27 de Fevereiro 2019

A SANTA MISSA

7ª Semana do Tempo Comum – Quarta-feira 
Cor: Verde

[slz_tabs tab_text_color="#000000" tab_active_text_color="#86653c"]

1ª Leitura: Eclo 4, 12-22 (gr. 11-19) 

“Deus ama aqueles que amam a sabedoria.”

Leitura do Livro do Eclesiástico

12 A sabedoria comunica a vida a seus filhos e acolhe os que a procuram. 13 Os que a amam, amam a vida; os que a procuram desde manhã cedo, serão repletos de alegria pelo Senhor. 14 Quem a ela se apega, herdará a glória; para onde for, Deus o abençoará. 15 os que a veneram, prestam culto ao Santo; pois Deus ama os que a amam. 16 Quem a escutar, julgará as nações; quem a ela se dedicar, viverá em segurança. 17 Se alguém confiar nela, vai recebê-la em herança; e na sua posse continuarão seus descendentes. 18 No começo, ela o acompanha por caminhos contrários, 19 trazendo-lhe temor e tremor; começa a prová-lo com a sua disciplina, até que ele a tenha em seus pensamentos e nela deponha sua confiança. 20 Então voltará a ele em linha reta, o confirmará e lhe dará alegria, 21 lhe revelará os seus segredos e lhe dará o tesouro da ciência e da compreensão da justiça. 22 Se, porém, se desviar, ela o abandonará e o entregará às mãos de seu inimigo.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 118 (119),165 e 168.171 e 172.174 e 175(R. 165a)

R. Os que amam vossa lei, têm grande paz!

165 Os que amam vossa lei têm grande paz, *
e não há nada que os faça tropeçar. R.

168 Serei fiel à vossa lei, vossa Aliança; *
os meus caminhos estão todos ante vós.     R.

171 Que prorrompam os meus lábios em canções, *
pois me fizestes conhecer vossa vontade!      R.

174 Desejo a vossa salvação ardentemente *
e encontro em vossa lei minhas delícias!      R.

175 Possa eu viver e para sempre vos louvar; *
e que me ajudem, ó Senhor, vossos conselhos!      R.

Evangelho: Mc 9, 38-40 

“Quem não é contra nós é a nosso favor.”

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo: 38 João disse a Jesus: ‘Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue.’ 39 Jesus disse: ‘Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. 40 Quem não é contra nós é a nosso favor

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

[/slz_tabs]

Unidade e Diversidade no Apostolado

TEMPO COMUM. SÉTIMA SEMANA. QUARTA-FEIRA

– A mentalidade estreita e exclusivista no apostolado não é cristã. O apostolado na Igreja é muito variado e diversificado.
– Difundir a doutrina entre todos.
– Unidade e pluralidade na Igreja. Fidelidade à vocação recebida.

I. UM DIA, OS DISCÍPULOS viram uma pessoa que expulsava os demônios em nome do Senhor. Não sabemos se era alguém que já conhecia Jesus, ou mesmo se fora curado por Ele e se constituíra por conta própria em mais um seguidor do Mestre. São Marcos 1 faz constar a reação de São João, que, aproximando-se de Jesus, disse-lhe: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava os demônios, e nós lho proibimos porque não anda conosco.

O Senhor aproveitou a ocasião para deixar um ensinamento válido para todos os tempos: Não lho proibais, pois ninguém que faça um milagre em meu nome falará depois mal de mim. Quem não está contra nós está conosco. Esse exorcista manifestava uma profunda fé em Jesus; expressava-o através das suas obras. Jesus aceita-o como seu seguidor e com isso reprova a mentalidade estreita e exclusivista nas tarefas apostólicas; ensina-nos que o apostolado é muito variado e diversificado.

“São muitas as formas de apostolado – proclama o Concílio Vaticano II – com que os leigos edificam a Igreja e santificam o mundo, animando-o em Cristo” 2. A única condição é “estar com Cristo”, ensinar a sua doutrina, amá-lo com obras. O espírito cristão deve levar-nos a fomentar uma atitude aberta perante as diversas formas apostólicas, a empenhar-nos em compreendê-las e a alegrar-nos sinceramente de que existam, entre outros motivos porque o campo é imenso e os operários poucos 3. “Alegra-te quando vires que outros trabalham em bons campos de apostolado. – E pede, para eles, graça de Deus abundante e correspondência a essa graça. – Depois, tu pelo teu caminho; persuade-te de que não tens outro” 4.

Para um cristão, não seria possível viver a fé e ter ao mesmo tempo uma mentalidade de partido único, que excluísse todo aquele que não adotasse determinado estilo, método ou modo de atuar, ou preferisse outros campos de apostolado. Ninguém que trabalhe com reta intenção é um estorvo no campo do Senhor. Todos somos necessários. É muito conveniente que, entendendo bem a unidade na Igreja, Cristo seja anunciado de modos muito diferentes.

Unidade “na fé e na moral, nos sacramentos, na obediência à hierarquia, nos meios comuns de santidade e nas grandes normas de disciplina, segundo o conhecido princípio de Santo Agostinho: In necessariis unitas, in dubiis libertas, in omnibus caritas (nos assuntos necessários, unidade; nos de livre opinião, liberdade; em todos, caridade)” 5. E essa unidade necessária nunca provocará uma uniformidade que empobreça as almas e os apostolados: “No jardim da Igreja houve, há e haverá uma variedade admirável de formosas flores, diferentes pelo aroma, pelo tamanho, pelo desenho e pela cor” 6. Uma variedade que é riqueza para a glória de Deus.

Quando trabalhamos numa tarefa apostólica, devemos evitar a tentação de nos “entretermos” inutilmente avaliando as iniciativas apostólicas dos outros. Mais do que estar pendentes da atuação dos outros, devemos sondar o nosso coração e ver se nos empenhamos totalmente na nossa, se procuramos fazer render em bem das almas os talentos que recebemos de Deus: “...tu pelo teu caminho; persuade-te de que não tens outro”.

“A maravilha do Pentecostes é a consagração de todos os caminhos: nunca pode ser entendido como monopólio nem como estima por um só em detrimento dos outros. – O Pentecostes é indefinida variedade de línguas, de métodos, de formas de encontro com Deus: não uniformidade violenta” 7. Daí a nossa alegria ao vermos que muitos trabalham com afinco por dar a conhecer o Reino de Deus mediante formas de apostolado a que o Senhor não nos chama.

II. A DOUTRINA DE JESUS CRISTO deve chegar a todos os povos, e muitos lugares que outrora foram cristãos precisam ser evangelizados de novo.

A missão da Igreja é universal e dirige-se a pessoas de todas as condições, de culturas e formas de ser diferentes, de idades bem díspares... Desde o começo da Igreja, a fé vingou em jovens e velhos, em pessoas poderosas e em escravos, em cultos e incultos... No meio dessa diversidade, os Apóstolos e os seus sucessores mantiveram uma firme unidade nos aspectos essenciais, e a Igreja não se empenhou em uniformizar todos os que se convertiam.

E os modos de evangelizar também foram muito diferentes: uns cumpriram uma missão importantíssima com o que escreveram em defesa do cristinianismo e do seu direito de existir, outros pregaram pelas praças e pelos caminhos, a maioria realizou um apostolado discreto na sua própria família, com os seus vizinhos e companheiros de ofício. E, no entanto, todos os batizados tinham em comum a caridade fraterna, a unidade na doutrina que haviam recebido, os sacramentos, a obediência aos legítimos pastores...

Tendo o cuidado de apartar com extrema delicadeza os espinhos que tornariam a semente infrutuosa, podemos e devemos semear em todos a doutrina de Cristo. Na tarefa apostólica que o Senhor nos encomendou, nós os cristãos “não excluímos ninguém, não afastamos nenhuma alma do nosso amor a Jesus Cristo. Por isso – aconselhava Mons. Escrivá –, deveis cultivar uma amizade firme, leal, sincera – ou seja, cristã –, com todos os vossos colegas de profissão; mais ainda, com todos os homens, sejam quais forem as suas circunstâncias pessoais” 8. O cristão é por vocação um homem aberto aos outros, com capacidade para se entender com pessoas bem diferentes dele pela sua cultura, idade ou caráter.

O relacionamento com Jesus na oração leva-nos a ter um coração grande, sem mentalidades estreitas, que não são de Cristo. Examinemos hoje se respeitamos e amamos a diversidade de formas de ser que encontramos naqueles com quem convivemos, se não excluímos de antemão este ou aquele do nosso trato amistoso, levados por antipatias naturais ou por diferenças “ideológicas” que podem encobrir o nosso comodismo, a nossa falta de impulso apostólico, e, em última análise, comprometer a admirável variedade que tem de existir na Igreja.

III. A IGREJA ASSEMELHA-SE a um corpo humano, que está composto de membros ao mesmo tempo bem diferenciados e bem unidos 9. A diversidade, longe de quebrar-lhe a unidade, é a sua condição fundamental.

Devemos pedir ao Senhor que saibamos perceber e harmonizar de maneira prática essas realidades sobrenaturais presentes na edificação do Corpo Místico de Cristo: unidade na verdade e na caridade; e, simultaneamente, variedade pluriforme, a pluriformidade de espiritualidades, de matizes teológicos, de ação pastoral, de iniciativas apostólicas, porque essa pluriformidade “é uma autêntica riqueza e traz consigo a plenitude: é a verdadeira catolicidade” 10, bem distante do falso pluralismo, entendido como “justaposição de atitudes radicalmente opostas” 11.

O Espírito Santo atua na unidade e na caridade, suscitando uma pluralidade de caminhos de santificação. E os que recebem determinado carisma, uma vocação específica, contribuem para a edificação da Igreja com a fidelidade à sua chamada peculiar, seguindo o caminho que lhes é fixado por Deus: Ele espera-os aí e não em outro lugar, em outro terreno ou em outros modos de atuação.

A unidade querida pelo Senhor – ut omnes unum sint 12, que todos sejam um – não restringe, antes promove a personalidade e a forma de ser peculiar de cada um, a variedade de espiritualidades diferentes, de pensamentos teológicos bem diversos naqueles assuntos que a Igreja deixa à livre discussão dos homens...

“Ficavas espantado por eu aprovar a falta de «uniformidade» nesse apostolado em que trabalhas. E te disse:

“Unidade e variedade. – Deveis ser tão diferentes como diferentes são os santos do Céu, que têm cada um as suas notas pessoais e especialíssimas. – E também tão conformes uns com os outros como os santos, que não seriam santos se cada um deles não se tivesse identificado com Cristo” 13.

A doutrina do Senhor leva-nos não só a respeitar a legítima variedade de caracteres, gostos, pontos de vista nas matérias de livre opinião, mas também a fomentá-la de modo ativo. Em tudo aquilo que não se opõe nem dificulta a doutrina do Senhor e, dentro dela, a chamada recebida, deve ser total a liberdade nos trabalhos e nas idéias particulares sobre a sociedade, a ciência ou a política. Portanto, os cristãos do nosso século e de todas as épocas devem estar unidos em Cristo, no seu amor e na sua doutrina, cada um fiel à sua vocação; em tudo o mais devem ser distintos e variados: cada um com a sua própria personalidade, esforçando-se por ser sal e luz, brasa acesa, verdadeiro discípulo de Cristo.

(1) Mc 9, 37-39; (2) Conc. Vat. II, Decr. Apostolicam actuositatem, 16; (3) cfr. Mt 9, 37; (4) Josemaría Escrivá, Caminho, n. 965; (5) João Paulo II, Discurso à Conferência Episcopal Espanhola, Madrid, 31-X-1982; (6) Josemaría Escrivá, Carta, 9-I-1935; (7) Josemaría Escrivá, Sulco, n. 226; (8) Josemaría Escrivá, Carta, 9-I-1935; (9) cfr. 1 Cor 12, 13-27; (10) Sínodo extraordinário 1985, Relatio finalis, II, C, 2; (11) ib.; (12) Jo 17, 22; (13) Josemaría Escrivá, Caminho, n. 947.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


26 de Fevereiro 2019

A SANTA MISSA

7ª Semana do Tempo Comum – Terça-feira 
Cor: Verde

[slz_tabs tab_text_color="#000000" tab_active_text_color="#86653c"]

1ª Leitura: Eclo 2,1-13

“Prepara a tua alma para a provação.”

Leitura do Livro do Eclesiástico.

1 Filho, se decidires servir ao Senhor, permanece na justiça e no temor e prepara a tua alma para a provação. 2 Mantém o teu coração firme e sê constante, inclina teu ouvido e acolhe as palavras de inteligência, e não te assustes no momento da contrariedade. 3 Suporta as demoras de Deus, agarra-te a ele e não o deixes, para que sejas sábio em teus caminhos. 4 Tudo o que te acontecer, aceita-o, e sê constante na dor; e nas contrariedades de tua pobre condição, sê paciente. 5 Pois é no fogo que o ouro e a prata são provados e, no cadinho da humilhação, os homens agradáveis a Deus. 6 Crê em Deus, e ele cuidará de ti; endireita os teus caminhos e espera nele. Conserva o seu temor, e nele envelhecerás. 7 Vós que temeis o Senhor, contai com a sua misericórdia e não vos desvieis, para não cair. 8 Vós, que temeis o Senhor, confiai nele, e a recompensa não vos faltará. 9 Vós, que temeis o Senhor, es­perai coisas boas: alegria duradoura e misericórdia. 10 Vós, que temeis o Senhor, amai-o, e vossos corações ficarão iluminados. 11 Considerai, filhos, as gerações passadas e vede: Quem confiou no Senhor e ficou desiludido? 12 Quem permaneceu nos seus mandamentos e foi abandonado? Quem o invocou e foi por ele desprezado? 13 Pois o Senhor é compassivo e misericordioso, perdoa os pecados no tempo da tribulação, e protege a todos os que o procuram com sinceridade.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 36,3-4. 18-19. 27-28. 39-40 (R. Cf. 5)

R. Entrega teu caminho ao Senhor, e o mais ele fará. 

Confia no Senhor e faze o bem, *
e sobre a terra habitarás em segurança.
Coloca no Senhor tua alegria, *
e ele dará o que pedir teu coração.     R.

18 O Senhor cuida da vida dos honestos, *
e sua herança permanece eternamente.
19 Não serão envergonhados nos maus dias, *
mas nos tempos de penúria, saciados.     R.

27 Afasta-te do mal e faze o bem, *
e terás tua morada para sempre.
28 Porque o Senhor Deus ama a justiça, *
e jamais ele abandona os seus amigos.
Os malfeitores hão de ser exterminados, *
e a descendência dos malvados destruída.     R.

39 A salvação dos piedosos vem de Deus; *
ele os protege nos momentos de aflição.
40 O Senhor lhes dá ajuda e os liberta, +
defende-os e protege-os contra os ímpios, *
e os guarda porque nele confiaram.      R.

Evangelho: Mc 9,30-37 

“O Filho do homem vai ser entregue…
Quem quiser ser o primeiro será o servo de todos.”

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, 30 Jesus e seus discípulos atravessaram a Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse disso, 31 pois estava ensinando a seus discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão, mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará”. 32 Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar. 33 Eles chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: “Que discutíeis pelo caminho?” 34 Eles, porém, ficaram calados, pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior. 35 Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” 36 Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles, e abraçando-a disse: 37 “Quem acolher em meu nome uma dessas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas aquele que me enviou”.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!

[/slz_tabs]

25 de Fevereiro 2019

A SANTA MISSA

7ª Semana do Tempo Comum – Segunda-feira 
Cor: Verde

[slz_tabs tab_text_color="#000000" tab_active_text_color="#86653c"]

1ª Leitura: Eclo 1,1-10 

“A sabedoria foi criada antes de todas as coisas.” 

Leitura do Livro do Eclesiástico 

1 Toda a sabedoria vem do Senhor Deus. Ela esteve e está sempre com Ele. 2 Quem pode contar a areia do mar, as gotas de chuva, os dias do tempo? 3 Quem poderá medir a altura do céu, a extensão da terra, a profundeza do abismo? 4 Antes de todas as coisas foi criada a sabedoria, e a inteligência prudente vem da eternidade. 5 Fonte da sabedoria é a palavra de Deus no mais alto dos céus e seus caminhos são os mandamentos eternos. 6 A quem foi revelada a raiz da sabedoria? Quem conheceu as capacidades do seu engenho? 7 A ciência da sabedoria, a quem foi revelada? E quem compreendeu sua grande experiência? 8 Só um é o altíssimo, criador onipotente, rei poderoso e a quem muito se deve temer, assentado em seu trono e dominando tudo, Deus. 9 Ele é quem a criou no espírito santo: Ele a viu, a enumerou e mediu; 10 ele a derramou sobre todas as suas obras e em cada ser humano, segundo a sua bondade. Ele a concede àqueles que o temem.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 92 (93), 1ab.1c-2.5(R. 1a)

R. Reina o Senhor, revestiu-se de esplendor.
Ou: Aleluia, Aleluia, Aleluia

1a Deus é Rei e se vestiu de majestade,*
1b revestiu-se de poder e de esplendor!      R.

1c Vós firmastes o universo inabalável,
2 vós firmastes vosso trono desde a origem,*
desde sempre, ó Senhor, vós existis!      R.

5 Verdadeiros são os vossos testemunhos,
refulge a santidade em vossa casa,*
refulge a santidade em vossa casa,*
refulge a santidade em vossa casa,*
pelos séculos dos séculos, Senhor!      R. 

Evangelho: Mc 9,14-29 

“Eu creio, Senhor, mas ajuda a minha pouca fé”. 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, 14 descendo Jesus do monte com Pedro, Tiago e João e chegando perto dos outros discípulos, viram que estavam rodeados por uma grande multidão. Alguns mestres da Lei estavam discutindo com eles. 15 Logo que a multidão viu Jesus, ficou surpresa e correu para saudá-lo. 16 Jesus perguntou aos discípulos: “Que discutis com eles?” 17 Alguém na multidão respondeu: “Mestre, eu trouxe a ti meu filho que tem um espírito mudo. 18 Cada vez que o espírito o ataca, joga-o no chão e ele começa a espumar, range os dentes e fica completamente rijo. Eu pedi aos teus discípulos para expulsarem o espírito, mas eles não conseguiram”. 19 Jesus disse: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando terei de suportar-vos? Trazei aqui o menino”. 20 E levaram-lhe o menino. Quando o espírito viu Jesus, sacudiu violentamente o menino, que caiu no chão e começou a rolar e a espumar pela boca. 21 Jesus perguntou ao pai: “Desde quando ele está assim?” O pai respondeu: “Desde criança. 22 E muitas vezes, o espírito já o lançou no fogo e na água para matá-lo. Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos”. 23 Jesus disse: “Se podes!… Tudo é possível para quem tem fé”. 24 O pai do menino disse em alta voz: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé”. 25 Jesus viu que a multidão acorria para junto dele. Então ordenou ao espírito impuro: “Espírito mudo e surdo, eu te ordeno que saias do menino e nunca mais entres nele”. 26 O espírito sacudiu o menino com violência, deu um grito e saiu. O menino ficou como morto, e por isso todos diziam: “Ele morreu!” 27 Mas Jesus pegou a mão do menino, levantou-o e o menino ficou de pé. 28 Depois que Jesus entrou em casa, os discípulos lhe perguntaram a sós: “Por que nós não conseguimos expulsar o espírito?” 29 Jesus respondeu: “Essa espécie de demônios não pode ser expulsa de nenhum modo, a não ser pela oração”.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

[/slz_tabs]

Santa Valburga

25 de Fevereiro

Santa Valburga

Valburga, de origem inglesa, era filha de são Ricardo, rei dos saxões do Oeste. Nasceu por volta de 710 e tinha apenas onze anos quando seu pai e seus dois irmãos Vunibaldo e Vilibaldo partiram em peregrinação para os Lugares Santos. Foi confiada, juntamente com sua mãe, à abadessa de Wimburn. Em 722 faleceu seu pai, no caminho de volta.

Recebeu educação austera em Wimburn. Escreveu a vida de seu irmão são Vilibaldo e compôs em latim uma narrativa das viagens de são Vilibaldo pela Palestina. Em 748, a pedido de são Bonifácio, sua abadessa, Tetta, enviou-a à Alemanha com mais algumas religiosas para fundar mosteiros e escolas em meio a populações recém-convertidas. Na viagem, uma grande tempestade foi aplacada pelas preces de Valburga. Foi, com santa alegria, que Bonifácio acolheu as religiosas.

Vilibaldo construíra uma abadia de monges em Heidenheim, na diocese de Eichstadt. Valburga, depois de passar algum tempo em Bischofsheim, sob a abadessa Lioba, foi ao encontro de seu irmão, que projetava uma abadia feminina em Heidenheim. Valburga tornou-se abadessa dessa nova fundação; parece que, após a morte de Vilibaldo, ela governou monjas e monges.

Transpareceu a santidade de sua vida nos exemplos de mortificação que deu, bem como no seu amor ao silêncio e na sua devoção. Era animada por verdadeiro zelo pelo serviço de Deus. Teve muita prudência e doçura no governo de sua comunidade, e, por ela, Deus operou muitos milagres.

Dois milagres ficaram famosos em sua vida: um, o da luz sobrenatural que envolveu a sua cela e iluminou o dormitório das Irmãs, luz que ela atribuiu aos méritos de são Vilibaldo, seu irmão; o outro, o da cura da filha de um barão, junto à qual ela permaneceu em oração, obtendo no final da noite a perfeita cura da jovem.

Em 776, Santa Valburga assistiu à trasladação do corpo de seu irmão Vunibaldo, presidida por seu outro irmão, Vilibaldo, então bispo de Eichstadt. Pouco tempo depois, caiu doente e veio a falecer, assistida em seus últimos momentos por seu irmão Vilibaldo.

O corpo de Valburga, sepultado em seu mosteiro de Heidenheim, permaneceu aí perto de oitenta anos, até a trasladação para Eichstadt. Esta se realizou sob a determinação do bispo Otkar, sendo qualificada de canonização, e provocou a multiplicação de festas em honra da Santa.

O corpo da Santa foi encontrado incorrupto e coberto por maravilhoso fluido qual puríssimo óleo. O mesmo se notou quando, em 893, o sucessor de Otkar colocou as relíquias sob o altar-mor da igreja que dedicou à Santa. O óleo continuou, em certos tempos, a correr do seu túmulo gota por gota em uma concha de prata preparada para recebê-lo. O óleo posto em garrafinhas é mandado para o mundo inteiro e opera inumeráveis milagres, mesmo em nossos dias.

Fonte: Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.


Magnanimidade

TEMPO COMUM. SÉTIMO DOMINGO. ANO C

– A disposição de fazer grandes coisas por Deus e pelos homens acompanha sempre uma vida santa.
– A magnanimidade demonstra-se em muitos aspectos: capacidade para perdoar com prontidão as ofensas, esquecer rancores, generosidade...
– É fruto da vida interior.

I. A PRIMEIRA LEITURA da Missa mostra-nos Davi fugindo do rei Saul pelas terras desérticas de Zif 1. Uma noite, em que o rei descansava no meio dos seus homens, Davi infiltrou-se no acampamento com o seu amigo mais fiel, Abisai. Viram Saul dormindo, no meio das tropas, tendo a lança cravada no chão à sua cabeceira. Abner e a sua gente dormiam ao redor. Abisai disse a Davi: Deus entregou hoje o teu inimigo às tuas mãos. Vou, pois, cravá-lo na terra com uma só lançada; não será preciso um segundo golpe. A morte do rei era, sem dúvida, o caminho mais curto para Davi se livrar para sempre de todos os perigos e chegar ao trono; mas ele escolheu pela segunda vez 2 o caminho mais longo e preferiu perdoar a vida de Saul. Davi aparece-nos nesta e em muitas outras ocasiões como um homem de alma grande, e com este espírito soube ganhar primeiro a admiração e depois a amizade do seu inimigo mais ferrenho. E ganhou, sobretudo, a amizade de Deus.

O Evangelho da Missa 3 também nos convida a ser magnânimos, a ter um coração grande, como o de Cristo. Manda-nos bendizer aqueles que nos amaldiçoam, orar pelos que nos injuriam..., praticar o bem sem esperar nada em troca, ser compassivos como Deus é compassivo, perdoar a todos, ser generosos sem calculismos. E termina com estas palavras do Senhor: Dai e ser-vos-á dado: uma medida boa, apertada, sacudida, transbordante, será derramada no vosso seio. E alerta-nos: Na mesma medida com que medirdes, sereis vós medidos.

A virtude da magnanimidade, muito relacionada com a da fortaleza, consiste na disposição de acometer coisas grandes 4, e São Tomás chama-a “ornato de todas as virtudes” 5. É uma disposição que acompanha sempre uma vida santa.

O magnânimo – magna anima, alma grande – propõe-se ideais altos e não se encolhe perante os obstáculos, as críticas ou os desprezos, quando é necessário enfrentá-los por uma causa elevada. Não se deixa intimidar de forma alguma pelos respeitos humanos e pelas murmurações; importa-lhe muito mais a verdade do que as opiniões, freqüentemente falsas e parciais 6.

Não podemos ser pusilânimes (pusillus animus), almas pequenas e de ânimo encolhido. “Magnanimidade: ânimo grande, alma ampla, onde cabem muitos. É a força que nos move a sair de nós mesmos, a fim de nos prepararmos para empreender obras valiosas, em benefício de todos. No homem magnânimo, não se alberga a mesquinhez: não se interpõe a sovinice, nem o cálculo egoísta, nem a trapaça interesseira. O magnânimo dedica sem reservas as suas forças ao que vale a pena. Por isso é capaz de se entregar a si mesmo. Não se conforma com dar: dá-se. E assim consegue entender qual é a maior prova de magnanimidade: dar-se a Deus” 7. Nenhuma manifestação maior do que esta: a entrega a Cristo, sem medida, sem condições. Por isso os santos foram as almas mais magnânimas que já houve.

II. A GRANDEZA DE ALMA demonstra-se também pela disposição de perdoar o que quer que seja das pessoas próximas ou afastadas. Não é próprio do cristão ir pelo mundo afora com uma lista de agravos no coração 8, com rancores e recordações que lhe amesquinham o ânimo e o incapacitam para os ideais humanos e divinos a que o Senhor nos chama.

Assim como Deus está disposto a perdoar tudo de todos, a nossa capacidade de perdoar não pode ter limites, nem pelo número de vezes, nem pela magnitude da ofensa, nem pelas pessoas das quais nos advém a suposta injúria: “Nada nos assemelha tanto a Deus como estarmos sempre dispostos a perdoar” 9.

Na Cruz, Jesus cumpria o que havia ensinado: Pai, perdoa-lhes. E imediatamente a desculpa: porque não sabem o que fazem 10. São palavras que mostram a grandeza de alma da sua Humanidade Santíssima. E no Evangelho da Missa de hoje lemos: Amai os vossos inimigos..., orai pelos que vos caluniam 11.

Jesus sempre pediu esta grandeza de alma aos seus. O primeiro mártir, Santo Estêvão, morrerá pedindo perdão para aqueles que o matam 12. E nós não saberemos perdoar as pequenezes de cada dia? E se alguma vez chega a difamação ou a calúnia, não saberemos aproveitar a ocasião para oferecer a Deus algo tão valioso? Melhor ainda seria se, à imitação dos santos, nem sequer chegássemos a ter que perdoar – por nunca nos sentirmos ofendidos.

Por outro lado, perante o que vale a pena (ideais nobres, tarefas apostólicas e, sobretudo, Deus), a alma grande dá do que tem sem reservas: tempo, esforço, recursos. Entende em todo o seu alcance as palavras do Senhor: por muito que dê, receberá mais; o Senhor lançará no seu seio uma medida boa, apertada, sacudida, transbordante... 13

Propor-se coisas grandes para o bem dos homens, ou para remediar as necessidades de muitas pessoas, ou para dar glória a Deus, pode levar por vezes ao dispêndio de grandes somas e a pôr os bens materiais a serviço dessas obras grandes 14. E a pessoa magnânima sabe fazê-lo sem se assustar; avaliando com a virtude da prudência todas as circunstâncias, mas sem ter o ânimo encolhido.

As grandes catedrais são um exemplo de épocas em que havia muito menos meios humanos e econômicos do que agora, mas em que a fé talvez fosse mais viva. São prova de que os bons cristãos sabiam desprender-se daquilo que possuíam de mais precioso para honrarem o Senhor ou a Virgem Maria..., e foram generosos nas suas contribuições e esmolas tanto para o culto divino como para aliviar os seus irmãos mais necessitados, promovendo obras de educação, de cultura, de assistência. E numa sociedade que não sabe conter os seus gastos supérfluos e desnecessários, observamos freqüentemente como muitas obras de apostolado e aqueles que dedicaram a elas a vida inteira não raramente se vêem sujeitos a privações e a contínuos adiamentos desses trabalhos por falta de meios.

A grandeza de alma que o Senhor nos pede levar-nos-á, pois, a ser muito generosos com o nosso tempo e com os nossos meios econômicos, mas também a fazer com que haja muitos outros que se sintam impelidos a cooperar para o bem dos seus irmãos, os homens. A generosidade sempre aproxima de Deus; por isso, muitas vezes, este será o melhor bem que poderemos fazer aos nossos amigos: fomentar-lhes a generosidade. Esta virtude dilata o coração e torna-o mais jovem, com maior capacidade de amar.

III. SANTA TERESA insistia muito em que convém não apoucar os desejos, pois “Sua Majestade é amigo de almas animosas”, empenhadas em metas grandes, como fizeram os santos, que não teriam chegado tão alto se não tivessem tomado com firmeza a decisão de chegar à santidade, contando sempre com a ajuda de Deus. E queixava-se dessas almas boas que, mesmo com uma vida de oração, em vez de voarem para Deus, ficam grudadas à terra “como sapos”, ou se contentam com “caçar lagartixas” 15.

“Não deixeis que a vossa alma e o vosso ânimo se encolham, porque poderão perder-se muitos bens... Não deixeis que a vossa alma se esconda num canto, porque, ao invés de caminhar para a santidade, terá muitas outras imperfeições mais” 16.pusilanimidade, que impede o progresso no relacionamento com Deus, “consiste na incapacidade voluntária de conceber ou desejar coisas grandes, e fica estratificada num espírito raquítico e rasteiro” 17. Manifesta-se também numa visão pobre dos outros e daquilo que podem chegar a ser com o auxílio divino, ainda que de momento sejam grandes pecadores.

O pusilânime é homem de horizontes estreitos, resignado à comodidade de deixar as coisas correr: não tem ambições nobres. E enquanto não vencer esse defeito, nunca se atreverá a comprometer-se com Deus mediante um plano de vida espiritual ou uma responsabilidade apostólica: tudo lhe parecerá excessivamente grande – porque ele está encolhido.

magnanimidade é fruto de um íntimo relacionamento com Jesus Cristo. Uma vida interior rica e exigente, repleta de amor, sempre se faz acompanhar de uma disposição de empreender grandes tarefas por Deus. É uma atitude habitual que se baseia na humildade e que traz consigo “uma esperança forte e inquebrantável, uma confiança quase provocativa e a calma perfeita de um coração sem medo”, que “não se escraviza perante ninguém: é servo unicamente de Deus” 18.

O magnânimo atreve-se ao que é grande porque sabe que o dom da graça eleva o homem a tarefas que estão acima da sua natureza 19, e as suas ações ganham então uma eficácia divina: esse homem apóia-se em Deus, que é poderoso para fazer nascer das pedras filhos de Abraão 20; e é audaz nas suas iniciativas apostólicas, porque é consciente de que o Espírito Santo se serve da palavra do homem como instrumento, mas que é Ele quem aperfeiçoa a obra 21. Caminha e trabalha com a segurança de quem sabe que toda a eficácia procede de Deus, pois é Ele quem dá o crescimento 22.

A Virgem Maria conceder-nos-á a grandeza de alma que Ela teve nas suas relações com Deus e com os seus filhos, os homens. Dai e dar-se-vos-á... Não nos apouquemos, não nos encolhamos. Jesus presencia a nossa vida.

(1) 1 Sam 26, 2; 7-9; 12-13; 22-23; (2) cfr. 1 Sam 24, 1 e segs.; (3) Lc 6, 27-38; (4) São Tomás,Suma Teológica, 2-2, q. 129, a. 1; (5) ib., a. 4; (6) R. Garrigou-Lagrange, Las tres edades de la vida interior, vol. I, pág. 316; (7) Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 80; (8) cfr. Josemaría Escrivá, Sulco, n. 738; (9) São João Crisóstomo, Homilias sobre São Mateus, 19, 7; (10) Lc 23, 34; (11) Lc 6, 27-28; (12) cfr. At 7, 60; (13) Lc 6, 38; (14) cfr. São Tomás, Suma Teológica, 2-2, q. 137; (15) Santa Teresa, Vida, 13, 2-3; (16) idem, Caminho de perfeição, 72, 1; (17) Gran Enciclopédia Rialp, verbete Fortaleza, vol. X, pág. 341; (18) J. Pieper, As virtudes fundamentais, pág. 278; (19) São Tomás,Suma Teológica, 2-2, q. 171, a. 2; (20) cfr. Mt 3, 9; (21) cfr. São Tomás, Suma Teológica, 2-2, q. 171, a. 2; (22) cfr. 1 Cor 3, 7.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


24 de Fevereiro 2019

A SANTA MISSA

7º Domingo do tempo comum – Ano C
Cor: Verde

[slz_tabs tab_text_color="#000000" tab_active_text_color="#86653c"]

1ª Leitura: 1Sm 26,2.7-9.12-13.22-23

“O Senhor te entregou nas minhas
mãos, mas eu não quis te matar”.

Leitura do Primeiro Livro de Samuel

Naqueles dias: 2 Saul pôs-se em marcha e desceu ao deserto de Zif. Vinha acompanhado de três mil homens, escolhidos de Israel, para procurar Davi no deserto de Zif. 7 Davi e Abisai dirigiram-se de noite até ao acampamento, e encontraram Saul deitado e dormindo no meio das barricadas, com a sua lança à cabeceira, fincada no chão. Abner e seus soldados dormiam ao redor dele. 8 Abisai disse a Davi: ‘Deus entregou hoje em tuas mãos o teu inimigo. Vou cravá-lo em terra com uma lançada, e não será preciso repetir o golpe’. 9 Mas Davi respondeu: ‘Não o mates! Pois quem poderia estender a mão contra o ungido do Senhor, e ficar impune?’ 12 Então Davi apanhou a lança e a bilha de água que estavam junto da cabeceira de Saul, e foram-se embora. Ninguém os viu, ninguém se deu conta de nada, ninguém despertou, pois todos dormiam um profundo sono que o Senhor lhes tinha enviado. 13 Davi atravessou para o outro lado, parou no alto do monte, ao longe, deixando um grande espaço entre eles. 22 E Davi disse: ‘Aqui está a lança do rei. Venha cá um dos teus servos buscá-la! 23 O Senhor retribuirá a cada um conforme a sua justiça e a sua fidelidade. Pois ele te havia entregue hoje em meu poder, mas eu não quis estender a minha mão
contra o ungido do Senhor.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 102,1-2.3-4.8.10.12-13 (R.8a)

R. O Senhor é bondoso e compassivo.

1 Bendize, ó minha alma, ao Senhor,*
e todo o meu ser, seu santo nome!
2 Bendize, ó minha alma, ao Senhor,*
não te esqueças de nenhum de seus favores!     R.

3 Pois ele te perdoa toda culpa,*
e cura toda a tua enfermidade;
4 da sepultura ele salva a tua vida*
e te cerca de carinho e compaixão.      R.

8 O Senhor é indulgente, é favorável,*
é paciente, é bondoso e compassivo.
10 Não nos trata como exigem nossas faltas,*
nem nos pune em proporção às nossas culpas.     R.

12 quanto dista o nascente do poente,*
tanto afasta para longe nossos crimes.
13 Como um pai se compadece de seus filhos,*
o Senhor tem compaixão dos que o temem.      R.

2ª Leitura: 1Cor 15,45-49

“E como já refletimos a imagem do homem terrestre,
assim também refletiremos a imagem do homem celeste”.

Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios

Irmãos: 45 O primeiro homem, Adão, ‘foi um ser vivo’. O segundo Adão é um espírito vivificante. 46 Veio primeiro não o homem espiritual, mas o homem natural; depois é que veio o homem espiritual. 47 O primeiro homem, tirado da terra, é terrestre; o segundo homem vem do céu. 48 Como foi o homem terrestre, assim também são as pessoas terrestres; e como é o homem celeste, assim também vão ser as pessoas celestes. 49 E como já refletimos a imagem do homem terrestre, assim também refletiremos a imagem do homem celeste.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Evangelho: Lc 6,27-38

“Sede misericordiosos, como também
o vosso Pai é misericordioso”.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 27 A vós que me escutais, eu digo: Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, 28 bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam. 29 Se alguém te der uma bofetada numa face, oferece também a outra. Se alguém te tomar o manto, deixa-o levar também a túnica. 30 Dá a quem te pedir e, se alguém tirar o que é teu, não peças que o devolva. 31 O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles. 32 Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Até os pecadores amam aqueles que os amam. 33E se fazeis o bem somente aos que vos fazem o bem, que recompensa tereis? Até os pecadores fazem assim. 34 E se emprestais somente àqueles de quem esperais receber, que recompensa tereis? Até os pecadores emprestam aos pecadores, para receber de volta a mesma quantia. 35 Ao contrário, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande, e sereis filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e os maus. 36 Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. 37 Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. 38 Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada no vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos.’

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!

[/slz_tabs]

Os Propósitos da Oração

TEMPO COMUM. SEXTA SEMANA. SÁBADO

– Jesus fala-nos na oração.
– Não desanimar se alguma vez parece que o Senhor não nos ouve... Ele nos atende sempre e cumula a alma de frutos.
– Propósitos concretos e bem determinados.

I. JESUS SUBIU AO TABOR com três dos seus discípulos mais íntimos – Pedro, Tiago e João –, que mais tarde haveriam de acompanhá-lo no horto de Getsêmani 1. Ali ouviram a voz inefável do Pai: Este é o meu Filho muito amado, escutai-o. E de repente, olhando em redor, não viram ninguém com eles, a não ser unicamente Jesus.

Em Cristo dá-se a plenitude da Revelação. Na sua palavra e na sua vida contém-se tudo o que Deus quis dizer à humanidade e a cada homem. Em Jesus encontramos tudo o que devemos saber a respeito da nossa própria vida, nEle entendemos o sentido da nossa existência diária. A nós, cabe-nos escutá-lo. Esta é a nossa vida: ouvir o que Jesus nos diz na intimidade da oração, nos conselhos de quem orienta a nossa alma e através dos acontecimentos que Ele manda ou permite.

“Por isso – ensina São João da Cruz –, quem quisesse agora perguntar alguma coisa diretamente a Deus, ou ter uma visão ou revelação, não só cometeria uma tolice, mas ofenderia a Deus, não pondo os olhos totalmente em Cristo, sem querer nenhuma outra coisa ou novidade. Porque Deus poderia responder-lhe desta maneira: «Se já te disse todas as coisas através da minha Palavra, que é o meu Filho, e não tenho outra, que te posso eu agora responder ou revelar que seja mais do que isso? Põe os olhos somente nEle, porque nEle te disse e revelei tudo, e nEle acharás muito mais do que pedes e desejas [...]; ouve-o a Ele, porque já não tenho mais fé que revelar, nem mais coisas que manifestar»” 2.

Temos que ir à oração dispostos a falar com o Senhor, mas também decididos a escutar os seus conselhos, inspirações e desejos a respeito do nosso trabalho, da família, dos amigos que devemos aproximar dEle.

Porque na oração falamos a Deus e Ele nos fala mediante as luzes que nos dá para resolvermos – de acordo com o seu querer divino – as questões que nos aparecem; como também nos fala mediante esses impulsos interiores que nos incitam a melhorar no cumprimento dos deveres diários, a ser mais audazes na ação apostólica...

A nossa Mãe Santa Maria ensina-nos a escutar o seu Filho, a considerar as coisas como Ela, na intimidade do coração, conforme o Evangelho nos faz constar por duas vezes 3. “Foi esse ponderar as coisas no coração que fez com que a Virgem fosse crescendo, com o decorrer do tempo, na compreensão dos mistérios, na santidade e na união com Deus. Ao contrário do que poderíamos pensar, Maria não encontrou as coisas já feitas no seu caminho para Deus, porque lhe foram exigidos esforços e foi submetida a provas que nenhum nascido de mulher – à exceção do seu Filho – teria podido enfrentar com êxito” 4.

Na intimidade com Deus, Maria soube o que o Senhor queria dEla, penetrou mais e mais no mistério da Redenção e encontrou sentido para os acontecimentos da sua vida: a alegria imensa e incomparável da sua vocação, a missão de José junto dEla, a pobreza de Belém, a chegada dos Magos, a fuga precipitada para o Egito, a busca dolorosa e o feliz encontro com Jesus quando tinha doze anos, a normalidade dos dias de Nazaré... A Virgem Maria orava e compreendia. Assim acontecerá conosco se aprendermos a procurar Jesus na intimidade da oração.

II. ESTE É O MEU FILHO muito amado, escutai-o. Devemos ouvi-lo muitas vezes e também perguntar-lhe o que não entendemos, o que nos surpreende, ou sobre as decisões que temos de tomar. Perguntar-lhe-emos: Senhor, neste assunto, que quereis que eu faça? O que Vos é mais agradável? Como posso viver melhor todas as minhas responsabilidades?

E se soubermos estar atentos, ouviremos essas palavras de Jesus que nos convidam a uma maior generosidade e nos iluminam para agirmos de acordo com o querer de Deus. Verdadeiramente, podemos dizer a Jesus na nossa oração de hoje: A vossa palavra é uma lâmpada para os meus pés, a luz do meu caminho 5, sem a qual andaria aos tropeções, sem rumo e sem sentido. Guiai-me, Senhor, em meus caminhos e não me deixeis no meio de tanta escuridão.

“Os ouvidos de Deus estão sempre atentos” 6 à oração sincera, cheia de retidão de intenção e simples, que se abre com Deus como um filho bom se abre com seu pai, ou um amigo com o seu amigo. Ele nos ouve sempre, ainda que por vezes tenhamos a impressão contrária, como aconteceu com o cego Bartimeu, que chamava por Jesus à saída de Jericó e Ele seguia em frente sem parecer escutar os seus apelos 7, ou com a mulher siro-fenícia, que seguia atrás do Senhor sem cessar de suplicar-lhe pela filha doente 8. Jesus sabia muito bem o que essas pessoas desejavam dEle, e conhecia a fé que as movia, uma fé que, com aquela perseverança na oração, se tornava mais firme e sincera.

Ele está atento ao que lhe dizemos, interessa-se por todos os nossos assuntos, recebe os louvores e as ações de graças que lhe dirigimos, os nossos atos de amor, os nossos pedidos de perdão e as nossas súplicas, e nos fala, e nos abre novos caminhos, e nos sugere propósitos...

Haverá ocasiões em que a nossa oração será uma conversa sem palavras, como acontece às vezes com os amigos que se conhecem bem e se estimam muito. Mas, mesmo sem palavras, podem-se dizer tantas coisas!... De um modo ou de outro, o Senhor deixa na alma frutos abundantes, ainda que às vezes nos passem despercebidos; pode falar-nos de um modo quase imperceptível, mas dá-nos sempre a sua luz e a sua ajuda, sem a qual não iríamos para a frente.

Procuremos repelir qualquer distração voluntária, vejamos de que modo podemos melhorar o nosso diálogo com o Senhor e sigamos o exemplo dos santos, que perseveraram na oração apesar das dificuldades. “Durante alguns anos – diz-nos Santa Teresa –, muitíssimas vezes mais me ocupava em desejar que terminasse o tempo que fixara para orar e em escutar quando é que o relógio daria as horas, do que em outras coisas boas; e inúmeras vezes não sei que penitência grave se me apresentaria que eu não a acometesse de mais boa vontade do que recolher-me a orar mentalmente” 9. Não abandonemos a oração nunca, ainda que por vezes seja árida, seca e custosa.

Em momentos em que nos custe e não nos ocorra nada que dizer a Jesus, lembremo-nos de que somos os seus amigos mais íntimos, exatamente como os Apóstolos, que o seguiam porque o amavam, e a quem o Senhor convidava a retirar-se a um lugar solitário para descansarem juntos... Que coisas não lhes perguntaria e contaria Jesus nesses momentos! 10 Pois bem, esse há de ser o clima da nossa oração, dessa conversa a sós com quem sabemos que nos ama.

III. ESTE É O MEU FILHO muito amado, escutai-o. Jesus fala-nos na oração. E a Virgem Maria, nossa Mãe, indica-nos como devemos proceder: Fazei o que Ele vos disser..., aconselha-nos, como nas bodas de Caná. Porque fazer o que Jesus nos vai dizendo todos os dias no silêncio da oração pessoal é encontrar a chave que permite abrir as portas do Reino dos Céus, é situar-se na linha dos desejos de Deus sobre a nossa existência, é preencher as condições para que a nossa vida se cumule de frutos, como no caso daqueles servos que, pela sua obediência, encontraram cheias de um vinho esplêndido as talhas que tinham enchido de água até às bordas.

Muito em concreto, devemos esforçar-nos por levar à prática os propósitos que o Senhor nos sugere nos tempos de oração pessoal. Devem ser propósitos bem precisos para que sejam eficazes, para que se traduzam em realidades ou, pelo menos, nos levem a um grande esforço por cumpri-los: “Planos concretos, não de sábado para sábado, mas de hoje para amanhã, e de agora para daqui a pouco” 11.

Muitas vezes, o Senhor nos pedirá pequenas retificações de conduta, uma generosidade maior no trato com os outros, maior intensidade no aproveitamento do tempo, maior freqüência nos atos de presença de Deus na rua ou no seio da família, este ou aquele pequeno sacrifício na guarda dos sentidos, à hora das refeições... Noutros casos, dir-nos-á que sejamos mais enérgicos em pôr em prática os conselhos recebidos na direção espiritual, que normalmente apontarão para o nosso ponto fraco e que hão de ser tema freqüente de meditação, pois são outro meio de que Jesus se serve para nos falar.

Assim, dia após dia, quase sem o percebermos, o querer divino irá guiando os nossos passos como uma bússola guia os passos do caminhante em direção à meta. O fim da nossa viagem é Deus; queremos ir ao seu encontro sem hesitações, sem atrasos, com toda a nossa vontade. Pois bem, a nossa primeira tarefa é aprendermos a escutar, a conhecer essa voz divina que se vai manifestando por constantes moções na alma; e a segunda, empenharmo-nos a sério em traduzir esses movimentos interiores em pontos de luta bem determinados.

Poderemos ir hoje até o Senhor pela mão de Nossa Senhora, mestra de oração. “Como enamora a cena da Anunciação! Maria – quantas vezes temos meditado nisso! – está recolhida em oração..., aplica os seus cinco sentidos e todas as suas potências na conversa com Deus. Na oração conhece a Vontade divina; e com a oração converte-a em vida da sua vida. Não esqueças o exemplo de Nossa Senhora!” 12

Suplicamos-lhe hoje que nos dê um ouvido atento para escutarmos a voz do seu Filho e uma vontade enérgica para levarmos a cabo tudo o que Ele nos pede: Este é o meu Filho muito amado, escutai-o... Fazei o que Ele vos disser...

(1) Mc 9, 1-2; (2) São João da Cruz, Subida ao Monte Carmelo, 2, 22, 5; (3) Lc 2, 19; 2, 51; (4) F. Suárez, A Virgem Nossa Senhora, pág. 176; (5) Prov 30, 5; (6) São Pedro de Alcântara, Tratado da oração e da meditação I, 4; (7) cfr. Mc 10, 46 e segs.; (8) cfr. Mt 15, 21 e segs.; (9) Santa Teresa, Vida, 8, 3; (10) cfr. Josemaría Escrivá, Sulco, n. 470; (11) ib., n. 222; (12) ib., n. 481.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


23 de Fevereiro 2019

A SANTA MISSA

6ª Semana do Tempo Comum – Sábado 
Memória: São Policarpo, bispo e mártir
Cor: Vermelha

[slz_tabs tab_text_color="#000000" tab_active_text_color="#86653c"]

1ª Leitura: Hb 11,1-7 

“Pela fé compreendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus.” 

Leitura da Carta aos Hebreus

Irmãos, 1 a fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se veem. 2 Foi a fé que valeu aos antepassados um bom testemunho. 3 Foi pela fé que compreendemos que o universo foi organizado por uma palavra de Deus. Assim, as coisas visíveis provêm daquilo que não se vê. 4 Foi pela fé que Abel ofereceu a Deus um sacrifício melhor que o de Caim; e por causa dela, ele foi declarado justo, pois Deus aprovou a sua oferta. Graças a ela, mesmo depois de morto, Abel ainda fala! 5 Foi pela fé que Henoc foi arrebatado, para não ver a morte; e não mais foi encontrado, porque Deus o arrebatou. Antes de ser arrebatado, porém, recebeu o testemunho de que foi agradável a Deus. 6 Ora, sem a fé é impossível ser-lhe agradável, pois aquele que se aproxima de Deus deve crer que ele existe e que recompensa os que o procuram. 7 Foi pela fé que Noé, avisado divinamente daquilo que ainda não se via, levou a sério o oráculo e construiu uma arca para salvar a sua família. Pela fé, ele se separou do mundo, tornando-se herdeiro da justiça que se obtém pela fé.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 144(145), 2-3.4-5.10-11(R. cf. 1b)

R. Bendirei o vosso nome pelos séculos, Senhor!

Todos os dias haverei de bendizer-vos, *
hei de louvar o vosso nome para sempre.
Grande é o Senhor e muito digno de louvores, *
e ninguém pode medir sua grandeza.     R.

4 Uma idade conta à outra vossas obras *
e publica os vossos feitos poderosos;
5 proclamam todos o esplendor de vossa glória *
e divulgam vossas obras portentosas!     R.

10 Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, *
e os vossos santos com louvores vos bendigam!
11 Narrem a glória e o esplendor do vosso reino *
e saibam proclamar vosso poder!      R. 

Evangelho: Mc 9,2-13  

“Transfigurou-Se diante deles.” 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, 2 Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. 3 Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. 4 Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5 Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 6 Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. 7 Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” 8 E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. 9 Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10 Eles observavam esta ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos”. 11 Os três discípulos perguntaram a Jesus: “Por que os mestres da Lei dizem que antes deve vir Elias?” 12 Jesus respondeu: “De fato, antes vem Elias, para pôr tudo em ordem. Mas, como dizem as Escrituras, que o Filho do Homem deve sofrer muito e ser rejeitado? 13 Eu, porém, vos digo: Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, exatamente como as Escrituras falaram a respeito dele”.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

[/slz_tabs]

Os Propósitos da Oração

TEMPO COMUM. SEXTA SEMANA. SÁBADO

– Jesus fala-nos na oração.
– Não desanimar se alguma vez parece que o Senhor não nos ouve... Ele nos atende sempre e cumula a alma de frutos.
– Propósitos concretos e bem determinados.

1. JESUS SUBIU AO TABOR com três dos seus discípulos mais íntimos – Pedro, Tiago e João –, que mais tarde haveriam de acompanhá-lo no horto de Getsêmani1. Ali ouviram a voz inefável do Pai: Este é o meu Filho muito amado, escutai-o. E de repente, olhando em redor, não viram ninguém com eles, a não ser unicamente Jesus.

Em Cristo dá-se a plenitude da Revelação. Na sua palavra e na sua vida contém-se tudo o que Deus quis dizer à humanidade e a cada homem. Em Jesus encontramos tudo o que devemos saber a respeito da nossa própria vida, nEle entendemos o sentido da nossa existência diária. A nós, cabe-nos escutá-lo. Esta é a nossa vida: ouvir o que Jesus nos diz na intimidade da oração, nos conselhos de quem orienta a nossa alma e através dos acontecimentos que Ele manda ou permite.

“Por isso – ensina São João da Cruz –, quem quisesse agora perguntar alguma coisa diretamente a Deus, ou ter uma visão ou revelação, não só cometeria uma tolice, mas ofenderia a Deus, não pondo os olhos totalmente em Cristo, sem querer nenhuma outra coisa ou novidade. Porque Deus poderia responder-lhe desta maneira: «Se já te disse todas as coisas através da minha Palavra, que é o meu Filho, e não tenho outra, que te posso eu agora responder ou revelar que seja mais do que isso? Põe os olhos somente nEle, porque nEle te disse e revelei tudo, e nEle acharás muito mais do que pedes e desejas [...]; ouve-o a Ele, porque já não tenho mais fé que revelar, nem mais coisas que manifestar»” 2.

Temos que ir à oração dispostos a falar com o Senhor, mas também decididos a escutar os seus conselhos, inspirações e desejos a respeito do nosso trabalho, da família, dos amigos que devemos aproximar dEle. Porque na oração falamos a Deus e Ele nos fala mediante as luzes que nos dá para resolvermos – de acordo com o seu querer divino – as questões que nos aparecem; como também nos fala mediante esses impulsos interiores que nos incitam a melhorar no cumprimento dos deveres diários, a ser mais audazes na ação apostólica...

A nossa Mãe Santa Maria ensina-nos a escutar o seu Filho, a considerar as coisas como Ela, na intimidade do coração, conforme o Evangelho nos faz constar por duas vezes 3. “Foi esse ponderar as coisas no coração que fez com que a Virgem fosse crescendo, com o decorrer do tempo, na compreensão dos mistérios, na santidade e na união com Deus. Ao contrário do que poderíamos pensar, Maria não encontrou as coisas já feitas no seu caminho para Deus, porque lhe foram exigidos esforços e foi submetida a provas que nenhum nascido de mulher – à exceção do seu Filho – teria podido enfrentar com êxito” 4.

Na intimidade com Deus, Maria soube o que o Senhor queria dEla, penetrou mais e mais no mistério da Redenção e encontrou sentido para os acontecimentos da sua vida: a alegria imensa e incomparável da sua vocação, a missão de José junto dEla, a pobreza de Belém, a chegada dos Magos, a fuga precipitada para o Egito, a busca dolorosa e o feliz encontro com Jesus quando tinha doze anos, a normalidade dos dias de Nazaré... A Virgem Maria orava e compreendia. Assim acontecerá conosco se aprendermos a procurar Jesus na intimidade da oração.

2. ESTE É O MEU FILHO muito amado, escutai-o. Devemos ouvi-lo muitas vezes e também perguntar-lhe o que não entendemos, o que nos surpreende, ou sobre as decisões que temos de tomar. Perguntar-lhe-emos: Senhor, neste assunto, que quereis que eu faça? O que Vos é mais agradável? Como posso viver melhor todas as minhas responsabilidades?

E se soubermos estar atentos, ouviremos essas palavras de Jesus que nos convidam a uma maior generosidade e nos iluminam para agirmos de acordo com o querer de Deus. Verdadeiramente, podemos dizer a Jesus na nossa oração de hoje: A vossa palavra é uma lâmpada para os meus pés, a luz do meu caminho5, sem a qual andaria aos tropeções, sem rumo e sem sentido. Guiai-me, Senhor, em meus caminhos e não me deixeis no meio de tanta escuridão.

“Os ouvidos de Deus estão sempre atentos” 6 à oração sincera, cheia de retidão de intenção e simples, que se abre com Deus como um filho bom se abre com seu pai, ou um amigo com o seu amigo. Ele nos ouve sempre, ainda que por vezes tenhamos a impressão contrária, como aconteceu com o cego Bartimeu, que chamava por Jesus à saída de Jericó e Ele seguia em frente sem parecer escutar os seus apelos 7, ou com a mulher siro-fenícia, que seguia atrás do Senhor sem cessar de suplicar-lhe pela filha doente 8. Jesus sabia muito bem o que essas pessoas desejavam dEle, e conhecia a fé que as movia, uma fé que, com aquela perseverança na oração, se tornava mais firme e sincera. Ele está atento ao que lhe dizemos, interessa-se por todos os nossos assuntos, recebe os louvores e as ações de graças que lhe dirigimos, os nossos atos de amor, os nossos pedidos de perdão e as nossas súplicas, e nos fala, e nos abre novos caminhos, e nos sugere propósitos...

Haverá ocasiões em que a nossa oração será uma conversa sem palavras, como acontece às vezes com os amigos que se conhecem bem e se estimam muito. Mas, mesmo sem palavras, podem-se dizer tantas coisas!... De um modo ou de outro, o Senhor deixa na alma frutos abundantes, ainda que às vezes nos passem despercebidos; pode falar-nos de um modo quase imperceptível, mas dá-nos sempre a sua luz e a sua ajuda, sem a qual não iríamos para a frente.

Procuremos repelir qualquer distração voluntária, vejamos de que modo podemos melhorar o nosso diálogo com o Senhor e sigamos o exemplo dos santos, que perseveraram na oração apesar das dificuldades. “Durante alguns anos – diz-nos Santa Teresa –, muitíssimas vezes mais me ocupava em desejar que terminasse o tempo que fixara para orar e em escutar quando é que o relógio daria as horas, do que em outras coisas boas; e inúmeras vezes não sei que penitência grave se me apresentaria que eu não a acometesse de mais boa vontade do que recolher-me a orar mentalmente” 9. Não abandonemos a oração nunca, ainda que por vezes seja árida, seca e custosa.

Em momentos em que nos custe e não nos ocorra nada que dizer a Jesus, lembremo-nos de que somos os seus amigos mais íntimos, exatamente como os Apóstolos, que o seguiam porque o amavam, e a quem o Senhor convidava a retirar-se a um lugar solitário para descansarem juntos... Que coisas não lhes perguntaria e contaria Jesus nesses momentos!10 Pois bem, esse há de ser o clima da nossa oração, dessa conversa a sós com quem sabemos que nos ama.

III. ESTE É O MEU FILHO muito amado, escutai-o. Jesus fala-nos na oração. E a Virgem Maria, nossa Mãe, indica-nos como devemos proceder: Fazei o que Ele vos disser..., aconselha-nos, como nas bodas de Caná. Porque fazer o que Jesus nos vai dizendo todos os dias no silêncio da oração pessoal é encontrar a chave que permite abrir as portas do Reino dos Céus, é situar-se na linha dos desejos de Deus sobre a nossa existência, é preencher as condições para que a nossa vida se cumule de frutos, como no caso daqueles servos que, pela sua obediência, encontraram cheias de um vinho esplêndido as talhas que tinham enchido de água até às bordas.

Muito em concreto, devemos esforçar-nos por levar à prática os propósitos que o Senhor nos sugere nos tempos de oração pessoal. Devem ser propósitos bem precisos para que sejam eficazes, para que se traduzam em realidades ou, pelo menos, nos levem a um grande esforço por cumpri-los: “Planos concretos, não de sábado para sábado, mas de hoje para amanhã, e de agora para daqui a pouco” 11.

Muitas vezes, o Senhor nos pedirá pequenas retificações de conduta, uma generosidade maior no trato com os outros, maior intensidade no aproveitamento do tempo, maior freqüência nos atos de presença de Deus na rua ou no seio da família, este ou aquele pequeno sacrifício na guarda dos sentidos, à hora das refeições... Noutros casos, dir-nos-á que sejamos mais enérgicos em pôr em prática os conselhos recebidos na direção espiritual, que normalmente apontarão para o nosso ponto fraco e que hão de ser tema freqüente de meditação, pois são outro meio de que Jesus se serve para nos falar.

Assim, dia após dia, quase sem o percebermos, o querer divino irá guiando os nossos passos como uma bússola guia os passos do caminhante em direção à meta. O fim da nossa viagem é Deus; queremos ir ao seu encontro sem hesitações, sem atrasos, com toda a nossa vontade. Pois bem, a nossa primeira tarefa é aprendermos a escutar, a conhecer essa voz divina que se vai manifestando por constantes moções na alma; e a segunda, empenharmo-nos a sério em traduzir esses movimentos interiores em pontos de luta bem determinados.

Poderemos ir hoje até o Senhor pela mão de Nossa Senhora, mestra de oração. “Como enamora a cena da Anunciação! Maria – quantas vezes temos meditado nisso! – está recolhida em oração..., aplica os seus cinco sentidos e todas as suas potências na conversa com Deus. Na oração conhece a Vontade divina; e com a oração converte-a em vida da sua vida. Não esqueças o exemplo de Nossa Senhora!” 12

Suplicamos-lhe hoje que nos dê um ouvido atento para escutarmos a voz do seu Filho e uma vontade enérgica para levarmos a cabo tudo o que Ele nos pede: Este é o meu Filho muito amado, escutai-o... Fazei o que Ele vos disser...

(1) Mc 9, 1-2; (2) São João da Cruz, Subida ao Monte Carmelo, 2, 22, 5; (3) Lc 2, 19; 2, 51; (4) F. Suárez, A Virgem Nossa Senhora, pág. 176; (5) Prov 30, 5; (6) São Pedro de Alcântara, Tratado da oração e da meditação I, 4; (7) cfr. Mc 10, 46 e segs.; (8) cfr. Mt 15, 21 e segs.; (9) Santa Teresa, Vida, 8, 3; (10) cfr. São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 470; (11) ib., n. 222; (12) ib., n. 481.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal