16 de Novembro 2019

A SANTA MISSA

32ª Semana do Tempo Comum – Sábado 
Cor: Verde

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1ª Leitura: Sb 18,14-16; 19,6-9

 “O mar Vermelho tornou-se caminho desimpedido
por onde passaram como cordeiros saltando de alegria” 

Leitura do Livro da Sabedoria.

18,14 Quando um tranquilo silêncio envolvia todas as coisas e a noite chegava ao meio de seu curso, 15 a tua palavra onipotente, vinda do alto do céu, do seu trono real, precipitou-se, como guerreiro impiedoso, no meio de uma terra condenada ao extermínio; como espada afiada, levava teu decreto irrevogável; 16 defendendo-se, encheu tudo de morte e, mesmo estando sobre a terra, ela atingia o céu. 19,6 Então, a criação inteira, obediente às tuas ordens, foi de novo remodelada em cada espécie de seres, para que teus filhos fossem preservados de todo perigo. 7 Apareceu a nuvem para dar sombra ao acampamento, e a terra enxuta surgiu onde antes era água: o mar Vermelho tornou-se caminho desimpedido, e as ondas violentas se transformaram em campo verdejante, 8 por onde passaram, como um só povo, os que eram protegidos por tua mão, contemplando coisas assombrosas. 9 Como cavalos soltos na pastagem e como cordeiros, correndo aos saltos, glorificaram-te a ti, Senhor, seu libertador.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 104(105), 2-3.36-37.42-43(R. 5a)

R. Lembrai sempre as maravilhas do Senhor!
Ou: Aleluia, Aleluia, Aleluia

Cantai, entoai salmos para ele, *
publicai todas as suas maravilhas!
Gloriai-vos em seu nome que é santo, *
exulte o coração que busca a Deus!      R.

36 Matou na própria terra os primogênitos, *
a fina flor de sua força varonil.
37 Fez sair com ouro e prata o povo eleito, *
nenhum doente se encontrava em suas tribos.       R.

42 Ele lembrou-se de seu santo juramento, *
que fizera a Abraão, seu servidor.
43 Fez sair com grande júbilo o seu povo, *
e seus eleitos, entre gritos de alegria.       R. 

Evangelho: Lc 18,1-8 

Deus fará justiça aos seus
escolhidos que gritam por ele. 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo: 1 Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir, dizendo: 2 ‘Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, e não respeitava homem algum. 3 Na mesma cidade havia uma viúva, que vinha à procura do juiz, pedindo: `Faze-me justiça contra o meu adversário!’ 4 Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: ‘Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum. 5 Mas esta viúva já me está aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha a agredir-me!” 6 E o Senhor acrescentou: ‘Escutai o que diz este juiz injusto. 7 E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? 8 Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?’

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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A Oração de Petição e a Misericórdia Divina

TEMPO COMUM. TRIGÉSIMA SEGUNDA SEMANA. SÁBADO

– A nossa confiança na oração de petição tem o seu fundamento na infinita bondade de Deus.
– Recorrer sempre à misericórdia divina.
– A intercessão da Virgem.

I. O SENHOR MOSTROU-NOS de muitas maneiras a necessidade da oração e a alegria com que acolhe as nossas preces. Ele próprio roga ao Pai para nos dar exemplo do que devemos fazer. Deus sabe bem que cada minuto da nossa existência é fruto da sua bondade, que estamos necessitados de tudo, que não temos nada. E, justamente porque nos ama com amor infinito, quer que reconheçamos a nossa dependência, pois a certeza das nossas limitações leva-nos a não nos separarmos um só instante sequer da sua proteção amorosa.

Para nos animar a esta oração de súplica, Jesus quis dar-nos todas as garantias possíveis, ao mesmo tempo que nos mostrava as condições a que devem obedecer sempre as nossas preces. O Evangelho da Missa fala-nos de uma viúva que clamava sem cessar perante um juiz iníquo; este resistia a atendê-la1, mas, pela insistência da mulher, acabou por prestar-lhe ouvidos. Deus aparece na parábola em contraste com o juiz. E Deus não fará justiça aos seus escolhidos que clamam a ele dia e noite, e tardará em socorrê-los? Se esse juiz que era injusto e iníquo decidiu finalmente fazer justiça, o que não fará Aquele que é infinitamente bom, justo e misericordioso?

Este é o tema central da parábola: a misericórdia divina ante a indigência dos homens. A atitude do juiz foi desde o princípio de resistência à viúva, mas a de Deus, pelo contrário, é sempre paternal e acolhedora. Por outro lado, as razões que levaram o juiz a atender a viúva eram superficiais e pouco consistentes. Por fim disse de si para si: Ainda que eu não tema a Deus nem respeite os homens, no entanto, visto que esta viúva me importuna, far-lhe-ei justiça, para que não continue a atormentar-me. A “razão” de Deus, pelo contrário, é o seu amor infinito.

Jesus conclui assim a parábola: Prestai atenção ao que diz este juiz iníquo. E Deus não fará justiça aos seus escolhidos que clamam a ele dia e noite, e tardará em socorrê-los? Santo Agostinho comenta: “Portanto, devem estar bem confiantes os que pedem a Deus com perseverança, porque Ele é a fonte da justiça e da misericórdia”2. Se a constância abranda um juiz “capaz de todos os crimes, com quanto maior razão devemos prostrar-nos e rogar ao Pai das misericórdias, que é Deus?”3

O amor dos filhos de Deus deve expressar-se na constância e na confiança, pois “se às vezes Deus tarda em dar, encarece os seus dons, mas não os nega. A consecução de algo longamente esperado é mais doce... Pede, busca, insiste. Pedindo e buscando, obténs o crescimento necessário para alcançar o dom. Deus reserva-te o que não te quer dar imediatamente para que aprendas a desejar vivamente as coisas grandes. Portanto, convém orar sempre e não desfalecer4. Não devemos desanimar nunca nas nossas súplicas a Deus.

“Meu Deus, ensina-me a amar! – Meu Deus, ensina-me a orar!”5 Ambas as coisas coincidem.

II. A ORAÇÃO PERSEVERANTE do justo pode muito6. E tem tanto poder porque pedimos em nome de Jesus7. Ele encabeça a nossa petição e atua como Mediador diante de Deus Pai8; e o Espírito Santo suscita na nossa alma a súplica, quando nem sequer sabemos o que pedir. Quem tem poder de conceder pede conosco para que sejamos atendidos: que maior segurança podemos desejar? Somente a nossa incapacidade de receber limita os dons de Deus. Como quando se vai a uma fonte com um recipiente pequeno ou esburacado.

O Senhor é compassivo e misericordioso9 com as nossas deficiências e com os nossos males. A Sagrada Escritura mostra-nos com freqüência o Senhor como Deus de misericórdia, e serve-se para isso de expressões comovedoras: Ele tem entranhas de misericórdia e ama com muita misericórdia10, como as mães... São Tomás, que insiste freqüentemente em que a onipotência divina resplandece de maneira especial na misericórdia11, ensina que ela é em Deus abundante e infinita: “Dizer que alguém é misericordioso – ensina o Santo – é como dizer que tem o coração cheio de misérias, isto é, que ante as misérias alheias experimenta a mesma sensação de tristeza que experimentaria se fossem dele mesmo; por essa razão, esforça-se por remediar a tristeza alheia como se fosse própria, e este é o efeito da misericórdia. Pois bem, não compete a Deus entristecer-se pela miséria de outro; mas remediar as misérias, entendendo por miséria um defeito qualquer, é o que mais compete a Deus”12.

Em Cristo, ensina o Papa João Paulo II, a misericórdia de Deus tornou-se particularmente visível. “Ele próprio a encarna e personifica; em certo sentido, Ele próprio é a misericórdia”13. Conhece-nos bem e tem compaixão das nossas doenças e de tantas penas que a vida não raras vezes traz consigo... “Nós – cada um de nós – somos sempre muito interesseiros; mas Deus Nosso Senhor não se importa de que, na Santa Missa, exponhamos diante dEle todas as nossas necessidades. Quem não tem coisas que pedir? Senhor, essa doença... Senhor, esta tristeza... Senhor, aquela humilhação que não sei suportar por amor de Ti...

“Queremos o bem, a felicidade e a alegria das pessoas da nossa casa; oprime-nos o coração a sorte dos que padecem fome e sede de pão e de justiça; dos que experimentam a amargura da solidão; dos que, no fim dos seus dias, não recebem um olhar de carinho nem um gesto de ajuda. Mas a grande miséria que nos faz sofrer, a grande necessidade a que queremos pôr remédio é o pecado, o afastamento de Deus, o risco de que as almas se percam por toda a eternidade”14. O estado da alma dos que convivem conosco deve ser a nossa primeira preocupação, o pedido mais urgente que elevamos diariamente ao Senhor, certos de que nos escutará.

III. O POVO CRISTÃO sentiu-se movido, ao longo dos séculos, a apresentar as suas súplicas a Deus através de Santa Maria. Em Caná da Galiléia, Nossa Senhora manifestou o seu poder de intercessão ante uma necessidade material de uns noivos que possivelmente não souberam calcular bem o número de pessoas que compareceriam à festa de bodas. O Senhor determinou que a sua hora fosse adiantada por um pedido de sua Mãe. “Na vida pública de Jesus – diz o Concílio Vaticano II –, a sua Mãe aparece significativamente já desde o começo, quando, para as núpcias em Caná da Galiléia, movida de misericórdia, conseguiu por sua intercessão o início dos sinais de Jesus”15. Desde o princípio, a obra redentora de Jesus foi acompanhada pela presença de Maria. Naquela ocasião, não só se solucionou a falta de vinho como – o Evangelista menciona-o expressamente – o milagre confirmou a fé daqueles que seguiam Jesus mais de perto. Por este modo deu Jesus princípio aos seus milagres em Caná da Galiléia, e manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele16.

A Virgem Santa Maria, sempre atenta às dificuldades e carências dos seus filhos, será o caminho por onde as nossas preces chegarão prontamente ao seu Filho. E Ela as corrigirá se estiverem um pouco desviadas. “Por que terão tanta eficácia os pedidos de Maria a Deus?”, pergunta-se Santo Afonso Maria de Ligório. E responde: “As orações dos santos são orações de servos, ao passo que as orações de Maria são orações de Mãe, de onde procede a sua eficácia e caráter de autoridade; e como Jesus ama imensamente a sua Mãe, Ela não pode pedir sem ser atendida [...].  Para conhecer bem a grande bondade de Maria, recordemo-nos do que diz o Evangelho [...]. Faltava vinho, com a conseqüente aflição dos esposos. Ninguém pediu a Santa Maria que intercedesse perante o seu Filho em favor dos consternados esposos. Contudo, o coração de Maria, que não pode deixar de se compadecer dos desgraçados [...], impeliu-a a encarregar-se por si mesma do ofício de intercessora e a pedir ao Filho o milagre, apesar de ninguém lho ter pedido [...]. Se a Senhora agiu assim sem que lho pedissem, o que teria feito se lhe tivessem pedido?”17

Hoje, um sábado que procuramos dedicar especialmente a Nossa Senhora, é uma boa ocasião para recorrermos a Ela com mais freqüência e com mais amor. “Pede à tua Mãe, Maria, a José, ao teu Anjo da Guarda..., pede-lhes que falem com o Senhor, dizendo-lhe aquilo que, pela tua rudeza, não sabes expressar”18.

(1) Lc 18, 1-8; (2) Santo Agostinho, Catena Aurea, vol. VI, pág. 295; (3) Teofilacto, Catena Aurea, vol. VI, pág. 296; (4) Santo Agostinho, Sermão 61, 6-7; (5) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Forja, n. 66; (6) Ti 5, 16; (7) cfr. Jo 15, 16; 16, 26; (8) cfr. São Cirilo de Jerusalém, Comentário ao Evangelho de São João, 16, 23-24; (9) Ti 5, 11; (10) cfr. Êx 34, 6; Joel 2, 13; Lc 1, 78; (11) cfr. São Tomás de Aquino, Suma teológica, I, q. 21, a. 4; II-II, q. 30, a. 4; (12) São Tomás de Aquino, Suma teológica, I, q. 21, a. 3; (13) João Paulo II, Carta Encíclica Dives in misericordia, 30.11.80, 2; (14) São Josemaría Escrivá, Amar a la Iglesia, 2ª ed., Palabra, Madrid, 1986, págs. 77-78; (15) Concílio Vaticano II, Constituição Lumen gentium, 58; (16) Jo 2, 11; (17) Santo Afonso Maria de Ligório, Sermões abreviados, 48; (18) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 272.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


Mãe da Divina Misericórdia

16 de Novembro

Mãe da Divina Misericórdia

A devoção a Nossa Senhora da Misericórdia tem origem no hino de louvor a Deus, que a própria Virgem Maria cantou, chamado “Magnificat”. No canto, ela agradece a Deus pela maravilha que Ele está fazendo na vida dela.  Num dos versículos deste canto, que está em Lucas 1, 50, Maria diz: “Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem.” Maria é portadora da própria misericórdia de Deus, que é Jesus, o Salvador. Por isso, o título Nossa Senhora da Misericórdia.

Por ter gerado Jesus, Misericórdia de Deus em pessoa, Maria recebeu, por volta do Século XVI, um título que entrou para a Ladainha de Nossa Senhora: “Mãe de Misericórdia”. O título entrou, também, na oração da Salve Rainha: “Salve, Rainha, Mãe de Misericórdia...” Assim, a Igreja passou a invocar a intercessão de Maria com esse título, confiando na misericórdia que ela pede a Deus em nosso favor e lembrando que, como Mãe de Misericórdia, ela é, também, corredentora em Jesus Cristo.

O Papa São João Paulo II, em sua Carta Encíclica chamada Dives in Misericordia (Sobre a Misericórdia) diz o seguinte: “Maria é aquela que conhece mais profundamente o mistério da misericórdia divina. Conhece o seu preço e sabe quanto é elevado. Neste sentido, chamamos-lhe Mãe de Misericórdia ou Mãe da Divina Misericórdia. Em cada um destes títulos há um profundo significado teológico (Dives in Misericordia, 9).

Por volta do ano 1620, na Lituânia, foi pintada a Mãe de Misericórdia. A obra foi feita a pedido da prefeitura da cidade de Vilnius. Esta imagem foi instalada sobre a porta principal da cidade murada, chamada Ostra Brama, com a intenção de proteger a cidade da invasão dos tártaros. Desde então, a devoção a Nossa Senhora da Misericórdia se espalhou pela região e pela Europa.

Em 1670, um pregador dizia: “Para entrar e sair da cidade, os homens têm que passar por esta porta. Assim, na Porta do Céu está esperando por nós Maria Santíssima. Por suas mãos passam as graças do Céu para a Terra e, por intercessão e com a ajuda dela, os homens entram no Céu.Ela é a Porta do Céu pela qual veio à terra o Dom Magnífico ‒ Eterno Filho de Deus. Não existe outra porta pela qual passem as graças do Céu, a não ser pelas mãos da Mãe de Deus. (…) A porta serve também para proteger. Portanto, a Igreja tem sua Protetora”.

Uma história impressionante

  • Em 1626, carmelitas descalços inauguraram um convento anexo à porta.
  • Em 1655, invasores russos destruíram a porta com um incêndio. A imagem, porém, permaneceu intacta e passou a ser guardada pelos carmelitas.
  • Em 1671 os carmelitas inauguram uma capela no mesmo local e a imagem volta para o local principal.
  • Em 1715, um segundo grande incêndio destrói Vilnius. A imagem, porém, foi salva e guardada na igreja de Santa Teresa, enquanto o grande portal era reconstruído no formato de capela.
  • Em 1761, os Carmelitas publicaram uma grande coletânea de milagres e graças alcançados pela intercessão de Nossa Senhora da Misericórdia. Várias graças eram de proteção da cidade.
  • Em 1773, o Papa Clemente XIV concedeu várias indulgências a quem rezasse diante dela.
  • Entre 1799 e 1802, os russos voltam a destruir a cidade. Eles poupam apenas o portal da imagem, por causa da grande reverência que o povo tinha por ela.
  • Em 02 de julho de 1927, a imagem da Mãe de Misericórdia, foi coroada canonicamente por um decreto do Papa Pio XI. Ela recebeu, então, coroas de ouro novas.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a imagem de Nossa Senhora da Misericórdia não foi tirada de seu lugar. Quando a Lituânia foi anexada pela União Soviética, os dominadores trataram de fechar todas as igrejas da capital. A única que não foi fechada foi a de Nossa Senhora da Misericórdia. Em 1993, dissolvida a URSS, o Papa São João Paulo II rezou o terço na capela, ao lado da imagem.

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br


Santo Alberto Magno

15 de Novembro

Santo Alberto Magno 

Alberto nasceu em 1206, pertencendo à poderosa e influente família Bolsadt, na Alemanha. Além desses atributos, sua família era nobre, rica, cristã e tinha uma importante tradição militar. Alberto manifestou piedade religiosa desde a infância e recebeu uma educação primorosa e aguçada.

Com apenas dezesseis anos, Alberto foi morar e estudar na Universidade de Pádua, Itália. Lá, confiou-se aos cuidados da Virgem Maria e dedicou-se aos estudos. Completou brilhantemente os estudos superiores, destacando-se em todas as ciências. Porém, tinha dificuldade em Teologia.

Santo Alberto sentia-se chamado para a vida religiosa. Porém, quase desistiu porque tinha dificuldades no estudo da teologia. Ele só não desistiu porque Nossa Senhora o fez perseverar. Sendo muito devoto da Virgem Maria, durante seus momentos de oração ela o aconselhou a perseverar apesar da dificuldade e a não desistir. Ele não desistiu e passou a perseguir a união entre ciência e fé. E dizia: "Minha intenção última está na ciência de Deus".

No ano 1229, Santo Alberto emitiu seus votos como frade dominicano pregador. A partir daí, ensinou nos principais centros culturais da Europa, como Itália, França e Alemanha. Na cidade de Paris, sua sabedoria e carisma atraíram tantos alunos e discípulos, que ele teve que dar aulas em praça pública.

Santo Alberto é, com razão, aclamado como um dos maiores sábios de todos os tempos. Dominando Filosofia e Teologia, teve como discípulo nessas matérias São Tomás de Aquino. Mas seu saber se estendia também às ciências naturais. Ele foi mestre em física, química, estudou astronomia, mineralogia, meteorologia, botânica e zoologia. Escreveu livros sobre navegação, tecelagem, agricultura. Tão espantoso acúmulo de saber não o impediu de ser um humilde Frei dominicano, piedoso e obediente.

Nomeado bispo de Regensburg, Santo Alberto revelou-se pastor cheio de zelo e exemplar. Porém, logo que foi possível, pediu dispensa dessas funções episcopais. Ele queria voltar para sua cela de humilde monge e à vida de professor na Universidade de Colônia. Mais tarde passou a ser chamado de Doutor Universal. Grande teólogo e filósofo, ele dedicou sua vida à busca do encontro entre ciência e fé. Por outro lado, destacou-se pela humildade e caridade.

Estando Santo Alberto perto de completar setenta anos, o papa Urbano IV o incumbiu de liderar as cruzadas que aconteciam na Alemanha e na Boêmia. No ano 1274, teve participação importantíssima e decisiva na aproximação e união efetiva entre a Igreja grega e a latina. Isso aconteceu no segundo Concílio de Lyon, na França.

Três anos antes de falecer, santo Alberto Magno começou a apresentar perda de memória. Prevendo, talvez, perder o domínio de si, mandou construir seu próprio túmulo. Desde então, passou a rezar o ofício dos mortos diariamente. Assim, faleceu serenamente. Era o dia 15 de novembro de 1280. O papa Pio XI celebrou sua canonização e deu a ele o título de doutor da Igreja em 1931. Em 1941, o papa Pio XII deu a ele o título de Padroeiro dos estudiosos das ciências naturais.

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br


15 de Novembro 2019

A SANTA MISSA

32ª Semana do Tempo Comum – Sexta-feira 
Cor: Verde

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1ª Leitura: Sb 13,1-9

 “Se chegaram a tão vasta ciência, a ponto de investigarem o universo,
como é que não encontraram mais facilmente o seu Senhor?”

Leitura do Livro da Sabedoria

1 São insensatos por natureza todos os homens que ignoram a Deus, os que, partindo dos bens visíveis, não foram capazes de conhecer aquele que é; nem tampouco, pela consideração das obras, chegaram a reconhecer o Artífice. 2 Tomaram por deuses, por governadores do mundo, o fogo e o vento, o ar fugidio, o giro das estrelas, a água impetuosa, os luzeiros do dia. 3 Se, encantados por sua beleza, tomaram estas criaturas por deuses, reconheçam quanto o seu Senhor está acima delas: pois foi o autor da beleza quem as criou. 4 Se ficaram maravilhados com o seu poder e a sua atividade, concluam daí quanto mais poderoso é aquele que as formou: 5 de fato, partindo da grandeza e da beleza das criaturas, pode-se chegar a ver, por analogia, aquele que as criou. 6 Contudo, estes merecem menor repreensão: talvez se tenham extraviado procurando a Deus e querendo encontrá-lo. 7 Com efeito, vivendo entre as obras dele, põem-se a procurá-lo, mas deixam-se seduzir pela aparência, pois é belo aquilo que se vê! 8 Mesmo assim, nem a estes se pode perdoar: 9 porque, se chegaram a tão vasta ciência, a ponto de investigarem o universo, como é que não encontraram mais facilmente o seu Senhor?

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 18(19), 2-3.4-5(R. 2a)

R. Os céus proclamam a glória do Senhor!

Os céus proclamam a glória do Senhor, *
e o firmamento, a obra de suas mãos;
o dia ao dia transmite esta mensagem, *
a noite à noite publica esta notícia.       R.

4 Não são discursos nem frases ou palavras, *
nem são vozes que possam ser ouvidas;
5 seu som ressoa e se espalha em toda a terra, *
chega aos confins do universo a sua voz.        R. 

Evangelho: Lc 17,26-37 

“O mesmo acontecerá no dia em que o Filho do Homem for revelado”. 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 26 Como aconteceu nos dias de Noé, assim também acontecerá nos dias do Filho do Homem. 27 Eles comiam, bebiam, casavam-se e se davam em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca. Então chegou o dilúvio e fez morrer todos eles. 28 Acontecerá como nos dias de Ló: comiam e bebiam, compravam e vendiam, plantavam e construíam. 29 Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma, Deus fez chover fogo e enxofre do céu e fez morrer todos. 30 O mesmo acontecerá no dia em que o Filho do Homem for revelado. 31 Nesse dia, quem estiver no terraço, não desça para apanhar os bens que estão em sua casa. E quem estiver nos campos não volte para trás. 32 Lembrai-vos da mulher de Ló. 33 Quem procura ganhar a sua vida, vai perdê-la; e quem a perde, vai conservá-la. 34 Eu vos digo: nessa noite, dois estarão numa cama; um será tomado e o outro será deixado. 35 Duas mulheres estarão moendo juntas; uma será tomada e a outra será deixada. 36 Dois homens estarão no campo; um será levado e o outro será deixado.’ 37 Os discípulos perguntaram: ‘Senhor, onde acontecerá isso?’ Jesus respondeu: ‘Onde estiver o cadáver, aí se reunirão os abutres.’

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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O sentido cristão da morte

TEMPO COMUM. TRIGÉSIMA SEGUNDA SEMANA. SEXTA-FEIRA

– Não podemos viver de costas para esse momento supremo. Preparamo-nos dia a dia.
– A morte adquire um novo sentido com a Morte e Ressurreição de Cristo.
– Lições que a morte nos dá para a vida.

I. O EVANGELHO DA MISSA1 fala-nos da segunda vinda de Cristo à terra, que será inesperada. Assim como o relâmpago brilha de um extremo ao outro do céu, assim será o dia do Filho do homem. Neste discurso do Senhor, interpõem-se diversos planos de acontecimentos, e em todos eles se faz finca-pé na súbita chegada de Jesus glorioso no fim dos tempos.

Os discípulos, levados por uma curiosidade natural, perguntam onde e como terão lugar esses acontecimentos que acabam de ouvir. O Senhor responde-lhes com um provérbio certamente conhecido por eles: Onde quer que esteja o corpo, aí se juntarão as águias. Jesus quer dizer que, com a mesma rapidez com que as aves de rapina se dirigem para a presa, assim será o encontro do Filho de Deus com o mundo no fim dos tempos e com cada homem no fim dos seus dias. Porque sabeis muito bem – escreve São Paulo aos primeiros cristãos de Tessalônica – que o dia do Senhor virá como um ladrão durante a noite2. É mais um apelo à vigilância, a fim de que não vivamos de costas para esse dia definitivo – o dia do Senhor – em que finalmente veremos Deus face a face. Santo Agostinho, comentando esta passagem do Evangelho, ensina que estas coisas permanecem ocultas para que estejamos sempre preparados3.

Em alguns ambientes, não é fácil falar da morte; parece um assunto desagradável, até de mau gosto. No entanto, é o acontecimento que ilumina toda a vida, e a Igreja convida-nos a meditá-lo: precisamente para que esse momento supremo não nos encontre desprevenidos. O modo pagão de pensar e de viver de muitas pessoas – mesmo de algumas que se dizem cristãs – leva-as a tentar apagar os sinais indicadores de que caminhamos a passos largos para um fim.

E tomam essa atitude porque ignoram o verdadeiro sentido da morte. Ao invés de considerá-la como uma “amiga” ou mesmo como uma “irmã”4, encaram-na como uma catástrofe, a grande catástrofe que um dia deitará por terra os planos e aspirações em que concentraram todo o sentido da vida; portanto – pensam –, é preciso ignorá-la, como se não nos afetasse pessoalmente. Ao invés de vê-la como na realidade é – a chave da felicidade plena –, consideram-na como o fim do bem-estar que tanto custa conseguir aqui em baixo. Na sua falta de fé operativa e prática, ignoram que o homem continuará a existir, ainda que tenha de “mudar de casa”5. Como a liturgia nos recorda freqüentemente, a vida não é tirada, mas transformada6.

Para o cristão, a morte é o fim de uma curta peregrinação e a chegada à meta definitiva, para a qual se preparou dia a dia7, pondo toda a alma nas tarefas cotidianas mediante as quais e através das quais conquistará o Céu. Por isso, esse momento não chegará para ele como o ladrão na noite, porque conta serenamente com esse encontro definitivo com o seu Senhor. Sabe bem que a morte “é uma passagem e uma mudança para a eternidade, depois de percorrer este caminho temporal”8.

Contudo, “se alguma vez te intranqüilizas com o pensamento da nossa irmã a morte – porque te vês tão pouca coisa! –, anima-te e considera: que será esse Céu que nos espera, quando toda a formosura e grandeza, toda a felicidade e Amor infinitos de Deus se derramarem sobre o pobre vaso de barro que é a criatura humana, e a saciarem eternamente, sempre com a novidade de uma ventura nova?”9

II. A SAGRADA ESCRITURA ensina expressamente que Deus não fez a morte nem se alegra com a perdição dos vivos10. Antes do pecado original, não existia a morte, tal e como hoje a conhecemos, com esse sentido doloroso e difícil com que tantas vezes a temos visto, talvez de perto. A rebelião do primeiro homem trouxe consigo a perda dos dons extraordinários que Deus lhe tinha concedido ao criá-lo. E assim, agora, para chegarmos à casa do Pai, nossa morada definitiva, temos que atravessar essa porta: é a passagem deste mundo para o Pai11. A desobediência de Adão acarretou, junto com a perda da amizade com Deus, a perda do dom gratuito da imortalidade.

Mas Jesus Cristo destruiu a morte e iluminou a vida12, tirou-lhe a sua maldade essencial, o aguilhão, o veneno; e graças a Ele, adquire um novo sentido; converte-se na passagem para uma Vida nova. A vitória do Senhor transmite-se a todos os que crêem nEle e participam da sua Vida. Eu sou – afirmou o Mestre – a ressurreição e a vida; o que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo o que vive e crê em mim, não morrerá eternamente13. Ainda que a morte seja inimiga do homem na sua vida natural, em Cristo converte-se em “amiga” e “irmã”. Ainda que o homem seja derrotado por esse inimigo, acaba por ser vencedor, porque mediante a morte adquire a plenitude da Vida.

Entende-se bem que, para uma sociedade que tem como fim quase exclusivo, ou exclusivo, os bens materiais, a morte continue a ser o fracasso total, o último inimigo que acaba de um só golpe com tudo o que deu sentido ao seu viver: prazer, glória humana, ânsia desordenada de bem-estar material... Os que têm espírito pagão continuam a viver como se Cristo não tivesse realizado a Redenção, transformando completamente o sentido da dor, do fracasso e da morte.

A morte dos pecadores é péssima14, afirma a Sagrada Escritura; mas aos olhos do Senhor, a morte dos seus santos é preciosa15. Neste mesmo sentido, a Igreja já nos primeiros tempos celebrava o dia da morte dos mártires e dos santos como um dia de alegria; era o dies natalis, o dia do nascimento para uma nova Vida, para uma felicidade sem fim, o dia em que passavam a contemplar radiantes o rosto de Jesus. Bem-aventurados os mortos que morrem no Senhor, recorda-nos o Apocalipse. De hoje em diante, diz o Espírito, que descansem dos seus trabalhos, porque as suas obras os acompanham16.

Não só eles próprios serão premiados pela sua fidelidade a Cristo, mesmo nas coisas mais pequenas – até um copo de água dado por Cristo receberá a sua recompensa17 –, mas também, como ensina a Igreja, com eles permanecerão de algum modo “os valores da dignidade humana, da comunidade fraterna e da liberdade, todos esses bons frutos da natureza e do nosso trabalho [...], limpos contudo de toda a impureza, iluminados e transfigurados, quando Cristo entregar ao Pai o reino eterno e universal”18. Todas as outras coisas se perderão: voltarão à terra e ao esquecimento... As suas boas obras os acompanham.

III. A MORTE DÁ LIÇÕES para a vida. Ensina-nos a viver com o necessário, desprendidos dos bens que usamos, mas que dentro de um tempo teremos que deixar; levaremos conosco, para sempre, o mérito das nossas boas obras.

Ensina-nos também a aproveitar bem cada dia. Carpe diem19, goza do presente, diziam os antigos; e nós, com sentido cristão, podemos dar a essas palavras uma nova orientação: aproveitemos gozosamente cada dia como se fosse o único, sabendo que nunca mais se repetirá. Hoje, no momento do exame de consciência, teremos uma grande alegria ao pensarmos nas jaculatórias, nos atos de amor ao Senhor, no trato com o Anjo da Guarda, nos favores aos outros, nos pequenos serviços, nas vitórias no cumprimento do dever, talvez na paciência..., que fomos acumulando ao longo das horas e que o Senhor converteu em jóias preciosas para a eternidade. Não deixemos escapar estes dias, numerados e contados, que nos faltam para chegarmos ao fim do caminho.

A incerteza do momento do nosso encontro definitivo com Deus anima-nos a estar vigilantes, como quem aguarda a chegada do seu Senhor20, cuidando com esmero do exame de consciência, com contrição verdadeira pelas fraquezas desse dia; aproveitando bem a Confissão freqüente para limpar a alma mesmo dos pecados veniais e das faltas de amor. A lembrança da morte ajuda-nos a trabalhar com mais empenho na tarefa da santificação pessoal, vivendo com prudência; não como insensatos, mas como circunspectos, redimindo o tempo21, recuperando tantos dias e tantas oportunidades perdidas. Às vezes, pode acontecer-nos o que escreveu o clássico: “Não é que tenhamos pouco tempo, é que temo-lo perdido muito”22. Aproveitemos o que nos resta.

Devemos desejar viver muito tempo, para prestar maiores serviços a Deus, para nos apresentarmos diante do Senhor com as mãos mais cheias..., e porque amamos a vida, que é um presente de Deus. E quando chegar o nosso encontro com o Senhor, até esses últimos instantes nos deverão servir para purificarmos a nossa vida e para nos oferecermos a Deus Pai com um ato de amor. Para esse transe, Santo Inácio escreveu: “Como em toda a vida, assim também na morte, e muito mais, deve cada um [...] esforçar-se e procurar que Deus Nosso Senhor seja nela glorificado e servido e os próximos edificados, ao menos com o exemplo da sua paciência e fortaleza, com fé viva, esperança e amor dos bens eternos...”23 O último instante aqui na terra deve ser também para a glória de Deus.

Que alegria experimentaremos então por todo o esforço que tivermos posto em dar a vida pelo Senhor!: o trabalho oferecido, as pessoas que fomos procurando aproximar do sacramento da Confissão, os mil pequenos pormenores de serviço prestados aos que trabalhavam conosco, a alegria que transmitimos à família...

Depois de termos deixado aqui frutos que perduram até à vida eterna, partiremos. E poderemos dizer com o poeta:

"O meu amor deixou a margem
e na corrente canta.
Não voltou à ribeira,
pois o seu amor era a água24.

A água viva que é Jesus Cristo.

(1) Lc 17, 26-37; (2) 1 Tess 5, 2; (3) cfr. Santo Agostinho, Comentário ao Salmo 120, 3; (4) cfr. São Josemaría Escrivá, Caminho, ns. 735 e 739; (5) cfr. ibid., n. 744; (6) Missal Romano, Prefácio de defuntos; (7) cfr. Candido Pozo, Teología del más allá, BAC, Madrid, 1980, págs. 468 e segs.; (8) São Cipriano, Tratado sobre a mortalidade, 22; (9) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 891; (10) Sab 1, 13; (11) Jo 13, 1; (12) 2 Tim 1, 10; (13) Jo 11, 25; (14) Sl 33, 22; (15) Sl 115, 15; (16) Apoc 14, 13; (17) Mt 10, 42; (18) Concílio Vaticano II, Constituição Gaudium et spes, n. 39; (19) Horácio, Odes, 1, 11, 7; (20) cfr. Lc 12, 35-42; (21) Ef 5, 15-16; (22) Sêneca, De brevitate vitae, 1, 3; (23) Santo Inácio de Loyola, Constituições S. I., c. 4, n. 1; (24) B. Llorens, Secreta fuente, Rialp, Madrid, 1948, pág. 86.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


14 de Novembro 2019

A SANTA MISSA

32ª Semana do Tempo Comum – Quinta-feira 
Cor: Verde

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1ª Leitura: Sb 7, 22 – 8, 1

“A Sabedoria é um reflexo da luz eterna
e espelho sem mancha da atividade de Deus”

Leitura do Livro da Sabedoria

22 Na Sabedoria há um espírito inteligente, santo, único, múltiplo, sutil, móvel, perspicaz, imaculado, lúcido, invulnerável, amante do bem, penetrante, 23 desimpedido, benfazejo, amigo dos homens, constante, seguro, sem inquietação, que tudo pode, que tudo supervisiona, que penetra todos os espíritos, os inteligentes, os puros, os mais sutis. 24 Pois a Sabedoria é mais ágil que qualquer movimento, e atravessa e penetra tudo por causa da sua pureza. 25 Ela é um sopro do poder de Deus, uma emanação pura da glória do Todo-poderoso; por isso, nada de impuro pode introduzir-se nela: 26 ela é um reflexo da luz eterna, espelho sem mancha da atividade de Deus e imagem da sua bondade. 27 Sendo única, tudo pode; permanecendo imutável, renova tudo; e comunicando-se às almas santas de geração em geração, forma os amigos de Deus e os profetas. 28 Pois Deus ama tão somente aquele que vive com a Sabedoria. 29 De fato, ela é mais bela que o sol e supera todas as constelações; comparada à luz, ela tem a primazia: 30 pois a luz cede lugar à noite, ao passo que, contra a Sabedoria, o mal não prevalece. 8,1 Ela se estende com vigor de uma extremidade à outra da terra e com suavidade governa todas as coisas.

– Palavra do Senhor
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl118(119), 89.90.91.130.135.175(R. 89a)

R. É eterna, ó Senhor, vossa palavra!

89 É eterna, ó Senhor, vossa palavra, *
ela é tão firme e estável como o céu. R.

90 De geração em geração, vossa verdade *
permanece como a terra que firmastes.      R.

91 Porque mandastes, tudo existe até agora; *
todas as coisas, ó Senhor, vos obedecem!       R.

130 Vossa palavra, ao revelar-se, me ilumina, *
ela dá sabedoria aos pequeninos.      R.

135 Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo, *
e ensinai-me vossas leis e mandamentos!      R.

175 Possa eu viver e para sempre vos louvar; *
e que me ajudem, ó Senhor, vossos conselhos!       R. 

Evangelho: Lc 17,20-25 

O Reino de Deus está entre vós. 

– O Senhor esteja convosco
– Ele está no meio de nós.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo: 20 Os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu: ‘O Reino de Deus não vem ostensivamente. 21 Nem se poderá dizer: ‘Está aqui’ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós.’ 22 E Jesus disse aos discípulos: ‘Dias virão em que desejareis ver um só dia do Filho do Homem e não podereis ver. 23 As pessoas vos dirão: ‘Ele está ali’ ou ‘Ele está aqui’. Não deveis ir, nem correr atrás. 24 Pois, como o relâmpago brilha de um lado até ao outro do céu, assim também será o Filho do Homem, no seu dia. 25 Antes, porém, ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração.

– Palavra da Salvação
– Glória a vós, Senhor! 

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Todos os Santos Carmelitas

14 de Novembro

Todos os Santos Carmelitas

Deus vestiu o Monte do Carmo com arroios de água, fontes cristalinas, árvores frondosas, plantas e flores maravilhosas, ao mesmo tempo que adornou a Montanha espiritual com Profetas, Apóstolos, Mártires, Confessores, Eremitas e Doutores; quais açucenas imaculadas enchem os vales do Carmelo com o suave perfume da sua santidade.

Os Santos do Carmo são uma grande multidão de irmãos que consagraram a sua vida a Deus, seguindo o caminho de Cristo, nos braços da Virgem Maria em oração constante e amor aos irmãos, a ponto de muitos terem bordado com o vermelho do seu sangue a branca capa do hábito da Mãe do Carmo, entregando a sua vida como mártires do Evangelho.

Eremitas no Monte Carmelo, mendicantes na Idade Média, missionários e evangelizadores nas descobertas, mestres e pregadores nas universidades, religiosas que enriqueceram o povo com a misteriosa fecundidade da sua vida contemplativa, apostólica e orante, leigos que nas suas vidas souberam incarnar com sabedoria a suavidade do espírito do Carmelo. Esta é a grande família do Carmo que, enquanto peregrina, se dedicou à oração constante e à caridade permanente, e, tendo terminado a sua prova, nos deixou o exemplo. Agora, os nossos irmãos, os santos do Carmo, chamam-nos enquanto cantam sem cessar ao Cordeiro Imaculado, vestidos de capas brancas.

Contemplamos hoje está multidão imensa de quantos Deus conduziu à Montanha Santa do Carmo para lhes fazer saborear, já nesta pátria passageira, as delícias da oração, o gozo da vida do Céu e os inumeráveis frutos da árvore da Vida.

Que o exemplo de todos estes santos seja para nós um estímulo a vivermos inebriados pelo espírito do Carmo no seguimento de Cristo e na imitação da nossa Rainha, Mãe e Irmã, a Flor do Carmelo. Padroeira, Esperança e Estrela dos Carmelitas que já reinam no Céu e dos que ainda peregrinamos na terra.

Fonte: fradescarmelitas.org.br


Como uma Cidade amuralhada

TEMPO COMUM. TRIGÉSIMA SEGUNDA SEMANA. QUINTA-FEIRA

– A caridade entre os primeiros cristãos.
– Fortaleza transmitida pela caridade.
– Virtudes anexas à caridade.

I. UMA DAS LEITURAS da Missa de hoje é um trecho da Epístola a Filêmon, a mais breve que São Paulo escreveu e uma das mais comoventes. É uma Carta familiar enviada a um cristão de Colossos acerca de um seu escravo fugitivo, Onésimo, posteriormente convertido à fé em Roma pelo zelo do Apóstolo. É mais uma amostra, por outro lado, do espírito universal do cristianismo primitivo, que acolhia no seu seio pessoas abastadas, como Filêmon, ou escravos, como Onésimo. Assim o sublinha São João Crisóstomo: “Áquila exercia a sua profissão manual; a vendedora de púrpura dirigia a sua oficina; outro era guarda de uma prisão; outro centurião, como Cornélio; outro doente, como Timóteo; outro, Onésimo, era escravo e fugitivo; e no entanto nada disso foi obstáculo, e todos brilharam pela sua santidade: homens e mulheres, jovens e velhos, escravos e livres, soldados e civis”1.

É possível que, a princípio, São Paulo pensasse em reter Onésimo em Roma a fim de que o ajudasse2, mas depois mudou de parecer e decidiu devolvê-lo a Filêmon, a quem escreve para que o acolha como um irmão na fé. O tom utilizado pelo Apóstolo não é o de uma ordem, ainda que o pudesse fazer pela autoridade que tinha, mas de súplica humilde em nome da caridade. A súplica revela o grande coração de Paulo: Eu, Paulo, já velho e agora prisioneiro de Cristo Jesus, suplico-te pelo meu filho Onésimo, que gerei entre cadeias, outrora inútil para ti, mas agora útil para ti e para mim. Eu to devolvo, e tu recebe-o como se fosse o meu próprio coração. Quereria retê-lo comigo, para que me servisse em teu lugar na minha prisão pelo Evangelho3.

Se em outro tempo o escravo fora inútil para o seu amo, pois fugira, agora será útil. O jogo de palavras empregado pelo Apóstolo prende-se com o nome Onésimo (= útil), como se quisesse dizer que, se antes Onésimo não tinha honrado o seu nome, agora sim; mais ainda, não só passava a ser útil ao Apóstolo, mas também ao próprio Filêmon, que devia recebê-lo como se se tratasse do próprio Paulo em pessoa: Se me tens por amigo, recebe-o como a mim4. “Vede Paulo escrevendo a favor de Onésimo, um escravo fugitivo – diz São João Crisóstomo –: não se envergonha de chamá-lo seu filho, suas próprias entranhas, seu irmão, seu bem-amado. Que diria eu? Jesus Cristo abaixou-se até tomar por irmãos os nossos escravos. Se são irmãos de Jesus Cristo, também o são nossos”5.

As palavras do Apóstolo cobram toda a sua força por terem sido escritas numa época bem conhecida pelo pouco ou nenhum apreço em que se tinham os escravos. Foi sobre esse pano de fundo que se viveu a caridade, com tal vigor que se compreende que os primeiros cristãos assombrassem o mundo. Se isto foi o que fizeram os primeiros cristãos, havemos nós de excluir do nosso trato e da nossa amizade seja quem for, por razões sociais, de raça, de educação...?

Com bom humor e com um grande afeto, o Apóstolo diz a Filêmon: Se em alguma coisa te prejudicou ou te deve alguma coisa, passa-o para a minha conta. Eu, Paulo – escrevo-o do meu próprio punho –, eu to pagarei, para não te dizer que me deves a tua própria pessoa... Recorda-lhe que, se fossem fazer as contas a sério, o Apóstolo sairia ganhando, já que Filêmon devia a Paulo o dom mais precioso que possuía: a sua condição de cristão.

Nós temos de aprender daqueles primeiros cristãos a viver a caridade com a profundidade com que eles a levaram à prática, especialmente com os nossos irmãos na fé – este é o nosso primeiro apostolado –, para que perseverem nela, e com os que se encontram longe de Cristo, para que através do nosso afeto se aproximem dEle e o sigam.

II. FRATER QUI ADJUVATUR a fratre quasi civitas firma6. O irmão ajudado pelo seu irmão é tão forte como uma cidade amuralhada, lemos no Livro dos Provérbios. Naqueles primeiros tempos, em que se acumulavam tantas dificuldades externas, a fraternidade era a melhor defesa contra todos os inimigos. Levai os fardos uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo7, exortava São Paulo aos Gálatas.

A caridade bem vivida torna-nos fortes e seguros como uma cidade amuralhada, como uma praça forte inexpugnável a todos os ataques.

A nossa disposição perante os outros, quando os vemos esgotados, sobrecarregados de trabalho e de dificuldades, deve ser sempre a de ajudá-los a carregar esses fardos, muitas vezes tão pesados.

Santo Inácio de Antioquia aconselhava ao seu discípulo São Policarpo: “Carrega sobre ti, como perfeito atleta de Cristo, as enfermidades de todos”8.

Trata-se de uma responsabilidade que recai sobre todos os cristãos. Cada um de nós deve estar sempre atento às necessidades dos outros, e muito especialmente daqueles que o Senhor nos confiou. “Estes são os teus servos meus irmãos, meus senhores – escreve Santo Agostinho –, que Tu quiseste que fossem teus filhos, meus senhores, e a quem mandaste que servisse se queria viver contigo de Ti”9. A preocupação por ajudar os outros tirar-nos-á da excessiva preocupação por nós mesmos e dilatará o nosso coração. Nem a falta de tempo, nem o excesso de responsabilidades, nem o temor de complicar a vida poderão justificar as nossas omissões nesta virtude.

Quem vive bem a caridade adquire uma grande fortaleza à hora de enfrentar obstáculos muitas vezes semelhantes aos que afligiram os primeiros cristãos. Temos de chegar a Deus bem unidos na fé, guardando-nos uns aos outros, sem deixar que ninguém sinta a dureza da solidão nos momentos mais difíceis: “Se uma cidade se defende, e se cinge com muros fortes, e se protege por todos os lados com uma atenta vigilância, mas um só ponto fica sem defesa por negligência, por ali sem dúvida entrará o inimigo”10. Não excetuemos ninguém dos nossos desvelos.

Com a ajuda dos outros, seremos cidade amuralhada, praça forte11, e chegaremos aonde sozinhos não poderíamos chegar, resistiremos mais e melhor às dificuldades que se apresentam no caminho, pois – como diz a Escritura – o cordão de três fios dificilmente se quebra12. A caridade é a nossa fortaleza. “«Frater qui adjuvatur a fratre quasi civitas firma» – O irmão ajudado por seu irmão é tão forte quanto uma cidade amuralhada. – Pensa um pouco e decide-te a viver a fraternidade que sempre te recomendo”13.

III. SÃO PAULO NÃO CHEGOU a pedir diretamente a Filêmon a liberdade de Onésimo, mas insinua-lhe com grande delicadeza que lha conceda, sem tirar mérito à sua livre decisão. Faz-lhe notar a generosidade que teve com ele, para que tenha os mesmos sentimentos para com o seu escravo, agora seu irmão na fé. Acaba com estas palavras: Sei que farás mais do que te digo. “É a repetição do mesmo testemunho que lhe tinha manifestado no princípio da sua carta – comenta São João Crisóstomo –: Sabendo que farás mais do que te digo. É impossível imaginar nada mais persuasivo; nenhuma outra razão mais convincente do que esta terna estima que Paulo lhe manifesta, de modo que Filêmon não poderia resistir a esse pedido”14. É a delicadeza de quem sabe pedir apoiado numa profunda amizade que tem como último fundamento a fé em Cristo.

A caridade implica uma série de virtudes conexas que são ao mesmo tempo a sua manifestação, apoio e defesa: a lealdade, a gratidão, o respeito mútuo, a amizade, a deferência, a afabilidade, a delicadeza no trato... Viver bem o mandamento do Senhor exige-nos muitas vezes que dominemos o estado de ânimo, que fomentemos a serenidade, o otimismo.

Pelo contrário, os tons ásperos e intemperantes, as faltas de educação, as impaciências, o juízo negativo sobre os outros, o descuido na linguagem... costumam revelar ausência de finura interior, de vida sobrenatural, de união com Deus, da qual procede a caridade com os homens. São João deixou-nos um resumo daquilo que deve ser a nossa vida: Nisto conhecemos o amor de Deus, em que ele deu a sua vida por nós; e nós devemos também dar a vida pelos nossos irmãos15.

Este entregar a vida pelos outros deve ser diário, no meio do trabalho, em casa e com todas as pessoas com quem nos relacionamos. Assim cumpriremos o Mandamento do Senhor: Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros16. Mediante este mandamento, “Jesus diferenciou os cristãos de todos os séculos dos demais homens que ainda não entraram na sua Igreja. Se nós, os cristãos, não manifestamos esta característica, acabaremos por confundir o mundo, perdendo a honra de ser considerados filhos de Deus.

“Em tal caso – como néscios –, não aproveitamos a arma talvez mais forte de que dispomos para dar testemunho de Deus no nosso ambiente, congelado pelo ateísmo paganizante, indiferente e supersticioso. Que o mundo possa contemplar atônito um espetáculo de concórdia fraterna e diga de nós – como dos que gloriosamente nos precederam –: Vede como se amam!17

(1) São João Crisóstomo, Homilias sobre São Mateus, 43; (2) cfr. Fil 13-1; (3) Fil 9-13; (4) cfr. Sagrada Bíblia, Epístolas do cativeiro, nota a Fil 6; (5) São João Crisóstomo, Homilia sobre a Epístola a Filêmon, 2, 15-16; (6) Prov 18, 19; (7) Gál 6, 2; (8) Santo Inácio de Antioquia, Epístola a São Policarpo, 1, 3; (9) Santo Agostinho, Confissões, 10, 4, 6; (10) São Gregório Magno, Moralia, 19, 21, 33; (11) cfr. Liturgia das Horas, Domingo IV da Quaresma, Preces das II Vésperas; (12) Eclo 4, 12; (13) Sào Josemaría Escrivá, Caminho, n. 460; (14) São João Crisóstomo, Homilias sobre a Epístola a Filêmon, 21; (15) 1 Jo 3, 16; (16) Jo 13, 34-35; (17) Chiara Lubich, Meditaciones, pág. 46.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal


Virtudes da convivência

TEMPO COMUM. TRIGÉSIMA SEGUNDA SEMANA. QUARTA-FEIRA

– O Senhor cultivou as virtudes normais da convivência.
– Gratidão. Amizade. Respeito mútuo.
– Amabilidade. Otimismo e alegria.

I. O EVANGELHO DA MISSA de hoje1 mostra a decepção de Jesus com uns leprosos que, curados por Ele, não voltaram para agradecer-lhe. Dos dez leprosos curados pela misericórdia de Jesus, apenas regressou um samaritano. Não se encontrou quem voltasse e desse glória a Deus a não ser este estrangeiro? Nota-se um certo desencanto nas palavras do Senhor. O mínimo que esses homens poderiam ter feito era agradecer um dom tão grande.

Jesus comove-se perante o reconhecimento das pessoas e dói-se do egoísta que só sabe receber. A gratidão é sinal de nobreza e constitui um dos pilares da convivência humana, pois são inumeráveis os benefícios que recebemos e também os que proporcionamos aos outros. São Beda diz que foi precisamente a gratidão que salvou o samaritano2.

Jesus não foi indiferente aos pormenores de educação que se têm entre os homens e que expressam a qualidade e a delicadeza interior das pessoas. Assim o manifestou diante de Simão, o fariseu, que não teve com Ele as atenções exigidas habitualmente pela hospitalidade. Com a sua vida e com a sua pregação, revelou apreço pela amizade, pela amabilidade, pela temperança, pelo amor à verdade, pela compreensão, pela lealdade, pela laboriosidade... São numerosos os exemplos e parábolas que refletem o grande valor que o Senhor deu a essas virtudes. E forma os Apóstolos não só nas virtudes da fé e da caridade, mas também na sinceridade e na nobreza3, na ponderação do juízo4, etc. Considera tão importantes essas virtudes humanas que chegará a dizer-lhes: Se vos tenho falado das coisas terrenas e não me acreditais, como acreditareis se vos falar das celestes?5 Cristo, perfeito Deus e perfeito homem6, dá-nos exemplo desse conjunto de qualidades bem entrelaçadas que qualquer homem deve viver nas suas relações com Deus, com os seus semelhantes e consigo próprio. DEle pôde-se proclamar: Bene omnia fecit7, fez bem todas as coisas; não somente os milagres por meio dos quais manifestou a sua onipotência divina, mas também as ações que compõem a vida corrente. O mesmo se deveria poder afirmar de cada um de nós, que queremos segui-lo no meio do mundo.

II. SÃO PAULO, numa das leituras da Missa8, exorta-nos também a viver as virtudes humanas: Recorda-lhes – escreve a Tito – [...] que estejam prontos para toda a boa obra; que não falem mal de ninguém nem sejam questionadores; que sejam afáveis e mostrem uma perfeita mansidão para com todos os homens.

Estas virtudes tornam mais grata e fácil a vida cotidiana: família, trabalho, relacionamento...; preparam a alma para estar mais perto de Deus e para viver as virtudes sobrenaturais. O cristão sabe converter os múltiplos pormenores desses hábitos humanos em outros tantos atos da virtude da caridade, ao praticá-los também por amor a Deus. A caridade transforma essas virtudes em hábitos firmes, situando-as num horizonte mais elevado.

Dentre as virtudes humanas relacionadas com a convivência diária, destaca-se a própria gratidão, que é a lembrança afetuosa de um benefício recebido, com o desejo de retribuí-lo de alguma maneira. Haverá ocasiões em que somente poderemos dizer obrigado ou coisa parecida. Mas isso basta, se soubermos pôr nessa única palavra todo o nosso sentimento e alegria.

São Tomás afirma que “a própria ordem natural requer que quem recebeu um favor responda com gratidão a quem o beneficiou”9. Custa muito pouco ser agradecido, e o bem que se faz é enorme: cria-se um ambiente novo, umas relações cordiais. E à medida que aumentamos a nossa capacidade de apreciar os favores e pequenos serviços que recebemos, sentimos a necessidade de ser habitualmente agradecidos: pela casa que está em ordem e limpa, por alguém ter fechado as janelas para que não entre a chuva, o calor ou o frio, pela roupa que está limpa e bem passada... E se vez por outra alguma coisa não está como esperávamos, saberemos desculpar, porque são muitos mais os aspectos que realmente funcionam bem. Não daremos importância a esses incidentes, e, se estiver ao nosso alcance, procuraremos suprir o esquecimento ou o pequeno desleixo sem que ninguém nos veja, sem querer dar uma lição: ordenar o que está fora de lugar, fechar ou abrir o que devia estar fechado ou aberto...

E agradeceremos os serviços que contratamos ou que nos são devidos: teremos uma palavra gentil para o subordinado que nos atende amavelmente, para o motorista de ônibus que espera uns instantes para que possamos alcançá-lo...

Entre as virtudes da convivência que devemos ampliar constantemente, encontra-se a nossa capacidade de amizade. Como seria formidável se pudéssemos chamar amigos a todas as pessoas com quem trabalhamos ou estudamos, com quem nos relacionamos, com quem convivemos diariamente! Amigos, e não só conhecidos, vizinhos, colegas ou companheiros... Isto implica o desenvolvimento, por amor a Deus e por amor aos homens, de uma série de qualidades humanas que fomentam e tornam possível a amizade: a compreensão, o espírito de colaboração, o otimismo, a lealdade... Amizade também dentro da própria família: entre os irmãos, com os filhos, com os pais. A amizade, quando é verdadeira, supera bem as diferenças de idade. E é condição, às vezes imprescindível, para a eficácia do apostolado.

Conta-se de Alexandre Magno que, estando para morrer, os seus mais próximos repetiam-lhe com insistência: “Alexandre, onde estão os teus tesouros?” “Os meus tesouros?”, perguntava Alexandre. E respondia: “No bolso dos meus amigos”. No fim da nossa vida, os nossos amigos deveriam poder dizer que partilhamos com eles sempre o melhor que tivemos.

III. OUTRA VIRTUDE que facilita ou torna possível a convivência é a amabilidade, virtude oposta ao gesto destemperado, ao mau humor, ao nervosismo e à precipitação..., que levam a atropelar os que nos rodeiam. Às vezes, traduz-se simplesmente numa palavra afetuosa, num pequeno elogio, num gesto animador que transmite confiança. “Uma palavra boa diz-se rapidamente; no entanto, às vezes torna-se difícil pronunciá-la. O cansaço detém-nos, as preocupações distraem-nos, um sentimento de frieza ou indiferença egoísta refreia-nos. E dessa forma passamos ao lado de pessoas para as quais, mesmo conhecendo-as, mal olhamos, e não percebemos quanto vêm sofrendo freqüentemente por essa sutil e esgotadora pena que provém de se sentirem ignoradas. Bastaria uma palavra cordial, um gesto afetuoso, para que algo brotasse nelas imediatamente: um sinal de atenção e de cortesia pode ser uma rajada de ar fresco numa existência fechada, oprimida pela tristeza e pelo desalento. A saudação de Maria cumulou de alegria o coração de sua prima anciã, Isabel (cfr. Lc 1, 44)”10. Assim devemos cumular de otimismo aqueles que convivem conosco.

Fazem parte da amabilidade: a benignidade, que nos leva a tratar e julgar os outros e as suas atuações de forma benigna; a indulgência perante os pequenos defeitos e erros dos outros, sem nos sentirmos na obrigação de os corrigir continuamente; a educação e urbanidade nas palavras e modos; a simpatia, a cordialidade, o elogio oportuno, que está longe de qualquer adulação... “O espírito de doçura é o verdadeiro espírito de Deus [...]. Podemos admoestar, sempre que o façamos com doçura. É preciso sentir indignação contra o mal e estar decidido a não transigir com ele; no entanto, é preciso conviver docemente com o próximo”11.

Um homem que viajava por estradas intermináveis parou o seu caminhão num bar freqüentado por outros caminhoneiros. Enquanto esperava que lhe servissem a refeição para continuar o seu caminho, um rapaz do bar trabalhava afanosamente diante dele, curvado, do outro lado do balcão. “Muito trabalho?”, disse-lhe sorrindo o viajante. O rapaz levantou a cabeça e devolveu o sorriso. Quando, meses mais tarde, o motorista passou novamente por aquele lugar, o rapaz reconheceu-o, como se houvesse entre eles uma antiga amizade. É que as pessoas – entre as quais nos contamos – têm uma velha sede de sorrisos, uma grande necessidade de que alguém lhes contagie um pouco de alegria, de estima... Todos os dias encontramos à nossa porta uma série de pessoas com quem convivemos, trabalhamos, e que esperam um breve gesto acolhedor.

Na convivência diária, a alegria, o otimismo, o apreço... abrem muitas portas que estavam a ponto de fechar-se ao diálogo, à compreensão... Não deixemos que elas se fechem: o Senhor espera que façamos um apostolado eficaz, que comuniquemos a essas pessoas o maior dom que possuímos: a amizade com Ele.

(1) Lc 17, 11-19; (2) cfr. São Beda, em Catena Aurea, vol. VI, pág. 278; (3) cfr. Mt 5, 37; (4) cfr. Jo 9, 1-3; (5) Jo 3, 12; (6) Símbolo Atanasiano; (7) Mc 7, 37; (8) Tit 3, 1-7; Primeira leitura da Missa da quarta-feira da trigésima segunda semana do Tempo Comum, ano II; (9) São Tomás de Aquino, Suma teológica, II-II, q. 106, a. 3 c; (10) João Paulo II, Homilia, 11.02.81; (11) São Francisco de Sales, Epistolário, frag. 110, em Obras seletas, pág. 744.

Fonte: Livro "Falar com Deus", de Francisco Fernández Carvajal