25 de Julho 2018
A SANTA MISSA

Festa: São Tiago Maior, apóstolo
Cor: vermelha
1ª Leitura: 2Cor 4,7-15
“Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus
nos ressuscitará também com Jesus e nos colocará ao seu lado”.
Leitura da Segunda Carta de São Paulo apóstolo aos Coríntios
Irmãos: 7 Trazemos esse tesouro em vasos de barro, para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós. 8 Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia; postos entre os maiores apuros, mas sem perder a esperança; 9 perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados; 10 por toda parte e sempre levamos em nós mesmos os sofrimentos mortais de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossos corpos. 11 De fato, nós, os vivos, somos continuamente entregues à morte, por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossa natureza mortal. 12 Assim, a morte age em nós, enquanto a vida age em vós. 13 Mas, sustentados pelo mesmo espírito de fé, conforme o que está escrito: ‘Eu creio e, por isso, falei’, nós também cremos e, por isso, falamos, 14 certos de que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também com Jesus e nos colocará ao seu lado, juntamente convosco. 15 E tudo isso é por causa de vós, para que a abundância da graça em um número maior de pessoas faça crescer a ação de graças para a glória de Deus.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 125 (126), 1-2ab.2cd-3.4-5.6(R. 5)
R. Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria.
1Quando o Senhor reconduziu nossos cativos, *
parecíamos sonhar;
2aencheu-se de sorriso nossa boca, *
2b nossos lábios, de canções. R.
2c Entre os gentios se dizia: “Maravilhas *
2d fez com eles o Senhor!”
3 Sim, maravilhas fez conosco o Senhor, *
exultemos de alegria! R.
4 Mudai a nossa sorte, ó Senhor, *
como torrentes no deserto.
5 Os que lançam as sementes entre lágrimas, *
ceifarão com alegria. R.
6 Chorando de tristeza sairão, *
espalhando suas sementes;
cantando de alegria voltarão, *
carregando os seus feixes! R.
Evangelho: Mt 20, 20-28
“Vós bebereis do meu cálice”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo: 20 A mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos e ajoelhou-se com a intenção de fazer um pedido. 21 Jesus perguntou: “O que tu queres?” Ela respondeu: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. 22 Jesus, então, respondeu-lhes: “Não sabeis o que estais pedindo. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos”. 23 Então Jesus lhes disse: “De fato, vós bebereis do meu cálice, mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais ele os preparou”. 24 Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram irritados contra os dois irmãos. 25 Jesus, porém, chamou-os, e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem. 26 Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; 27 quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo. 28 Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
São Tiago, Apóstolo
25 de Julho
São Tiago, Apóstolo 
Este apóstolo é chamado de Tiago Zebedeu, Tiago, irmão de João, Tiago Boanerges, isto é “filho do trovão”, e Tiago, o Maior. Chama-se Tiago Zebedeu não tanto porque foi filho carnal deste, mas porque Zebedeu significa simultaneamente “doador” e “doado”. O bem-aventurado Tiago doou a si mesmo a Cristo por meio de seu martírio e foi doado por Deus para ser nosso patrono espiritual.
Tiago nasceu doze anos antes de Cristo, viveu mais anos do que ele e passou para a eternidade junto a seu Mestre. Tiago, o Maior, nasceu na Galileia e era filho de Zebedeu e Salomé, segundo as Sagradas Escrituras. Era, portanto, irmão de João Evangelista, os “Filhos do Trovão”, como os chamara Jesus. É sempre citado como um dos três primeiros apóstolos, além de figurar entre os prediletos de Jesus, juntamente com Pedro e André. É chamado de “maior” por causa do apóstolo homônimo, Tiago, filho de Alfeu, conhecido como “menor”.
Nas várias passagens bíblicas, podemos perceber que Jesus possuía apóstolos escolhidos para testemunharem acontecimentos especiais na vida do Redentor. Um era Tiago, o Maior, que constatamos ao seu lado na cura da sogra de Pedro, na ressurreição da filha de Jairo, na transfiguração do Senhor e na sua agonia no horto das Oliveiras.
Consta que, depois da ressurreição de Cristo, Tiago rumou para a Espanha, percorrendo-a de norte a sul, fazendo sua evangelização, sendo por isso declarado seu padroeiro. Mais tarde, voltou a Jerusalém, onde converteu centenas de pessoas, até mesmo dois mágicos que causavam confusão entre o povo com suas artes diabólicas. Até que um dia lhe prepararam uma cilada, fazendo explodir um motim como se fosse ele o culpado. Assim, foi preso e acusado de causar sublevação entre o povo. A pena para esse crime era a morte.
O juiz foi o cruel rei Herodes Antipas, um terrível e incansável perseguidor dos cristãos. Ele lhe impôs logo a pena máxima, ordenando que fosse flagelado e depois decapitado. A sentença foi executada durante as festas pascais no ano 42. Assim, Tiago, o Maior, tornou-se o primeiro dos apóstolos a derramar seu sangue pela fé em Jesus Cristo.
No século VIII, quando a Palestina caiu em poder dos muçulmanos, um grupo de espanhóis trouxe o esquife onde repousavam os restos de são Tiago, o Maior, à cidade espanhola de Iria. Segundo uma antiga tradição da cidade, no século IX o bispo de lá teria visto uma grande estrela iluminando um campo, onde foi encontrado o túmulo contendo o esquife do apóstolo padroeiro. E a Espanha, que nesta ocasião lutava contra a invasão dos bárbaros muçulmanos, conseguiu vencê-los e expulsá-los com a sua ajuda invisível.
Mais tarde, naquele local, o rei Afonso II mandou construir uma igreja e um mosteiro, dedicados a são Tiago, o Maior, com isso a cidade de Iria passou a chamar-se Santiago de Compostela, ou seja, do campo da estrela. Desde aquele tempo até hoje, o santuário de Santiago de Compostela é um dos mais procurados pelos peregrinos do mundo inteiro, que fazem o trajeto a pé.
Essa rota, conhecida como “caminho de Santiago de Compostela”, foi feita também pelo papa João Paulo II em 1989. Acompanhado por milhares de jovens do mundo inteiro, foi venerar as relíquias do apóstolo são Tiago, o Maior, depositadas na magnífica catedral das seis naves, concluída em 1122.
TEMPO COMUM. DÉCIMA SEXTA SEMANA. TERÇA‑FEIRA
– A nossa união com Cristo é mais forte do que qualquer vínculo humano. Os laços que resultam do seguimento do Senhor num mesmo caminho são mais fortes que os do sangue.
I. O EVANGELHO DA MISSA1 mostra‑nos Jesus ocupado uma vez mais em pregar. Encontra‑se numa casa tão abarrotada de gente que a sua Mãe e outros parentes não podem chegar até Ele e mandam‑lhe um recado. Alguém disse‑lhe: a tua mãe e os teus irmãos estão ali fora e procuram‑te. Ele, porém, estendeu a mão para os discípulos e disse‑lhes: Eis a minha mãe e os meus irmãos. Porque todo aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão e irmã e mãe.
Noutra ocasião, uma mulher do povo, ao escutar as palavras cheias de vida de Jesus, exclamou em louvor de Maria: Bem‑aventurado o ventre que te trouxe e os peitos que te amamentaram. Mas o Senhor deu a impressão de querer rejeitar o louvor dessa mulher, e respondeu: Antes bem‑aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática2.
O Papa João Paulo II relaciona estas duas cenas com a resposta que Jesus deu a Maria e a José quando o encontraram em Jerusalém, à idade de doze anos, depois de uma busca aflita durante três dias. Naquela ocasião, Jesus disse‑lhes, com um amor sem limites e com uma clareza total: Por que me buscáveis? Não sabíeis que devo ocupar‑me nas coisas de meu Pai?3 Desde o começo, Jesus dedicou‑se às coisas de seu Pai. Anunciava o Reino de Deus e, à sua passagem, todas as coisas alcançavam um novo sentido; entre elas, o parentesco. “Nesta nova dimensão, também um vínculo como o da «fraternidade» significa uma coisa diversa da «fraternidade segundo a carne», que provém da origem comum dos mesmos pais. E mesmo a «maternidade» [...] alcança um outro sentido”4, mais profundo e mais íntimo.
O Senhor ensina‑nos repetidamente que, por cima de qualquer vínculo e autoridade humana, mesmo a familiar, está o dever de cumprir a vontade de Deus, as exigências da vocação a que cada qual foi chamado. Diz‑nos que segui‑lo de perto pela fidelidade à vocação significa compartilhar a sua vida em tal grau de intimidade que daí resulta um vínculo mais forte que o familiar5. São Tomás explica‑o dizendo que “todo o fiel que cumpre a vontade do Pai, isto é, que lhe obedece, é irmão de Cristo, porque é semelhante Àquele que cumpriu a vontade do Pai. E quem não se limita a obedecer, mas também converte outras pessoas, gera Cristo neles, e assim chega a ser como a Mãe de Cristo”6.
O vínculo que deriva de se ter o mesmo sangue é muito forte, mas aquele que resulta de se seguir o Senhor por um mesmo caminho é mais forte ainda. Não há nenhuma relação humana, por mais estreita que seja, que se assemelhe à nossa união com Jesus e com aqueles que o seguem.
– Devemos ter o necessário desprendimento e independência para levarmos a bom termo a nossa vocação.
II. QUEM É A MINHA MÃE...? “Será que, com essa pergunta, Cristo se afasta daquela que foi a sua mãe segundo a carne? Quererá deixá‑la na sombra desse ocultamento que Ela mesmo escolheu? Se assim pode parecer devido ao sentido literal dessas palavras, devemos observar no entanto que a maternidade nova e diferente de que Jesus fala aos seus discípulos refere‑se precisamente a Maria de um modo especialíssimo”7.
Maria é amada por Jesus de modo absolutamente singular por causa do vínculo de sangue pelo qual Maria é sua Mãe segundo a carne. Mas Jesus ama‑a mais e está mais estreitamente ligado a Ela pelos laços da delicada fidelidade que a unem à sua vocação, ao seu perfeito cumprimento da vontade divina. Por isso a Igreja recorda‑nos que a Santíssima Virgem “acolheu plenamente as palavras com que o seu Filho – exaltando o Reino por cima das raças e dos vínculos da carne e do sangue – proclamou bem‑aventurados os que ouvem e guardam a palavra de Deus, tal como Ela mesmo o fazia fielmente”8.
A nossa vocação faz‑nos amar humana e sobrenaturalmente os pais, os filhos, os irmãos; Deus dilata e afina o nosso coração. Mas, ao mesmo tempo, pede‑nos a necessária independência e desprendimento de qualquer laço, para levarmos a cabo o que Ele quer de cada um: que sigamos a chamada única e irrepetível que nos dirigiu, ainda que às vezes, por razões compreensíveis, isso possa causar dor àqueles a quem mais queremos na terra. Não podemos esquecer que Maria e José, que há três dias buscavam o Menino perdido no Templo, não compreenderam a explicação que Jesus lhes deu9, apesar de Maria ser a cheia de graça e José justo, plenamente compenetrados com Deus. Puderam entendê‑la mais tarde – Maria num grau mais profundo –, à medida que os acontecimentos do seu Filho se iam desenvolvendo. Não nos deve surpreender, portanto, que às vezes os nossos parentes não nos entendam.
Que alegria pertencer com laços tão fortes à nova família de Jesus! Como devemos amar e ajudar os que nos estão fortemente unidos pelos vínculos da fé e da vocação! Então entendemos as palavras da Escritura: Frater qui adiuvatur a fratre quasi civitas firma10, o irmão, ajudado pelo seu irmão, é como uma cidade amuralhada. Nada pode abalar a caridade e a fraternidade bem vividas. “O poder da caridade! – A vossa mútua fraqueza é também apoio que vos mantém erguidos no cumprimento do dever, se viveis a vossa bendita fraternidade: como mutuamente se sustêm, apoiando‑se, as cartas do baralho”11.
– Maria, Mãe dessa nova família de Jesus que é a Igreja, é também Mãe de cada um de nós.
III. TODO AQUELE QUE FAZ a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão e irmã e mãe. Do lugar em que se encontrava, Maria ouviu provavelmente essas palavras, ou talvez alguém lhas tenha repetido a seguir. Ela bem sabia dos laços profundos que a uniam Àquele que queria ver: vínculos resultantes da natureza, e outros, mais profundos ainda, derivados da sua perfeita união com a Santíssima Trindade.
Ela sabia também, de um modo cada vez mais perfeito, que fora chamada desde a eternidade para ser a Mãe dessa nova família que se ia formando em torno de Jesus. Por meio da fé, correspondeu à chamada que Deus lhe dirigia para ser a Mãe do seu Filho, e, “na mesma fé, descobriu e acolheu a outra dimensão da maternidade, revelada por Jesus no decorrer da sua missão messiânica. Pode‑se afirmar – diz o Papa João Paulo II – que esta dimensão da maternidade era possuída por Maria desde o início, isto é, desde o momento da concepção e do nascimento do Filho. Desde então, Ela foi «aquela que acreditou». Mas, à medida que se ia esclarecendo aos seus olhos e no seu espírito a missão do Filho, Ela própria, como Mãe, ia‑se abrindo cada vez mais àquela «novidade» da maternidade que devia constituir o seu «papel» junto do Filho”12.
Mais tarde, no Calvário, descerrou‑se por completo o véu do mistério da sua maternidade espiritual sobre aqueles que ao longo dos séculos haviam de crer em Jesus: Eis aí o teu filho13, disse‑lhe Jesus apontando para João. E nele estávamos representados todos os homens. Essa maternidade estende‑se de modo particular a todos os batizados e aos que estão a caminho da fé, porque Maria é Mãe da Igreja inteira14, da grande família do Senhor que se prolonga através dos tempos.
Existe uma particular correspondência entre o momento da Encarnação do Filho de Deus e o nascimento da Igreja no dia de Pentecostes, e “a pessoa que une esses dois momentos é Maria: Maria em Nazaré e Maria no Cenáculo de Jerusalém. Em ambos os casos, a sua presença discreta, mas essencial, indica o caminho do «nascimento do Espírito». Assim, Aquela que esteve presente no mistério de Cristo como Mãe, tornou‑se – por vontade do Filho e por obra do Espírito Santo – presente no mistério da Igreja”15.
A presença de Maria na Igreja é uma presença materna, e assim como numa família a relação de maternidade e de filiação é única e irrepetível, assim a nossa relação com a Mãe do Céu é única e diferente para cada cristão. E da mesma forma que João a acolheu em sua casa, cada cristão deve entrar “no raio de ação daquela «caridade materna»”16.
Maria ama‑nos a cada um de nós como se fôssemos o seu único filho, e desvela‑se pela nossa santidade e pela nossa salvação como se não tivesse outros filhos na terra. Devemos chamá‑la Mãe muitas vezes! E agora, ao terminarmos este tempo de oração, dizemos‑lhe na intimidade da nossa alma: Minha Mãe, não me abandones! Ajuda‑me a estar sempre junto do teu Filho e a viver muito unido àqueles a quem estou ligado pelos laços da fraternidade sobrenatural, teus filhos também.
(1) Mt 12, 46‑50; (2) Lc 11, 27‑28; (3) Lc 2, 49; (4) João Paulo II, Enc. Redemptoris Mater, 25‑III‑1987, 20; (5) cfr. Sagrada Bíblia, Santos Evangelhos, nota a Mc 4, 31‑35; (6) São Tomás, Comentário sobre o Evangelho de São Mateus, 12, 49‑50; (7) João Paulo II, op. cit.; (8) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 58; (9) Lc 2, 50; (10) Prov 18, 19; (11) Josemaría Escrivá, Caminho, n. 462; (12) João Paulo II, op. cit.; (13) Jo 19, 26; (14) cfr. C. Pozo, Maria en la obra de la salvación, BAC, Madrid, 1974, págs. 61‑62; (15) João Paulo II, op. cit., 24; (16) ib.
Fonte: livro “Falar com Deus”, de Francisco Fernández Carvajal.
24 de Julho 2018
A SANTA MISSA

16ª Semana do Tempo Comum – Terça-feira
Cor: verde
1ª Leitura: Mq 7,14-15.18-20
“Lançará ao fundo do mar todos os nossos pecados”.
Leitura da Profecia de Miquéias
14 Apascenta o teu povo com o cajado da autoridade, o rebanho de tua propriedade, os habitantes dispersos pela mata e pelos campos cultivados; 15 E, como foi nos dias em que nos fizeste sair do Egito, faze-nos ver novos prodígios. 18 Qual Deus existe, como tu, que apagas a iniquidade e esqueces o pecado daqueles que são resto de tua propriedade? – Ele não guarda rancor para sempre, o que ama é a misericórdia. 19 Voltará a compadecer-se de nós, esquecerá nossas iniquidades e lançará ao fundo do mar todos os nossos pecados. 20 Tu manterás fidelidade a Jacó e terás compaixão de Abraão, como juraste a nossos pais, desde tempos remotos.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 84,2-4. 5-6. 7-8 (R. 8a)
R. Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade.
2Favorecestes, ó Senhor, a vossa terra, *
libertastes os cativos de Jacó.
3Perdoastes o pecado ao vosso povo, *
encobristes toda a falta cometida;
4 retirastes a ameaça que fizestes, *
acalmastes o furor de vossa ira. R.
5 Renovai-nos, nosso Deus e Salvador, *
esquecei a vossa mágoa contra nós!
6 Ficareis eternamente irritado? *
Guardareis a vossa ira pelos séculos? R.
7 Não vireis restituir a nossa vida, *
para que em vós se rejubile o vosso povo?
8 Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, *
concedei-nos também vossa salvação! R.
Evangelho: Mt 12,46-50
“E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse:
Eis minha mãe e meus irmãos”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo: 46 Enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. 47 Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo.” 48 Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” 49 E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: ‘Eis minha mãe e meus irmãos.50 Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Santa Cristina
24 de Julho
Santa Cristina 
Santa Cristina, a padroeira da Bolsena, era filha de Urbano, um oficial do imperador. Embora alguns documentos latinos indiquem que ela nasceu em Bolsena, outros documentos escritos em grego, indicam o lugar de seu nascimento como sendo em Tiro, na Fenícia. Era pagã e extraordinariamente bonita. Converteu-se ao cristianismo e o pai, para fazê-la renunciar à fé cristã e assim livrá-la da perseguição movida contra os cristãos pelo império romano, trancou-a numa torre, em companhia de 12 servas.
Cristina, em sinal de desprezo aos ídolos romanos, despedaçou as preciosas estatuetas dos deuses e deu o metal aos pobres. O pai, indignado, mandou castigá-la, flagelá-la e trancafiá-la num cárcere. Como ainda assim ela permanecesse fiel à sua fé, ele a entregou aos juízes que lhe aplicaram terríveis suplícios. Como nem os suplícios conseguiram demovê-la, seus algozes partiram para uma solução final: amarraram uma pedra em seu pescoço e jogaram-na no lago. O corpo porém boiou e foi dar na margem. Enfurecidos, os juízes a condenaram a torturas ainda mais terríveis, como mordidas de cobras venenosas, fornalha superaquecida e corte dos seios. Por fim, vendo que ela permanecia inabalável em sua fé, e não tendo mais torturas a inventar, mataram-na com dois golpes de lança.
Santa Cristina começou a ser venerada no século IV. Pelos numerosos testemunhos históricos e inúmeras descobertas arqueológicas, sabe-se que foi construído um cemitério subterrâneo junto a seu sepulcro, e sua figura aparece entre as virgens mártires nos mosaicos da igreja de Santo Apolinário de Ravena, que foi construída no século VI. Muitos artistas pintaram quadros, retratando episódios de sua vida, confirmando, em grande parte, o que os documentos diziam a seu respeito.
Hoje, infelizmente, o povo tem memória curta e esquece com extrema facilidade as pessoas que um dia passaram por suas vidas e os acontecimentos que fizeram sua história. Mas há pessoas que jamais podem ser esquecidas. São as que, como Santa Cristina, lutam por aquilo em que acreditam, as que, mesmo em meio às incompreensões familiares não traem suas promessas, seus amigos, seus ideais, sua fé e, por eles são capazes de dar o próprio sangue. Como já disse alguém, “de tudo o que se escreve, eu amo somente o que alguém escreve com seu sangue. Escreve com sangue e tu verás que o sangue é espírito”.
TEMPO COMUM. DÉCIMA SEXTA SEMANA. SEGUNDA‑FEIRA
– Necessidade de boas disposições para receber a mensagem de Jesus.
I. LEMOS NO EVANGELHO da Missa1 que se aproximaram de Jesus alguns escribas e fariseus para pedir‑lhe um novo milagre que lhes mostrasse definitivamente que Ele era o Messias esperado; queriam que Jesus confirmasse com espetáculo aquilo que pregava com simplicidade. Mas o Senhor responde‑lhes anunciando o mistério da sua morte e da sua Ressurreição, e servindo‑se para isso da figura de Jonas: Não se dará a esta geração outro prodígio senão o do profeta Jonas.
Com essas palavras, Jesus mostra que a sua Ressurreição gloriosa ao terceiro dia (tantos quantos o Profeta esteve no ventre do “grande peixe”) é a prova decisiva do caráter divino da sua Pessoa, da sua missão e da sua doutrina2. Jonas fora enviado à cidade de Nínive, e, pela pregação do Profeta, os seus habitantes tinham feito penitência3. Jerusalém, no entanto, não quer reconhecer Jesus, de quem Jonas era somente figura e imagem.
O Senhor recorda também que a rainha do Meio Dia, a rainha de Sabá, visitara Salomão4 e ficara maravilhada com a sabedoria que Deus havia conferido ao rei de Israel. Jesus também está prefigurado em Salomão, em quem a tradição via o homem sábio por excelência. A censura divina ganha mais força com o exemplo desses pagãos convertidos.
O Senhor conclui dizendo: Aqui está alguém que é mais do que Jonas..., aqui está alguém que é mais do que Salomão. Esse alguém que é mais é na realidade infinitamente mais, mas Jesus, talvez com uma carinhosa ironia, prefere suavizar essa incomensurável diferença entre Ele e os que o tinham prefigurado, que não passavam de sombra e sinal dAquele que havia de vir5.
Jesus não fará nesta ocasião mais milagres nem dará outros sinais. Os seus interlocutores não estão dispostos a acreditar, e não o farão por muito que lhes fale e por mais sinais que lhes mostre. Apesar do valor apologético que têm os milagres, se não há boas disposições, até os maiores prodígios podem ser mal interpretados. O que se recebe, ad modum recipientis recipitur: as coisas que se recebem tomam a forma do recipiente que as contém, diz o velho adágio. São João diz‑nos no seu Evangelho que alguns, ainda que tivessem visto muitos milagres, não criam nele6. O milagre é apenas um auxílio à razão para que possa crer, mas, se faltam as boas disposições, se a mente se enche de preconceitos, só verá escuridão, mesmo que tenha diante de si a mais clara das luzes.
Nós pedimos a Jesus nestes minutos de oração que nos dê um coração bom para podermos vê‑lo no meio dos nossos dias e dos nossos afazeres, e uma mente sem preconceitos para podermos compreender e nunca julgar os nossos irmãos, os homens.
– Querer conhecer a verdade.
II. PARA OUVIR A VERDADE de Cristo, é necessário escutá‑lo, aproximar‑se dEle com uma disposição interna límpida, estar aberto com sinceridade de coração à palavra divina.
Não era essa a atitude daqueles fariseus que pediram ao cego de nascença, curado por Jesus, uma nova explicação do milagre: Que é que te fez ele? Como te abriu os olhos? E a resposta do cego deixa a descoberto que o preconceito daqueles homens os impedia de entender a verdade; talvez ouvissem, mas não escutavam. Ele replicou: Eu já vo‑lo disse, e vós já o ouvistes; por que quereis ouvi‑lo novamente?7
A mesma coisa acontece com Pilatos. Ouve Jesus dizer‑lhe: Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade; todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. Então o procurador romano perguntou‑lhe: O que é a verdade? E como não estava disposto a escutar, dito isto, tornou a sair para ir ter com os judeus8. Volta as costas ao Senhor, sem lhe dar tempo para uma resposta que no fundo não lhe interessava.
Se tivermos boas disposições, o Senhor, por caminhos muitos diferentes, dar‑nos‑á abundância e sobreabundância de sinais para continuarmos a ser fiéis ao caminho que empreendemos. Teremos a alegria de poder contemplá‑lo em tudo o que nos rodeia: na própria natureza, onde deixou tantos sinais para que o vejamos como Criador; no meio do trabalho; na alegria; na doença...; e, tantas vezes, na intimidade da oração. A história de cada homem está cheia de sinais.
Muitos fariseus não se converteram ao Messias, apesar de o terem tão perto e de serem espectadores de muitos dos seus milagres, porque lhes faltavam boas disposições: o orgulho deixara‑os cegos para o essencial. Um dia chegaram a dizer: Ele expulsa os demônios por meio do príncipe dos demônios9. Muitos homens encontram‑se hoje também como que cegos para o sobrenatural por causa da sua soberba, do seu empenho em não retificar juízos carregados de desconfiança, por causa do seu apego às coisas deste mundo e da sua sensualidade.
“Ouvi falar a uns conhecidos sobre os seus aparelhos de rádio. Quase sem perceber, levei o assunto ao terreno espiritual: temos muita tomada de terra, demasiada, e esquecemos a antena da vida interior...
“– Esta é a causa de que sejam tão poucas as almas que mantêm um trato íntimo com Deus: oxalá nunca nos falte a antena do sobrenatural”10.
– Limpar o coração para poder ver. Deixar‑se ajudar nos momentos de escuridão.
III. AQUI ESTÁ ALGUÉM que é mais do que Jonas, aqui está alguém que é mais do que Salomão. O próprio Cristo está ao nosso lado! Bate à porta do homem – da sua inteligência e do seu coração – não como um estranho, mas como alguém que nos ama, que deseja comunicar‑nos os seus sentimentos e até a sua própria vida, que quer dar solução divina àquilo que nos preocupa ou até nos oprime.
Mas, assim como as ondas de rádio sofrem interferências que impedem uma boa sintonia, também podem apresentar‑se obstáculos no campo da fé. Por vezes, as trevas podem afetar pessoas que vêm seguindo o Senhor há muitos anos e que ficam, por culpa própria ou não, desconcertadas ou como que perdidas, deixando de ver a alegria e a beleza da entrega.
Nesses casos, tornam‑se necessárias umas perguntas feitas com sinceridade na intimidade da alma: Desejo realmente voltar a ver? Estou disposto a concordar ao menos em que existem razões e acontecimentos que revelam a presença de Deus na minha vida? Deixo‑me ajudar? E para isso exponho a minha situação com clareza, sem esconder‑me por trás de teorias, sem maquiagens, sem paliativos?
Juntamente com a soberba, que é o principal obstáculo, podem apresentar‑se outras dificuldades: o ambiente ávido de comodismo, que tende a rejeitar por princípio tudo o que implica sacrifício e cruz, e que pode armar laços sutis, cheios de razões humanas contrárias ao que Deus pede em determinado momento: um caminho cheio de alegria, mas mais árduo e íngreme que o de um ambiente carregado de hedonismo. Será necessário então um esforço suplementar e mesmo heróico por desprender‑se de todo o lastro das paixões, que arrastam para o pó da terra; será necessário purificar o coração dos amores desordenados para cumulá‑lo do amor verdadeiro que Cristo oferece, pois dificilmente poderá apreciar a luz quem tem o olhar turvo.
A preguiça é outro obstáculo que pode interpor‑se no caminho para Deus. Como todo o amor autêntico, a fé e a vocação implicam uma entrega da pessoa, que o amor nunca considera suficiente. A preguiça costuma traçar uns limites e defender uns direitos mesquinhos que entravam e atrasam a resposta definitiva a essa fé amorosa.
O Senhor pode também ocultar‑se à nossa vista para que o procuremos com mais amor, para que cresçamos em humildade e nos deixemos orientar e guiar por quem Ele colocou ao nosso lado para levar a cabo essa missão. Se compreendemos nesses casos que é essa a vontade divina, sempre acabamos, sem exceção alguma, por descobrir o rosto amável de Cristo, mais claramente do que antes, com mais amor.
A palavra “fé” tem na sua raiz um matiz que vem a significar deixar‑se conduzir por outra pessoa mais forte do que nós, confiar em que outro nos preste a sua ajuda11. Confiamos fundamentalmente em Deus, mas Ele também quer que nos apoiemos nessas pessoas que colocou ao nosso lado para que nos ajudem a ver. Deus dá‑nos freqüentemente a luz através de outros.
O Senhor passa ao nosso lado com os suficientes pontos de referência para podermos vê‑lo e segui‑lo. Peçamos à Virgem que nos ajude a purificar o olhar e o coração para que saibamos interpretar corretamente os acontecimentos de cada dia, descobrindo neles a presença de Deus.
Creio, Senhor, mas ajuda‑me a crer com mais firmeza; espero, mas faz que espere com mais confiança; amo‑te, mas que eu te ame com mais ardor12.
(1) Mt 12, 38‑42; (2) cfr. Sagrada Bíblia, Santos Evangelhos; (3) Jon 3, 6‑9; (4) 1 Rs 10, 1‑10; (5) cfr. Sagrada Bíblia, ib.; (6) Jo 12, 37; (7) Jo 9, 26‑27; (8) Jo 18, 38; (9) Mt 9, 34; (10) Josemaría Escrivá, Forja, n. 510; (11) cfr. J. Dheilly, Diccionario bíblico, Herder, Barcelona, 1970, voz Fe, pág. 445 e segs.; (12) Missal Romano, Ação de graças para depois da Missa, oração do Papa Clemente XI.
Fonte: livro “Falar com Deus”, de Francisco Fernández Carvajal.
23 de Julho 2018
A SANTA MISSA

16ª Semana do Tempo Comum – Segunda-feira
Cor: verde
1ª Leitura: Mq 6,1-4.6-8
“Foi-te revelado, ó homem, o que o Senhor exige de ti”.
Leitura da Profecia de Miquéias
1 Ouvi o que diz o Senhor: ‘Levanta-te, convoca um julgamento perante os montes e faze que as colinas ouçam tua voz’. 2 Ouvi, montes, as razões do Senhor em juízo, escutai-o, fundamentos da terra; a pendência do Senhor é com seu povo, ele disputa em juízo contra Israel. 3 ‘Povo meu, que é que te fiz? Em que te fui penoso? Responde-me. 4 Eu te retirei da terra do Egito e te libertei da casa de servidão, e pus à tua frente Moisés, Aarão e Maria. 6 ‘Que oferta farei ao Senhor, digna dele, ao ajoelhar-me diante do Deus altíssimo? Acaso oferecerei holocaustos e novilhos de um ano? 7 Acaso agradam ao Senhor carneiros aos milhares, e torrentes de óleo? Porventura ofertaria eu o meu primogênito, por um crime meu, o fruto do meu sangue pelos pecados da minha vida?’ 8 Foi-te revelado, ó homem, o que é o bem, e o que o Senhor exige de ti: principalmente praticar a justiça e amar a misericórdia, e caminhar solícito com teu Deus.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 49,5-6. 8-9. 16bc-17. 21.23 (R. 23b)
R. A todo homem que procede retamente,
eu mostrarei a salvação que vem de Deus.
5‘Reuni à minha frente os meus eleitos, *
que selaram a Aliança em sacrifícios!’
6Testemunha o próprio céu seu julgamento, *
porque Deus mesmo é juiz e vai julgar. R.
8 Eu não venho censurar teus sacrifícios, *
pois sempre estão perante mim teus holocaustos;
não preciso dos novilhos de tua casa *
nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos. R.
16b ‘Como ousas repetir os meus preceitos *
16c e trazer minha Aliança em tua boca?
17 Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos *
e deste as costas às palavras dos meus lábios! R.
21 Diante disso que fizeste, eu calarei? *
Acaso pensas que eu sou igual a ti?
É disso que te acuso e repreendo *
e manifesto essas coisas aos teus olhos. R.
23 Quem me oferece um sacrifício de louvor, *
este sim é que me honra de verdade.
A todo homem que procede retamente, *
eu mostrarei a salvação que vem de Deus’. R.
Evangelho: Mt 12,38-42
“No dia do juízo, a rainha do Sul
se levantará contra essa geração”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo: 38 Alguns mestres da Lei e fariseus disseram a Jesus: “Mestre, queremos ver um sinal realizado por ti.” 39 Jesus respondeu-lhes: “Uma geração má e adúltera busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal do profeta Jonas. 40 Com efeito, assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem estará três dias e três noites no seio da terra. 41 No dia do juízo, os habitantes de Nínive se levantarão contra essa geração e a condenarão, porque se converteram diante da pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que Jonas. 42 No dia do juízo, a rainha do Sul se levantará contra essa geração, e a condenará, porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão.”
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Santa Brígida
23 de Julho
Santa Brígida 
Santa Brígida nasceu na Suécia, em 1302, e morreu em Roma, no dia 23 de julho de 1373. De família nobre, muito cedo perdeu a mãe. O pai, um verdadeiro cristão, confiou a educação da menina a uma tia, uma grande educadora que soube modelar o caráter e a vontade da sobrinha.
Muito nova, Brígida casou-se com o Príncipe de Nerícia, que tinha 18 anos de idade e que era também um cristão consciente e piedoso. Com ele Brígida teve oito filhos. Durante algum tempo viveu na Corte, como dama da rainha. Fiel aos preceitos cristãos e à prática das obras de misericórdia, extremamente caridosa para com os mais necessitados, conseguiu, com seu exemplo, influir nos costumes e levar a Corte a uma verdadeira onda de fervor.
Brígida e o esposo eram muito felizes. Com ele, ela fundou um hospital onde juntos cuidavam dos doentes. Ao regressarem de uma peregrinação a Santiago de Compostela, o príncipe adoeceu, vindo a falecer no ano de 1344, no convento de Alvastra. Desde esse dia Brígida só teve um desejo: consagrar-se inteiramente a Deus. Dividiu os bens entre os filhos e entrou para uma Ordem Monástica, passando a viver uma vida de penitência e pobreza total.
Experimentou uma enorme alegria ao concretizar uma idéia que alimentava há muito tempo: a fundação de uma ordem religiosa com o nome de Santíssimo Salvador. O projeto era original: uma Ordem formada por monges e monjas vivendo em mosteiros separados, tendo a Igreja como único ponto de encontro, para a oração comunitária.
O projeto teve o apoio do rei da Suécia e a aprovação do Papa Urbano V. A nova Ordem concretizou-se em 78 mosteiros em toda a Europa e era dirigida, de Roma, pela santa fundadora. Dessa Ordem, sua filha, Santa Catarina da Suécia, veio mais tarde a ser prioresa. As experiências místicas e religiosas vividas por Santa Brígida foram escritas por ela em sueco e traduzidas para o latim, formando uma coleção com oito grandes volumes. Santa Brígida é considerada uma das grandes místicas dos séculos XIV e XV. Foi canonizada em 1391, 18 anos após sua morte.
Hoje, a exemplo de Santa Brígida que viveu seu projeto de esposa, mãe e cidadã e exerceu uma benéfica influência sobre a corte sueca, cada batizado é chamado a assumir a dor do irmão, a influenciar e fermentar de evangelho o ambiente em que vive e trabalha. Se o Reinado de Deus é a realização de seu projeto aqui na terra, a nenhum cristão cabe o direito de fazer do poder maior ou menor que possui, um degrau para realização de seu reinado particular.
TEMPO COMUM. DÉCIMO SEXTO DOMINGO. CICLO B
– Santificar a fadiga.
I. NA PRIMEIRA LEITURA1, diz‑nos o profeta Jeremias: Juntarei o resto das minhas ovelhas [...] e as farei voltar aos seus campos, e elas crescerão e se multiplicarão. A profecia refere‑se à solicitude do Messias para com todos os homens e para com cada um deles. Ele conduz‑me a águas tranqüilas e repara as minhas forças, lemos no Salmo responsorial2.
O Evangelho3 mostra a preocupação de Jesus pelos seus discípulos, cansados depois de uma missão apostólica pelas cidades e aldeias vizinhas. Vinde à parte, a algum lugar solitário, e descansai um pouco, diz‑lhes. E explica o Evangelista que eram tantos os que iam e vinham que não tinham tempo para comer. Entrando, pois, numa barca, retiraram‑se à parte, a um lugar deserto. “Que coisas não lhes perguntaria e contaria Jesus!”4
A nossa vida, que é também serviço a Cristo, à família, à sociedade, está cheia de trabalho e de dedicação aos outros. Por isso não podemos estranhar que nos sintamos cansados ao fim do dia e tenhamos vontade de descansar. Nesses tempos livres, recuperamos as forças para depois voltarmos a servir, e evitamos danos desnecessários à saúde que, entre outras coisas, repercutiriam naqueles que estão ao nosso lado, na qualidade das coisas que oferecemos a Deus: na atenção devida aos filhos, à mulher, ao marido, aos irmãos, aos amigos; na dedicação às nossas tarefas apostólicas; na atenção e formação das pessoas que o Senhor colocou sob os nossos cuidados.
Há ocasiões em que o descanso se torna uma obrigação grave. “A corda não pode suportar uma tensão ininterrupta, e as suas extremidades precisam de afrouxar um pouco, se se quer voltar a retesar o arco sem que se tenha tornado inútil para o arqueiro”5. O Senhor quer que, naquilo que depende de nós, nos esforcemos pelos meios ao nosso alcance por estar em boas condições físicas, pois é muito o que Ele espera de todos. “Quanto não nos ama Deus, irmãos – exclama Santo Agostinho –, se chega a dizer que descansa quando nós descansamos”!6
Mas temos que distrair‑nos como bons cristãos, começando antes de mais nada por santificar a própria perda de energias, amando a Deus na fadiga, mesmo que esta se prolongue e, por esta ou aquela circunstância, não nos seja possível interromper a tarefa que nos ocupa. Nessas ocasiões, será especialmente consolador recorrermos ao Senhor, que tantas vezes chegava ao fim do dia extenuado. Ele compreende‑nos muito bem.
– O descanso do cristão..
II. HAVERÁ DIAS, talvez por longas temporadas, em que experimentaremos a dureza de não nos sentirmos bem e de mesmo assim termos que levar adiante os negócios, o lar, o estudo... Essa situação não nos deve desconcertar: é parte da fraqueza humana e muitas vezes sinal de que trabalhamos intensamente. “Chegam dias – confessava Santa Teresa com muita simplicidade – em que uma simples palavra me aflige e em que gostaria de partir deste mundo, porque me parece que tudo me cansa”7.
Esses momentos também devem ser oferecidos a Deus; o Senhor também está muito próximo nessas circunstâncias, e deseja que tomemos as medidas oportunas em cada caso: recorrer ao médico, se for necessário, e obedecer às suas indicações; dormir um pouco mais; dar um passeio ou ler um livro entretido... São circunstâncias que o Senhor permite para que aprofundemos no desprendimento da saúde, para que cresçamos em caridade, esforçando‑nos por sorrir, ainda que seja custoso ou até muito custoso. O oferecimento a Deus dessas situações pode ser de um valor sobrenatural muito grande, mesmo que o coração pareça seco e sem forças para os atos de piedade.
Vinde... e descansai um pouco, diz‑nos o Mestre. No descanso, longe de centrarmos a atenção no nosso eu, também devemos procurar Cristo, porque o Amor não conhece férias. “Em qualquer lugar para onde o homem se dirija, se não se apóia em Deus, sempre achará dor”8, adverte‑nos Santo Agostinho: ao menos a dor de termos deixado o Senhor de lado.
Não devemos empregar os momentos de lazer em não fazer nada. “Descanso significa represar: acumular forças, ideais, planos... Em poucas palavras: mudar de ocupação, para voltar depois – com novos brios – aos afazeres habituais”9. Esse tempo deve produzir um enriquecimento interior, conseqüência de se ter amado a Deus, de se ter cuidado com esmero das normas de piedade, e de se ter vivido também a entrega aos outros, mediante o esquecimento próprio; devem ser momentos do dia, períodos de férias ou fins de semana em que procuramos especialmente tornar a vida mais amável aos que estão ao nosso lado; a alegria e a felicidade que virmos espelhadas nos seus rostos constituirão uma boa parte do nosso descanso.
Atualmente, são muitos os que deixam a sua vida espiritual de lado ao escolherem, imprudentemente, lugares de férias onde o ambiente moral se degradou de tal modo que um bom cristão não pode freqüentá‑los, se deseja ser coerente. Seria doloroso que uma pessoa que vive habitualmente de olhos postos em Deus aprovasse com a sua presença o triste espetáculo desses ambientes e se expusesse gravemente a ofender o Senhor. Mais grave seria, tratando‑se dos pais, se cooperassem para que os seus filhos e as pessoas que dependem deles viessem a sofrer um prejuízo espiritual sério, muitas vezes irreparável: pesar‑lhes‑iam sobre a consciência os pecados próprios e os dos filhos.
O Senhor poderia dizer a muitos: “Por que continuas a caminhar por estradas difíceis e penosas? O descanso não está onde tu procuras. Fazes bem em procurar o que procuras; mas deves saber que não está onde o procuras. Procuras a vida feliz na região da morte. Não está ali! Como é possível que haja vida feliz onde nem sequer há vida?”10
Ainda que em alguns ambientes se tenha esquecido a doutrina moral da cooperação com o mal, nós, que desejamos ser bons cristãos e que muitos outros o sejam, recordá‑la‑emos, no momento oportuno e com espírito positivo, aos nossos amigos e companheiros. Não esqueçamos que, ainda que o descanso seja um dever, não o é de um modo absoluto, e que o bem da alma, própria ou alheia, está acima do bem corporal.
Num cristão que deseja imprimir unidade à sua vida, Deus não quer um tempo em que repor‑se fisicamente signifique para a alma ficar doente, alquebrada ou pelo menos enfraquecida. Além disso, com um pouco de boa vontade, sempre é possível encontrar ou criar lugares e modos em que se venha a descansar tendo a Deus muito perto, no interior da alma em graça, aproveitando o tempo para estreitar laços de amizade e realizar um apostolado fecundo.
– As festas cristãs
III. “OS CRISTÃOS devem cooperar para que as manifestações e atividades culturais coletivas próprias da nossa época se impregnem de espírito humano e cristão”11.
É tarefa nossa abrir horizontes nobres e gratos a uma sociedade em que muitas pessoas gozam de mais tempo livre devido à tendência das legislações para diminuir a jornada de trabalho, com fins de semana mais longos, mais tempo de férias, etc. Devemos ensinar também por toda a parte que as festas têm um sentido essencialmente religioso, e que sem ele ficariam vazias de conteúdo: o Natal, a Semana Santa, os domingos e demais festas do Senhor e da Virgem. Trata‑se de um apostolado urgente, pois é cada vez maior o número dos que aproveitam esses dias para evadir‑se dos seus deveres cotidianos e, talvez, para afastar‑se mais de Deus.
As festas têm uma importância decisiva “para ajudar os cristãos a receber melhor a ação da graça divina e permitir‑lhes corresponder a ela mais generosamente”12. A Santa Missa é “o coração da festa cristã”13, e nela temos de oferecer ao Senhor tudo o que compõe o nosso dia. Nada teria sentido se descuidássemos este primeiro dever para com Deus, ou se o relegássemos para uma hora que somente preenchesse um buraco do dia, repleto de outras atividades tidas por mais importantes; isso revelaria ao menos pouco amor de Deus num cristão que deseja ter o Senhor como verdadeiro centro da sua vida. Para Ele deve ser a melhor hora do nosso dia, especialmente se se trata de um domingo ou de outro dia de preceito, ainda que para isso tenhamos que mudar os planos pessoais ou da família. Se formos generosos neste ponto, sentiremos a alegria profunda de quem correspondeu ao amor de seu Pai‑Deus.
Por último, não nos esqueçamos de que – como continua o Evangelho da Missa –, quando Jesus se dirigiu numa barca com os seus para um lugar afastado, muitos o viram partir e foram para lá a pé, e chegaram antes que eles. Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e encheu‑se de compaixão, porque estavam como ovelhas sem pastor, e começou a ensinar‑lhes muitas coisas. Nem Jesus nem os seus discípulos puderam descansar naquele dia. O Senhor ensina‑nos aqui com o seu exemplo que as necessidades dos outros estão por cima das nossas. Também nós, em tantas ocasiões do dia, teremos que deixar o descanso para outro momento porque há quem esteja à espera da nossa atenção e dos nossos cuidados. Façamo‑lo com a alegria com que o Senhor se ocupou daquela multidão que precisava dEle, deixando de lado os planos que tinha feito. É um bom exemplo de desprendimento que devemos aplicar às nossas vidas.
(1) Jer 23, 1‑6; (2) Sl 22, 1‑6; (3) Mc 6, 30‑34; (4) cfr. Josemaría Escrivá, Sulco, n. 470; (5) São Gregório Nazianzeno, Oração 26; (6) Santo Agostinho, Comentário sobre os salmos, 131, 12; (7) Santa Teresa, Caminho de perfeição, 38, 6; (8) Santo Agostinho, Confissões, 4, 10, 15; (9) Josemaría Escrivá, op. cit., n. 514; (10) Santo Agostinho, Confissões, 4, 12, 18; cfr. Comentário sobre os salmos, 33, 2; (11) Conc. Vat. II. Const. Gaudium et spes, 61; (12) Conferência Episcopal Espanhola, Las fiestas del calendario cristiano, 13‑XII‑1982, I, 5; (13) ib.
Fonte: livro “Falar com Deus”, de Francisco Fernández Carvajal.
22 de Julho 2018
A SANTA MISSA

16º Domingo do Tempo Comum – Ano B
Cor: verde
1ª Leitura: Jr 23, 1-6
“Reunirei o resto de minhas ovelhas. Suscitarei para elas pastores”.
Leitura do Livro de Jeremias
1 Ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho de minha pastagem, diz o Senhor! 2 Deste modo, isto diz o Senhor, Deus de Israel, aos pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes o meu rebanho, e o afugentastes e não cuidastes dele; eis que irei verificar isso entre vós e castigar a malícia de vossas ações, diz o Senhor. 3 E eu reunirei o resto de minhas ovelhas de todos os países para onde forem expulsas, e as farei voltar a seus campos, e elas se reproduzirão e multiplicarão. 4 Suscitarei para elas novos pastores que as apascentem; não sofrerão mais o medo e a angústia, nenhuma delas se perderá, diz o Senhor. 5 Eis que virão dias, diz o Senhor, em que farei nascer um descendente de Davi; reinará como rei e será sábio, fará valer a justiça e a retidão na terra. 6 Naqueles dias, Judá será salvo e Israel viverá tranquilo; este é o nome com que o chamarão: ‘Senhor, nossa Justiça.’
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 22(23), 1-3a.3b-4.5.6(R. 1)
R. O Senhor é o pastor que me conduz:
felicidade e todo bem hão de seguir-me!
1 O Senhor é o pastor que me conduz;*
não me falta coisa alguma.
2 Pelos prados e campinas verdejantes*
ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha,*
3 e restaura as minhas forças. R.
3b Ele me guia no caminho mais seguro,*
pela honra do seu nome.
4 Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,*
nenhum mal eu temerei;
estais comigo com bastão e com cajado;*
eles me dão a segurança! R.
5 Preparais à minha frente uma mesa,*
bem à vista do inimigo,
e com óleo vós ungis minha cabeça;*
o meu cálice transborda. R.
6 Felicidade e todo bem hão de seguir-me*
por toda a minha vida;
e na casa do Senhor, habitarei*
pelos tempos infinitos. R.
2ª Leitura: 1Ts 1, 5c-10
“Vós vos convertestes, abandonando os falsos deuses,
para servir a Deus esperando o seu Filho”.
Leitura da Primeira Carta de São Paulo apóstolo aos Tessalonicenses
Irmãos: 5c Sabeis de que maneira procedemos entre vós, para o vosso bem. 6 E vós vos tornastes imitadores nossos, e do Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito Santo, apesar de tantas tribulações. 7 Assim vos tornastes modelo para todos os fiéis da Macedônia e da Acaia. 8 Com efeito, a partir de vós, a Palavra do Senhor não se divulgou apenas na Macedônia e na Acaia, mas a vossa fé em Deus propagou-se por toda parte. Assim, nós já nem precisamos de falar, 9 pois as pessoas mesmas contam como vós nos acolhestes e como vos convertestes, abandonando os falsos deuses, para servir ao Deus vivo e verdadeiro, 10 esperando dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos: Jesus, que nos livra do castigo que está por vir.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Evangelho: Mc 6, 30-34
“Eram como ovelhas sem pastor”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo: 30 Os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. 31 Ele lhes disse: “Vinde sozinhos para um lugar deserto, e descansai um pouco”. Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer. 32 Então foram sozinhos, de barco, para um lugar deserto e afastado. 33 Muitos os viram partir e reconheceram que eram eles. Saindo de todas as cidades, correram a pé, e chegaram lá antes deles. 34 Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!