31 de Janeiro 2019
A SANTA MISSA

3ª Semana do Tempo Comum – Quinta-feira
Memória: São João Bosco, presbítero
Cor: Branca
1ª Leitura: Hb 10, 19-25
“Conservemos firmemente a esperança que professamos”.
Leitura da Carta aos Hebreus
19 Sendo assim, irmãos, temos plena liberdade para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus. 20 Ele nos abriu um caminho novo e vivo, através da cortina, quer dizer, através da sua humanidade. 21 Temos um grande sacerdote constituído sobre a casa de Deus. 22 Aproximemo-nos, portanto, de coração sincero e cheio de fé, com coração purificado de toda má consciência e o corpo lavado com água pura. 23 Sem desânimo, continuemos a afirmar a nossa esperança, porque é fiel quem fez a promessa. 24 Sejamos atentos uns aos outros, para nos incentivar à caridade e às boas obras. 25 Não abandonemos as nossas assembleias, como alguns costumam fazer. Antes, procuremos animar-nos mutuamente, e tanto mais quanto vedes o dia aproximar-se.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 23(24), 1-2.3-4ab.5-6(R. cf. 6)
R. É assim a geração dos que buscam vossa face,
ó Senhor, Deus de Israel.
1 Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra,*
o mundo inteiro com os seres que o povoam;
2 porque ele a tornou firme sobre os mares,*
e sobre as águas a mantém inabalável. R.
3 ‘Quem subirá até o monte do Senhor,*
quem ficará em sua santa habitação?’
4a ‘Quem tem mãos puras e inocente coração,*
4b quem não dirige sua mente para o crime. R.
5 Sobre este desce a bênção do Senhor*
e a recompensa de seu Deus e Salvador’.
6 ‘É assim a geração dos que o procuram,*
e do Deus de Israel buscam a face’. R.
Evangelho: Mc 4,21-25
“A lâmpada, traz-se, para ser colocada sobre o candelabro.
Com a mesma medida com que medirdes, também vós sereis medidos”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, Jesus disse à multidão: 1 ‘Quem é que traz uma lâmpada para colocá-la debaixo de um caixote, ou debaixo da cama? Ao contrário, não a coloca num candeeiro? 22 Assim, tudo o que está escondido deverá tornar-se manifesto, e tudo o que está em segredo deverá ser descoberto. 23 Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.’ 24 Jesus dizia ainda: ‘Prestai atenção no que ouvis: com a mesma medida com que medirdes, também vós sereis medidos; e vos será dado ainda mais. 25 Ao que tem alguma coisa, será dado ainda mais; do que não tem, será tirado até mesmo o que ele tem.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
30 de Janeiro 2019
A SANTA MISSA

3ª Semana do Tempo Comum – Quarta-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: Hb 10, 11-18
“Tornou perfeitos para sempre os que Ele santifica.”
Leitura da Carta aos Hebreus.
11 Todo sacerdote se apresenta diariamente para celebrar o culto, oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, incapazes de apagar os pecados. 12 Cristo, ao contrário, depois de ter oferecido um sacrifício único pelos pecados, sentou-se para sempre à direita de Deus. 13 Não lhe resta mais senão esperar até que seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. 14 De fato, com esta única oferenda, levou à perfeição definitiva os que ele santifica. 15 É isto que também nos atesta o Espírito Santo, porque, depois de ter dito: 16 “Eis a aliança que farei com eles, depois daqueles dias”, o Senhor declara: “Pondo as minhas leis nos seus corações e inscrevendo-as na sua mente, 17 não me lembrarei mais dos seus pecados, nem das suas iniquidades”. 18 Ora, onde existe o perdão, já não se faz oferenda pelo pecado.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 109 (110), 1.2.3.4(R. 4bc)
R. Tu és eternamente sacerdote
segundo a ordem do rei Melquisedec!
1 Palavra do Senhor ao meu Senhor:*
‘Assenta-te ao lado meu direito
até que eu ponha os inimigos teus*
como escabelo por debaixo de teus pés!’ R.
2 O Senhor estenderá desde Sião
vosso cetro de poder, pois Ele diz:*
‘Domina com vigor teus inimigos; R.
3 tu és príncipe desde o dia em que nasceste;
na glória e esplendor da santidade,*
como o orvalho, antes da aurora, eu te gerei!’ R.
4 Jurou o Senhor e manterá sua palavra:
‘Tu és sacerdote eternamente,*
segundo a ordem do rei Melquisedec!’ R.
Evangelho: Mc 4,1-20
“O semeador saiu a semear”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo: 1 Jesus começou a ensinar de novo às margens do mar da Galileia. Uma multidão muito grande se reuniu em volta dele, de modo que Jesus entrou numa barca e se sentou, enquanto a multidão permanecia junto às margens, na praia. 2 Jesus ensinava-lhes muitas coisas em parábolas. E, em seu ensinamento, dizia-lhes: 3 ‘Escutai! O semeador saiu a semear. 4 Enquanto semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho; vieram os pássaros e a comeram. 5 Outra parte caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; brotou logo, porque a terra não era profunda, 6 mas, quando saiu o sol, ela foi queimada; e, como não tinha raiz, secou. 7 Outra parte caiu no meio dos espinhos; os espinhos cresceram, a sufocaram, e ela não deu fruto. 8 Outra parte caiu em terra boa e deu fruto, que foi crescendo e aumentando, chegando a render trinta, sessenta e até cem por um.’ 9 E Jesus dizia: ‘Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.’ 10 Quando ficou sozinho, os que estavam com ele, junto com os Doze, perguntaram sobre as parábolas. 11 Jesus lhes disse: ‘A vós, foi dado o mistério do Reino de Deus; para os que estão fora, tudo acontece em parábolas, 12 para que olhem mas não enxerguem, escutem mas não compreendam, para que não se convertam e não sejam perdoados.’ 13 E lhes disse: ‘Vós não compreendeis esta parábola? Então, como compreendereis todas as outras parábolas? 14 O semeador semeia a Palavra. 15 Os que estão à beira do caminho são aqueles nos quais a Palavra foi semeada; logo que a escutam, chega Satanás e tira a Palavra que neles foi semeada. 16 Do mesmo modo, os que receberam a semente em terreno pedregoso, são aqueles que ouvem a Palavra e logo a recebem com alegria, 17 mas não têm raiz em si mesmos, são inconstantes; quando chega uma tribulação ou perseguição, por causa da Palavra, logo desistem. 18 Outros recebem a semente entre os espinhos: são aqueles que ouvem a Palavra; 19 mas quando surgem as preocupações do mundo, a ilusão da riqueza e todos os outros desejos, sufocam a Palavra, e ela não produz fruto. 20 Por fim, aqueles que recebem a semente em terreno bom, são os que ouvem a Palavra, a recebem e dão fruto; um dá trinta, outro sessenta e outro cem por um.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
29 de Janeiro 2019
A SANTA MISSA

3ª Semana do Tempo Comum – Terça-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: Hb 10, 1-10
“Eu venho, ó Deus, para fazer a tua vontade”.
Leitura da Carta aos Hebreus.
Irmãos, 1 a Lei possui apenas o esboço dos bens futuros e não o modelo real das coisas. Também, com os seus sacrifícios sempre iguais e sem desistência repetidos cada ano, ela é totalmente incapaz de levar à perfeição aqueles que se aproximam para oferecê-los. 2 Se não fosse assim, não se teria deixado de oferecê-los, se os que prestam culto, uma vez purificados, já não tivessem nenhuma consciência dos pecados? 3 Mas, ao contrário, é por meio desses sacrifícios que, anualmente, se renova a memória dos pecados, 4 pois é impossível eliminar os pecados com o sangue de touros e bodes. 5 Por isso, ao entrar no mundo, Cristo afirma: “Tu não quiseste vítima nem oferenda, mas formaste-me um corpo. 6 Não foram do teu agrado holocaustos nem sacrifícios pelo pecado. 7 Por isso eu disse: Eis que eu venho. No livro está escrito a meu respeito: Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade”. 8 Depois de dizer: “Tu não quiseste nem te agradaram vítimas, oferendas, holocaustos, sacrifícios pelo pecado” – coisas oferecidas segundo a Lei –, 9 ele acrescenta: “Eu vim para fazer a tua vontade”. Com isso, suprime o primeiro sacrifício, para estabelecer o segundo. 10 É graças a esta vontade que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 39 (40), 2 e 4ab.7-8a.10-11(R. 8a.9a)
R. Eis que venho fazer, com prazer,
a vossa vontade, Senhor!
2 Esperando, esperei no Senhor, *
e inclinando-se, ouviu meu clamor.
4a Canto novo ele pôs em meus lábios, *
4b um poema em louvor ao Senhor. R.
7 Sacrifício e oblação não quisestes, *
mas abristes, Senhor, meus ouvidos;
não pedistes ofertas nem vítimas, +
holocaustos por nossos pecados. *
8a E então eu vos disse: ‘Eis que venho!’ R.
10 Boas-novas de vossa justiça +
anunciei numa grande assembléia; *
vós sabeis: não fechei os meus lábios! R.
11 Proclamei toda a vossa justiça, +
sem retê-la no meu coração; *
vosso auxílio e lealdade narrei.
Não calei vossa graça e verdade *
na presença da grande assembléia. R.
Evangelho: Mc 3, 31-35
“Quem fizer a vontade de Deus
esse é meu irmão, minha irmã e minha Mãe.”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, 31 Chegaram a mãe de Jesus e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. 32 Havia uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: ‘Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura.’ 33 Ele respondeu: ‘Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?’ 34 E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: ‘Aqui estão minha mãe e meus irmãos. 35 Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
28 de Janeiro 2019
A SANTA MISSA

3ª Semana do Tempo Comum – Segunda-feira
Memória: Santo Tomás de Aquino, presbítero e doutor
Cor: Branca
1ª Leitura: Hb 9, 15.24-28
“Cristo, oferecido uma vez por todas, para tirar os pecados da multidão,
aparecerá uma segunda vez, fora do pecado,
para salvar aqueles que o esperam.”
Leitura da Carta aos Hebreus
Irmãos: 15 Cristo é mediador de uma nova aliança. Pela sua morte, ele reparou as transgressões cometidas no decorrer da primeira aliança. E, assim, aqueles que são chamados recebem a promessa da herança eterna. 24 Jesus não entrou num santuário feito por mão humana, imagem do verdadeiro, mas no próprio céu, a fim de comparecer, agora, na presença de Deus, em nosso favor. 25 E não foi para se oferecer a si muitas vezes, como o sumo sacerdote que, cada ano, entra no Santuário com sangue alheio. 26 Porque, se assim fosse, deveria ter sofrido muitas vezes, desde a fundação do mundo. Mas foi agora, na plenitude dos tempos, que, uma vez por todas, ele se manifestou para destruir o pecado pelo sacrifício de si mesmo. 27 O destino de todo homem é morrer uma só vez, e depois vem o julgamento. 28 Do mesmo modo, também Cristo, oferecido uma vez por todas, para tirar os pecados da multidão, aparecerá uma segunda vez, fora do pecado, para salvar aqueles que o esperam.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 97(98), 1.2-3ab.3cd-4.5-6(R. 1a)
R. Cantai ao Senhor Deus um canto novo,*
porque ele fez prodígios!
1 Cantai ao Senhor Deus um canto novo,*
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo*
alcançaram-lhe a vitória. R.
2 O Senhor fez conhecer a salvação,*
e às nações, sua justiça;
3a recordou o seu amor sempre fiel*
3b pela casa de Israel. R.
3c Os confins do universo contemplaram*
3d a salvação do nosso Deus.
4 aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,*
alegrai-vos e exultai! R.
5 Cantai salmos ao Senhor ao som da harpa*
e da cítara suave!
6 Aclamai, com os clarins e as trombetas,*
ao Senhor, o nosso Rei! R.
Evangelho: Mc 3, 22-30
“Satanás está perdido.”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo: 22 Os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Beelzebu, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios. 23 Então Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: ‘Como é que Satanás pode expulsar a Satanás? 24 Se um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se. 25 Se uma família se divide contra si mesma, ela não poderá manter-se. 26 Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído. 27 Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa. 28 Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. 29 Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno.’ 30 Jesus falou isso, porque diziam: ‘Ele está possuído por um espírito mau.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
TEMPO COMUM. TERCEIRO DOMINGO. ANO C
– Ouvir com fé e devoção a Palavra de Deus. A leitura do Evangelho. A ignorância, “o maior inimigo de Deus no mundo”.
– A formação do cristão prossegue durante toda a sua vida. Necessidade de uma boa formação.
– Tempo e constância para adquirir a boa doutrina. A leitura espiritual.
I. A PRIMEIRA LEITURA da Missa1 narra com grande emoção o regresso do Povo escolhido para a Judéia depois de tantos anos de desterro na Babilônia.
Já em solo judaico, um dos sacerdotes, Esdras, explica ao povo o conteúdo da Lei que tinham esquecido naqueles anos transcorridos em “terras estranhas”. Leu o livro sagrado desde o amanhecer até o meio-dia, e todos de pé seguiam a leitura com atenção, e o povo inteiro chorava. É um pranto em que se misturam naqueles homens a alegria de reconhecerem novamente a Lei de Deus e a tristeza de perceberem que o seu antigo esquecimento da Lei fora a causa de que tivessem sido desterrados.
Quando nos reunimos para participar na Santa Missa, escutamos de pé, em atitude vigilante, a Boa Nova que o Evangelho nunca deixa de nos trazer. Devemos ouvi-lo com uma disposição atenta, humilde e agradecida, porque sabemos que o Senhor se dirige a cada um de nós em particular. “Devemos ouvir o Evangelho – diz Santo Agostinho – como se o Senhor estivesse presente e nos falasse. Não devemos dizer: «Felizes aqueles que puderam vê-lo». Porque muitos dos que o viram crucificaram-no; e muitos dos que não o viram creram nele. As mesmas palavras que saíam da boca do Senhor foram escritas, guardadas e conservadas para nós”2.
Só se ama o que se conhece. Por isso, muitos cristãos reservam todos os dias alguns minutos para lerem e meditarem o Evangelho, e assim chegam espontaneamente a um conhecimento profundo e à contemplação de Jesus Cristo. O Evangelho ensina-nos a ver Cristo tal como os Apóstolos o viram, a observar as suas reações, o seu modo de comportar-se, as suas palavras sempre cheias de sabedoria e de autoridade; mostra-nos Jesus ora compadecido perante a desgraça, ora santamente irado, sempre compreensivo com os pecadores, firme diante dos fariseus que falsificavam a religião, cheio de paciência com os discípulos que por vezes não entendiam o sentido das suas palavras.
Seria muito difícil amar a Cristo, conhecê-lo de verdade, se não se escutasse freqüentemente a Palavra de Deus, se não se lesse o Evangelho com atenção, todos os dias. Essa leitura – bastam cinco minutos diários – alimenta a nossa piedade.
Ao terminar a leitura da Sagrada Escritura, o sacerdote diz: Palavra da Salvação. E todos os fiéis respondem: Glória a Vós, Senhor. E como é que lhe damos glória? O Senhor não se contenta com o mero assentimento às suas palavras: quer também um louvor com obras. Não podemos arriscar-nos a esquecer a lei de Deus, a permitir que os ensinamentos do Evangelho estejam em nós como verdades difusas e inoperantes, ou conhecidas apenas superficialmente; isso representaria para a nossa vida um desterro muito mais amargo que o da Babilônia. O grande inimigo de Deus no mundo é a ignorância, “que é a causa e a raiz de todos os males que envenenam os povos e perturbam muitas almas”3. E se essa ignorância diz respeito à pessoa de Cristo e à doutrina por Ele anunciada, a nossa vida não terá eixo em torno do qual girar.
II. NA MISSA DE HOJE, lemos o começo do Evangelho de São Lucas4, em que o Evangelista nos diz ter resolvido passar a vida de Cristo a escrito para que conhecêssemos a solidez dos ensinamentos que recebemos.
A obrigação de conhecer profundamente a doutrina de Jesus – cada um de acordo com as circunstâncias da sua vida – estende-se a todos e dura enquanto prosseguir a nossa caminhada sobre a terra. “O crescimento da fé e da vida cristã necessita de um esforço decidido e de um exercício permanente da liberdade pessoal, sobretudo no ambiente adverso em que vivemos. Este esforço começa com a estima pela fé, encarada como o valor mais importante da nossa vida. A partir dessa estima, nasce o interesse por conhecer e praticar tudo o que está contido na fé em Deus e nas exigências do seguimento de Cristo, no contexto complexo e variável da vida real de cada dia”5.
Nunca devemos considerar-nos suficientemente formados, nunca devemos conformar-nos com o conhecimento de Jesus Cristo e dos seus ensinamentos que já possuímos. O amor pede que se conheçam sempre mais coisas da pessoa amada.
Na vida profissional, um médico, um arquiteto, um advogado, se querem ser bons profissionais, nunca dão por concluídos os seus estudos ao saírem da Faculdade; estão sempre em contínua formação. Com o cristão acontece o mesmo. Pode-se aplicar-lhe também aquela frase de Santo Agostinho: “Disseste basta? Pereceste”6.
A qualidade do instrumento pode melhorar, desenvolver novas possibilidades, e nós somos instrumentos nas mãos de Deus, e todos os dias podemos amar um pouco mais e ser mais exemplares. Não o conseguiremos se a nossa inteligência não receber continuamente o alimento da doutrina sadia. “Não sei quantas vezes me disseram – comenta um autor dos nossos dias – que um velho irlandês que só saiba rezar o terço pode ser mais santo do que eu com todos os meus estudos. É bem possível que seja assim; e, pelo próprio bem desse homem, espero que seja assim. No entanto, se o único motivo para se fazer tal afirmação é que ele sabe menos teologia do que eu, então essa razão não me convence e não o convence. Não o convence porque todos os velhos irlandeses devotos do terço e do Santíssimo Sacramento que eu conheci [...] estavam desejosos de conhecer a sua fé mais a fundo. Não me convence porque, se é evidente que um homem ignorante pode ser virtuoso, é evidente também que a ignorância não é uma virtude. Houve mártires que não teriam sido capazes de anunciar corretamente a doutrina da Igreja, apesar de o martírio ser a máxima prova de amor. No entanto, se tivessem conhecido mais a Deus, o seu amor teria sido maior”7.
A chamada “fé do carvoeiro” (eu creio em tudo, ainda que não saiba de que se trata) não é suficiente para o cristão que, no meio do mundo, encontra cada vez maior confusão e falta de luz a respeito da doutrina de Jesus Cristo e dos problemas éticos, novos e velhos, com que tropeça no exercício da sua profissão, na vida familiar, no ambiente que o rodeia.
O cristão deve conhecer bem os argumentos necessários para enfrentar os ataques dos inimigos da fé, e deve saber apresentá-los de forma atraente (não se ganha nada com a intemperança, a discussão e o mau-humor), com clareza (sem atenuar o que não pode ser atenuado) e com precisão (sem dúvidas nem hesitações).
A “fé do carvoeiro” talvez possa salvar o carvoeiro, mas, nos outros cristãos, a ignorância do conteúdo da fé significa geralmente falta de fé, desleixo, desamor: “Freqüentemente, a ignorância é filha da preguiça”, diz São João Crisóstomo8. Na luta contra a incredulidade, é muito importante ter um conhecimento preciso e completo da teologia católica. Por isso “qualquer criança bem instruída no Catecismo é, sem sabê-lo, um autêntico missionário”9. Que valor damos à cultura religiosa, ao preenchimento das nossas lacunas, ao esclarecimento das dúvidas junto de quem nos pode elucidar? Como já vimos, não se ama aquilo que não se conhece. E se não conhecemos bem o Senhor e os seus ensinamentos, então não o amamos.
III. A BOA FORMAÇÃO exige tempo e constância. A continuidade ajuda a compreender e a assimilar, a tornar vida própria a doutrina que chega à nossa inteligência. Para isso devemos antes de mais nada esforçar-nos por manter livres e desimpedidos os canais por onde circula a sã doutrina. Devemos dedicar, portanto, o maior interesse à nossa formação e persuadir-nos da importância transcendental da prática da leitura espiritual, de acordo com um plano bem orientado, de modo que o seu conteúdo vá sedimentando na nossa alma.
Já se disse que, para curar um doente, basta ser médico; não é necessário contrair a mesma doença. Ninguém deve ser “tão ingênuo a ponto de pensar que, para adquirir formação teológica, seja necessário ingerir todo o tipo de beberagens..., ainda que estejam envenenadas. Isto é de senso comum, não apenas de senso sobrenatural; e a experiência de cada um pode corroborar nesse sentido com muitos exemplos”10. Por isso, pedir conselho à hora de selecionar as leituras é uma parte importante da virtude da prudência, de modo muito particular se se trata de livros teológicos ou filosóficos que possam afetar essencialmente a nossa formação e a nossa fé. Como é importante acertar na leitura de um livro! Mas essa importância aumenta quando se trata de livros que se destinam especificamente à formação da nossa alma.
Se formos constantes nessa preocupação, se cuidarmos de todos os meios pelos quais nos chega a boa doutrina (leitura espiritual, retiros, círculos de estudo, palestras de formação, direção espiritual...), adquiriremos quase sem o percebermos uma grande riqueza interior, que integraremos pouco a pouco na nossa vida.
Além disso, no que diz respeito aos outros, estaremos então na situação de um lavrador que possui um alforje repleto de sementes, e se encontra diante de um campo já preparado para receber a semeadura, pois aquilo que recebemos é útil para a nossa alma e para transmiti-lo aos outros. A semente perde-se quando não há o cuidado de fazê-la frutificar, e o mundo é um sulco imenso em que Cristo quer que semeemos a sua doutrina.
(1) Ne 8, 2-6; 8-10; (2) Santo Agostinho, Tratado sobre o Evangelho de São João, 30; (3) João XXIII, Enc. Ad Petri cathedram, 29-VI-1959; (4) Lc 1, 1-14; 4, 14-21; (5) Conferência Episcopal Espanhola, Testemunhas do Deus vivo, 28-VI-1985, 29; (6) Santo Agostinho, Sermão 169, 18; (7) F. J. Sheed, Teologia para todos, Palabra, Madrid, 1977, págs. 15-16; (8) São João Crisóstomo, em Catena Aurea, vol. III, pág. 78; (9) Card. J. H. Newman, Sermão na inauguração do Seminário de S. Bernardo, 3-X-1873; (10) cfr. P. Rodríguez, Fe y vida de fé, pág. 162.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
27 de Janeiro 2019
A SANTA MISSA

3º Domingo do Tempo Comum – Ano C
Cor: Verde
1ª Leitura: Ne 8,2-4a.5-6.8-10
“Leram o Livro da Lei de Deus
e explicaram seu sentido”.
Leitura do Livro de Neemias
Naqueles dias: 2 O sacerdote Esdras apresentou a Lei diante da assembleia de homens, de mulheres e de todos os que eram capazes de compreender. Era o primeiro dia do sétimo mês. 3 Assim, na praça que fica defronte da porta das Águas, Esdras fez a leitura do livro, desde o amanhecer até ao meio-dia, na presença dos homens, das mulheres e de todos os que eram capazes de compreender. E todo o povo escutava com atenção a leitura do livro da Lei. 4a Esdras, o escriba, estava de pé sobre um estrado de madeira, erguido para esse fim. 5 Estando num lugar mais alto, ele abriu o livro à vista de todo o povo. E, quando o abriu, todo o povo ficou de pé. 6 Esdras bendisse o Senhor, o grande Deus, e todo o povo respondeu, levantando as mãos: ‘Amém! Amém!’ Depois inclinaram-se e prostraram-se diante do Senhor, com o rosto em terra. 8 E leram clara e distintamente o livro da Lei de Deus e explicaram seu sentido, de maneira que se pudesse compreender a leitura. 9 O governador Neemias e Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas que instruíam o povo, disseram a todos: ‘Este é um dia consagrado ao senhor, vosso Deus! Não fiqueis tristes nem choreis’, pois todo o povo chorava ao ouvir as palavras da Lei. 10 E Neemias disse-lhes: ‘Ide para vossas casas e comei carnes gordas, tomai bebidas doces e reparti com aqueles que nada prepararam, pois este dia é santo para o nosso Senhor. Não fiqueis tristes, porque a alegria do Senhor será a vossa força’.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: 18,8.9.10.15 (R. Jo 6,63c)
R. Vossa Lei é perfeita, ó Senhor,
vossas palavras são espírito e vida!
8 A lei do Senhor Deus é perfeita,*
conforto para a alma!
O testemunho do Senhor é fiel,*
sabedoria dos humildes. R.
9 Os preceitos do Senhor são precisos,*
alegria ao coração.
O mandamento do Senhor é brilhante,*
para os olhos é uma luz. R.
10 É puro o temor do Senhor,*
imutável para sempre.
Os julgamentos do Senhor são corretos*
e justos igualmente. R.
15 Que vos agrade o cantar dos meus lábios*
e a voz da minha alma;
que ela chegue até vós, ó Senhor,*
meu Rochedo e Redentor! R.
2ª Leitura: 1Cor 12,12-30
“Vós, todos juntos, sois o corpo de Cristo e,
individualmente, sois membros desse corpo”.
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
Irmãos: 12 Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo. 13 De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito. 14 Com efeito, o corpo não é feito de um membro apenas, mas de muitos membros. 15 Se o pé disser: ‘Eu não sou mão, portanto não pertenço ao corpo’, nem por isso deixa de pertencer ao corpo. 16 E se o ouvido disser: ‘Eu não sou olho, portanto não pertenço ao corpo’, nem por isso deixa de pertencer ao corpo. 17 Se o corpo todo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se o corpo todo fosse ouvido, onde estaria o olfato? 18 De fato, Deus dispôs os membros e cada um deles no corpo, como quis. 19 Se houvesse apenas um membro, onde estaria o corpo? 20 Há muitos membros, e, no entanto, um só corpo. 21 O olho não pode, pois, dizer à mão: ‘Não preciso de ti’. Nem a cabeça pode dizer aos pés: ‘Não preciso de vós’. 22 Antes pelo contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são muito mais necessários do que se pensa. 23 Também os membros que consideramos menos honrosos, a estes nós cercamos com mais honra, e os que temos por menos decentes, nós os tratamos com mais decência. 24 Os que nós consideramos decentes não precisam de cuidado especial. Mas Deus, quando formou o corpo, deu maior atenção e cuidado ao que nele é tido como menos honroso, 25 para que não haja divisão no corpo e, assim, os membros zelem igualmente uns pelos outros. 26 Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se é honrado, todos os membros se regozijam com ele. 27 Vós, todos juntos, sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo. 28 E, na Igreja, Deus colocou, em primeiro lugar, os apóstolos; em segundo lugar, os profetas; em terceiro lugar, os que têm o dom e a missão de ensinar; depois, outras pessoas com dons diversos, a saber: dom de milagres, dom de curas, dom para obras de misericórdia, dom de governo e direção, dom de línguas. 29 Acaso todos são apóstolos? Todos são profetas? Todos ensinam? Todos realizam milagres? 30 Todos têm o dom das curas? Todos falam em línguas? Todos as interpretam?
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Evangelho: Lc 1,1-4;4,14-21
“Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
1 Muitas pessoas já tentaram escrever a história dos acontecimentos que se realizaram entre nós, 2 como nos foram transmitidos por aqueles que, desde o princípio, foram testemunhas oculares e ministros da palavra. 3 Assim sendo, após fazer um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever de modo ordenado para ti, excelentíssimo Teófilo. 4 Deste modo, poderás verificar a solidez dos ensinamentos que recebeste. Naquele tempo: 4,14 Jesus voltou para a Galileia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a redondeza. 15 Ele ensinava nas suas sinagogas e todos o elogiavam. 16 E veio à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado, e levantou-se para fazer a leitura. 17 Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito: 18 ‘O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos 19 e para proclamar um ano da graça do Senhor.’ 20 Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante, e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21 Então começou a dizer-lhes: ‘Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
São Timóteo e São Tito
26 de Janeiro
São Timóteo e São Tito
Ambos colaboradores do Apóstolo dos gentios. Por isso o novo calendário inseriu-os logo após a festa da conversão de são Paulo.
Timóteo foi o discípulo exemplar: obediente, discreto, corajoso, trabalhador. Por essa razão são Paulo preferiu-o a João Marcos como companheiro no apostolado, na segunda viagem missionária no outono de 50.
Nasceu em Listra, onde são Paulo o encontrou na primeira viagem. Foi um dos primeiros a se converter ao Evangelho. Timóteo foi educado na religião hebraica pela mãe, Eunice, e pela avó, Lóide. Desde pequeno tinha grande amor às Escrituras. Acompanhou são Paulo a várias cidades: Filipos, Tessalônica, Atenas, Corinto, Éfeso e até Roma. Por meio dele Paulo tinha, com maior facilidade, contato com as comunidades cristãs.
Entre 63 e 66, quando recebeu a primeira carta (1Tm), era bispo da Igreja de Éfeso, na segunda Paulo convida-o a passar o inverno com ele em Roma. É comovente a súplica do velho apóstolo ao filho Timóteo de trazer-lhe a capa que havia deixado em Trôade. Com certeza estava muito frio o cárcere romano. Timóteo presenciou o martírio de Paulo. Segundo uma tradição Timóteo foi martirizado em Éfeso no ano 97.
Tito foi o segundo grande colaborador de Paulo. Provinha do paganismo. Foi convertido e batizado por Paulo. Em 49 já estava com Paulo em Jerusalém. Paulo o chama “meu filho”. Foi seu companheiro na terceira viagem e ajudou-o a escrever uma carta aos coríntios.
Libertado da prisão romana, o Apóstolo passou por Creta, onde fundou uma comunidade cristã e confiou-a a Tito. Foi aqui que recebeu a carta de Paulo. É testemunha da Igreja apostólica. Tito foi depois a Roma avistar-se com o Mestre que o mandou provavelmente evangelizar a Dalmácia, onde seu culto ainda hoje é intenso. Segundo uma tradição, Tito morreu em Creta, após longa vida.
Fonte: Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.
26 de Janeiro 2019
A SANTA MISSA

2ª Semana do Tempo Comum – Sábado
Memória: São Timóteo e São Tito, bispos
Cor: Branca
1ª Leitura: 2Tm 1,1-8
“Recordo-me da fé sincera que tens”.
Início da Segunda Carta de São Paulo a Timóteo
1 Paulo, Apóstolo de Jesus Cristo pelo desígnio de Deus referente à promessa de vida que temos em Cristo Jesus, 2 a Timóteo, meu querido filho: Graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor! 3 Dou graças a Deus, – a quem sirvo com a consciência pura, como aprendi dos meus antepassados -, quando me lembro de ti, dia e noite, nas minhas orações. 4 Lembrando-me das tuas lágrimas, sinto grande desejo de rever-te, e assim ficar cheio de alegria. 5 Recordo-me da fé sincera que tens, aquela mesma fé que antes tiveram tua avó Loide e tua mãe Eunice. Sem dúvida, assim é também a tua. 6 Por este motivo, exorto-te a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. 7 Pois Deus não nos deu um espírito de timidez mas de fortaleza, de amor e sobriedade. 8Não te envergonhes do testemunho de Nosso Senhor nem de mim, seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 95(96),1-2a.2b-3.7-8a.10 (R. 3)
R. Anunciai entre as nações os grandes feitos do Senhor!
1 Cantai ao Senhor Deus um canto novo, +
cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! *
2a Cantai e bendizei seu santo nome! R.
2b Dia após dia anunciai sua salvação, +
3 manifestai a sua glória entre as nações, *
e entre os povos do universo seus prodígios! R.
7 Ó família das nações, dai ao Senhor, +
ó nações, dai ao Senhor poder e glória, *
8a dai-lhe a glória que é devida ao seu nome! R.
10 Publicai entre as nações: “Reina o Senhor! +
Ele firmou o universo inabalável, *
e os povos ele julga com justiça. R.
Evangelho: Lc 10,1-9
“A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo: 1 O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2 E dizia-lhes: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita. 3 Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. 4 Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! 5 Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6 Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós. 7 Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não passeis de casa em casa. 8 Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, 9 curai os doentes que nela houver e dizei ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vós'”.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
A Alegria
TEMPO COMUM. SEGUNDA SEMANA. SÁBADO
— Tem o seu fundamento na filiação divina.
— Cruz e alegria. Causas da tristeza. Remédios.
— O apostolado da alegria.
I. QUANDO O MUNDO saiu das mãos de Deus, tudo transbordava de bondade; de uma bondade que teve o seu ponto culminante na criação do homem1. Mas com o pecado chegou o mal ao mundo e, qual erva daninha, arraigou-se na natureza humana e injetou nela pessimismo e tristeza.
A alegria verdadeira, unida sempre ao bem, veio plenamente à terra no dia em que Nossa Senhora deu o seu consentimento ao plano divino e o Filho de Deus se encarnou no seu seio. Na Virgem Maria já reinava uma profunda alegria, porque fora concebida sem o pecado original e a sua união com Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo era total. Com a sua resposta amorosa aos desígnios divinos, converteu-se em causa - no sentido pleno da palavra - da nova alegria do mundo, porque nEla veio a nós Jesus Cristo, que é o júbilo total do Pai, dos anjos e de todos os homens. Aquele em quem Deus Pai pôs todas as suas complacências2. E a missão de Santa Maria, tanto naquela ocasião como agora, é dar-nos Jesus, o seu Filho. Por isso chamamos a Nossa Senhora Causa da nossa alegria.
Há poucas semanas, contemplávamos o anúncio do Anjo aos pastores: Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que é para todo o povo: nasceu-vos hoje na cidade de Davi...3 A alegria verdadeira, aquela que perdura apesar das contradições e da dor, tal como a vemos no Evangelho, é a dos que se encontraram com Deus nas mais diversas circunstâncias e souberam segui-lo: é a alegria exultante do velho Simeão por ter o Menino Jesus nos seus braços4; ou a imensa felicidade dos Magos - sentiram grandíssima alegria5 - ao verem de novo a estrela que os conduzia a Jesus Maria e José; e a de todos aqueles que num dia inesperado descobriram Cristo; e a de Pedro no Tabor: Senhor, é bom estarmos aqui6; ou o júbilo que os dois discípulos que caminhavam desalentados para Emaús recuperaram ao reconhecerem Jesus7; e o alvoroço dos Apóstolos cada vez que Cristo ressuscitado lhes aparece...8 E, acima de todas, a alegria de Maria: A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito exulta de alegria em Deus, meu salvador9. Ela possui Jesus plenamente e a sua alegria é a maior que um coração humano pode conter.
A alegria é a conseqüência imediata de certa plenitude de vida. E esta plenitude de vida consiste, antes de mais nada, na sabedoria e no amor10. Deus, na sua infinita misericórdia, fez-nos em Jesus Cristo partícipes da sua natureza, que é precisamente plenitude de Vida, Sabedoria infinita, Amor incomensurável. Não podemos alcançar maior alegria do que aquela que mergulha as suas raízes no fato de sermos filhos de Deus pela graça, e que é uma alegria capaz de subsistir na doença e no fracasso: Eu vos darei uma alegria - havia prometido o Senhor na Última Ceia - que ninguém vos poderá tirar11. Quanto mais perto estivermos de Deus, tanto maior será a nossa participação no seu Amor e na sua Vida; quanto mais crescermos na consciência da nossa filiação divina, tanto maior e mais tangível será a nossa alegria.
II. COMO É DIFERENTE esta felicidade daquela que depende do bem-estar material, da saúde - tão frágil! -, dos estados de ânimo - tão variáveis! -, da ausência de dificuldades, do não passar por nenhuma necessidade!... Somos filhos de Deus e coisa alguma nos deve perturbar.
São Paulo recordava aos primeiros cristãos de Filipos: Alegrai-vos sempre no Senhor; eu vo-lo repito, alegrai-vos. E indicava-lhes imediatamente a razão: O Senhor está perto. Naquele ambiente difícil, às vezes duro e agressivo, em que se moviam, o Apóstolo indica-lhes o melhor remédio: Alegrai-vos. E essa indicação é admirável, pois estava preso quando escreveu a Epístola em que a fez. E escreverá ainda em outra ocasião, numas circunstâncias extraordinariamente difíceis: Transbordo de alegria em todas as minhas tribulações 13.
As circunstâncias que nos rodeiam nunca são determinantes nem definitivas para a verdadeira alegria, porque a verdadeira alegria resulta da fidelidade a Deus, do cumprimento do dever, da aceitação da Cruz. "Como é possível estarmos alegres diante da doença e atingidos pela doença, diante da injustiça e atingidos pela injustiça? Não será essa alegria uma falsa ilusão ou um subterfúgio irresponsável? Não! É Cristo quem nos dá a resposta: somente Cristo! Só nEle se encontra o verdadeiro sentido da vida pessoal e a chave da história humana. Só nEle - na sua doutrina, na sua Cruz Redentora, cuja força de salvação se faz presente nos Sacramentos da Igreja - encontramos sempre a energia para melhorar o mundo, para torná-lo mais digno do homem -imagem de Deus -, para torná-lo mais alegre.
"Cristo na Cruz: esta é a única chave verdadeira. Ele aceita o sofrimento na Cruz para nos fazer felizes; e nos ensina que, unidos a Ele, podemos também nós dar um valor de salvação ao nosso sofrimento, que se transforma então em alegria: na alegria profunda do sacrifício pelo bem dos outros e na alegria da penitência pelos pecados pessoais e pelos pecados do mundo.
"A luz da Cruz de Cristo, portanto, não há motivo para termos medo à dor, porque entendemos que é na dor que se manifesta o amor: a verdade do amor, do nosso amor a Deus e a todos os homens" 14.
Já no Antigo Testamento o Senhor tinha dito por intermédio de Neemias: Não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa fortaleza 15. Só perdemos este grande bem quando nos afastamos de Deus pelo pecado, pelo egoísmo de pensarmos em nós mesmos, ou quando não aceitamos a Cruz que nos chega sob formas muito diversas: dor, fracassos, contrariedades, mudança de planos, humilhações...
A tristeza provoca muito mal em nós e à nossa volta. É uma erva daninha que devemos arrancar logo que aparece: Anima-te e alegra o teu coração, e afasta para longe de ti a tristeza; pois a tristeza já matou a muitos. E não há nela utilidade alguma 16.
Podemos recuperar a alegria, em qualquer circunstância que tenda a abater-nos, se soubermos recorrer à oração ou abeirar-nos contritamente do sacramento da Confissão, sobretudo quando a perdemos por causa do pecado ou por descuidos culpáveis no relacionamento com Deus.
O esquecimento próprio, que nos impede de andar excessivamente preocupados com as coisas pessoais - a humildade, em última análise -, é outra condição imprescindível para nos abrirmos a Deus como bons filhos e alcançarmos a verdadeira alegria. Se sairmos de nós mesmos e falarmos com Deus numa oração confiante, surgirá a aceitação de uma contrariedade (talvez a causa oculta desse estado de tristeza), ou a decisão de abrirmos a alma na direção espiritual para contar aquilo que nos preocupa, ou de sermos generosos naquilo que Deus nos pede e que talvez nos custe dar-lhe.
III. O APOSTOLADO QUE O SENHOR nos pede é, em boa medida, superabundância da alegria sobrenatural e humana que acompanha todo aquele que está perto de Deus. Quando ela "se derrama sobre os demais homens, gera esperança, otimismo, impulsos de generosidade no meio da fadiga cotidiana, contagiando toda a sociedade. Meus filhos - dizia o Papa João Paulo II -, só se tiverdes a graça divina, que é alegria e paz, é que podereis construir algo de válido para os homens" 17
Um campo importante em que devemos semear alegria a mãos cheias é a família. A tônica dominante no lar deve ser a do sorriso habitual, mesmo que estejamos cansados ou haja assuntos que nos preocupem. Este estilo otimista, cordial e afável de nos comportarmos é também "a pedra caída no lago"18, que provoca uma onda mais ampla, e esta outra, e mais outra, criando um clima grato em que é possível conviver e em que se desenvolve com naturalidade um apostolado fecundo com os filhos, com os pais, com os irmãos... Pelo contrário, um gesto severo, intolerante, pessimista, reiterativo..., afasta os outros tanto da pessoa que assim se descontrola como de Deus; cria novas tensões e leva facilmente a faltas contra a caridade. São Tomás diz que ninguém pode suportar por um dia sequer uma pessoa triste e desagradável e que, portanto, todos os homens estão obrigados, por um certo dever de honestidade, a conviver amavelmente com os outros 19. Vencer os estados de ânimo, as preocupações pessoais, o cansaço, sempre deve ser encarado como um dever, cujo cumprimento é muito grato a Deus.
Devemos estender este espírito alegre, otimista, sorridente, que tem o seu fundamento último na filiação divina, ao trabalho, aos amigos, aos vizinhos, a essas pessoas com as quais talvez tenhamos somente um breve encontro na vida: o vendedor que não se voltará a ver, o paciente que, uma vez curado, não quererá mais saber do médico, essa pessoa que nos perguntou onde ficava tal rua... Receberão de nós um gesto cordial e uma oração ao seu Anjo da Guarda... E muitos encontrarão na alegria do cristão o caminho que conduz a Deus, um caminho que talvez de outra forma não encontrassem.
"Como seria o olhar alegre de Jesus! O mesmo que brilharia nos olhos de sua Mãe, que não pode conter a alegria - «Magnifícat anima mea Dominum!» - e a sua alma glorifica o Senhor desde que o traz dentro de si e a seu lado. - Oh Mãe! Que a nossa alegria, como a tua, seja a alegria de estar com Ele e de o ter"20. Junto dEla, fazemos hoje um "propósito sincero: tornar amável e fácil o caminho aos outros, que já bastantes amarguras traz a vida consigo"21.
(1) Cfr. Prov 8, 30-31; (2) cfr. Mt 3, 17; (3) Lc 2, 10; (4) cfr. Lc 2, 29-30; (5) cfr. Mt 2, 10; (6) Mc 9, 5; (7) cfr. Lc 24, 13-35; (8) cfr. Jo 16, 22; (9) Lc 1, 46-47; (10) cfr. São Tomás, Suma Teológica, 2-2, q. 28, a. 4 e segs.; (11) Jo 16, 22; (12) Fil 4, 4; (13) 2 Cor 7, 4; (14) A. dei Portillo, Homília na Missa para os participantes no Jubileu da juventude, 12-IV-1984; (15) Ne 8, 10; (16) Eclo 30, 24-25; (17) João Paulo II, Discurso, 10-IV-1979; (18) cfr. São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 831; (19) São Tomás, op. cit, 2-2, q. 114, a. 2, ad. 2; (20) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 95; (21) ib., n. 63.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
25 de Janeiro 2019
A SANTA MISSA

2ª Semana do Tempo Comum – Sexta-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: Hb 8,6-13
“Cristo é o mediador de uma aliança bem melhor”.
Leitura da Carta aos Hebreus
Irmãos: 6 Agora, Cristo possui um ministério superior. Pois ele é o mediador de uma aliança bem melhor, baseada em promessas melhores. 7 De fato, se a primeira aliança fosse sem defeito, não se procuraria estabelecer uma segunda. 8 Com efeito, Deus adverte: ‘Dias virão, diz o Senhor, em que concluirei com a casa de Israel e com a casa de Judá uma nova aliança. 9 Não como a aliança que eu fiz com os seus pais, no dia em que os conduzi pela mão para fazê-los sair da terra do Egito. Pois eles não permaneceram fiéis à minha aliança; por isso, me desinteressei deles, diz o Senhor. 10 Eis a aliança que estabelecerei com o povo de Israel, depois daqueles dias – diz o Senhor: colocarei minhas leis na sua mente e as gravarei no seu coração, e serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. 11 Ninguém mais ensinará o seu próximo, e nem o seu irmão, dizendo: ‘Conhece o Senhor!’. Porque todos me conhecerão, desde o menor até o maior. 12 Porque terei misericórdia das suas faltas, e não me lembrarei mais dos seus pecados.’ 13 Assim, ao falar de nova aliança, declarou velha a primeira. Ora, o que envelhece e se torna antiquado está prestes a desaparecer.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 84, 8.10.11-12.13-14 (R. 11a)
R. A verdade e o amor se encontrarão.
8 Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade,*
concedei-nos também vossa salvação!
10 Está perto a salvação dos que o temem,*
e a glória habitará em nossa terra. R.
11 A verdade e o amor se encontrarão,*
a justiça e a paz se abraçarão;
12 da terra brotará a fidelidade,*
e a justiça olhará dos altos céus. R.
13 O Senhor nos dará tudo o que é bom,*
e a nossa terra nos dará suas colheitas;
14 a justiça andará na sua frente*
e a salvação há de seguir os passos seus. R.
Evangelho: Mc 3,13-19
“Chamou os que ele quis, para que ficassem com ele”.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo: 13 Jesus subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram até ele. 14 Então Jesus designou Doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar, 15 com autoridade para expulsar os demônios. 16 Designou, pois, os Doze: Simão, a quem deu o nome de Pedro; 17 Tiago e João, filhos de Zebedeu, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer ‘filhos do trovão’; 18 André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o cananeu, 19 e Judas Iscariotes, aquele que depois o traiu.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!