Simão, a quem deu o nome de Pedro; 17 Tiago e João, filhos de Zebedeu, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer ‘filhos do trovão’; 18 André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o cananeu, 19 e Judas Iscariotes, aquele que depois o traiu.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
TEMPO COMUM. SEGUNDA SEMANA. QUINTA-FEIRA
— Necessidade premente deste apostolado.
O EVANGELHO DIZ em várias ocasiões que as multidões se aglomeravam à volta do Senhor para que pudessem ser curadas1. Lemos hoje no Evangelho da Missa2 que uma numerosa multidão da Galiléia e da Judéia, de Jerusalém, da Iduméia, da Transjordânia e dos arredores de Tiro e de Sidon seguia Jesus. Era tanta a gente que o Senhor mandou aos seus discípulos que preparassem uma barca por causa da multidão, para que esta não o oprimisse. Pois Ele curava muitos, e quantos padeciam de algum mal lançavam-se sobre Ele para o tocarem.
São pessoas necessitadas que recorrem a Cristo. E Ele as atende porque tem um coração compassivo e misericordioso. Durante os três anos da sua vida pública, curou muitos, livrou os endemoninhados, ressuscitou mortos... Mas não curou todos os enfermos do mundo nem suprimiu todos os sofrimentos desta vida, porque a dor não é um mal absoluto — ao passo que o pecado o é —, e pode ter um valor redentor incomparável se a unirmos aos sofrimentos de Cristo.
Muitos dos milagres que Jesus realizou foram remédio para inúmeras dores e sofrimentos, mas eram antes de mais nada um sinal e uma prova da sua missão divina, da redenção universal e eterna. E os cristãos continuam no tempo a missão de Cristo: Ide, pois, e ensinai a todos os povos, batizando-os... e ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei. E eis que eu estou convosco todos os dias até à consumação do mundo3.
As multidões andam hoje tão necessitadas como naquela época. Também hoje vemos que são como ovelhas sem pastor, que estão desorientadas e não sabem para onde dirigir as suas vidas. A humanidade, apesar de todos os progressos destes vinte séculos, continua a sofrer dores físicas e morais, mas padece sobretudo de uma grande falta da doutrina de Cristo, salvaguardada sem erro pelo Magistério da Igreja. As palavras do Senhor continuam a ser palavras de vida eterna, que ensinam a fugir do pecado, a santificar a vida ordinária, o trabalho, as alegrias, as derrotas e a doença..., e abrem os caminhos da salvação. Esta é a grande necessidade do mundo.
Quando avaliamos a situação da sociedade com os olhos da fé, não precisamos de muito esforço para descobrir que as pessoas “andam desejosas de ouvir a palavra de Deus, embora o dissimulem exteriormente. Talvez alguns se tenham esquecido da doutrina de Cristo; outros — sem culpa sua — nunca a aprenderam, e vêem a religião como uma coisa estranha. Mas convencei-vos de uma realidade sempre atual: chega sempre um momento em que a alma não pode mais, em que não lhe bastam as explicações habituais, em que não a satisfazem as mentiras dos falsos profetas. E, mesmo que nem então o admitam, essas pessoas sentem fome de saciar a sua inquietação nos ensinamentos do Senhor”4.
Está nas nossas mãos este tesouro da doutrina, para que possamos dá-lo a tempo e a destempo5, oportuna e inoportunamente, através de todos os meios ao nosso alcance. E esta é a tarefa verdadeiramente urgente que incumbe a todos os cristãos.
— Formação nas verdades da fé. Estudar e ensinar o Catecismo.
PARA PODERMOS DAR a doutrina de Jesus Cristo, é preciso que a tenhamos no entendimento e no coração: que a meditemos e amemos. Todos os cristãos, cada um segundo os dons que recebeu — talento, estudos, circunstâncias... —, tem que servir-se dos meios necessários para adquiri-la. E não serão poucas as vezes em que essa formação começará por um conhecimento aprofundado do Catecismo, que são esses livros “fiéis aos conteúdos essenciais da Revelação e atualizados quanto ao método, capazes de educar numa fé robusta as gerações de cristãos dos novos tempos”6, como diz João Paulo II.
A vida de fé leva a um fluxo contínuo de aquisição e transmissão das verdades reveladas: Tradidi quod accepi... Transmito-vos aquilo que recebi7, dizia São Paulo aos cristãos de Corinto. A fé da Igreja é fé viva, porque é continuamente recebida e entregue. De Cristo aos Apóstolos, destes aos seus sucessores. Assim até hoje: é sempre idêntica a fé que ressoa no Magistério vivo da Igreja8. Que bons alto-falantes não teria o Senhor se todos os cristãos se decidissem — cada um no seu lugar — a proclamar a sua doutrina salvadora, a ser elos dessa corrente que se prolongará até o fim dos tempos! Ide e ensinai..., diz o próprio Cristo a todos nós.
Trata-se de difundir espontaneamente a doutrina, de um modo às vezes informal, mas que será extraordinariamente eficaz, tal como aconteceu com os primeiros cristãos: de família para família; entre colegas de trabalho ou de estudo, entre os pais dos alunos de uma escola; nos bairros, nos mercados, nas ruas.
O trabalho, a rua, a associação profissional, a Universidade, os estabelecimentos comerciais, a vida civil... convertem-se então em veículos de uma catequese discreta e atraente, que penetra até o fundo dos costumes da sociedade e da vida dos homens. “Acredita em mim: o apostolado, a catequese, de ordinário, tem de ser capilar: um a um. Cada homem de fé com o seu companheiro mais próximo. — Aos que somos filhos de Deus, importam-nos todas as almas, porque nos importa cada alma”9.
Como devem comover o coração de Deus essas mães que, talvez sem tempo disponível, explicam pacientemente as verdades do Catecismo aos seus filhos... e talvez aos filhos das suas vizinhas e amigas! Ou o estudante que vai a um bairro longínquo, para explicar essas verdades aos meninos da localidade, ainda que depois tenha de sacrificar o sono para preparar a prova que terá na semana seguinte!
“Perante tanta ignorância e tantos erros a respeito de Cristo, da sua Igreja..., das verdades mais elementares, os cristãos não podem ficar passivos, pois o Senhor nos constituiu como sal da terra (Mt 5, 13) e luz do mundo (Mt 5, 14). Todos os cristãos devem participar na tarefa de formação cristã, devem sentir a urgência de evangelizar, que não é para mim motivo de glória, mas uma obrigação (1 Cor 9, 16)”10.
Ninguém pode desentender-se desta urgente missão. “Tarefa do cristão: afogar o mal em abundância de bem. Não se trata de campanhas negativas, nem de ser antinada. Pelo contrário: viver de afirmação, cheios de otimismo, com juventude, alegria e paz; ver com compreensão a todos: os que seguem a Cristo e os que o abandonam ou não o conhecem. — Mas compreensão não significa abstencionismo nem indiferença, e sim atividade”11, iniciativa, anelo profundo de dar a conhecer a todos o rosto amável do Senhor.
AO PERCEBERMOS A EXTENS√ÉO da tarefa de difundir a doutrina de Jesus Cristo, devemos começar por pedir ao Senhor que nos aumente a fé: Fac me tibi semper magis credere, fazei com que eu creia mais e mais em Vós, suplicamos no Adoro te devote, o hino eucarístico de São Tomás de Aquino. E assim poderemos dizer também com palavras desse hino: “Creio em tudo o que me disse o Filho de Deus; nada mais verdadeiro que esta Palavra de verdade”. Com uma fé robustecida, estaremos preparados para ser instrumentos nas mãos do Senhor.
Só a graça de Deus pode mover a vontade a aceitar as verdades da fé. Por isso, na nossa tarefa de atrair os nossos amigos à verdade cristã, devemos renovar constantemente a nossa fé com uma oração humilde e contínua; e, juntamente com a oração, a penitência: um espírito habitual de mortificação, provavelmente em detalhes pequenos relativos à vida familiar, ao trabalho..., mas sempre sobrenatural e concreta. Lembremo-nos sempre de que a oração se valoriza com o sacrifício: “A ação nada vale sem a oração; a oração valoriza-se com o sacrifício”12.
Perante as barreiras que encontraremos por vezes em ambientes difíceis, e perante obstáculos que poderiam parecer insuperáveis, encher-nos-emos de otimismo se nos recordarmos de que a graça de Deus pode mover os corações mais duros, e de que a ajuda sobrenatural é tanto maior quanto maiores forem as dificuldades que encontremos.
Senhor, ensinai-nos a fazer com que muitos Vos conheçam! Também nos nossos dias as multidões andam perdidas e necessitadas de Vós, cheias de ignorância e tantas vezes sem luz e sem caminho. Santa Maria, ajudai-nos a não desperdiçar nenhuma ocasião de dar a conhecer o vosso Filho Jesus Cristo! Fazei com que saibamos entusiasmar muitos dos nossos amigos e animá-los a seguir-nos nesta nobre tarefa de difundir a Verdade que salva!
(1) Cfr. Lc 6, 19; 8, 45; etc.; (2) Mc 3, 7-12; (3) Mt 28, 19-20; (4) Josemaría Escrivá,Amigos de Deus, n. 260; (5) cfr. 2 Tim 4, 2; (6) João Paulo II, Exhort. Apost.Catechesi tradendae, 16-X-1979, pág. 50; (7) cfr. 1 Cor 11, 23; (8) cfr. P. Rodríguez,Fe y vida de fe, pág. 164; (9) Josemaría Escrivá, Sulco, n. 943; (10) João Paulo II,Discurso em Granada, 15-XI-1982; (11) Josemaría Escrivá, Sulco, n. 864; (12) Josemaría Escrivá, Caminho, n. 81.
Fonte: livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal.
18 de Janeiro 2018
A SANTA MISSA

2ª Semana do Tempo Comum – Quinta-feira – Ano B
Cor: Verde
1ª Leitura: 1Sm 18,6-9; 19,1-7
“Saul, meu pai, procura matar-te”.
Leitura do Primeiro Livro de Samuel
Naqueles dias: 6 Quando Davi voltou, depois de ter matado o filisteu, as mulheres de todas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei Saul, dançando e cantando alegremente ao som de tamborins e címbalos. 7 E, enquanto dançavam, diziam em coro: ‘Saul matou mil, mas Davi matou dez mil’. 8 Saul ficou muito encolerizado com isto e não gostou nada da canção, dizendo: ‘A Davi deram dez mil, e a mim somente mil. Que lhe falta ainda, senão a realeza?’ 9 E, a partir daquele dia, não olhou mais para Davi com bons olhos. 19,1 Saul falou a Jônatas, seu filho, e a todos os seus servos sobre sua intenção de matar Davi. Mas Jônatas, filho de Saul, amava profundamente Davi, 2 e preveniu-o a respeito disso, dizendo: ‘Saul, meu pai, procura matar-te; portanto, toma cuidado amanhã de manhã, e fica oculto em um esconderijo. 3 Eu mesmo sairei em companhia de meu pai, no campo, onde estiveres, e lhe falarei de ti, para ver o que ele diz, e depois te avisarei de tudo o que eu souber’. 4 Então Jônatas falou bem de Davi a Saul, seu pai, e acrescentou: ‘Não faças mal algum ao teu servo Davi, porque ele nunca te ofendeu. Ao contrário, o que ele tem feito foi muito proveitoso para ti. 5 Arriscou a sua vida, matando o filisteu, e o Senhor deu uma grande vitória a todo o Israel. Tu mesmo foste testemunha e te alegraste. Por que, então, pecarias, derramando sangue inocente e mandando matar Davi sem motivo?’ 6 Saul, ouvindo isto, e aplacado com as razões de Jônatas, jurou: ‘Pela vida do Senhor, ele não será morto!’ 7 Então Jônatas chamou Davi e contou-lhe tudo isto. Levou-o em seguida a Saul, para que ele retomasse o seu lugar, como antes.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 55, 2-3. 9-10ab. 10c-11. 12-13 (R. 5bc)
R. É no Senhor que eu confio e nada temo.
2Tende pena e compaixão de mim, ó Deus, +
pois há tantos que me calcam sob os pés, *
e agressores me oprimem todo dia!
3Meus inimigos de contínuo me espezinham, *
são numerosos os que lutam contra mim! R.
9 Do meu exílio registrastes cada passo, +
em vosso odre recolhestes cada lágrima, *
e anotastes tudo isso em vosso livro.
10a Meus inimigos haverão de recuar +
10b em qualquer dia em que eu vos invocar; R.
10c tenho certeza: o Senhor está comigo!
11 Confio em Deus e louvarei sua promessa. R.
12 É no Senhor que eu confio e nada temo: *
que poderia contra mim um ser mortal?
13 Devo cumprir, ó Deus, os votos que vos fiz, *
e vos oferto um sacrifício de louvor, R.
Evangelho: Mc 3,7-12
“Os espíritos maus gritavam: ‘Tu és o Filho de Deus! ‘
Mas ele ordenava severamente para não dizerem quem ele era”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo: 7 Jesus se retirou para a beira do mar, junto com seus discípulos. Muita gente da Galileia o seguia. 8 E também muita gente da Judeia, de Jerusalém, da Iduméia, do outro lado do Jordão, dos territórios de Tiro e Sidônia, foi até Jesus, porque tinham ouvido falar de tudo o que ele fazia. 9 Então Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca, por causa da multidão, para que não o comprimisse. 10 Com efeito, Jesus tinha curado muitas pessoas, e todos os que sofriam de algum mal jogavam-se sobre ele para tocá-lo. 11 Vendo Jesus, os espíritos maus caíam a seus pés, gritando: ‘Tu és o Filho de Deus!’ 12 Mas Jesus ordenava severamente para não dizerem quem ele era.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
17 de Janeiro 2018
A SANTA MISSA

2ª Semana do Tempo Comum – Quarta-feira – Ano B
Memória: Santo Antão, abade
Cor: Branca
1ª Leitura: 1Sm 17,32-33.37.40-5l
“Davi venceu o filisteu, com uma funda e uma pedra”.
Leitura do Primeiro Livro de Samuel
Naqueles dias: 32 Davi foi conduzido a Saul e lhe disse: ‘Ninguém desanime por causa desse filisteu! Eu, teu servo, lutarei contra ele’. 33 Mas Saul ponderou: ‘Não poderás enfrentar esse filisteu, pois tu és só ainda um jovem, e ele é um homem de guerra desde a sua mocidade’. 37 Davi respondeu: ‘O Senhor me livrou das garras do leão e das garras do urso. Ele me salvará também das mãos deste filisteu’. Então Saul disse a Davi: ‘Vai, e que o Senhor esteja contigo’. 40 Em seguida, tomou o seu cajado, escolheu no regato cinco pedras bem lisas e colocou-as no seu alforje de pastor, que lhe servia de bolsa para guardar pedras. Depois, com a sua funda na mão, avançou contra o filisteu. 41 Este, que se vinha aproximando mais e mais, precedido do seu escudeiro, 42 quando pôde ver bem Davi desprezou-o, porque era muito jovem, ruivo e de bela aparência. 43 E lhe disse: ‘Sou por acaso um cão, para vires a mim com um cajado?’ E o filisteu amaldiçoou Davi em nome de seus deuses. 44 E acrescentou: ‘Vem, e eu darei a tua carne às aves do céu e aos animais da terra!’ 45 Davi respondeu: ‘Tu vens a mim com espada, lança e escudo; eu, porém, vou a ti em nome do Senhor Todo-poderoso, o Deus dos exércitos de Israel que tu insultaste! 46 Hoje mesmo, o Senhor te entregará em minhas mãos, e te abaterei e te cortarei a cabeça, e darei o teu cadáver e os cadáveres do exército dos filisteus às aves do céu e aos animais da terra, para que toda a terra saiba que há um Deus em Israel. 47 E toda esta multidão de homens conhecerá que não é pela espada nem pela lança que o Senhor concede a vitória; porque o Senhor é o árbitro da guerra, e ele vos entregará em nossas mãos’. 48 Logo que o filisteu avançou e marchou em direção a Davi, este saiu das linhas de formação e correu ao encontro do filisteu. 49 Davi meteu, então, a mão no alforje, apanhou uma pedra e arremessou-a com a funda, atingindo o filisteu na fronte com tanta força, que a pedra se encravou na sua testa e o gigante tombou com o rosto em terra. 50 E assim Davi venceu o filisteu, ferindo-o de morte com uma funda e uma pedra. E, como não tinha espada na mão, 51 correu para o filisteu, chegou junto dele, arrancou-lhe a espada da bainha e acabou de matá-lo, cortando-lhe a cabeça. Vendo morto o seu guerreiro mais valente, os filisteus fugiram.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 143 (144), 1. 2. 9-10 (R. 1a)
R. Bendito seja o Senhor, meu rochedo!
1Bendito seja o Senhor, meu rochedo, +
que adestrou minhas mãos para a luta, *
e os meus dedos treinou para a guerra! R.
2 Ele é meu amor, meu refúgio, *
libertador, fortaleza e abrigo;
É meu escudo: é nele que espero, *
ele submete as nações a meus pés. R.
9 Um canto novo, meu Deus, vou cantar-vos, *
nas dez cordas da harpa louvar-vos,
10 a vós que dais a vitória aos reis *
e salvais vosso servo Davi. R.
Evangelho: Mt 22, 34-40
“Amarás o Senhor teu Deus, e ao teu próximo como a ti mesmo”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo: 34 Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo, 35 e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: 36 ‘Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?’ 37 Jesus respondeu: ‘`Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!’ 38 Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39 O segundo é semelhante a esse: `Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. 40 Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
16 de Janeiro 2018
A SANTA MISSA

2ª Semana do Tempo Comum – Terça-feira – Ano B
Cor: Verde
1ª Leitura: 1Sm 16,1-13
“Samuel ungiu Davi na presença de seus irmãos.
E a partir daquele dia, o espírito do Senhor se apoderou de Davi”.
Leitura do Primeiro Livro de Samuel
Naqueles dias: 1 O Senhor disse a Samuel: ‘Até quando ficarás chorando por causa de Saul, se eu mesmo o rejeitei para que não reine mais sobre Israel? Enche o chifre de óleo e vem, para que eu te envie à casa de Jessé de Belém, pois escolhi um rei para mim entre os seus filhos’. 2 Samuel ponderou: ‘Como posso ir? Se Saul o souber, vai me matar’. O Senhor respondeu: ‘Tomarás contigo uma novilha da manada, e dirás: ‘Vim para oferecer um sacrifício ao Senhor’. 3 Convidarás Jessé para o sacrifício. Eu te mostrarei o que deves fazer, e tu ungirás a quem eu te designar’. 4 Samuel fez o que o Senhor lhe disse, e foi a Belém. Os anciãos da cidade vieram-lhe ao encontro, e perguntaram: ‘É de paz a tua vinda?’ 5 ‘Sim, é de paz’, respondeu Samuel. ‘Vim para fazer um sacrifício ao Senhor. Purificai-vos e vinde comigo, para que eu ofereça a vítima’. Ele purificou então Jessé e seu filhos e convidou-os para o sacrifício. 6 Assim que chegaram, Samuel viu a Eliab, e disse consigo: ‘Certamente é este o ungido do Senhor!’ 7 Mas o Senhor disse-lhe: ‘Não olhes para a sua aparência nem para a sua grande estatura, porque eu o rejeitei. Não julgo segundo os critérios do homem: o homem vê as aparências, mas o senhor olha o coração’. 8 Então Jessé chamou Abinadab e apresentou-o a Samuel, que disse: ‘Também não é este que o Senhor escolheu’. 9 Jessé trouxe-lhe depois Sama, e Samuel disse: ‘A este tampouco o Senhor escolheu’. 10 Jessé fez vir seus sete filhos à presença de Samuel, mas Samuel disse: ‘O Senhor não escolheu a nenhum deles’. 11 E acrescentou: ‘Estão aqui todos os teus filhos?’ Jessé respondeu: ‘Resta ainda o mais novo, que está apascentando as ovelhas’. E Samuel ordenou a Jessé: ‘Manda buscá-lo, pois não nos sentaremos à mesa, enquanto ele não chegar’. 12 Jessé mandou buscá-lo. Era ruivo, de belos olhos e de formosa aparência. E o Senhor disse: ‘Levanta-te, unge-o: é este!’ 13 Samuel tomou o chifre com óleo e ungiu Davi na presença de seus irmãos. E a partir daquele dia, o espírito do Senhor se apoderou de Davi. A seguir, Samuel se pôs a caminho e voltou para Ramá.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 88, 20. 21-22. 27-28 (R. 21a)
R. Encontrei e escolhi a Davi, meu servidor.
20Outrora vós falastes em visões a vossos santos: +
‘Coloquei uma coroa na cabeça de um herói *
e do meio deste povo escolhi o meu Eleito. R.
21 Encontrei e escolhi a Davi, meu servidor, *
e o ungi, para ser rei, com meu óleo consagrado.
22 Estará sempre com ele minha mão onipotente, *
e meu braço poderoso há de ser a sua força. R.
27 Ele, então, me invocará: ‘Ó Senhor, vós sois meu Pai, *
sois meu Deus, sois meu Rochedo onde encontro a salvação!`
28 E por isso farei dele o meu filho primogênito, *
sobre os reis de toda a terra farei dele o Rei altíssimo. R.
Evangelho: Mc 2,23-28
“O sábado foi feito para o homem,
e não o homem para o sábado”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
23 Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam. 24 Então os fariseus disseram a Jesus: ‘Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?’ 25 Jesus lhes disse: ‘Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? 26 Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães.’ 27 E acrescentou: ‘O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. 28 Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
15 de Janeiro 2018
A SANTA MISSA

2ª Semana do Tempo Comum – Segunda-feira – Ano B
Cor: Verde
1ª Leitura: 1Sm 15,16-23
“A obediência vale mais que o sacrifício.
O Senhor te rejeitou: tu não és mais rei”.
Leitura do Primeiro Livro de Samuel
Naqueles dias: 16 Samuel disse a Saul: ‘Basta! Deixa-me dizer-te o que o Senhor me revelou esta noite’. Saul disse: ‘Fala!’ 17 Então Samuel começou: ‘Por menor que sejas aos teus próprios olhos, acaso não és o chefe das tribos de Israel? O Senhor ungiu-te rei sobre Israel 18 e te enviou em expedição, com a ordem de eliminar os amalecitas, esses malfeitores, combatendo-os até que fossem exterminados. 19 Por que não ouviste a voz do Senhor, e te precipitaste sobre os despojos e fizeste o que desagrada ao Senhor?’ 20 Saul respondeu a Samuel: ‘Mas eu obedeci ao Senhor! Realizei a expedição a que ele me enviou. Trouxe Agag, rei de Amalec, para cá, e exterminei os amalecitas. 21 Quanto aos despojos, o povo reteve, das ovelhas e dos bois, o melhor do que devia ser eliminado, para sacrificar ao Senhor teu Deus em Guilgal’. 22 Mas Samuel replicou: ‘O Senhor quer holocaustos e sacrifícios, ou quer a obediência à sua palavra? A obediência vale mais que o sacrifício, a docilidade mais que oferecer gordura de carneiros. 23 A rebelião é um verdadeiro pecado de magia, um crime de idolatria, uma obstinação. Assim, porque rejeitaste a palavra do Senhor, ele te rejeitou: tu não és mais rei’.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 49, 8-9.16bc-17.21.23 (R. 23b)
R. A todo homem que procede retamente,
eu mostrarei a salvação que vem de Deus.
8Eu não venho censurar teus sacrifícios, *
pois sempre estão perante mim teus holocaustos;
9não preciso dos novilhos de tua casa *
nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos. R.
16b ‘Como ousas repetir os meus preceitos *
16c e trazer minha Aliança em tua boca?
17 Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos *
e deste as costas às palavras dos meus lábios! R.
21 Diante disso que fizeste, eu calarei? *
Acaso pensas que eu sou igual a ti?
É disso que te acuso e repreendo *
e manifesto essas coisas aos teus olhos. R.
Evangelho: Mc 2,18-22
“O noivo está com eles”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo: 18 Os discípulos de João Batista e os fariseus estavam jejuando. Então, vieram dizer a Jesus: ‘Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?’ 19 Jesus respondeu: ‘Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar. 20 Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar. 21 Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda. 22 Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos’.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
— A santa pureza, condição indispensável para amar a
Deus e para o apostolado.
PASSADAS JÁ AS FESTAS do Natal, em que consideramos principalmente os mistérios da vida oculta do Senhor, vamos contemplar neste tempo, seguindo a liturgia, os anos da sua vida pública.
Desde o começo da sua missão, vemos Jesus que procura os seus discípulos e os chama ao seu serviço, tal como fez Javé em épocas anteriores. É o que nos mostra a primeira Leitura da Missa de hoje, ao narrar a vocação de Samuel l, bem como o Evangelho, ao relatar como Jesus se faz encontrar por aqueles três primeiros discípulos que seriam mais tarde o fundamento da sua Igreja2: Pedro, João e Tiago
Seguir o Senhor, tanto naquela época como hoje, significa entregar-lhe o coração, o mais íntimo, o mais profundo do nosso ser, a nossa própria vida. Entende-se, pois, que para corresponder ao chamamento de Jesus, seja necessário guardar a santa pureza e purificar o coração. É São Paulo quem no-lo diz na segunda Leitura3: Fugi da fornicação... Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo que habita em vós, que o recebestes de Deus e que, portanto, não vos pertenceis? Fostes comprados por um grande preço. Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo. Jamais ninguém como a Igreja ensinou a dignidade do corpo. "A pureza é glória do corpo humano perante Deus. É a glória de Deus no corpo humano"4.
A castidade, fora ou dentro da vida matrimonial, segundo o estado e a peculiar vocação recebida por cada um, é absolutamente necessária para se poder seguir a Cristo e exige, juntamente com a graça divina, uma grande luta e esforço'pessoais. As feridas do pecado original (na inteligência, na vontade, nas paixões e nos afetos), que não desaparecem com o Batismo, introduziram um princípio de desordem na nossa natureza: a alma, de maneiras muito diversas, tende a rebelar-se contra Deus, e o corpo resiste a submeter-se à alma; e os pecados pessoais revolvem o fundo ruim que o pecado original deixou em nós e aumentam as feridas que causou na alma.
A santa pureza, parte da virtude da temperança, inclina-nos a moderar prontamente e com alegria o uso da faculdade geradora, segundo os ditames da razão ajudada pela fé5. O seu contrário é a luxaria, que destrui a dignidade do homem, enfraquece a vontade na busca do bem e dificulta que a inteligência possa conhecer e amar a Deus, bem como as coisas humanas. A impureza acarreta freqüentemente uma forte carga de egoísmo e arrasta a pessoa para atitudes próximas da violência e da crueldade. Se não se lhe põe remédio, faz perder o sentido do divino e do transcendente: cega para aquilo que é realmente importante.
Os atos de renúncia ("não olhar", "não fazer", "não imaginar", "não desejar"), ainda que sejam imprescindíveis, não são tudo na guarda da castidade; a essência desta virtude é o amor: delicadeza e ternura com Deus, respeito pelas pessoas, que devem ser encaradas como filhos de Deus. A castidade "mantém a juventude do amor, em qualquer estado de vida" 6;
E, portanto, um requisito indispensável para amar. Ainda que não seja nem a primeira nem a mais importante das virtudes, e ainda que a vida cristã não possa reduzir-se a ela, no entanto, sem castidade não há caridade, e esta é a primeira virtude e a que dá a sua perfeição e o fundamento às demais 7.
Os primeiros cristãos, a quem São Paulo diz que devem glorificar a Deus no seu corpo, estavam rodeados de um clima corrompido, e muitos deles provinham desse ambiente. Nao vos iludais, diz-lhes o Apóstolo. Nem os impuros, nem os idolatras, nem os adúlteros... possuirão o reino de Deus. E alguns de vós éreis isso...8 O Apóstolo indica-lhes que devem viver uma virtude que era pouco apreciada e até desprezada naquela época e naquela cultura. Cada um deles devia ser um exemplo vivo da fé em Cristo que traziam no coração e da riqueza espiritual que possuíam. O mesmo devemos nós fazer.
— Necessidade de uma boa formação para viver esta
virtude.
DEVEMOS TER a firme convicção de que é sempre possível viver a santa pureza, ainda que a pressão do ambiente seja muito forte, desde que se empreguem os meios que Deus nos dá para vencer e se evitem as ocasiões de perigo.
O primeiro passo para isso é adquirir idéias muito claras sobre a matéria, encará-la com finura e sentido sobrenatural, e depois tratar do tema com clareza e sem ambigüidades na conversa com quem orienta a nossa alma, para assim completarmos ou retificarmos as idéias pouco exatas que possamos ter. Às vezes, certos assim chamados escrúpulos resultam de não se ter falado completamente a fundo deles, e resolvem-se quando os fatos objetivos são referidos com toda a clareza na direção espiritual e na confissão.
Deve-se ainda unir à pureza do corpo a pureza da alma, orientando os afetos de tal modo que Deus ocupe a todo o momento o centro da alma. Por isso, é preciso que a luta por viver esta virtude e por crescer nela se estenda também a todas as matérias que possam indiretamente facilitá-la ou dificultá-la: a mortificação da vista, do comodismo, da imaginação, da memória.
Outra condição para a eficácia desta luta é a humildade. Tem humilde consciência da sua fraqueza todo aquele que foge decididamente das ocasiões perigosas, que admite contrita e sinceramente os seus descuidos reais, que pede a ajuda necessária, que reconhece com agradecimento o valor do seu corpo e da sua alma.
As vezes, de acordo com a época ou as circunstâncias, pode ser necessário lutar mais intensamente num ou noutro campo relacionado com esta virtude: no da sensibilidade, que, sem a devida mortificação, pode estar mais viva por não se terem evitado causas voluntárias mais ou menos remotas; no das leituras, que podem mergulhar a alma num clima de sensualidade, mesmo que não sejam claramente impuras; no da guarda da vista...
Outro campo relacionado com a pureza é o dos sentidos internos (imaginação, memória), que, ainda que não se detenham em pensamentos diretamente contrários ao nono mandamento, são freqüentemente ocasião de tentação e denotam muito pouca generosidade com Deus.
E por último a guarda do coração, que está feito para amar, e que por isso deve estar preenchido por um amor limpo de acordo com a vocação de cada um, um amor em que Deus deve ocupar sempre o primeiro lugar. Não podemos andar com o coração na mão, como quem oferece uma mercadoria9.
— Meios para vencer.
PARA SEGUIRMOS o Senhor com um coração limpo, é necessário que pratiquemos um conjunto de virtudes humanas e sobrenaturais, apoiados sempre na graça, que nunca nos há de faltar se a pedimos com humildade e se desenvolvemos todos os esforços ao nosso alcance.
Entre as virtudes humanas que ajudam a viver a santa pureza, conta-se em primeiro lugar a laboriosidade, o trabalho constante e intenso; muitas vezes, os problemas de pureza são uma questão de ociosidade ou de preguiça. Também são necessárias a valentia e a fortaleza, para fugirmos da tentação, para não cairmos na ingenuidade de pensar que isto ou aquilo não nos faz mal nem invocarmos falsos pretextos de idade ou de experiência. E deve-se procurar a sinceridade plena, contando toda a verdade com clareza, e estando prevenidos contra o "demônio mudo" ,0, que tende a enganar-nos tirando importância ao pecado ou à tentação, ou aumentando-a para fazer-nos cair nessa outra tentação que é a "vergonha de falar". A sinceridade é completamente necessária para vencer, pois sem ela a alma fica privada de uma ajuda imprescindível.
Nenhum meio humano seria suficiente se não recorrêssemos ao trato íntimo com o Senhor na oração e na Sagrada Eucaristia. Nelas encontramos sempre a ajuda necessária, as forças que vêm em socorro da nossa fraqueza pessoal, o amor que nos cumula o coração, criado para o que é eterno, e portanto sempre insatisfeito com tudo o que há neste mundo. E o sacramento da Penitência purifica-nos a consciência, concede-nos as graças específicas do sacramento para vencermos naquilo em que fomos vencidos, seja em matéria grave ou leve.
Se quisermos entender o amor a Jesus Cristo tal como os Apóstolos, os primeiros cristãos e os santos de todos os tempos o entenderam, é necessário que vivamos a virtude da santa pureza. Caso contrário, ficaremos grudados à terra e não compreenderemos nada.
Recorremos a Santa Maria, Mater Pulchrae Dilectionis ll, Mãe do Amor Formoso, porque Ela gera na alma do cristão uma ternura filial que lhe permite crescer nesta virtude. E Ela nos concederá esta virtude própria das almas rijas, se lha pedirmos com amor e confiança
(1) Cfr. 1 Sam 3, 3-10; (2) cfr. Jo 1, 35-42; (3) cff. 1 Cor 6, 13-15; 17-20; (4) João Paulo II, Audiência geral, 18-111-1981; (5) cfr. São Tomás, Suma Teológica, 2-2, q. 151, a. 2, ad. 1; (6) Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 25; (7) cfr. J. L. Soria, Amar y vivir Ia castidad, Palabra, Madrid, 1976, pág. 45; (8) cfr. 1 Cor 6, 9-10; (9) cfr. Josemaría Escrivá, Caminho, n. 146; (10) cfr. ib., n. 236; (11) Eclo 24, 24.