13 de Agosto 2018

A SANTA MISSA

19ª Semana do Tempo Comum – Segunda-feira 
Cor: verde

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1ª Leitura: Ez 1,2-5.24-28c

 “Tal era a aparência visível da glória do Senhor”. 

Leitura da Profecia de Ezequiel

2 No dia cinco do mês – esse era o quinto ano do exílio do rei Joaquim – 3 a palavra do Senhor foi dirigida a Ezequiel, filho do sacerdote Buzi, na terra dos caldeus, junto ao rio Cobar. Foi ali que a mão do Senhor esteve sobre ele. 4 Eu vi que um vento impetuoso vinha do norte, uma grande nuvem envolta em claridade e relâmpagos; no meio brilhava algo como se fosse ouro incandescente. 5 No centro aparecia a figura de quatro seres vivos. Este era o seu aspecto: cada um tinha a figura de homem. 24 E eu ouvi o rumor de suas asas: Era como um estrondo de muitas águas, como a voz do Poderoso. Quando se moviam, o seu ruído era como o barulho de um acampamento; quando paravam, eles deixavam pender as asas. 25 O ruído vinha de cima do firmamento, que estava sobre suas cabeças. 26 Acima do firmamento que estava sobre as cabeças, havia algo parecido com safira, uma espécie de trono, e sobre essa espécie de trono, bem no alto, uma figura com aparência humana. 27 E eu vi como que um brilho de ouro incandescente, envolvendo essa figura como se fosse fogo, acima daquilo que parecia ser a cintura; abaixo daquilo que parecia ser a cintura, vi algo como fogo e, em sua volta, um círculo luminoso. 28c Esse círculo luminoso tinha o mesmo aspecto do arco-íris, que se forma nas nuvens em dia de chuva. Tal era a aparência visível da glória do Senhor.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 148, 1-2. 11-12ab. 12c-14a. 14bcd

R. Da vossa glória estão cheios o céu e a terra.

1Louvai o Senhor Deus nos altos céus, *
louvai-o no excelso firmamento!
2Louvai-o, anjos seus, todos louvai-o, *
louvai-o, legiões celestiais!      R.

11 Reis da terra, povos todos, bendizei-o, *
e vós, príncipes e todos os juízes;
12a e vós, jovens, e vós, moças e rapazes, *
12b anciãos e criancinhas, bendizei-o!       R.

12c Louvem o nome do Senhor, louvem-no todos, *
porque somente o seu nome é excelso!
A majestade e esplendor de sua glória *
14a ultrapassam em grandeza o céu e a terra.      R.

14b Ele exaltou seu povo eleito em poderio *
14c ele é o motivo de louvor para os seus santos.
14d É um hino para os filhos de Israel, *
este povo que ele ama e lhe pertence.      R. 

Evangelho: Mt 17,22-27 

 “Eles o matarão, mas no terceiro dia ele ressuscitará.
Os filhos estão isentos dos impostos”. 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo: 22 Quando Jesus e os seus discípulos estavam reunidos na Galileia, ele lhes disse: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens. 23 Eles o matarão, mas no terceiro dia ele ressuscitará.” E os discípulos ficaram muito tristes. 24 Quando chegaram a Cafarnaum, os cobradores do imposto do Templo aproximaram-se de Pedro e perguntaram: “O vosso mestre não paga o imposto do Templo?” 25 Pedro respondeu: “Sim, paga.” Ao entrar em casa, Jesus adiantou-se, e perguntou: ‘Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos?” 26 Pedro respondeu: “Dos estranhos!” Então Jesus disse: “Logo os filhos são livres. 27 Mas, para não escandalizar essa gente, vai ao mar, lança o anzol, e abre a boca do primeiro peixe que tu pescares. Ali tu encontrarás uma moeda; pega então a moeda e vai entregá-la a eles, por mim e por ti.”

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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TEMPO COMUM. DÉCIMO NONO DOMINGO. CICLO B

– A Comunhão restaura as forças perdidas e confere outras novas. O Viático.

I. LEMOS NA PRIMEIRA LEITURA da Missa1 que o profeta Elias, fugindo de Jezabel, se dirigiu ao Horeb, o monte santo. Durante a longa e difícil viagem, sentiu‑se cansado e quis morrer. Basta, Senhor; tira a minha alma; porque eu não sou melhor do que os meus pais. E lançando‑se ao chão, adormeceu. Mas o Anjo do Senhor despertou‑o, ofereceu‑lhe pão e disse‑lhe: Levanta‑te e come, porque te resta um longo caminho. Tendo‑se ele levantado, comeu e bebeu, e com o vigor daquela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites, até o monte de Deus. O que não teria conseguido com as suas próprias forças, conseguiu‑o com o alimento que o Senhor lhe proporcionou quando mais desanimado se sentia.

O monte santo para o qual o Profeta se dirige é imagem do Céu, e o trajeto de quarenta dias representa a longa viagem que vem a ser a nossa passagem pela terra; uma viagem semeada também de tentações, cansaços e dificuldades que por vezes nos fazem fraquejar o ânimo e a esperança. Mas, de maneira semelhante ao Anjo, a Igreja convida‑nos a alimentar a nossa alma com um pão totalmente singular, que é o próprio Cristo presente na Sagrada Eucaristia. Nele encontramos sempre as forças necessárias para chegarmos até o Céu, apesar da nossa fraqueza.

Nos primeiros tempos do cristianismo, a Eucaristia era chamada Viático, pela analogia entre esse sacramento e o viático ou as provisões alimentícias e pecuniárias que os romanos levavam consigo para as necessidades do caminho. Mais tarde, reservou‑se o termo para designar o conjunto de auxílios espirituais, de modo especial a Sagrada Eucaristia, com que a Igreja apetrecha os seus filhos para a última e definitiva etapa da viagem rumo à eternidade2. Entre os primeiros cristãos, era costume levar a Comunhão aos encarcerados, sobretudo quando se aproximava o dia do martírio3.

São Tomás ensina que este sacramento se chama Viático na medida em que prefigura a alegria de gozarmos da visão de Deus na pátria definitiva e nos confere a possibilidade de alcançá‑la4. É a grande ajuda ao longo da vida e, especialmente, no último trecho do caminho, ocasião em que os ataques do inimigo podem ser mais duros. Esta é a razão pela qual a Igreja sempre procurou que nenhum cristão morresse sem esse sacramento. Desde o princípio, os cristãos sentiram a necessidade (e a obrigação) de recebê‑lo, mesmo que já tivessem comungado nesse dia5.

Também podemos recordar hoje na nossa oração a responsabilidade que temos, por vezes grave, de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que nenhum familiar, amigo ou colega morra sem os auxílios espirituais que a nossa Mãe a Igreja preparou para a última etapa da vida. É a melhor e a mais eficaz demonstração de caridade e de carinho, talvez a última, com essas pessoas aqui na terra. O Senhor recompensa‑nos com uma alegria muito grande quando cumprimos este gratíssimo dever, ainda que por vezes possa ser difícil e penoso.

Temos de agradecer ao Senhor todas as ajudas que nos oferece ao longo da vida, especialmente a da Comunhão. Este agradecimento manifestar‑se‑á em prepararmo‑nos para comungar todos os dias do melhor modo possível, e em fazê‑lo com a plena consciência de que cada Comunhão nos dá, mais do que ao profeta Elias, as energias necessárias para percorrermos com vigor o caminho da nossa santidade.

– O Pão da vida. Efeitos da Comunhão na alma.

II. EU SOU O PÃO da vida, diz‑nos Jesus no Evangelho da Missa6 [...]. Quem comer deste pão viverá eternamente; e o pão que eu darei é a minha carne para a salvação do mundo.

Hoje, o Senhor recorda‑nos vivamente a necessidade que temos de recebê‑lo na Sagrada Comunhão para podermos participar da vida divina, para vencermos as tentações, para que a vida da graça recebida no Batismo se desenvolva em nós. Quem comunga em estado de graça, além de participar dos frutos da Santa Missa, obtém uns bens próprios e específicos da Comunhão eucarística: recebe, espiritual e realmente, o próprio Cristo, fonte de toda a graça. A Sagrada Eucaristia é, por isso, o maior sacramento, centro e cume de todos os demais. A presença real de Cristo dá a este sacramento uma eficácia sobrenatural infinita.

Não há maior felicidade nesta vida do que receber o Senhor. Quando desejamos dar‑nos aos outros, podemos oferecer‑lhes objetos que nos pertencem como símbolo de algo mais profundo do nosso ser, ou fazê‑los participar dos nossos conhecimentos, ou dedicar‑lhes todo o nosso amor..., mas sempre chocamos com um limite. Na Comunhão, o poder divino ultrapassa todas as limitações humanas, porque sob as espécies eucarísticas recebemos o próprio Cristo indiviso. O amor atinge a sua máxima expressão neste sacramento, pois é a plena identificação com Aquele que tanto se ama, a quem tanto se espera. “Assim como quando se juntam dois pedaços de cera e com o fogo se derretem, dos dois se forma uma só coisa, assim também é o que acontece pela participação do Corpo de Cristo e do seu precioso Sangue”7. Verdadeiramente, não há maior felicidade nem maior bem do que receber dignamente o próprio Cristo na Sagrada Comunhão.

A alma nunca deixará de dar graças se se recordar com freqüência da riqueza deste sacramento. A Sagrada Eucaristia produz na vida espiritual efeitos parecidos aos do alimento material em relação ao corpo. Fortalece‑nos e afasta de nós a debilidade e a morte: o alimento eucarístico livra‑nos dos pecados veniais, que causam a debilidade e a doença da alma, e preserva‑nos dos mortais, que ocasionam a morte. O alimento material repara as nossas forças e robustece a nossa saúde. “A Comunhão freqüente ou diária torna a vida espiritual exuberante, enriquece a alma com uma maior efusão de virtudes e dá àquele que comunga um penhor seguro da felicidade eterna”8. Tal como o alimento natural permite que o corpo cresça, a Sagrada Eucaristia aumenta a santidade e a união com Deus, “porque a participação do corpo e do sangue de Cristo não faz outra coisa senão transfigurar‑nos naquilo que recebemos”9.

A Comunhão ajuda‑nos a santificar a vida familiar; incita‑nos a realizar o trabalho diário com alegria e perfeição; fortalece‑nos para enfrentarmos com garbo humano e sentido sobrenatural as dificuldades e tropeços da vida diária.

O Mestre está aqui e chama‑te10, ouvimos dizer diariamente; não recusemos o convite. Que possamos comparecer a esse encontro com alegria e bem preparados. Ainda estamos longe disso. E quanta coisa depende de que o façamos!

– A recepção freqüente ou diária deste sacramento. Visita ao Santíssimo; comunhões espirituais ao longo do dia.

III. AS NOSSAS FRAQUEZAS são numerosas. É por isso que o nosso encontro com o Mestre na Comunhão deve ser tão freqüente. O banquete está preparado11 e muitos são os convidados, mas poucos os que comparecem. Como podemos desculpar‑nos? O Amor desbarata todas as desculpas.

Podemos manter vivo ao longo do dia o desejo e a recordação deste sacramento mediante a Comunhão espiritual, que “consiste num desejo ardente de receber Jesus Sacramentado e num trato amoroso com Ele como se já o tivéssemos recebido”12. Esta prática traz‑nos muitas graças e ajuda‑nos a trabalhar e a relacionar‑nos com os outros com mais sentido sobrenatural. “Que fonte de graças é a comunhão espiritual! – Pratica‑a com freqüência, e terás mais presença de Deus e mais união com Ele nas obras”13.

Também é muito proveitosa a Visita ao Santíssimo, que é “prova de gratidão, sinal de amor e expressão da devida adoração ao Senhor”14. Nenhum lugar como a proximidade do Sacrário para esses encontros íntimos e pessoais em que o colóquio com o Senhor encontra o clima mais apropriado e em que nasce o impulso para a oração contínua no trabalho, na rua..., em qualquer lugar. O Senhor presente sacramentalmente pode ver‑nos e ouvir‑nos com uma intimidade maior, pois o seu Coração, que é “a fonte da vida e da santidade”15, continua a pulsar de amor por nós. Ele diz‑nos: Vinde vós também à parte, a um lugar solitário, e descansai um pouco.

Ao Seu lado encontramos a paz, se a tivermos perdido, a fortaleza para concluirmos as nossas tarefas e a alegria no serviço aos outros. “E, o que faremos, perguntais, na presença de Deus Sacramentado? Amá‑lo, louvá‑lo, agradecer‑lhe e pedir‑lhe. O que faz um pobre na presença de um rico? O que faz um doente diante do médico? O que faz um sedento quando avista uma fonte cristalina?”16

Jesus tem o que nos falta. Ele é a fortaleza neste caminho da vida. Peçamos a Nossa Senhora que nos ensine a recebê‑lo “com aquela pureza, humildade e devoção” com que Ela o recebeu, “com o espírito e o fervor dos santos”.

(1) 1 Rs 19, 4‑8; (2) cfr. A. Bride, voz Viatique, em DTC, XC, 2842‑2858; (3) cfr. São Cipriano, De lapsis, 13; Vita Basilii, 4; PG 29, 315; Atas dos mártires; etc; (4) cfr. São Tomás, Suma Teológica, III, q. 74, a. 4; (5) Código de Direito Canônico, can 921, 2; (6) Jo 6, 48‑51; (7) São Cirilo de Alexandria, Comentário ao Evangelho de São João, 10, 2; (8) Paulo VI, Instr. Eucharisticum Mysterium, 15‑VIII‑1967, 37; (9) ib., 7; (10) Jo 11, 28; (11) Lc 14, 16; (12) Santo Afonso Maria de Ligório, Visitas ao Santíssimo Sacramento, Introd., III; (13) Josemaría Escrivá, Caminho, n. 540; (14) Paulo VI, Enc. Mysterium fidei, 3‑IX‑1965, 67; (15) Ladainhas do Sagrado Coração; cfr. Pio XII, Enc. Haurietis aquas, 15‑V‑1956, 20, 34; (16) Santo Afonso Maria de Ligório, op. cit.

Fonte: livro “Falar com Deus”, de Francisco Fernández Carvajal.

12 de Agosto 2018

A SANTA MISSA

19º Domingo do Tempo Comum – Ano B
Cor: verde

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1ª Leitura: 1Rs 19,4-8

 “Com a força que lhe deu aquele alimento,
caminhou até ao monte de Deus.”

Primeiro Livro dos Reis

Naqueles dias, 4 Elias entrou deserto adentro e caminhou o dia todo. Sentou-se finalmente debaixo de um junípero e pediu para si a morte, dizendo: “Agora basta, Senhor! Tira a minha vida, pois não sou melhor que meus pais”. 5 E, deitando-se no chão, adormeceu à sombra do junípero. De repente, um anjo tocou-o e disse: “Levanta-te e come!” 6 Ele abriu os olhos e viu junto à sua cabeça um pão assado debaixo da cinza e um jarro de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir. 7 Mas o anjo do Senhor veio pela segunda vez, tocou-o e disse: “Levanta-te e come! Ainda tens um caminho longo a percorrer”. 8 Elias levantou-se, comeu e bebeu, e, com a força desse alimento, andou quarenta dias e quarenta noites, até chegar ao Horeb, o monte de Deus.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 33(34), 2-3.4-5.6-7.8-9(R. 9a)

R. Provai e vede quão suave é o Senhor!

Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo,*
seu louvor estará sempre em minha boca.
Minha alma se gloria no Senhor;*
que ouçam os humildes e se alegrem!     R.

4 Comigo engrandecei ao Senhor Deus,*
exaltemos todos juntos o seu nome!
5 Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu,*
e de todos os temores me livrou.      R.

6 Contemplai a sua face e alegrai-vos,*
e vosso rosto não se cubra de vergonha!
7 Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido,*
e o Senhor o libertou de toda angústia.      R.

8 O anjo do Senhor vem acampar*
ao redor dos que o temem, e os salva.
9 Provai e vede quão suave é o Senhor!*
Feliz o homem que tem nele o seu refúgio!       R.

2ª Leitura: Ef 4,30-5,2

 “Vivei no amor, a exemplo de Cristo.”

Carta de São Paulo apóstolo aos Efésios

Irmãos: 30 Não contristeis o Espírito Santo com o qual Deus vos marcou como com um selo para o dia da libertação. 31 Toda a amargura, irritação, cólera, gritaria, injúrias, tudo isso deve desaparecer do meio de vós, como toda espécie de maldade. 32 Sede bons uns para com os outros, sede compassivos; perdoai-vos mutuamente, como Deus vos perdoou por meio de Cristo. 5,1 Sede imitadores de Deus, como filhos que ele ama. 2Vivei no amor, como Cristo nos amou e se entregou a si mesmo a Deus por nós, em oblação e sacrifício de suave odor.

– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.

Evangelho: Jo 6,41-51 

 “Eu sou o pão que desceu do céu.” 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, 41 os judeus começaram a murmurar a respeito de Jesus, porque havia dito: “Eu sou o pão que desceu do céu”. 42 Eles comentavam: “Não é este Jesus o filho de José? Não conhecemos seu pai e sua mãe? Como pode então dizer que desceu do céu?” 43 Jesus respondeu: “Não murmureis entre vós. 44 Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no último dia. 45 Está escrito nos profetas: ‘Todos serão discípulos de Deus’. Ora, todo aquele que escutou o Pai, e por ele foi instruído, vem a mim. 46 Não que alguém já tenha visto o Pai. Só aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. 47 Em verdade, em verdade vos digo, quem crê, possui a vida eterna. 48 Eu sou o pão da vida. 49 Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. 50 Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá. 51 Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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11 de Agosto 2018

A SANTA MISSA

18ª Semana do Tempo Comum – Sábado 
Memória: Santa Clara, virgem
Cor: branca

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1ª Leitura: Hab 1,12-2,4

 “O justo viverá por sua fé”. 

Leitura da Profecia de Habacuc

12 Acaso não existes desde o princípio, Senhor, meu Deus, meu Santo, que não haverás de morrer? Senhor, puseste essa gente como instrumento de tua justiça; criaste-a, ó meu rochedo, para exercer punição. 13 Teus olhos são puros para não veres o mal; não podes aceitar a visão da iniquidade. Por que, então, olhando para os malvados, e vendo-os devorar o justo, ficas calado? 14 Tratas os homens como os peixes do mar, como os répteis, que não têm dono. 15 O pescador pega tudo com o anzol, puxa os peixes com a rede varredoura e recolhe-os na outra rede; com isso, alegra-se e faz a festa. 16 Faz imolação por causa da sua malha, oferece incenso por causa da sua rede, porque com elas cresceu a captura de peixes e sua comida aumentou. 17 Será por isso que ele sempre desembainhará a espada, para matar os povos, sem dó nem piedade? 2,1 Vou ocupar meu posto de guarda e estarei de atalaia, atento ao que me será dito e ao que será respondido à minha denúncia. 2 Respondeu-me o Senhor, dizendo: ‘Escreve esta visão, estende seus dizeres sobre tábuas, para que possa ser lida com facilidade. 3 A visão refere-se a um prazo definido, mas tende para um desfecho, e não falhará; se demorar, espera, pois ela virá com certeza, e não tardará. 4 Quem não é correto, vai morrer, mas o justo viverá por sua fé’.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 9,8-9. 10-11. 12-13 (11b)

R. Vós nunca abandonais quem vos procura, ó Senhor.

8Mas Deus sentou-se para sempre no seu trono, *
preparou o tribunal do julgamento;
9julgará o mundo inteiro com justiça, *
e as nações há de julgar com equidade.     R.

10 O Senhor é o refúgio do oprimido, *
seu abrigo nos momentos de aflição.
11 Quem conhece o vosso nome, em vós espera, *
porque nunca abandonais quem vos procura.      R.

12 Cantai hinos ao Senhor Deus de Sião, *
celebrai seus grandes feitos entre os povos!
13 Pois não esquece o clamor dos infelizes, *
deles se lembra e pede conta do seu sangue.     R. 

Evangelho: Mt 17,14-20 

 “Se tiverdes fé nada vos será impossível”. 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus

14 Naquele tempo, chegando Jesus e seus discípulos junto da multidão, um homem aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se e disse: 15 “Senhor, tem piedade do meu filho. Ele é epilético, e sofre ataques tão fortes que muitas vezes cai no fogo ou na água. 16 Levei-o aos teus discípulos, mas eles não conseguiram curá-lo!” 17 Jesus respondeu: “Ó gente sem fé e perversa! Até quando deverei ficar convosco? Até quando vos suportarei? Trazei aqui o menino.” 18 Então Jesus o ameaçou e o demônio saiu dele. Na mesma hora o menino ficou curado. 19 Então, os discípulos aproximaram-se de Jesus e lhe perguntaram em particular: “Por que nós não conseguimos expulsar o demônio?”  20 Jesus respondeu: “Porque a vossa fé é demasiado pequena. Em verdade vos digo, se vós tiverdes fé do tamanho de uma semente de mostarda, direis a esta montanha: ‘Vai daqui para lá e ela irá. E nada vos será impossível.”

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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10 de Agosto 2018

A SANTA MISSA

Festa: São Lourenço, diácono e mártir
Cor: vermelha

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1ª Leitura: 2Cor 9, 6-10

 “Deus ama aquele que dá com alegria.”

Leitura da Segunda Carta de São Paulo apóstolo aos Coríntios

Irmãos: 6 “Quem semeia pouco colherá também pouco e quem semeia com largueza colherá também com largueza”. 7 Dê cada um conforme tiver decidido em seu coração, sem pesar nem constrangimento; pois Deus “ama quem dá com alegria”. 8 Deus é poderoso para vos cumular de toda sorte de graças, para que, em tudo, tenhais sempre o necessário e ainda tenhais de sobra para toda obra boa, 9 como está escrito: “Distribuiu generosamente, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre”. 10 Aquele que dá a semente ao semeador e lhe dará o pão como alimento, ele mesmo multiplicará as vossas sementes e aumentará os frutos da vossa justiça.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 111(112), 1-2.5-6.7-8.9(R. cf. 5a)

R. Feliz o homem caridoso e prestativo.

1Feliz o homem que respeita o Senhor *
e que ama com carinho a sua lei!
2Sua descendência será forte sobre a terra, *
abençoada a geração dos homens retos!      R.

5 Feliz o homem caridoso e prestativo, *
que resolve seus negócios com justiça.
6 Porque jamais vacilará o homem reto, *
sua lembrança permanece eternamente!      R.

7 Ele não teme receber notícias más: *
confiando em Deus, seu coração está seguro.
8 Seu coração está tranquilo e nada teme, *
e confusos há de ver seus inimigos.      R.

9 Ele reparte com os pobres os seus bens, +
permanece para sempre o bem que fez, *
e crescerão a sua glória e seu poder.     R. 

Evangelho: Jo 12, 24-26 

 “Se alguém me serve, meu Pai o honrará.” 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 24 Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto. 25 Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. 26 Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo.
Se alguém me serve, meu Pai o honrará”.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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TEMPO COMUM. DÉCIMA OITAVA SEMANA. QUINTA‑FEIRA

– Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo: confessar assim a divindade de Cristo.

I. JESUS ENCONTRA‑SE em Cesaréia de Filipe, nos confins do território judeu. Subitamente, pergunta aos seus discípulos: Quem dizem os homens que é o Filho do homem?1 Os Apóstolos referem‑lhe as opiniões que corriam: Uns dizem que é João Batista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas. Muitos dos que ouviam a pregação de Jesus tinham‑no em alta conta, mas não sabiam quem Ele era na realidade. O Mestre fixa agora os olhos nos Apóstolos e pergunta‑lhes em tom amável: E vós, quem dizeis que eu sou? Parece exigir dos seus, dos que o seguem mais de perto, uma confissão de fé clara e sem paliativos; eles não devem limitar‑se a seguir uma opinião pública superficial e cambiante: devem conhecer e proclamar Aquele por quem deixaram tudo para viver uma vida nova.

Pedro responde categoricamente: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. É uma afirmação clara da divindade de Jesus, como o confirmam as palavras que o Senhor pronuncia a seguir: Bem‑aventurado és, Simão, filho de João, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas meu Pai que está nos céus. Pedro deve ter ficado profundamente comovido com as palavras do Mestre.

Também hoje há opiniões discordantes e errôneas a respeito de Jesus, pois é grande a ignorância acerca da sua Pessoa e missão. Apesar de vinte séculos de pregação e de apostolado da Igreja, muitas mentes não descobriram a verdadeira identidade de Jesus, que vive no meio de nós e nos pergunta: E vós, quem dizeis que eu sou? Nós, ajudados pela graça de Deus, que nunca falta, temos de proclamar com firmeza, com a firmeza sobrenatural da fé: Tu és o meu Deus e o meu Rei, perfeito Deus e Homem perfeito, “centro do cosmos e da história”2, centro da minha vida e razão de ser de todas as minhas obras.

Nos duros momentos da Paixão, quando Jesus estiver prestes a consumar a sua missão na terra, o Sumo Sacerdote perguntar‑lhe‑á: És tu o Messias, o Filho de Deus bendito? E Jesus declarará: Eu o sou. E vereis o Filho do homem sentado à direita do poder de Deus, e vir sobre as nuvens do céu3.

Nessa resposta, o Senhor não só dá testemunho de ser o Messias esperado, mas esclarece a transcendência divina do seu messianismo, ao aplicar a si próprio a profecia do Filho do Homem do profeta Daniel4. Serve‑se das expressões mais fortes de todas as passagens bíblicas para declarar a divindade da sua Pessoa. Então condenam‑no como blasfemo.

Só a luz da fé sobrenatural nos permite saber que Jesus Cristo é infinitamente superior a qualquer criatura: Ele é o “Filho único de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai, por quem todas as coisas foram feitas; e que por nós, homens, e para a nossa salvação desceu dos céus, e se encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, e se fez homem...”5 Saiu do Pai6, mas continua em plena comunhão com Ele, porque tem a mesma natureza divina. Será Ele quem, junto com o Pai, enviará o Espírito Santo7, pois tem e possui como próprio tudo o que é do Pai8.

Apresenta‑se como supremo Legislador: Ouvistes o que foi dito aos antigos... Mas eu vos digo...9 Na Antiga Lei, dizia‑se: Assim falou Javé, mas Jesus não fala nem ordena em nome de ninguém: Eu vos digo... É em seu próprio nome que proclama um ensinamento divino e estabelece uns preceitos que se prendem com o que há de mais essencial no homem. Exerce o poder de perdoar os pecados, qualquer pecado10, um poder que, como todos os judeus sabiam, é próprio e exclusivo de Deus. E não só absolve pessoalmente, mas dá o poder das chaves – o poder de governar e de perdoar – a Pedro e aos demais Apóstolos, bem como aos seus sucessores11. Promete apresentar‑se no fim do mundo como único juiz dos vivos e dos mortos12. Nunca houve ninguém que se arrogasse tais prerrogativas.

Jesus exigiu – exige – dos seus discípulos uma fé inquebrantável na sua Pessoa, uma fé que chegue ao ponto de fazê‑los tomar a Cruz sobre os seus ombros: Quem não toma a sua cruz e me segue não é digno de mim13; a atitude que nos pede em relação ao seu Pai celestial, exige‑a também em relação a si mesmo: uma fé sem fissuras, um amor sem medida14.

Nós, que queremos segui‑lo muito de perto, dizemos‑lhe com Pedro, quando estamos diante do Sacrário: Senhor, Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Verdadeiramente, “quem encontra Jesus encontra um bom tesouro, aquele que com efeito é bom acima de todo o bem. E quem perde Jesus perde muito, e mais que o mundo inteiro. Aquele que vive sem Jesus é paupérrimo, e riquíssimo quem com Ele vive”15. Não o deixemos nunca; fortaleçamos o nosso amor com muitos atos de fé, com a audácia em dar a conhecer em qualquer ambiente a nossa fé e o nosso amor por Cristo vivo.

– Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem.

II. DEPOIS DE TANTO TEMPO, Jesus continua a ser para muitos, que ainda não possuem o dom sobrenatural da fé ou vivem apoltronados na tibieza, uma figura evanescente, inconcreta. Nós também podíamos responder hoje a Jesus como os Apóstolos lhe responderam naquele dia em Cesaréia de Filipe: uns dizem que foste um homem de grandes ideais, outros... Verdadeiramente, continuam a ser atuais as palavras de João Batista: No meio de vós está quem vós não conheceis16.

Somente o dom divino da fé nos permite proclamar, unidos ao Magistério da Igreja: “Cremos em Nosso Senhor Jesus Cristo, que é o Filho de Deus. Ele é o Verbo eterno, nascido do Pai antes de todos os séculos e consubstancial ao Pai...”17 Cremos que em Jesus Cristo existem duas naturezas: uma divina e outra humana, diferentes e inseparáveis, e uma única Pessoa, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que é incriada e eterna, que se encarnou por obra do Espírito Santo no seio da Virgem Maria.

Jesus é também Homem perfeito. Nasce na maior indigência, aclamado pelos anjos do céu; passa fome e sede; cansa‑se e às vezes tem de reclinar‑se sobre uma pedra ou sentar‑se à beira de um poço; sente‑se tão esgotado que dorme enquanto navega com uns pescadores; chora junto do sepulcro do amigo Lázaro; tem medo e pavor da morte, antes de sofrer os ultrajes da crucifixão.

E essa Santíssima Humanidade de Jesus, igual à nossa menos no pecado, fez‑se caminho para o Pai. Ele vive hoje – Por que procurais entre os mortos aquele que vive?18 – e continua a ser o mesmo. “Iesus Christus heri et hodie; ipse et in saecula (Hebr XIII, 8). Quanto gosto de recordá‑lo: Jesus Cristo, o mesmo que foi ontem para os Apóstolos e para as multidões que o procuravam, vive hoje para nós e viverá pelos séculos. Somos nós, os homens, quem às vezes não consegue descobrir o seu rosto, perenemente atual, porque olhamos com olhos cansados ou turvos”19; com um olhar pouco penetrante porque nos falta amor.

– Cristo: Caminho, Verdade e Vida.

III. A VIDA CRISTÃ consiste em amar a Cristo, em imitá‑lo, em servi‑lo... E o coração tem um lugar importante nesse seguimento. De tal maneira é assim que, quando por tibieza ou por uma oculta soberba se descura a piedade, o trato de amizade com Jesus, torna‑se impossível continuar a seguir o Senhor. Seguir Cristo de perto é ser seu amigo, é ter a experiência viva de que Ele é o único amigo que nunca falha, que nunca atraiçoa nem desilude.

Santo Agostinho, depois de inúmeras tentativas vãs de seguir o Senhor, conta‑nos qual foi um dos elementos‑chave do seu longo processo de conversão: “Andava à procura da força idônea para gozar de Vós e não a encontrava, até que abracei o Mediador entre Deus e os homens: o Homem Cristo Jesus, que é sobre todas as coisas bendito pelos séculos, que nos chama e nos diz: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14, 6)”20. Amar o Homem Cristo Jesus!

Jesus Cristo é o único Caminho. Ninguém pode ir ao Pai a não ser por Ele21. Só por Ele, com Ele e nEle podemos alcançar o nosso destino sobrenatural. A Igreja no‑lo recorda todos os dias na Santa Missa: Por Ele, com Ele e nEle, a Ti, Deus Pai Todo‑Poderoso, toda a honra e toda a glória, na unidade do Espírito Santo... Unicamente por meio de Cristo, seu Filho muito amado, é que o Pai aceita o nosso amor e a nossa homenagem.

Cristo é também a Verdade. A verdade absoluta e total, Sabedoria incriada, que se nos revela na sua Santíssima Humanidade. Sem Cristo, a nossa vida é uma grande mentira. Com Ele, tem a segurança de quem sabe que não pode deixar de acertar.

E é a nossa Vida. O Antigo Testamento narra que Moisés, por indicação de Deus, ergueu o braço e feriu a rocha por duas vezes, e brotou água tão abundante que todo o povo sedento pôde beber22. Aquela água era figura da Vida que brota abundantemente de Cristo e que saltará até a vida eterna23. É a água da graça, da vida sobrenatural, que brota de Cristo, especialmente através dos sacramentos. Toda a graça que possuímos, a de toda a humanidade caída e reparada, é graça de Deus através de Cristo. Esta graça é‑nos comunicada de muitas maneiras; mas o seu manancial é único: o próprio Cristo, a sua Santíssima Humanidade unida à Pessoa do Verbo, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

Quando o Senhor nos perguntar na intimidade do nosso coração: “E tu, quem dizes que Eu sou?”, saibamos responder‑lhe com a fé de Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo, o Caminho, a Verdade e a Vida..., Aquele sem o qual a minha vida está completamente perdida.

(1) Mt 16, 13‑23; (2) João Paulo II, Enc. Redemptor hominis, 4‑III‑1979, 1; (3) Mc 14, 61‑62; (4) cfr. Dan 7, 13‑14; (5) Missal Romano, Credo Niceno‑Constantinopolitano; (6) cfr. Jo 8, 42; (7) cfr. Jo 15, 26; (8) cfr. Jo 16, 11‑15; (9) Mt 5, 21‑48; (10) cfr. Mt 11, 28; (11) cfr. Mt 18, 18; (12) cfr. Mc 15, 62; (13) Mt 18, 32; (14) cfr. K. Adam, Jesus Cristo, pág. 15‑16; (15) T. Kempis, Imitação de Cristo, II, 8, 2; (16) Jo 1, 26; (17) Paulo VI, Credo do povo de Deus, 30‑VI‑1968; (18) cfr. Lc 24, 5; (19) Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 127; (20) Santo Agostinho, Confissões, 7, 18; (21) cfr. Jo 14, 6; (22) Num 20, 1‑13; cfr. Primeira leitura da Missa da quinta‑feira da décima oitava semana do TC, ano I; (23) cfr. Jo 4, 14; 7, 38.

Fonte: livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal.

09 de Agosto 2018

A SANTA MISSA

18ª Semana do Tempo Comum – Quinta-feira
Cor: verde

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1ª Leitura: Jr 31,31-34

 “Concluirei uma nova aliança
e não mais lembrarei o seu pecado”.

 Leitura do Livro do Profeta Jeremias

31 Eis que virão dias, diz o Senhor, em que concluirei com a casa de Israel e a casa de Judá uma nova aliança; 32 não como a aliança que fiz com seus pais, quando os tomei pela mão para retirá-los da terra do Egito, e que eles violaram, mas eu fiz valer a força sobre eles, diz o Senhor. 33 Esta será a aliança que concluirei com a casa de Israel, depois desses dias, diz o Senhor: imprimirei minha lei em suas entranhas, e hei de inscrevê-la em seu coração; serei seu Deus e eles serão meu povo. 34 Não será mais necessário ensinar seu próximo ou seu irmão, dizendo: “Conhece o Senhor!; todos me reconhecerão, do menor ao maior deles, diz o Senhor, pois perdoarei sua maldade, e não mais lembrarei o seu pecado”.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 50,12-13. 14-15. 18-19 (R. 12a)

R. Ó Senhor, criai em mim, um coração que seja puro!

12 Criai em mim um coração que seja puro,*
dai-me de novo um espírito decidido.
13 Ó Senhor, não me afasteis de vossa face,*
nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!      R.

14 Dai-me de novo a alegria de ser salvo*
e confirmai-me com espírito generoso!
15 Ensinarei vosso caminho aos pecadores,*
e para vós se voltarão os transviados.      R.

18 pois não são de vosso agrado os sacrifícios,*
e, se oferto um holocausto, o rejeitais.
19 Meu sacrifício é minha alma penitente,*
não desprezeis um coração arrependido!     R.

Evangelho: Mt 16,13-23

 “Tu és Pedro.
Eu te darei as chaves do Reino dos Céus”.

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo: 13 Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” 14 Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; Outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas.” 15Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 16Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.” 17 Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18 Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19 Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus.” 20 Jesus, então, ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias. 21 Jesus começou a mostrar aos seus discípulos que devia ir à Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia. 22 Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo, dizendo: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te aconteça!” 23 Jesus, porém, voltou-se para Pedro, e disse: “Vai para longe, Satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus mas sim as coisas dos homens!”

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!

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08 de Agosto 2018

A SANTA MISSA

18ª Semana do Tempo Comum – Quarta-feira
Memória: São Domingos de Gusmão, presbítero
Cor: branca

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1ª Leitura: Jr 31,1-7

 “Amei-te com amor eterno”.

Leitura do Livro do Profeta Jeremias

Naquele tempo, diz o Senhor, serei Deus para todas as tribos de Israel, e elas serão meu povo. Isto diz o Senhor: Encontrou perdão no deserto o povo que escapara à espada; Israel encaminha-se para o seu descanso.’ O Senhor apareceu-me de longe: ‘Amei-te com amor eterno e te atraí com a misericórdia. De novo te edificarei, serás reedificada, ó jovem nação de Israel; de novo teus tambores ornarão as praças e sairás entre grupos de dançantes. Hás de plantar vinhas nos montes de Samaria; os cultivadores hão de plantar e também colher. Virá o dia em que gritarão os guardas no monte Efraim: ‘Levantai-vos, vamos a Sião, vamos ao Senhor, nosso Deus’. Isto diz o Senhor: Exultai de alegria por Jacó, aclamai a primeira das nações; tocai, cantai e dizei: ‘Salva, Senhor, teu povo, o resto de Israel’.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Jr 31, 10. 11-12ab. 13 (R. Cf. 10d)

R. O Senhor nos guardará qual pastor a seu rebanho.

10 Ouvi, nações, a palavra do Senhor *
e anunciai-a nas ilhas mais distantes:
‘Quem dispersou Israel, vai congregá-lo, *
e o guardará qual pastor a seu rebanho!’      R.

11 Pois, na verdade, o Senhor remiu Jacó *
e o libertou do poder do prepotente.
12a Voltarão para o monte de Sião, +
entre brados e cantos de alegria *
12b afluirão para as bênçãos do Senhor:      R.

13 Então a virgem dançará alegremente, *
também o jovem e o velho exultarão;
mudarei em alegria o seu luto, *
serei consolo e conforto após a guerra.     R.

Evangelho: Mt 15,21-28

 “Mulher, grande é a tua fé!”

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo: 21 Jesus foi para a região de Tiro e Sidônia. 22 Eis que uma mulher cananéia, vindo daquela região, pôs-se a gritar: ‘Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim: minha filha está cruelmente atormentada por um demônio!’ 23 Mas, Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Então seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: ‘Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós.’ 24 Jesus respondeu: ‘Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel.’ 25 Mas, a mulher, aproximando-se, prostrou-se diante de Jesus, e começou a implorar: ‘Senhor, socorre-me!’ 26 Jesus lhe disse: ‘Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos.’ 27 A mulher insistiu: ‘É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!’ 28 Diante disso, Jesus lhe disse: ‘Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!’ E desde aquele momento sua filha ficou curada.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!

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07 de Agosto 2018

A SANTA MISSA

18ª Semana do Tempo Comum – Terça-feira 
Cor: verde

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1ª Leitura: Jr 30,1-2.12-15.18-22

 “Eu te tratei com rudeza
por causa do teu endurecimento no pecado.
Mudarei a sorte das tendas de Jacó”. 

Leitura do Livro do Profeta Jeremias

1 Palavra que foi dirigida a Jeremias, da parte do Senhor: 2 ‘Isto diz o Senhor, Deus de Israel: Escreve para ti, num livro, todas as palavras que te falei. 12 Isto diz o Senhor: Incurável é tua ferida, maligna tua chaga; 13 não há quem conheça teu diagnóstico; uma úlcera tem remédio, mas em ti não se produz cicatrização. 14 Todos os teus amigos te esqueceram, não te procuram mais; eu te causei uma ferida, como se fosses inimigo, como um castigo cruel: por causa do grande número de maldades que te fez endurecer no pecado. 15 Por que gritas em teu sofrimento? É insanável a tua dor. Eu te tratei com rudeza por causa das tuas inúmeras maldades e por causa do teu endurecimento no pecado. 18 Isto diz o Senhor: Eis que eu mudarei a sorte das tendas de Jacó e terei compaixão de suas moradias, a cidade ressurgirá das suas ruínas e a fortaleza terá lugar para suas fundações; 19 de lá sairão cânticos de louvor e sons festivos. Hei de multiplicá-los, eles não diminuirão, hei de glorificá-los, eles não serão humilhados. 20 Teus filhos serão felizes como outrora, e sua comunidade, estável na minha presença; e agirei contra todos os que os molestarem. 21 Para chefe será escolhido um dos seus, e o soberano sairá do seu meio; eu o incitarei, e ele se aproximará de mim. Quem dará a vida em penhor da sua aproximação de mim? – diz o Senhor. 22 Sereis meu povo e eu serei vosso Deus.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 101, 16-18. 19-21. 29.22-23 (R. 20b)

R. O Senhor olhou a terra do alto céu.

16As nações respeitarão o vosso nome, *
e os reis de toda a terra, a vossa glória;
17quando o Senhor reconstruir Jerusalém *
e aparecer com gloriosa majestade,
18 ele ouvirá a oração dos oprimidos *
e não desprezará a sua prece.      R.

19 Para as futuras gerações se escreva isto, *
e um povo novo a ser criado louve a Deus.
20 Ele inclinou-se de seu templo nas alturas, *
e o Senhor olhou a terra do alto céu,
21 para os gemidos dos cativos escutar *
e da morte libertar os condenados.      R.

29 Assim também a geração dos vossos servos +
terá casa e viverá em segurança, *
e ante vós se firmará sua descendência.
22 Para que cantem o seu nome em Sião *
e louve ao Senhor Jerusalém,
23 quando os povos e as nações se reunirem *
e todos os impérios o servirem.       R. 

Evangelho: Mt 14,22-36 

 “Senhor, manda-me ir ao teu encontro,
caminhando sobre a água”.

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus

Depois que a multidão comera até saciar-se, 22 Jesus mandou que os discípulos entrassem na barco e seguissem, à sua frente, para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões. 23 Depois de despedi-las, Jesus subiu ao monte, para orar a sós. A noite chegou, e Jesus continuava ali, sozinho. 24 A barca, porém, já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. 25 Pelas três horas da manhã, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. 26 Quando os discípulos o avistaram, andando sobre o mar, ficaram apavorados, e disseram: ‘É um fantasma’. E gritaram de medo. 27 Jesus, porém, logo lhes disse: ‘Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!’ 28 Então Pedro lhe disse: ‘Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água.’ 29 E Jesus respondeu: ‘Vem!’ Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. 30 Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e começando a afundar, gritou: ‘Senhor, salva-me!’ 31 Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: ‘Homem fraco na fé, por que duvidaste?’ 32 Assim que subiram no barco, o vento se acalmou. 33 Os que estavam no barco, prostraram-se diante dele, dizendo: ‘Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!’ 34 Após a travessia desembarcaram em Genesaré. 35 Os habitantes daquele lugar, reconheceram Jesus e espalharam a notícia por toda a região. Então levaram a ele todos os doentes; 36 e pediam que pudessem, ao menos, tocar a barra de sua veste. E todos os que a tocaram, ficaram curados.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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TEMPO COMUM. DÉCIMA OITAVA SEMANA. TERÇA‑FEIRA

– Fé em Cristo. Com Ele, podemos tudo; sem Ele, somos incapazes de dar sequer um passo.

I. LOGO DEPOIS DO MILAGRE da multiplicação dos pães e dos peixes, o próprio Senhor despediu a multidão e ordenou aos seus discípulos que embarcassem1. Já devia ter caído o sol. Jesus, depois daquele dia de trabalho, de solicitude pelos que o tinham seguido, sentiu uma imensa necessidade de orar. Subiu a um monte vizinho e ali permaneceu sozinho, noite adentro, em diálogo com seu Pai do céu.

Do alto do monte, Jesus vê os Apóstolos já longe da margem, e percebe o momento em que a barca, batida pelas ondas porque o vento lhes era contrário, passou a estar em perigo. Pôde divisar a pobre embarcação no meio do lago, pois era plenilúnio e a Páscoa estava já próxima. Por volta da quarta vigília da noite, cerca de três horas da madrugada, antes de o dia despontar, foi ter com eles caminhando sobre as águas.

Os discípulos, ao verem a figura nebulosa que se aproximava deles pelo mar, tiveram medo: É um fantasma, disseram. E começaram a gritar. Mas Cristo deu‑se a conhecer imediatamente: Tende confiança, sou eu, não temais. É a atitude com que Cristo se apresenta sempre na vida do cristão: dando alento e serenidade.

Pedro ganha confiança e, levado pelo seu amor, que o faz desejar estar quanto antes com o Mestre, faz‑lhe um pedido inesperado: Senhor, se és tu, manda‑me ir até onde estás por sobre as águas. A audácia do amor não tem limites. E a condescendência de Jesus também é inesgotável. E ele disse‑lhe: Vem. Pedro, descendo da barca, começou a andar sobre as águas em direção a Jesus.

Foram momentos impressionantes para todos: Pedro trocou a segurança da barca pela da palavra do Senhor. Não ficou aferrado às tábuas da embarcação, mas dirigiu‑se para onde Jesus estava, a uns poucos metros dos seus discípulos, que contemplam atônitos o Apóstolo por cima das águas embravecidas. Pedro avança sobre as ondas. Sustentam‑no a fé e a confiança no seu Mestre; só isso.

Pouco importam o ambiente, as dificuldades que rodeiam a nossa vida, se sabemos avançar cheios de fé e confiança ao encontro de Jesus que nos espera; pouco importa que as ondas sejam muito altas ou o vento forte; pouco importa que não seja do natural do homem caminhar sobre as águas. Se olhamos para Jesus, tudo nos é possível; e esse olhar para Ele é a virtude da piedade. Se pela oração e pelos sacramentos nos mantemos unidos a Jesus, caminharemos com firmeza. Deixar de olhar para Cristo é naufragar, é incapacitar‑se para dar um passo, mesmo em terra firme.

– Quando a fé se torna pequena, as dificuldades agigantam‑se.

II. A FÉ, INICIALMENTE GRANDE, tornou‑se pequena depois. Pedro tomou consciência das ondas, dos ventos (São João diz que eram fortes), de como era impossível para o homem caminhar sobre as águas; preocupou‑se com as dificuldades e esqueceu‑se da única coisa que o mantinha à superfície: a palavra do Senhor. Perante os obstáculos, de que agora tomava consciência, a sua fé diminuiu; mas o milagre estava ligado a uma plena confiança em Cristo.

Deus pede às vezes “aparentes impossíveis”, que se tornam realidade quando nos conduzimos com fé, de olhos postos no Senhor. Certa vez, o Fundador do Opus Dei, Mons. Josemaría Escrivá, dizia a uma filha sua que partia para outro país onde encontraria as lógicas dificuldades próprias dos começos de um trabalho apostólico: “Quando te peço uma coisa, filha, não me digas que é impossível, porque já o sei. Mas desde que comecei a Obra, o Senhor pediu‑me muitos impossíveis... e foram saindo!”2 E foram saindo!: trabalhos apostólicos em muitos países..., multidões de simples leigos, de todas as condições sociais, que se dispuseram a santificar‑se no seu lugar de trabalho, santificando esse mesmo trabalho e santificando os outros através desse trabalho. Dizia‑lhes Mons. Escrivá de mil formas diferentes: “São precisos homens de fé, e renovar‑se‑ão os prodígios que lemos na Sagrada Escritura...” E esses prodígios realizam‑se todos os dias na terra... Sempre foi assim na história da Igreja.

É Deus quem nos mantém na superfície e nos torna eficazes no meio de “aparentes impossíveis”, de um ambiente que não raras vezes é contrário ao ideal cristão. É Ele quem faz que caminhemos sobre as águas, e a condição é sempre a mesma: olhar para Cristo e não deter‑se excessivamente a considerar os obstáculos.

São João Crisóstomo, ao comentar este episódio do lago, sublinha que Jesus levou Pedro a saber por experiência própria que toda a sua fortaleza procedia dEle, ao passo que de si mesmo só podia esperar fraqueza e miséria3; e acrescenta: “Quando falta a nossa cooperação, cessa também a ajuda de Deus”. No momento em que Pedro começou a temer e a duvidar, começou também a afundar‑se.

Quando a fé se torna pequena, as dificuldades agigantam‑se: “A fé viva depende da capacidade que eu tenha de responder afirmativamente a esse Deus que me chama e quer tratar‑me e ser meu amigo, a grande companhia da minha vida. Portanto, se eu lhe digo “sim, aqui estou” [...], se passo a viver ao seu lado, robusteço a minha fé, porque a minha fé alicerça‑se em Deus [...]. Pelo contrário, se me distancio de Deus, se o esqueço, se o empurro para a periferia da minha vida, e esta submerge naquilo que é puramente material e humano; se me deixo arrastar pelas evidências imediatas e Deus se desvanece da minha alma, como posso ter uma fé viva? Se não procuro o trato íntimo com Cristo, o que é que resta da minha fé? Por isso, temos de concluir que, em última instância, todos os obstáculos à vida de fé se reduzem na sua gênese a um afastamento de Deus, a um separar‑se de Deus, a um deixar de conviver com Ele num trato face a face”4.

Pedro teria continuado a caminhar firmemente sobre as águas e teria chegado até o Senhor se não tivesse afastado dEle o seu olhar confiante. Todas as tempestades juntas, as de dentro da alma e as do ambiente, nada podem enquanto estivermos bem ancorados na fé e na oração. A nossa fé nunca deve fraquejar, mesmo que as dificuldades sejam enormes e a sua violência pareça esmagar‑nos.

“Que importa que tenhas contra ti o mundo inteiro, com todos os seus poderes? Tu... para a frente!

“– Repete as palavras do salmo: «O Senhor é a minha luz e a minha salvação, a quem temerei?... ’Si consistant adversum me castra, non timebit cor meum’ – Ainda que me veja cercado de inimigos, não fraquejará o meu coração»”5.

– Jesus sempre ajuda.

III. E DESCENDO DA BARCA, Pedro caminhava sobre as águas ao encontro de Jesus. Vendo, porém, que o vento era forte, temeu e, começando a afundar‑se, gritou: Senhor, salva‑me! No mesmo instante, Jesus estendeu‑lhe a mão, segurou‑o e disse‑lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste? E, mal subiram à barca, o vento cessou.

Nos perigos, nos tropeços, nas dúvidas, é para Cristo que devemos olhar: Corramos com perseverança para o combate que nos é proposto, pondo os olhos no autor e consumador da fé, Jesus6, podemos ler na Epístola aos Hebreus. Cristo deve ser para nós uma figura clara, nítida e bem conhecida. Já o contemplamos tantas vezes que não podemos confundi‑lo com um fantasma!, como os discípulos no meio da noite. Os seus traços são inconfundíveis, bem como a sua voz e o seu olhar. Olhou para nós tantas vezes! É nEle que começa e culmina a vida cristã. “Se queres salvar‑te – escreve São Tomás de Aquino –, olha para o rosto do teu Cristo”7. O nosso trato habitual com Ele na oração e nos sacramentos é a única garantia de podermos conservar‑nos de pé, como filhos de Deus, no meio de um mar agitado como o que nos envolve.

Mais ainda, junto de Cristo, os conflitos e trabalhos que encontramos quase todos os dias fortalecem‑nos a fé, firmam‑nos a esperança e unem‑nos mais a Ele. Acontece conosco o mesmo que com “as árvores que crescem em lugares sombreados e livres de ventos: enquanto se desenvolvem externamente com um aspecto próspero, tornam‑se fracas e moles, e facilmente são atacadas por qualquer coisa; mas as árvores que vivem nos cumes dos montes mais altos, sacudidas por muitos ventos e constantemente expostas à intempérie e a todas as inclemências, agitadas por fortíssimas tempestades e freqüentemente cobertas por neves, tornam‑se mais robustas que o ferro”8.

Pedro deixou de olhar para Cristo, e afundou‑se. Mas soube recorrer imediatamente Àquele a quem tudo está submetido: Senhor, salva‑me!, gritou com todas as suas forças quando se sentiu perdido. E Jesus, com um carinho infinito, estendeu‑lhe a mão e retirou‑o das águas. Se vemos que submergimos, que as dificuldades ou a tentação são superiores à nossa capacidade de resistência, recorramos a Cristo: Senhor, salva‑me! E Cristo estender‑nos‑á a sua mão poderosa e segura, e passaremos incólumes por todos os perigos e tribulações.

O Senhor tem sempre a sua mão estendida, para que nos agarremos a ela. Nunca permite que nos afundemos, se fazemos o pouco que está ao nosso alcance. Além disso, colocou ao nosso lado um Anjo da Guarda, para que nos proteja de todas as adversidades e seja uma ajuda poderosa no nosso caminho para o Céu. Procuremos a sua amizade, recorramos a ele com freqüência ao longo do dia, peçamos‑lhe ajuda nas coisas grandes e pequenas, e alcançaremos a fortaleza de que necessitamos para vencer.

(1) Cfr. Mt 14, 22‑36; (2) P. Berglar, Opus Dei, Rialp, Madrid, 1987, pág. 270; (3) cfr. São João Crisóstomo, Homilias sobre o Evangelho de São Mateus, 50; (4) P. Rodríguez, Fe y vida de fe, EUNSA, Pamplona, 1974, pág. 128; (5) Josemaría Escrivá, Caminho, n. 482; (6) Hebr 12, 1‑2; (7) São Tomás, Comentário à Carta aos Hebreus, 12, 1‑2; (8) São João Crisóstomo, Homilia De gloria in tribulationibus.

Fonte: livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal.