21 de Julho 2018
A SANTA MISSA

15ª Semana do Tempo Comum – Sábado
Cor: verde
1ª Leitura: Mq 2,1-5
“Cobiçam campos, e tomam-nos com violência,
cobiçam casas, e roubam-nas”.
Leitura da Profecia de Miquéias
1 Ai dos que tramam a iniqüidade e se ocupam de maldades ainda em seus leitos! Ao amanhecer do dia, executam tudo o que está em poder de suas mãos. 2 Cobiçam campos, e tomam-nos com violência, cobiçam casas, e roubam-nas. Oprimem o dono e sua casa, o proprietário e seus bens. 3 Isto diz o Senhor: “Eis que tenciono enviar sobre esta geração perversa uma desgraça de onde não livrareis vossos pescoços; não podereis andar de cabeça erguida, porque serão tempos desastrosos. 4 Naquele dia, sereis assunto de uma alegoria, de uma canção triste que diz: ‘Fomos inteiramente devastados; a parte de meu povo que passou a outro por ninguém lhe será restituída; os nossos campos são repartidos entre infiéis.’ 5 Por isso, não terás na assembleia do Senhor quem meça com cordel as porções consignadas por sorte.”
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 9 B (10),22-23.24-25. 28-29. 35 (R. 12b)
R. O Senhor não se esquece do clamor dos aflitos.
22Ó Senhor, por que ficais assim tão longe, *
e, no tempo da aflição, vos escondeis,
23enquanto o pecador se ensoberbece, *
o pobre sofre e cai no laço do malvado? R.
24 O ímpio se gloria em seus excessos, *
blasfema o avarento e vos despreza;
25 em seu orgulho ele diz: ‘Não há castigo! *
Deus não existe!’ R.
28 Só há maldade e violência em sua boca, *
em sua língua, só mentira e falsidade.
29 Arma emboscadas nas saídas das aldeias, *
mata inocentes em lugares escondidos. R.
35 Vós, porém, vedes a dor e o sofrimento, *
vós olhais e tomais tudo em vossas mãos!
A vós o pobre se abandona confiante, *
sois dos órfãos vigilante protetor. R.
Evangelho: Mt 12,14-21
“E ordenou-lhes que não dissessem quem ele era,
para se cumprir o que foi dito”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo: 14 Os fariseus saíram e fizeram um plano para matar Jesus. 15 Ao saber disso, Jesus retirou-se dali. Grandes multidões o seguiram, e ele curou a todos. 16 E ordenou-lhes que não dissessem quem ele era, 17 para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: 18 “Eis o meu servo, que escolhi; o meu amado, no qual coloco a minha afeição; porei sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará às nações o direito. 19 Ele não discutirá, nem gritará, e ninguém ouvirá a sua voz nas praças. 20 Não quebrará o caniço rachado, nem apagará o pavio que ainda fumega, até que faça triunfar o direito.21 Em seu nome as nações depositarão a sua esperança.”
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
20 de Julho 2018
A SANTA MISSA

15ª Semana do Tempo Comum – Sexta-feira
Cor: verde
1ª Leitura: Zc 2,14-17
“Rejubila, alegra-te, cidade de Sião,
eis que venho para habitar no meio de ti”.
Leitura da Profecia de Zacarias
14 “Rejubila, alegra-te, cidade de Sião, eis que venho para habitar no meio de ti, diz o Senhor. 15 Muitas nações se aproximarão do Senhor, naquele dia, e serão o seu povo. Habitarei no meio de ti, e saberás que o Senhor dos exércitos me enviou a ti. 16 O Senhor entrará em posse de Judá, como sua porção na terra santa, e escolherá de novo Jerusalém. 17 Emudeça todo mortal diante do Senhor, ele acaba de levantar-se de sua santa habitação”.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Lc 1,46-47. 48-49. 50-51. 52-53. 54-55 (R. Cf.54b)
R. O Senhor se lembrou de mostrar sua bondade.
46A minh’alma engrandece ao Senhor, *
47e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador, R.
48 pois, ele viu a pequenez de sua serva, *
eis que agora as gerações hão de chamar-me de bendita.
49 O Poderoso fez por mim maravilhas *
e Santo é o seu nome! R.
50 Seu amor, de geração em geração, *
chega a todos que o respeitam.
51 Demonstrou o poder de seu braço, *
dispersou os orgulhosos. R.
52 Derrubou os poderosos de seus tronos *
e os humildes exaltou.
53 De bens saciou os famintos *
e despediu, sem nada, os ricos. R.
54 Acolheu Israel, seu servidor, *
fiel ao seu amor,
55como havia prometido aos nossos pais, *
em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre. R.
Evangelho: Mt 12,46-50
E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse:
“Eis minha mãe e meus irmãos”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo: 46 Enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. 47 Alguém disse a Jesus: ‘Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo.” 48 Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” 49 E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos.50 Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.”
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
O Jugo do Senhor é suave
TEMPO COMUM. DÉCIMA QUINTA SEMANA. QUINTA‑FEIRA
– Jesus Cristo liberta‑nos das cargas mais pesadas.
– Devemos contar com o peso da dor, das contrariedades e dos obstáculos.
– Espírito esportivo, rijeza e alegria para enfrentar tudo aquilo que contraria ou é menos agradável, o que se opõe aos nossos planos ou produz pesar e dor. Fugir do desalento.
I. VINDE A MIM todos os que estais fatigados e sobrecarregados – diz Jesus no Evangelho da Missa1 –, e eu vos aliviarei. O Senhor dirige‑se às multidões que o seguem, maltratadas e abatidas como ovelhas sem pastor2, e liberta‑as dos fardos que as afligem. Os fariseus sobrecarregavam‑nas de minuciosas práticas insuportáveis3, e em troca não lhes davam a paz que almejavam nos seus corações.
Os fardos mais pesados dos homens – ensina Santo Agostinho – são os pecados. “Jesus diz aos homens que carregam fardos tão pesados e detestáveis e que suam em vão debaixo deles: Vinde a mim... e eu vos aliviarei. Como alivia os sobrecarregados pelos pecados, senão mediante o perdão dos mesmos?”4 Cada confissão é libertadora, porque os pecados – mesmo os veniais – afogam e oprimem. Saímos desse sacramento restaurados, dispostos a lutar novamente, cheios de paz. “É como se o Senhor dissesse: todos os que andais atormentados, aflitos e carregados sob o fardo dos vossos cuidados e desejos, abandonai‑os, vindo a Mim, e Eu vos recrearei, e encontrareis para as vossas almas o descanso que vos foi tirado pelas vossas paixões”5.
O Senhor, em troca desses fardos do pecado, da soberba, da falta de generosidade..., convida‑nos a partilhar do seu próprio jugo. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu peso leve... E Santo Agostinho comenta: “Este jugo não é um peso para quem o carrega, mas asas para quem vai voar”6. Os compromissos próprios da nossa vocação cristã e aquela parte da Cruz que nos cabe a cada um são um doce peso; e esta amável carga permite‑nos remontar até o próprio Deus.
Além disso, junto de Cristo, as dificuldades e os obstáculos adquirem um sentido totalmente diferente. Em vez de serem a “nossa cruz”, convertem‑se na Cruz de Cristo, com a qual corredimimos, ao mesmo tempo que as nossas faltas se purificam e as nossas virtudes crescem. E, no entanto, levanta‑se tantas vezes ao nosso redor a voz de pessoas boas, mas sem uma fé viva, imersas no comodismo, que não entendem o sacrifício. “Esse caminho é muito difícil, disse‑te ele. E, ao ouvi‑lo, concordaste ufano, lembrando‑te de que a Cruz é o sinal certo do caminho verdadeiro... Mas o teu amigo reparou somente na parte áspera da senda, sem ter em conta a promessa de Jesus: «O meu jugo é suave».
“Lembra‑lhe isso, porque – quando o souber – talvez se entregue”7, talvez venha a compreender melhor que ele também foi chamado à santidade.
Devemos proclamar aos quatro ventos que o caminho que segue de perto os passos de Jesus é um caminho cheio de alegria, de otimismo e de paz, ainda que sempre estejamos perto da Cruz. E precisamente dessas tribulações, acolhidas por amor a Deus, tiraremos frutos extraordinários. “Recorda‑te – aconselha‑nos São Francisco de Sales – de que as abelhas, no tempo em que estão fabricando o mel, comem e sustentam‑se de um produto muito amargo; e que de igual maneira nós não podemos fazer atos de maior mansidão e paciência, nem compor o mel das melhores virtudes, senão enquanto comemos o pão da amargura e vivemos no meio das aflições”8.
II. É DIFÍCIL, talvez impossível, encontrar uma pessoa que não esteja sofrendo alguma dor, doença ou preocupação de um tipo ou de outro. Não deve acontecer com o cristão o que comenta São Gregório Magno: “Há alguns que querem ser humildes, mas sem serem desprezados; querem contentar‑se com o que têm, mas sem padecer necessidade; ser castos, mas sem mortificar o corpo; ser pacientes, mas sem que ninguém os ultraje. Quando procuram adquirir virtudes, e ao mesmo tempo fogem dos sacrifícios que as virtudes trazem consigo, assemelham‑se aos que, fugindo do campo de batalha, quereriam ganhar a guerra vivendo comodamente na cidade”9. Sem dor e sem esforço, não há virtude.
Devemos contar com dificuldades, com preocupações e com penas; numas épocas, manifestar‑se‑ão de uma forma mais custosa, e em outras, serão mais leves; mas, junto de Cristo, serão sempre suportáveis. Estas contradições – grandes ou pequenas – aceitas e oferecidas a Deus, não oprimem; pelo contrário, preparam a alma para a oração e para ver a Deus nos pequenos acontecimentos da vida. O Senhor não permitirá que nos chegue nenhuma dor, nenhum apuro, que não possamos enfrentar se recorremos a Ele pedindo ajuda. Se alguma vez tropeçamos com uma contrariedade maior, o Senhor nos dará também uma graça maior: “Se Deus te dá a carga, Deus te dará a força”10.
Enquanto estivermos na terra, devemos contar com as dificuldades como coisa normal. Já São Pedro advertia os primeiros cristãos: Caríssimos, quando Deus vos provar com o fogo da tribulação, não vos perturbeis como se vos acontecesse alguma coisa de extraordinário11. Não nos surpreendamos; a senda da felicidade e da eficácia passa precisamente pelo caminho da Cruz: todo o ramo que, unido à videira, dá fruto, o Senhor poda‑o para que dê mais fruto12. Mas nunca nos deixa sozinhos; está sempre junto dos seus, especialmente quando mais se faz notar o peso da vida.
III. DO SENHOR só nos chegam bens. Quando Ele permite a dor, a contrariedade, problemas econômicos ou familiares..., é porque deseja para nós um bem ainda mais valioso.
Freqüentemente, Deus abençoa os que mais ama com a sua Cruz para que saibam levá‑la com garbo humano e sobrenatural. Quando um dia Santa Teresa, já quase no final da vida, se dirigia a uma cidade a fim de iniciar uma nova fundação, encontrou pela frente caminhos impraticáveis e rios que tinham transbordado. Depois de passar a noite, doente e fatigada, numa pousada tão pobre que nem sequer tinha camas13, decidiu prosseguir viagem, porque o Senhor assim lho pedia. Ele tinha‑lhe dito: “Não faças caso destes frios, que Eu sou o verdadeiro calor. O demônio emprega todas as suas forças para impedir essa fundação; emprega‑as tu da minha parte para que se faça, e não deixes de ir pessoalmente, que será grande o proveito”14. O certo é que, no dia seguinte, a Santa decidiu atravessar o rio Arlanzón numas condições tais que, quando a caravana chegou às margens do rio, não se via senão um imenso lençol de água sobre o qual mal se distinguiam as pranchas flutuantes que formavam a ponte15. Os que estavam na margem viram como a carroça onde ela ia oscilava e ficava suspensa à borda da corrente. Teresa pulou, com a água pelos joelhos, mas como estava sem forças, machucou‑se. Dirigiu‑se então ao Mestre em tom amavelmente queixoso: “Senhor, entre tantas dificuldades, e acontece‑me isto!” E Jesus respondeu‑lhe: “Teresa, assim trato Eu os meus amigos”. E a Santa, cheia de engenho e de amor, respondeu‑lhe: “Ah, Senhor, por isso tendes tão poucos!”16Depois, todos voltaram a ficar contentes, “porque, em passando o perigo, era recreação falar dele”17.
O Senhor deseja que enfrentemos as contrariedades com paz, com rijeza, com alegria e confiança nEle, sabendo que nunca “falhou aos seus amigos”, especialmente se estes só desejam fazer a Sua vontade. Junto do Sacrário – enquanto dizemos talvez: Adoro te devote, latens deitas, adoro‑te com devoção, Deus escondido –, verificaremos que, mesmo nos casos aparentemente sem saída, a carga junto de Cristo se torna leve e o seu jugo suave. Ele ajuda‑nos a ter paciência e a encarar os obstáculos com espírito esportivo e, sempre que seja possível, com bom humor, como fizeram os santos. Com esta atitude, fazemos um grande bem à nossa alma e à de todos aqueles que vivem perto de nós.
Espírito esportivo e alegria para enfrentarmos tudo o que nos contraria ou nos é menos grato, o que se opõe aos nossos planos ou produz pesar e dor. E também simplicidade e humildade para não inventarmos problemas e dores que na realidade não existem, para deixarmos de lado as desconfianças, para não complicarmos falsamente a vida.
Porque, ainda que os obstáculos sejam reais e se deva contar com eles, corre‑se por vezes o risco de exagerá‑los, dando‑lhes excessiva importância. Pode acontecer de vez em quando que cheguemos a pensar que não fazemos nada de proveito, que tudo vai de mal a pior, que somos ineficazes na ação apostólica, que o ambiente pesa de tal maneira que não adianta ir contra a corrente... É uma visão deformada das coisas, talvez por não contarmos com a verdadeira realidade: somos filhos de Deus, e nunca nos faltará a graça para alcançarmos um bem muito maior.
Junto do Senhor, e com a proteção de Santa Maria, refugium nostrum et virtus, nosso refúgio e fortaleza, saberemos matizar e definir aquilo que não vai tão bem, pediremos ajuda ao diretor espiritual, e aquilo que nos parecia tão custoso tornar‑se‑á fácil de enfrentar. Este espírito otimista, alegre e cheio de fortaleza, é imprescindível para progredirmos no amor de Deus e para levarmos a cabo uma fecunda atividade apostólica. A alma rodeada de dificuldades robustece‑se, torna‑se generosa e paciente. Nos obstáculos, devemos ver sempre a grande ocasião de nos tornarmos fortes e de amarmos mais.
(1) Mt 11, 28‑30; (2) cfr. Mt 9, 36; (3) cfr. At 15, 10; (4) Santo Agostinho, Sermão 164, 4; (5) São João da Cruz, Subida ao Monte Carmelo, I, 7, 4; (6) Santo Agostinho, op. cit., 7; (7) Josemaría Escrivá, Sulco, n. 198; (8) São Francisco de Sales, Introdução à vida devota, III, 3; (9) São Gregório Magno, Moralia, 7, 28, 34; (10) Josemaría Escrivá, Forja, n. 325; (11) 1 Pe 4, 12; (12) cfr. Jo 15, 2; (13) Santa Teresa de Jesus, Fundações, 27, 12; (14) ib.; (15) cfr. M. Auclair, La vida de Santa Teresa de Jesus, 4ª ed., Palabra, Madrid, 1984, págs. 422‑423; (16) ib.; (17) Santa Teresa de Jesus, Fundações, 31, 17.
Santo Arsênio
19 de Julho
Santo Arsênio 
Santo Arsênio nasceu em Roma, lá pelo ano 354, e pertencia a uma nobre família de senadores. Uma antiga tradição afirma que ele foi ordenado diácono pelo Papa Dâmaso, e que no ano 383 o Imperador Teodósio o levou para Constantinopla, confiando-lhe a missão de educar seus dois filhos, Arcádio e Honório.
Em Constantinopla, Arsênio teria ficado 11 anos. Após uma forte crise espiritual, ele decidiu assumir a vida de eremita. Assim como no tempo das perseguições, o ideal cristão era representado pelo martírio, a partir do século IV passou a ser representado pela renúncia total às coisas do mundo e pela vida de solidão no deserto.
Para viver esse ideal cristão, Arsênio retirou-se para o deserto, fugindo literalmente do mundo e das pessoas. Foi para Alexandria e, no deserto de Cítia, no Egito, juntou-se a uma comunidade. De dia fabricava cestos e passava as noites em oração, comendo e dormindo pouquíssimo.
Embora parecendo muitas vezes rude, descortês, e até inclemente com as pessoas, era o mais terno dos homens. Quer estivesse em oração, quer estivesse fabricando cestos, chorava só ao lembrar-se das palavras de Jesus: “Ninguém possui maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos”.
Muito inteligente, foi um dos eremitas mais iluminados de seu tempo e também um dos mais conhecidos no Egito. Gostava muito de repetir: “Muitas vezes me arrependi do que falei, mas nunca do que não falei”.
Quando sua pequena e tranqüila comunidade foi invadida pelos vândalos, ele foi para Troé, perto de Mênfis, no Egito, onde morreu por volta do ano 412. A biografia de Santo Arsênio foi escrita por São Teodoro, muito tempo depois de sua morte. Além de uma crônica histórica e algumas sentenças sábias, referidas por um amigo de dois discípulos seus, chegou até nós um retrato no qual Arsênio aparece alto, esbelto, e com boa aparência.
Hoje Santo Arsênio que escolheu trocar o conforto do mundo pela solidão do deserto, nos fala da necessidade que todo ser humano tem de “ir ao deserto”, de “fazer deserto”. Falo evidentemente de um deserto que não é necessariamente um lugar geográfico, que não é uma fuga da verdade, nem das lutas e dificuldades, mas de uma oportunidade para entrar em contato com as regiões mais íntimas de seu ser, para se escutar, vez que o encontro com o próprio coração é o ponto de partida para alcançar o coração de Deus.
19 de Junho 2018
A SANTA MISSA

15ª Semana do Tempo Comum – Quinta-feira
Cor: verde
1ª Leitura: Is 26,7-9.12.16-19
“Despertai, cantai louvores, vós que jazeis no pó!”
Leitura do Livro do Profeta Isaías
7 O caminho do justo é reto, e tu ainda aplainas a estrada ao justo. 8 Sim, no caminho dos teus juízos esperamos em ti, Senhor; para o teu nome e para a tua memória volta-se o nosso desejo. 9 Quando vem a noite anseia por ti a minh’alma e com a força do espírito te procuro no meu íntimo. Quando brilharem na terra teus juízos, os habitantes do mundo aprenderão a ser justos. 12 Senhor, hás de dar-nos a paz, como nos deste a mão em nossos trabalhos. 16 Senhor, eles a ti recorreram na angústia; exageraram na superstição, e veio-lhes o teu castigo. 17 Como a mulher grávida, ao aproximar-se o parto geme e chora em suas dores, assim nós, Senhor, em tua presença. 18 Concebemos e sofremos dores de parto, e o que geramos foi vento. Não demos à terra frutos de salvação, não fizemos nascer habitantes para o mundo. 19 Reviverão os teus mortos e se levantarão também os meus mortos. Despertai, cantai louvores, vós que jazeis no pó! Senhor, é orvalho de luz o teu orvalho, e a terra trará à luz os falecidos.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 101,13-14ab.15. 16-18. 19-21 (R. 20b)
R. O Senhor olhou a terra do alto céu.
13 Mas vós, Senhor, permaneceis eternamente, *
de geração em geração sereis lembrado!
14a Levantai-vos, tende pena de Sião, *
14b já é tempo de mostrar misericórdia!
15 Pois vossos servos têm amor aos seus escombros *
e sentem compaixão de sua ruína. R.
16 As nações respeitarão o vosso nome, *
e os reis de toda a terra, a vossa glória;
17 quando o Senhor reconstruir Jerusalém *
e aparecer com gloriosa majestade,
18 ele ouvirá a oração dos oprimidos *
e não desprezará a sua prece. R.
19 Para as futuras gerações se escreva isto, *
e um povo novo a ser criado louve a Deus.
20 Ele inclinou-se de seu templo nas alturas, *
e o Senhor olhou a terra do alto céu,
21 para os gemidos dos cativos escutar *
e da morte libertar os condenados. R.
Evangelho: Mt 11,28-30
“Vinde a mim todos vós que estais cansados”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, tomou Jesus a palavra e disse: 28 Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. 29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. 30 Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
18 de Julho 2018
A SANTA MISSA

15ª Semana do Tempo Comum – Quarta-feira
Cor: verde
1ª Leitura: Is 10,5-7.13-16
“Mas acaso gloria-se o machado,
em detrimento do lenhador que com ele corta?”
Leitura do Livro do Profeta Isaías
Assim fala o Senhor: 5 Ai de Assur, vara de minha cólera, bastão em minhas mãos, instrumento de minha indignação! 6 Eu o envio contra uma nação ímpia e ordeno-lhe, contra um povo que me excita à ira, que o submeta à pilhagem e ao saque, que o calque aos pés como lama nas ruas. 7 Mas ele assim não pensava, seu propósito não era esse; pelo contrário, sua intenção era esmagar e exterminar não poucas nações. 13 Pois diz o rei da Assíria: ‘Realizei isso pela força da minha mão e com minha sagacidade, pois tenho experiência; aboli as fronteiras dos povos, saqueei seus tesouros, e derrubei de golpe os ocupantes de altos postos; 14 minha mão empalmou como um ninho a riqueza dos povos; e como se apanha uma ninhada de ovos, assim ajuntei eu os povos da terra, e não houve quem batesse asa ou abrisse o bico e desse um pio’. 15 Mas acaso gloria-se o machado, em detrimento do lenhador que com ele corta? Ou se exalta a serra contra o serrador que a maneja? Como se a vara movesse quem a levanta e um bastão erguesse aquele que não é madeira. 16 Por isso, enviará o Dominador, Senhor dos exércitos, contra aqueles fortes guerreiros o raquitismo; e abalará sua glória com convulsões que queimam como fogo.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 93,5-6. 7-8. 9-10. 14-15 (R. 14a)
R. O Senhor não rejeita o seu povo.
5Eis que oprimem, Senhor, vosso povo *
e humilham a vossa herança;
6estrangeiro e viúva trucidam, *
e assassinam o pobre e o órfão! R.
7 Eles dizem: ‘O Senhor não nos vê *
e o Deus de Jacó não percebe!’
8 Entendei, ó estultos do povo; *
insensatos, quando é que vereis? R.
9 O que fez o ouvido, não ouve? *
Quem os olhos formou, não verá?
10 Quem educa as nações, não castiga? *
Quem os homens ensina, não sabe? R.
14 O Senhor não rejeita o seu povo *
e não pode esquecer sua herança:
15 voltarão a juízo as sentenças; *
quem é reto andará na justiça. R.
Evangelho: Mt 11,25-27
“Escondeste estas coisas aos sábios e entendidos
e as revelaste aos pequeninos”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
25 Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. 26 Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 27 Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
17 de Julho 2018
A SANTA MISSA

15ª Semana do Tempo Comum – Terça-feira
Memória: Bv. Inácio de Azevedo, presbítero e Comps. mártires
Cor: vermelha
1ª Leitura: Is 7,1-9
“Se não confiardes, não podereis manter-vos firmes”.
Leitura do Livro do Profeta Isaías
1 No tempo de Acaz, filho de Joatão, filho de Ozias, rei de Judá, aconteceu que Rason, rei da Síria, e Facéia, filho de Romelias, rei de Israel, puseram-se em marcha para atacar Jerusalém, mas não conseguiram conquistá-la. 2 Foi dada a notícia à casa de Davi: ‘Os homens da Síria estão acampados em Efraim’. Tremeu o coração do rei e de todo o povo, como as árvores da floresta diante do vento. 3 Então disse o Senhor a Isaías: ‘Vai ao encontro de Acaz com teu filho Sear-Iasub (isto é, ‘um resto voltará’) até a ponta do canal, na piscina superior, na direção da estrada do Campo dos pisadores; 4 e dirás ao rei: Procura estar calmo; não temas nem estremeça o teu coração por causa desses dois pedaços de tição fumegantes, diante da ira furiosa de Rason e da Síria, e do filho de Romelias, 5 por terem a Síria, Efraim e o filho de Romelias conjurado contra ti, dizendo: 6 ‘Vamos atacar Judá, enchê-lo de medo e conquistá-lo para nós, e nomear novo rei, o filho de Tabeel’. 7 Isto diz o Senhor Deus: ‘Este plano fracassará, nada disso se realizará! 8 Que seja Damasco a capital da Síria e Rason o chefe de Damasco; dentro de sessenta e cinco anos deixará Efraim de ser povo; 9 que seja a Samaria capital de Efraim e o filho de Romelias chefe de Efraim. De resto, se não confiardes, não podereis manter-vos firmes’.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 47,2-3a. 3b-4. 5-6. 7-8 (R. 9d)
R. O Senhor estabelece sua cidade para sempre.
2Grande é o Senhor e muito digno de louvores *
na cidade onde ele mora;
3aseu Monte santo, esta colina encantadora *
é a alegria do universo. R.
3b Monte Sião, no extremo norte situado, *
és a mansão do grande Rei!
4 Deus revelou-se em suas fortes cidadelas *
um refúgio poderoso. R.
5 Pois eis que os reis da terra se aliaram, *
e todos juntos avançaram;
6 mal a viram, de pavor estremeceram, *
debandaram perturbados. R.
7 Como as dores da mulher sofrendo parto, *
uma angústia os invadiu;
8 semelhante ao vento leste impetuoso, *
que despedaça as naus de Társis. R.
Evangelho: Mt 11,20-24
“No dia do julgamento, Tiro e Sidônia
serão tratadas com menos dureza do que vós”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo: 20 Jesus começou a censurar as cidades onde fora realizada a maior parte de seus milagres, porque não se tinham convertido. 21 ‘Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se os milagres que se realizaram no meio de vós, tivessem sido feitos em Tiro e Sidônia, há muito tempo elas teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e cobrindo-se de cinza. 22 Pois bem! Eu vos digo: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia serão tratadas com menos dureza do que vós. 23 E tu, Cafarnaum! Acaso serás erguida até o céu? Não! Serás jogada no inferno! Porque, se os milagres que foram realizados no meio de ti tivessem sido feitos em Sodoma, ela existiria até hoje! 24 Eu, porém, vos digo: no dia do juízo, Sodoma será tratada com menos dureza do que vós!’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
16 de Julho 2018
A SANTA MISSA

Memória: Nossa Senhora do Carmo
Cor: branca
1ª Leitura: Zc 2, 14-17
“Rejubila, alegra-te, cidade de Sião,
eis que venho para habitar no meio de ti.”
Leitura da Profecia de Zacarias
14 “Rejubila, alegra-te, cidade de Sião, eis que venho para habitar no meio de ti, diz o Senhor. 15 Muitas nações se aproximarão do Senhor, naquele dia, e serão o seu povo. Habitarei no meio de ti, e saberás que o Senhor dos exércitos me enviou a ti. 16 O Senhor entrará em posse de Judá, como sua porção na terra santa, e escolherá de novo Jerusalém. 17 Emudeça todo mortal diante do Senhor, ele acaba de levantar-se de sua santa habitação”.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Lc 1, 46-47.48-49.50-51.52-53.54-55
R. O Senhor se lembrou de mostrar sua bondade.
46A minh’alma engrandece ao Senhor, *
47e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador, R.
48 pois, ele viu a pequenez de sua serva, *
eis que agora as gerações hão de chamar-me de bendita.
49 O Poderoso fez por mim maravilhas *
e Santo é o seu nome! R.
50 Seu amor, de geração em geração, *
chega a todos que o respeitam.
51 Demonstrou o poder de seu braço, *
dispersou os orgulhosos. R.
52 Derrubou os poderosos de seus tronos *
e os humildes exaltou.
53 De bens saciou os famintos *
e despediu, sem nada, os ricos. R.
54 Acolheu Israel, seu servidor, *
fiel ao seu amor,
55 como havia prometido aos nossos pais, *
em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre. R.
Evangelho: Mt 12, 46-50
“E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse:
‘Eis minha mãe e meus irmãos’.”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo: 46 Enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. 47 Alguém disse a Jesus: ‘Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo.’ 48 Jesus perguntou àquele que tinha falado: ‘Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?’ 49 E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: ‘Eis minha mãe e meus irmãos. 50 Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Nossa Senhora do Carmo
16 de Julho
Nossa Senhora do Carmo 
Hoje a Igreja celebra Nossa Senhora, sob o título de Nossa Senhora do Carmo ou do Monte Carmelo, e que é venerada no Brasil desde os tempos do descobrimento.
Seu culto começou no século XIII, e a partir do século XVIII já havia se estendido por toda a Igreja, propagado pelos carmelitas. A Ordem dos Carmelitas considera o profeta Elias seu patriarca, mas não tem um fundador específico. A Sagrada Escritura fala de um monte de 600 metros de altura, existente entre a Samaria e a Galiléia, chamado Monte Carmelo, palavra que em hebraico significa “Vinha do Senhor”. Nesse monte, segundo a Sagrada Escritura, o profeta Elias enfrentou os profetas de Baal e defendeu a fé do povo de Israel no Deus vivo e verdadeiro.
Por volta do século XII, alguns eremitas retiraram-se para o Monte Carmelo e fundaram aí uma Ordem que ficou conhecida como Ordem dos Carmelitas. O então Patriarca de Jerusalém deu-lhes uma regra baseada no trabalho, na meditação das Escrituras, na devoção a Nossa Senhora e na vida contemplativa e mística.
No século XII os muçulmanos invadiram a Terra Santa, mataram e perseguiram os eremitas do Monte Carmelo. Os que conseguiram escapar fugiram para a Europa. Motivado pelo carisma da Ordem, São Simão Stock, um inglês que nutria um amor muito grande por Maria Santíssima, logo se juntou a eles, e no ano 245 foi eleito superior geral da Ordem.
Nossa Senhora do Carmo é festejada hoje porque segundo uma antiga tradição, foi no dia 16 de julho de 1251, que Simãp Stock, enquanto rezava e pedia a Nossa Senhora um sinal de maternal carinho e proteção para com a Ordem Carmelita, violentamente perseguida, recebeu de suas mãos o escapulário, como penhor de proteção.
A Ordem do Carmo ou dos Carmelitas, nos seus dois setores, masculino e feminino, foi no século XVI reformada por Santa Teresa e São João da Cruz, ficando dividida em dois ramos: a dos Carmelitas Calçados e dos Carmelitas Reformados ou Descalços.
Hoje somos todos chamados a nos entregar aos cuidados maternos de Maria, e a ver no escapulário de Nossa Senhora do Carmo, não um amuleto, nem um talismã que nos livra de todos os perigos, nem tampouco um passaporte visado para o céu, mas um sinal de nosso acolhimento à salvação que nos foi assegurada por Jesus, e que vai se tornando realidade na medida em que acolhemos as exigências de fraternidade e justiça do mundo e rejeitamos tudo o que impede que o homem viva de acordo com a sua dignidade de filho de Deus.
TEMPO COMUM. DÉCIMO QUINTO DOMINGO. CICLO B
– Identidade e missão do sacerdote.
I. TODOS OS BATIZADOS podem aplicar a si próprios as palavras de São Paulo aos cristãos de Éfeso, recolhidas na segunda Leitura da Missa1: O Senhor escolheu‑nos antes da constituição do mundo para que fôssemos santos e imaculados na sua presença, pelo amor. Graças ao Batismo e à Confirmação, todos os fiéis cristãos são linhagem escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo de conquista2, “destinados a oferecer vítimas que sejam agradáveis a Deus por Jesus Cristo”3.
Pela participação no sacerdócio de Cristo, os fiéis cristãos tomam parte ativa na celebração do Sacrifício do Altar e, através das suas tarefas seculares, santificam o mundo, participando dessa missão única da Igreja e realizando‑a por meio da peculiar vocação recebida de Deus: cada um nas suas atividades e nas suas circunstâncias, convertidas dia a dia numa oferenda gratíssima ao Senhor.
Por vontade divina, dentre os fiéis, que possuem o sacerdócio comum, alguns são chamados – mediante o sacramento da Ordem – a exercer o sacerdócio ministerial. Este pressupõe o sacerdócio comum dos fiéis, mas distingue‑se dele essencialmente: pela consagração recebida no sacramento da Ordem, o sacerdote converte‑se em instrumento de Jesus Cristo, a quem empresta todo o seu ser, para levar a todos a graça da Redenção. É um homem escolhido entre os homens, constituído em favor dos homens no que se refere a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados4. Qual é, pois, a identidade do sacerdote? “A de Cristo. Todos os cristãos podem e devem ser não já alter Christus, mas ipse Christus: outros Cristos, o próprio Cristo! Mas no sacerdote isto se dá imediatamente, de forma sacramental”5.
O Senhor, presente de muitas maneiras entre nós, mostra‑se muito próximo na figura do sacerdote. Cada sacerdote é um imenso dom de Deus ao mundo; é Cristo que passa fazendo o bem, curando doenças, dando paz e alegria às consciências; é “o instrumento vivo de Cristo” no mundo6, empresta a Nosso Senhor a sua voz, as mãos, todo o seu ser7. Na Santa Missa, renova – in persona Christi – o próprio Sacrifício redentor do Calvário. Torna presente e eficaz no tempo a Redenção levada a cabo por Cristo. “Jesus – recordava João Paulo II aos sacerdotes brasileiros – identifica‑nos de tal modo consigo no exercício dos poderes que nos conferiu, que a nossa personalidade como que desaparece diante da sua, já que é Ele quem atua por meio de nós”8.
Na Santa Missa, é Jesus Cristo quem muda a substância do pão e do vinho no seu Corpo e no seu Sangue. E “é o próprio Jesus quem, no sacramento da Penitência, pronuncia a palavra autorizada e paterna: Eu te absolvo dos teus pecados. E é Ele quem fala quando o sacerdote, exercendo o seu ministério em nome e no espírito da Igreja, anuncia a palavra de Deus. É o próprio Cristo quem cuida dos doentes, das crianças e dos pecadores, quando o amor e a solicitude pastoral dos ministros sagrados os envolvem”9.
Um sacerdote é mais valioso para a humanidade que todos os bens materiais e humanos juntos. Temos de rezar muito pela santidade dos sacerdotes, temos que ajudá‑los e ampará‑los com a nossa oração e a nossa estima. Devemos ver neles o próprio Cristo.
– Administrador dos tesouros divinos. Dignidade do sacerdote.
II. JESUS ESCOLHE os Apóstolos como seus representantes pessoais, e não apenas como seus mensageiros, profetas e testemunhas.
Esta nova identidade – atuar in persona Christi – deve manifestar‑se numa vida simples e austera, santa. O Evangelho da Missa10 relata‑nos que, quando Jesus enviou os Apóstolos para a primeira missão, recomendou‑lhes que levassem para a caminhada um bastão e nada mais: nem pão, nem alforje, nem dinheiro no cinto...
Deus toma posse daquele que chamou ao sacerdócio, consagra‑o para o serviço dos outros homens, seus irmãos, e confere‑lhe uma nova personalidade. E este homem, eleito e consagrado ao serviço de Deus e dos outros, não o é somente em algumas ocasiões determinadas, por exemplo, quando realiza uma função sagrada, mas “sempre, em todos os momentos, tanto quando exerce o mais alto e sublime ofício como no ato mais vulgar e humilde da vida quotidiana. Exatamente da mesma maneira que um cristão não pode deixar de lado o seu caráter de homem novo, recebido no Batismo, para comportar‑se «como se fosse» um simples homem, também o sacerdote não pode abstrair do seu caráter sacerdotal para se comportar «como se» não fosse sacerdote. Qualquer coisa que faça, qualquer atitude que tome, quer queira, quer não, será sempre a ação e a atitude de um sacerdote, porque ele o é sempre, em todas as horas e até à raiz do seu ser, faça o que fizer e pense o que pensar”11.
O sacerdote é um enviado de Deus ao mundo para que lhe fale da sua salvação, e é constituído administrador dos tesouros de Deus12: o Corpo e o Sangue de Cristo, bem como a graça de Deus por meio dos sacramentos, a palavra divina mediante a pregação, a catequese, os conselhos da Confissão. Está confiada ao sacerdote “a mais divina das obras divinas”, que é a salvação das almas; foi constituído embaixador e medianeiro entre Deus e os homens.
“Saboreio a dignidade da finura humana e sobrenatural destes meus irmãos, espalhados por toda a terra. É de justiça que se vejam rodeados já agora da amizade, da ajuda e do carinho de muitos cristãos. E quando chegar o momento de se apresentarem diante de Deus, Jesus Cristo ir‑lhes‑á ao encontro, para glorificar eternamente aqueles que, no tempo, atuaram em seu nome e na sua Pessoa, derramando com generosidade a graça da qual eram administradores”13.
Meditemos hoje junto do Senhor como é a nossa oração pelos sacerdotes, com que delicadeza os tratamos, como lhes agradecemos que tenham querido corresponder à chamada do Senhor, como os ajudamos a ser fiéis e santos. Peçamos hoje “a Deus Nosso Senhor que nos dê a todos nós, sacerdotes, a graça de realizarmos santamente as coisas santas, de refletirmos, também na nossa vida, as maravilhas das grandezas do Senhor”14.
– Ajudas que podemos prestar‑lhes. Oração. Veneração pelo estado sacerdotal.
III. TENDO PARTIDO, pregavam às gentes que se convertessem, expulsavam muitos demônios, ungiam com óleo muitos doentes e curavam‑nos... Os sacerdotes são também como que um prolongamento da Santíssima Humanidade de Cristo, pois através deles continuam a realizar‑se nas almas os mesmos milagres que o Senhor realizou ao passar pela terra: os cegos vêem, os que não podiam andar recuperam as forças, os que morreram pelo pecado mortal renascem para a vida da graça pelo sacramento da Confissão...
O sacerdote não procura compensações humanas, nem honra pessoal, nem prestígio humano, nem mede o seu trabalho pelos critérios humanos deste mundo... Não é árbitro na partilha de heranças15 entre os homens, nem veio libertá‑los das suas carências materiais – essa é uma tarefa de todos os homens de boa vontade –, mas veio trazer‑nos a vida eterna. Isto é que é especificamente seu; é também aquilo de que o mundo mais necessita.
Por isso temos que rezar tanto para que a Igreja conte sempre com os sacerdotes necessários, com sacerdotes que lutem por ser santos. Temos que rezar e fomentar essas vocações, se é possível, entre os membros da própria família, entre os filhos, entre os irmãos... Que imensa alegria para uma família se Deus a abençoa com este dom!
Todos os fiéis têm a gratíssima obrigação de ajudar os sacerdotes, especialmente com a oração: para que celebrem com dignidade a Santa Missa e dediquem muitas horas ao confessionário; para que tenham no coração a tarefa de administrar os sacramentos aos doentes e anciãos e cuidem com esmero da catequese; para que se preocupem com o decoro da Casa de Deus e sejam alegres, pacientes, generosos, amáveis, trabalhadores infatigáveis na missão de dilatar o Reino de Cristo. Ajudá‑los‑emos generosamente nas suas necessidades econômicas, procuraremos prestar‑lhes a nossa colaboração naquilo que estiver ao nosso alcance... E jamais falaremos mal deles. “Dos sacerdotes de Cristo não se deve falar senão para louvá‑los!”16
Se vez por outra vemos faltas e defeitos em alguns deles, procuraremos desculpá‑los, e fazer como aqueles bons filhos de Noé: cobri‑los com o manto da caridade17. Será mais um motivo para ajudá‑los com o nosso comportamento exemplar e com a nossa oração e, sempre que oportuno, com uma correção fraterna e filial ao mesmo tempo.
Para crescermos em amor e veneração pelos sacerdotes, podem ajudar‑nos estas palavras que Santa Catarina de Sena coloca na boca do Senhor: “Não quero que diminua a reverência que se deve professar pelos sacerdotes, porque a reverência e o respeito que se lhes manifesta não se dirige a eles, mas a Mim, em virtude do Sangue que eu lhes dei para que o administrem. Se não fosse por isso, deveríeis dedicar‑lhes a mesma reverência que aos leigos, e não mais [...]. Não se deve ofendê‑los: ofendendo‑os, ofende‑se a Mim, e não a eles. Por isso proibi e disse que não admito que sejam tocados os meus Cristos”18.
(1) Ef 1, 3‑4; (2) 1 Pe 2, 9; (3) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 10; (4) cfr. Hebr 5, 1; (5) Josemaría Escrivá, Amar a Igreja, pág. 72; (6) cfr. Conc. Vat. II, Decr. Presbyterorum ordinis, 12; (7) cfr. Josemaría Escrivá, op. cit., pág. 71; (8) João Paulo II, Homilia, 2‑VII‑1980; (9) ib.; (10) Mc 6, 7‑13; (11) F. Suárez, El sacerdote y su ministério, Rialp, Madrid, 1969, pág. 21; (12) cfr. 1 Cor 4, 1; (13) Josemaría Escrivá, op. cit., pág. 83; (14) ib., pág. 72; (15) cfr. Lc 12, 13; (16) cfr. Josemaría Escrivá, Sulco, n. 904; (17) cfr. Josemaría Escrivá, Caminho, n. 75; (18) Santa Catarina de Sena, O diálogo, 16.
Fonte: livro “Falar com Deus”, de Francisco Fernández Carvajal.