12 de Junho 2018
A SANTA MISSA

10ª Semana do Tempo Comum – Terça-feira
Cor: verde
1ª Leitura: 1Rs 17,7-16
“A farinha da vasilha não acabou conforme
o que o Senhor tinha dito por intermédio de Elias.”
Leitura do Primeiro Livro dos Reis
Naqueles dias: 7 Secou a torrente do lugar onde Elias estava escondido, porque não tinha chovido no país. 8 Então a palavra do Senhor foi-lhe dirigida nestes termos: ‘Levanta-te e vai a Sarepta dos sidônios, e fica morando lá, pois ordenei a uma viúva desse lugar que te dê sustento’.10 Elias pôs-se a caminho e foi para Sarepta. Ao chegar à porta da cidade, viu uma viúva apanhando lenha. Ele chamou-a e disse: ‘Por favor, traze-me um pouco de água numa vasilha para eu beber’.11 Quando ela ia buscar água, Elias gritou-lhe: ‘Por favor, traze-me também um pedaço de pão em tua mão!’ 12 Ela respondeu: ‘Pela vida do Senhor, teu Deus, não tenho pão. Só tenho um punhado de farinha numa vasilha e um pouco de azeite na jarra. Eu estava apanhando dois pedaços de lenha, a fim de preparar esse resto para mim e meu filho, para comermos e depois esperar a morte’. 13 Elias replicou-lhe: ‘Não te preocupes! Vai e faze como disseste. Mas, primeiro, prepara-me com isso um pãozinho, e traze-o. Depois farás o mesmo para ti e teu filho. 14 Porque assim fala o Senhor, Deus de Israel: ‘A vasilha de farinha não acabará e a jarra de azeite não diminuirá, até ao dia em que o Senhor enviar a chuva sobre a face da terra ‘. 15 A mulher foi e fez como Elias lhe tinha dito. E comeram, ele e ela e sua casa, durante muito tempo. 16 A farinha da vasilha não acabou nem diminuiu o óleo da jarra, conforme o que o Senhor tinha dito por intermédio de Elias.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 4, 2-3. 4-5. 7-8 (R. 7)
R. Sobre nós fazei brilhar o esplendor da vossa face!
2 Quando eu chamo, respondei-me, ó meu Deus, minha justiça! *
Vós que soubestes aliviar-me nos momentos de aflição, *
atendei-me por piedade e escutai minha oração!
3 Filhos dos homens, até quando fechareis o coração? *
Por que amais a ilusão e procurais a falsidade? R.
4 Compreendei que nosso Deus faz maravilhas por seu servo, *
e que o Senhor me ouvirá quando lhe faço a minha prece!
5 Se ficardes revoltados, não pequeis por vossa ira; *
meditai nos vossos leitos e calai o coração! R.
7 Muitos há que se perguntam: ‘Quem nos dá felicidade?’ *
Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face!
8 Vós me destes, ó Senhor, mais alegria ao coração, *
do que a outros na fartura do seu trigo e vinho novo. R.
Evangelho: Mt 5,13-16
“Vós sois a luz do mundo.”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 13 Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens. 14 Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. 15 Ninguém acende uma lâmpada, e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim, num candeeiro, onde brilha para todos que estão na casa. 16 Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
São Barnabé, Apostolo
Memória
– Magnanimidade no apostolado.
– Saber compreender para poder ajudar.
– Alegria e espírito positivo no apostolado com os nossos amigos.
Natural de Chipre, Barnabé é contado entre os primeiros fiéis de Jerusalém. Foi quem apresentou São Paulo aos Apóstolos, e depois acompanhou-o na sua primeira viagem apostólica. Participou do Concílio de Jerusalém e foi uma figura de grande importância na Igreja de Antioquia, o primeiro núcleo cristão numeroso fora de Jerusalém. Era parente de Marcos, sobre o qual exerceu uma influência decisiva. Tendo retornado à sua pátria, evangelizou-a e morreu mártir por volta do ano 63. O seu nome figura na Oração Eucarística I.
I. BARNABÉ SIGNIFICA filho da consolação, e foi o sobrenome dado pelos Apóstolos a José, levita e cipriota de nascimento1, pelo seu espírito conciliador e pela sua simpatia, segundo comenta São João Crisóstomo2.
Depois do martírio de Estêvão e da perseguição que se seguiu, alguns cristãos chegaram até Antioquia, e lá propagaram a fé cristã. Quando os Apóstolos tiveram notícia em Jerusalém das maravilhas que o Espírito Santo realizava nessa região, resolveram enviar para lá Barnabé3. Profundamente empenhado na expansão do Reino, Barnabé quis contar desde o primeiro momento com instrumentos idôneos para empreender aquele imenso trabalho que lhe era confiado, e dirigiu-se a Tarso a fim de convidar Paulo a acompanhá-lo. Tendo-o encontrado, levou-o a Antioquia. Passaram juntos um ano inteiro nesta Igreja e instruíram uma grande multidão, narram os Atos dos Apóstolos4. Barnabé soube, pois, descobrir no recém-convertido aquelas qualidades que o levariam a transformar-se, pela graça, no Apóstolo das gentes. Pouco tempo antes, apresentara Paulo aos Apóstolos de Jerusalém, num momento em que muitos cristãos continuavam a ter receio do seu antigo perseguidor5.
Em companhia de São Paulo, Barnabé realizou a primeira viagem missionária, que tinha por objetivo a ilha de Chipre6. Ia com eles o seu primo Marcos, que, no entanto, desistiu a meio do caminho e regressou a Jerusalém. Quando São Paulo projetou a segunda grande viagem missionária, Barnabé quis novamente que Marcos os acompanhasse, mas Paulo achou que não devia ser admitido um homem que se tinha separado deles na Panfília, e não os tinha acompanhado naquela tarefa7. Produziu-se uma forte dissensão entre ambos, de sorte que se separaram um do outro...8
Barnabé não abandonou o seu primo Marcos, talvez então muito jovem, depois daquela defecção em que as forças lhe falharam. Soube reanimá-lo e fortalecê-lo, e fazer dele um grande evangelizador e um eficacíssimo colaborador de São Pedro e do próprio Paulo, com quem Barnabé continuou unido9. Mais tarde, Paulo demonstrará a maior estima por Marcos10, “como se visse refletida nele a simpatia e as gratas recordações de Barnabé, o amigo da juventude”11.
São Barnabé convida-nos hoje a ter um coração grande na tarefa apostólica, um coração que nos leve a não desanimar facilmente perante os defeitos e retrocessos dos amigos ou parentes que queremos levar ao Senhor, a não deixá-los de lado quando fraquejam ou talvez não correspondam às nossas atenções e à nossa oração. Essa possível falta de correspondência, às vezes aparente, deve levar-nos a exceder-nos no trato com eles, a ter um sorriso mais aberto, a multiplicar o recurso aos meios sobrenaturais.
Fonte: livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal.
11 de Junho 2018
A SANTA MISSA

Memória: São Barnabé, apóstolo
Cor: branca
1ª Leitura: At 11, 21b-26; 13, 1-3
“Barnabé era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé”.
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Naqueles dias, 11,21b Muitas pessoas acreditaram no Evangelho e se converteram ao Senhor. 22 A notícia chegou aos ouvidos da Igreja que estava em Jerusalém. Então enviaram Barnabé até Antioquia. 23 Quando Barnabé chegou e viu a graça que Deus havia concedido, ficou muito alegre e exortou a todos para que permanecessem fiéis ao Senhor, com firmeza de coração. 24 É que ele era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. E uma grande multidão aderiu ao Senhor. 25 Então Barnabé partiu para Tarso, à procura de Saulo. 26 Tendo encontrado Saulo, levou-o a Antioquia. Passaram um ano inteiro trabalhando juntos naquela Igreja, e instruíram uma numerosa multidão. Em Antioquia os discípulos foram, pela primeira vez, chamados com o nome de cristãos. 13,1 Na igreja de Antioquia, havia profetas e doutores. Eram eles: Barnabé, Simeão, chamado o Negro, Lúcio de Cirene, Manaém, que fora criado junto com Herodes, e Saulo.2 Um dia, enquanto celebravam a liturgia, em honra do Senhor, e jejuavam, o Espírito Santo disse: “Separai para mim Barnabé e Saulo, a fim de fazerem o trabalho para o qual eu os chamei”. 3 Então eles jejuaram e rezaram, impuseram as mãos sobre Barnabé e Saulo, e deixaram-nos partir.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 97 (98), 1.2-3ab.3cd-4.5-6(R. cf. 2a)
R. O Senhor fez conhecer seu poder salvador perante as nações.
1 Cantai ao Senhor Deus um canto novo,*
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo*
alcançaram-lhe a vitória. R.
2 O Senhor fez conhecer a salvação,*
e às nações, sua justiça;
3a recordou o seu amor sempre fiel*
3b pela casa de Israel. R.
3c Os confins do universo contemplaram*
3d a salvação do nosso Deus.
4 Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,*
alegrai-vos e exultai! R.
5 Cantai salmos ao Senhor ao som da harpa*
e da cítara suave!
6 Aclamai, com os clarins e as trombetas,*
ao Senhor, o nosso Rei! R.
Evangelho: Mt 10, 7-13
“De graça recebestes, de graça deveis dar!”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 7 “Em vosso caminho, anunciai: `O Reino dos Céus está próximo’. 8 Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar! 9 Não leveis ouro nem prata nem dinheiro nos vossos cintos; 10 nem sacola para o caminho, nem duas túnicas nem sandálias nem bastão, porque o operário tem direito ao seu sustento. 11 Em qualquer cidade ou povoado onde entrardes, informai-vos para saber quem ali seja digno. Hospedai-vos com ele até a vossa partida. 12 Ao entrardes numa casa, saudai-a. 13 Se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; se ela não for digna, volte para vós a vossa paz.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Santa Alice
10 de Junho
Santa Alice
O nome “Alice”, segundo alguns linguistas, é de origem grega e significa “marinha”; assim são chamados também certos peixinhos. Na mitologia pagã chamou-se Alice uma das ninfas, e precisamente a ninfa marinha, uma Ondina. Mas na hagiografia cristã, Alice é conhecida com o nome germânico de Adelaide. Uma primeira Adelaide, ou Alice, é festejada a 5 de fevereiro, abadessa de Willich, na Alemanha. Outra, é festejada a 24 de agosto, irmã de santo Edmundo de Cantuária, e governou, no século XIII, o mosteiro de Catesby, na Inglaterra.
A santa de hoje, além de Adelaide e Alice, é também chamada Aleida ou Alida, e é talvez a mais comovente das três figuras femininas que trazem este nome. A sua santidade foi, de fato, paga a preço de longa e terrível doença, uma das doenças mais temidas e temíveis da Idade Média, que condenava todos os que eram atacados por ela a verdadeira morte civil, além da lenta morte física: a lepra.
Nascida perto de Bruxelas, no início do século XIII, mostrou-se desde pequena dotada de inteligência e espírito precoces. Aos 7 anos de idade foi acolhida na abadia beneditina feminina de Cambre, na Bélgica, onde maravilhou as religiosas por sua memória excepcional e por sua ardente piedade. Aos 9 anos, o vento do milagre começou a soprar em torno dela.
Infelizmente, a jovem contraiu também precocemente a inexorável lepra. Se estivesse ainda no mundo, teria sido segregada e evitada com uma crueldade justificada apenas pelo medo da terrível doença. Estando já segregada num mosteiro, Alice foi rigorosamente isolada do resto da comunidade, enclausurada para sempre num sótão.
Esse foi o purgatório terreno da monja leprosa, cujas dores foram consoladas por companhias celestes e aliviadas por sua profunda devoção ao Sagrado Coração de Jesus, que ela amou ternamente, muito antes que a devoção mesma fosse aprovada e adotada pela Igreja.
Os seus membros se escamavam sob a ação da lepra. Perdeu a vista; mas de seus olhos ela fez uma oferta a Deus pelo bem dos outros. Em 1249, já reduzida a condições extremas, foi-lhe dada a unção dos enfermos. Mas ela agonizou por um ano inteiro, completando assim, à custa de penas indizíveis, o seu purgatório na terra. Morreu a 11 de junho de 1250.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.
TEMPO COMUM. DÉCIMO DOMINGO. CICLO B
– A natureza humana em estado de justiça e de santidade.
I. DEUS SITUOU O HOMEM no cume da Criação para que dominasse sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos e sobre todos os répteis que se arrastam pela terra1. Por isso dotou-o de inteligência e vontade, de modo que oferecesse livremente ao seu Criador uma glória muito mais excelente do que a que lhe prestam as demais criaturas.
Enriqueceu-o, além disso, com os dons da imunidade da morte, da concupiscência e da ignorância, chamados dons preternaturais, pelos quais não podia enganar-se ao conhecer e ficava livre de todo o erro; o próprio corpo gozava de imortalidade, “não por virtude própria, mas por uma força sobrenatural impressa na alma, que preservava o corpo da corrupção enquanto estivesse unido a Deus”2.
Levado pelo seu amor, Deus foi ainda mais longe e decretou também a elevação sobrenatural do homem, para que tomasse parte na sua vida divina3 e conhecesse de alguma forma os seus mistérios íntimos, que superam absolutamente todas as exigências naturais. Para isso, revestiu-o gratuitamente da graça santificante4 e das virtudes e dons sobrenaturais, constituindo-o em santidade e justiça e capacitando-o para agir sobrenaturalmente5.
Esta ação divina teve lugar na pessoa de Adão, mas Deus contemplava nele todo o gênero humano. O dom de justiça e santidade originais foi-lhe conferido “não enquanto pessoa singular, mas enquanto princípio geral de toda a natureza humana, de modo que depois dele se propagasse mediante a geração a todos os homens que viessem a seguir”6.
Todos deveríamos nascer em estado de amizade com Deus e com a alma e o corpo embelezados pelas perfeições outorgadas pelo Senhor. E, no momento devido, o Senhor confirmaria cada homem na graça, arrebatando-o da terra sem dor e sem passar pelo transe da morte, para fazê-lo gozar da sua felicidade eterna no Céu.
Este foi o plano divino, repleto de bondade para com o gênero humano. Em face dele, devemos agora deter-nos a agradecer ao Senhor a sua magnanimidade infinita para com o ser humano, o seu esbanjamento de amor por umas criaturas de que absolutamente não precisava.
Louvai o Senhor, porque Ele é bom.
– Transmissão do pecado original e das suas conseqüências. A luta contra o pecado.
II. “A PRESENÇA DA JUSTIÇA original e da perfeição no homem, criado à imagem de Deus [...], não excluía que esse homem, enquanto criatura dotada de liberdade, fosse submetido desde o princípio, como os demais seres espirituais, à prova da liberdade”7. Deus impôs-lhe uma única condição: Podes comer de todas as árvores do paraíso, mas não comerás da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia que dela comeres, certamente morrerás8.
Conhecemos pela Sagrada Escritura a triste transgressão dessa ordem do Senhor, e hoje a primeira Leitura da Missa9 descreve-nos o estado a que o homem ficou reduzido depois do seu ato de desobediência. Quebrou-se imediatamente a sua sujeição ao Criador e desintegrou-se a harmonia que havia nas suas potências: perdeu a santidade e a justiça originais, o dom da imortalidade, e caiu “no cativeiro daquele que tem o império da morte (Hebr 2, 14), ou seja, do diabo; e toda a pessoa de Adão, por aquela ofensa de prevaricação, foi mudada para pior no corpo e na alma”10.
Assim cometeram os nossos primeiros pais o pecado original no começo da história, um pecado que se propaga por geração a cada homem que vem a este mundo11.
A realidade desse pecado e o conflito que cria na intimidade de cada homem é um dado que se comprova facilmente. A fé explica a sua origem, mas todos experimentamos as suas conseqüências. “O que a Revelação divina nos diz coincide com a experiência. O homem, com efeito, quando examina o seu coração, comprova a sua inclinação para o mal e sente-se afogado em muitos males que não podem ter a sua origem no seu santo Criador”12.
Paulo VI ensina que o homem nasce em pecado, com uma natureza caída que já não possui o dom da graça de que outrora estava adornada, antes está ferida nas suas próprias forças naturais e submetida ao império da morte. Além disso, “o pecado original transmite-se juntamente com a natureza humana, por propagação, não por imitação”, e “encontra-se em cada um como próprio”13.
Com efeito, dá-se uma misteriosa solidariedade de todos os homens em Adão, de modo que “todos podem considerar-se como um só homem, enquanto a todos convém uma mesma natureza recebida do primeiro pai”14. Mas a solidariedade da graça que unia todos os homens em Adão antes da sua falta, transformou-se em solidariedade no pecado. “Por isso, assim como a justiça original se teria transmitido aos descendentes, assim se transmitiu a desordem”15.
O espetáculo que o mal apresenta no mundo e em nós, as tendências e os instintos do corpo que não se submetem à razão, convencem-nos da profunda verdade contida na Revelação e incitam-nos a lutar contra o pecado, único verdadeiro mal e raiz de todos os males que existem no mundo.
“Quanta miséria! Quantas ofensas! As minhas, as tuas, as da humanidade inteira...
“Et in peccatis concepit me mater mea! (Sl 50, 7). E minha mãe concebeu-me no pecado. Nasci, como todos os homens, manchado com a culpa dos nossos primeiros pais. Depois..., os meus pecados pessoais: rebeldias pensadas, desejadas, cometidas...
“Para nos purificar dessa podridão, Jesus quis humilhar-se e tomar a forma de servo (cfr. Flp 2, 7), encarnando-se nas entranhas sem mácula de Nossa Senhora, sua Mãe e Mãe tua e minha. Passou trinta anos de obscuridade, trabalhando como outro qualquer, junto de José. Pregou. Fez milagres... E nós lhe pagamos com uma Cruz.
“Precisas de mais motivos para a contrição?”16
– Orientar novamente para Deus as realidades humanas.
III. O SENHOR EXPULSOU os nossos primeiros pais do Paraíso17, indicando assim que os homens viriam ao mundo em estado de separação de Deus. Em vez dos dons sobrenaturais, Adão e Eva transmitiram-nos o pecado. Perderam a herança que deveriam deixar aos seus descendentes, e já entre os seus primeiros filhos se fizeram notar imediatamente as conseqüências do pecado: Caim mata Abel por inveja.
Da mesma forma, todos os males pessoais e sociais têm a sua origem no primeiro pecado do homem. Embora o Batismo perdoe totalmente a culpa e a pena do pecado original, bem como os pecados que se possam ter cometido pessoalmente antes de tê-lo recebido, não livra, no entanto, dos efeitos do pecado: o homem continua sujeito ao erro, à concupiscência e à morte.
O pecado original foi um pecado de soberba18. E cada um de nós cai também na mesma tentação de orgulho quando procura ocupar o lugar de Deus, quer na vida privada, quer na sociedade: Sereis como deuses19. São as mesmas palavras que o homem ouve no meio da desordem dos seus sentidos e potências. Tal como no princípio, também agora busca ele a autonomia que o converta em árbitro do bem e do mal, e esquece-se de que o seu maior bem consiste no amor e na submissão ao seu Criador; de que só nEle é que se recuperam a paz, a harmonia dos instintos e sentidos, bem como todos os demais bens.
A nossa ação apostólica no meio do mundo mover-nos-á a situar cada homem e as suas obras (o ordenamento jurídico, o trabalho, o ensino...) no legítimo lugar que lhes cabe em face do seu Criador. Quando Deus está presente num povo, numa sociedade, a convivência torna-se mais humana. Não existe solução alguma para os conflitos que assolam o mundo, para uma maior justiça social, que não passe antes por uma aproximação de Deus, por uma conversão do coração. O mal está na raiz – no coração do homem –, e é aí que é preciso curá-lo. A doutrina sobre o pecado original, tão ativo hoje no homem e na sociedade, é um ponto fundamental que não se pode esquecer na catequese e em todo o trabalho de formação cristã.
Perante um mundo que parece girar fora dos eixos, não podemos cruzar os braços como quem nada pode diante de uma situação que o supera. Não é necessário que intervenhamos nas grandes decisões, que talvez não nos digam respeito, mas devemos fazê-lo nesses campos que Deus pôs ao nosso alcance para que lhes demos uma orientação cristã.
A nossa Mãe Santa Maria, que “foi preservada imune de toda a mancha da culpa do pecado original desde o primeiro instante da sua concepção imaculada, por singular graça e privilégio”20 de Deus, há de ensinar-nos a ir à raiz dos males que nos afetam, ajudando-nos a fortalecer em primeiro lugar e em cada situação a nossa amizade com Deus.
(1) Gên 1, 26; (2) São Tomás, Suma Teológica, I, q. 97, a. 1; (3) cfr. Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 2; (4) cfr. Pio XII, Enc. Humani generis, 12-VIII-1950; (5) cfr. Conc. de Trento, Sessão V, can. 1; (6) São Tomás, De malo, q. 4, a. 1; (7) João Paulo II, Alocução, 3-IX-1986; (8) Gên 2, 17; Primeira leitura da Missa do décimo domingo do TC, ciclo B; (9) Gên 3, 9-15; (10) Conc. de Trento, Sessão V, can. 1; (11) cfr. Conc. de Orange, can. 2; (12) Conc. Vat. II, Const. Gaudium et spes, 13; (13) Paulo VI, Credo do Povo de Deus, 16; (14) São Tomás, Suma Teológica, I-II, q. 81, a. 1; (15) ib., q. 81, a. 2; (16) Josemaría Escrivá, Via Sacra, IVª est., n. 2; (17) Gên 3, 23; (18) cfr. São Tomás, op. cit., II-II, q. 163, a. 1; (19) Gên 3, 5; (20) Pio IX, Bula Ineffabilis Deus, 8-XII-1854.
Fonte: livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal.
10 de Junho 2018
A SANTA MISSA

10º Domingo do tempo comum – Ano B
Cor: verde
1ª Leitura: Gn 3, 9-15
“Porei inimizade entre a tua descendência e a descendência da mulher”.
Leitura do Livro do Gênesis
Depois que o homem comeu da fruta da árvore, 9 o Senhor Deus chamou Adão, dizendo: ‘Onde estás?’ 10 E ele respondeu: ‘Ouvi tua voz no jardim, e fiquei com medo, porque estava nu; e me escondi’. 11 Disse-lhe o Senhor Deus: ‘E quem te disse que estavas nu? Então comeste da árvore, de cujo fruto te proibi comer?’ 12 Adão disse: ‘A mulher que tu me deste por companheira, foi ela que me deu do fruto da árvore, e eu comi’. 13 Disse o Senhor Deus à mulher: ‘Por que fizeste isso?’ E a mulher respondeu: ‘A serpente enganou-me e eu comi’. 14 Então o Senhor Deus disse à serpente: ‘Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais domésticos e todos os animais selvagens! Rastejarás sobre o ventre e comerás pó todos os dias da tua vida! 15 Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar’.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 129(130), 1-2.3-4ab.4c-6.7-8(R. 7)
R. No Senhor toda graça e redenção!
1 Das profundezas eu clamo a vós, Senhor,*
2 escutai a minha voz!
Vossos ouvidos estejam bem atentos*
ao clamor da minha prece! R.
3 Se levardes em conta nossas faltas,*
quem haverá de subsistir?
4 Mas em vós se encontra o perdão,*
eu vos temo e em vós espero. R.
5 No Senhor ponho a minha esperança,*
espero em sua palavra.
6 A minh’alma espera no Senhor*
mais que o vigia pela aurora. R.
7 Espere Israel pelo Senhor,*
pois no Senhor se encontra toda graça
e copiosa redenção.
8 Ele vem libertar a Israel*
de toda a sua culpa. R.
2ª Leitura: 2 Cor 4, 13 – 5, 1
“Nós também cremos e, por isso, falamos”.
Leitura da Segunda Carta de São Paulo apóstolo aos Coríntios
Irmãos: 13 Sustentados pelo mesmo espírito de fé, conforme o que está escrito: ‘Eu creio e, por isso, falei’, nós também cremos e, por isso, falamos, 14 certos de que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também com Jesus e nos colocará ao seu lado, juntamente convosco. 15 E tudo isso é por causa de vós, para que a abundância da graça em um número maior de pessoas faça crescer a ação de graças para a glória de Deus. 16 Por isso, não desanimamos. Mesmo se o nosso homem exterior se vai arruinando, o nosso homem interior, pelo contrário, vai-se renovando, dia a dia. 17 Com efeito, o volume insignificante de uma tribulação momentânea acarreta para nós uma glória eterna e incomensurável. 18 E isso acontece, porque voltamos os nossos olhares para as coisas invisíveis e não para as coisas visíveis. Pois o que é visível é passageiro, mas o que é invisível é eterno. 5,1 De fato, sabemos que, se a tenda em que moramos neste mundo for destruída, Deus nos dá uma outra moradia no céu que não é obra de mãos humanas, mas que é eterna.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Evangelho: Mc 3, 20-35
“Satanás será destruído.”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo: 20 Jesus voltou para casa com os seus discípulos. E de novo se reuniu tanta gente que eles nem sequer podiam comer. 21 Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si. 22 Os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Belzebu, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios. 23 Então Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: ‘Como é que Satanás pode expulsar a Satanás? 24 Se um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se. 25 Se uma família se divide contra si mesma, ela não poderá manter-se. 26 Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído. 27 Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa. 28 Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. 29 Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno’. 30 Jesus falou isso, porque diziam: ‘Ele está possuído por um espírito mau’. 31 Nisso chegaram sua móe e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. 32 Havia uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: ‘Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura’. 33 Ele respondeu: ‘Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?’ 34 E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: ‘Aqui estão minha mãe e meus irmãos. 35 Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe’.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
09 de Junho 2018
A SANTA MISSA

Memória: Imaculado Coração de Maria
Cor: branca
1ª Leitura: Is 61,9-11
“Exulto de alegria no Senhor.”
Leitura do Livro do Profeta Isaías
9 A descendência do meu povo será conhecida entre as naçðes, e seus filhos se fixarão no meio dos povos; quem os vir há de reconhecê-los como descendentes abençoados por Deus. 10 Exulto de alegria no Senhor e minh’alma regozija-se em meu Deus; ele me vestiu com as vestes da salvação, envolveu-me com o manto da justiça e adornou-me como um noivo com sua coroa, ou uma noiva com suas jóias. 11 Assim como a terra faz brotar a planta e o jardim faz germinar a semente, assim o Senhor Deus fará germinar a justiça e a sua glória diante de todas as nações.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: 1Sm 2,1.4-5.6-7 8abcd (R. cf. 1a)
R. Meu coração se regozija no Senhor.
1 Exulta no Senhor meu coração, *
e se eleva a minha fronte no meu Deus;
minha boca desafia os meus rivais *
porque me alegro com a vossa salvação. R.
4 O arco dos fortes foi dobrado, foi quebrado, *
mas os fracos se vestiram de vigor.
5 Os saciados se empregaram por um pão, *
mas os pobres e os famintos se fartaram.
Muitas vezes deu à luz a que era estéril, *
mas a mãe de muitos filhos definhou. R.
6 É o Senhor quem dá a morte e dá a vida, *
faz descer à sepultura e faz voltar;
7 é o Senhor quem faz o pobre e faz o rico, *
é o Senhor quem nos humilha e nos exalta. R.
8a O Senhor ergue do pó o homem fraco, *
8b do lixo ele retira o indigente,
8c para fazê-los assentar-se com os nobres *
8d num lugar de muita honra e distinção. R.
Evangelho: Lc 2,41-51
“Sua mãe conservava no coração todas estas coisas.”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
41 Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. 42 Quando ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume. 43 Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. 44 Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. 45 Não o tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura. 46 Três dias depois, o encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas. 47 Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas. 48 Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados e sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura”. 49 Jesus respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?” 50 Eles, porém, não compreenderam as palavras que lhes dissera. 51 Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
SEXTA-FEIRA DA SEGUNDA SEMANA DEPOIS DE PENTECOSTES.
Amemos, pois, a Deus, porque Deus nos amou primeiro.
– Amor único e pessoal por cada criatura.
NÓS CONHECEMOS E CREMOS no amor que Deus tem por nós. Deus é amor; e quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus nele, podemos ler numa das Leituras da Missa1.
A plenitude da misericórdia de Deus para com os homens manifesta-se pela encarnação do seu Filho Unigênito. Soubemos que Deus nos amava não só por ser esse o contínuo ensinamento de Jesus, mas pela sua presença entre nós, que é a prova máxima desse amor. Ele próprio é a plena revelação de Deus e do seu amor aos homens2. Santo Agostinho ensina que a fonte de todas as graças é o amor de Deus por nós, revelado não só por meio de palavras, mas por atos, isto é, pela sua encarnação3.
Hoje temos de pedir novas luzes para entendermos de um modo mais profundo o amor de Deus por todos os homens, por cada um. Devemos suplicar ao Espírito Santo que, com a sua graça e a nossa correspondência, possamos dizer pessoalmente e de um modo muito vivo: “Eu conheci o amor de Deus por mim”. Chegaremos a essa sabedoria – a única que verdadeiramente importa – se, com a ajuda da graça, meditarmos muitas vezes na Santíssima Humanidade de Jesus: na sua vida, nas suas obras, nos seus padecimentos para nos redimir da escravidão em que nos encontrávamos e nos elevar a uma amizade com Ele que durará pelos séculos sem fim. O Coração de Jesus, um coração com sentimentos humanos, foi o instrumento unido à Divindade que nos fez chegar o seu amor indizível; o Coração de Jesus é o coração de uma Pessoa divina, quer dizer, do Verbo Encarnado, e “por conseguinte, representa e coloca diante dos nossos olhos todo o amor que Ele teve e tem por nós. E aqui está a razão pela qual, na prática, se considera o culto ao Sagrado Coração como a mais completa profissão de fé cristã. Verdadeiramente, a religião de Jesus Cristo fundamenta-se totalmente no Homem-Deus, Medianeiro; de maneira que não se pode chegar ao Coração de Deus a não ser passando pelo Coração de Cristo, conforme o que Ele mesmo afirmou: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim (Jo 14, 6)”4.
“Eu conheci o amor de Deus por mim”
Não houve um só ato da alma de Cristo ou da sua vontade que não tivesse por fim a nossa redenção, que não se propusesse conseguir-nos todas as ajudas para que jamais nos separássemos dEle ou para que voltássemos, se nos extraviamos. Não houve sequer uma só parte do seu corpo que não tivesse padecido pelo nosso amor. Todo o tipo de penas, injúrias e opróbrios, aceitou-os o Senhor alegremente pela nossa salvação. Não restou uma só gota do seu preciosíssimo Sangue que não fosse derramado por nós.
Deus me ama. Esta é a verdade mais consoladora de todas e a que mais ressonâncias práticas deve ter na minha vida. Quem poderá compreender o infinito abismo da bondade de Jesus, manifestada na chamada que recebemos para compartilhar com Ele a sua própria Vida, a sua amizade...? Uma Vida e uma amizade que nem a morte conseguirá romper, antes as tornará mais fortes e mais seguras.
“Deus me ama... E o Apóstolo João escreve: Amemos, pois, a Deus, porque Deus nos amou primeiro. – Como se fosse pouco, Jesus dirige-se a cada um de nós, apesar das nossas inegáveis misérias, para nos perguntar como a Pedro: «Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?»...
“– É o momento de responder: «Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que eu te amo!», acrescentando com humildade: – Ajuda-me a amar-te mais, aumenta o meu amor!”5
– Desagravo e reparação.
II. NA MISSA DESTA SOLENIDADE rezamos: Ó Deus, que no Coração do vosso Filho ferido pelos nossos pecados, depositastes infinitos tesouros de caridade, nós Vos pedimos que, ao prestar-lhe a homenagem do nosso amor, lhe ofereçamos uma generosa reparação”6.
Ao considerarmos uma vez mais, neste tempo de oração, o amor vivo e atual de Jesus por todos os homens, deve brotar dentro de nós uma imensa alegria. Um Deus com um coração de carne como o nosso! Jesus de Nazaré continua a passar pelas nossas ruas e praças fazendo o bem7, como quando estava em carne mortal entre os homens: ajudando, curando, consolando, perdoando, concedendo a vida eterna por meio dos sacramentos... Os tesouros do seu Coração são infinitos, e Ele continua a derramá-los a mãos cheias.
São Paulo ensina que o Senhor, subindo às alturas, levou cativo o cativeiro, e derramou os seus dons sobre os homens8. São incomensuráveis as graças, as inspirações, as ajudas, espirituais e materiais, que recebemos diariamente do Coração amantíssimo de Jesus. No entanto, Ele “não se impõe com atitudes de domínio, mas mendiga um pouco de amor, mostrando-nos em silêncio as suas mãos chagadas”9. Quantas vezes não lhe teremos dito não! Quantas vezes não terá Ele esperado de nós um pouco de amor, de fervor, nessa visita ao Santíssimo, naquela Comunhão...!
Devemos desagravar muito o Coração Sacratíssimo de Jesus: pela nossa vida passada, por tanto tempo perdido, por tantas indelicadezas, por tanta falta de amor... “Peço-te, Senhor – dizemos-lhe com palavras escritas por São Bernardo –, que acolhas a oferenda dos anos que me restam. Não desprezes, meu Deus, este coração contrito e humilhado, por todos os anos que malbaratei”10. Dá-me, Senhor, o dom da contrição por tanta torpeza atual no meu trato e no meu amor por Ti, aumenta-me a aversão por todo o pecado venial deliberado, ensina-me a oferecer-te como expiação as contrariedades físicas e morais de cada dia, o cansaço no trabalho, o esforço por concluir com esmero os trabalhos começados, como Tu desejas.
Diante de tantos e tantos que parecem fugir da graça, não podemos permanecer indiferentes.
“Não peças perdão a Jesus apenas das tuas culpas; não o ames com o teu coração somente...
“Desagrava-o por todas as ofensas que lhe têm feito, que lhe fazem e lhe hão de fazer...; ama-o com toda a força de todos os corações de todos os homens que mais o tenham amado.
“Sê audaz: diz-lhe que estás mais louco por Ele que Maria Madalena, mais que Teresa e Teresinha..., mais apaixonado que Agostinho e Domingos e Francisco, mais que Inácio e Xavier”11.
– Um forno ardente de caridade.
III. AQUELES DOIS DISCÍPULOS que Jesus acompanhou enquanto iam a caminho de Emaús reconheceram-no por fim ao partir o pão, depois de umas horas de caminhada. E disseram um para o outro: Não ardia o nosso coração dentro de nós enquanto nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?12 Os seus corações, que pouco antes estavam apagados, desalentados, tristes, agora estão cheios de fervor e de alegria. Isto teria sido motivo suficiente para reconhecerem que Cristo os acompanhava, pois esse é o efeito produzido por Jesus naqueles que estão perto do seu Coração amabilíssimo. Foi o que aconteceu naquela ocasião e é o que acontece todos os dias.
Nessa “arca preciosíssima” que é o Coração de Jesus, encontra-se a plenitude de toda a caridade. Dom por excelência do Coração de Cristo e do seu Espírito, “foi a caridade que deu aos Apóstolos e aos mártires a fortaleza necessária para anunciarem e testemunharem a verdade evangélica, até derramarem o seu sangue por ela”13. Pela caridade teremos a firmeza necessária para dar a conhecer Cristo, pois é no trato com Cristo que se ateia o verdadeiro zelo apostólico, capaz de perdurar por cima dos aparentes fracassos, dos obstáculos de um ambiente que às vezes parece fugir de Jesus.
O amigo faz chegar ao amigo aquilo que tem de melhor, e é por isso que temos que dar a conhecer Jesus aos nossos parentes, amigos e colegas de profissão. Não possuímos nada que se possa comparar ao fato de termos conhecido Jesus, e nEle encontramos uma fogueira acesa de caridade pelas almas, como rezamos na Ladainha do Sagrado Coração.
“A fogueira arde – comentava o Papa João Paulo II –, e, ao arder, queima todo o material, quer seja lenha ou outra substância facilmente combustível. Pois bem, o Coração de Jesus, o Coração humano de Jesus, queima com o amor que possui, o amor ao Pai Eterno e o amor aos homens, aos seus filhos e filhas adotivos.
“A fogueira, queimando, apaga-se pouco a pouco, mas o Coração de Jesus é fogo inextinguível. Nisto se parece com a sarça ardente do livro do Êxodo, no meio da qual Deus se revelou a Moisés: com essa sarça que ardia com o fogo..., mas não se consumia (Ex 3, 2).
“Efetivamente, o amor que arde no Coração de Jesus é sobretudo o Espírito Santo, em quem Deus-Filho se une eternamente ao Pai. O Coração de Jesus, o Coração humano de Deus-Homem, está abrasado pela chama viva do Amor trinitário que jamais se extingue.
“Coração de Jesus, fogueira ardente de caridade. A fogueira, enquanto arde, ilumina as trevas da noite e aquece os corpos dos viajantes que tiritam de frio.
“Hoje, queremos dirigir-nos à Mãe do Verbo Eterno e suplicar-lhe que, no horizonte da vida de cada um de nós, jamais cesse de arder o Coração de Jesus,fogueira ardente de caridade; que Ele nos revele o Amor que não se extingue nem dormita, o Amor eterno; que ilumine as trevas da noite terrena e aqueça os corações.
“Agradecidos pelo único amor capaz de transformar o mundo e a vida humana, dirigimo-nos com a Virgem Imaculada, no momento da Anunciação, ao Coração Divino que não cessa de ser fogueira ardente de caridade. Ardente: como a sarça que Moisés viu no monte Horeb”14.
(1) 1 Jo 4, 16; Segunda leitura da Missa da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, ciclo A; (2) cfr. Jo 1, 18; Hebr 1, 1; (3) cfr. Santo Agostinho, Tratado sobre a Trindade, 9, 10; (4) Pio XII, Enc. Haurietis aquas, 15-V-1956; (5) Josemaría Escrivá, Forja, n. 497; (6) Oração coleta,ib.; (7) cfr. At 10, 38; (8) Ef 4, 8; (9) Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 179; (10) São Bernardo, Sermão 20, 1; (11) Josemaría Escrivá Caminho, n. 402; (12) Lc 24, 32; (13) Pio XII, op. cit., 23; (14) João Paulo II, Angelus, 23-VI-1985.
Fonte: livro “Falar com Deus”, de Francisco Fernández Carvajal.
08 de Junho 2018
A SANTA MISSA

Solenidade do Sagrado Coração de Jesus – Ano B
Cor: branca
1ª Leitura: Os 11, 1.3-4.8c-9
“Meu coração comove-se no íntimo”.
Leitura da Profecia de Oséias
Assim diz o Senhor: 1 ‘Quando Israel era criança, eu já o amava, e desde o Egito chamei meu filho. 3 Ensinei Efraim a dar os primeiros passos, tomei-o em meus braços, mas eles não reconheceram que eu cuidava deles. 4 Eu os atraía com laços de humanidade, com laços de amor; era para eles como quem leva uma criança ao colo, e rebaixava-me a dar-lhes de comer. 8c Meu coração comove-se no íntimo e arde de compaixão. 9 Não darei largas à minha ira, não voltarei a destruir Efraim, eu sou Deus, e não homem; o santo no meio de vós, e não me servirei do terror.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Is 12, 2-3.4bcd.5-6(R. cf. 3)
R. Com alegria bebereis do manancial da salvação.
2 Eis o Deus, meu Salvador, eu confio e nada temo; +
o Senhor é minha força, meu louvor e salvação.
3 Com alegria bebereis no manancial da salvação. R.
4 e direis naquele dia: ‘Dai louvores ao Senhor, +
invocai seu santo nome, anunciai suas maravilhas,*
entre os povos proclamai que seu nome é o mais sublime. R.
5 Louvai cantando ao nosso Deus, que fez prodígios e portentos,*
publicai em toda a terra suas grandes maravilhas!
6 Exultai cantando alegres, habitantes de Sião,*
porque é grande em vosso meio o Deus Santo de Israel!’ R.
2ª Leitura: Ef 3, 8-12.14-19
“Conhecer o amor de Cristo que ultrapassa todo conhecimento”.
Leitura da Carta de São Paulo apóstolo aos Efésios
Irmãos: 8 Eu, que sou o último de todos os santos, recebi esta graça de anunciar aos pagãos a insondável riqueza de Cristo 9 e de mostrar a todos como Deus realiza o mistério desde sempre escondido nele, o criador do universo. 10 Assim, doravante, as autoridades e poderes nos céus conhecem, graças à Igreja, a multiforme sabedoria de Deus, 11 de acordo com o desígnio eterno que ele executou em Jesus Cristo, nosso Senhor. 12 Em Cristo nós temos, pela fé nele, a liberdade de nos aproximarmos de Deus com toda a confiança. 14 É por isso que dobro os joelhos diante do Pai, 15 de quem toda e qualquer família recebe seu nome, no céu e sobre a terra. 16 Que ele vos conceda, segundo a riqueza da sua glória, serdes robustecidos, por seu Espírito, quanto ao homem interior, 17 que ele faça habitar, pela fé, Cristo em vossos corações, que estejais enraizados e fundados no amor. 18 Tereis assim a capacidade de compreender, com todos os santos, qual a largura, o comprimento, a altura, a profundidade, 19 e de conhecer o amor de Cristo, que ultrapassa todo conhecimento, a fim de que sejais cumulados até receber toda a plenitude de Deus.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Evangelho: Jo 19, 31-37
“Um soldado abriu-lhe o lado com uma lança e logo saiu sangue e água”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
31 Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz. 32 Os soldados foram e quebraram as pernas de um e depois do outro que foram crucificados com Jesus. 33 Ao se aproximarem de Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; 34 mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. 35 Aquele que viu, dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis. 36 Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: ‘Não quebrarão nenhum dos seus ossos’. 37 E outra Escritura ainda diz: ‘Olharão para aquele que traspassaram’.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
07 de Junho 2018
A SANTA MISSA

9ª Semana do Tempo Comum – Quinta-feira
Cor: verde
1ª Leitura: 2Tm 2, 8-15
“A palavra de Deus não está acorrentada.
Se morremos com Cristo, também com Ele viveremos.”
Leitura da Segunda Carta de São Paulo apóstolo a Timóteo
Caríssimo:Lembra-te de que Jesus Cristo, descendente de Davi, ressuscitou dos mortos, segundo o meu Evangelho, pelo qual eu sofro, até ao ponto de estar preso a estas cadeias como um malfeitor.Mas a palavra de Deus não está encadeada. Por isso, tudo suporto por causa dos eleitos, para que obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com a glória eterna.É digna de fé esta palavra: Se morremos com Cristo, também com Ele viveremos; se sofremos com Cristo, também com Ele reinaremos; se O negarmos, também Ele nos negará; se Lhe formos infiéis, Ele permanece fiel, porque não pode negar-Se a Si mesmo. Recomenda estas coisas, declarando, na presença de Deus, que é preciso evitar contendas de palavras, que não servem para nada, senão para a perdição dos que as ouvem. Procura com todo o empenho apresentar-te diante de Deus como homem de vida comprovada, como operário que nada tem de que se envergonhar e dispenseiro fiel da palavra da verdade.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 24 (25), 4bc-5ab.8-9.10 e 14(R. 4a)
R. Ensinai-me, Senhor, os vossos caminhos.
Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,
ensinai-me as vossas veredas.
Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me,
porque Vós sois Deus, meu Salvador. R.
O Senhor é bom e reto,
ensina o caminho aos pecadores.
Orienta os humildes na justiça
e dá-lhes a conhecer os seus caminhos. R.
Os caminhos do Senhor são misericórdia e fidelidade
para os que guardam a sua aliança e os seus preceitos.
O Senhor trata com familiaridade os que O temem
e dá-lhes a conhecer a sua aliança. R.
Evangelho: Mc 12, 28b-34
“Não há nenhum mandamento maior que estes.”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, aproximou-se de Jesus um escriba e perguntou-Lhe: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?”. Jesus respondeu: “O primeiro é este: ‘Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’. O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior que estes”. Disse-Lhe o escriba: “Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus é único e não há outro além d’Ele. Amá-l’O com todo o coração, com toda a inteligência e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios”. Ao ver que o escriba dera uma resposta inteligente, Jesus disse-lhe: “Não estás longe do reino de Deus”. E ninguém mais se atrevia a interrogá-l’O.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!