12 de Agosto 2019

A SANTA MISSA

19ª Semana do Tempo Comum – Segunda-feira 
Cor: Verde

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1ª Leitura: Dt 10, 12-22

“Abri, pois, o vosso coração. Amai os estrangeiros
porque vós também fostes estrangeiros.” 
 

Leitura do Livro do Deuteronômio

Moisés falou ao povo, dizendo: 12 E agora, Israel, o que é que o Senhor teu Deus te pede? Apenas que o temas e andes em seus caminhos; que ames e sirvas ao Senhor teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma, 13 e que guardes os mandamentos e preceitos do Senhor, que hoje te prescrevo para que sejas feliz. 14 Vê: é ao Senhor teu Deus que pertencem os céus, o mais alto dos céus, a terra e tudo o que nela existe. 15 No entanto, foi a teus pais que o Senhor se afeiçoou e amou; e, depois deles, foi à sua descendência, isto é, a vós, que ele escolheu entre todos os povos, como hoje está provado. 16 Abri, pois, o vosso coração, e não endureçais mais vossa serviz, 17 porque o vosso Deus é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas nem aceita suborno. 18 Ele faz justiça ao órfão e à viúva, ama o estrangeiro e lhe dá alimento e roupa. 19 Portanto, amai os estrangeiros, porque vós também fostes estrangeiros na terra do Egito. 20 Temerás o Senhor teu Deus e só a ele servirás; a ele te apegarás e jurarás por seu nome. 21 Ele é o teu louvor, ele é o teu Deus, que fez por ti essas coisas grandes e terríveis que viste com teus próprios olhos. 22 Ao descerem para o Egito, teus pais eram apenas setenta pessoas, e agora o Senhor teu Deus te fez tão numeroso como as estrelas do céu’.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 147(148), 12-13.14-15.19-20(R. 12a)

R. Glorifica o Senhor, Jerusalém!

Ou: Aleluia, Aleluia, Aleluia.

12 Glorifica o Senhor, Jerusalém!*
Ó Sião, canta louvores ao teu Deus!
13 Pois reforçou com segurança as tuas portas,*
e os teus filhos em teu seio abençoou.      R.

14 a paz em teus limites garantiu*
e te dá como alimento a flor do trigo.
15 Ele envia suas ordens para a terra,*
e a palavra que ele diz corre veloz.     R.

19 Anuncia a Jacó sua palavra,*
seus preceitos suas leis a Israel.
20 Nenhum povo recebeu tanto carinho,*
a nenhum outro revelou os seus preceitos.      R.

Evangelho: Mt 17,22-27 

“Eles o matarão, mas no terceiro dia ele ressuscitará.
Os filhos estão isentos dos impostos”. 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo: 22 Quando Jesus e os seus discípulos estavam reunidos na Galileia, ele lhes disse: ‘O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens. 23 Eles o matarão, mas no terceiro dia ele ressuscitará.’ E os discípulos ficaram muito tristes. 24 Quando chegaram a Cafarnaum, os cobradores do imposto do Templo aproximaram-se de Pedro e perguntaram: ‘O vosso mestre não paga o imposto do Templo?’ 25 Pedro respondeu: ‘Sim, paga.’ Ao entrar em casa, Jesus adiantou-se, e perguntou: ‘Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos?’ 26 Pedro respondeu: ‘Dos estranhos!’ Então Jesus disse: ‘Logo os filhos são livres. 27 Mas, para não escandalizar essa gente, vai ao mar, lança o anzol, e abre a boca do primeiro peixe que tu pescares. Ali tu encontrarás uma moeda; pega então a moeda e vai entregá-la a eles, por mim e por ti.’

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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O Tributo do Templo

TEMPO COMUM. DÉCIMA NONA SEMANA. SEGUNDA‑FEIRA

– Para sermos bons cristãos, temos de ser cidadãos exemplares.
– Os primeiros cristãos, exemplo para a nossa vida no meio do mundo.
– Estar presentes nos lugares em que se decide a vida da sociedade.

I. JESUS E OS SEUS DISCÍPULOS acabavam de chegar novamente a Cafarnaum – lemos no Evangelho da Missa1 –, quando os cobradores do tributo do Templo se aproximaram de Pedro e lhe perguntaram: O vosso Mestre não paga a didracma? Tratava‑se da contribuição anual de duas dracmas para a sustentação do culto, que todo o judeu que tivesse completado vinte anos tinha de pagar, mesmo que vivesse fora da Palestina. A resposta afirmativa de Pedro aos cobradores, sem antes ter falado com Jesus, mostra‑nos que, efetivamente, o Senhor costumava pagar o imposto. O episódio deve ter‑se passado fora da casa porque, quando Pedro foi ter com Jesus, que se encontrava dentro, antecipou‑se ao Apóstolo com esta pergunta: Que te parece, Simão? De quem recebem os reis da terra o tributo ou o censo? Dos filhos ou dos estranhos?

Nas antigas monarquias, o tributo do censo era considerado uma contribuição especial em benefício da família real. Entende‑se assim a pergunta de Jesus a Pedro: De quem recebem os reis da terra o tributo ou o censo? A resposta era bem fácil: dos estranhos, isto é, dos súditos, respondeu Pedro. Portanto – concluiu Jesus –, os filhos estão isentos. Perante essa obrigação, Jesus está na mesma posição dos filhos dos reis, e ao declarar‑se isento ensina que Ele é o próprio Filho de Deus e que habita na casa do Pai2, na sua própria casa. É o Filho do Rei, e não está obrigado a pagar o tributo.

Mas o Senhor quis cumprir à risca os seus deveres de cidadão, embora tenha revelado a sua condição divina ao indicar a Pedro como devia obter a quantia que lhe pediam. Esta passagem do Evangelho, relatada unicamente por São Mateus, mostra‑nos também a pobreza de Jesus, que não possuía uma quantia tão pequena como as duas dracmas; e mostra‑nos ainda o apreço que Jesus tem por Pedro ao mandá‑lo pagar pelos dois: Para que não os escandalizemos – diz Jesus a Simão –, vai ao mar e lança o anzol, e o primeiro peixe que pegares, abre‑lhe a boca e acharás dentro um estáter; tira‑o e dá‑o por mim e por ti. O estáter equivalia a quatro dracmas3.

Santo Ambrósio comenta a este propósito que se trata de uma grande lição, “que ensina aos cristãos a submissão ao poder soberano, a fim de que ninguém se permita desobedecer aos editos de um rei da terra. Se o Filho de Deus pagou o tributo, achas que és maior do que Ele para deixar de pagá‑lo? Se o Senhor, que nada possuía, pagou o tributo, tu, que andas à procura dos bens deste mundo, por que não reconheces as cargas do mesmo?, por que te consideras por cima do mundo...?”4

Desta e de outras passagens do Evangelho, podemos concluir que, se queremos imitar o Mestre, temos de ser bons cidadãos, que cumprem os seus deveres no trabalho e na sociedade: “Ama e respeita as normas de uma convivência honrada e não duvides de que a tua submissão leal ao dever será também veículo para que todos descubram a honradez cristã, fruto do amor divino, e encontrem a Deus”5.

II. DEPOIS DA VINDA do Espírito Santo no dia de Pentecostes, os Apóstolos tiveram uma consciência mais clara de terem sido enviados pelo Senhor para estarem presentes no âmago da própria sociedade. Como o Mestre, eles não eram do mundo6, e em muitas ocasiões o mundo os rejeitaria e não teria com eles o sorriso de benevolência que se reserva para o que é próprio. Sem serem do mundo, sem serem mundanos, os primeiros cristãos rejeitaram costumes e modos de conduta incompatíveis com a fé que tinham recebido, mas nunca se sentiram como um corpo estranho na sociedade a que pertenciam por direito próprio. Os Apóstolos não deixaram de recordar‑lhes com especial firmeza as palavras do Senhor que os vinculavam ao próprio coração da sociedade humana, porque só ali essas palavras podiam alcançar o seu pleno cumprimento: eles deveriam ser o sal que dá sabor e preserva da corrupção a vida dos homens; o fermento que se mistura e se confunde com a farinha para fermentar toda a massa; a luz que tem de brilhar diante dos povos, para que, convencidos pelas obras, glorifiquem o Pai que está nos céus.

Os primeiros cristãos não procuraram o isolamento, nem levantaram barreiras defensivas que lhes garantissem a sobrevivência nos momentos de feroz incompreensão. A atitude que adotaram, mesmo nas épocas de perseguição, não foi nem agressiva nem medrosa, mas de serena presença; o fermento operava confundido com a massa. A presença cristã no mundo foi radicalmente afirmativa, e toda a injustiça dos perseguidores revelou‑se incapaz de alterar a atitude serena e construtiva daqueles primeiros fiéis, que sempre se mostraram cidadãos exemplares. A violência das perseguições não fez deles pessoas inadaptadas ou anti‑sociais, nem conseguiu desfazer a sua solidariedade essencial com o resto dos homens, seus semelhantes. “Acusam‑nos de que nos separamos da massa popular do Estado” – argumenta Tertuliano –, e isso é falso, porque o cristão sabe‑se embarcado na mesma nave que os outros cidadãos e participa com eles de um comum destino terreno, “porque se o Império é sacudido com violência, o mal alcança também os súditos e conseqüentemente atinge‑nos a nós”7. Caluniados e incompreendidos, os cristãos mantiveram‑se fiéis à sua vocação divina e à sua vocação humana, ocupando no mundo o lugar que lhes correspondia, exercendo os seus direitos e cumprindo cabalmente os seus deveres8.

Os primeiros cristãos não só foram bons cristãos, como cidadãos exemplares, pois esses deveres eram para eles obrigações de uma consciência retamente formada, através das quais se santificavam. Obedeciam às leis civis justas não só por temor ao castigo, mas também por um dever de consciência9, escrevia São Paulo aos primeiros cristãos de Roma. E acrescenta: É por esta razão que pagais os tributos10. “Como aprendemos dEle (de Cristo) – escreve São Justino Mártir em meados do século II –, nós procuramos pagar os tributos e contribuições, íntegros e com rapidez, aos vossos encarregados [...]. Adoramos somente a Deus, mas vos obedecemos gozosamente a vós nas demais coisas, reconhecendo abertamente que sois os reis e os governantes dos homens, e pedindo na oração que, juntamente com o poder imperial, tenhais também uma arte de governar cheia de sabedoria”11.

III. A IGREJA SEMPRE EXORTOU os cristãos, “cidadãos da cidade temporal e da cidade eterna, a procurarem desempenhar fielmente as suas tarefas terrenas, guiados pelo espírito do Evangelho”12. Os outros devem ver em nós essa luz de Cristo refletida num trabalho honesto, em que se cumprem fielmente as obrigações de justiça com a empresa, com os que trabalham sob a nossa responsabilidade, com a sociedade, pelo pagamento dos impostos que sejam justos; no caso dos estudantes, mediante um estudo responsável; no dos professores, pela preparação diária das aulas, que leva a melhorá‑las de ano para ano, sem cair na rotina e na mediocridade; no das mães de família, pelo cuidado do lar, dos filhos, do marido, pela retribuição justa a quem as ajuda nas tarefas da casa...

Não podem ser bons cristãos os que não são bons cidadãos; enganam‑se os que, “sob pretexto de que não temos aqui cidade permanente, pois buscamos a futura (cfr. Hebr 13, 14), consideram que podem descurar as tarefas temporais, sem perceberem que a própria fé é um motivo que os obriga ao cumprimento mais perfeito de todas elas, conforme a vocação profissional de cada um”13.

O cristão não pode dar‑se por satisfeito se se limita a cumprir os seus deveres familiares e religiosos; tem de estar presente, de acordo com as suas possibilidades, onde quer que se decida a vida do bairro, do povo ou da sociedade; a sua vida tem uma dimensão social e até política que nasce da fé e que diz respeito ao exercício das virtudes e à essência da vida cristã. “A partir desta perspectiva, a dimensão social e política da caridade adquire toda a sua beleza. Trata‑se de um amor eficaz às pessoas, que se atualiza na prossecução do bem comum da sociedade”14.

Como cristãos que têm de santificar‑se no meio do mundo, devemos ter sempre em conta “a nobreza e dignidade moral do compromisso social e político e as grandes possibilidades que este oferece para crescer na fé e na caridade, na esperança e na fortaleza, no desprendimento e na generosidade”. E “quando o compromisso social e político é vivido com verdadeiro espírito cristão, converte‑se numa dura escola de perfeição e num exigente exercício das virtudes”15.

Se formos cidadãos que cumprem exemplarmente todos os seus deveres, poderemos iluminar a muitos o caminho que leva a seguir o Senhor. Nos nossos dias, “uma massa nova e ainda por modelar surgiu nas velhas terras cristãs, ao mesmo tempo que o mundo, em toda a sua extensão, se transformou no campo de uma ação apostólica que deve chegar a todos os homens e na qual todos os cristãos estão comprometidos. Hoje a Igreja e cada um dos seus filhos encontram‑se novamente em estado de missão, e o que se pede ao fermento é que ponha em ação toda a plenitude da sua força renovadora”16. Isto é possível quando nos sentimos – porque o somos! – cidadãos de pleno direito, que cumprem os seus deveres e exercem os seus direitos, e não se escondem diante das obrigações e vicissitudes da vida pública.

(1) Mt 17, 23‑26; (2) cfr. Jo 16, 15; (3) cfr. F. Spadafora, Diccionario biblico, E.L.E., Barcelona, 1968, pág. 160; (4) Santo Ambrósio, Comentário ao Evangelho de São Lucas, IV, 73; (5) Josemaría Escrivá, Sulco, n. 322; (6) cfr. Jo 17, 16; (7) Tertuliano, Apologeticum, 28; (8) cfr. D. Ramos, El testimonio de los primeros cristianos, Rialp, Madrid, 1969, pág. 170; (9) Rom 13, 5; (10) Rom 13, 6; (11) São Justino, Apologia, I, 17; (12) Conc. Vat II. Const. Gaudium et spes, 42; (13) ib.; (14) Conferência Episcopal Espanhola, Instr. Past. Los católicos en la vida pública, 22‑IV‑1986, 60 e 63; (15) ib.; (16) J. Orlandis, La vocación cristiana del hombre de hoy, 3ª ed., Rialp, Madrid, 1973, págs. 74‑75.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


Esperando o Senhor

TEMPO COMUM. DÉCIMO NONO DOMINGO. ANO C

– Fundamentos da esperança teologal.
– Uma espera vigilante. O exame de consciência.
– A luta nas pequenas coisas.

I. A LITURGIA DA PALAVRA deste Domingo recorda‑nos que a vida na terra é uma espera, não muito longa, até que o Senhor venha de novo.

A fé que guia os nossos passos é precisamente o fundamento das coisas que se esperam 1, como se pode ler na segunda Leitura. Por meio dessa virtude teologal, o cristão adquire uma firme garantia acerca das promessas do Senhor, e uma posse antecipada dos dons divinos. A fé dá‑nos a conhecer com certeza duas verdades fundamentais da existência humana: que o nosso destino é o Céu e, por isso, todas as outras coisas devem ordenar‑se para esse fim supremo e subordinar‑se a ele; e que o Senhor deseja ajudar‑nos, com meios superabundantes, a consegui‑lo 2.

Nada nos deve desanimar no caminho para a santidade, porque nos apoiamos nestas “três verdades: Deus é onipotente, Deus ama‑me imensamente, Deus é fiel às suas promessas. E é Ele, o Deus das misericórdias, quem acende em mim a confiança. Por isso eu não me sinto só, nem inútil, nem abandonado, mas envolvido num destino de salvação que desembocará um dia no Paraíso”3. A Bondade, a Sabedoria e a Onipotência divinas constituem o alicerce firme da esperança humana.

Deus é onipotente. Estão‑lhe submetidas todas as coisas: o vento, o mar, a saúde, a doença, os céus, a terra... E Ele serve‑se de tudo e dispõe tudo para a salvação da minha alma e da de todos os homens. Não deixa de empregar um único meio para o bem dos seus filhos, por mais que pareçam estar sós e abandonados. Toda a infinita força de Deus coloca‑se a serviço da salvação e santificação dos homens. E ainda que o mau uso da nossa liberdade possa tornar inúteis os meios divinos, sempre é possível o perdão, e sempre é possível, portanto, conservar a esperança. Deus é onipotente; Deus pode tudo, é nosso Pai e é Amor4.

Deus ama‑me imensamente, como se eu fosse o seu único filho. Não me abandona nunca na minha peregrinação por esta terra; procura‑me quando me perco por minha culpa, ama‑me com obras, dispondo todas as coisas para o bem da minha alma. O amor de um pai ou de uma mãe, com todo o atrativo que possui, é somente um pálido reflexo do amor de Deus.

Deus é fiel às suas promessas, apesar dos nossos retrocessos, traições e deslealdades, da nossa falta de correspondência às instâncias divinas. Ele nunca nos deixa, não se cansa, é paciente com os homens, de uma paciência infinita. Enquanto caminhamos pela terra, não abandona ninguém, não considera ninguém irrecuperável. Sempre encontramos a Deus de braços abertos, como o filho pródigo encontrou seu pai.

O Senhor espera a nossa conversão sincera e uma correspondência cada vez mais generosa: espera que estejamos vigilantes para que não adormeçamos na tibieza, para que andemos sempre despertos. A esperança está intimamente relacionada com um coração vigilante; depende em boa parte do amor5.

II. JESUS EXORTA‑NOS à vigilância, porque o inimigo não descansa, está sempre à espreita6, e porque o amor nunca dorme7. O Senhor adverte‑nos no Evangelho da Missa8: Estejam cingidos os vossos rins e tende nas vossas mãos lâmpadas acesas; fazei como os homens que esperam o seu senhor quando volta das bodas, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram.

Os judeus costumavam usar umas túnicas folgadas e por isso cingiam‑nas com um cinturão para poderem andar e executar determinados trabalhos. “Ter as roupas cingidas” é uma imagem expressiva utilizada para indicar que alguém se preparava para realizar um trabalho, para empreender uma viagem, para entrar em luta9. Do mesmo modo, “ter as lâmpadas acesas” indica a atitude própria daquele que está de vigia ou espera a chegada de alguém10. Quando o Senhor vier no final da nossa vida, deve encontrar‑nos assim: em estado de vigília, como quem vive o momento presente; servindo por amor e empenhados em melhorar as realidades terrenas, mas sem perder o sentido sobrenatural da vida, o fim para que tudo se dirige; avaliando devidamente as coisas terrenas – a profissão, os negócios, o descanso... –, sem esquecer que nada disso tem um valor absoluto, e que deve servir‑nos para amar mais a Deus, para ganhar o Céu e servir os homens.

Não é muito o tempo que nos separa do encontro definitivo com Cristo; cada dia que passa aproxima‑nos mais da eternidade. Pode ser neste ano, ou no próximo, ou no seguinte... Seja como for, sempre nos parecerá que a vida passou muito depressa. O Senhor virá na segunda ou na terceira vigília... “E como não sabemos nem o dia nem a hora, é necessário, conforme a advertência do Senhor, que vigiemos constantemente para que, terminado o prazo improrrogável da nossa vida terrena (cfr. Hebr 9, 27), mereçamos entrar com Ele na festa e sermos contados entre os eleitos”11. Para os que tiverem vivido de costas para Deus, virá como algo completamente inesperado: como um ladrão no meio da noite12. Sabei isto: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, não permitiria que lhe roubassem a casa. Estai, pois, preparados... E São João Crisóstomo comenta que “com isto, parece confundir aqueles que não põem tanto cuidado em guardar a sua alma como em guardar as suas riquezas do ladrão que esperam”13.

“À vigilância opõe‑se a negligência ou falta da devida solicitude, que procede de um certo desinteresse da vontade”14. Estamos vigilantes quando fazemos com profundidade o exame de consciência diário. “Observa a tua conduta com vagar. Verás que estás cheio de erros, que te prejudicam a ti e talvez também aos que te rodeiam.

“– Lembra‑te, filho, de que não são menos importantes os micróbios do que as feras. E tu cultivas esses erros, esses desacertos – como se cultivam os micróbios no laboratório –, com a tua falta de humildade, com a tua falta de oração, com a tua falta de cumprimento do dever, com a tua falta de conhecimento próprio... E, depois, esses focos infectam o ambiente.

“– Precisas de um bom exame de consciência diário, que te leve a propósitos concretos de melhora, por sentires verdadeira dor das tuas faltas, das tuas omissões e pecados”15.

III. ESTAREMOS VIGILANTES no amor e longe da tibieza e do pecado se nos mantivermos fiéis a Deus nas pequenas coisas que preenchem o dia. Quem se habitua a repassar as pequenas coisas de cada dia no seu exame de consciência descobre com facilidade os indícios e as raízes que denunciam um possível extravio não muito longínquo. As pequenas coisas são a ante‑sala das grandes, tanto no sentido negativo como positivo.

São Francisco de Sales fala‑nos da necessidade de lutar nas pequenas tentações, pois são muitas as ocasiões em que se apresentam num dia corrente e, se se vencem, essas vitórias são mais importantes – por serem muitas – do que se se tivesse vencido uma tentação mais grave. Além disso, ainda que “os lobos e os ursos sejam mais perigosos do que as moscas”, no entanto “não nos causam tantos aborrecimentos, nem provam tanto a nossa paciência”. É fácil – ensina o Santo – “não cometer um homicídio; mas é difícil repelir os pequenos ímpetos de cólera”, que se apresentam com bastante facilidade. “É fácil não furtar os bens do próximo, mas é difícil não os desejar. É fácil não levantar falsos testemunhos em juízo; mas é difícil não mentir numa conversa; é fácil não embriagar‑se, mas é difícil ser sóbrio”16.

As pequenas vitórias diárias fortalecem a vida interior e despertam a alma para as coisas divinas. São ocasiões que se apresentam com muita freqüência: trata‑se de viver a pontualidade à hora de levantar‑se ou de começar o trabalho; de deixar de lado essa revista insubstancial que pode semear confusão na alma ou, pelo menos, supõe uma perda de tempo e, sempre, uma boa ocasião de vencermos a curiosidade; trata‑se de fazer um pequeno sacrifício à hora das refeições; de dominar a língua num encontro de amigos ou numa reunião social... Estamos convencidos de que “tantas vitórias quantas obtivermos sobre esses pequenos inimigos serão outras tantas pedras preciosas que se acrescentarão à coroa que Deus nos prepara no seu Reino”17.

Se nos acostumarmos a fazer um ato de amor em cada tentação, em tudo aquilo que em nós ou nos outros pode ser origem de uma ofensa a Deus, ficaremos cheios de paz, e o que podia ter sido motivo de derrota é convertido por nós em vitória. Além deste imenso bem para a alma, diz o mesmo Santo que “quando o demônio vê que as suas tentações nos levam a esse amor divino, cessa de tentar‑nos”18.

Se formos fiéis nas pequenas coisas, permaneceremos cingidos, vigilantes, à espera do Senhor que está para chegar. A nossa vida terá consistido numa alegre espera, enquanto realizamos cheios de esperança a tarefa que o nosso Pai‑Deus nos confiou no mundo. Então compreenderemos com profundidade as palavras de Jesus: Bem‑aventurado aquele servo a quem o senhor achar procedendo assim quando vier. Digo‑vos na verdade que o constituirá administrador de tudo o que possui. E Ele está para vir; não deixemos de vigiar.

(1) Hebr 11, 1; (2) cfr. São Tomás, Suma Teológica, II‑II, q. 17, a. 5 e 7; (3) João Paulo II, Alocução, 20‑IX‑1978; (4) G. Redondo, Razón de la esperanza, EUNSA, Pamplona, 1977, pág. 79; (5) cfr. J. Pieper, Sobre la esperanza, 3ª ed., Rialp, Madrid, 1961, pág. 48; (6) 1 Pe 5, 8; (7) cfr. Cant 5, 2; (8) Lc 12, 32‑48; (9) cfr. Jer 1, 17; Ef 6, 14; 1 Pe 1, 13; (10) Sagrada Bíblia, Santos Evangelhos, notas a Lc 12, 33‑39 e 35; (11) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 48; (12) 1 Tess 6, 2; (13) São João Crisóstomo, em Catena Aurea, vol. III, pág. 204; (14) São Tomás, op. cit., II‑II, q. 54, a. 3; (15) Josemaría Escrivá, Forja, n. 481; (16) cfr. São Francisco de Sales, Introdução à vida devota, IV, 8; (17) ib.; (18) ib., IV, 9.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


11 de Agosto 2019

A SANTA MISSA

19º Domingo do Tempo Comum – Ano C
Cor: Verde

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1ª Leitura: Sb 18,6-9

“Aquilo com que puniste nossos adversários,
serviu também para glorificar-nos.” 

Leitura do Livro da Sabedoria

6 A noite da libertação fora predita a nossos pais, para que, sabendo a que juramento tinham dado crédito, se conservassem intrépidos.7 Ela foi esperada por teu povo, como salvação para os justos e como perdição para os inimigos.8 Com efeito, aquilo com que puniste nossos adversários, serviu também para glorificar-nos, chamando-nos a ti.9 Os piedosos filhos dos bons ofereceram sacrifícios secretamente e, de comum acordo, fizeram este pacto divino: que os santos participariam solidariamente dos mesmos bens e dos mesmos perigos. Isto, enquanto entoavam antecipadamente os cânticos de seus pais.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 32,1.12.18-19.20.22 (R. 12b)

R. Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança! 

Ó justos, alegrai-vos no Senhor!*
aos retos fica bem glorificá-lo.
12 Feliz o povo cujo Deus é o Senhor*
e a nação que escolheu por sua herança!      R.

18 Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem,*
e que confiam esperando em seu amor,
19 para da morte libertar as suas vidas*
e alimentá-los quando é tempo de penúria.      R.

20 No Senhor nós esperamos confiantes,*
porque ele é nosso auxílio e proteção!
22 Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,*
da mesma forma que em vós nós esperamos!       R.

2ª Leitura – Hb 11,1-2.8-19

“Esperava a cidade que tem Deus
mesmo por arquiteto e construtor”. 

Leitura da Carta aos Hebreus Irmãos:1 A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se vêem.2 Foi a fé que valeu aos antepassados um bom testemunho. 8 Foi pela fé que Abraão obedeceu à ordem de partir para uma terra que devia receber como herança, e partiu, sem saber para onde ia.9 Foi pela fé que ele residiu como estrangeiro na terra prometida, morando em tendas com Isaac e Jacó, os co-herdeiros da mesma promessa.10 Pois esperava a cidade alicerçada que tem Deus mesmo por arquiteto e construtor.11 Foi pela fé também que Sara, embora estéril e já de idade avançada, se tornou capaz de ter filhos, porque considerou fidedigno o autor da promessa.12 É por isso também que de um só homem, já marcado pela morte, nasceu a multidão ‘comparável às estrelas do céu e inumerável como a areia das praias do mar’.13 Todos estes morreram na fé. Não receberam a realização da promessa, mas a puderam ver e saudar de longe e se declararam estrangeiros e migrantes nesta terra.14 Os que falam assim demonstram que estão buscando uma pátria,15 e se se lembrassem daquela que deixaram, até teriam tempo de voltar para lá.16 Mas agora, eles desejam uma pátria melhor, isto é, a pátria celeste. Por isto, Deus não se envergonha deles, ao ser chamado o seu Deus. Pois preparou mesmo uma cidade para eles.17 Foi pela fé que Abraão, posto à prova, ofereceu Isaac; ele, o depositário da promessa, sacrificava o seu filho único,18 do qual havia sido dito: ‘É em Isaac que uma descendência levará o teu nome’.19 Ele estava convencido de que Deus tem poder até de ressuscitar os mortos, e assim recuperou o filho – o que é também um símbolo.

– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.

Evangelho: Lc 12,32-48  

“Vós também ficai preparados!”

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 32 ‘Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino. 33 Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. 34 Porque onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.35 Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. 36 Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrirem, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater. 37 Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade eu vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá. 38 E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar! 39 Mas ficai certos: se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que arrombasse a sua casa. 40 Vós também ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes’. 41 Então Pedro disse: ‘Senhor, tu contas esta parábola para nós ou para todos?’ 42 E o Senhor respondeu: ‘Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a todos na hora certa? 43 Feliz o empregado que o patrão, ao chegar, encontrar agindo assim! 44 Em verdade eu vos digo: o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens. 45 Porém, se aquele empregado pensar: ‘Meu patrão está demorando’, e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se, 46 o senhor daquele empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o partirá ao meio e o fará participar do destino dos infiéis. 47 Aquele empregado que, conhecendo a vontade do senhor, nada preparou, nem agiu conforme a sua vontade, será chicoteado muitas vezes. 48 Porém, o empregado que não conhecia essa vontade e fez coisas que merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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10 de Agosto 2019

A SANTA MISSA

Festa: São Lourenço, diácono e mártir
Cor: Vermelha

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1ª Leitura: 2Cor 9, 6-10

“Deus ama aquele que dá com alegria”

Leitura da Segunda Carta de São Paulo apóstolo aos Coríntios

Irmãos: 6 “Quem semeia pouco colherá também pouco e quem semeia com largueza colherá também com largueza”. 7 Dê cada um conforme tiver decidido em seu coração, sem pesar nem constrangimento; pois Deus “ama quem dá com alegria”. 8 Deus é poderoso para vos cumular de toda sorte de graças, para que, em tudo, tenhais sempre o necessário e ainda tenhais de sobra para toda obra boa, 9 como está escrito: “Distribuiu generosamente, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre”. 10 Aquele que dá a semente ao semeador e lhe dará o pão como alimento, ele mesmo multiplicará as vossas sementes e aumentará os frutos da vossa justiça.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 111(112), 1-2.5-6.7-8.9(R. cf. 5a)

R. Feliz o homem caridoso e prestativo.

Feliz o homem que respeita o Senhor *
e que ama com carinho a sua lei!
Sua descendência será forte sobre a terra, *
abençoada a geração dos homens retos!      R.

5 Feliz o homem caridoso e prestativo, *
que resolve seus negócios com justiça.
6 Porque jamais vacilará o homem reto, *
sua lembrança permanece eternamente!      R.

7 Ele não teme receber notícias más: *
confiando em Deus, seu coração está seguro.
8 Seu coração está tranquilo e nada teme, *
e confusos há de ver seus inimigos.      R.

9 Ele reparte com os pobres os seus bens, +
permanece para sempre o bem que fez, *
e crescerão a sua glória e seu poder.       R. 

Evangelho: Jo 12, 24-26 

“Se alguém me serve, meu Pai o honrará” 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 24 Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto. 25 Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. 26 Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará”.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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09 de Agosto 2019

A SANTA MISSA

18ª Semana do Tempo Comum – Sexta-feira 
Cor: Verde

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1ª Leitura: Dt 4,32-40

 “Ele amou os teus pais
e depois deles escolheu a sua descendência”

Leitura do Livro do Deute­ronômio.

Moisés falou ao povo dizendo: 32 Interroga os tempos antigos que te precederam, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra e investiga, de um extremo a outro dos céus, se houve jamais um acontecimento tão grande, ou se ouviu algo semelhante. 33 Existe, porventura, algum povo que tenha ouvido a voz de Deus falando-lhe do meio do fogo, como tu ouviste, e tenha permanecido vivo? 34 Ou terá vindo algum Deus escolher para si um povo entre as nações, por meio de provações, de sinais e prodígios, por meio de combates, com mão forte e braço estendido, e por meio de grandes terrores, como tudo o que por ti o Senhor vosso Deus fez no Egito, diante de teus próprios olhos? 35 A ti foi dado ver tudo isso, para que reconheças que o Senhor é na verdade Deus e que não há outro Deus fora ele. 36 Do céu ele te fez ouvir sua voz para te instruir, e sobre a terra te fez ver o seu grande fogo; e do meio do fogo ouviste suas palavras, 37 porque amou teus pais e, depois deles, escolheu seus descendentes. Ele te fez sair do Egito por seu grande poder, 38 para expulsar, de diante de ti, nações maiores e mais fortes do que tu, e para te introduzir na terra deles e dá-la a ti como herança, como tu estás vendo hoje. 39 Reconhece, pois, hoje, e grava-o em teu coração, que o Senhor é o Deus lá em cima do céu e cá embaixo na terra, e que não há outro além dele. 40 Guarda suas leis e seus man­damentos que hoje te prescrevo, para que sejas feliz, tu e teus filhos depois de ti, e vivas longos dias sobre a terra que o Senhor teu Deus te vai dar para sempre.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 76(77), 12-13.14-15.16 e 21(R. 12a)

R. Penso em vossas maravilhas, ó Senhor!

12 Mas, recordando os grandes feitos do passado, *
vossos prodígios eu relembro, ó Senhor;
13 eu medito sobre as vossas maravilhas *
e sobre as obras grandiosas que fizestes.      R.

14 São santos, ó Senhor, vossos caminhos! *
Haverá deus que se compare ao nosso Deus?
15 Sois o Deus que operastes maravilhas, *
vosso poder manifestastes entre os povos.      R.

16 Com vosso braço redimistes vosso povo, *
os filhos de Jacó e de José.
21 Como um rebanho conduzistes vosso povo *
e o guiastes por Moisés e Aarão.       R. 

Evangelho: Mt 16,24-28 

“Que poderá dar o homem em troca da sua vida?”

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, 24 Jesus disse aos discípulos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga. 25 Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai en­­co­n­­trá-la. 26 De fato, de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro mas perder a sua vida? Que poderá alguém dar em troca de sua vida? 27 Porque o Filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a sua conduta. 28 Em verdade vos digo: Alguns daqueles que estão aqui não morrerão antes de verem o Filho do Homem vindo com seu Reino”.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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Tu És o Cristo

TEMPO COMUM. DÉCIMA OITAVA SEMANA. QUINTA‑FEIRA

– Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo: confessar assim a divindade de Cristo.
– Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem.
– Cristo: Caminho, Verdade e Vida.

I. JESUS ENCONTRA‑SE em Cesaréia de Filipe, nos confins do território judeu. Subitamente, pergunta aos seus discípulos: Quem dizem os homens que é o Filho do homem?1 Os Apóstolos referem‑lhe as opiniões que corriam: Uns dizem que é João Batista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas. Muitos dos que ouviam a pregação de Jesus tinham‑no em alta conta, mas não sabiam quem Ele era na realidade. O Mestre fixa agora os olhos nos Apóstolos e pergunta‑lhes em tom amável: E vós, quem dizeis que eu sou? Parece exigir dos seus, dos que o seguem mais de perto, uma confissão de fé clara e sem paliativos; eles não devem limitar‑se a seguir uma opinião pública superficial e cambiante: devem conhecer e proclamar Aquele por quem deixaram tudo para viver uma vida nova.

Pedro responde categoricamente: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. É uma afirmação clara da divindade de Jesus, como o confirmam as palavras que o Senhor pronuncia a seguir: Bem‑aventurado és, Simão, filho de João, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas meu Pai que está nos céus. Pedro deve ter ficado profundamente comovido com as palavras do Mestre.

Também hoje há opiniões discordantes e errôneas a respeito de Jesus, pois é grande a ignorância acerca da sua Pessoa e missão. Apesar de vinte séculos de pregação e de apostolado da Igreja, muitas mentes não descobriram a verdadeira identidade de Jesus, que vive no meio de nós e nos pergunta: E vós, quem dizeis que eu sou? Nós, ajudados pela graça de Deus, que nunca falta, temos de proclamar com firmeza, com a firmeza sobrenatural da fé: Tu és o meu Deus e o meu Rei, perfeito Deus e Homem perfeito, “centro do cosmos e da história”2, centro da minha vida e razão de ser de todas as minhas obras.

Nos duros momentos da Paixão, quando Jesus estiver prestes a consumar a sua missão na terra, o Sumo Sacerdote perguntar‑lhe‑á: És tu o Messias, o Filho de Deus bendito? E Jesus declarará: Eu o sou. E vereis o Filho do homem sentado à direita do poder de Deus, e vir sobre as nuvens do céu3.

Nessa resposta, o Senhor não só dá testemunho de ser o Messias esperado, mas esclarece a transcendência divina do seu messianismo, ao aplicar a si próprio a profecia do Filho do Homem do profeta Daniel4. Serve‑se das expressões mais fortes de todas as passagens bíblicas para declarar a divindade da sua Pessoa. Então condenam‑no como blasfemo.

Só a luz da fé sobrenatural nos permite saber que Jesus Cristo é infinitamente superior a qualquer criatura: Ele é o “Filho único de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai, por quem todas as coisas foram feitas; e que por nós, homens, e para a nossa salvação desceu dos céus, e se encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, e se fez homem…”5 Saiu do Pai6, mas continua em plena comunhão com Ele, porque tem a mesma natureza divina. Será Ele quem, junto com o Pai, enviará o Espírito Santo7, pois tem e possui como próprio tudo o que é do Pai8.

Apresenta‑se como supremo Legislador: Ouvistes o que foi dito aos antigos… Mas eu vos digo…9 Na Antiga Lei, dizia‑se: Assim falou Javé, mas Jesus não fala nem ordena em nome de ninguém: Eu vos digo… É em seu próprio nome que proclama um ensinamento divino e estabelece uns preceitos que se prendem com o que há de mais essencial no homem. Exerce o poder de perdoar os pecados, qualquer pecado10, um poder que, como todos os judeus sabiam, é próprio e exclusivo de Deus. E não só absolve pessoalmente, mas dá o poder das chaves – o poder de governar e de perdoar – a Pedro e aos demais Apóstolos, bem como aos seus sucessores11. Promete apresentar‑se no fim do mundo como único juiz dos vivos e dos mortos12. Nunca houve ninguém que se arrogasse tais prerrogativas.

Jesus exigiu – exige – dos seus discípulos uma fé inquebrantável na sua Pessoa, uma fé que chegue ao ponto de fazê‑los tomar a Cruz sobre os seus ombros: Quem não toma a sua cruz e me segue não é digno de mim13; a atitude que nos pede em relação ao seu Pai celestial, exige‑a também em relação a si mesmo: uma fé sem fissuras, um amor sem medida14.

Nós, que queremos segui‑lo muito de perto, dizemos‑lhe com Pedro, quando estamos diante do Sacrário: Senhor, Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Verdadeiramente, “quem encontra Jesus encontra um bom tesouro, aquele que com efeito é bom acima de todo o bem. E quem perde Jesus perde muito, e mais que o mundo inteiro. Aquele que vive sem Jesus é paupérrimo, e riquíssimo quem com Ele vive”15. Não o deixemos nunca; fortaleçamos o nosso amor com muitos atos de fé, com a audácia em dar a conhecer em qualquer ambiente a nossa fé e o nosso amor por Cristo vivo.

II. DEPOIS DE TANTO TEMPO, Jesus continua a ser para muitos, que ainda não possuem o dom sobrenatural da fé ou vivem apoltronados na tibieza, uma figura evanescente, inconcreta. Nós também podíamos responder hoje a Jesus como os Apóstolos lhe responderam naquele dia em Cesaréia de Filipe: uns dizem que foste um homem de grandes ideais, outros… Verdadeiramente, continuam a ser atuais as palavras de João Batista: No meio de vós está quem vós não conheceis16.

Somente o dom divino da fé nos permite proclamar, unidos ao Magistério da Igreja: “Cremos em Nosso Senhor Jesus Cristo, que é o Filho de Deus. Ele é o Verbo eterno, nascido do Pai antes de todos os séculos e consubstancial ao Pai…”17 Cremos que em Jesus Cristo existem duas naturezas: uma divina e outra humana, diferentes e inseparáveis, e uma única Pessoa, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que é incriada e eterna, que se encarnou por obra do Espírito Santo no seio da Virgem Maria.

Jesus é também Homem perfeito. Nasce na maior indigência, aclamado pelos anjos do céu; passa fome e sede; cansa‑se e às vezes tem de reclinar‑se sobre uma pedra ou sentar‑se à beira de um poço; sente‑se tão esgotado que dorme enquanto navega com uns pescadores; chora junto do sepulcro do amigo Lázaro; tem medo e pavor da morte, antes de sofrer os ultrajes da crucifixão.

E essa Santíssima Humanidade de Jesus, igual à nossa menos no pecado, fez‑se caminho para o Pai. Ele vive hoje – Por que procurais entre os mortos aquele que vive?18 – e continua a ser o mesmo. “Iesus Christus heri et hodie; ipse et in saecula (Hebr XIII, 8). Quanto gosto de recordá‑lo: Jesus Cristo, o mesmo que foi ontem para os Apóstolos e para as multidões que o procuravam, vive hoje para nós e viverá pelos séculos. Somos nós, os homens, quem às vezes não consegue descobrir o seu rosto, perenemente atual, porque olhamos com olhos cansados ou turvos”19; com um olhar pouco penetrante porque nos falta amor.

III. A VIDA CRISTÃ consiste em amar a Cristo, em imitá‑lo, em servi‑lo… E o coração tem um lugar importante nesse seguimento. De tal maneira é assim que, quando por tibieza ou por uma oculta soberba se descura a piedade, o trato de amizade com Jesus, torna‑se impossível continuar a seguir o Senhor. Seguir Cristo de perto é ser seu amigo, é ter a experiência viva de que Ele é o único amigo que nunca falha, que nunca atraiçoa nem desilude.

Santo Agostinho, depois de inúmeras tentativas vãs de seguir o Senhor, conta‑nos qual foi um dos elementos‑chave do seu longo processo de conversão: “Andava à procura da força idônea para gozar de Vós e não a encontrava, até que abracei o Mediador entre Deus e os homens: o Homem Cristo Jesus, que é sobre todas as coisas bendito pelos séculos, que nos chama e nos diz: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14, 6)”20. Amar o Homem Cristo Jesus!

Jesus Cristo é o único Caminho. Ninguém pode ir ao Pai a não ser por Ele21. Só por Ele, com Ele e nEle podemos alcançar o nosso destino sobrenatural. A Igreja no‑lo recorda todos os dias na Santa Missa: Por Ele, com Ele e nEle, a Ti, Deus Pai Todo‑Poderoso, toda a honra e toda a glória, na unidade do Espírito Santo… Unicamente por meio de Cristo, seu Filho muito amado, é que o Pai aceita o nosso amor e a nossa homenagem.

Cristo é também a Verdade. A verdade absoluta e total, Sabedoria incriada, que se nos revela na sua Santíssima Humanidade. Sem Cristo, a nossa vida é uma grande mentira. Com Ele, tem a segurança de quem sabe que não pode deixar de acertar.

E é a nossa Vida. O Antigo Testamento narra que Moisés, por indicação de Deus, ergueu o braço e feriu a rocha por duas vezes, e brotou água tão abundante que todo o povo sedento pôde beber22. Aquela água era figura da Vida que brota abundantemente de Cristo e que saltará até a vida eterna23. É a água da graça, da vida sobrenatural, que brota de Cristo, especialmente através dos sacramentos. Toda a graça que possuímos, a de toda a humanidade caída e reparada, é graça de Deus através de Cristo. Esta graça é‑nos comunicada de muitas maneiras; mas o seu manancial é único: o próprio Cristo, a sua Santíssima Humanidade unida à Pessoa do Verbo, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

Quando o Senhor nos perguntar na intimidade do nosso coração: “E tu, quem dizes que Eu sou?”, saibamos responder‑lhe com a fé de Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo, o Caminho, a Verdade e a Vida…, Aquele sem o qual a minha vida está completamente perdida.

(1) Mt 16, 13‑23; (2) João Paulo II, Enc. Redemptor hominis, 4‑III‑1979, 1; (3) Mc 14, 61‑62; (4) cfr. Dan 7, 13‑14; (5) Missal Romano, Credo Niceno‑Constantinopolitano; (6) cfr. Jo 8, 42; (7) cfr. Jo 15, 26; (8) cfr. Jo 16, 11‑15; (9) Mt 5, 21‑48; (10) cfr. Mt 11, 28; (11) cfr. Mt 18, 18; (12) cfr. Mc 15, 62; (13) Mt 18, 32; (14) cfr. K. Adam, Jesus Cristo, pág. 15‑16; (15) T. Kempis, Imitação de Cristo, II, 8, 2; (16) Jo 1, 26; (17) Paulo VI, Credo do povo de Deus, 30‑VI‑1968; (18) cfr. Lc 24, 5; (19) Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 127; (20) Santo Agostinho, Confissões, 7, 18; (21) cfr. Jo 14, 6; (22) Num 20, 1‑13; cfr. Primeira leitura da Missa da quinta‑feira da décima oitava semana do TC, ano I; (23) cfr. Jo 4, 14; 7, 38.

Fonte: Livro “Falar com Deus”, de Francisco Fernández Carvajal


08 de Agosto 2019

A SANTA MISSA

18ª Semana do Tempo Comum – Quinta-feira 
Cor: Verde

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1ª Leitura: Nm 20, 1-13

“Jorrou água em abundância.” 

Leitura do Livro dos Números

Naqueles dias: 1 Toda a comunidade dos filhos de Israel chegou ao deserto de Sin, no primeiro mês, e o povo permaneceu em Cades. Ali morreu Maria e ali mesmo foi sepultada. 2 Como não havia água para o povo, este juntou-se contra Moisés e Aarão, 3 e, levantando-se em motim, disseram: ‘Antes tivéssemos morrido, quando morreram nossos irmãos diante do Senhor! 4 Para que trouxestes a comunidade do Senhor a este deserto, a fim de que morrêssemos, nós e nossos animais? 5 Por que nos fizestes sair do Egito e nos trouxestes a este lugar detestável, em que não se pode semear, e que não produz figueiras, nem vinhas, nem romãzeiras, e, além disso, não tem água para beber?’ 6 Deixando a comunidade, Moisés e Aarão foram até a entrada da Tenda da Reunião, e prostraram-se com a face em terra. E a glória do Senhor apareceu sobre eles. 7 O Senhor falou, então, a Moisés, dizendo: 8 ‘Toma a tua vara e reúne o povo, tu e teu irmão Aarão; na presença deles ordenai à pedra e ela dará água. Quando fizeres sair água da pedra, dá de beber à comunidade e aos seus animais’. 9 Moisés tomou, então, a vara que estava diante do Senhor, como lhe fora ordenado. 10 Depois, Moisés e Aarão reuniram a assembléia diante do rochedo, e Moisés lhes disse: ‘Ouvi, rebeldes! Poderemos, acaso, fazer sair água desta pedra para vós?’ 11 E, levantando a mão, Moisés feriu duas vezes a rocha com a vara, e jorrou água em abundância, de modo que o povo e os animais puderam beber. 12 Então o Senhor disse a Moisés e a Aarão: ‘Visto que não acreditastes em mim, para manifestar a minha santidade aos olhos dos filhos de Israel, não introduzireis este povo na terra que lhe vou dar’. 13 Estas são as águas de Meriba, onde os filhos de Israel disputaram contra o Senhor, e ele lhes manifestou a sua santidade.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 94(95), 1-2.6-7.8-9(R. cf. 8ab)

R. Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
Não fecheis os corações como em Meriba.

Vinde, exultemos de alegria no Senhor,*
aclamemos o Rochedo que nos salva!
Ao seu encontro caminhemos com louvores,*
e com cantos de alegria o celebremos!      R.

6 Vinde adoremos e prostremo-nos por terra,*
e ajoelhemos ante o Deus que nos criou!
7 Porque ele é o nosso Deus, nosso Pastor,
e nós somos o seu povo e seu rebanho,*
as ovelhas que conduz com sua mão.      R.

8 Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
‘Não fecheis os corações como em Meriba,*
9 como em Massa, no deserto, aquele dia,
em que outrora vossos pais me provocaram,*
apesar de terem visto as minhas obras’.       R. 

Evangelho: Mt 16,13-23 

“Tu és Pedro.
Eu te darei as chaves do Reino dos Céus”. 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo: 13 Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: ‘Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?’ 14 Eles responderam: ‘Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; Outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas.’ 15 Então Jesus lhes perguntou: ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’ 16 Simão Pedro respondeu: ‘Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.’ 17 Respondendo, Jesus lhe disse: ‘Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu.
18 Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19 Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus.’ 20 Jesus, então, ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias. 21 Jesus começou a mostrar aos seus discípulos que devia ir à Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia. 22 Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo, dizendo: ‘Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te aconteça!’ 23 Jesus, porém, voltou-se para Pedro, e disse: ‘Vai para longe, Satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus mas sim as coisas dos homens!’

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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07 de Agosto 2019

A SANTA MISSA

18ª Semana do Tempo Comum – Quarta-feira 
Cor: Verde

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1ª Leitura: Nm 13,1-2.25-14,1.26-30.34-35

“Desprezaram a terra de delícias”.  (Salmo 105, 24)  

Leitura do Livro dos Números.

Naqueles dias, 13,1 o Senhor falou a Moisés, no deserto de Faran, dizendo: 2 “Envia alguns homens para explorar a terra de Canaã, que vou dar aos filhos de Israel. Enviarás um homem de cada tribo, e que todos sejam chefes”. 25 Ao fim de quarenta dias, eles voltaram do reconhecimento do país 26 e apresentaram-se a Moisés, a Aarão e a toda a Comunidade dos filhos de Israel, em Cades, no deserto de Faran. E, falando a eles e a toda a Comunidade, mostraram os frutos da terra 27 e fizeram a sua narração, dizendo: “Entramos no país, ao qual nos enviastes, que de fato é uma terra onde corre leite e mel, como se pode reconhecer por estes frutos. 28 Porém, os habitantes são fortíssimos, e as cidades grandes e fortificadas. Vimos lá descendentes de Enac; 29 os amalecitas vivem no deserto do Negueb; os hititas, jebuseus e amorreus, nas montanhas; mas os cananeus, na costa marítima e ao longo do Jordão”. 30 Entretanto Caleb, para acalmar o povo revoltado, que se levantava contra Moisés, disse: “Subamos e conquistemos a terra, pois somos capazes de fazê-lo”. 31 Mas os homens que tinham ido com ele disseram: “Não podemos enfrentar esse povo, porque é mais forte do que nós”. 32 E, diante dos filhos de Israel, começaram a difamar a terra que haviam explorado, dizendo: “A terra que fomos explorar é uma terra que devora os seus habitantes: o povo que aí vimos é de estatura extraordinária. 33 Lá vimos gigantes, filhos de Enac, da raça dos gigantes; comparados com eles parecíamos gafanhotos”. 14,1 Então, toda a Comunidade começou a gritar, e passou aquela noite chorando. 26 O Senhor falou a Moisés e Aarão, e disse: 27 “Até quando vai murmurar contra mim esta Comunidade perversa? Eu ouvi as queixas dos filhos de Israel. 28 Dize-lhes, pois: ‘Por minha vida, diz o Senhor, juro que vos farei assim como vos ouvi dizer! 29 Neste deserto ficarão estendidos os vossos cadáveres. Todos vós que fostes recenseados, da idade de vinte anos para cima, e que murmurastes contra mim, 30 não entrareis na terra na qual jurei, com mão levantada, fazer-vos habitar, exceto Caleb, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num. 34 Carregareis vossa culpa durante quarenta anos, que correspondem aos quarenta dias em que explorastes a terra, isto é, um ano para cada dia; e experimentareis a minha vingança’. 35 Eu, o Senhor, assim como disse, assim o farei com toda essa Comunidade perversa, que se insurgiu contra mim: nesta solidão será consumida e morrerá”.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 105,6-7a. 13-14. 21-22. 23 (R. 4a)

R. Lembrai-vos de nós, ó Senhor,
segundo o amor para com vosso povo!

Ou: Aleluia, Aleluia, Aleluia

6 Pecamos como outrora nossos pais, *
praticamos a maldade e fomos ímpios;
7a no Egito nossos pais não se importaram *
com os vossos admiráveis grandes feitos.      R.

13 Mas bem depressa esqueceram suas obras, *
não confiaram nos projetos do Senhor.
14 No deserto deram largas à cobiça, *
na solidão eles tentaram o Senhor.      R.

21 Esqueceram-se do Deus que os salvara, *
que fizera maravilhas no Egito;
22 no país de Cam fez tantas obras admiráveis, *
no Mar Vermelho, tantas coisas assombrosas.      R.

23 Até pensava em acabar com sua raça, *
não se tivesse Moisés, o seu eleito,
interposto, intercedendo junto a ele, *
para impedir que sua ira os destruísse.       R. 

Evangelho: Mt 15, 21-28 

“Mulher, é grande a tua fé.”

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, 21 Jesus retirou-se para a região de Tiro e Sidônia. 22 Eis que uma mulher cananeia, vindo daquela região, pôs-se a gritar: “Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim: minha filha está cruelmente atormentada por um demônio!” 23 Mas, Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Então seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: “Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós”.24 Jesus respondeu: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel”. 25 Mas, a mulher, aproximando-se, prostrou-se diante de Jesus, e começou a implorar: “Senhor, socorre-me!” 26 Jesus lhe disse: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-los aos cachorrinhos”. 27 A mulher insistiu: “É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!” 28 Diante disso, Jesus lhe disse: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” E desde aquele momento sua filha ficou curada.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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06 de Agosto 2019

A SANTA MISSA

Festa: Transfiguração do Senhor – Ano C
Cor: Branca

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1ª Leitura: Dn 7, 9-10.13-14

“Serviam-no milhares de milhares”. 

Leitura da Profecia de Daniel

9 Eu continuava olhando até que foram colocados uns tronos, e um Ancião de muitos dias aí tomou lugar. Sua veste era branca como neve e os cabelos da cabeça, como lã pura; seu trono eram chamas de fogo, e as rodas do trono, como fogo em brasa. 10 Derramava-se aí um rio de fogo que nascia diante dele; serviam-no milhares de milhares, e milhões de milhões assistiam-no ao trono; foi instalado o tribunal e os livros foram abertos.13 Continuei insistindo na visão noturna, e eis que, entre as nuvens do céu, vinha um como filho de homem, aproximando-se do Ancião de muitos dias, e foi conduzido à sua presença. 14 Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 96(97),1-2.5-6.9 (R. 1a.9a)

R. Deus é Rei, é o Altíssimo,
muito acima do universo.

Deus é Rei! Exulte a terra de alegria, *
e as ilhas numerosas rejubilem!
Treva e nuvem o rodeiam no seu trono, *
que se apoia na justiça e no direito.      R.

5 As montanhas se derretem como cera *
ante a face do Senhor de toda a terra;
6 e assim proclama o céu sua justiça, *
todos os povos podem ver a sua glória.      R.

9 Porque vós sois o Altíssimo, Senhor, +
muito acima do universo que criastes, *
e de muito superais todos os deuses.      R. 

2ª Leitura: 2Pd 1, 16-19 

“Esta voz, nós a ouvimos, vinda do céu”. 

Leitura da Segunda Carta de São Pedro

Caríssimos: 16 Não foi seguindo fábulas habilmente inventadas que vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, mas sim, por termos sido testemunhas oculares da sua majestade. 17 Efetivamente, ele recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando do seio da esplêndida glória se fez ouvir aquela voz que dizia: “Este é o meu Filho bem-amado, no qual ponho o meu bem-querer”. 18 Esta voz, nós a ouvimos, vinda do céu, quando estávamos com ele no monte santo. 19 E assim se nos tornou ainda mais firme a palavra da profecia, que fazeis bem em ter diante dos olhos, como lâmpada que brilha em lugar escuro, até clarear o dia e levantar-se a estrela da manhã em vossos corações.

– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.

Evangelho: Lc 9,28b-36 

“Enquanto Jesus rezava, seu rosto mudou de aparência”. 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo: 28b Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para rezar. 29 Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante. 30 Eis que dois homens estavam conversando com Jesus: eram Moisés e Elias. 31 Eles apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a morte, que Jesus iria sofrer em Jerusalém. 32 Pedro e os companheiros estavam com muito sono. Ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. 33 E quando estes homens se iam afastando, Pedro disse a Jesus: ‘Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias.’ Pedro não sabia o que estava dizendo. 34 Ele estava ainda falando, quando apareceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra. Os discípulos ficaram com medo ao entrarem dentro da nuvem. 35 Da nuvem, porém, saiu uma voz que dizia: ‘Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz!’ 36 Enquanto a voz ressoava, Jesus encontrou-se sozinho. Os discípulos ficaram calados e naqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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