30 de Março 2018

A SANTA MISSA

Sexta feira da Paixão do Senhor – Páscoa

Cerimônia das 15 horas

Cor: Vermelha

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1ª Leitura: Is 52,13 – 53,12

 “Ele foi ferido por causa de nossos pecados.”

Leitura do Livro do Profeta Isaías

 13 Ei-lo, o meu Servo será bem sucedido; sua ascensão será ao mais alto grau. 14 Assim como muitos ficaram pasmados ao vê-lo – tão desfigurado ele estava que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano -, 15 do mesmo modo ele espalhará sua fama entre os povos. Diante dele os reis se manterão em silêncio, vendo algo que nunca lhes foi narrado e conhecendo coisas que jamais ouviram. 53,1 ‘Quem de nós deu crédito ao que ouvimos? E a quem foi dado reconhecer a força do Senhor? 2 Diante do Senhor ele cresceu como renovo de planta ou como raiz em terra seca. Não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que nos agradasse. 3 Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dores, cheio de sofrimentos; passando por ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era, não fazíamos caso dele. 4 A verdade é que ele tomava sobre si nossas enfermidades e sofria, ele mesmo, nossas dores; e nós pensávamos fosse um chagado, golpeado por Deus e humilhado! 5 Mas ele foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes; a punição a ele imposta era o preço da nossa paz, e suas feridas, o preço da nossa cura. 6 Todos nós vagávamos como ovelhas desgarradas, cada qual seguindo seu caminho; e o Senhor fez recair sobre ele o pecado de todos nós’. 7 Foi maltratado, e submeteu-se, não abriu a boca; como cordeiro levado ao matadouro ou como ovelha diante dos que a tosquiam, ele não abriu a boca. 8 Foi atormentado pela angústia e foi condenado. Quem se preocuparia com sua história de origem? Ele foi eliminado do mundo dos vivos; e por causa do pecado do meu povo foi golpeado até morrer. 9 Deram-lhe sepultura entre ímpios, um túmulo entre os ricos, porque ele não praticou o mal nem se encontrou falsidade em suas palavras. 10 O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos. Oferecendo sua vida em expiação, ele terá descendência duradoura, e fará cumprir com êxito a vontade do Senhor. 11 Por esta vida de sofrimento, alcançará luz e uma ciência perfeita. Meu Servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas. 12 Por isso, compartilharei com ele multidões e ele repartirá suas riquezas com os valentes seguidores, pois entregou o corpo à morte, sendo contado como um malfeitor; ele, na verdade, resgatava o pecado de todos e intercedia em favor dos pecadores.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 30,2.6.12-13.15-16.17.25 (R. Lc 23,46)

R. Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.

2 Senhor, eu ponho em vós minha esperança;
que eu não fique envergonhado eternamente!
6 Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito,
porque vós me salvareis, ó Deus fiel!.     R.

12 Tornei-me o opróbrio do inimigo,
o desprezo e zombaria dos vizinhos,
e objeto de pavor para os amigos;
fogem de mim os que me vêem pela rua.
13 Os corações me esqueceram como um morto,
e tornei-me como um vaso espedaçado.     R.

15 A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio,
e afirmo que só vós sois o meu Deus!
16 Eu entrego em vossas mãos o meu destino;
libertai-me do inimigo e do opressor!.      R.

17 Mostrai serena a vossa face ao vosso servo,
e salvai-me pela vossa compaixão!
25 Fortalecei os corações, tende coragem,
todos vós que ao Senhor vos confiais!      R.

2ª Leitura: 1Ts 1, 5c-10

“Vós vos convertestes, abandonando os falsos deuses,
para servir a Deus esperando o seu Filho”.

Leitura da Primeira Carta de São Paulo apóstolo aos Tessalonicenses

Irmãos: 5c Sabeis de que maneira procedemos entre vós, para o vosso bem. 6 E vós vos tornastes imitadores nossos, e do Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito Santo, apesar de tantas tribulações. 7 Assim vos tornastes modelo para todos os fiéis da Macedônia e da Acaia. 8 Com efeito, a partir de vós, a Palavra do Senhor não se divulgou apenas na Macedônia e na Acaia, mas a vossa fé em Deus propagou-se por toda parte. Assim, nós já nem precisamos de falar, 9 pois as pessoas mesmas contam como vós nos acolhestes e como vos convertestes, abandonando os falsos deuses, para servir ao Deus vivo e verdadeiro, 10 esperando dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos: Jesus, que nos livra do castigo que está por vir.

– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.

Evangelho: Jo 18,1_19,42

“Prenderam Jesus e o amarraram.”

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo João

Naquele tempo: 1 Jesus saiu com os discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia aí um jardim, onde ele entrou com os discípulos. 2 Também Judas, o traidor, conhecia o lugar, porque Jesus costumava reunir-se aí com os seus discípulos. 3 Judas levou consigo um destacamento de soldados e alguns guardas dos sumos sacerdotes e fariseus, e chegou ali com lanternas, tochas e armas. 4 Então Jesus, consciente de tudo o que ia acontecer, saiu ao encontro deles e disse: ‘A quem procurais?’ 5 Responderam: ‘A Jesus, o nazareno’. Ele disse: ‘Sou eu’. Judas, o traidor, estava junto com eles. 6 Quando Jesus disse: ‘Sou eu’, eles recuaram e caíram por terra. 7 De novo lhes perguntou: ‘A quem procurais?’ Eles responderam: ‘A Jesus, o nazareno’. 8 Jesus respondeu: ‘Já vos disse que sou eu. Se é a mim que procurais, então deixai que estes se retirem’. 9 Assim se realizava a palavra que Jesus tinha dito: ‘Não perdi nenhum daqueles que me confiaste’. 10 Simão Pedro, que trazia uma espada consigo, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco. 11 Então Jesus disse a Pedro: ‘Guarda a tua espada na bainha. Não vou beber o cálice que o Pai me deu?’ 12 Então, os soldados, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o amarraram.13 Conduziram-no primeiro a Anás, que era o sogro de Caifás, o sumo sacerdote naquele ano. 14 Foi Caifás que deu aos judeus o conselho: ‘É preferível que um só morra pelo povo’.15 Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote. 16 Pedro ficou fora, perto da porta. Então o outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, saiu, conversou com a encarregada da porta e levou Pedro para dentro. 17 A criada que guardava a porta disse a Pedro: ‘Não pertences também tu aos discípulos desse homem?’ Ele respondeu: ‘Não’. 18 Os empregados e os guardas fizeram uma fogueira e estavam-se aquecendo, pois fazia frio. Pedro ficou com eles, aquecendo-se. 19 Entretanto, o sumo sacerdote interrogou Jesus a respeito de seus discípulos e de seu ensinamento. 20 Jesus lhe respondeu: ‘Eu falei às claras ao mundo. Ensinei sempre na sinagoga e no Templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada falei às escondidas. 21 Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que falei; eles sabem o que eu disse.’ 22 Quando Jesus falou isso, um dos guardas que ali estava deu-lhe uma bofetada, dizendo: ‘É assim que respondes ao sumo sacerdote?’23 Respondeu-lhe Jesus: ‘Se respondi mal, mostra em quê; mas, se falei bem, por que me bates?’ 24 Então, Anás enviou Jesus amarrado para Caifás, o sumo sacerdote.25 Simão Pedro continuava lá, em pé, aquecendo-se. Disseram-lhe: ‘Não és tu, também, um dos discípulos dele?’ Pedro negou: ‘Não!’ 26 Então um dos empregados do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse: ‘Será que não te vi no jardim com ele?’27 Novamente Pedro negou. E na mesma hora, o galo cantou. 28 De Caifás, levaram Jesus ao palácio do governador. Era de manhã cedo. Eles mesmos não entraram no palácio, para não ficarem impuros e poderem comer a páscoa. 29 Então Pilatos saiu ao encontro deles e disse: ‘Que acusação apresentais contra este homem?’ 30 Eles responderam: ‘Se não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti!’ 31 Pilatos disse: ‘Tomai-o vós mesmos e julgai-o de acordo com a vossa lei.’ Os judeus lhe responderam: ‘Nós não podemos condenar ninguém à morte’. 32 Assim se realizava o que Jesus tinha dito, significando de que morte havia de morrer. 33 Então Pilatos entrou de novo no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe: ‘Tu és o rei dos judeus?’ 34 Jesus respondeu:’Estás dizendo isto por ti mesmo, ou outros te disseram isto de mim?’ 35 Pilatos falou: ‘Por acaso, sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?’. 36 Jesus respondeu: ‘O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui.’ 37 Pilatos disse a Jesus: ‘Então tu és rei?’ Jesus respondeu: ‘Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz.’ 38 Pilatos disse a Jesus: ‘O que é a verdade?’ Ao dizer isso, Pilatos saiu ao encontro dos judeus, e disse-lhes: ‘Eu não encontro nenhuma culpa nele. 39 Mas existe entre vós um costume, que pela Páscoa eu vos solte um preso. Quereis que vos solte o rei dos Judeus?’40 Então, começaram a gritar de novo: ‘Este não, mas Barrabás!’ Barrabás era um bandido.19,1 Então Pilatos mandou flagelar Jesus. 2 Os soldados teceram uma coroa de espinhos e colocaram-na na cabeça de Jesus. Vestiram-no com um manto vermelho, 3 aproximavam-se dele e diziam:’Viva o rei dos judeus!’ E davam-lhe bofetadas. 4 Pilatos saíu de novo e disse aos judeus: ‘Olhai, eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que não encontro nele crime algum.’ 5 Então Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto vermelho. Pilatos disse-lhes: ‘Eis o homem!’ 6 Quando viram Jesus, os sumos sacerdotes e os guardas começaram a gritar: ‘Crucifica-o! Crucifica-o!’ Pilatos respondeu: ‘Levai-o vós mesmos para o crucificar, pois eu não encontro nele crime algum.’ 7 Os judeus responderam: ‘Nós temos uma Lei, e, segundo esta Lei, ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus’. 8 Ao ouvir estas palavras, Pilatos ficou com mais medo ainda. 9 Entrou outra vez no palácio e perguntou a Jesus: ‘De onde és tu?’ Jesus ficou calado. 10 Então Pilatos disse: ‘Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?’ 11 Jesus respondeu: ‘Tu não terias autoridade alguma sobre mim, se ela não te fosse dada do alto. Quem me entregou a ti, portanto, tem culpa maior.’12 Por causa disso, Pilatos procurava soltar Jesus. Mas os judeus gritavam: ‘Se soltas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César’.13 Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado ‘Pavimento’, em hebraico ‘Gábata’. 14 Era o dia da preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus: ‘Eis o vosso rei!’ 15 Eles, porém, gritavam: ‘Fora! Fora! Crucifica-o!’ Pilatos disse: ‘Hei de crucificar o vosso rei?’ Os sumos sacerdotes responderam: ‘Não temos outro rei senão César’. 16 Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado, e eles o levaram. 17 Jesus tomou a cruz sobre si e saiu para o lugar chamado ‘Calvário’, em hebraico ‘Gólgota’. 18 Ali o crucificaram, com outros dois: um de cada lado, e Jesus no meio.19 Pilatos mandou ainda escrever um letreiro e colocá-lo na cruz; nele estava escrito: ‘Jesus o Nazareno, o Rei dos Judeus’. 20 Muitos judeus puderam ver o letreiro, porque o lugar em que Jesus foi crucificado ficava perto da cidade. O letreiro estava escrito em hebraico, latim e grego. 21 Então os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: ‘Não escrevas ‘O Rei dos Judeus’, mas sim o que ele disse: ‘Eu sou o Rei dos judeus’.’ 22 Pilatos respondeu: ‘O que escrevi, está escrito’. 23 Depois que crucificaram Jesus, os soldados repartiram a sua roupa em quatro partes, uma parte para cada soldado. Quanto à túnica, esta era tecida sem costura, em peça única de alto a baixo. 24 Disseram então entre si: ‘Não vamos dividir a túnica. Tiremos a sorte para ver de quem será’. Assim se cumpria a Escritura que diz: ‘Repartiram entre si as minhas vestes e lançaram sorte sobre a minha túnica’. Assim procederam os soldados. 25 Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. 26 Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: ‘Mulher, este é o teu filho’. 27 Depois disse ao discípulo: ‘Esta é a tua mãe’. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo. 28 Depois disso, Jesus, sabendo que tudo estava consumado, e para que a Escritura se cumprisse até o fim, disse: ‘Tenho sede’. 29 Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram numa vara uma esponja embebida de vinagre e levaram-na à boca de Jesus. 30 Ele tomou o vinagre e disse: ‘Tudo está consumado’. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. 31 Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz. 32 Os soldados foram e quebraram as pernas de um e depois do outro que foram crucificados com Jesus. 33 Ao se aproximarem de Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; 34 mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. 35 Aquele que viu, dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis. 36 Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: ‘Não quebrarão nenhum dos seus ossos’. 37 E outra Escritura ainda diz: ‘Olharão para aquele que transpassaram’. 38 Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus – mas às escondidas, por medo dos judeus – pediu a Pilatos para tirar o corpo de Jesus. Pilatos consentiu. Então José veio tirar o corpo de Jesus. 39 Chegou também Nicodemos, o mesmo que antes tinha ido a Jesus de noite. Trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e aloés. 40 Então tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no, com os aromas, em faixas de linho, como os judeus costumam sepultar. 41 No lugar onde Jesus foi crucificado, havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. 42 Por causa da preparação da Páscoa, e como o túmulo estava perto, foi ali que colocaram Jesus.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!

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Sexta-Feira Santa

30 de Março

Sexta-feira Santa 

CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO DO SENHOR

HOMILIA DE FREI RANIERO CANTALAMESSA

Basílica de São Pedro

Sexta-feira Santa, 6 de Abril de 2012

Alguns Padres da Igreja concentraram numa imagem o inteiro mistério da redenção. Dizem, imagina que na arena se tenha realizado uma luta épica. Um corajoso enfrentou o tirano cruel que escravizava a cidade e, com grande esforço e sofrimento, venceu-o. Tu estavas nas bancadas, não combateste, não te esforçaste nem te feriste. Mas se admiras o corajoso, se exultas com ele pela sua vitória, se lhe enlaças coroas, provocas e estimulas a assembleia para ele, se te inclinas com alegria ao triunfante, beijas-lhe a cabeça e apertas-lhe a mão direita; enfim, se deliras tanto por ele, a ponto que consideras tua a sua vitória, digo-te que terás certamente parte no prémio do vencedor.

Mas há algo mais: supões que o vencedor não tenha necessidade alguma para si do prémio que conquistou, mas deseja, mais do que tudo, ver honrado o seu defensor e considera como prémio do seu combate a coroação do amigo, porventura neste caso aquele homem não obterá a coroa, mesmo sem se ter esforçado nem tido feridas? Certamente que obterá!

Assim, dizem estes Padres, acontece entre Cristo e nós. Ele, na cruz, derrotou o antigo adversário. «As nossas espadas — exclama são João Crisóstomo — não estão ensanguentadas, não estivemos em agonia, não combatemos juntos, nem vimos a batalha, e eis que obtivemos a vitória. A luta foi sua, nossa a coroa. E porque a vencemos também nós, imitemos o que fazem os soldados nestes casos: com vozes de alegria exaltemos a vitória, entoemos hinos de louvor ao Senhor». Não se poderia explicar melhor o sentido da liturgia que estamos a celebrar.

Mas o que estamos a fazer é, por si mesmo, uma imagem, a representação de uma realidade do passado, ou é a própria realidade? Ambas as coisas! «Nós — dizia santo Agostinho ao povo — sabemos e cremos com fé certíssima que Cristo morreu uma só vez por nós [...]. Sabeis perfeitamente que tudo isto aconteceu só uma vez e todavia a solenidade renova-o periodicamente [...]. Verdade histórica e solenidade litúrgica estão em contradição entre si, como se a segunda fosse falsa e só a primeira correspondesse à verdade. De facto, a solenidade renova frequentemente com a celebração nos corações dos fiéis aquilo a história afirma ter acontecido, na realidade, uma só vez».

A liturgia «renova» o evento! Paulo VI esclareceu o sentido que a Igreja católica dá a esta afirmação usando o verbo «representar», entendido no sentido intenso de re-apresentar, isto é, tornar o acontecimento novamente presente e actual.

Existe uma diferença substancial entre esta nossa representação litúrgica da morte de Cristo e, por exemplo, a de Júlio César na tragédia de Shakespeare. Ninguém assiste vivo ao aniversário da própria morte; Cristo sim, porque ressuscitou. Ele só pode dizer, como faz no Apocalipse: «Estive morto; mas, como vês, estou vivo (Ap 1, 18). Devemos estar atentos neste dia, ao visitar os chamados «sepulcros» ou ao participar nas procissões do Cristo morto, para que não ouçamos a repreensão que o Ressuscitado dirige à mulheres piedosas na manhã da Páscoa: «Por que procurais entre os mortos aquele que está vivo?» (Lc 24, 5).

«A anamnese, isto é, o memorial litúrgico, afirmaram alguns autores, torna o evento mais verdadeiro do que quando aconteceu historicamente pela primeira vez». Por outras palavras, é mais verdadeiro e real para nós que o revivemos «segundo o Espírito», de quanto o fosse para aqueles que o viveram «segundo a carne», antes que o Espírito Santo revelasse à Igreja o seu pleno significado.

Não estamos a celebrar só um aniversário, mas um mistério. Na celebração «como aniversário», explica santo Agostinho, só é preciso «indicar com uma solenidade religiosa o dia exacto do ano no qual se repete a recordação do próprio acontecimento»; na celebração como mistério («em sacramento»), «não só se comemora um evento, mas é realizado de maneira que se compreenda o seu significado e seja acolhido santamente».

Isto muda tudo. Não se trata só de assistir a uma representação, mas de «receber» o seu significado, de passar de espectadores para actores. Por conseguinte, depende de nós escolher qual parte queremos representar no drama, quem desejamos ser: Pedro, Judas, Pilatos, a multidão, o Cireneu, João ou Maria... Ninguém pode permanecer neutro; não tomar posição é tomar uma muito exacta: a de Pilatos que lava as mãos ou a da multidão que de longe «observava» (Lc 23, 35).

Se ao voltar para casa hoje, alguém nos perguntar: «De onde vens? Onde estiveste?», respondamos pelo menos no nosso coração: «No Calvário!».

Mas tudo isto não acontece automaticamente, só porque participámos nesta liturgia. Trata-se — dizia Agostinho — de «acolher» o significado do mistério. Isto acontece com a fé. Não há música onde não há ouvidos que a ouçam, por mais alto que a orquestra toque; não há graça, onde não há uma fé que acolha.

Numa homilia pascal do século iv, o bispo pronunciava estas palavras extraordinariamente modernas, e poder-se-ia dizer, existenciais: «Para cada homem, o princípio da vida é que Cristo foi imolado por ele. Mas Cristo imola-se por ele no momento em que reconhece a graça e se torna consciente da vida que lhe foi providenciada por aquela imolação».

Isto aconteceu sacramentalmente no baptismo, mas deve acontecer conscientemente sempre de novo na vida. Antes de morrer, devemos ter a coragem de praticar um acto de audácia, quase um golpe: apropriarmo-nos da vitória de Cristo. Apropriação indébita! Infelizmente, isto é frequente na sociedade em que vivemos, mas com Jesus ela não só não é proibida mas é extremamente aconselhada. «Indébita» significa que não nos é devida, que não a merecemos mas nos foi dada gratuitamente, pela fé.

Mas vamos ao que é certo; escutemos um doutor da Igreja. «O que não posso obter por mim mesmo — escreve são Bernardo — aproprio-me (literalmente usurpo!) com confiança do lado trespassado do Senhor, porque é misericordioso. Portanto, meu mérito é a misericórdia de Deus. Certamente não sou pobre de méritos, enquanto ele for rico de misericórdia. Se as misericórdias do Senhor são muitas (Sl 119, 156) também eu abundarei de méritos. E o que será da minha justiça? O Senhor recordar-me-á só da tua justiça. De facto, ela é também a minha, porque tu és para mim justiça da parte de Deus» (cf. 1 Cor 1, 30).

Porventura este modo de conceber a santidade tornou são Bernardo menos zeloso das boas obras, menos empenhado na aquisição das virtudes? Deixava de mortificar o seu corpo ou de o reduzir em escravidão (cf. 1 Cor 9, 27) aquele que, antes de todos e mais que todos, fez desta apropriação da justiça de Cristo a finalidade da sua vida e da sua pregação (cf. Fl 3, 7-9)?

Em Roma, como infelizmente em todas as grandes cidades, há muitos sem-tecto. Existe um nome para eles em todas as línguas: homeless, clochards, mendigos: pessoas que possuem só os poucos trapos que vestem e algum objecto que levam consigo nos sacos de plástico. Imaginemos que um dia se difunda esta voz: na Via Condotti (todos sabem o que representa Via Condotti em Roma!) uma proprietária de uma boutique de luxo, que por um motivo desconhecido, de interesse ou generosidade, convida todos os mendigos da Estação Termini para ir à sua loja; convida-os a abandonar os seus trapos sujos, a tomar um bom banho e depois escolher a roupa que desejarem entre as expostas e ficar com ela, gratuitamente.

Todos dizem consigo mesmos: «É uma fábula, nunca acontecerá!». É verdade, mas o que nunca acontece com os homens entre si pode acontecer todos os dias entre os homens e Deus, porque diante d’Ele, aqueles mendigos somos nós! É o que acontece numa boa confissão: depomos os nossos trapos sujos, os pecados, recebemos o banho da misericórdia e levantamo-nos «revestidos com as vestes da salvação, envolvidos no manto da justiça» (Is 61, 10).

O publicano da parábola subiu ao templo para rezar; disse simplesmente, mas do fundo do coração: «Ó Deus, tem piedade de mim que sou pecador!», e «voltou para casa justificado» (Lc 18, 14), reconciliado, feito novo, inocente. O mesmo, se tivermos a sua fé e o seu arrependimento, poder-se-á dizer de nós, voltando para casa depois desta liturgia.

Entre os personagens da paixão com os quais nos podemos identificar dou-me conta que não mencionei um, aquele que mais espera que sigam o seu exemplo: o bom ladrão.

O bom ladrão faz uma completa confissão de pecado; diz ao seu companheiro que insulta Jesus: «Nem sequer temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo que as nossas acções mereciam; mas Ele nada praticou de condenável» (Lc 23, 40s.). O bom ladrão demonstra-se um excelente teólogo. De facto, só Deus sofre absolutamente como inocente; outro ser que sofre deve dizer: «sofro justamente», porque embora não seja responsável pela acção que me é atribuída, nunca sou totalmente sem culpa. Só o sofrimento das crianças inocentes se assemelha com o de Deus e por isso é tão misterioso e sagrado.

Quantos delitos atrozes permaneceram nos últimos tempos sem um culpado, quantos casos sem solução! O bom ladrão lança um apelo aos responsáveis: fazei como eu, denunciai-vos, confessai a vossa culpa: experimentareis também vós a alegria que senti quando ouvi a palavra de Jesus: «Hoje estarás comigo no paraíso!» (Lc 23, 43). Quantos réus confessos podem confirmar que foi assim também para eles: passaram do inferno para o paraíso no dia que tiveram a coragem de se arrepender e confessar a própria culpa. Conheci alguns. O paraíso prometido é a paz da consciência, a possibilidade de se olhar no espelho ou para os próprios filhos sem sentir desprezo por si mesmo.

Não leveis para o túmulo o vosso segredo; provocar-vos-ia uma condenação muito mais temível do que a humana. O nosso povo não é cruel com quem errou mas reconhece o mal feito, sinceramente, não só pelos cálculos. Ao contrário! Está pronto a ter piedade e acompanhar o arrependido no seu caminho de redenção (que em muitos casos se torna breve). «Deus perdoa muitas coisas, por uma obra boa», disse Lúcia ao Inominado no livro «Os Noivos». Ainda mais, é preciso dizer, ele perdoa muitas coisas por um acto de arrependimento. Prometeu solenemente: «Mesmo que os vossos pecados sejam como escarlate, tornar-se-ão brancos como a neve. Mesmo que sejam vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã» (Is 1, 18).

Retomemos agora, ouvimos no início, a nossa tarefa neste dia: com voz de alegria exaltemos a vitória da cruz, entoemos hinos de louvor ao Senhor. «O Redemptor, sume carmen temet concinentium»: E tu, ó nosso Redentor, acolhe o cântico que te elevamos.

Fonte:http://www.vatican.va/liturgical_year/holy-week/2012/documents/holy-week_homily-fr-cantalamessa_20120406_po.html


29 de Março 2018

A SANTA MISSA

Quinta feira Santa – Tríduo Pascal

Missa da Ceia do Senhor

Cor: Branca

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1ª Leitura: Ex 12,1-8.11-14

Ritual da ceia pascal.

Leitura do Livro do Êxodo

Naqueles dias: 1 O Senhor disse a Moisés e a Aarão no Egito: 2 ‘Este mês será para vós o começo dos meses; será o primeiro mês do ano. 3 Falai a toda a comunidade dos filhos de Israel, dizendo: ‘No décimo dia deste mês, cada um tome um cordeiro por família, um cordeiro para cada casa. 4 Se a família não for bastante numerosa para comer um cordeiro, convidará também o vizinho mais próximo, de acordo com o número de pessoas. Deveis calcular o número de comensais, conforme o tamanho do cordeiro. 5 O cordeiro será sem defeito, macho, de um ano. Podereis escolher tanto um cordeiro, como um cabrito: 6 e devereis guardá-lo preso até ao dia catorze deste mês. Então toda a comunidade de Israel reunida o imolará ao cair da tarde. 7 Tomareis um pouco do seu sangue e untareis os marcos e a travessa da porta, nas casas em que o comerem. 8 Comereis a carne nessa mesma noite, assada ao fogo, com pães ázimos e ervas amargas. 11 Assim devereis comê-lo: com os rins cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão. E comereis às pressas, pois é a Páscoa, isto é, a ‘Passagem’ do Senhor! 12 E naquela noite passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até os animais; e infligirei castigos contra todos os deuses do Egito, eu, o Senhor. 13 O sangue servirá de sinal nas casas onde estiverdes. Ao ver o sangue, passarei adiante, e não vos atingirá a praga exterminadora, quando eu ferir a terra do Egito. 14 Este dia será para vós uma festa memorável em honra do Senhor, que haveis de celebrar por todas as gerações, como instituição perpétua.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 115,12-13.15-16bc.17-18 (R. cf.1Cor 10,16)

R. O cálice por nós abençoado,
é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.

12 Que poderei retribuir ao Senhor Deus
por tudo aquilo que ele fez em meu favor?
13 Elevo o cálice da minha salvação,
invocando o nome santo do Senhor.      R.

15 É sentida por demais pelo Senhor
a morte de seus santos, seus amigos.
16 Eis que sou o vosso servo, ó Senhor
mas me quebrastes os grilhões da escravidão!     R.

17 Por isso oferto um sacrifício de louvor,
invocando o nome santo do Senhor.
18 Vou cumprir minhas promessas ao Senhor
na presença de seu povo reunido.      R.

2ª Leitura: 1Cor 11,23-26

 “Todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes
deste cálice proclamais a morte do Senhor.”

 Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios

Irmãos: 23 O que eu recebi do Senhor foi isso que eu vos transmiti: Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão 24 e, depois de dar graças, partiu-o e disse: ‘Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória’. 25 Do mesmo modo, depois da ceia, tomou também o cálice e disse: ‘Este cálice é a nova aliança, em meu sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim’. 26 Todas as vezes, de fato, que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha.

– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.

Evangelho: Jo 13,1-15

 “Amou-os até o fim.”

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João

 1 Antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. 2 Estavam tomando a ceia. O diabo já tinha posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de entregar Jesus. 3 Jesus, sabendo que o Pai tinha colocado tudo em suas mãos e que de Deus tinha saído e para Deus voltava, 4 levantou-se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. 5 Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido. 6 Chegou a vez de Simão Pedro. Pedro disse: ‘Senhor, tu, me lavas os pés?’ 7 Respondeu Jesus: ‘Agora, não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreenderás.’ 8 Disse-lhe Pedro: ‘Tu nunca me lavarás os pés!’ Mas Jesus respondeu: ‘Se eu não te lavar, não terás parte comigo’. 9 Simão Pedro disse: ‘Senhor, então lava não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.’ 10 Jesus respondeu: ‘Quem já se banhou não precisa lavar senão os pés, porque já está todo limpo. Também vós estais limpos, mas não todos.’ 11 Jesus sabia quem o ia entregar; por isso disse: ‘Nem todos estais limpos.’ 12 Depois de ter lavado os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e sentou-se de novo. E disse aos discípulos: ‘Compreendeis o que acabo de fazer?’ 13 Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. 14 Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. 15 Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!

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Quinta-Feira Santa

29 de Março

Quinta-feira Santa

SANTA MISSA DA CEIA DO SENHOR

HOMILIA DO PAPA BENTO XVI

Basílica de São João de Latrão

Quinta-feira Santa, 21 de Abril de 2011

Amados irmãos e irmãs!

«Desejei ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de padecer» (Lc 22, 15): com estas palavras Jesus inaugurou a celebração do seu último banquete e da instituição da sagrada Eucaristia. Jesus foi ao encontro daquela hora, desejando-a. No seu íntimo, esperou aquele momento em que haveria de dar-Se aos seus sob as espécies do pão e do vinho. Esperou aquele momento que deveria ser, de algum modo, as verdadeiras núpcias messiânicas: a transformação dos dons desta terra e o fazer-Se um só com os seus, para os transformar e inaugurar assim a transformação do mundo. No desejo de Jesus, podemos reconhecer o desejo do próprio Deus: o seu amor pelos homens, pela sua criação, um amor em expectativa. O amor que espera o momento da união, o amor que quer atrair os homens a si, para assim realizar também o desejo da própria criação: esta, de facto, aguarda a manifestação dos filhos de Deus (cf. Rm 8, 19). Jesus deseja-nos, aguarda-nos. E nós, temos verdadeiramente desejo d’Ele? Sentimos, no nosso interior, o impulso para O encontrar? Ansiamos pela sua proximidade, por nos tornarmos um só com Ele, dom este que Ele nos concede na sagrada Eucaristia? Ou, pelo contrário, sentimo-nos indiferentes, distraídos, inundados por outras coisas? Sabemos pelas parábolas de Jesus sobre banquetes, que Ele conhece a realidade dos lugares que ficam vazios, a resposta negativa, o desinteresse por Ele e pela sua proximidade. Os lugares vazios no banquete nupcial do Senhor, com ou sem desculpa, há já algum tempo que deixaram de ser para nós uma parábola, tornando-se uma realidade, justamente naqueles países aos quais Ele tinha manifestado a sua proximidade particular. Jesus sabia também de convidados que viriam sim, mas sem estar vestidos de modo nupcial: sem alegria pela sua proximidade, fazendo-o somente por costume e com uma orientação bem diversa na sua vida. São Gregório Magno, numa das suas homilias, perguntava-se: Que género de pessoas são aquelas que vêm sem hábito nupcial? Em que consiste este hábito e como se pode adquiri-lo? Eis a sua resposta: Aqueles que foram chamados e vêm, de alguma maneira têm fé. É a fé que lhes abre a porta; mas falta-lhes o hábito nupcial do amor. Quem não vive a fé como amor, não está preparado para as núpcias e é expulso. A comunhão eucarística exige a fé, mas a fé exige o amor; caso contrário, está morta, inclusive como fé.

Sabemos pelos quatro Evangelhos, que o último banquete de Jesus, antes da Paixão, foi também um lugar de anúncio. Jesus propôs, uma vez mais e com insistência, os elementos estruturais da sua mensagem. Palavra e Sacramento, mensagem e dom estão inseparavelmente unidos. Mas, durante o último banquete, Jesus sobretudo rezou. Mateus, Marcos e Lucas usam duas palavras para descrever a oração de Jesus no momento central da Ceia: eucharistesas e eulogesas – agradecer e abençoar. O movimento ascendente do agradecimento e o movimento descendente da bênção aparecem juntos. As palavras da transubstanciação são uma parte desta oração de Jesus. São palavras de oração. Jesus transforma a sua Paixão em oração, em oferta ao Pai pelos homens. Esta transformação do seu sofrimento em amor possui uma força transformadora dos dons, nos quais agora Jesus Se dá a Si mesmo. Ele no-los dá, para nós e o mundo sermos transformados. O objectivo próprio e último da transformação eucarística é a nossa transformação na comunhão com Cristo. A Eucaristia tem em vista o homem novo, com uma novidade tal que assim só pode nascer a partir de Deus e por meio da obra do Servo de Deus.

A partir de Lucas e sobretudo de João, sabemos que Jesus, na sua oração durante a Última Ceia, dirigiu também súplicas ao Pai – súplicas que, ao mesmo tempo, contêm apelos aos seus discípulos de então e de todos os tempos. Nesta hora, queria escolher somente uma súplica que, segundo João, Jesus repetiu quatro vezes na sua Oração Sacerdotal. Como O deve ter angustiado no seu íntimo! Tal súplica continua sem cessar sendo a sua oração ao Pai por nós: trata-se da oração pela unidade. Jesus diz explicitamente que tal súplica vale não somente para os discípulos então presentes, mas tem em vista todos aqueles que hão-de acreditar n’Ele (cf. Jo 17, 20). Pede que todos se tornem um só, «como Tu, ó Pai, estás em Mim, e Eu em Ti, que eles também estejam em nós, para que o mundo acredite» (Jo 17, 21). Só pode haver a unidade dos cristãos se estes estiverem intimamente unidos com Ele, com Jesus. Fé e amor por Jesus: fé no seu ser um só com o Pai e abertura à unidade com Ele são essenciais. Portanto, esta unidade não é algo somente interior, místico. Deve tornar-se visível; tão visível que constitua para o mundo a prova do envio de Jesus pelo Pai. Por isso, tal súplica tem escondido um sentido eucarístico que Paulo pôs claramente em evidência na Primeira Carta aos Coríntios: «Não é o pão que nós partimos uma comunhão com o Corpo de Cristo? Uma vez que existe um só pão, nós, que somos muitos, formamos um só corpo, visto participarmos todos desse único pão» (1 Cor 10, 16-17). Com a Eucaristia, nasce a Igreja. Todos nós comemos o mesmo pão, recebemos o mesmo corpo do Senhor, e isto significa: Ele abre cada um de nós para além de si mesmo. Torna-nos todos um só. A Eucaristia é o mistério da proximidade e comunhão íntima de cada indivíduo com o Senhor. E, ao mesmo tempo, é a união visível entre todos. A Eucaristia é sacramento da unidade. Ela chega até ao mistério trinitário, e assim cria, ao mesmo tempo, a unidade visível. Digamo-lo uma vez mais: a Eucaristia é o encontro pessoalíssimo com o Senhor, e no entanto não é jamais apenas um acto de devoção individual; celebramo-la necessariamente juntos. Em cada comunidade, o Senhor está presente de modo total; mas Ele é um só em todas as comunidades. Por isso, fazem necessariamente parte da Oração Eucarística da Igreja as palavras: «una cum Papa nostro et cum Episcopo nostro». Isto não é um mero acréscimo exterior àquilo que acontece interiormente, mas expressão necessária da própria realidade eucarística. E mencionamos o Papa e o Bispo pelo nome: a unidade é totalmente concreta, tem nome. Assim, a unidade torna-se visível, torna-se sinal para o mundo, e estabelece para nós mesmos um critério concreto.

São Lucas conservou-nos um elemento concreto da oração de Jesus pela unidade: «Simão, Simão, Satanás reclamou o poder de vos joeirar como ao trigo. Mas Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos» (Lc22, 31-32). Com pesar, constatamos novamente, hoje, que foi permitido a Satanás joeirar os discípulos visivelmente diante de todo o mundo. E sabemos que Jesus reza pela fé de Pedro e dos seus sucessores. Sabemos que Pedro, que através das águas agitadas da história vai ao encontro do Senhor e corre perigo de afundar, é sempre novamente sustentado pela mão do Senhor e guiado sobre as águas. Mas vem depois um anúncio e uma missão. «Tu, uma vez convertido...». Todos os seres humanos, à excepção de Maria, têm continuamente necessidade de conversão. Jesus prediz a Pedro a sua queda e a sua conversão. De que é que Pedro teve de converter-se? No início do seu chamamento, assombrado com o poder divino do Senhor e com a sua própria miséria, Pedro dissera: «Senhor, afasta-Te de mim, que eu sou um homem pecador» (Lc 5, 8). Na luz do Senhor, reconhece a sua insuficiência. Precisamente deste modo, com a humildade de quem sabe que é pecador, é que Pedro é chamado. Ele deve reencontrar sem cessar esta humildade. Perto de Cesareia de Filipe, Pedro não quisera aceitar que Jesus tivesse de sofrer e ser crucificado: não era conciliável com a sua imagem de Deus e do Messias. No Cenáculo, não quis aceitar que Jesus lhe lavasse os pés: não se adequava à sua imagem da dignidade do Mestre. No horto das oliveiras, feriu com a espada; queria demonstrar a sua coragem. Mas, diante de uma serva, afirmou que não conhecia Jesus. Naquele momento, isto parecia-lhe uma pequena mentira, para poder permanecer perto de Jesus. O seu heroísmo ruiu num jogo mesquinho por um lugar no centro dos acontecimentos. Todos nós devemos aprender sempre de novo a aceitar Deus e Jesus Cristo como Ele é, e não como queríamos que fosse. A nós também nos custa aceitar que Ele esteja à mercê dos limites da sua Igreja e dos seus ministros. Também não queremos aceitar que Ele esteja sem poder neste mundo. Também nos escondemos por detrás de pretextos, quando a pertença a Ele se nos torna demasiado custosa e perigosa. Todos nós temos necessidade da conversão que acolhe Jesus no seu ser Deus e ser-Homem. Temos necessidade da humildade do discípulo que segue a vontade do Mestre. Nesta hora, queremos pedir-Lhe que nos fixe como fixou Pedro, no momento oportuno, com os seus olhos benévolos, e nos converta.

Pedro, o convertido, é chamado a confirmar os seus irmãos. Não é um facto extrínseco que lhe seja confiado este dever no Cenáculo. O serviço da unidade tem o seu lugar visível na celebração da sagrada Eucaristia. Queridos amigos, é um grande conforto para o Papa saber que, em cada Celebração Eucarística, todos rezam por ele; que a nossa oração se une à oração do Senhor por Pedro. É somente graças à oração do Senhor e da Igreja que o Papa pode corresponder ao seu dever de confirmar os irmãos: apascentar o rebanho de Cristo e fazer-se garante daquela unidade que se torna testemunho visível do envio de Jesus pelo Pai.

«Desejei ardentemente comer convosco esta Páscoa». Senhor, Vós tendes desejo de nós, de mim. Tendes desejo de nos fazer participantes de Vós mesmo na Sagrada Eucaristia, de Vos unir a nós. Senhor, suscitai também em nós o desejo de Vós. Reforçai-nos na unidade convosco e entre nós. Dai à vossa Igreja a unidade, para que o mundo creia. Amen.

Fonte:https://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/homilies/2011/documents/hf_ben-xvi_hom_20110421_coena-domini.html


28 de Março 2018

A SANTA MISSA

SEMANA SANTA – QUARTA-FEIRA

Cor: Roxa

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1ª Leitura: Is 50,4-9a

 “Não desviei o rosto de bofetões e cusparadas.”

Leitura do Livro do Profeta Isaías

 4 O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. 5 O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. 6 Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba: não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. 7 Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado. 8 A meu lado está quem me justifica; alguém me fará objeções? Vejamos. Quem é meu adversário? Aproxime-se. 9a Sim, o Senhor Deus é meu Auxiliador; quem é que me vai condenar?

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 68, 8-10. 21bcd-22. 31. 33-34 (R. 14cb)

R. Respondei-me pelo vosso imenso amor,
neste tempo favorável, Senhor Deus.

8 Por vossa causa é que sofri tantos insultos, *
e o meu rosto se cobriu de confusão;
9 eu me tornei como um estranho a meus irmãos, *
como estrangeiro para os filhos de minha mãe.
10 Pois meu zelo e meu amor por vossa casa *
me devoram como fogo abrasador;
e os insultos de infiéis que vos ultrajam *
recaíram todos eles sobre mim!       R.

21b O insulto me partiu o coração;+
21c Eu esperei que alguém de mim tivesse pena;*
21d procurei quem me aliviasse e não achei!
22 Deram-me fel como se fosse um alimento, *
em minha sede ofereceram-me vinagre!       R.

31 Cantando eu louvarei o vosso nome *
e agradecido exultarei de alegria!
33 Humildes, vede isto e alegrai-vos: +
o vosso coração reviverá, *
se procurardes o Senhor continuamente!
34 Pois nosso Deus atende à prece dos seus pobres, *
e não despreza o clamor de seus cativos.      R.

Evangelho: Mt 26,14-25

 “O Filho do Homem vai morrer,
conforme diz a Escritura a respeito dele.
Contudo, ai daquele que o trair.”

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo: 14 Um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes 15 e disse: ‘O que me dareis se vos entregar Jesus?’ Combinaram, então, trinta moedas de prata. 16 E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus. 17 No primeiro dia da festa dos Ázimos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: ‘Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?’ 18 Jesus respondeu: ‘Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a Páscoa em tua casa, junto com meus discípulos’.’ 19 Os discípulos fizeram como Jesus mandou e prepararam a Páscoa. 20 Ao cair da tarde, Jesus pôs-se à mesa com os doze discípulos. 21 Enquanto comiam, Jesus disse: ‘Em verdade eu vos digo, um de vós vai me trair.’ 22 Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a lhe perguntar: ‘Senhor, será que sou eu?’ 23 Jesus respondeu: ‘Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato. 24 O Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura a respeito dele. Contudo, ai daquele que trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!’ 25 Então Judas, o traidor, perguntou: ‘Mestre, serei eu?’ Jesus lhe respondeu: ‘Tu o dizes.’

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!

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São Ruperto

27 de Março

São Ruperto

Salisburgo é uma bela cidade austríaca, cuja fama está ligada com a do seu filho mais ilustre, Wolfgang Amadeus Mozart. Salisburgo significa cidade do sal. O seu primeiro bispo e padroeiro principal é representado com um saleiro na mão. É o único santo local festejado, nas regiões de língua alemã e na Irlanda, pois foi o modelo para os monges irlandeses.

São Ruperto descendia dos rupertinos, importante família que dominava com o título de conde a região do médio e do alto Reno. Desta família nasceu também outro são Roberto (ou Ruperto) de Bingen, cuja vida foi escrita por santa Hildegarda. Os rupertinos eram parentes dos carolíngios e o centro de suas atividades era em Worms. Aí são Ruperto recebeu sua formação de cunho monástico irlandês. Em 700, como seus mestres, se sentiu impulsionado à pregação e ao testemunho monástico e foi à Baviera.

Apoiado pelo conde Teodo de Baviera, fundou perto do lago Waller, a 10 km de Salisburgo, uma igreja dedicada a são Pedro. O lugar, porém, não pareceu próprio para os fins de Ruperto que pediu ao conde outro terreno perto do rio Salzach, próximo à antiga cidade romana de Juvavum.

O mosteiro que ali construiu, dedicado a são Pedro, é o mais antigo da Áustria e está ligado com o núcleo de Nova Salisburgo. Seu desenvolvimento deveu-se também à colaboração de doze conterrâneos seus. Desses, Cunialdo e Gislero foram honrados como santos. Perto do mosteiro de são Pedro surgiu um mosteiro feminino que foi confiado à direção da abadessa Erentrude, sobrinha do santo.

Foi este punhado de corajosos que fez surgir a Nova Salisburgo. São Ruperto é justamente reconhecido como seu fundador. Ele morreu no dia da Páscoa, 27 de março de 718. Suas relíquias são conservadas na magnífica catedral de Salisburgo, edificada no século XVII.

Fonte: Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

 


27 de Março 2018

A SANTA MISSA

A SANTA MISSA

SEMANA SANTA

Terça-feira

Cor: Roxa

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1ª Leitura: Is 49,1-6

“Eu te farei luz das nações,
para que minha salvação chegue até aos confins da terra.”

Leitura do Livro do Profeta Isaías

1 Nações marinhas, ouvi-me, povos distantes, prestai atenção: o Senhor chamou-me antes de eu nascer, desde o ventre de minha mãe ele tinha na mente o meu nome; 2 fez de minha palavra uma espada afiada, protegeu-me à sombra de sua mão e fez de mim uma flecha aguçada, escondida em sua aljava, 3 e disse-me: ‘Tu és o meu Servo, Israel, em quem serei glorificado’. 4 E eu disse: ‘Trabalhei em vão, gastei minhas forças sem fruto, inutilmente; entretanto o Senhor me fará justiça e o meu Deus me dará recompensa’. 5 E agora diz-me o Senhor – ele que me preparou desde o nascimento para ser seu Servo – que eu recupere Jacó para ele e faça Israel unir-se a ele; aos olhos do Senhor esta é a minha glória. 6 Disse ele: ‘Não basta seres meu Servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os remanescentes de Israel: eu te farei luz das nações, para que minha salvação chegue até aos confins da terra’.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 70, 1-2. 3-4a. 5-6ab. 15.17 (R. 15)

R. Minha boca anunciará vossa justiça.

1 Eu procuro meu refúgio em vós, Senhor:*
que eu não seja envergonhado para sempre!
2 Porque sois justo, defendei-me e libertai-me!*
Escutai a minha voz, vinde salvar-me!      R.

3 Sede uma rocha protetora para mim,*
um abrigo bem seguro que me salve!
Porque sois a minha força e meu amparo,
o meu refúgio, proteção e segurança!
4a Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio.      R.

5 Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança,*
em vós confio desde a minha juventude!
6a Sois meu apoio desde antes que eu nascesse,
6b desde o seio maternal, o meu amparo.     R.

15 Minha boca anunciará todos os dias*
vossa justiça e vossas graças incontáveis.
17 Vós me ensinastes desde a minha juventude,*
e até hoje canto as vossas maravilhas.      R.

Evangelho: Jo 13,21-33.36-38

 “Um de vós me entregará…
O galo não cantará antes que me tenhas negado três vezes.”

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo: Estando à mesa com seus discípulos, 21 Jesus ficou profundamente comovido e testemunhou: ‘Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará.’ 22 Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem Jesus estava falando. 23 Um deles, a quem Jesus amava, estava recostado ao lado de Jesus. 24 Simão Pedro fez-lhe um sinal para que ele procurasse saber de quem Jesus estava falando. 25 Então, o discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: ‘Senhor, quem é?’ 26 Jesus respondeu: ‘É aquele a quem eu der o pedaço de pão passado no molho.’ Então Jesus molhou um pedaço de pão e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. 27 Depois do pedaço de pão, Satanás entrou em Judas. Então Jesus lhe disse: ‘O que tens a fazer, executa-o depressa.’ 28 Nenhum dos presentes compreendeu por que Jesus lhe disse isso. 29 Como Judas guardava a bolsa, alguns pensavam que Jesus lhe queria dizer: ‘Compra o que precisamos para a festa’, ou que desse alguma coisa aos pobres. 30 Depois de receber o pedaço de pão, Judas saiu imediatamente. Era noite. 31 Depois que Judas saiu, disse Jesus: ‘Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. 32 Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo. 33 Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. Vós me procurareis, e agora vos digo, como eu disse também aos judeus: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’. 36 Simão Pedro perguntou: ‘Senhor, para onde vais?’ Jesus respondeu-lhe: ‘Para onde eu vou, tu não me podes seguir agora, mas me seguirás mais tarde.’ 37 Pedro disse: ‘Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu darei a minha vida por ti!’ 38 Respondeu Jesus: ‘Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: o galo não cantará antes que me tenhas negado três vezes.’

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!

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São Ludgero 

26 de Março

São Ludgero 

São Ludgero nasceu entre os anos 743 e 745, na Frísia, norte da Holanda, no seio de uma nobre família. Demonstrando desde cedo grande aptidão para os estudos, foi enviado pelos pais para estudar no mosteiro perto de Utrecht, que era dirigido por São Gregório. Daí ele foi para a Escola de York, na Inglaterra onde foi discípulo do célebre Alcuíno. Após quatro anos de estudos voltou à Frísia onde ao lado, e sob a orientação de São Gregório, ensinou algum tempo no mosteiro onde havia estudado. Quando São Gregório faleceu, ele foi para Colônia e aí, no ano 777, foi ordenado sacerdote. Voltou então para a região pagã da Frísia onde São Bonifácio tinha sofrido o martírio, pregando o evangelho durante alguns anos, com grande número de conversões. Forçado a afastar-se da cidade, em virtude das constantes invasões comandadas por saxões pagãos, São Ludgero foi para Roma.

Por orientação do Papa Adriano II, enquanto aguardava que a paz se restabelecesse na Frísia, dirigiu-se para o mosteiro de Monte Cassino, a fim de conhecer de perto as regras beneditinas. Com a derrota dos saxões por Carlos Magno, São Ludgero voltou à Frisia e foi nomeado bispo. Como bispo, dedicou-se à formação e instrução do clero, dando ele mesmo aulas de Sagrada Escritura. São Ludgero vivia austeramente e distribuía quase todos os seus rendimentos em obras de caridade. Sua caridade desagradou a alguns que o denunciaram a Carlos Magno. Em 795 ele fundou na Saxônia um mosteiro, ao redor do qual cresceu a cidade de Munster. São Ludgero construiu igrejas e escolas, fundou novas paróquias que confiou aos sacerdotes que ele mesmo havia formado. Morreu no dia 26 de março de 809. Logo após sua morte o povo passou a venerá-lo como santo.

No mundo de hoje que parece ter esquecido a dimensão da gratuidade, São Ludgero, um homem profundamente voltado para os anseios e as necessidades do irmão, que não se apegou à sua condição de nobreza nem aos bens que possuía, mas partilhou-os com os que necessitavam, nos ensina que o mal não é ter, mas reter. É verdade que não podemos matar a fome de todas as pessoas, nem agasalhar a todos que estão com frio. É verdade também que não podemos ressuscitar os mortos, como Jesus o fez. Mas podemos ajudar os que estão vivos a viverem melhor, e é isso que Jesus espera de cada um de nós.

Fonte: Zélia Vianna. Santidade Ontem e Hoje (2005). Salvador: Paróquia de São Pedro


26 de Março 2018

A SANTA MISSA

SEMANA SANTA – Segunda-feira

Cor: Roxa

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1ª Leitura: Is 42,1-7

 “Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas.”

Leitura do Livro do Profeta Isaías

 1 ‘Eis o meu servo – eu o recebo; eis o meu eleito – nele se compraz minh’alma; pus meu espírito sobre ele, ele promoverá o julgamento das nações. 2 Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas. 3 Não quebra uma cana rachada nem apaga um pavio que ainda fumega; mas promoverá o julgamento para obter a verdade. 4 Não esmorecerá nem se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra; os países distantes esperam seus ensinamentos.’ 5 Isto diz o Senhor Deus, que criou o céu e o estendeu, firmou a terra e tudo que dela germina, que dá a respiração aos seus habitantes e o sopro da vida ao que nela se move: 6 ‘Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão; eu te formei e te constituí como o centro de aliança do povo, luz das nações, 7 para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 26, 1. 2. 3. 13-14 (R. 1a)

R. O Senhor é minha luz e salvação.

1 O Senhor é minha luz e salvação; *
de quem eu terei medo?
O Senhor é a proteção da minha vida; *
perante quem eu tremerei?      R.

2 Quando avançam os malvados contra mim, *
querendo devorar-me,
são eles, inimigos e opressores, *
que tropeçam e sucumbem.      R.

3 Se contra mim um exército se armar, *
não temerá meu coração;
se contra mim uma batalha estourar, *
mesmo assim confiarei.      R.

13 Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver *
na terra dos viventes.
14 Espera no Senhor e tem coragem, *      R.

Evangelho: Jo 12,1-11

 “Deixa-a; ela fez isto
em vista do dia de minha sepultura.”

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João

 1 Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi para Betânia, onde morava Lázaro, que ele havia ressuscitado dos mortos. 2 Ali ofereceram a Jesus um jantar; Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. 3 Maria, tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo. 4 Então, falou Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de entregar: 5 ‘Por que não se vendeu este perfume por trezentas moedas de prata, para as dar aos pobres?’ 6 Judas falou assim, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão; ele tomava conta da bolsa comum e roubava o que se depositava nela. 7 Jesus, porém, disse: ‘Deixa-a; ela fez isto em vista do dia de minha sepultura. 8 Pobres, sempre os tereis convosco, enquanto a mim, nem sempre me tereis.’ 9 Muitos judeus, tendo sabido que Jesus estava em Betânia, foram para lá, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Jesus havia ressuscitado dos mortos. 10 Então, os sumos sacerdotes decidiram matar também Lázaro, 11 porque, por causa dele, muitos deixavam os judeus e acreditavam em Jesus.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!

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Domingo de Ramos

25 de Março

DOMINGO DE RAMOS 

DOMINGO DE RAMOS

XIX JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II

24 de Abril de 2004

  1. "Bendito seja o Rei que vem em nome do Senhor" (Lc 19, 38).

Com estas palavras, a população de Jerusalém recebeu Jesus à sua chegada à cidade santa, aclamando-o rei de Israel. Mas, alguns dias mais tarde, a mesma multidão recusá-lo-á com gritos hostis "Crucifica-o! Crucifica-o!" (Lc 23, 21). A liturgia do Domingo de Ramos faz-nos reviver estes dois momentos da última semana da vida terrena de Jesus. Imerge-nos naquela multidão tão volúvel que, em poucos dias, passou do entusiasmo jubiloso ao desprezo homicida.

  1. No clima de alegria, velado de tristeza, que caracteriza o Domingo de Ramos, celebramos a XIX Jornada Mundial da Juventude.Este ano ela tem como tema "Queremos ver Jesus" (Jo 12, 21), o pedido que "alguns gregos", que chegaram a Jerusalém para a festa da Páscoa, dirigiram aos apóstolos (Jo 12, 20).

Face à multidão que veio para o ouvir, o Cristo proclamou "Eu, quando for erguido da terra, atrairei todos a mim" (Jo 12, 32). Eis, por conseguinte, a sua resposta todos aqueles que procuram o Filho do homem, vê-lo-ão, na festa da Páscoa, como verdadeiro Cordeiro imolado para a salvação do mundo.

Na Cruz Jesus morre por cada um e cada uma de nós. Por conseguinte, a Cruz é o sinal maior e mais eloquente do seu amor misericordioso, o único sinal de salvação para cada geração e para toda a humanidade.

  1. Há vinte anos, no final do Ano Santo da Redenção, entreguei aos jovens a grande Cruz daquele Jubileu. Naquela ocasião exortei-os a serem discípulos fiéis de Cristo, Rei crucificado, "Aquele que traz ao homem a liberdade baseada na verdade, como Aquele que liberta o homem daquilo que limita, diminui e como que espedaça essa liberdade nas próprias raízes, na alma do homem, no seu coração e na sua consciência" (Redemptor hominis, 12).

Desde então a Cruz continua a percorrer numerosos Países, em preparação para as Jornadas Mundiais da Juventude. Durante as suas peregrinações percorreu os Continentes como o archote que passa de mão em mão, ela foi transportada de um País para outro; tornou-se o sinal luminoso da confiança que anima as jovens gerações do terceiro milénio. Hoje está em Berlim!

  1. Queridos jovens! Ao celebrar o vigésimo aniversário do início desta extraordinária aventura espiritual, permiti que vos renove a mesma recomendação que fiz naquela época "Confio-vos a Cruz de Cristo! Levai-a ao mundo como sinal do amor do Senhor Jesus pela humanidade, e anunciai a todos que só em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção" (Insegnamenti, VII, 1 [1984], 1105).

Sem dúvida, a mensagem que a Cruz comunica não é fácil de compreender no nosso tempo, no qual o bem-estar material e as comodidades são propostos e procurados como valores prioritários. Mas vós, queridos jovens, não tenhais receio de proclamar, em qualquer circunstância o Evangelho da Cruz. Não tenhais medo de ir contra a corrente!

  1. "Cristo Jesus... rebaixou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à morte... de cruz" (Fl 2, 6.8). O admirável hino da Carta de São Paulo aos Filipenses recordou-nos, há pouco, que a Cruz tem dois aspectos inseparáveis é, ao mesmo tempo, dolorosa e gloriosa. O sofrimento e a humilhação da morte de Jesus estão intimamente ligadas à exaltação e à glória da sua ressurreição.

Queridos Irmãos e Irmãs! Caríssimos jovens! Nunca percais a autoconsciência desta verdade confortadora. A paixão e a ressurreição de Cristo constituem o centro da nossa fé e o nosso amparo nas inevitáveis provas quotidianas.

Maria, Virgem das Dores e testemunha silenciosa do júbilo da ressurreição, vos ajude a seguir Cristo crucificado e a descobrir no mistério da Cruz o sentido pleno da vida.

Louvado seja Jesus Cristo!

Fonte:https://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/homilies/2001/documents/hf_jp-ii_hom_20010408_palm-sunday.html