13 de Novembro 2019
A SANTA MISSA

32ª Semana do Tempo Comum – Quarta-feira
Cor: Verde
1ª Leitura: Sb 6,1-11
“Escutai, ó reis, para que aprendais a Sabedoria.”
Leitura do Livro da Sabedoria
1 Escutai, ó reis, e compreendei. Instruí-vos, governadores dos confins da terra! 2 Prestai atenção, vós que dominais as multidões e vos orgulhais do número dos vossos súditos. 3 Pois o poder vos foi dado pelo Senhor e a soberania pelo Altíssimo. É ele quem examinará as vossas obras e sondará as vossas intenções; 4 apesar de estardes a serviço do seu reino, não julgastes com retidão, nem observastes a Lei, nem procedestes conforme a vontade de Deus. 5 Por isso, ele cairá de repente sobre vós, de modo terrível, porque um julgamento implacável será feito sobre os poderosos. 6 O pequeno pode ser perdoado por misericórdia, mas os poderosos serão examinados com poder. 7 O Senhor de todos não recuará diante de ninguém nem se deixará impressionar pela grandeza, porque o pequeno e o grande foi ele quem os fez, e a sua providência é a mesma para com todos; 8 mas para os poderosos, o julgamento será severo. 9 A vós, pois, governantes, dirigem-se as minhas palavras, para que aprendais a sabedoria e não venhais a tropeçar. 10 Os que observam fielmente as coisas santas serão justificados; e os que as aprenderem vão encontrar sua defesa. 11 Portanto, desejai ardentemente minhas palavras,
amai-as e sereis instruídos.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 81(82), 3-4.6-7(R. 8a)
R. Levantai-vos, ó Senhor, julgai a terra!
3 Fazei justiça aos indefesos e aos órfãos, *
ao pobre e ao humilde absolvei!
4 Libertai o oprimido, o infeliz, *
da mão dos opressores arrancai-os!’ R.
6 Eu disse: ‘Ó juízes, vós sois deuses, *
sois filhos todos vós do Deus Altíssimo!
7 E, contudo, como homens morrereis, *
caireis como qualquer dos poderosos!’ R.
Evangelho: Lc 17,11-19
Não houve quem voltasse para dar glória a Deus,
a não ser este estrangeiro.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
11 Aconteceu que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galileia. 12 Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos vieram ao seu encontro. Pararam à distância, 13 e gritaram: ‘Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!’ 14 Ao vê-los, Jesus disse: ‘Ide apresentar-vos aos sacerdotes.’ Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados. 15 Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; 16 atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra, e lhe agradeceu. E este era um samaritano. 17 Então Jesus lhe perguntou: ‘Não foram dez os curados? E os outro nove, onde estão? 18 Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?’ 19 E disse-lhe: ‘Levanta-te e vai! Tua fé te salvou.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
Santo Estanislau Kostka
13 de Novembro
Santo Estanislau Kostka
Apelidado de “anjo” na infância, Estanislau Kostka atingiu a juventude guardando todas as virtudes, como um anjo realmente. Mas não faltaram oportunidades para entregar-se aos prazeres mundanos, pois pertencia a uma família polonesa nobre e poderosa.
Nascido em 28 de outubro 1550, até a idade de treze anos Estanislau viveu na casa dos pais. Aos catorze, eles o enviaram para estudar no seminário dos padres jesuítas em Viena, junto com o irmão mais velho e o tutor. Mas o seminário logo foi fechado pelo imperador Maximiliano e toda a comunidade estudantil acabou abrigada no castelo de um príncipe protestante. Aquele ambiente cheio de festas e jogos de prazeres em nada combinava com Estanislau, que buscava uma vida de virtudes e oração, dentro da doutrina cristã.
A situação para ele era das mais inadequadas, entretanto agradou o irmão e o tutor, que passaram a requisitar sua participação nesses jogos. Não bastasse isso, o tal príncipe protestante queria impedir os católicos de irem à missa receber a comunhão. Depois, também era atormentado pelos colegas, que zombavam muito de sua preferência pela vida religiosa.
Mas a luta contra o ambiente hostil e a vida de privações a que se obrigava acabou por minar a saúde do rapaz. Frágil, ficou doente a ponto de quase perder a vida, mas o salvaram a fé profunda e a confiança em Maria Santíssima, de quem era devoto. Durante um sonho, um anjo apareceu para dar-lhe a eucaristia, e a Virgem Mãe também, curando-o ao colocar-lhe o Menino Jesus nos braços. Maria, em sua aparição, também o convidou a ingressar na Companhia de Jesus.
Estanislau, que já pensava em ser um padre jesuíta, contou tudo à família, que fora a Viena verificar como os filhos estavam vivendo e estudando. Aproveitou para dizer que queria mesmo ser um sacerdote. A oposição dos seus pais foi total. Tentou insistir, mas foi inútil. Então, fugiu sozinho, a pé e vestido de mendigo, para despistar se o perseguissem.
De Viena, na Áustria, foi para Treves, na Alemanha, percorrendo setecentos quilômetros até chegar a uma casa provincial dos jesuítas. O provincial, na época, era Pedro Canísio, que o recebeu com amabilidade, mas teve de enfrentar a reação do pai do jovem, que ameaçou fazer expulsar todos os jesuítas da Polônia caso o filho não voltasse ao convivo da família. Mas Estanislau manteve-se irredutível.
Aos dezessete anos, Estanislau foi enviado para Roma, com uma carta de recomendação ao superior geral da Ordem, são Francisco de Bórgia, que com carinho o encaminhou para complementar o noviciado e os estudos de teologia no Colégio Romano. Foram apenas nove meses entre os jesuítas, mas plenos de trabalho, estudo, dedicação e disciplina, exemplares. Até ser acometido por uma febre misteriosa e, no dia 15 de agosto de 1568, festa da Assunção de Nossa Senhora, partir docemente ao encontro de Deus.
O seu túmulo tornou-se local de muitas graças e rota de peregrinação. O papa Bento XIII canonizou-o em 13 de novembro de 1726, e designou esta data para celebrar a festa em memória do padroeiro dos noviços.
Fonte: http://franciscanos.org.br
Servos inúteis
TEMPO COMUM. TRIGÉSIMA SEGUNDA SEMANA. TERÇA-FEIRA
– Sem a graça santificante, não serviríamos para nada.
– O Senhor nunca nega a sua ajuda.
– Colaboradores de Deus.
I. NO EVANGELHO DA MISSA1, o Senhor coloca-nos hoje diante da realidade da nossa vida. Se algum de vós – diz Jesus – tiver um servo que estiver lavrando a terra ou apascentando o gado, com certeza não lhe dirá quando o vir chegar a casa: Entra logo e senta-te à mesa. Pelo contrário, primeiro o servo servirá a refeição ao seu senhor, e só depois é que comerá. Aliás, segundo as condições daquela época, o próprio servo não esperava nenhum agradecimento pelo seu trabalho: fez o que devia. Assim vós– prossegue o Senhor –, depois de terdes feito tudo o que vos foi mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer.
Jesus não aprova a conduta daquele senhor, talvez abusiva e arbitrária, mas serve-se de uma realidade do seu tempo, conhecida por todos, para ilustrar qual deve ser a atitude da criatura em relação ao Criador. Desde a nossa chegada a este mundo até a vida eterna a que fomos destinados, tudo procede do Senhor como uma imensa dádiva. Portanto, comenta Santo Ambrósio, “não te julgues mais por seres chamado filho de Deus – deves, sim, reconhecer a graça, mas não deves esquecer a tua natureza –, nem te envaideças por teres servido fielmente, já que esse era o teu dever. O sol cumpre a sua tarefa, a lua obedece, os anjos também servem”2. Não havemos também nós de servir a Deus com a nossa inteligência e vontade, com todo o nosso ser?
Não devemos esquecer que fomos elevados gratuitamente, sem mérito algum da nossa parte, à dignidade de filhos de Deus; mas, por nós mesmos, não só somos servos, como servos inúteis, incapazes de levar a cabo o que o nosso Pai nos encomendou, se Ele não nos ajudar. A graça divina é a única coisa que pode potenciar os nossos talentos humanos para trabalharmos por Cristo, para sermos seus colaboradores e fazermos obras meritórias. A nossa capacidade não está em proporção com os frutos sobrenaturais que procuramos.
Sem a graça santificante, para nada serviríamos. Somos como o “pincel nas mãos do artista” 3. As grandes obras que o Senhor quer realizar com a nossa vida devem ser atribuídas ao Artista, não ao pincel. A glória do quadro pertence ao pintor; o pincel, se tivesse vida própria, experimentaria a imensa felicidade de ter colaborado com um mestre tão grande, mas não cometeria a insensatez de apropriar-se do mérito.
Se formos humildes – “andar na verdade” é ser consciente de que não passamos de servos inúteis –, sentir-nos-emos impelidos a pedir a Deus a graça necessária para cada obra que realizamos.
E além disso rejeitaremos sempre – ao menos interiormente – qualquer louvor que nos façam, e dirigi-lo-emos ao Senhor, pois qualquer coisa boa que tenha saído das nossas mãos, devemos atribuí-la em primeiro lugar a Deus, que pode “servir-se de uma vara para fazer brotar água da rocha, ou de um pouco de barro para devolver a vista aos cegos”4. Somos o barro que dá vista aos cegos, a vara que faz brotar uma fonte no meio do deserto..., mas é Cristo o verdadeiro autor dessas maravilhas. Que faria o barro por si próprio...? Apenas sujar.
II. O SENHOR RESSALTA na parábola da videira e dos sarmentos5 a necessidade do influxo divino para podermos produzir frutos. Uma vez que Cristo “é a fonte e a origem de todo o apostolado da Igreja, torna-se evidente que a fecundidade do apostolado dos leigos depende da sua união vital com Cristo”6. O que permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, porque, sem mim, nada podeis fazer7, afirmou rotundamente o Senhor.
São Paulo ensina que é Deus quem opera em nós o querer e o agir, segundo o seu beneplácito8. Esta ação divina é necessária para querer e executar boas obras, muito embora esse “querer” e esse “executar” sejam do homem: a graça não substitui a tarefa da criatura, mas torna-a possível na ordem sobrenatural.
Santo Agostinho compara a necessidade do auxílio divino à da luz para podermos ver 9. É o olho que vê, mas não poderia fazê-lo se não houvesse luz.
Esta incapacidade humana de realizar por si mesma obras meritórias não nos deve levar ao desalento; pelo contrário, é mais uma razão para permanecermos em contínua ação de graças ao Senhor, pois Ele está sempre pendente de enviar-nos o auxílio necessário.
A liturgia da Igreja faz-nos pedir constantemente a ajuda divina, e quando a pedimos com humildade e confiança, o Senhor nunca a nega. São Francisco de Sales ilustra esta maravilha divina com um exemplo: “Quando uma terna mãe ensina o seu filhinho a andar, ajuda-o e ampara-o quanto necessário, fazendo-o dar alguns passos nos lugares menos perigosos e mais planos, ora tomando-o pela mão e firmando-o, ora tomando-o nos braços e carregando-o. Da mesma maneira Nosso Senhor cuida continuamente dos passos dos seus filhos” 10.
Esta solicitude divina, longe de nos levar a uma atitude passiva, faz com que nos empenhemos na luta ascética, na ação apostólica, nos assuntos que temos de resolver, como se tudo dependesse exclusivamente de nós. Ao mesmo tempo, recorreremos ao Senhor como se tudo dependesse dEle. Assim fizeram os santos e nunca se viram defraudados.
III. SÃO PAULO UTILIZA a imagem das fainas do campo para ilustrar a nossa condição de instrumentos no trabalho apostólico. Eu plantei, Apolo regou; mas foi Deus que deu o crescimento. De modo que não é nada nem o que planta, nem o que rega, mas Deus que dá o crescimento [...]. Porque nós somos cooperadores de Deus11.
Que maravilha podermos ser cooperadores de Deus na grande obra da Redenção! O Senhor, de certo modo, precisa de nós. Mas devemos ter presente que, mediante a sua graça, Ele é o único que pode conseguir que a semente da fé lance raízes e dê fruto nas almas: o instrumento “poderá ir lançando a semente entre lágrimas, poderá cuidar do campo sem fugir ao esforço; mas que a semente germine e chegue a dar os frutos desejados é algo que depende somente de Deus e do seu auxílio todo-poderoso. É preciso insistir em que os homens não são senão instrumentos de que Deus se serve para a salvação das almas, e é necessário procurar que esses instrumentos estejam em bom estado para que Deus possa utilizá-los” 12.
Para que o pincel seja um instrumento útil nas mãos do pintor, deve absorver bem a tinta e permitir traçar linhas grossas ou finas, tons enérgicos ou menos fortes. Deve subordinar a sua qualidade ao uso que dele queira fazer o artista, que é quem compõe o quadro, distribui as sombras e as luzes, os tons vivos e os mais tênues, quem dá profundidade e harmonia à tela até formar um conjunto coerente e vivo. Além disso, o pincel deve ter uma boa empunhadura e estar unido à mão do mestre: se não for assim, se não secundar fielmente o impulso que recebe, não haverá arte. Essas são as condições de todo o bom instrumento. Nós, que queremos sê-lo nas mãos do Senhor, mas que percebemos tantas coisas que não nos correm bem, dizemos a Jesus na nossa oração:
“«Considero, Senhor, as minhas misérias, que parecem aumentar apesar das tuas graças, sem dúvida pela minha falta de correspondência. Reconheço a ausência em mim da menor preparação para o empreendimento que pedes. E quando leio nos jornais que tantos e tantos homens de prestígio, de talento e de dinheiro falam e escrevem e organizam para defender o teu reinado..., olho para mim e vejo-me tão ignorante e tão pobre, numa palavra, tão pequeno..., que me encheria de confusão e de vergonha se não soubesse que Tu me queres assim. Ó Jesus! Por outro lado, sabes bem como coloquei a teus pés, com a maior das boas vontades, a minha ambição... Fé e Amor: Amar, Crer, Sofrer. Nisto, sim, quero ser rico e sábio, mas não mais sábio nem mais rico do que aquilo que Tu, na tua Misericórdia sem limites, tenhas determinado: porque devo pôr o meu prestígio e honra em cumprir fielmente a tua justíssima e amabilíssima Vontade»” 13.
A nossa Mãe Santa Maria, fidelíssima colaboradora do Espírito Santo na tarefa da Redenção, ensinar-nos-á a ser instrumentos eficazes do Senhor. O nosso Anjo da Guarda purificará a nossa intenção e nos recordará que somos servos inúteis nas mãos do Senhor.
(1) Lc 17, 7-10; (2) Santo Ambrósio, Comentário ao Evangelho de São Lucas; (3) cfr. São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 612; (4) J. Pecci-Leão XIII,Prática da humildade, 45; (5) cfr. Jo 15, 1 e segs.; (6) Concílio Vaticano II, Decreto Apostolicam actuositatem, 4; (7) Jo 15, 5; (8) cfr. Fil 2, 13; (9) Santo Agostinho,Tratado sobre a natureza e a graça, 26, 29; (10) São Francisco de Sales, Tratado do amor de Deus, 3, 4; (11) 1 Cor 3, 6-9; (12) São Pio X, Carta Encíclica Haerent animo, 4.08.08, 9; (13) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 822.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
São Josafá
12 de Novembro
São Josafá
Kuncewicz nasceu num lar cristão ortodoxo da Ucrânia, no ano 1580. Desde jovem manifestou vocação religiosa. Por isso, dedicou-se ao estudo da filosofia e da teologia. Ao completar vinte anos, ingressou na Ordem de São Basílio e tornou-se monge. Ao emitir seus votos, adotou o nome de Josafá. Apesar da pouca idade, destacou-se pelo comprometimento, espírito de oração, sabedoria e caridade para com todos.
Em pouco tempo, por causa de seu espírito sábio e santo, sendo ainda muito jovem, foi nomeado superior do mosteiro. Logo depois, foi nomeado arquimandrita, título que equivaleria a “monsenhor”, da cidade histórica de Polotsk, na Rússia. Depois disso, tendo somente trinta e sete anos, foi nomeado arcebispado de Polotsk, tendo aceitado a contragosto.
Os escritores são unânimes em narrar que a brilhante carreira de São Josafa Kuncewicz era totalmente justificável por causa dos dotes intelectuais e espirituais do santo. Além disso, sua vida era um exemplo de virtudes, de prática da caridade e de obediência total à disciplina da vida monástica. Sua caridade cristâ era um exemplo para todos. Certa vez, percebeu a grande necessidade de uma senhora viúva. Sem meios para ajudá-la no momento, penhorou seu próprio pálio de bispo, um adereço litúrgico caro, para conseguir o dinheiro necessário para socorrê-la.
No ano 1595, São Josafa Kuncewicz e um grande grupo de religiosos orientais, membros da igreja separada e cismática da Rússia, converteram-se à Igreja Católica Apostólica Romana. Eles reconheceram que a Igreja Católica era a verdadeira Igreja fundada por Jesus Cristo. Eles decidiram conservar a liturgia oriental criada por São João Crisóstomo e passaram a ser conhecidos como Uniatas.
São Josafa Kuncewicz defendia com muita coragem a autoridade do papa como o verdadeiro representante de Cristo e o sucessor de Pedro na terra. Ele também lutou pelo fim do cisma, isto é, da divisão, procurando com a união com a sede de Roma. Pregava, ensinava e fazia de tudo para seguir os ensinamentos e a doutrina de Jesus Cristo estando em uma só Igreja, sob a verdadeira autoridade de um único pastor.
A pregação de São Josafa Kuncewicz a favor do Papa e da unidade da Igreja desagradou sobremaneira aos cismáticos. Estes passaram a considerá-lo um renegado e mau exemplo de patriota. Por causa disso, São Josafa afirmou várias vezes: “Vereis que ainda me vão matar”. Deixou seu rebanho avisado de que isso aconteceria. Porém, não tinha medo e nem por um momento deixou de lutar.
Numa de suas visitas pastorais a uma paróquia sob seu governo, sua casa foi atacada. Muitos que o acompanhavam foram massacrados. São Josafa Kuncewicz, então, apresentou-se corajosamente diante dos inimigos e perguntou: “Porque vocês matam meus familiares se querem matar a mim?” Então, sem piedade, a multidão de cismáticos espancou e torturou São Josafa Kuncewicz. Depois, decidiram matá-lo e jogar seu corpo num rio. Era o dia 12 de novembro de 1623. Aconteceu em Vitebsk, na Bielorússia. O corpo de São Josafa Kuncewicz foi recuperado mais tarde e passou a ser venerado pelos católicos. Mais tarde, os assassinos do santo foram presos, passaram por um julgamento e foram condenados. Depois de certo tempo, arrependidos, converteram-se. A canonização de São Josafa Kuncewicz foi celebrada pelo Papa Pio IX, em 1876.
Fonte: https://cruzterrasanta.com.br
12 de Novembro 2019
A SANTA MISSA

32ª Semana do Tempo Comum – Terça-feira
Memória: São Josafá, bispo e mártir
Cor: Vermelha
1ª Leitura: Sb 2,23–3,9
“Aos olhos dos insensatos parecem ter morrido; mas eles estão em paz”
Leitura do Livro da Sabedoria
2,23 Deus criou o homem para a imortalidade e o fez à imagem de sua própria natureza; 24 foi por inveja do diabo que a morte entrou no mundo, e experimentam-na os que a ele pertencem. 3,1 A vida dos justos está nas mãos de Deus, e nenhum tormento os atingirá. 2 Aos olhos dos insensatos parecem ter morrido; sua saída do mundo foi considerada uma desgraça, 3 e sua partida do meio de nós, uma destruição; mas eles estão em paz. 4 Aos olhos dos homens parecem ter sido castigados, mas sua esperança é cheia de imortalidade; 5 tendo sofrido leves correções, serão cumulados de grandes bens, porque Deus os pôs à prova e os achou dignos de si. 6 Provou-os como se prova o ouro no fogo e aceitou-os como ofertas de holocausto; 7 no dia do seu julgamento hão de brilhar, correndo como centelhas no meio da palha; 8 vão julgar as nações e dominar os povos, e o Senhor reinará sobre eles para sempre. 9 Os que nele confiam compreenderão a verdade, e os que perseveram no amor ficarão junto dele, porque a graça e a misericórdia são para seus eleitos.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 33(34), 2-3.16-17.18-19(R. cf. 2a)
R. Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo!
2 Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, *
seu louvor estará sempre em minha boca.
3 Minha alma se gloria no Senhor; *
que ouçam os humildes e se alegrem! R.
16 O Senhor pousa seus olhos sobre os justos, *
e seu ouvido está atento ao seu chamado;
17 mas ele volta a sua face contra os maus, *
para da terra apagar sua lembrança. R.
18 Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta *
e de todas as angústias os liberta.
19 Do coração atribulado ele está perto *
e conforta os de espírito abatido. R.
Evangelho: Lc 17, 7-10
“Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus: 7 Se algum de vós tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Vem depressa para a mesa?’ 8 Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepara-me o jantar, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso tu poderás comer e beber?’ 9 Será que vai agradecer ao empregado, porque fez o que lhe havia mandado? 10 Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
São Martinho de Tours
11 de Novembro
São Martinho de Tours
Nascido por volta de 316 numa família pagã, Martinho era filho de um oficial do exército romano que atuava na Panônia, hoje Hungria. Quando entrou na adolescência, começou a frequentar uma igreja cristã por mera curiosidade. Porém, começou a gostar muito do convívio com os cristãos e da doutrina de Cristo. Isso preocupou seu pai.
Seu pai quis afastá-lo do cristianismo. Por isso, sendo Martinho ainda adolescente, seu pai o fez ingressar na cavalaria do exército imperial. O plano, porém, não deu certo, pois, mesmo sendo da cavalaria, Martinho continuava frequentando a Igreja e praticando a caridade.
Perto de completar vinte anos, Martinho foi designado para a cavalaria da Gália, hoje França. Lá, foi abordado por um mendigo que tremia de frio. O homem pediu esmola a Martinho. Não tendo dinheiro no momento, Martinho cortou seu manto ao meio e deu metade ao pobre. À noite, Jesus lhe apareceu num sonho. O Mestre estava usando a metade do manto que Martinho tinha dado ao pedinte e agradeceu por ter sido aquecido. Depois disso, Martinho deixou o exército para se dedicar à fé.
Com apenas vinte e dois anos, Martinho estava batizado. Dedicou-se à oração e à vida solitária, sendo orientado pelo bispo Hilário de Poitiers, que se tornou santo. Mais tarde, este mesmo bispo ordenou-o diácono. Tempos depois, quando o mesmo bispo retornou de um exílio, no ano 360, fez uma doação a Martinho: um terreno que ficava a doze quilômetros de Poitiers, em Ligugé.
No terreno ganhado, o Diácono Martinho fundou uma comunidade monástica. Pouco tempo depois, um grande número de jovens queria seguir o mesmo tipo de vida. Por isso, São Martinho construiu ali o primeiro mosteiro em terras francesas e de toda a Europa ocidental.
Diferentemente do Oriente, os monges do Ocidente podiam ser ordenados sacerdotes e serem missionários no meio do povo. Por isso, São Martinho liderou um movimento de evangelização juntamente com seus monges. Visitavam aldeias, pregavam a Boa Nova, levavam o povo a abandonar seus ídolos e construíam igrejas. Se encontrava resistência, construía um mosteiro no local. Ali, os monges evangelizavam através da caridade e do exemplo. Logo, o povo se abria para a uma conversão sincera.
São Martinho recebeu dons místicos, que o auxiliaram na missão evangelizadora. Através de sua oração, vários milagres e curas foram operados para o bem dos doentes e pobres, que não poderiam jamais recorrer aos médicos.
Quando o bispo de Tours faleceu, em 371, o povo, por unanimidade, aclamou São Martinho como o novo bispo. Ele resistiu, mas aceitou. Porém, não deixou sua peregrinação missionária. Fazia questão de visitar todas as paróquias, zelava cuidadosamente pela liturgia e não desistia de evangelizar os pagãos. Primava pelo exercício exemplar da caridade. Fundou um outro mosteiro, o qual chamou de Marmoutier. E de lá, saiu São Patrício, o grande evangelizador da Irlanda. Assim sua missão exemplos não se limitou a Tours, mas se expandiu para muito mais longe.
São Martinho exerceu seu ministério episcopal durante vinte e cinco anos. Faleceu com oitenta e um anos, em Candes. Era o dia 8 de novembro do ano 397. Sua festa passou a ser celebrada no dia 11, porque este foi o dia de seu sepultamento na cidade de Tours. Passou a ser venerado como são Martinho de Tours. Foi o primeiro santo não-mártir a ser cultuado oficialmente pela Igreja. Além disso, passou a ser um dos mais populares santos de toda a Europa.
Fonte: https://cruzterrasanta.com.br
Responsáveis na caridade
TEMPO COMUM. TRIGÉSIMA SEGUNDA SEMANA. SEGUNDA-FEIRA
– As crianças e os que são como elas pela sua simplicidade e inocência. O escândalo.
– Temos sempre que influir nos outros para bem deles. Dar bom exemplo.
– Obrigação de reparar e dever de desagravar as ofensas a Deus.
I. ENCONTRAMOS poucas expressões tão fortes como as que o Senhor pronuncia no Evangelho da Missa de hoje. Jesus diz: É inevitável que haja escândalos; mas ai daquele por quem vierem! Seria melhor para ele que lhe atassem ao pescoço uma pedra de moinho e o atirassem ao mar, do que ser causa de escândalo para um destes pequeninos. E termina com esta advertência: Andai com cuidado1.
São Mateus2 situa a ocasião em que se pronunciaram estas palavras. Os Apóstolos vinham falando entre si sobre qual deles seria o primeiro no Reino dos Céus. E Jesus, para que a lição lhes ficasse bem gravada, chamou uma criança (talvez estivesse rodeado por várias delas), trouxe-a para o meio de todos e fez-lhes ver que, se não a imitassem na sua simplicidade e inocência, não poderiam entrar no Reino.
Foi então que, tendo a criança diante de si, ficou com certeza pensativo e sério; contemplou naquela figura frágil, mas de imenso valor, muitas outras que perderiam a inocência em virtude dos escândalos. Foi como se, de repente, desse rédea solta a uma preocupação que trazia dentro de si e que desejava comunicar aos seus discípulos. Assim se explica melhor essa advertência dirigida em primeiro lugar aos que o seguem mais de perto: Andai com cuidado.
Escandalizar é fazer cair, ser causa de tropeço, de ruína espiritual para outra pessoa, por meio de palavras, atos ou omissões3. E para Jesus, os pequeninos são as crianças em cuja inocência se reflete de um modo muito particular a imagem de Deus. Mas são também essa imensa multidão de pessoas que nos rodeiam, simples, menos instruídas e, portanto, mais propensas a tropeçar na pedra interposta no seu caminho. Poucos pecados há tão grandes como este, pois “tende a destruir a maior obra de Deus, que é a Redenção, pela perda das almas: mata a alma do nosso próximo retirando-lhe a vida da graça, que é mais preciosa do que a vida do corpo, e é causa de uma multidão de pecados”4.
“Que grande valor deve ter o homem aos olhos do Criador, se mereceu ter tal e tão grande Redentor (Hino Exsultet da Vigília Pascal), se Deus deu o seu Filho, a fim de que o homem não morra, mas tenha a vida eterna! (cfr. Jo 3, 16)”5. Jamais podemos perder de vista o imenso valor de cada criatura: um valor que se deduz do preço – a morte de Cristo – pago por ela. “Cada alma é um tesouro maravilhoso; cada homem é único, insubstituível. Cada um vale todo o sangue de Cristo”6.
II. SÃO PAULO, seguindo o exemplo do mestre, pede aos cristãos que se precavejam de todo o possível escândalo para as consciências débeis e pouco formadas: Vede que esta liberdade que tendes não se torne ocasião de queda para os fracos7. Influímos muito nos outros, e essa influência deve ser sempre para o bem de quem nos vê e escuta, em qualquer situação em que nos encontremos.
O Senhor pregou a sua doutrina mesmo quando alguns fariseus se escandalizavam8. Tratava-se então, como também hoje acontece com frequência, de um falso escândalo, que consistia em buscar contradições ou critérios puramente humanos para não aceitar a verdade. Quantas vezes encontramos pessoas que se “escandalizam” porque um casal foi generoso no número de filhos, aceitando com alegria todos os que Deus lhes deu, e porque assim vivem com finura as exigências da vocação cristã!...
Em não poucas ocasiões, a conduta de um cristão que deseje viver integralmente a doutrina do Senhor chocará com um ambiente pagão ou frívolo e “escandalizará” muitos. São Pedro, recordando umas palavras de Isaías, afirma que Jesus é para muitos uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo9, como tinha profetizado Simeão à Santíssima Virgem10. Não devemos surpreender-nos se na nossa vida acontece algumas vezes algo de parecido.
No entanto, devemos evitar por caridade todas essas ocasiões, de per si indiferentes, que podem causar estranheza e até verdadeiro escândalo em outras pessoas menos bem formadas ou que têm uma peculiar maneira de pensar. O Senhor deu-nos exemplo disso quando mandou Pedro pagar o tributo do Templo, a que Ele não estava obrigado, para não desconcertar os cobradores11, pois sabiam que Jesus era um israelita exemplar em todas as coisas. Não nos faltarão ocasiões de imitar o Mestre. “Não duvido da tua retidão. – Sei que ages na presença de Deus. Mas... (há um “mas”!) as tuas ações são presenciadas ou podem ser presenciadas por homens que julguem humanamente... E é preciso dar-lhes bom exemplo”12.
Especialmente grave é o escândalo causado por pessoas que gozam de algum gênero de autoridade ou renome: pais, educadores, governantes, escritores, artistas... e os que têm a seu cargo a formação de outros. “Se as pessoas simples vivem na tibieza – comenta São João de Ávila –, fazem mal; mas o seu mal tem remédio, e só se prejudicam a si próprias; mas se os educadores são tíbios, então cumpre-se o ai! do Senhor [...], pois contagiam a sua tibieza a outros e até lhes apagam o fervor”13.
As palavras do Senhor recordam-nos que devemos estar atentos às conseqüências das nossas palavras e ações, sem nos deixarmos levar pela inconsciência ou pela frivolidade.
“Sabes o mal que podes ocasionar jogando para longe uma pedra com os olhos vendados? – Também não sabes o prejuízo que podes causar, às vezes grave, quando lanças frases de murmuração, que te parecem levíssimas por teres os olhos vendados pela inconsciência ou pela exaltação”14.
Quem é motivo de escândalo tem a obrigação, por caridade, e às vezes por justiça, de reparar o dano espiritual ou material que ocasionou. O escândalo público exige reparação pública. E mesmo nos casos em que seja impossível fazê-lo adequadamente, persiste a obrigação, sempre possível, de compensar esse mal com oração e penitência. A caridade, movida pela contrição, encontra sempre o modo adequado de reparar o mal que se causou.
Esta passagem do Evangelho pode servir-nos para dizer ao Senhor: “Perdão, Senhor, se de alguma maneira, mesmo sem o perceber, fui ocasião de tropeço para alguém!” São os pecados ocultos, dos quais também podemos pedir perdão na Confissão. Oxalá as palavras do Senhor: Andai com cuidado, nos ajudem a estar vigilantes e a ser prudentes.
III. DEVERIA PODER-SE DIZER de nós o mesmo que os contemporâneos disseram de Jesus: Passou fazendo o bem...15 A nossa vida deve estar cheia de obras de caridade e de misericórdia, às vezes tão pequenas que não farão muito ruído: sorrir, animar, prestar com alegria pequenos serviços, desculpar prontamente os erros do próximo... Trata-se de um sinal para o mundo, pois pela caridade nos conhecerão como discípulos de Cristo16. É também uma referência para nós mesmos, porque, se examinarmos a nossa atitude diante dos outros, poderemos avaliar instantaneamente o nosso grau de união com Deus.
Se é próprio do escândalo quebrar e destruir, é próprio da caridade compor, unir e curar. O bom exemplo será sempre uma forma eficaz de contrabalançar o mal que, talvez sem o perceberem, muitos vão semeando pela vida.
Ao mesmo tempo, prepara o terreno para um apostolado fecundo. “Não devemos esquecer nunca que somos homens que tratam com outros homens, mesmo quando queremos fazer bem às almas. Não somos anjos. E por isso a nossa fisionomia, o nosso sorriso, os nossos modos são elementos que condicionam a eficácia do nosso apostolado”17.
Se o escândalo tende a separar as almas de Deus, a caridade mais fina há de animar-nos a levá-las a Ele, a procurar que muitos encontrem a porta do Céu. Santa Teresa dizia: “Parece-me que mais preza Deus uma alma que pelas nossas indústrias e orações lhe ganhamos mediante a sua misericórdia, do que todos os serviços que lhe possamos prestar”18.
Nunca fiquemos de braços cruzados diante do mal. Perante essa doença moral, devemos aumentar os nossos desejos de reparação e desagravo ao Senhor, e reafirmar as nossas ânsias de apostolado. Quanto maior for o mal, maior deve ser a nossa vontade de semear o bem.
Não deixemos de pedir ao Senhor pelos que são causa de que outros se afastem do bem, e pelas almas que podem ser afetadas por essas palavras, por esse artigo, por esse programa de televisão... Santa Maria alcançar-nos-á graças especiais e o Senhor ouvirá a nossa oração. Quando no fim da vida nos apresentarmos diante dEle, esses atos de reparação e de desagravo constituirão uma boa parte do tesouro que teremos ganho aqui na terra.
(1) Lc 17, 1-3; (2) cfr. Mt 18, 1-6; (3) São Tomás de Aquino, Suma teológica, II-II, q. 43, a. 1; (4) Catecismo de São Pio X, n. 418; (5) João Paulo II, Carta Encíclica Redemptor hominis, 4.03.79, 10; (6) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 80; (7) 1 Cor 8, 9; (8) cfr. Mt 15, 12-14; (9) cfr. 1 Pe 2, 8; (10) cfr. Lc 2, 34; (11) cfr. Mt 17, 21; (12) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 275; (13) São João de Ávila, Sermão 55 para a Infra-oitava de Corpus; (14) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 455; (15) At 10, 38; (16) cfr. Jo 13, 35; (17) Salvador Canals, Reflexões espirituais, pág. 49; (18) Santa Teresa,Fundações, 1, 7.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
11 de Novembro 2019
A SANTA MISSA

32ª Semana do Tempo Comum – Segunda-feira
Memória: São Martinho de Tours, bispo
Cor: Branca
1ª Leitura: Sb 1, 1-7
“A Sabedoria é o espírito que ama os homens;
o Espírito do Senhor enche toda a terra”.
Leitura do Livro da Sabedoria
1 Amai a justiça, vós que governais a terra; tende bons sentimentos para com o Senhor e procurai-o com simplicidade de coração. 2 Ele se deixa encontrar pelos que não exigem provas, e se manifesta aos que nele confiam. 3 Pois os pensamentos perversos afastam de Deus; e seu poder, posto à prova, confunde os insensatos. 4 A Sabedoria não entra numa alma que trama o mal nem mora num corpo sujeito ao pecado. 5 O espírito santo, que a ensina, foge da astúcia, afasta-se dos pensamentos insensatos e retrai-se quando sobrevém a injustiça. 6 Com efeito, a Sabedoria é o espírito que ama os homens, mas não deixa sem castigo quem blasfema com seus próprios lábios, pois Deus é testemunha dos seus pensamentos, investiga seu coração segundo a verdade e mantém-se à escuta da sua língua; 7 porque o espírito do Senhor enche toda a terra, mantém unidas todas as coisas e tem conhecimento de tudo o que se diz.
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 138(139), 1-3.4-6.7-8.9-10(R. 24b)
R. Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!
1 Senhor, vós me sondais e conheceis, *
2 sabeis quando me sento ou me levanto;
de longe penetrais meus pensamentos, +
3 percebeis quando me deito e quando eu ando, *
os meus caminhos vos são todos conhecidos. R.
4 A palavra nem chegou à minha língua, *
e já, Senhor, a conheceis inteiramente.
5 Por detrás e pela frente me envolveis; *
pusestes sobre mim a vossa mão.
6 Esta Verdade é por demais maravilhosa, *
é tão sublime que não posso compreendê-la. R.
7 Em que lugar me ocultarei de vosso espírito? *
E para onde fugirei de vossa face?
8 Se eu subir até os céus, ali estais; *
se eu descer até o abismo, estais presente. R.
9 Se a aurora me emprestar as suas asas, *
para eu voar e habitar no fim dos mares;
10 mesmo lá vai me guiar a vossa mão *
e segurar-me com firmeza a vossa destra. R.
Evangelho: Lc 17,1-6
Se ele pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes
vier a ti, dizendo: ‘Estou arrependido’, tu deves perdoá-lo.
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo: 1 Jesus disse a seus discípulos: ‘É inevitável que aconteçam escândalos. Mas ai daquele que produz escândalos! 2 Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos. 3 Prestai atenção: se o teu irmão pecar, repreende-o. Se ele se converter, perdoa-lhe. 4 Se ele pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: ‘Estou arrependido’, tu deves perdoá-lo.’ 5 Os apóstolos disseram ao Senhor: ‘Aumenta a nossa fé!’ 6 O Senhor respondeu: ‘Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria.
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!
A Dignidade do Corpo Humano
TEMPO COMUM. TRIGÉSIMO SEGUNDO DOMINGO. ANO C
– A ressurreição dos corpos declarada por Jesus.
– Os corpos devem dar glória a Deus junto com a alma.
– A nossa filiação divina, iniciada na alma pela graça, será consumada pela glorificação do corpo.
I. A LITURGIA DA MISSA deste domingo propõe à nossa consideração uma das verdades de fé enunciadas no Credo e que repetimos muitas vezes: a ressurreição dos corpos e a existência de uma vida eterna para a qual fomos criados. A primeira Leitura 1 fala-nos dos sete irmãos Macabeus que, junto com a mãe, preferiram a morte a transgredir a Lei do Senhor. Enquanto eram torturados, confessaram com firmeza a sua fé numa vida além da morte: É melhor morrer às mãos dos homens quando se espera que o próprio Deus nos ressuscitará.
Outras passagens do Antigo Testamento também expressam esta verdade fundamental revelada por Deus. No tempo de Jesus, tratava-se de uma crença universalmente admitida, a não ser pelo partido dos saduceus, que também não acreditavam na imortalidade da alma, na existência dos anjos e na ação da Providência divina 2. No Evangelho da Missa 3, lemos que alguns deles se aproximaram de Jesus dispostos a colocá-lo numa situação embaraçosa. Segundo a lei do levirato 4, se um homem morria sem ter tido filhos, o irmão estava obrigado a casar-se com a viúva para deixar descendência. O caso – dizem a Jesus – aconteceu com sete irmãos sucessivamente: Quando chegar a ressurreição, de qual deles será a mulher, pois que o foi de todos os sete? Parecia-lhes que essa lei levava a uma situação ridícula se se sustentava a ressurreição dos corpos.
Jesus resolve a dificuldade reafirmando a ressurreição e ensinando as propriedades dos corpos ressuscitados. A vida eterna não será igual à vida presente: Nem os homens desposarão mulheres, nem as mulheres homens [...], porquanto assemelham-se aos anjos e são filhos de Deus, visto serem filhos da ressurreição. E, citando a Sagrada Escritura 5, ressalta o grave erro dos saduceus e argumenta: Moisés chamou ao Senhor Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacó, que tinham morrido há muito tempo. Ora, Deus não é Deus de mortos mas de vivos, porque, para Ele, todos vivem. Portanto, ainda que os justos tenham morrido quanto ao corpo, vivem com verdadeira vida em Deus, porque as suas almas são imortais e esperam a ressurreição dos corpos 6. Os saduceus, dali em diante, já não se atreviam a interrogá-lo.
Nós, cristãos, professamos no Credo a nossa esperança na ressurreição do corpo e na vida eterna. Este artigo da fé “expressa o termo e o fim do desígnio de Deus” sobre o homem. “Se não existe ressurreição, todo o edifício da fé desaba, como afirma vigorosissimamente São Paulo (cfr. 1 Cor 15). Se o cristão não está certo do conteúdo das palavras vida eterna, as promessas do Evangelho, o sentido da Criação e da Redenção desaparecem, e a própria vida terrena fica despojada de toda a esperança (cfr. Hebr 11, 1)” 7.
Diante da atração das coisas da terra, que por vezes podem parecer as únicas que contam, temos de considerar freqüentemente que a nossa alma é imortal, e que se unirá ao nosso corpo no fim dos tempos; ambos – o homem inteiro: alma e corpo – estão destinados a uma eternidade sem fim. Tudo o que levamos a cabo neste mundo deve ser feito com o olhar posto nessa vida que nos espera, pois “pertencemos totalmente a Deus, de alma e corpo, com a carne e com os ossos, com os sentidos e com as potências” 8.
II. A MORTE, como ensina a Sagrada Escritura, não foi feita por Deus; é a pena merecida pelo pecado de Adão 9. Cristo mostrou com a sua ressurreição o poder sobre a morte: Mortem nostram moriendo destruxit et vita resurgendo reparavit; morrendo, destruiu a morte, e, ressuscitando, deu-nos a vida, canta a Igreja no Prefácio pascal. Com a ressurreição de Cristo, a morte perdeu o seu aguilhão, a sua maldade, para se tornar redentora em união com a Morte de Cristo. E nEle e por Ele, os nossos corpos ressuscitarão no fim dos tempos para se unirem à alma, a qual estará dando glória a Deus desde o instante da morte, se tiver sido fiel e nada tiver a purificar.
Ressuscitar significa que volta a levantar-se aquele que caiu 10, que retorna à vida aquele que morreu, que se levanta vivo aquele que sucumbiu no pó. Desde o princípio, a Igreja pregou a ressurreição de Cristo – fundamento de toda a nossa fé – e a ressurreição dos nossos corpos, da nossa carne, “desta em que vivemos, nos movemos e somos” 11. A alma voltará a unir-se ao corpo para o qual foi criada e do qual se separou com dor. E o Magistério da Igreja precisa: os homens “ressuscitarão com os corpos que agora possuem” 12.
Ao considerarmos que também os nossos corpos darão glória a Deus, compreendemos melhor a dignidade de cada homem e as suas características essenciais e inconfundíveis, diferentes das de qualquer outro ser da Criação. O homem não somente possui uma alma livre, “belíssima entre as obras de Deus, feita à imagem e semelhança do Criador, e imortal porque assim Deus o quis” 13, mas também um corpo que ressuscitará e que, se estiver em graça, é templo do Espírito Santo. São Paulo recordava freqüentemente esta verdade gozosa aos primeiros cristãos: Não sabeis que os vossos membros são templo do Espírito Santo, que habita em vós? 14
Os nossos corpos não são uma espécie de prisão que a alma abandona quando parte deste mundo, não “são um lastro que nos vemos obrigados a arrastar, mas as primícias de eternidade confiadas aos nossos cuidados” 15. A alma e o corpo pertencem-se mutuamente de maneira natural, e Deus criou-os um para o outro. “Respeita-o – exortava São Cirilo de Jerusalém –, já que tem a grande sorte de ser templo do Espírito Santo. Não manches a tua carne [...], e, se te atreveste a fazê-lo, purifica-a agora com a penitência. Limpa-a enquanto tens tempo” 16.
III. A ALTÍSSIMA DIGNIDADE do homem já se encontra presente na sua criação, mas chega à sua plena manifestação com a Encarnação do Verbo, na qual se dá como que um desposório entre o Verbo e a carne humana 17. “Todo o homem vem ao mundo concebido no seio materno e nasce da sua mãe, e [...] em virtude do mistério da Redenção é confiado à solicitude da Igreja. Esta solicitude afeta o homem todo, inteiro, e está centrada sobre ele de modo absolutamente particular. O objeto destes cuidados da Igreja é o homem na sua única e singular realidade humana, na qual permanece intacta a imagem e semelhança com o próprio Deus” 18.
Ensina São Tomás que a nossa filiação divina, iniciada pela ação da graça na alma, “será consumada pela glorificação do corpo [...], de forma que, assim como a nossa alma foi redimida do pecado, assim o nosso corpo será redimido da corrupção da morte” 19. E a seguir cita as palavras de São Paulo aos Filipenses: Nós somos cidadãos dos céus, donde também esperamos o Salvador, nosso senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de miséria e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de submeter a si todas as coisas 20. O Senhor transformará o nosso corpo débil e sujeito à doença, à morte e à corrupção, num corpo glorioso. Não temos o direito de desprezá-lo, como também não temos o direito de exaltá-lo como se fosse a única realidade no homem. Devemos dominá-lo mediante a mortificação porque, em conseqüência da desordem produzida pelo pecado original, tende sempre a atraiçoar-nos 21.
É novamente São Paulo quem nos exorta: Fostes comprados por um grande preço. Glorificai, pois, e trazei a Deus no vosso corpo 22. E comenta a este respeito o Papa João Paulo II: “A pureza como virtude, quer dizer, como capacidade de manter o corpo em santidade e respeito(cfr. 1 Tess 4, 4), aliada ao dom da piedade, como fruto da inabitação do Espírito Santo no templo do corpo, realiza nele uma plenitude de dignidade tão grande nas relações interpessoais, que o próprio Deus é glorificado nele. A pureza é glória do corpo humano diante de Deus. É a glória de Deus no corpo humano” 23.
A nossa Mãe Santa Maria, que subiu ao Céu em corpo e alma, recordar-nos-á a cada momento que o nosso corpo também foi feito para dar glória a Deus, aqui na terra e no Céu por toda a eternidade.
(1) 2 Mac 7, 1-2; 9-14; (2) cfr. J. Dheilly, Diccionario biblico, verbete Saduceus, pág. 921; (3) Lc 20, 27-38; (4) cfr. Deut 25, 5; (5) Êx 3, 2; 6; (6) cfr. Sagrada Bíblia, Santos Evangelhos, nota a Lc 20, 27-40; (7) Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, Carta sobre algumas questões referentes à escatologia, 17.05.79; (8) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 177; (9) cfr. Rom 5, 12; (10) cfr. São João Damasceno, Sobre a fé ortodoxa, 27; (11) cfr. J. Ibañez-F. Mendoza, La fe divina y católica de la Iglesia, Magisterio Español, Madrid, 1978, ns. 7, 216 e 779; (12) ibid.; (13) São Cirilo de Jerusalém, Catequese, IV, 18; (14) 1 Cor 6, 19; (15) cfr. Ronald A. Knox, El torrente oculto, Rialp, Madrid, 1956, pág. 346; (16) São Cirilo de Jerusalém, Catequese, 25; (17) Tertuliano, Sobre a ressurreição, 63; (18) João Paulo II, Carta Encíclica Redemptor hominis, 4.03.79, 13; (19) São Tomás de Aquino, Comentário à Epístola aos Romanos, 8, 5; (20) Fil 3, 21; (21) cfr. São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 196; (22) 1 Cor 6, 20; (23) João Paulo II, Audiência geral, 18.03.81.
Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal
10 de Novembro 2019
A SANTA MISSA

32º Domingo do Tempo Comum – Ano C
Cor: Verde
1ª Leitura: 2Mc 7, 1-2.9-14
“O Rei do universo ressuscitar-nos-á para a vida eterna”
Leitura do Segundo Livro dos Macabeus
Naqueles dias, 1 Aconteceu que foram presos sete irmãos, com sua mãe, aos quais o rei, por meio de golpes de chicote e de nervos de boi, quis obrigar a comer carne de porco, que lhes era proibida. 2 Um deles, tomando a palavra em nome de todos, falou assim: ‘Que pretendes? E que procuras saber de nós? Estamos prontos a morrer, antes que violar as leis de nossos pais’. 9 O segundo, prestes a dar o último suspiro, disse: ‘Tu, ó malvado, nos tiras desta vida presente. Mas o Rei do universo nos ressuscitará para uma vida eterna, a nós que morremos por suas leis’. 10 Depois deste, começaram a torturar o terceiro. Apresentou a língua logo que o intimidaram e estendeu corajosamente as mãos. 11 E disse, cheio de confiança: ‘Do Céu recebi estes membros; por causa de suas leis os desprezo, pois do Céu espero recebê-los de novo’. 12 O próprio rei e os que o acompanhavam ficaram impressionados com a coragem desse adolescente, que considerava os sofrimentos como se nada fossem. 13 Morto também este, submeteram o quarto irmão aos mesmos suplícios, desfigurando-o. 14 Estando quase a expirar, ele disse: ‘Prefiro ser morto pelos homens tendo em vista a esperança dada por Deus, que um dia nos ressuscitará. Para ti, porém, ó rei, não haverá ressurreição para a vida!’
– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 16(17), 1.5-6.8b.15
R. Ao despertar, me saciará vossa presença e verei a vossa face!
1 Ó Senhor, ouvi a minha justa causa,*
escutai-me e atendei o meu clamor!
Inclinai o vosso ouvido à minha prece,*
pois não existe falsidade nos meus lábios! R.
5 Os meus passos eu firmei na vossa estrada,*
e por isso os meus pés não vacilaram.
6 Eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis,*
inclinai o vosso ouvido e escutai-me! R.
8b Protegei-me qual dos olhos a pupila*
e guardai-me, à proteção de vossas asas.
15 Mas eu verei, justificado, a vossa face*
e ao despertar me saciará vossa presença. R.
2ª Leitura: 2Ts 2, 16 __ 3, 5
“O Senhor vos confirme em toda a boa ação e palavra.”
Leitura da Segunda Carta de São Paulo apóstolo aos Tessalonicenses
Irmãos: 16 Nosso Senhor Jesus Cristo e Deus nosso Pai, que nos amou em sua graça e nos proporcionou uma consolação eterna e feliz esperança, 17 animem os vossos corações e vos confirmem em toda boa ação e palavra. 3,1 Quanto ao mais, irmãos, rezai por nós, para que a palavra do Senhor seja divulgada e glorificada como foi entre vós. 2 Rezai também para que sejamos livres dos homens maus e perversos pois nem todos têm a fé! 3 Mas o Senhor é fiel; ele vos confirmará e vos guardará do mal. 4 O Senhor nos dá a certeza de que vós estais seguindo e sempre seguireis as nossas instruções. 5 Que o Senhor dirija os vossos corações ao amor de Deus e à firme esperança em Cristo.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Evangelho: Lc 20, 27-38 (Forma longa)
“Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos.”
– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, 27 Aproximaram-se de Jesus alguns saduceus, que negam a ressurreição, 28 e lhe perguntaram: ‘Mestre, Moisés deixou-nos escrito: se alguém tiver um irmão casado e este morrer sem filhos, deve casar-se com a viúva a fim de garantir a descendência para o seu irmão. 29 Ora, havia sete irmãos. O primeiro casou e morreu, sem deixar filhos. 30 Também o segundo 31 e o terceiro se casaram com a viúva. E assim os sete: todos morreram sem deixar filhos. 32 Por fim, morreu também a mulher. 33 Na ressurreição, ela será esposa de quem? Todos os sete estiveram casados com ela.’ 34 Jesus respondeu aos saduceus: ‘Nesta vida, os homens e as mulheres casam-se, 35 mas os que forem julgados dignos da ressurreição dos mortos e de participar da vida futura, nem eles se casam nem elas se dão em casamento; 36 e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos, serão filhos de Deus, porque ressuscitaram. 37 Que os mortos ressuscitam, Moisés também o indicou na passagem da sarça, quando chama o Senhor de ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó’. 38 Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele.’
– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor!