Proteger a Família

Tempo Comum. Sétima Semana. Sexta-feira

- Jesus devolve à sua pureza original a dignidade do matrimônio.

O EVANGELHO DA MISSA de hoje 1 mostra-nos Jesus ocupado em ensinar uma multidão que chegava de todas as cidades vizinhas. E, no meio daquela gente simples que recebe com avidez a Palavra de Deus, apresentam-se uns fariseus mal-intencionados, querendo pôr Cristo em choque com a Lei de Moisés. Perguntam-lhe se é lícito ao marido repudiar a mulher. Jesus disse-lhes: Que vos mandou Moisés? Eles responderam: Moisés permitiu escrever-lhe o libelo de repúdio e despedi-la. Era uma norma admitida por todos, mas discutia-se se era lícito repudiar a mulher por qualquer motivo 2, por uma causa insignificante ou mesmo sem motivo algum.

Jesus Cristo, Messias e Filho de Deus, conhece perfeitamente o sentido dessa lei: Moisés havia permitido o divórcio por causa da dureza de coração do seu povo, e com essa disposição - o libelo de repúdio - protegia a condição da mulher, tão denigrante na época que em muitos casos não ultrapassava a de uma escrava sem nenhum direito. Por esse certificado, a mulher repudiada recuperava a sua liberdade: era, pois, um autêntico avanço social para aqueles tempos de barbárie em tantos costumes 3.

Mas Jesus devolve à sua pureza original a dignidade do matrimônio, conforme Deus o instituíra no princípio da Criação: Deus os fez varão e mulher; por isso deixará o homem seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não o separe.

Este ensinamento do Senhor soou como uma exigência demasiado drástica ao ouvido de todos, a tal ponto que os próprios discípulos - conforme relata São Mateus - lhe disseram: Se tal é a condição do homem com relação à mulher, è preferível não casar-se 4. A conversa deve ter-se prolongado, porque, já em casa, tornaram a interrogar o Senhor sobre a questão. E Jesus declarou para sempre: Aquele que repudia a sua mulher e se casa com outra comete adultério contra aquela; e se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério.

O Senhor sublinha que Deus estabeleceu já no princípio a unidade e a indissolubilidade do matrimônio. Comentando este ensinamento, São João Crisóstomo diz numa fórmula simples e clara que o matrimônio é de um com uma para sempre 5. O Magistério da Igreja, guardião e intérprete da lei natural e divina, ensinou de modo constante que o matrimônio foi instituído por Deus com laço perpétuo e indissolúvel, e "que foi protegido, confirmado e elevado não por meio de leis vindas dos homens, mas do próprio autor da natureza, Deus, e do restaurador dessa mesma natureza, Jesus Cristo Senhor; leis, portanto, que não podem estar sujeitas ao arbítrio dos homens, nem sequer ao arbítrio dos próprios cônjuges" 6. O matrimônio não é um simples contrato privado; não pode ser rompido pela vontade dos contraentes. Não existe nenhuma razão humana, nenhuma situação-limite, por mais iníqua que possa parecer, capaz de justificar o divórcio.

Devemos rezar pela estabilidade das famílias - começando pela nossa - e tentar ser sempre instrumentos de união através de um apostolado de amizade, de exemplo de bom entendimento nos assuntos do nosso lar, que contagie muitas outras famílias.

- Exemplaridade dos cônjuges. Santidade na família.

NOS SEUS ESFORÇOS por recordar o valor e a santidade do matrimônio, o cristão não deve deixar-se impressionar pelas dificuldades e mesmo pelas chacotas que possam surgir no seu ambiente, da mesma forma que o Senhor não se importou com o clima existente em Israel, contrário à sua doutrina. Ao defendermos a indissolubilidade da instituição matrimonial, fazemos um imenso bem a todos.

Jesus Cristo, contrariando o ambiente da época a respeito do matrimônio, devolve-lhe toda a sua dignidade original e eleva-o à ordem sobrenatural ao instituí-lo como um sacramento chamado a santificar os cônjuges na vida familiar. E hoje, quando em tantos meios se  olha com ceticismo para este sacramento e as suas propriedades essenciais, é um dever urgente dos cristãos defendê-lo com o mesmo vigor e desassombro de Jesus Cristo, e estabelecer as bases para que a família, unida e sólida, seja o fundamento da sociedade.

A família tem que ser objeto de atenção e de apoio por parte daqueles que intervém na vida pública. Educadores, escritores, políticos e legisladores devem ter em conta que grande parte dos problemas sociais e mesmo pessoais têm as suas raízes nos fracassos ou carências da vida familiar. Lutar contra a delinqüência juvenil ou contra a prostituição da mulher e favorecer ao mesmo tempo o descrédito ou a deterioração da instituição familiar é uma leviandade e uma contradição.

"O bem da família em todos os; seus aspectos tem que ser uma das preocupações fundamentais da atuação dos cristãos na vida pública. Deve-se apoiar o matrimônio e a família a partir dos diversos setores da vida social, facilitando-lhes todas as ajudas de tipo econômico, social, educativo, político e cultural que hoje são necessárias e urgentes para que possam continuar desempenhando as suas funções insubstituíveis na nossa sociedade (cfr. Familiaris consortio, n. 45).

“Cumpre fazer notar, no entanto, que o papel das famílias na vida social e política não podes ser meramente passivo. Elas mesmas devem ser «as primeiras a procurar que as leis não somente não ofendam, mas sustentem e defendam positivamente os direitos e deveres dai família» (ib., 9 n. 44), promovendo assim uma verdadeira «política familiar» (ib.)” 7 A exemplaridade e a alegria dos esposos cristãos devem preceder o apostolado com os filhos es com as outras famílias com quem se relacionam por motivos de amizade, por vínculos sociais, pelos objetivos comuns na educação dos filhos, etc. Essa alegria no meio das dificuldades normais de qualquer família, nasce de uma vida santa, da correspondência à vocação matrimonial. E os filhos realizam um bem muito grato a Deus quando se esforçam por empregar todos os meios ao seu alcance para colaborar com o ambiente próprio de uma família cristã, em que todos vivem as virtudes humanas: cordialidade jovial, sobriedade, amor ao trabalho, respeito mútuo...

- O matrimônio cristão.

QUANDO ELEVADO à ordem sobrenatural, todo o amor humano se engrandece e se fortalece porque, pelo sacramento cristão, o amor divino penetra no amor humano, ampliando-o e santificando-o. É Deus quem une o homem e a mulher com um vínculo sagrado no matrimônio; por isso o que Deus uniu, o homem não o separe. Justamente porque Deus une marido e mulher com vínculos divinos, o que eram dois corpos e dois corações torna-se uma só carne, um só corpo e um mesmo coração, à semelhança da união de Cristo com a sua Igreja 8.

O matrimônio não é apenas uma instituição social; não é apenas um estado jurídico, civil e canônico; é também uma nova vida, abnegada, transbordante de amor, santificante para os cônjuges e para todos os que compõem a família.

E bom que no seu diálogo com o Senhor, os pais e os filhos crescidos se detenham a considerar os diferentes aspectos da sua conduta diária: a convivência afetuosa, livre de discussões, de críticas ou de queixas; o cuidado com a boa ordem da casa e com o atendimento material dos filhos, dos irmãos, dos avós...; o aproveitamento do tempo nos fins de semana, evitando o ócio ou os passatempos inúteis; a serenidade diante das contrariedades; o respeito pela liberdade e pelas opiniões dos outros, juntamente com o conselho oportuno; o interesse pelos estudos e pela formação nas virtudes cristãs dos filhos ou dos irmãos mais novos; a solicitude para com os que requerem um cuidado e uma compreensão mais esmerados e mais sacrificados, etc.

Se os pais se amarem, com um amor humano e sobrenatural, serão exemplares e os filhos se espelharão neles para encontrarem resposta a tantas questões que a vida suscita. Num ambiente alegre, o ideal cristão e as nobres ambições humanas florescerão e darão frutos abundantes de paz e de felicidade. E a família se converterá num lugar privilegiado para a “renovação constante da igreja” 9, para nova evangelização do mundo a que o Papa São João Paulo II nos anima.

Peçamos a Santíssima Virgem Maria, Mãe do Amor Formoso, graça abundado de seu Filho Jesus Cristo para a nossa família e para todas as famílias cristãs da terra.

(1) Mc 10, 1-2; (2) Mt 19, 3; (3) cfr. Sagrada Bíblia, Santos Evangelhos; (4) Mt 19, 10; (5) cfr. São João Crisóstomo, Homilias sobre São Mateus, 62, 1; (6) Pio XI Enc. Casti connubbi, 31-XII-1930; (7) Conferencia Episcopal Espanhola, Intr. Past. Os católicos na vida publica, 22-IV-1986, ns. 160-162; (8) cfr. Ef 5, 22 João Paulo II, Alocução, 21-IX-1978.


Tempo Comum. Sétima Semana. Quinta-feira

— De todas as coisas da vida, a única que realmente importa é chegar ao Céu.

 

DE TODOS OS OBJETIVOS da nossa vida, só um é realmente necessário: chegarmos à meta que Deus nos propôs, que é o Céu. Para alcançá-lo, devemos estar dispostos a sacrificar seja o que for. Tudo deve estar subordinado a essa meta, a única que vale a pena. E se há alguma coisa que, ao invés de ser ajuda, é obstáculo, devemos então retificá-la ou afastá-la.

E o que nos diz o Senhor no Evangelho da Missa': Se a tua mão te escandaliza, corta-a... E se o teu pé te escandaliza, corta-o... E se o teu olho te escandaliza, arranca-o...

E preferível entrarmos manetas, coxos ou caolhos no Reino a sermos jogados inteiros na geena do fogo, onde nem o verme morre nem o fogo se apaga.

Com estas comparações tão vivas, o Senhor ensina-nos que temos obrigação de evitar os perigos de ofendê-lo e o dever grave de afastar as ocasiões próximas de pecado, pois quem ama o perigo, nele cairá2. Tudo aquilo que nos põe em risco de pecar deve ser afastado energicamente. Não pormos brincar com a nossa salvação nem com a do próximo.

Pura um cristão que pretende agradar a Deus em tudo, normalmente os obstáculos que terá de remover não serão muito importantes, mas talvez pequenos caprichos, faltas de esperança ou de domínio do caráter, breves momentos de preguiça, excessiva preocupação pela saúde ou pelo bem-estar... Faltas mais ou menos habituais, pecados veniais, mas que devem ser tidos muito em conta, porque nos atrasam o passo e nos podem fazer tropeçar e mesmo cair em fraquezas mais importantes.

Se lutarmos generosamente, se tivermos claro o fim da nossa vida, trataremos de retificar com tenacidade esses obstáculos - tantas vezes fruto do temperamento -, para que deixem de sê-lo e se convertam em autênticas ajudas. O Senhor fez isso muitas vezes com os seus Apóstolos: converteu o ímpeto precipitado de Pedro em rocha firme sobre a qual assentaria a Igreja; transformou a impaciência brusca de João e Tiago (conhecidos por "filhos do trovão") em zelo apostólico de pregadores incansáveis; e a incredulidade de Tome, num testemunho claro da sua divindade. O que antes era obstáculo converteu-se depois, pela correspondência à graça do Senhor, numa grande ajuda.

— O inferno. O demônio não renunciou às almas que ainda peregrinam na terra. O santo temor de Deus.

A VIDA DO CRISTÃO deve ser uma contínua caminhada para o Céu. Tudo nos deve ajudar a firmar os nossos passos nessa trilha: a dor e a alegria, o trabalho e o descanso, o êxito e o fracasso... Assim como nos grandes negócios e nas tarefas importantes se estudam e se acompanham até os menores detalhes,  assim devemos nós  fazer com o negócio mais importante que temos entre mãos, o negócio da nossa salvação. No fim da nossa passagem pela terra, encontraremos esta única alternativa: ou o Céu (passando pelo purgatório, se tivermos de purificar-nos) ou o inferno,  o lugar do fogo inextinguível, de que o Senhor falou explicitamente em muitas ocasiões.

Se o inferno não tivesse uma consistência real, e se não houvesse uma possibilidade igualmente real de os homens acabarem nele, Cristo não nos teria revelado com tanta clareza a sua existência, e não nos teria advertido tantas vezes: Vigiai! O demônio não desistiu de conseguir a perdição de nenhum homem, de nenhuma mulher, enquanto peregrinam neste mundo em direção ao seu fim definitivo; não desistiu de ninguém, seja qual for o lugar que ocupe e a missão que tenha recebido de Deus.

A existência de um castigo eterno, reservado aos que praticam o mal e morrem em pecado mortal, é uma verdade revelada já no Antigo Testamento3. E no Novo, Cristo falou-nos do castigo preparado para o diabo e os seus anjos4, do sofrimento dos servos maus que não cumpriram a vontade do seu senhor5, das virgens néscias que se viram sem o azeite das boas obras quando chegou o Esposo6, dos que se apresentaram sem o traje nupcial ao banquete de casamento7, dos que ofenderam gravemente os seus irmãos8 ou não quiseram ajudá-los nas suas necessidades materiais ou espirituais9... O mundo é comparado a uma eira em que há trigo e palha, até o momento em que Deus tomará a pá nas suas mãos e limpará a eira, ajuntando o trigo nos seus celeiros e queimando a palha no fogo inextinguível10.

O inferno não é uma espécie de símbolo para ser utilizado nas exortações morais, próprias de épocas antigas em que a humanidade estava menos evoluída. É uma realidade comunicada por Jesus Cristo, tão tristemente objetiva que o levou a mandar-nos - como lemos no Evangelho da Missa -que deixássemos qualquer coisa, por mais importante que fosse, para não corrermos o perigo de ir parar ali para sempre. É uma verdade de fé constantemente afirmada pelo Magistério. O Concilio Vaticano II, ao tratar da índole escatológica da Igreja, recorda-nos: "Devemos vigiar constantemente [...] para que não sejamos mandados, como os servos maus e preguiçosos (cfr. Mt 25, 26), para o fogo eterno (cfr. Mt 25, 41), para as trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes"11.

Seria um grave erro não meditarmos de vez em quando neste tema transcendental, ou silenciá-lo na pregação, na catequese ou no apostolado pessoal. João Paulo II adverte que a igreja não pode omitir, sem grave mutilação da sua mensagem essencial, uma constante catequese sobre [...] os quatro novíssimos do homem: a morte, o juízo (particular e universal), o inferno e o paraíso. Numa cultura que tende a encerrar o homem nas suas vicissitudes terrestres, mais ou menos bem sucedidas, pede-se aos Pastores da Igreja uma catequese que abra e ilumine com as certezas da fé o além que Seguirá à vida presente: para lá das misteriosas portas da arte, delineia-se uma eternidade de alegria na comunhão com Deus ou de pena no afastamento dEle" 12.

O Senhor quer que nos conduzamos movidos pelo amor, mas, dada a fraqueza humana, conseqüência do pecado original e dos pecados pessoais, quis revelar-nos até onde o pecado nos pode levar, para que tenhamos mais um motivo para nos afastarmos dele: o santo temor de Deus, o temor de nos separarmos para sempre do Bem infinito, do Verdadeiro Amor.

Os santos sempre consideraram um grande bem as revelações particulares que Deus lhes fez sobre a existência do inferno e a dureza e eternidade das suas penas: "Foi uma das maiores mercês que Deus me fez - escreve Santa Teresa —, porque me serviu muitíssimo, tanto para perder o medo às tubulações desta vida, como para me esforçar por padecê-las e por dar graças ao Senhor que me livrou, ao que me parece, de males tão perpétuos e terríveis" 13.

Vejamos na nossa oração se existe alguma coisa na nossa vida, por pequena que seja, que nos separe de Deus ou em que não lutemos como deveríamos; vejamos se fugimos com prontidão e energia de toda a ocasião próxima de pecar; se pedimos com freqüência à Virgem Maria que nos dê um profundo horror a todo o pecado, a essa lepra que causa tantos estragos na alma, afastando-nos do seu Filho, nosso único bem absoluto.

– Ser instrumentos para a salvação de muitos.

A CONSIDERAÇÃO DO NOSSO FIM último deve levar-nos à fidelidade no pouco de cada dia, a ganhar o Céu com os afazeres e os acontecimentos diários, a remover tudo aquilo que seja um obstáculo diário no nosso caminho. Deve levarmos também ao apostolado, a ajudar aqueles que temos junto de nós para que encontrem a Deus e o sirvam nesta vida e sejam felizes com Ele por toda a eternidade.

Para isso, devemos começar por estar atentos às conseqüências da nossa atuação e das nossas omissões, a fim de não sermos nunca, nem remotamente, escândalo, ocasião de tropeço para os outros. O Evangelho da Missa traz também estas palavras de Jesus: E aquele que escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor fora que lhe atasse ao pescoço uma pedra de moinho e o lançassem ao mar. Noutra ocasião, o Senhor tinha dito:  É inevitável que haja escândalos, mas ai daquele que os causa 14 Não encontramos em todo o Evangelho palavras tão fortes como essas, poucos pecados são tão graves como o de causar a ruína de urna alma, porque o escândalo tende a destruir a maior obra de Deus, que é a Redenção: mata a alma do próximo tirando-lhe a vida da graça, que é mais preciosa que a vida do corpo. Os pequenos são para Jesus, em primeiro lugar, as crianças, cuja inocência reflete de um modo particular a imagem de Deus; mas são também todas essas pessoas simples que nos rodeiam, com menos formação que nós e, por isso, mais fáceis de escandalizar.

À vista das muitas causas de escândalo que se dão diariamente no mundo, o Senhor pede aos seus discípulos que sejam exemplo vivo que arraste os outros a ser bons cristãos; que pratiquem a correção fraterna oportuna, afetuosa, prudente, uma correção que ajude os outros a remediar os seus erros ou a cortar com uma situação inconveniente para a sua alma; que incentivem muitos a viverem o sacramento da Penitência para reordenarem os seus passos. A realidade da existência do inferno, que a fé nos ensina, é um apelo urgente para que sejamos instrumento de salvação para muitos.

Recorramos à Santíssima Virgem: iter para tutum!15, preparai-nos, Senhora, para nós e para todos os homens, um caminho seguro que termine na eterna felicidade do Céu.

(1) Mc 9, 40-49; (2) Ecle 3, 26-27; (3) cfr. Num 16, 30-33; Is 33, [4; Ecle 7, 18-19; Jo 10, 20-21; etc; (4) cfr. Mt 25, 41; (5) cfr. Mt 24, 5E (6) cfr. Mt 25, 1 e segs.; (7) cfr. Mt 22, 1-14; (8) cfr. Mt 5, 22; (9) f Mt 25, 41 e segs.; (10) Lc 3, 17; (11) Cone. Vat. II, Const. Lumen f"*!1'"1* 48i O2) João Paulo II, Exort. Apost. Reconciliado et paenitentia, ^XII-1984, 26; (13) Santa Teresa, Vida, 32, 4; (14) Lc 17, 1; (15) Litur-1 «as Horas, Oração da tarde do comum de Nossa Senhora, Hino Ave, mans stella.

Fonte: livro “Falar com Deus”, de Francisco Fernández Carvajal.

24 de Maio 2018

A SANTA MISSA

7ª Semana do Tempo Comum – Quinta-feira
Cor: verde

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1ª Leitura: Tg 5, 1-6

 “Vossa riqueza está apodrecendo.”

Leitura da Carta de São Tiago

 1 E agora, ricos, chorai e gemei, por causa das desgraças que estão para cair sobre vós. 2 Vossa riqueza está apodrecendo, e vossas roupas estão carcomidas pelas traças. 3 Vosso ouro e vossa prata estão enferrujados, e a ferrugem deles vai servir de testemunho contra vós e devorar vossas carnes, como fogo! Amontoastes tesouros nos últimos dias. 4 Vede: o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos, que vós deixastes de pagar, está gritando, e o clamor dos trabalhadores chegou aos ouvidos do Senhor todo-poderoso. 5 Vós vivestes luxuosamente na terra, entregues à boa vida, cevando os vossos corações para o dia da matança. 6 Condenastes o justo e o assassinastes; ele não resiste a vós.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 48 (49), 14-15ab.15cd-16.17-18.19-20 (R. Mt 5, 3)

R. Felizes os humildes de espírito
porque deles é o Reino dos Céus!

14 Este é o fim do que espera estultamente, *
o fim daqueles que se alegram com sua sorte;
15a são um rebanho recolhido ao cemitério, +
15b e a própria morte é o pastor que os apascenta.    R.

15c São empurrados e deslizam para o abismo.
15d Logo seu corpo e seu semblante se desfazem, *
e entre os mortos fixarão sua morada.
16 Deus, porém, me salvará das mãos da morte *
e junto a si me tomará em suas mãos.    R.

17 Não te inquietes, quando um homem fica rico *
e aumenta a opulência de sua casa;
18 pois ao morrer não levará nada consigo, *
nem seu prestígio poderá acompanhá-lo.    R.

19 Felicitava-se a si mesmo enquanto vivo: *
‘Todos te aplaudem, tudo bem, isto que é vida!’
20 Mas vai-se ele para junto de seus pais, *
que nunca mais e nunca mais verão a luz!    R.

Evangelho: Mc 9, 41-50

 “É melhor entrar na Vida sem uma das mãos,
do que, tendo as duas, ir para o inferno.”

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 41 Quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa. 42 E se alguém escandalizar um destes pequeninos que crêem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço. 43 Se tua mão te leva a pecar, corta-a! É melhor entrar na Vida sem uma das mãos, do que, tendo as duas, ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. 45 Se teu pé te leva a pecar, corta-o! É melhor entrar na Vida sem um dos pés, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno. 47 Se teu olho te leva a pecar, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno,48 ‘onde o verme deles não morre, e o fogo não se apaga’. 49 Pois todos hão de ser salgados pelo fogo. 50 Coisa boa é o sal. Mas se o sal se tornar insosso, com que lhe restituireis o tempero? Tende, pois, sal em vos mesmos e vivei em paz uns com os outros.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!

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23 de Maio 2018

A SANTA MISSA

7ª Semana do Tempo Comum – Quarta-feira
Cor: verde

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1ª Leitura: Tg 4, 13-17

 “Não sabeis nem mesmo o que será da vossa vida!
Devíeis dizer: ‘Se o Senhor quiser.”

Leitura da Carta de São Tiago

Caríssimos: 13 E agora, vós que dizeis: ‘Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, passaremos ali um ano, negociando e ganhando dinheiro’. 14 No entanto, não sabeis nem mesmo o que será da vossa vida, amanhã! Com efeito, não passais de uma neblina que se vê por um instante e logo desaparece. 15 Em vez de dizer: ‘Se o Senhor quiser, estaremos vivos e faremos isto ou aquilo’, 16 vós vos gloriais de vossas fanfarronadas. Ora, toda a arrogância deste tipo é um mal. 17 Assim, aquele que sabe fazer o bem e não o faz incorre em pecado.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 48 (49), 2-3.6-7.8-10.11 (R. Mt 5, 3)

R. Felizes os humildes de espírito
porque deles é o Reino dos Céus!

2 Ouvi isto, povos todos do universo, *
muita atenção, ó habitantes deste mundo;
3 poderosos e humildes, escutai-me, *
ricos e pobres, todos juntos, sede atentos!     R.

6 Por que temer os dias maus e infelizes, *
quando a malícia dos perversos me circunda?
7 Por que temer os que confiam nas riquezas *
e se gloriam na abundância de seus bens?     R.

8 Ninguém se livra de sua morte por dinheiro *
nem a Deus pode pagar o seu resgate.
9 A isenção da própria morte não tem preço; *
não há riqueza que a possa adquirir,
10 nem dar ao homem uma vida sem limites *
e garantir-lhe uma existência imortal.     R.

11 Morrem os sábios e os ricos igualmente; +
morrem os loucos e também os insensatos, *
e deixam tudo o que possuem aos estranhos.     R.

Evangelho: Mc 9, 38-40

 “Quem não é contra nós é a nosso favor.”

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo:  38 João disse a Jesus: ‘Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue.’  39 Jesus disse: ‘Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim.  40 Quem não é contra nós é a nosso favor.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!

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22 de Maio 2018

A SANTA MISSA

7ª Semana do Tempo Comum – Terça-feira
Cor: verde

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1ª Leitura: Tg 4, 1-10

 “Pedis e não recebeis, porque pedis mal.”

Leitura da Carta de São Tiago

Caríssimos: 1 de onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Não vêm, justamente, das paixões que estão em conflito dentro de vós? 2 Cobiçais, mas não conseguis ter. Matais e cultivais inveja, mas não conseguis êxito. Brigais e fazeis guerra, mas não conseguis possuir. E a razão está em que não pedis. 3 Pedis, sim, mas não recebeis, porque pedis mal. Pois só quereis esbanjar o pedido nos vossos prazeres. 4 Adúlteros, não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Assim, todo aquele que pretende ser amigo do mundo toma-se inimigo de Deus. 5 Ou julgais ser em vão que a Escritura diz: “Com ciúme anela o espírito que nos habita”? 6 Mas ele nos dá uma graça maior. Por isso, a Escritura diz: “Deus resiste aos soberbos, mas concede a graça aos humildes”. 7 Obedecei pois a Deus, mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. 8 Aproximai-vos de Deus, e ele se aproximará de vós. Purificai as mãos, ó pecadores, e santificai os corações, homens dúbios. 9 Ficai tristes, vesti o luto e chorai. Transforme-se em luto o vosso riso, e a vossa alegria em desalento. 10 Humilhai-vos diante do Senhor, e ele vos exaltará.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 54 (55), 7-8.9-10a.10b-11a.23(R. 23a)

R. Confia teus cuidados ao Senhor, e ele há de ser o teu sustento!

7 É por isso que eu digo na angústia:
“Quem me dera ter asas de pomba
e voar para achar um descanso!
8 Fugiria, então, para longe,
e me iria esconder no deserto.     R.

9 Acharia depressa um refúgio
contra o vento, a procela, o tufão”.
10a Ó Senhor, confundi as más línguas.     R.

10b Dispersai-as, porque na cidade
só se vê violência e discórdia!
11a Dia e noite circundam seus muros.     R.

23 Lança sobre o Senhor teus cuidados,
porque ele há de ser teu sustento,
e jamais ele irá permitir
que o justo para sempre vacile!     R.

Evangelho: Mc 9, 30-37

 “O Filho do homem vai ser entregue…
Quem quiser ser o primeiro será o servo de todos.”

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, 30 Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse disso, 31 pois estava ensinando a seus discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão, mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará”. 32 Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar. 33 Eles chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: “Que discutíeis pelo caminho?” 34 Eles, porém, ficaram calados, pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior. 35 Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” 36 Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles, e abraçando-a disse: 37 “Quem acolher em meu nome uma dessas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me enviou”.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!

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21 de Maio 2018

A SANTA MISSA

7ª Semana do Tempo Comum – Segunda-feira
Cor: verde

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1ª Leitura: Tg 3, 13-18

“Se guardais no coração espírito de discórdia,
não vos orgulheis.”

Leitura da Carta de São Tiago

Caríssimos: 13 quem dentre vós é sábio e inteligente? Que ele mostre, por seu reto modo de proceder, a sua prática em sábia mansidão. 14 Mas se fomentais, no coração, amargo ciúme e rivalidade, não vos glorieis nem procedais em contradição com a verdade. 15 Essa não é a sabedoria que vem do alto. Ao contrário, é terrena, materialista, diabólica! 16 Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más. 17 Por outra parte, a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento. 18 O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz.

– Palavra do Senhor

– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 18 B (19B), 8.9.10.15(R. 9 a)

R. Os ensinos do Senhor são sempre retos, alegria ao coração!

 8 A lei do Senhor Deus é perfeita,
conforto para a alma!
O testemunho do Senhor é fiel,
sabedoria dos humildes.     R.

 9 Os preceitos do Senhor são precisos,
alegria ao coração.
O mandamento do Senhor é brilhante,
para os olhos é uma luz.    R.

 10 É puro o temor do Senhor,
imutável para sempre.
Os julgamentos do Senhor são corretos
e justos igualmente.     R.

15 Que vos agrade o cantar dos meus lábios
e a voz da minha alma;
que ela chegue até vós, ó Senhor,
meu Rochedo e Redentor!    R.

Evangelho: Mc 9, 14-29

 “Eu creio, Senhor, mas ajuda a minha pouca fé.”

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, 14 descendo Jesus do monte com Pedro, Tiago e João e chegando perto dos outros discípulos, viram que estavam rodeados por uma grande multidão. Alguns mestres da Lei estavam discutindo com eles. 15 Logo que a multidão viu Jesus, ficou surpresa e correu para saudá-lo. 16 Jesus perguntou aos discípulos: “Que discutis com eles?” 17 Alguém da multidão respondeu: “Mestre, eu trouxe a ti meu filho que tem um espírito mudo. 18 Cada vez que o espírito o ataca, joga-o no chão e ele começa a espumar, range os dentes e fica completamente rijo. Eu pedi aos teus discípulos para expulsarem o espírito, mas eles não conseguiram”. 19 Jesus disse: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando terei de suportar-vos? Trazei aqui o menino”. 20 E levaram-lhe o menino. Quando o espírito viu Jesus, sacudiu violentamente o menino, que caiu no chão e começou a rolar e a espumar pela boca. 21 Jesus perguntou ao pai: “Desde quando ele está assim?” O pai respondeu: “Desde criança. 22 E muitas vezes, o espírito já o lançou no fogo e na água para matá-lo. Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos”. 23 Jesus disse: “Se podes!… Tudo é possível para quem tem fé”. 24 O pai do menino disse em alta voz: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé”. 25 Jesus viu que a multidão acorria para junto dele. Então ordenou ao espírito impuro: “Espírito mudo e surdo, eu te ordeno que saias do menino e nunca mais entres nele”. 26 O espírito sacudiu o menino com violência, deu um grito e saiu. O menino ficou como morto, e por isso todos diziam: “Ele morreu!”  27 Mas Jesus pegou a mão do menino, levantou-o e o menino ficou de pé. 28 Depois que Jesus entrou em casa, os discípulos lhe perguntaram a sós: “Por que nós não conseguimos expulsar o espírito?” 29 Jesus respondeu: “Essa espécie de demônios não pode ser expulsa de nenhum modo, a não ser pela oração”.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!

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Santa Catarina de Gênova

21 de Maio

Santa Catarina de Gênova 

Catarina, chamada pelos seus conterrâneos de Catarininha, nasceu em Gênova, Itália, em 1447. Era filha de Francisca di Negro e de Tiago Fieschi, vice-rei de Nápoles. Da família Fieschi, uma das mais importantes daquele tempo, saíram dois Papas: Inocêncio IV e Adriano V.

Apesar de ter solicitado dos pais permissão para seguir os passos de sua irmã Libânia e tornar-se cônega lateranense, eles a deram como esposa a Juliano Adorno. Seu marido tinha cinco filhos naturais, levava uma vida desregrada e imoral e esse tipo de vida teve uma influência negativa sobre Catarina que passou a desfrutar de todos os prazeres que o mundo oferecia.

Essas experiências vividas nos primeiros anos de matrimônio estão no livro autobiográfico intitulado “Diálogo da chamada Catarininha, entre a alma e o corpo”. Não demorou muito, porém, e Catarina começou a perceber que o tipo de vida que levava não a fazia absolutamente feliz. É a partir dessa certeza que tem início seu processo de conversão. Catarina tomou consciência de suas faltas e pecados, entendeu que somente Deus podia libertá-la de suas angústias e da situação na qual vivia e começou a trilhar o caminho de volta para Deus.

Foram essas lutas e experiências interiores que a inspiraram a escrever sua famosa obra: “O Tratado do Purgatório”. No prólogo desse livro ela textualmente se declara “colocada no purgatório do amor divino que a incendiava, a queimava e a purificava de tudo o que tinha a purificar”.

Catarina de Gênova concretizou seu desejo de renovação espiritual, trilhando o caminho da penitência e da caridade. Influenciada por ela, Heitor Vernazza transformou a Companhia da Misericórdia em Companhia do Divino Amor e mais tarde, Oratório do Divino Amor. Essa feliz iniciativa se espalhou por Roma e Nápoles e posteriormente teve o apoio e a participação efetiva de São Caetano de Thiene e do futuro Papa Paulo IV.

Hoje Santa Catarina de Gênova que gozou dos prazeres do mundo, até sentir que eles não lhe traziam paz e felicidade, que passou por muitas angústias e crises existenciais, até entender que só o fogo abrasador do amor de Deus podia purificá-la e salvá-la, nos traz uma lição: os sofrimentos e as dificuldades que não têm origem no egoísmo humano, são muitas vezes o fogo que Deus permite que nos atinja, não para nos queimar, mas para nos purificar. O amor de Deus é como o arado, que revolve e aplaina a terra, não com a intenção de maltratá-la, mas de prepará-la para que produza bons frutos e colheitas abundantes.

Fonte: Zélia Vianna. Santidade Ontem e Hoje (2005). Salvador: Paróquia de São Pedro


Tempo Pascal. Domingo de Pentecostes

— A festa judaica de Pentecostes. O envio do Espírito Santo. O vento impetuoso e as línguas de fogo.

 

O AMOR DE DEUS foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que habita em nós. Aleluia l.

Pentecostes era uma das três grandes festas judaicas; muitos israelitas iam nesses dias em peregrinação a Jerusalém, para adorar a Deus no Templo. A origem da festa remontava a uma antiquíssima celebração em que se davam graças a Deus pela safra do ano, em vésperas de ser colhida. Depois acrescentou-se a essa comemoração, que se celebrava cinqüenta dias depois da Páscoa, a da promulgação da Lei dada por Deus no monte Sinai. Por desígnio divino, a colheita material que os judeus festejavam com tanto júbilo converteu-se, na Nova Aliança, numa festa de imensa alegria: a vinda do Espírito Santo com todos os seus dons e frutos.

Quando chegou o dia de Pentecostes, estavam todos juntos num mesmo lugar. E sobreveio de repente um ruído do céu, como de um vento impetuoso, que encheu toda a casa em que se encontravam2. O Espírito Santo manifestou-se por meio dos elementos que costumavam acompanhar a presença de Deus no Antigo Testamento: o vento e o fogo3.

O fogo aparece na Sagrada Escritura como imagem do amor que penetra todas as coisas e como elemento purificador 4. E uma imagem que nos ajuda a compreender melhor a ação que o Espírito Santo realiza nas almas: Ure igne Sancti Spiritus renes nostros et cor nostrum, Domine... Purificai, Senhor, com o fogo do Espírito Santo as nossas entranhas e o nosso coração...

O fogo também produz luz, e significa o novo resplendor com que o Espírito Santo faz compreender a doutrina de Jesus Cristo. Quando vier o Espírito de verdade, guiar-vos-á para a verdade completa... Ele me glorificará, porque tomará do que é meu e vo-lo dará a conhecer5. Numa ocasião anterior, Jesus havia comunicado aos seus: O Advogado, o Espírito Santo... vos ensinará tudo e vos trará à memória tudo quanto eu vos disse0. É Ele quem nos conduz à plena compreensão da verdade ensinada por Cristo: * Tendo enviado finalmente o Espírito de verdade, completou, culminou e confirmou a revelação com o testemunho divino"7.

No Antigo Testamento, a obra do Espírito Santo é freqüentemente sugerida pela palavra "sopro", a fim de exprimir ao mesmo tempo a delicadeza e a força do amor divino. Não há nada mais sutil que o vento, que penetra por toda a parte, que parece até percorrer os corpos inanimados e dar-lhes vida própria. O vento impetuoso do dia de Pentecostes exprime a nova força com que o Amor divino irrompe na Igreja e nas almas.

São Pedro, diante da multidão de pessoas que se encontravam nas imediações do Cenáculo, fez-lhes ver que se estava cumprindo o que fora anunciado pelos Profetas8: E sucederá nos últimos dias, diz Deus, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne...9 Os que receberem a efusão do Espírito não serão já uns poucos privilegiados, como os companheiros de Moisés 10, ou como os Profetas, mas todos os homens, na medida em que se abrirem a Cristo11. A ação do Espírito Santo deve ter produzido tal assombro nos discípulos e nos que os escutavam que todos estavam fora de si, cheios de amor e de alegria.

— O Paráclito santifica continuamente a Igreja e cada alma. Correspondência às moções e inspirações do Espírito Santo.

A vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes não foi um acontecimento isolado na vida da Igreja. O Paráclito santifica-a continuamente, como também santifica cada alma, através das inúmeras inspirações que se escondem em "todos os atrativos, movimentos, censuras e remorsos interiores, luzes e conhecimentos que Deus produz em nós, prevenindo o nosso coração com as suas bênçãos, pelo seu cuidado e amor paternal, a fim de nos despertar, mover, estimular e atrair para as santas virtudes, para o amor celestial, para as boas resoluções, para tudo aquilo que, numa palavra, nos conduz à nossa vida eterna''12. A sua ação na alma é "suave e aprazível [...]; Ele vem salvar, curar, iluminar"13.

No dia de Pentecostes, os Apóstolos foram robustecidos na sua missão de testemunhas de Jesus, a fim de anunciarem a Boa Nova a todos os povos. Mas não somente eles: todos os que crerem nEle terão o doce dever de anunciar que Cristo morreu e ressuscitou para nossa salvação. E sucederá nos últimos dias, diz Deus, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e profetizarão os vossos filhos e as vossas filhas, e os vossos jovens verão visões, e os vossos anciãos sonharão sonhos. E sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei o meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão14. Assim pregou São Pedro na manhã de Pentecostes, que inaugurava a época dos últimos dias, os dias em que o Espírito Santo foi derramado de uma maneira nova sobre aqueles que crêem que Jesus é o Filho de Deus e põem em prática a sua doutrina.

Todos os cristãos têm desde então a missão de anunciar, de cantar as magnalia Dei15, as maravilhas que Deus fez no seu Filho e em todos aqueles que crêem nEle. Somos agora um povo santo para publicar as grandezas dAquele que nos transferiu das trevas para a sua luz admirável16.

Ao compreendermos a grandeza da nossa missão, compreendemos também que ela depende da nossa correspondência às moções do Espírito Santo, e sentimo-nos necessitados de pedir-lhe freqüentemente que lave o que está manchado, regue o que está seco, cure o que está doente, acenda o que está morno, retifique o que está torcido17. Porque sabemos bem que no nosso interior há manchas, e partes que não dão todo o fruto que deveriam porque estão secas, e partes doentes, e tibieza, e também pequenos desvios, que é necessário retificar.

— Correspondência: docilidade, vida de oração, união com a Cruz.

Para sermos mais fiéis às constantes moções e inspirações do Espírito Santo na nossa alma, "podemos atentar para três realidades fundamentais: docilidade [...], vida de oração e união com a Cruz.

Em primeiro lugar, docilidade, "porque é o Espírito Santo quem, com suas inspirações, vai ciando tom sobrenatural aos nossos pensamentos, desejos e obras. É Ele quem nos impele a aderir à doutrina de Cristo e a assimilá-la com profundidade; quem nos dá luz para tomarmos consciência da nossa vocação pessoal e força para realizarmos tudo o que Deus espera de nós" 18.

O Paráclito atua sem cessar na nossa alma: não dizemos uma só jaculatória se o Espírito Santo não nos move a dizê-la19, como nos mostra São Paulo na segunda leitura da Missa. Ele está presente e inspira-nos quando lemos o Evangelho, quando oramos, quando descobrimos uma luz nova num conselho recebido, quando meditamos uma verdade de fé que talvez já tivéssemos considerado antes muitas vezes. Percebemos que essa luz não depende da nossa vontade. Não é coisa nossa, mas de Deus. É o Espírito Santo quem nos move suavemente a abeirar-nos do sacramento da Penitência, a levantar o coração a Deus num momento inesperado, a realizar uma boa obra. É Ele quem nos sugere um pequeno sacrifício ou nos faz encontrar a palavra adequada que anima uma pessoa a ser melhor.

Vida de oração, "porque a entrega, a obediência, a mansidão do cristão nascem do amor e para o amor se orientam. E o amor leva à vida de relação, à conversa assídua [...]. A vida cristã requer um diálogo constante com Deus Uno e Trino, e é a essa intimidade que o Espírito Santo nos conduz [...]. Acostumemo-nos a procurar o convívio com o Espírito Santo, que é quem nos há de santificar; a confiar nEle, a pedir a sua ajuda, a senti-lo perto de nós. Assim se irá dilatando o nosso pobre coração, teremos mais ânsias de amar a Deus e, por Ele, a todas as criaturas"20.

União com a Cruz, "porque na vida de Cristo, o Calvário precedeu a Ressurreição e o' Pentecostes, e esse mesmo processo se deve reproduzir na vida de cada cristão [...]. O Espírito Santo é fruto da Cruz, da entrega total a Deus, da procura exclusiva da sua glória e da completa renúncia a nós mesmos"21.

Podemos terminar a nossa oração fazendo nossas as súplicas contidas no hino que se canta na Seqüência da Missa deste dia de Pentecostes: Vinde, Espírito Santo, e enviai do céu um raio da vossa luz. Vinde, Pai dos pobres; vinde, dador de graças; vinde, luz dos corações. Consolo ótimo, doce hóspede da alma, doce refrigério, vinde! Vós sois descanso no trabalho, na aflição remanso, no pranto consolo. Ó luz santíssima, enchei o mais íntimo do coração dos vossos fiéis [...]. Dai aos vossos fiéis, que em Vós confiam, os vossos sete dons. Dai-lhes o mérito da virtude, dai-lhes o porto da salvação, dai-lhes a eterna alegria22.

Para chegarmos a um convívio mais íntimo com o Espírito Santo, nada tão eficaz como aproximar-nos de Santa Maria, que soube secundar como ninguém as inspirações do Espírito Santo. Os Apóstolos, antes do dia de Pentecostes, perseveravam unânimes na oração, com algumas mulheres e com Maria, a Mãe de Jesus23.

(1) Rom 5, 5; 8, 11; Antífona de entrada da Missa da vigília; (2) At 2, 1-2; (3) cfr. Ex 3, 2; (4) cfh M. D. Philippe, Mistério de Maria, Rialp, Madrid, 1986, págs. 352-355; (5) cfr. Jo 16, 13-14; (6) Jo 14, 26; (7) Cone. Vat. II, Const. Dei Verbum, 4; (8) Jl 2, 28; (9) At 2, 17; (10) cfr. Num 11, 25; (11) cfr. Jo 7, 39; (12) São Francisco de Sales, Introdução à vida devota, II, 18; (13) São Francisco Sales, Catequese 16 sobre o Espirito Santo, 1; (14) At 2, 17-18; (15) At 2, 11; (16) 1 Pe 2, 9; (17) cfr. Mis-sal Romano, Seqüência da Missa de Pentecostes; (18) São Josemaría Escri-vá, É Cristo que passa, n. 135; (19) cfr. 1 Cor 12, 3; (20) São Josemaría Escrivá, op. cit., n. 136; (21) ib., n. 137; (22) Missal Romano, Seqüência da Missa de Pentecostes; (23) cfr. At 1, 14.

Fonte: livro “Falar com Deus”, de Francisco Fernández Carvajal.

20 de Maio 2018

A SANTA MISSA

Domingo de Pentecostes 
Cor: vermelha

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1ª Leitura: At 2, 1-11

 “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar.”

Leitura dos Atos dos Apóstolos

1 Quando chegou o dia de Pentecostes, os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar. 2 De repente, veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a casa onde eles se encontravam. 3 Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. 4 Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava. 5 Moravam em Jerusalém judeus devotos, de todas as nações do mundo. 6 Quando ouviram o barulho, juntou-se a multidão, e todos ficaram confusos, pois cada um ouvia os discípulos falar em sua própria língua. 7 Cheios de espanto e admiração, diziam: “Esses homens que estão falando não são todos galileus? 8Como é que nós os escutamos na nossa própria língua? 9 Nós, que somos partos, medos e elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, 10 da Frígia e da Panfília, do Egito e da parte da Líbia próxima de Cirene, também romanos que aqui residem; 11 judeus e prosélitos, cretenses e árabes, todos nós os escutamos anunciarem as maravilhas de Deus em nossa própria língua!”

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 103(104), 1ab e 24ac.29bc-30.31.34

R.  Enviai o vosso Espírito Senhor
e da terra toda a face renovai.

Ou: Aleluia, Aleluia, Aleluia.

1a Bendize, ó minha alma, ao Senhor!*
Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande!
24a Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras*
24c Encheu-se a terra com as vossas criaturas!     R.

29b Se tirais o seu respiro, elas perecem*
29c e voltam para o pó de onde vieram.
30 Enviais o vosso espírito e renascem*
e da terra toda a face renovais.      R.

31 Que a glória do Senhor perdure sempre,*
e alegre-se o Senhor em suas obras!
34 Hoje seja-lhe agradável o meu canto,*
pois o Senhor é a minha grande alegria!     R. 

2ª Leitura: 1Cor 12, 3b-7.12-13

 “Todos nós fomos batizados num só Espírito, para formarmos um só Corpo.”

Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios

Irmãos: 3b Ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo. 4 Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. 5 Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. 6 Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos. 7 A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum. 12 Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo. 13 De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito.

– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus. 

Espírito de Deus,
enviai dos céus
um raio de luz!

Vinde, Pai dos pobres,
dai aos corações
vossos sete dons.

Consolo que acalma,
hóspede da alma,
doce alívio, vinde!

No labor descanso,
na aflição remanso,
no calor aragem.

Enchei, luz bendita,
chama que crepita,
o íntimo de nós!

Sem a luz que acode,
nada o homem pode,
nenhum bem há nele.

Ao sujo lavai,
ao seco regai,
curai o doente.

Dobrai o que é duro,
guiai no escuro,
o frio aquecei.

Dai à vossa Igreja,
que espera e deseja,
vossos sete dons.

Dai em prêmio ao forte
uma santa morte,
alegria eterna. Amém.

Evangelho: Jo 20, 19-23

 “Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós:
Recebei o Espírito Santo.”

 – O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João

 19 Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. 20 Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. 21 Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. 22 E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23 A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!

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São Bernardino de Sena

20 de Maio

São Bernardino de Sena 

São Bernardino nasceu perto de Sena, Itália, em 1380. De família nobre e influente, muito cedo perdeu os pais e foi confiado aos cuidados de uma tia, mulher de sólidas virtudes. Freqüentou a Universidade de Sena e tinha cerca de 22 anos, quando entrou para a Ordem Franciscana.

Ordenado sacerdote, percorreu toda a Itália, pregando o Evangelho e propagando a devoção ao Santíssimo Nome de Jesus, simbolizada pela sigla JHS, conhecida hoje por todos os católicos e que quer dizer Jesus, Salvador dos Homens.

São Bernardino era um homem de baixa estatura física, mas grande na mansidão e na bondade. De saúde muito precária, andava sempre acompanhado pelo Irmão Vicente, seu enfermeiro e amigo. Sua espiritualidade pode ser resumida na seguinte frase: “Cristo é o centro de toda a vida cristã”.

São Bernardino viveu num tempo, marcado por calamidades que atingiram a Europa, trazendo destruição e morte. Nessas ocasiões, ele e seus companheiros se mostraram incansáveis, percorrendo as ruas de Sena e socorrendo as vítimas.

Foi um dos três pregadores mais famosos da Europa no século XV. Seus sermões eram muito apreciados e não raro levavam os ouvintes à reflexão e conversão. Mas suas pregações francas e evangélicas lhe trouxeram inimigos, e ele foi acusado de pregar doutrinas heréticas. Três vezes quiseram fazê-lo bispo e três vezes ele recusou, alegando esperar fazer maior bem ao povo no apostolado da pregação. Inventou um método graças ao qual seus discípulos taquigrafavam seus discursos, e assim eles chegaram até nós.

Neles São Bernardino condena a avareza dos novos ricos, dos mercadores e dos banqueiros. Tinha palavras duríssimas para quem colocava as coisas do mundo acima das coisas de Deus. Os temas mais freqüentes de seus discursos eram a caridade, a humildade, a concórdia e a justiça. São Bernardino morreu em Áquila, em 1444 e em 1450, apenas seis anos após sua morte, foi canonizado. Seu túmulo se encontra na igreja dos franciscanos, em Áquila.

No mundo de hoje, pródigo em avareza, ganância e corrupção, as pregações de São Bernardino continuam atualíssimas. “As feras de garras compridas que roem os ossos dos pobres”, como ele chamava aqueles que exploravam o povo, continuam em nosso tempo, representados por aqueles cuja rudeza de coração não poupa os mais fracos e pobres, pelos empresários, políticos e dirigentes inescrupulosos que priorizam o mercado e o lucro e não fazem do ser humano o centro das decisões.

Fonte: Zélia Vianna. Santidade Ontem e Hoje (2005). Salvador: Paróquia de São Pedro