São Leonardo de Noblac

06 de Novembro

São Leonardo de Noblac

Filho de nobres da alta Corte Francesa, Leonardo nasceu no ano 491 e foi afilhado do rei Clodoveu. Quando jovem não quis seguir adiante na carreira das armas. Por isso, seu padrinho, o rei, pensou em consagrá-lo bispo da corte. Leonardo, porém, não aceitou. Antes, preferiu permanecer ao lado de São Remígio, que era o bispo da cidade de Reims. Ao rei, pediu apenas um privilégio, destinado somente aos bispos: o de poder dar liberdade aos prisioneiros que encontrasse e foi atendido.

Tempos depois, Leonardo ingressou num mosteiro. Seu desejo era dedicar-se totalmente ao serviço de Deus na vida religiosa. Primeiro, entrou no Mosteiro de São Maximino, em Micy. Depois, foi para um mosteiro mais antigo, que tinha sido fundado por santo Euspício. Este ficava perto de Orleans. Ficou lá algum tempo dedicando à contemplação e aos encantos da vida religiosa.

Após esse tempo no mosteiro, São Leonardo Noblac foi ordenado padre. Então, foi enviado para Berry. Lá, viveu o Evangelho, deu exemplo de vida de santidade e, com isso, converteu muitos pagãos à fé cristã. Sua fama de santidade arrastava a muitos, que encontravam em sua sabedoria, uma esperança de fé e vida.

Tempos depois de um frutuoso sacerdócio, São Leonardo Noblac sentiu necessidade novamente do isolamento, para rezar, meditar, estudar e viver a fé na oração. Encontrou o local ideal para isso num bosque, perto de Limonges, onde havia somente uma casinha simples e rústica. Ali ele se estabeleceu. Sua busca de silêncio e isolamento, porém, não se deu por completa pois, o povo o descobriu e o local se transformou num centro de peregrinação, onde os fiéis buscavam orientação, oração e alívio.

A vida solitária de São Leonardo Noblac foi interrompida mais uma vez com a chegada do rei Clóvis. Este estava caçando com os seus súditos. Até mesmo a rainha estava com ele e, naquela ocasião, precisou de ajuda, pois começou a sentir dores de parto. São Leonardo Noblac cuidou e rezou pela rainha e ela teve um parto feliz. Por isso, o rei fez uma promessa a são Leonardo: daria de presente a ele todo o território que ele conseguisse percorrer estando montado sobre um burro.

São Leonardo Noblac aceitou, agradeceu e realizou. Caminhou apenas sobre a área que julgava necessária para a construção de um mosteiro. Deu ao local o nome de "Nobiliacum" (nobilíssimo em Latim) para lembrar o gesto de grande nobreza do rei. Ali, o santo ergueu um altar em homenagem a Nossa Senhora. Depois, o local tornou-se uma capela e, depois, um mosteiro com uma comunidade bastante fervorosa vivendo ali. Mais tarde, o Mosteiro passou a ser chamado Mosteiro de Noblac.

São Leonardo saia do mosteiro somente para exercer alguma missão muito especial ou para resgatar prisioneiros. A isto, ele colocava todo ardor de seu coração. São Leonardo Noblac faleceu em 6 de novembro de 545.

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br


06 de Novembro 2019

A SANTA MISSA

31ª Semana do Tempo Comum – Quarta-feira 
Cor: Verde

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1ª Leitura: Rm 13,8-10

“O amor é o cumprimento perfeito da Lei.”

Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos

Irmãos, 8 não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo – pois quem ama o próximo está cumprindo a Lei. 9 De fato, os mandamentos: “Não cometerás adultério”, “Não matarás”, “Não roubarás”, “Não cobiçarás”, e qualquer outro mandamento se resumem neste: “Amarás a teu próximo como a ti mesmo”. 10 O amor não faz nenhum mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da Lei.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 111(112), 1-2.4-5. 9(R. cf. 5a)

R. Feliz quem tem piedade e empresta!
Ou: Aleluia, Aleluia, Aleluia

Feliz o homem que respeita o Senhor *
e que ama com carinho a sua lei!
Sua descendência será forte sobre a terra, *
abençoada a geração dos homens retos!      R.

4 Ele é correto, generoso e compassivo, *
como luz brilha nas trevas para os justos.
5 Feliz o homem caridoso e prestativo, *
que resolve seus negócios com justiça.       R.

9 Ele reparte com os pobres os seus bens, +
permanece para sempre o bem que fez, *
e crescerão a sua glória e seu poder.         R.

Evangelho: Lc 14,25-33 

 Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo
o que tem, não pode ser meu discípulo! 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo: 25 Grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: 26 ‘Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27 Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo. 28 Com efeito: qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, 29 ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo: 30 ‘Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’ 31 Ou ainda: Qual o rei que ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? 32 Se ele vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as condições de paz. 33 Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!’

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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Os frutos da Cruz

TEMPO COMUM. TRIGÉSIMA PRIMEIRA SEMANA. QUARTA-FEIRA 

– O sentido da dor.
– Os seus frutos na vida cristã.
– Recorrer a Jesus e a Maria na doença e na contradição.

I. A CRUZ É O SÍMBOLO e o sinal do cristão porque nela se consumou a Redenção do mundo. O Senhor empregou a expressão tomar a cruz para indicar qual deveria ser a atitude dos seus discípulos ante a dor e a contradição. No Evangelho da Missa, Jesus diz-nos: Aquele que não toma a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo1. E em outra ocasião, dirigindo-se a todos os presentes, advertiu-os: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-me2.

A dor, nas suas diferentes manifestações, é uma realidade universal. São Paulo compara o sofrimento às dores da mãe ao dar à luz: Sabemos que todas as criaturas gemem e estão como que com dores de parto3, e a experiência nos ensina que não há ser humano algum que não sofra por um ou outro motivo. Por isso, São Pedro advertia aos primeiros cristãos na epístola que lhes dirigiu: Caríssimos, não vos perturbeis com o fogo da tribulação que se acendeu no meio de vós para vos provar, como se vos acontecesse algo de extraordinário4.

É como se a dor derivasse da própria natureza humana. No entanto, a fé nos ensina que o sofrimento penetrou no mundo pelo pecado. Deus tinha preservado o homem da dor por um ato de bondade infinita. Criado num lugar de delícias, se tivesse sido fiel a Deus, teria sido levado desse paraíso terreno para o Céu para gozar eternamente da mais pura felicidade.

O pecado de Adão, transmitido aos seus descendentes, alterou os planos divinos. Com o pecado, entraram no mundo a dor e a morte. Mas o Senhor assumiu o sofrimento, não só através das privações normais de qualquer ser humano (passou fome e sede, cansou-se no trabalho...), como sobretudo da sua Paixão e Morte na Cruz, e assim converteu as dores e penas desta vida num bem imenso. Além disso, todos nós fomos chamados – mediante o sofrimento e o sacrifício voluntário – a completar no nosso corpo a Paixão de Jesus5.

A fé nesta participação misteriosa da Cruz de Cristo dá-nos “a certeza interior de que o homem que sofre completa o que falta aos sofrimentos de Cristo, e de que, na dimensão espiritual da obra da Redenção serve, como Cristo, para a salvação dos seus irmãos e irmãs. Portanto, não só é útil aos outros, mas presta-lhes ainda um serviço insubstituível. No Corpo de Cristo [...], precisamente o sofrimento impregnado do espírito de Cristo é o mediador insubstituível e autor dos bens indispensáveis à salvação do mundo. Mais do que qualquer outra coisa, o sofrimento abre caminho à graça que transforma as almas. Mais do que qualquer outra coisa, o sofrimento torna presentes na história da humanidade as forças da Redenção”6.

Está nas nossas mãos colaborarmos generosamente com Cristo mediante a aceitação amorosa de todos os tipos de dor: as contrariedades, as dificuldades da vida, a doença, os sofrimentos próprios e os dos outros..., que Ele permite para a nossa santificação pessoal e de toda a Igreja. A dor ganha então todo o seu sentido e converte-nos em verdadeiros colaboradores do Senhor na obra da salvação das almas: completa-se a obra da nossa santificação7.

II. A ÁRVORE DA CRUZ está cheia de frutos. Os sofrimentos ajudam-nos a estar mais desprendidos dos bens da terra, da saúde, da riqueza e das honras... “Deus meus et omnia!”, meu Deus e meu tudo!8, exclamava São Francisco de Assis. Se o tivermos a Ele, todo o resto não representará grande perda.

“Feliz quem pode dizer de todo o coração: meu Jesus, Tu me bastas!”9

As tribulações são uma excelente oportunidade para expiarmos melhor as nossas faltas e pecados da vida passada. Santo Agostinho diz que, especialmente quando sofremos, o Senhor atua como médico para curar as chagas que os pecados deixaram em nós, e emprega esses sofrimentos como remédio10.

As nossas dificuldades e dores fazem-nos recorrer com maior prontidão e constância à misericórdia divina: Na sua tribulação, hão de procurar-me pela manhã cedo11, diz o Senhor pelo profeta Oséias. E Jesus convida-nos a recorrer a Ele em todas as circunstâncias difíceis: Vinde a mim todos os que trabalhais e estais sobrecarregados, e eu vos aliviarei12. Quantas vezes experimentamos este alívio! Verdadeiramente Ele é o nosso refúgio e a nossa fortaleza13 no meio de todas as tempestades da vida, é o porto a que temos de dirigir-nos pressurosamente.

As contrariedades, a doença, a dor... permitem-nos praticar muitas virtudes (a fé, a coragem, a alegria, a humildade, a identificação com a vontade divina...) e dão-nos a possibilidade de alcançarmos muitos méritos. “Ao pensares em todas as coisas da tua vida que ficarão sem valor por não as teres oferecido a Deus, deverias sentir-te avaro: ansioso por apanhar tudo, por não desaproveitar também nenhuma dor. – Porque, se a dor acompanha a criatura, o que é senão insensatez desperdiçá-la?”14 E existem épocas na vida em que ela se apresenta abundantemente... Não deixemos que passe sem deixar frutos copiosos na alma.

A dor, enfrentada com sentido cristão, é um grande meio de santidade. A nossa vida interior precisa também das contradições e dos obstáculos para crescer.

Santo Afonso Maria de Ligório afirmava que, assim como a chama se aviva em contacto com o ar, assim a alma se aperfeiçoa em contacto com as tribulações15. Até as próprias tentações ajudam a progredir no amor ao Senhor. Deus é fiel, pois não permitirá que sejais tentados além do que podem as vossas forças, antes vos dará com a tentação a ajuda necessária para suportá-la16. E a prova, suportada junto do Senhor, atrai novas graças e bênçãos.

III. SEMPRE QUE NOS VEJAMOS atribulados, procuremos Jesus, em quem sempre encontraremos consolo e ajuda. Como o Salmista, também nós poderemos dizer: Na minha tribulação, clamei ao Senhor e ele ouviu-me17, pois em nós certamente não há forças suficientes para podermos resistir a essa multidão que se lança sobre nós. E como não sabemos o que fazer, não temos outro recurso senão voltar para Ti os nossos olhos18.

No Coração misericordioso de Jesus encontramos sempre a paz e o auxílio. É a Ele que devemos recorrer em primeiro lugar, com toda a serenidade, para não termos que ouvir as palavras que um dia dirigiu a Pedro: Homem de pouca fé, por que duvidaste?19 “Oh! Valha-me Deus! – exclamava Santa Teresa –. Quando Vós, Senhor, quereis dar ânimo, que pouca impressão causam todas as contradições”20. Peçamos esse “ânimo” a Jesus quando tivermos de enfrentar a dor e a tribulação.

Junto do Senhor, poderemos tudo; longe dEle, não resistiremos muito: “Com tão bom amigo presente – Nosso Senhor Jesus Cristo –, com tão esforçado capitão, que em matéria de padecer foi o primeiro, tudo se pode sofrer. Serve de ajuda e dá esforço; nunca falta; é amigo verdadeiro”21. Com Ele, saberemos comportar-nos com alegria, e mesmo com bom humor, no meio das dificuldades, como fizeram os santos. Deixaram-nos abundantes exemplos disso.

O Senhor ensinar-nos-á também a ver as provas e penas com mais objetividade, para não darmos importância ao que realmente não a tem e para não inventarmos penas que, por falta de humildade, são mero produto da imaginação, “a louca da casa”, como a chamava Santa Teresa; ou ainda para não aumentarmos o seu volume quando, com um pouco de boa vontade, podemos suportá-las sem lhes dar a categoria de drama ou de tragédia.

Ao terminarmos a nossa oração, acudimos a Nossa Senhora para que Ela nos ensine a tirar fruto de todas as dificuldades que venhamos a padecer ou pelas quais estejamos passando nestes dias. “«Cor Mariae perdolentis, miserere nobis!» – invoca o Coração de Santa Maria, com ânimo e decisão de te unires à sua dor, em reparação pelos teus pecados e pelos de todos os homens de todos os tempos. – E pede-lhe – para cada alma – que essa sua dor aumente em nós a aversão pelo pecado, e que saibamos amar, como expiação, as contrariedades físicas ou morais de cada jornada”22.

(1) Lc 14, 27; (2) Lc 9, 23; (3) Rom 8, 22; (4) 1 Pe 4, 12; (5) cfr. Col 1, 24; (6) João Paulo II, Carta Apostólica Salvifici doloris, 11.02.84, 27; (7) cfr. Adolphe Tanquerey,La divinización del sufrimiento, págs. 20-21; (8) São Francisco de Assis, Opúsculos, Pedeponti, 1739, vol. I, pág. 20; (9) Santo Afonso Maria de Ligório, Sermões abreviados, 43; (10) cfr. Santo Agostinho, Comentário aos Salmos, 21, 2, 4; (11) Os 6, 1; (12) Mt 11, 28; (13) Sl 45, 2; (14) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Sulco, n. 997; (15) Santo Afonso Maria de Ligório, Sermões abreviados, pág. 823; (16) 1 Cor 10, 13; (17) Sl 119, 1; (18) 2 Par 20, 12; (19) Mt 14, 31; (20) Santa Teresa,Fundações, 3, 4; (21) Santa Teresa, Vida, 22; (22) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Sulco, n. 258.

Fonte: livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal.


São Zacarias e Santa Isabel 

05 de Novembro

São Zacarias e Santa Isabel 

A Igreja latina celebra hoje a festa da mãe de João Batista e une à sua memória a do marido Zacarias. De ambos, o evangelho de Lucas nos dá poucas notícias, todavia, com poucas palavras, o evangelista sintetiza a santidade deles, seu espírito de oração, a retidão dos seus corações no cumprimento não só externo mas também interior dos preceitos mosaicos: “Ambos eram jutos aos olhos de Deus e observavam irrepreensivelmente os mandamentos e as leis do Senhor”.

Segundo o evangelista, no tempo de Herodes, rei da Judéia, havia um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Abias; a sua mulher pertencia à descendência de Aarão e se chamava Isabel. Eles viviam na aldeia de Ain-Karem e tinham parentesco com a Sagrada Família de Nazaré.

Isabel, apesar de sua santidade, era estéril: uma vergonha para uma mulher hebreia, que era prestigiada somente através da maternidade. Mas foi por sua esterilidade que ela se tornou uma grande personagem feminina na historia religiosa do Povo de Deus. Juntos, foram os protagonistas dos momentos que antecederam o mais incrível advento da historia da humanidade: a encarnação de Deus entre os seres humanos.

Estavam velhos, com idade avançada, e como não tinham filhos, julgavam essa graça impossível de ser alcançada. Foi quando o anjo do Senhor apareceu ao velho sacerdote Zacarias no templo e disse-lhe que sua mulher, Isabel, teria um filho que teria o nome de João, que significa “o Senhor faz graça”. O menino seria repleto do Espírito Santo desde a gestação de sua mãe, reconduziria muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus e seria precursor do Messias.

Zacarias, inicialmente, manteve-se incrédulo ante o anúncio celeste do nascimento de um filho pelo qual havia rezado com tanto ardor; para que pudesse crer, precisou de um sinal: ele ficou mudo até que João veio à luz do mundo. Na ocasião, sua voz voltou e ele entoou o salmo profético em que, repleto do Espírito Santo, profetizou a missão do filho.

Enquanto isso, devido à proximidade da maternidade, Isabel recolheu-se por cinco meses, para estar em união com Deus. Os dias ela dividia em três períodos: de silêncio, oração e meditação. E foi assim que Isabel, grávida de João e inspirada pelo Espírito Santo, anunciou à Virgem Maria, sua prima, quando esta a visitou: “Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre”.

Após o nascimento de João, Zacarias e Isabel recolheram-se à sombra da fama do filho, como convém aos que sabem ser o instrumento do Criador. Com humildade, alegraram-se e satisfizeram-se com a santidade da missão dada ao filho, sendo fiéis a Deus até a morte.

Fonte: https://franciscanos.org.br


Solidariedade Cristã

TEMPO COMUM. TRIGÉSIMA PRIMEIRA SEMANA. TERÇA-FEIRA 

– Membros de um mesmo Corpo.
– A união na caridade.
– A união na fé. Apostolado.

I. O SENHOR QUIS associar-nos a Ele por meio de laços muito estreitos, tão estreitos como os que unem os membros de um corpo vivo. São Paulo ensina-nos numa das Leituras da Missaque embora sejamos muitos, somos um só corpo em Cristo, e todos membros uns dos outros.

Cada cristão, conservando a sua própria vida, está inserido na Igreja por meio de vínculos vitais muito íntimos. O Corpo Místico de Cristo, a Igreja, é uma realidade imensamente mais travejada e compacta do que um corpo moral, mais sólida do que qualquer corpo humano. Uma única vida, a Vida de Cristo, corre por todo o Corpo e faz com que dependamos muito uns dos outros. A menor dor é acusada pelo Corpo inteiro, e todo o Corpo trabalha na reparação de qualquer ferida.

“Reencontramos nas palavras de Paulo o eco fiel da doutrina do próprio Jesus, que revelou a unidade misteriosa dos seus discípulos com Ele e entre si, apresentando-a como imagem e prolongamento daquela arcana comunhão que une o Pai ao Filho e o Filho ao Pai no vínculo amoroso do Espírito (cfr. Jo 17, 21). Trata-se da mesma unidade de que fala Jesus quando usa a imagem da videira e das varas: Eu sou a videira, vós os sarmentos (Jo 15, 5), uma imagem que ilumina não apenas a profunda intimidade dos discípulos com Jesus, mas também a comunhão vital dos discípulos entre si: todos são sarmentos da única Videira”2.

Cada fiel cristão, com as suas boas obras, com o seu empenho por estar mais perto do Senhor, enriquece toda Igreja, ao mesmo tempo que faz sua a riqueza comum. “Esta é a Comunhão dos Santos que professamos no Credo: o bem de todos torna-se o bem de cada um e o bem de cada um torna-se o bem de todos”3.

De uma maneira misteriosa mas real, com a nossa santidade pessoal contribuímos para a vida sobrenatural de todos os membros da Igreja. O cumprimento dos deveres diários, a doença, a oração..., são uma contínua fonte de méritos sobrenaturais para os nossos irmãos.

“Se oras por todos, também a oração de todos te aproveitará, pois fazes parte do todo. Assim obterás um grande benefício, pois a oração de cada membro do Povo torna-se mais rica com a oração dos outros”4. A meditação desta verdade não nos anima a viver melhor o dia de hoje, com mais amor, com mais dedicação?

II. CADA UM DE NÓS deve sentir a responsabilidade pessoal de levar seiva nova aos membros do Corpo Místico de Cristo, a toda a humanidade, mediante a oração e o exercício das virtudes. Todos os dias, “cada um sustenta os outros e os outros sustentam-no”5. Por isso, não são totalmente exatas essas “formas de pensar que distinguem as virtudes pessoais das virtudes sociais. Não há virtude alguma que possa fomentar o egoísmo; cada uma redunda necessariamente no bem da nossa alma e da alma dos que nos rodeiam [...]. Todos temos que sentir-nos solidários, já que, na ordem da graça, estamos unidos pelos laços sobrenaturais da Comunhão dos Santos”6.

São Paulo, depois de indicar os diversos carismas, as graças particulares que Deus concede para o serviço aos outros, fala do grande dom comum a todos, que é a caridade. Com ela podemos semear o bem à nossa volta, amando-vos de todo o coração uns aos outros mediante o amor fraterno, honrando cada um os outros mais do que a si próprio; diligentes no dever, fervorosos no espírito, servidores do Senhor; alegres na esperança, pacientes na tribulação; na oração instantes; compartilhando as necessidades dos santos, procurando praticar a hospitalidade.

Talvez pensemos de vez em quando que não temos dotes excepcionais para ajudar os outros, que carecemos de meios... No entanto, a caridade, participação no amor de Cristo pelos seus irmãos, está ao alcance de todos os que seguem o Mestre. Todos os dias damos muito e recebemos muito.

A nossa vida é um intercâmbio contínuo, tanto no terreno humano como no sobrenatural. Como é grato ao Senhor ver-nos empenhados em costurar com o nosso amor e espírito de desagravo um ou outro rasgão produzido nesse tecido finíssimo que somos todos os membros da Igreja! Como se alegra quando nos vê partilhar, fazer nossas, as necessidades dos santos!

Não existe fraqueza nem virtude solitária. O bem e o mal têm efeitos centuplicados nos outros. Plantamos um grão de trigo na terra e brota uma espiga, boa ou má conforme a semente que tivermos lançado na terra. Se caminhamos com firmeza para Cristo, os nossos amigos correm. Se fraquejamos, talvez parem. “Todas as coisas boas e santas que um indivíduo empreende – ensina o Catecismo Romano – repercutem em bem de todos, e a caridade é a que permite que lhes sejam proveitosas, pois esta virtude não busca o proveito próprio”7.

Não deixemos de semear; a nossa vida é uma grande sementeira em que nada se perde. São incontáveis as oportunidades de fazermos o bem, de enriquecermos os homens, de aumentarmos o Corpo Místico de Cristo. Não deixemos de aproveitar as ocasiões, não esperemos pelas grandes oportunidades.

III. AO CRIAR-NOS, Deus fez-nos irmãos, necessitados uns dos outros na vida familiar e social. E também manteve essa complementaridade no plano sobrenatural. A Santíssima Trindade quis salvar os homens e propagar a fé por meio dos próprios homens.

Através do apostolado pessoal dos cristãos, que se encontram no mundo, nas mais variadas situações (no lar, no cabelereiro, nas lojas, no banco, no Congresso...), “a irradiação do Evangelho pode tornar-se extremamente capilar, chegando a tantos lugares e ambientes quantos os que estão ligados à vida quotidiana e concreta dos leigos. Trata-se, além disso, de uma irradiação constante, pois é inseparável da contínua coerência da vida pessoal com a fé; e também de uma irradiação particularmente incisiva, porque, na total partilha das condições de vida, do trabalho, das dificuldades e esperanças dos seus irmãos, os fiéis leigos podem atingir o coração dos seus vizinhos, amigos ou colegas, abrindo-o ao horizonte total, ao sentido pleno da existência: a comunhão com Deus e entre os homens”8.

Cada membro trabalha para o melhor rendimento de todo o corpo. Acender a fé nos outros ou avivá-la se estava debaixo de cinzas é o maior bem que podemos comunicar. “Com efeito – escreve Santa Teresa –, quando na vida dos santos me acontece ler que converteram almas, isto me causa muito mais devoção, ternura e inveja do que todos os tormentos por que passaram. É esta a inclinação que me deu Nosso Senhor. Parece-me que mais preza Ele uma alma que pelas nossas indústrias e orações lhe ganhamos mediante a sua misericórdia, do que todos os serviços que lhe possamos prestar”9.

Se com o exemplo e a palavra aproximamos os outros de Cristo, não permaneceremos indiferentes às suas necessidades corporais: tanta ignorância, tanta miséria, tanta solidão...! O trato diário com o Senhor cumulará cada vez mais o nosso coração de misericórdia e de generosidade para compartilhar o muito ou o pouco que tenhamos. Se não estiver nas nossas mãos alcançar o remédio para os males que afligem tantas pessoas à nossa volta, ao menos far-lhes-emos sentir o calor da nossa amizade, do nosso empenho em ajudá-las. Em qualquer caso, juntemos os nossos esforços aos de outros cristãos e aos dos homens de boa vontade, superando as posições partidárias que separam ou levam ao confronto.

Assim imitaremos os primeiros cristãos que, com o seu amor, e muitas vezes com os seus escassos meios materiais, assombraram o mundo pagão porque tornaram realidade o mandato de Jesus: Dou-vos um mandamento novo: que, assim como eu vos amei, vos ameis também uns aos outros10.

(1) Rom 12, 5-16; Primeira leitura da Missa da trigésima primeira semana da terça-feira do Tempo Comum, ano I; (2) João Paulo II, Exortação Apostólica Christifideles laici, 30.12.88, 12; (3) ibid., 28; (4) Santo Ambrósio, Tratado sobre Caim e Abel, 1; (5) São Gregório Magno, Homilias sobre Ezequiel, 2, 1, 5; (6) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 76; (7) Catecismo Romano, I, 10, n. 23; (8) João Paulo II, Exortação Apostólica Christifideles laici, 28; (9) Santa Teresa, Livro das Fundações, 1, 7; (10) Jo 13, 34-35.

Fonte: livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal.


05 de Novembro 2019

A SANTA MISSA

31ª Semana do Tempo Comum – Terça-feira 
Cor: Verde

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1ª Leitura: Rm 12,5-16a

“Somos todos membros uns dos outros” 

Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos

Irmãos, 5 assim nós, embora muitos, somos em Cristo um só corpo e, todos membros uns dos outros. 6 Temos dons diferentes, de acordo com a graça dada a cada um de nós: se é a profecia, exerçamo-la em harmonia com a fé; 7 se é o serviço, pratiquemos o serviço; se é o dom de ensinar, consagremo-nos ao ensino; 8 se é o dom de exortar, exortemos. Quem distribui donativos faça-o com simplicidade; quem preside presida com solicitude; quem se dedica a obras de misericórdia, faça-o com alegria. 9 O amor seja sincero. Detestai o mal, apegai-vos ao bem. 10 Que o amor fraterno vos una uns aos outros com terna afeição, prevenindo-vos com atenções recíprocas. 11 Sede zelosos e diligentes, fervorosos de espírito, servindo sempre ao Senhor, 12 alegres por causa da esperança, fortes nas tribulações, perseverantes na oração. 13 Socorrei os santos em suas necessidades, persisti na prática da hospitalidade. 14 Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. 15 Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram. 16a Mantende um bom entendimento uns com os outros; não vos deixeis levar pelo gosto de grandeza, mas acomodai-vos às coisas humildes.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 130(131) 1.2.3

R. Guardai-me, ó Senhor, convosco, em vossa paz!

Senhor, meu coração não é orgulhoso,*
nem se eleva arrogante o meu olhar;
não ando à procura de grandezas,*
nem tenho pretensões ambiciosas!       R.

2 Fiz calar e sossegar a minha alma;*
ela está em grande paz dentro de mim,
como a criança bem tranquila, amamentada*
no regaço acolhedor de sua mãe.      R.

3 Confia no Senhor, ó Israel,*
desde agora e por toda a eternidade!      R. 

Evangelho: Lc 14, 15-24 

“Sai pelas estradas e atalhos, e obriga as pessoas a virem aqui,
para que minha casa fique cheia” 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo: 15 Um homem que estava à mesa, disse a Jesus: ‘Feliz aquele que come o pão no Reino de Deus!’ 16 Jesus respondeu: ‘Um homem deu um grande banquete e convidou muitas pessoas. 17 Na hora do banquete, mandou seu empregado dizer aos convidados: ‘Vinde, pois tudo está pronto’. 18 Mas todos, um a um, começaram a dar desculpas. O primeiro disse: ‘Comprei um campo, e preciso ir vê-lo. Peço-te que aceites minhas desculpas’. 19 Um outro disse: ‘Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-las. Peço-te que aceites minhas desculpas’. 20 Um terceiro disse: ‘Acabo de me casar e, por isso, não posso ir’. 21 O empregado voltou e contou tudo ao patrão. Então o dono da casa ficou muito zangado e disse ao empregado: ‘Sai depressa pelas praças e ruas da cidade. Traze para cá os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos’. 22 O empregado disse: ‘Senhor, o que tu mandaste fazer foi feito, e ainda há lugar’. 23 O patrão disse ao empregado: ‘Sai pelas estradas e atalhos, e obriga as pessoas a virem aqui, para que minha casa fique cheia. 24 Pois eu vos digo: nenhum daqueles que foram convidados provará do meu banquete.’

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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Sem esperar nada em troca

TEMPO COMUM. TRIGÉSIMA PRIMEIRA SEMANA. SEGUNDA-FEIRA

– Dar e dar-se ainda que não se vejam os frutos.
– O prêmio à generosidade. Dar com alegria.
– Pôr a serviço dos outros os talentos recebidos.

I. JESUS FOI CONVIDADO para almoçar em casa de um dos fariseus importantes do lugar1e, uma vez mais, utiliza a imagem do banquete para nos transmitir um ensinamento valioso sobre o que devemos fazer pelos outros e o modo de levá-lo a cabo. Dirigindo-se ao que o tinha convidado, disse-lhe: Quando deres um almoço ou jantar, não convides os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos; para que não aconteça que também eles te convidem e te paguem com isso. A seguir, indica a quem se deve dirigir o convite: aos pobres, aos coxos, aos cegos... E dá a razão desse critério: Serás bem-aventurado, porque esses não terão com que retribuir-te; receberás a recompensa na ressurreição dos justos2.

Os amigos, os parentes, os vizinhos ricos ver-se-ão obrigados a corresponder ao nosso convite com outro, ao menos do mesmo nível ou superior, e portanto o que se gastou na ceia já terá dado o seu fruto imediato. Pode tratar-se de uma obra humana reta, ou até muito boa, se a intenção for reta e os fins nobres (amizade, apostolado, estreitar os laços familiares...), mas, em si mesma, pouco se diferencia daquilo que os pagãos podem fazer. É uma maneira humana de agir: Se amais os que vos amam, que mérito tendes? Porque os pecadores também amam quem os ama. E se fazeis bem aos que vos fazem bem, que mérito tendes? Porque os pecadores também fazem o mesmo...3, dirá o Senhor em outra ocasião.

A caridade do cristão vai mais longe, pois inclui e ultrapassa ao mesmo tempo o plano natural, aquilo que é meramente humano; dá por amor ao Senhor, e sem esperar nada em troca. Os pobres, os mutilados..., nada podem devolver, pois não possuem nada. Então é fácil ver Cristo nos outros. A imagem do banquete não se reduz exclusivamente aos bens materiais; é imagem de tudo o que o homem pode oferecer aos outros: consideração, alegria, otimismo, companhia, atenção...

Conta-se da vida de São Martinho que, certa noite, Cristo lhe apareceu em sonhos vestido com a metade da capa de oficial romano que poucas horas antes o Santo tinha dado a um pobre. Martinho olhou atentamente para o Senhor e reconheceu a capa. Ao mesmo tempo, ouviu Jesus dizer aos anjos que o acompanhavam, num tom de voz que nunca esqueceria: “Martinho, que é apenas um catecúmeno, cobriu-me com estas vestes”. Imediatamente o Santo lembrou-se de outras palavras de Jesus: Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes4. A visão encheu-o de paz e de alento, e pouco tempo depois administravam-lhe o Batismo5.

Não devemos fazer o bem esperando uma recompensa nesta vida. Devemos ser generosos (no apostolado, na esmola, nas obras de misericórdia...), mas sem esperar receber nada por isso. A caridade não busca nada, a caridade não é interesseira6. Devemos dar, semear, dar-nos, ainda que não vejamos nem frutos, nem correspondência, nem agradecimento, nem benefício pessoal algum. O Senhor ensina-nos nesta parábola a dar liberalmente, sem calcular retribuição alguma. Um dia recebê-la-emos em abundância.

II. NÃO SE PERDE NADA do que levamos a cabo em benefício dos outros. Quem dá em abundância dilata e enriquece o seu coração, torna-se jovem e aumenta a capacidade de amar. O egoísmo encolhe a pessoa, limita o seu horizonte pessoal, tornando-o pobre e estreito. Quando não vemos os frutos do nosso sacrifício, nem colhemos dele agradecimento humano algum, basta-nos saber que o objeto da nossa generosidade é o próprio Cristo. Nada se perde. “Não vedes agora – comenta Santo Agostinho – a importância do bem que realizais; o lavrador, ao semear, também não tem diante dos olhos a colheita; mas confia na terra. Por que não confias tu em Deus? Chegará um dia que será o da nossa colheita. Pensa que nos encontramos agora nas fainas de semeadura; mas plantamos para colher mais tarde, conforme diz a Escritura: Vão andando e choram, espalhando as suas sementes; quando voltarem, virão com alegria, trazendo os feixes (Sl 125)”7. A caridade não desanima se não vê resultados imediatos; sabe esperar, é paciente.

A generosidade abre caminho à necessidade vital de dar. O coração que não sabe espalhar o bem entre os que o rodeiam, no ambiente em que vive, inutiliza-se, envelhece e morre. Quando damos, o nosso coração alegra-se e estamos em condições de compreender melhor o Senhor, que deu a sua vida em resgate por todos8. Quando São Paulo agradece aos Filipenses a ajuda que lhe prestaram, diz-lhes que está contente não tanto pelo benefício que recebeu, como sobretudo pelo fruto que as esmolas trarão para eles próprios: a fim de que vão aumentando os juros da vossa conta9. Por isso São Leão Magno recomenda que “quem distribui esmolas se disponha a fazê-lo com despreocupação e alegria, já que, quanto menos reserve para si, maior será o lucro que terá”10.

São Paulo também animava os primeiros cristãos a viver a generosidade com alegria, pois Deus ama aquele que dá com alegria11. Ninguém – muito menos o Senhor – pode gostar de um serviço ou de uma esmola praticados de má vontade ou com tristeza: “Se dás o pão com tristeza – comenta Santo Agostinho –, perdeste o pão e o prêmio”12. Por outro lado, o Senhor entusiasma-se com a entrega de quem dá e se dá por amor, espontaneamente, sem cálculos...

III. É MUITO o que podemos dar aos outros. Podemos dar-lhes bens materiais – ainda que seja pouco, se dispomos de pouco –, tempo, companhia, cordialidade... Trata-se de pôr ao serviço dos outros os talentos que recebemos do Senhor. “Eis uma tarefa urgente: sacudir a consciência dos que crêem e dos que não crêem – fazer uma leva de homens de boa vontade –, com o fim de que cooperem e proporcionem os instrumentos materiais necessários para trabalhar com as almas”13.

O Evangelho da Missa ensina-nos que a melhor recompensa que podemos receber na terra é termos dado. Com isso termina tudo. Nada devemos recordar aos outros; nada lhes deve ser exigido em troca. Ordinariamente, é melhor que os pais não recordem aos filhos o muito que fizeram por eles; nem a mulher ao marido as mil ajudas que em momentos difíceis soube prestar-lhe, os desvelos, a paciência...; nem o marido à mulher o trabalho intenso que lhe custa levar a família para a frente... Tudo fica em melhores mãos quando é anotado unicamente por Deus na história pessoal de cada um. Devemos mesmo aceitar de antemão que as boas ações que levamos a cabo sejam mal interpretadas de vez em quando: “Vi rubor no rosto daquele homem simples, e quase lágrimas em seus olhos: prestava generosamente a sua colaboração em obras boas, com o dinheiro honesto que ele mesmo ganhava, e soube que os “bons” apodavam de bastardas as suas ações. Com ingenuidade de neófito nestas batalhas de Deus, sussurrava: «Estão vendo que me sacrifico... e ainda me sacrificam!» – Falei-lhe devagar. Beijou o meu Crucifixo, e a sua indignação natural trocou-se em paz e alegria”14.

O Senhor manda-nos compreender os outros ainda que eles não nos compreendam (talvez não o possam fazer nesse momento, como não o podiam os indigentes convidados ao banquete, que não estavam em condições de retribuir o convite com outro convite). E devemos também amar as pessoas ainda que nos ignorem, e prestar muitos pequenos serviços ainda que em circunstâncias semelhantes no-los neguem. E tornar a vida amável aos que nos rodeiam, ainda que algumas vezes pareça que nos correspondem com a indiferença...

E tudo isso com coração grande, sem levar uma contabilidade de cada favor prestado. Quando se ouvem lamentos e queixas de alguns que – segundo dizem – passaram pela vida dando e entregando-se sem receber depois as mesmas atenções, pode-se suspeitar de que faltou algo essencial nessa entrega, pelo menos a pureza de intenção. Quem dá de olhos postos em Deus não experimenta desilusão nem cansaço, mas júbilo íntimo e uma abertura de coração que resulta de saber que Deus está contente com o que fez. “Quanto mais generoso fores – por Deus –, mais feliz serás”15.

A nossa Mãe Santa Maria, que com o seu faça-se entregou o seu ser e a sua vida ao Senhor e a nós, seus filhos, ajudar-nos-á a não reservar nada para nós mesmos e a ser generosos nas mil pequenas oportunidades que se apresentam todos os dias.

(1) Cfr. Lc 14, 1; (2) Lc 14, 12-14; (3) Lc 6, 32; (4) Mt 25, 40; (5) cfr. P. Croiset, Año cristiano, Madrid, 1846, vol. IV, págs. 82-83; (6) 1 Cor 13, 5; (7) Santo Agostinho, Sermão 102, 5; (8) cfr. Mt 20, 28; (9) Fil 4, 17; (10) São Leão Magno, Sermão 10 sobre a Quaresma; (11) 2 Cor 9, 7; (12) Santo Agostinho, Comentário aos Salmos, 42, 8; (13) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 24; (14) ibid., n. 28; (15)ibid., n. 18.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


São Carlos Borromeu

04 de Novembro

São Carlos Borromeu 

Carlos Borromeu nasceu no dia 2 de outubro de 1538, no castelo de sua família, na cidade de Arona, perto de Milão, Itália. Seu pai foi o milionário conde Gilberto Borromeu. Sua a mãe se chamava Margarida de Médicis. Ela pertencia à mesma família nobre e influente na sociedade italiana e na Igreja. Carlos foi o segundo filho.

Os pais de Carlos Borromeu seguiram o hábito da época: entregaram-no para o serviço de Deus quando ele completou doze anos. Por uma grande felicidade, o menino tinha grande vocação religiosa e encontrou-se muito feliz no caminho do serviço a Deus. Sua vocação religiosa era bastante acentuada. Além disso, era penitente, cheio de piedade e caridoso para com todos os pobres.

Carlos Borromeu tornou-se um estudioso aplicado e se destacou pela inteligência e sabedoria. Diplomou-se em direito canônico com apenas vinte e um anos. Um ano depois, entusiasmado com a fé e com grande ardor missionário, ele funda uma Academia para estudos religiosos. Esta academia teve total aprovação da Santa Sé.

Carlos Borromeu era sobrinho de Pio IV e isso o estimulava a seguir adiante no caminho da fé e não nas glórias humanas. Ele queria viver uma vida afastada, como monge. Porém, por causa de sua sabedoria e inteligência, com apenas vinte e quatro anos já era sacerdote e já tinha sido sagrado bispo de Milão. No cargo, ajudou a organizar a igreja e dedicou-se à evangelização.

São Carlos Borromeu sentindo-se bastante atraído pela vida monástica e contemplativa. Por causa disso, pensou seriamente em renunciar a seu cargo à frente da arquidiocese. Porém, seu amigo, o Venerável D. Frei Bartolomeu dos Mártires, então arcebispo de Braga, conseguiu dissuadi-lo dessa ideia. D. Bartolomeu o ajudou a perceber que, naquele século, repleto de maus exemplos dados pelo alto Clero, seria melhor que São Carlos Borromeu, um nobre, vindo de família milionária e sobrinho do Papa, desse um exemplo de vida pobre, humilde e santa como arcebispo. São Carlos Borromeu viu neste conselho a vontade de Deus e acatou, permanecendo arcebispo de Milão.

Seguindo os conselhos de Jesus e os de seu amigo D. Frei Bartolomeu, São Carlos Borromeu foi utilizando todos os seus bens (e eram muitos!) na construção de hospitais, albergues para os pobres, casas de formação para os sacerdotes e religiosos. Além disso, teve atuação forte no Concílio de Trento e levou adiante as reformas sugeridas por tal Concílio.

Promoveu a adoção de disciplina mais rígida para os padres e religiosos. Com isso, criou hostilidades com aqueles que não estavam dispostos a abrir mão de privilégios. Porém, não se preocupava com isso. Por causa da disciplina que instaurou para o clero, São Carlos Borromeu chegou a ser vítima de um atentado, enquanto estava em oração em sua capela. São Carlos Borromeu, porém, saiu ileso e perdoou generosamente aquele que atentara contra sua vida.

Em 1576 a peste negra chegou a Milão. Milhares de pessoas morreram. Mais de cem padres também faleceram, contaminados pela peste quando ajudavam os doentes. São Carlos Borromeu foi bastante atuante em meio a essa mortandade. Visitava e dava assistência a todos os contaminados que conseguia. Levava a ales os sacramentos da Igreja e o consolo da fé, no meio da dor do sofrimento. Não tinha receio nem precauções ao se misturar com os doentes. Sofrendo por ver tantas mortes de inocentes, flagelou-se em praças públicas pedindo perdão a Deus, exercendo seu sacerdócio em nome de seu povo.

Este trabalho incansável, porém, consumiu suas forças. Tanto que, um dia, a febre o pegou. Ela não o matou de vez, mas tirou-lhe as forças minou seu corpo lentamente. Depois disso, conseguiu fazer muito menos e, alguns anos depois, faleceu com apenas quarenta e seis anos. Antes de morrer, proclamou-se feliz por ter seguido, em toda a sua vida, os ensinamentos de Cristo e pela graça de poder encontrar-se com o senhor de coração puro. Faleceu em 4 de novembro de 1584, estando em sua sede episcopal. Sua canonização foi celebrada pelo Papa Paulo V em 1610.

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br


04 de Novembro 2019

A SANTA MISSA

31ª Semana do Tempo Comum – Segunda-feira 
Memória: São Carlos Borromeu, bispo
Cor: Branca

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1ª Leitura: Rm 11, 29-36 

“Deus encerrou todos os homens na desobediência,
a fim de exercer misericórdia para com todos” 

Leitura da Carta de São Paulo apóstolo aos Romanos

Irmãos: 29 Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis. 30 Outrora, vós fostes desobedientes a Deus, mas agora alcançastes misericórdia, em consequência da desobediência deles. 31 Assim são eles agora os desobedientes, para que, em consequência da misericórdia usada convosco, alcancem finalmente misericórdia. 32 Com efeito, Deus encerrou todos os homens na desobediência, a fim de exercer misericórdia para com todos. 33 Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus! Como são inescrutáveis os seus juízos e impenetráveis os seus caminhos! 34 De fato, quem conheceu o pensamento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? 35 Ou quem se antecipou em dar-lhe alguma coisa, de maneira a ter direito a uma retribuição? 36 Na verdade, tudo é dele, por ele, e para ele. A ele, a glória para sempre. Amém!

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 68(69), 30-31.33-34.36-37(R. 14c)

R. Respondei-me, ó Senhor, pelo vosso imenso amor!

30 Pobre de mim, sou infeliz e sofredor! *
Que vosso auxílio me levante, Senhor Deus!
31 Cantando eu louvarei o vosso nome *
e agradecido exultarei de alegria!       R.

33 Humildes, vede isto e alegrai-vos: +
o vosso coração reviverá, *
se procurardes o Senhor continuamente!
34 Pois nosso Deus atende à prece dos seus pobres, *
e não despreza o clamor de seus cativos.        R.

36 Sim, Deus virá e salvará Jerusalém, +
reconstruindo as cidades de Judá, *
onde os pobres morarão, sendo seus donos.
37 A descendência de seus servos há de herdá-las, +
e os que amam o santo nome do Senhor *
dentro delas fixarão sua morada!        R. 

Evangelho: Lc 14,12-14 

“Não convides teus amigos mas, os pobres e os aleijados” 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo: 12 E disse também a quem o tinha convidado: ‘Quando tu deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes poderiam também convidar-te e isto já seria a tua recompensa. 13 Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. 14 Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos.’

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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03 de Novembro 2019

A SANTA MISSA

Solenidade de Todos os Santos 
Cor: Branca

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1ª Leitura: Ap 7,2-4.9-14

 Vi uma multidão imensa de gente de todas
as nações, tribos, povos e línguas. 

Leitura do Livro do Apocalipse de São João

Eu, João, 2 vi um outro anjo, que subia do lado onde nasce o sol. Ele trazia a marca do Deus vivo e gritava, em alta voz, aos quatro anjos que tinham recebido o poder de danificar a terra e o mar, dizendo-lhes: 3 “Não façais mal à terra, nem ao mar nem às arvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus”. 4 Ouvi então o número dos que tinham sido marcados: eram cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel. 9 Depois disso, vi uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão. 10 Todos proclamavam com voz forte: “A salvação pertence ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro”. 11 Todos os anjos estavam de pé, em volta do trono e dos Anciãos e dos quatro Seres vivos e prostravam-se, com o rosto por terra, diante do trono. E adoravam a Deus, dizendo: 12 “Amém. O louvor, a glória e a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força pertencem ao nosso Deus para sempre. Amém” 13 E um dos Anciãos falou comigo e perguntou: “Quem são esses vestidos com roupas brancas? De onde vieram?” 14 Eu respondi: “Tu é que sabes, meu senhor”. E então ele me disse: “Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro”.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 23(24),1-2.3-4ab.5-6 (R. cf. 6)

R. É assim a geração dos que procuram o Senhor!

Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra, *
o mundo inteiro com os seres que o povoam;
porque ele a tornou firme sobre os mares, *
e sobre as águas a mantém inabalável.      R.

3 “Quem subirá até o monte do Senhor, *
quem ficará em sua santa habitação?”
4a “Quem tem mãos puras e inocente coração, *
4b quem não dirige sua mente para o crime.      R.

5 Sobre este desce a bênção do Senhor *
e a recompensa de seu Deus e Salvador”.
6 “É assim a geração dos que o procuram, *
e do Deus de Israel buscam a face”.      R. 

2ª Leitura: 1Jo 3,1-3

Veremos Deus tal como é. 

Leitura da Primeira Carta de São João

Caríssimos, 1 Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu o Pai. 2 Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é. 3 Todo o que espera nele, purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.

– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.

Evangelho: Mt 5,1-12a 

 Bem-aventurados os pobres em espírito. 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo: 1 Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, 2 e Jesus começou a ensiná-los: 3 ‘Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. 4 Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados. 5 Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra. 6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. 8 Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. 9 Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. 11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. 12a Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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